Livro de Urantia

Grupo de Aprendizes da Informação Aberta

Contato

Índice Superior    Vai para o próximo: Capítulo 8

Arquivos de Impressão: Tamanho A4.

Livro em Texto (txt).

Capítulo 7
Emoção e a Força Vital


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Três
A Terapia

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
www.dianetics.org
www.dianetica.pt
www.dianetica.com.br

Emoção e a Força Vital

     Um dos maiores papéis na terapia é desempenhado pela emoção. No segundo livro abordamos este assunto e classificamos as emoções em três divisões:

  1. As emoções contidas no comando dos engramas, o que levou a dor física a ser confundida com emoções.
  2. As emoções contidas como reações endócrinas sujeitas à mente analítica do Clear e à mente analítica e mente reativa do aberrado.
  3. As emoções contidas em engramas que retêm unidades livres de força vital.

     Trabalho e pesquisa adicionais sobre a emoção produzirão sem dúvida uma compreensão ainda maior da emoção. Mas agora temos um conhecimento funcional da emoção. Podemos usar o que sabemos e, com isso, produzir resultados. Quando soubermos mais, seremos capazes de produzir resultados muito melhores, mas agora mesmo podemos produzir o Liberado e o Clear. Se tratarmos a emoção como força vital retida e se seguirmos estes preceitos gerais para a liberar, obteremos um ganho muito grande em qualquer preclear; na verdade, produziremos os nossos maiores ganhos individuais ao liberar a emoção deste modo.

     Numa ciência de engenharia como Dianética, podemos trabalhar numa base de botão de pressão. Sabemos que desligar um interruptor parará um motor, que ligá-lo novamente voltará a fazer o motor trabalhar e, independentemente do número de vezes que liguemos ou desliguemos esse interruptor, o nosso motor parará ou começará a trabalhar. Estamos a usar aqui uma força que ainda é tão misteriosa para nós como era a eletricidade para James Clerk Maxwell. Muito antes, Benjamin Franklin já tinha observado que a eletricidade existia e tinha feito algumas coisas interessantes com ela, mas não a tinha usado muito e não conseguiu controlá-la. Um filósofo como Bergson selecionou uma coisa a que chamou élan vital, uma força vital. O ser humano está vivo, deve haver uma força ou fluxo de alguma coisa que o mantém vivo; quando o ser humano está morto, não há nenhuma força ou fluxo. Isto é a força vital no estágio de Benjamin Franklin. Tal como ele considerou a eletricidade, também Bergson considerou a força vital. Agora, em Dianética, estamos no estágio de James Clerk Maxwell, ou quase lá. Sabemos que há certas equações que se podem fazer sobre a força vital e podemos usar essas equações. E podemos teorizar que a "força vital" e aquilo a que se tem chamado um certo tipo de "emoção" são coisas semelhantes ou a mesma coisa. Poderemos ter a teoria errada, mas o mesmo poderá ter acontecido com James Clerk Maxwell. Na verdade, é possível que as teorias de Maxwell ainda estejam erradas, mas pelo menos temos luzes elétricas. Em Dianética, temos bastante certeza de que a maioria dos princípios é paralela às leis naturais: estes são as computações principais. Não temos a certeza de ter a emoção devidamente enquadrada, mas também não teremos a certeza até que tenhamos realmente pegado em um humano morto e o tenhamos voltado a encher de força vital. Com a excepção deste extremo, estamos a pisar terreno sólido com a emoção como força vital.

     Por exemplo, podemos pegar numa jovem, examinar um pouco o seu passado, digamos, com um eletroencefalógrafo (um instrumento para medir impulsos e reações nervosas)16 e depois prosseguir com base na informação obtida desta forma, para fazer uma de duas coisas. A primeira é desumana e é claro que não seria feita, mas seria possível pôr essa jovem doente ou insana, usando apenas os dados que foram obtidos deste modo. (Se os dados são obtidos em terapia, estes são obtidos por contato real com os engramas e um engrama contatado em rêverie perdeu o seu poder para aberrar: assim, a terapia de Dianética torna tal eventualidade totalmente impossível.) O segundo fato e muito mais importante para nós é que, com estes mesmos dados, podemos fazê-la recuperar toda a força, interesse, persistência e tenacidade em relação à vida e todo o bem-estar físico e mental possível. Se não se pudesse fazer isto funcionar nos dois sentidos, não teríamos a resposta, pelo menos numa forma funcional. (Aliás, algum autor de ficção, se tentado a causar horror com o primeiro fato, deve fazer o favor de recordar que os dados foram obtidos com um aparelho que teria espantado o Doutor Frankenstein pela sua complexidade e perícia de uso, e que a terapia de Dianética entra em contato com os dados na fonte: o aparelho é necessário para impedir que se toque na fonte, pois no instante em que a fonte é tocada pela terapia, o seu poder desaparece como as manchetes noticiosas de ontem. Por essa razão, não façamos peças de teatro do tipo Meia Luz acerca de Dianética, por favor: elas seriam tecnicamente imprecisas.)

