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Dianética (do grego dia, através, e nous, mente ou alma) é a ciência da mente. Apesar de ser muito mais simples do que a Física ou a Química, esta é comparável com esses ramos da ciência em termos da exatidão dos seus axiomas e encontra-se em um escalão de utilidade consideravelmente superior. A fonte oculta de todas as doenças psicossomáticas e de toda a aberração humana foi descoberta e foram desenvolvidos métodos para a cura invariável de ambas.
Dianética é de fato uma família de ciências que abarca as várias humanidades e que as traduziu em definições exatas e úteis. Este livro trata da Dianética Individual e é um manual que contêm os métodos necessários para lidar com as relações interpessoais e para o tratamento da mente. Com as técnicas apresentadas neste manual, qualquer leigo inteligente pode tratar com êxito todas as doenças psicossomáticas e aberrações. Mas mais importante do que isso, os métodos apresentados neste manual produzirão o Clear de Dianética, um indivíduo em ótimas condições com uma inteligência consideravelmente superior ao normal atual, ou produzirão um Liberado de Dianética, um indivíduo que se libertou das suas principais doenças ou ansiedades. O Liberado pode ser feito em menos de vinte horas de trabalho e esse é um estado superior a qualquer dos que são produzidos por vários anos de psicanálise, uma vez que o Liberado não tem recaídas.
Dianética é uma ciência exata e a sua aplicação tem uma natureza semelhante à engenharia, mas é mais simples do que esta. Os seus axiomas não devem ser confundidos com teorias, visto que se pode demonstrar que estes existem como leis naturais que não tinham sido anteriormente descobertas. O humano conheceu várias porções de Dianética nos últimos milhares de anos, mas os dados não foram avaliados em função da sua importância, não foram organizados em um corpo de conhecimento exato. Adicionalmente às coisas que se conheciam, mesmo que não estivessem avaliadas, Dianética contêm um grande número das suas próprias descobertas novas acerca do pensamento e da mente. Os axiomas poderão ser encontrados nas páginas finais deste livro. Quando compreendidos e aplicados, estes abarcam o campo do empreendimento e do pensamento humano e produzem resultados de precisão.
A principal contribuição de Dianética é a descoberta de que os problemas do pensamento e da função mental podem ser resolvidos dentro dos limites do universo finito, o que é o mesmo que dizer que todos os dados necessários para solucionar a ação mental e o esforço humano podem ser medidos, sentidos e experimentados como verdades científicas independentes do misticismo ou da metafísica. Os vários axiomas não são suposições ou teorias - como acontece com as idéias do passado acerca da mente - mas são leis que podem ser sujeitas aos testes laboratoriais e clínicos mais rigorosos que possam existir.
A primeira lei de Dianética é uma declaração do Princípio Dinâmico da Existência.
O princípio dinâmico da existência é: SOBREVIVER!
Não se conseguiu descobrir a existência de qualquer comportamento ou atividade que não estivesse sujeito a este princípio. Não é novidade que a vida está a sobreviver. Mas é novidade que a vida tem, como o seu único impulso dinâmico, apenas a sobrevivência.
A sobrevivência está dividida em quatro dinâmicas. A sobrevivência pode ser compreendida como estando situada em qualquer uma das dinâmicas e, através de uma lógica defeituosa, pode ser explicada em termos de qualquer dinâmica individual. Pode-se dizer que um humano sobrevive unicamente para si próprio e que todo o comportamento pode ser formulado com base nisso. Pode-se dizer que ele sobrevive unicamente para o sexo e que todo o comportamento pode ser formulado somente com base no sexo. Pode-se dizer que ele sobrevive unicamente para o grupo ou apenas para a Humanidade, e que todo o esforço e comportamento do indivíduo podem ser equacionados e explicados a partir de qualquer um destes. Estas são quatro equações da sobrevivência, qualquer uma delas é aparentemente verdadeira. Contudo, a totalidade do problema do propósito humano não pode ser solucionado se não admitirmos a existência de todas as quatro dinâmicas em cada um dos indivíduos. Equacionado deste modo, o comportamento do indivíduo pode ser estimado com precisão. Estas dinâmicas abarcam, então, a atividade de um ou de muitos humanos.
Dinâmica um: O impulso do indivíduo para alcançar o potencial de sobrevivência mais elevado em termos do Eu e os seus simbiotas mais próximos.
Dinâmica dois: O impulso do indivíduo para alcançar o potencial de sobrevivência mais elevado em termos de sexo, quer pela reprodução em si quer pela criação e educação das crianças.
Dinâmica três: O impulso do indivíduo para alcançar o potencial de sobrevivência mais elevado em termos de grupo, quer seja civil, político ou racial e os simbiotas desse grupo.
Dinâmica quatro: O impulso do indivíduo para alcançar o potencial de sobrevivência mais elevado em termos da Humanidade e os simbiotas da Humanidade.
Com esta motivação, o indivíduo ou a sociedade procura a sobrevivência e não existe nenhuma atividade humana de qualquer tipo que tenha outro fundamento: a experimentação, a investigação e os testes prolongados demonstraram que o indivíduo não-aberrado, o Clear, era motivado nas suas ações e decisões por todas as dinâmicas acima mencionadas e não apenas por uma delas.
O Clear, o objetivo da terapia de Dianética, pode ser criado a partir de pessoas psicóticas, neuróticas, perturbadas, criminosas ou simplesmente normais, se elas possuírem sistemas nervosos organicamente intactos. Ele demonstra a natureza básica da Humanidade e tem-se verificado que essa natureza básica é, uniforme e invariavelmente, boa. Atualmente, isso é um fato científico comprovado e não uma simples opinião.
O Clear atingiu um estado estável em um plano bastante elevado. Ele é persistente e vigoroso, e prossegue a sua vida com entusiasmo e satisfação. Ele é motivado pelas quatro dinâmicas acima mencionadas. Ele alcançou o pleno poder e uso de capacidades que estavam anteriormente ocultas.
A inibição de uma ou mais dinâmicas em um indivíduo causa uma condição aberrada, tende para a perturbação mental e para as doenças psicossomáticas, faz com que o indivíduo tire conclusões irracionais e que atue, apesar de ainda ser em um esforço para sobreviver, de formas destrutivas.
A técnica de Dianética apaga, sem drogas, hipnotismo, cirurgia, choque ou outros meios artificiais, os bloqueios nestas várias dinâmicas. A remoção desses bloqueios permite o fluxo livre das várias dinâmicas e resulta, obviamente, em um aumento da persistência na vida e em uma inteligência muito mais alta.
A precisão de Dianética torna possível impedir ou liberar estas dinâmicas, conforme a vontade e com resultados invariáveis.
A fonte oculta de todos os distúrbios mentais inorgânicos e de todas as doenças psicossomáticas foi uma das descobertas de Dianética. Esta fonte não era conhecida nem suspeitada, apesar de ter sido vigorosamente procurada, durante milhares de anos. A comprovação de que a fonte que foi descoberta é de fato a verdadeira fonte requer menos provas laboratoriais do que aquelas que teriam sido necessárias para provar a correção da descoberta de William Harvey relativa à circulação sanguínea. A prova não depende de um teste laboratorial com instrumentos complicados, muito pelo contrário, pode ser feita em qualquer grupo de humanos, por qualquer indivíduo inteligente.
Descobriu-se que a fonte de aberração era uma submente insuspeitada até agora que, com os seus próprios registros intactos, está subjacente aquilo que o ser humano entende como a sua mente "consciente". O conceito de mente inconsciente elaborado em Dianética pela descoberta de que a mente "inconsciente" é a única mente que está sempre ativa. Em Dianética, essa submente chama-se a mente reativa. Um vestígio de um passo primitivo na evolução humana, a mente reativa possui vigor e poder de comando a um nível celular. Ela não se "lembra": ela registra e usa os registros unicamente para produzir ação. Ela não "pensa": ela seleciona os registros e impinge-os à mente consciente e ao corpo sem o conhecimento ou o consentimento do indivíduo. A única informação que o indivíduo tem de uma tal ação é a sua percepção ocasional de que não está a atuar racionalmente acerca de uma ou outra coisa, sem conseguir perceber porquê. Não existe nenhum "censor".