     Isto não é tão simples como a eletricidade, na medida em que não se pode ligar e desligar o interruptor. No que concerne à Dianética, este só pode ser ligado. Temos, então, um reóstato que não retrocederá, mas que, quando é pressionado para a frente, libera cada vez mais força dinâmica para dentro do indivíduo e dá-lhe cada vez mais controle sobre o seu uso.

     O ser humano está destinado para ser um organismo autodeterminado. Quer dizer, desde que possa fazer avaliações dos seus dados, sem compulsões ou repressões artificiais (as teclas do 7 pressionadas numa máquina de adição), ele pode operar com a eficiência máxima. Quando o ser humano passa a ser determinado exteriormente, ou seja, compelido a fazer ou reprimido de fazer, sem o seu próprio consentimento racional, ele torna-se um animal de botão de pressão. Este fator do botão de pressão está tão claramente definido que um auditor que descubra, em terapia, uma frase chave em um engrama (e não a libere), pode usar essa frase, por algum tempo, para fazer um paciente tossir ou rir ou parar de tossir ou parar de rir, conforme a vontade do auditor. No caso do auditor, porque ele obteve os dados na fonte - contatou o engrama em si, roubando-lhe assim parte da sua força - o botão de pressão não durará muito tempo, certamente que durará menos de duzentos ou trezentos apertos. Todo o esforço em controlar seres humanos através do estímulo pela dor e a maioria dos dados acumulados no passado pelas várias escolas têm sido, inconscientemente, este material de botão de pressão. Se o engrama não é tocado na fonte, ele presta-se a um uso interminável e o seu poder nunca diminui. Contudo, ao ser tocado na fonte, a gravação original é atingida e, assim, o engrama perde o seu poder. "Controlar seres humanos" e aquilo a que as pessoas têm chamado, de um modo geral, a "psicologia", na realidade tem sido a manipulação, tipo botão de pressão, das frases e sons aberrativos de uma pessoa. As crianças descobrem-nos nos pais e usam-nos furiosamente. O escriturário descobre que o patrão não suporta um cesto de papéis cheio e, por isso, tem o cesto sempre cheio. O mestre de um navio descobre que um dos seus marinheiros se encolhe todas as vezes que ouve a expressão "maricas" e, por isso, usa a palavra para o intimidar. Esta é a guerra do botão de pressão entre aberrados. As esposas poderão descobrir que certas palavras fazem o marido estremecer, irritam-no ou impedem-no de fazer alguma coisa e, por isso, usam esses botões de pressão. E os maridos descobrem os botões de pressão das mulheres e impedem-nas de comprar vestidos ou usar o carro. Esse duelo defensivo e ofensivo entre aberrados é ocasionado por botões de pressão que reagem contra botões de pressão. Populações inteiras são manipuladas pelas respostas dos seus botões de pressão. A publicidade aprende quais são os botões de pressão e usa-os em coisas como "odor corporal" ou prisão de ventre. E nos campos do entretenimento e da composição de canções, os botões de pressão das pessoas são pressionados em séries e baterias inteiras para produzir reações aberradas. A pornografia atrai pessoas que têm botões de pressão pornográficos. O governo do tipo pão-e-circo atrai as pessoas que têm botões de pressão "cuide de mim" e outros. Poder-se-ia dizer que não há qualquer necessidade de se apelar à razão, quando há tantos botões de pressão por aí.

     Acontece que esses mesmos botões de pressão, por serem 7s pressionados pela dor e emoção (dados falsos impostos ao computador pelos engramas - e cada sociedade tem os seus próprios padrões especiais de engramas), também levam as pessoas à loucura, põem-nas doentes e, geralmente, provocam estragos sérios. O único botão de pressão que o Clear tem é aquele que o seu próprio computador, avaliando com base na sua experiência que, por sua vez, foi avaliada pelo computador, lhe diz ser uma conduta de sobrevivência nas suas quatro dinâmicas. E assim, não sendo uma marioneta nas mãos de gente descuidada ou manhosa, ele permanece saudável e mentalmente são.