A mente reativa funciona exclusivamente com base na dor física e na emoção dolorosa. Não é capaz de pensamento diferenciador, mas atua em uma base de estímulo-resposta. Este é o princípio em que se baseia o funcionamento da mente animal. Esta não recebe os seus registros como memória ou experiência, mas apenas como forças para serem reativadas. Ela recebe os seus registros como engramas celulares quando a mente "consciente" está "inconsciente".
Mesmo quando está sob o efeito de drogas, quando está anestesiado como acontece durante uma operação, quando fica "inconsciente" devido a um ferimento ou a uma doença, o indivíduo ainda tem a sua mente reativa a funcionar plenamente. Ele poderá não estar "consciente" daquilo que ocorreu, mas, tal como Dianética descobriu e pode provar, tudo aquilo que lhe aconteceu no intervalo em que esteve "inconsciente" foi completa e integralmente registrado. Esta informação não foi apreciada pela sua mente consciente, não foi avaliada nem analisada. Em qualquer data futura, esta pode ser reativada por circunstâncias semelhantes observadas pelo indivíduo desperto e consciente. Quando qualquer um desses registros, que se designa por engrama, fica reativado, este tem força de comando. Este desliga, em maior ou menor grau, a mente consciente, assume o comando dos controles motores do corpo e provoca um comportamento ou ação que a mente consciente, o próprio indivíduo, nunca consentiria. No entanto, ele é manejado pelos seus engramas como se fosse uma marioneta.
As forças antagonistas do ambiente exterior entraram assim, no próprio indivíduo, sem o seu conhecimento ou consentimento. E aí, elas criam um mundo interior baseado na força, que age não só contra o mundo exterior, mas também contra o próprio indivíduo. A aberração é causada por aquilo que foi feito ao indivíduo, não por aquilo que o indivíduo fez.
Desde há muito tempo que o ser humano tem auxiliado inadvertidamente a mente reativa ao supor que uma pessoa, quando em um estado de "inconsciência" devido a drogas, doença, ferimento ou anestésico, não tinha qualquer capacidade para registrar. Isto permite a entrada de uma enorme quantidade de dados no banco reativo, pois ninguém tem tido o cuidado de manter o silêncio em redor de uma pessoa "inconsciente". A invenção da linguagem e a entrada da linguagem no banco de engramas da mente reativa complica seriamente as reações mecanicistas. Os engramas que contêm linguagem impingem-se à mente consciente como comandos. Os engramas contêm, então, um potencial de comando muito mais elevado do que qualquer comando no mundo exterior. O pensamento é dirigido e motivado pelos engramas irracionais. Os processos do pensamento são perturbados não apenas por estes comandos engrâmicos, mas também pelo fato de que a mente reativa reduz, através da regeneração da inconsciência, a capacidade para pensar. Devido a isto, poucas pessoas possuem mais de 10 por cento da sua consciência potencial.
Toda a dor física e emoção dolorosa de uma vida inteira - quer o indivíduo tenha "conhecimento" dela ou não - está contida e registrada no banco de engramas. Nada foi esquecido. Toda a dor física e emoção dolorosa, por muito que o indivíduo possa pensar que as tenha resolvido, são capazes de voltar a infligi-lo a partir do seu nível oculto a menos que essa dor seja removida através da terapia de Dianética.
O engrama, e apenas o engrama, causa a aberração e a doença psicossomática.
A terapia de Dianética poderá ser expressada resumidamente. Dianética apaga toda a dor de uma vida inteira. Quando esta dor é apagada no banco de engramas e é rearquivada como memória e experiência nos bancos de memória, todas as aberrações e doenças psicossomáticas desaparecem, as dinâmicas são completamente reabilitadas e o ser físico e mental regenera-se. Dianética deixa um indivíduo com a memória completa, mas sem dor. Testes exaustivos demonstraram que a dor oculta não é uma necessidade, mas pelo contrário, é sempre e invariavelmente um risco para a saúde, para a habilidade, para a felicidade e para a sobrevivência potencial do indivíduo. Esta não tem qualquer valor de sobrevivência.
O método que é usado para rearquivar a dor é outra descoberta. O humano sempre possui um outro processo de se lembrar do qual ele não estava ciente. Ao longo dos tempos, alguns indivíduos tiveram conhecimento deste processo e usaram-no sem se aperceberem do que estavam a fazer ou de que estavam a fazer algo que o ser humano, como um todo, não sabia que podia ser feito. Este processo chama-se retornar. Em um estado completamente desperto e sem o envolvimento de drogas, um indivíduo pode retornar a qualquer período da sua vida, desde que o acesso a essas áreas não esteja bloqueado por engramas. Dianética desenvolveu técnicas para contornar esses bloqueios e reduzi-los de uma condição de Incógnita Poderosa para uma condição de memória útil.
A técnica da terapia é realizada em um processo a que se chama rêverie de Dianética. O indivíduo que é submetido a este processo está sentado ou deitado em uma sala tranquila e é acompanhado por um amigo ou terapeuta profissional que atua como auditor. O auditor direciona a atenção do paciente para o próprio paciente e depois começa a colocar o paciente em vários períodos da sua vida dizendo-lhe simplesmente para "ir para lá" em vez de lhe dizer para se "lembrar".
Toda a terapia é realizada viajando na linha do tempo e não através de lembranças ou de associações. Todo o ser humano tem uma linha do tempo. Esta começa com a vida e termina com a morte. É uma sequência de eventos completa de portal a portal, tal como é gravada.
Em Dianética, a mente consciente é designada por mente analítica, um termo ligeiramente mais preciso. A mente analítica é constituída pelo "Eu" (o centro da consciência), por toda a capacidade computacional do indivíduo e pelos bancos de memória padrão - que estão repletos de percepções do passado do indivíduo, quer este estivesse acordado ou no seu sono normal (todo material que não seja engrâmico). Não existem dados em falta nesses bancos padrão, está tudo ali, com todo o movimento, cor, som, tato, cheiro e todos os outros sentidos, desde que não haja defeitos físicos orgânicos. O "Eu" poderá não ser capaz de alcançar os seus bancos padrão devido à existência de dados reativos que barram porções desses bancos à visão do "Eu". Um "Eu" Clareado é capaz de alcançar todos os momentos da sua vida sem esforço ou desconforto e percepcionar tudo aquilo que alguma vez experimentou, recordando-os com todo o movimento, cor, som, tom e os outros sentidos. O grau de completude e a profusão dos dados existentes nos bancos padrão é uma descoberta de Dianética e a significância dessas recordações é uma descoberta adicional.
O auditor dirige a viagem do "Eu" ao longo da linha do tempo do paciente. O paciente tem conhecimento de tudo aquilo que está a ocorrer, está em pleno controle de si mesmo e é capaz de se trazer a si próprio para o presente sempre que o quiser fazer. Não se usa o hipnotismo nem quaisquer outros meios. O humano poderá não ter tido conhecimento de que ele podia fazer isto, mas é algo muito simples.
Utilizando métodos de precisão, o auditor recupera dados dos momentos de "inconsciência" mais antigos da vida do paciente, entendendo-se que essa "inconsciência" foi causada por choque ou dor, não pela mera inconsciência. Assim, o paciente contata os engramas do nível celular. Retornado a esses engramas e levado a avançar através destes pelo auditor, o paciente reexperimenta esses momentos algumas vezes, até que por fim, estes acabam por ser apagados e são rearquivados, automaticamente, como memória padrão. Como o auditor e o paciente podem verificar, todo o incidente desapareceu e deixou de existir. Se eles procurassem cuidadosamente nos bancos padrão, eles voltariam a encontrá-lo, mas agora está arquivado como: "Anteriormente aberrativo, não permitir que seja inserido no computador, nessa condição". Áreas posteriores de "inconsciência" são impenetráveis até que outras mais antigas sejam apagadas.
A quantidade de desconforto experimentada pelo paciente é mínima. Ele é repelido principalmente por comandos engrâmicos que impõem emoções e reações de diversas maneiras.
Num Liberado, o caso não progrediu até ao ponto de recordação completa. Em um Clear, existe uma memória completa de toda a vida, com o bônus adicional de que ele possui uma recordação fotográfica com cor, movimento, som, etc., além de uma capacidade computacional ótima.
As doenças psicossomáticas do Liberado são reduzidas, normalmente, até um nível em que deixam de o incomodar daí em diante. Em um Clear, as doenças psicossomáticas deixaram de existir e não voltam a aparecer, visto que a verdadeira fonte destas foi permanentemente anulada.