     Contudo, não é verdade que o Clear não é emotivo, que a sua razão é fria e que ele é um fantoche autoconsciente das suas próprias computações. O seu computador trabalha tão rapidamente e em tantos níveis com tantas das suas computações a ocorrer simultaneamente, que a sua inversão ou consciência irracional é mínima. A inversão é a condição do aberrado, cujo computador deficiente está a lutar com grandezas imponderáveis e 7s pressionados nos seus engramas, tais como: "Eu tenho de fazer isso. Simplesmente tenho de fazer isso. Mas não, é melhor mudar de idéia."

     A diferença de computação entre o Clear e o aberrado é muito grande. Mas há uma diferença muito maior: a força vital. As dinâmicas têm, evidentemente, uma determinada força potencial. Esta força manifesta-se como tenacidade para a vida, persistência no esforço, vigor de pensamento e ação e capacidade de experimentar prazer. As dinâmicas nas células de um humano poderão não ser mais fortes do que as dinâmicas nas células de um gato. Mas as dinâmicas, no humano inteiro, são muito maiores do que as de qualquer outro animal. Atribua isso ao que quiser, mas o humano é basicamente mais vivo, visto que tem uma resposta mais volátil. Por mais vivo quer-se dizer que o seu impulso senciente-emocional para viver é maior do que aqueles que são encontrados noutras formas de vida. Se isto não fosse verdade, ele não comandaria agora os outros reinos. Independentemente daquilo que um tubarão ou um castor faça quando é ameaçado de extinção total, o tubarão e o castor são despachados rapidamente quando se deparam com as dinâmicas do ser humano: o tubarão é usado como couro ou ingerido como vitaminas e o castor enfeita as costas de uma senhora.

     O aspecto fundamental disto pode ser observado numa única reação. Os animais contentam-se com sobreviver nos seus ambientes e procuram adaptar-se a esses ambientes. Aquele animal muito perigoso, o ser humano, tem uma idéia ligeiramente diferente. As escolas antigas gostavam de dizer ao pobre aberrado demente que ele tinha de encarar a realidade. Esta era a conduta ótima: encarar a realidade. Só que esta não é a conduta ótima do ser humano. Tal como essas escolas cometeram o erro fundamental de supor que o aberrado se recusava a encarar o seu ambiente, quando na realidade, devido aos engramas, ele era incapaz de o encarar, elas também supuseram que simplesmente encarar a realidade conduziria à sanidade. Talvez conduza, mas isso não leva a uma vitória do ser humano sobre os elementos e outras formas. O ser humano tem algo mais. Algumas pessoas chamam-lhe imaginação criativa, outras dão-lhe este ou aquele nome. Mas seja qual for o nome que lhe dêem, resume-se ao fato interessante de que o ser humano não se contenta com meramente "encarar a realidade", como a maioria das outras formas de vida fazem. O ser humano faz com que seja a realidade a encará-lo. Propaganda sobre "a necessidade de encarar a realidade", tal como a propaganda no sentido de que um humano pode ser levado a loucura por uma "delusão de infância" (seja lá o que isso for) não encara a realidade de que enquanto o castor construiu diques de lama ao longo das eras da sua evolução e continua a construir diques de lama, o ser humano evoluiu, em meio século, de uma represa de pedra e madeira para formar um lago para a roda de uma azenha, até estruturas como a barragem Grand Coulee, e muda inteira e completamente o aspecto de uma porção considerável dos terrenos da Natureza, transformando um deserto em solo produtivo e um fluxo de água em relâmpagos. Isto poderá não ser tão poético quanto desejaria Rousseau, nem tão bonito quanto algum "amante da natureza" desejaria que fosse, mas esta é uma nova realidade. Há dois mil anos, os Chineses construíram uma muralha que seria visível da Lua, se tivesse lá estado alguém para olhar; há três mil anos, o ser humano tinha o Norte de África verde e fértil; há dez mil anos, ele esteve empenhado nalgum outro projeto; mas ele tem estado sempre a moldar bastante as coisas para satisfazerem o próprio ser humano.

     Há aqui uma qualidade extra em ação ou talvez seja apenas mais de uma mesma qualidade, uma quantidade tão grande desta que ela parece ser uma coisa inteiramente nova.