O Liberado de Dianética é comparável ao indivíduo normal corrente ou acima. O Clear de Dianética compara-se com o normal corrente da mesma maneira que o normal corrente se compara com o indivíduo severamente insano.
Dianética elucida vários problemas com as suas numerosas descobertas, os seus axiomas, a sua organização e a sua técnica. No decurso do seu desenvolvimento foram-lhe atirados muitos dados espantosos, pois quando alguém lida com as leis naturais e com as realidades mensuráveis, que produzem resultados específicos e invariáveis, é preciso aceitar aquilo a que a Natureza lhe reserva, não aquilo que é agradável ou desejado. Quando alguém lida com fatos em vez de teorias e contempla, pela primeira vez, os mecanismos da ação humana, há várias coisas que o confundem, tal como aconteceu com Harvey e as palpitações do coração e com Pasteur em relação às ações das leveduras. O sangue não circulava porque o Harvey dizia que este poderia fazê-lo, nem sequer circulava por ele dizer que este circulava. O sangue circulava e tinha estado a circular durante éones. Harvey foi suficientemente inteligente e observador para o descobrir, e a mesma coisa aconteceu com Pasteur e outros exploradores daquilo que antes era desconhecido ou que ainda não fora confirmado.
Em Dianética, o fato de que a mente analítica era algo inerentemente perfeito e que continuava estruturalmente capaz de ser restaurada à operação plena, não foram os dados menos importantes a serem descobertos. Que o ser humano era bom, como se determinou através de pesquisa rigorosa, acabou por não ser uma grande surpresa. Mas que um indivíduo não-aberrado era vigorosamente repelido pelo mal e que mesmo assim adquiria uma enorme força era espantoso, porque tinha-se presumido incorretamente e durante muito tempo que a aberração era a raiz da força e da ambição, segundo as autoridades no assunto desde os tempos de Platão. Que o ser humano continha um mecanismo que registrava tudo com uma precisão diabólica, quando ele estava visivelmente "inconsciente" e segundo todos os testes presumíveis, era surpreendente e digno de nota.
Para o leigo, a relação entre a vida pré-natal e a função mental ainda não tinha sido completamente descartada, pois durante séculos incontáveis as pessoas preocupavam-se com a "influência pré-natal". Para o psiquiatra, o psicólogo e o psicanalista, a memória pré-natal já era há muito tempo um fato aceito, pois todos concordavam que as "memórias do útero" influenciavam a mente do indivíduo adulto. Mas, para Dianética, o aspecto pré-natal surgiu completamente de surpresa: uma observação indesejada e inoportuna naquela altura. Apesar das crenças existentes - as quais não são fatos científicos - de que o feto tinha memória, o psiquiatra e outros profissionais acreditavam, igualmente, que a memória não poderia existir em um ser humano até que a bainha de mielina fosse formada em redor dos nervos. Isto era tão confuso para Dianética como foi para a psiquiatria. Depois de muito trabalho, realizado ao longo de alguns anos, Dianética estabeleceu com precisão a influência exata que a vida pré-natal viria a ter mais tarde na mente.
Existirão aqueles que, não estando devidamente informados, dirão que Dianética "aceita e acredita" na memória pré-natal. Para além do fato de que uma ciência exata não "acredita", mas sim estabelece e prova fatos, pode-se dizer enfaticamente que Dianética não acredita na memória pré-natal. Dianética teve de invadir o campo da citologia e da biologia e teve de formar muitas conclusões através da pesquisa; teve de localizar e estabelecer tanto a mente reativa como os bancos de engramas ocultos que nunca foram anteriormente conhecidos, antes de se deparar com problemas "pré-natais". Tinha-se descoberto que, provavelmente, a gravação dos engramas era feita ao nível celular, que o banco de engramas estava contido nas células. Descobriu-se depois que as células, ao se reproduzirem no interior do organismo de uma geração para a seguinte, aparentemente transportavam consigo os seus próprios bancos de memória. As células são o primeiro escalão de estrutura, são os elementos construtivos básicos. Elas constroem a mente analítica. Elas operam, como o chicote, a mente reativa. Onde existem células humanas, existem engramas potenciais. As células humanas começam com o zigoto, prosseguem o seu desenvolvimento com o embrião, tornam-se no feto e, por fim, no bebê. Cada estágio deste desenvolvimento é capaz de reação. Cada estágio no crescimento da colônia de células tem células completas que são capazes de registrar engramas. Em Dianética não se considera a memória pré-natal, uma vez que os bancos padrão, que um dia acabarão por servir o analisador completado do bebê, da criança e do ser humano, não estão eles próprios completos. No que diz respeito à terapia de Dianética não existe "memória" nem "experiência" antes da bainha dos nervos estar desenvolvida. Mas a terapia de Dianética lida com engramas, não com memórias, com gravações, não com experiências. E onde quer que existam células humanas pode ser demonstrada a possibilidade da ocorrência de engramas e, quando a dor física está presente, então pode-se demonstrar que foram criados engramas.