     No entanto, isto não é tudo uma grande digressão do assunto da terapia; isto é referido aqui como um aspecto da força vital. Quando o indivíduo se encontra "possuído de cada vez menos força vital", ele está a perder, em algum lugar, algumas das unidades livres. E as unidades livres desta força vital, numa sociedade ou em um indivíduo, são o surto extra necessário para domar o Norte de África, dividir um átomo ou alcançar as estrelas.

     A teoria mecânica aqui - e lembre-se que é apenas uma teoria e Dianética pode manter-se sem esta - é que cada indivíduo possui uma determinada quantidade de unidades de força. Estas unidades poderão ser iguais entre os elementos de um grupo e poderão aumentar para números cada vez maiores à medida que o "entusiasmo" cresce. Mas, para os nossos propósitos, podemos considerar que o ser humano, como indivíduo ou como uma sociedade - ambos são organismos - tem um certo número à sua disposição, para usar a qualquer hora ou em qualquer dia. Ele poderá fabricar essas unidades de vida conforme necessário e poderá simplesmente ter uma certa quantidade, isso não tem nada a ver com esta questão. A questão aqui é que ele pode ser considerado, em qualquer hora ou dia, como estando vivo em certo grau. Considere isto como o seu potencial dinâmico, como podemos ver no nosso gráfico descritivo que foi traçado anteriormente.

     O que acontece, então, a este potencial dinâmico no aberrado? Ele tem uma grande quantidade de engramas no seu banco. Sabemos que esses engramas podem dormir durante a sua vida inteira sem que lhes façam key-in e sabemos que qualquer um, ou todos eles, podem sofrer um key-in e esperar, daí em diante, por restimuladores no ambiente para os pôr em ação. Sabemos que o seu nível de necessidade pode elevar-se subitamente e sobrepor-se a todos esses engramas ativados, e sabemos que uma atividade de alta sobrevivência pode dar-lhe uma tal oportunidade de prazer que os engramas podem permanecer não restimulados, embora tenham sofrido um key-in. E podemos supor que esses engramas, de um período da vida para outro, podem de fato voltar a fazer key-out e permanecer desligados, devido a alguma grande mudança de ambiente ou a oportunidades de sobrevivência.

     Contudo, o que normalmente acontece é que alguns engramas permanecem continuamente key-in e são restimulados, de um modo bastante crônico, pelo ambiente do indivíduo. E se ele mudar de ambiente, os antigos poderão fazer key-out, mas haverá engramas novos que acabarão por fazer key-in.

     A maioria dos aberrados está em um estado de restimulação crônica que, em média, inicia a espiral descendente com bastante rapidez.

     Como isto tem a ver com a força vital, a ação mecânica de um engrama ao fazer key-in é capturar um certo número dessas unidades de força vital. A restimulação súbita e abrangente do engrama permite-lhe capturar uma quantidade ainda maior de unidades de força vital. No caso médio, cada restimulação captura uma parte maior da força vital restante e segura-a. Quando o entusiasmo ou o ímpeto alinha o propósito do indivíduo na direção de um verdadeiro objetivo de sobrevivência (em oposição a um pseudo-objetivo contido nos engramas), ele recupera algumas dessas unidades. Mas a espiral é descendente: ele não consegue recuperar, exceto em circunstâncias muito invulgares, tantas unidades quanto as que perdeu dentro do banco de engramas.

     Assim, pode-se dizer, para os propósitos desta teoria de ação da força vital, que cada vez mais unidades de força vital, saídas das reservas de um indivíduo, são capturadas e mantidas no banco de engramas. Aí o seu uso é pervertido, fazendo-se passar por dinâmicas (como no caso maníaco e no caso de grande euforia) e impondo ação à mente somática e à mente analítica. Neste banco de engramas, as unidades de força vital não estão disponíveis como sensação livre ou para ação livre, mas são usadas contra o indivíduo, a partir de dentro.

     Há uma observação que tende a demonstrar esta ação: quanto mais restimulado um aberrado está, menos sensação livre ele poderá possuir. Se apanhada em um maníaco (engrama pró-sobrevivência altamente lisonjeiro), a força vital dele é canalizada diretamente através do engrama e o seu comportamento, por mais entusiástico ou eufórico que seja, na realidade é muito aberrado. Se ele dispõe dessa porção de força vital para ser canalizada desse modo, então pode-se demonstrar que ele tem ainda mais força vital, dirigida de um modo senciente, quando Clear. (Isto já foi feito.)