O engrama é um registro semelhante às indentações nas ranhuras de um disco fonográfico: é um registro completo de tudo aquilo que ocorreu durante o período de dor. Com as suas técnicas, Dianética pode localizar qualquer engrama que as células tenham ocultado e durante a terapia o paciente irá muitas vezes descobrir que está na linha do tempo celular pré-natal. Ele localizará engramas nessa área e apenas vai até lá porque existem lá engramas. O nascimento é um engrama e, em Dianética, este é recuperado como uma gravação, não como uma memória. Através do retorno e da extensão celular da linha do tempo, o armazenamento de dor no zigoto pode ser, e é, recuperado. Não é uma memória. Essa dor foi impingida à mente analítica e obstruiu os bancos padrão onde a memória está armazenada. Isto é muito diferente de uma memória pré-natal. Dianética recupera engramas pré-natais e verifica que estes são responsáveis por muita aberração, também descobre que as saudades do útero não se encontram presentes em nenhum paciente, mas que por vezes os engramas ordenam um retorno a este, tal como acontece em determinadas psicoses regressivas que tentam refazer o corpo para que este volte a ser um feto.
Este tema da vida pré-natal é discutido bastante extensivamente nesta sinopse, para dar uma perspectiva sobre este assunto ao leitor. Estamos a lidar aqui com uma ciência exata, com axiomas precisos e com novos métodos de aplicação. Através destes, nós adquirimos um controle sobre a aberração e as doenças psicossomáticas. E com estes, nós damos um passo evolucionário no desenvolvimento humano, que o coloca no próximo estágio acima dos seus parentes afastados do reino animal.
Dianética é uma aventura. É uma exploração da Terra Incógnita, a mente humana, aquele reino vasto e até agora desconhecido situado um centímetro atrás da nossa fronte.
As descobertas e desenvolvimentos que possibilitaram a formulação de Dianética ocuparam muitos anos de pesquisa exata e testes cuidadosos. Foi exploração, também foi consolidação. O caminho está desbravado, as rotas estão suficientemente cartografadas para que você viaje em segurança dentro da sua própria mente e aí recupere todo o seu potencial inerente que, sabemos agora, não é baixo, mas sim muito, muito elevado. À medida que progride na terapia, a sua aventura será saber porque é que você fez o que fez, quando o fez, saber o que causou aqueles Medos Sinistros e Desconhecidos que lhe surgiam em pesadelos quando criança; saber onde se encontram os seus momentos de dor e prazer. Há muita coisa que um indivíduo não sabe sobre si próprio, sobre os seus pais e sobre os seus "motivos". Algumas das coisas que vai descobrir poderão espantá-lo, pois os dados mais importantes da sua vida talvez não sejam memórias, mas sim engramas nas profundezas ocultas da sua mente: não articulados, mas apenas destrutivos.
Encontrará muitas razões pelas quais "não pode melhorar" e saberá, mais tarde, quando encontrar as frases mandantes nos engramas, como essas razões são divertidas, especialmente para si.
Dianética não é uma aventura solene. Apesar de ter a ver com sofrimento e perda, acaba sempre em riso - tão tolas e mal interpretadas eram as coisas que causavam o infortúnio.
A sua primeira viagem à sua própria Terra Incógnita será através das páginas deste livro. Verificará, à medida que lê, que muitas coisas que "você sempre soube que eram assim" estão aqui articuladas. Ficará contente por saber que, em muitos dos seus conceitos da existência, você não defendia opiniões, mas sim fatos científicos. Encontrará também muitos dados que são conhecidos de todos desde há muito tempo, e possivelmente considerará que estes estão longe de ser novidade e terá tendência a subestimá-los. Sem dúvida que a subestimação desses fatos impediu-os de serem valiosos, independentemente de há quanto tempo são conhecidos, pois um fato nunca é importante sem uma avaliação adequada e sem a sua relação exata com outros fatos. Neste livro, você está a seguir uma vasta rede de fatos que, ao se estender, pode ser vista como abrangendo todo o campo humano em todos os seus afazeres. Felizmente, você não precisa de se preocupar em seguir nenhuma dessas linhas para muito longe, antes de ter chegado ao fim. E então, estes horizontes alargar-se-ão o suficiente para satisfazer qualquer pessoa.
Dianética é um assunto amplo, mas apenas porque o próprio humano é um assunto amplo. A ciência do seu pensamento não pode deixar de abranger todas as suas ações. Através de uma compartimentação e relação cuidadosa de dados, o campo foi mantido suficientemente estreito para ser seguido com facilidade. A maior parte deste manual falará, sem qualquer menção específica, acerca de si, da sua família e dos seus amigos, pois você vai encontrá-los aqui e ficará a conhecê-los.
Neste volume não se fez qualquer esforço por usar frases ressonantes ou retumbantes, polissílabos de sobrolho carregado ou um desapego professoral. Quando se está a dar respostas simples não é preciso tornar a comunicação mais difícil do que é necessário para transmitir as idéias. Utilizou-se uma "linguagem básica", grande parte da nomenclatura é coloquial; além de não se ter empregado o pedantismo, também se optou por ignorá-lo. Este volume comunica com vários estratos sociais e profissões; não se observaram as nomenclaturas preferidas de ninguém, uma vez que tal emprego impediria a compreensão de outros. Por isso, senhor psiquiatra, seja indulgente conosco quando não usamos a sua estrutura, pois aqui não precisamos de estrutura; seja indulgente conosco, senhor doutor, quando chamamos constipação a uma constipação e não uma inflamação catarral do trato respiratório, pois isto é, essencialmente, engenharia e estes engenheiros são capazes de dizer qualquer coisa. E você, senhor letrado, não gostaria de ser sobrecarregado com os sinais de somatórios e com as equações Lorentz-Fritzgerald-Einstein, por isso, nós não vamos sobrecarregar o leitor menos purista com a gramática hegeliana cientificamente impossível, que insiste na existência factual de absolutos.
O plano do livro poderia ser representado como um cone que começa com uma simplicidade e que desce para uma aplicação mais ampla. Este livro segue, mais ou menos, os passos reais do desenvolvimento de Dianética. Primeiro, houve o Princípio Dinâmico da Existência, depois o seu significado, depois a fonte de aberração e finalmente a aplicação de tudo como terapia e as técnicas de terapia. Você não achará nada disto muito difícil. Foi o originador que teve a dificuldade. Você devia ter visto as primeiras equações e postulados de Dianética! À medida que a pesquisa foi progredindo e o campo se foi desenvolvendo, Dianética começou a simplificar-se. Esta é uma garantia razoável de que se está em um caminho reto de ciência. Só as coisas mal conhecidas é que se tornam mais complexas à medida que se vai trabalhando nelas.
Sugerimos que leia este livro até ao fim. Quando chegar ao fim, já deverá ter um excelente domínio do assunto. O livro está organizado de modo que isso aconteça. Cada fato relacionado com a terapia de Dianética é apresentado de várias maneiras e introduzido repetidamente. Deste modo, os fatos importantes terão sido levados à sua atenção. Quando terminar o livro, poderá voltar ao princípio, examiná-lo e estudar aquilo que acha que precisa de saber.
Quase toda a filosofia básica e certamente todas as derivações da matéria principal de Dianética foram excluídas desta obra, em parte porque este volume tinha de ser menor que meio milhão de palavras e em parte porque o lugar delas é em um livro separado, onde podem receber uma apresentação adequada. Não obstante, encontrará neste volume o âmbito da ciência, além da terapia propriamente dita.
Você está a começar uma aventura. Trate-a como uma aventura. E oxalá que nunca mais seja o mesmo.