     Demonstramos a qualidade parasitária dos circuitos demônio, que usam pedaços da mente analítica e dos seus processos. Ha outras maneiras em que esta qualidade parasitária é comum aos engramas. Se um humano tem, arbitrariamente, 1000 unidades de força vital, ele tem uma capacidade de as canalizar, quando Clear, para uma existência altamente entusiástica. Quando ele esta em um estado maníaco, com um engrama pró-sobrevivência em total restimulação, a força vital é dirigida através de um comando aberrado e dá-lhe, digamos, 500 unidades de propulsão pseudodinâmica.

     Por outras palavras, a energia sai da mesma bateria: um tal engrama tem, na melhor das hipóteses, menos poder do que teria todo o organismo Clareado. (Este aspecto do maníaco ou da superpersonalidade neurótica iludiu algumas das antigas escolas de cura mental, levando-as à crença, completamente aberrada e mediocremente observada, de que só as insanidades eram responsáveis pela capacidade do ser humano para sobreviver, um conceito que pode ser refutado no laboratório simplesmente clareando um desses maníacos ou qualquer outro aberrado.)

     O engrama usa a mesma corrente mas perverte-a, do mesmo modo que usa a mesma mente analítica e usurpa-a. Além de não possuir vida própria, o engrama desperdiça, à semelhança de tantos parasitas, a força vital do hospedeiro. É totalmente ineficiente. Se um dispositivo comparável fosse inserido em um circuito eletrônico, este simplesmente desviaria e tornaria "inalteráveis" algumas das funções do equipamento que deveriam permanecer variáveis e além disso consumiria, simplesmente pelo maior comprimento dos fios, maus condensadores e válvulas, o fornecimento de energia tão vital para a máquina.

     Na mente humana, o engrama assume o seu aspecto de "auxílio" mais vigoroso no maníaco, canalizando e comandando o organismo para alguma atividade de grande violência e concentração monomaníaca. O "supervendedor"; o "aperta mãos" violentamente alegre; o religioso extremista, fanático e aparentemente indestrutível, são classificáveis como maníacos. A abundância de "poder" nessas pessoas, mesmo quando é tão funesta como a de Torquemada ou tão destrutiva como a de Genghis Khan, é um objeto de admiração em muitos lugares. O maníaco, como se verá adiante, é um comando de "ajuda", "pró-sobrevivência", em um engrama que no entanto fixa o indivíduo em determinado curso. Mas um engrama somente é capaz de tanto "poder" quanto o que está presente no hospedeiro, tal como só é capaz de açambarcar tanto analisador quanto o que está presente.

     Tomemos um maníaco poderoso que está a manifestar e a funcionar com 500 unidades arbitrárias de força vital. Façamos de conta que o ser inteiro possui 1000 unidades arbitrárias de força vital. Suponhamos que temos aqui um Alexandre. Na maioria dos casos, as dinâmicas da pessoa média não são auxiliadas por maníacos, mas estão dispersas tal como um feixe de eletrões poderia ser disperso por um obstáculo à sua frente. Temos aqui uma atividade dispersa, pensamentos dispersos, problemas incomputáveis, falta de alinhamento. Numa tal pessoa, com 1000 unidades presentes, 950 dessas unidades poderiam estar retidas nos bancos de engramas e, no entanto, poderiam ser tão contrárias, que a pessoa exibe uma capacidade funcional de apenas 50 unidades. No caso de Alexandre, pode-se presumir que o maníaco deve ter estado alinhado com a direção geral dos seus próprios propósitos básicos. O seu propósito básico é um regulador forte: acontece que o maníaco se alinha com este: uma pessoa de grande capacidade e valentia pessoal passa a possuir 500 unidades através de um engrama maníaco, acredita ser um deus, sai e conquista o mundo conhecido. Ele foi educado para acreditar que era um deus, o seu engrama maníaco dizia que ele era um deus e continha um segurador. Alexandre conquistou o mundo e morreu aos trinta e três anos. Só conseguiu restringir o seu maníaco enquanto este pôde ser obedecido: quando já não podia ser obedecido, este mudou a valência dele, deixou de ser um maníaco e compeliu-o, com dor, a atividades dispersas. O engrama recebido da sua mãe, Olímpia, quase que pode ser lido até mesmo nesta data tão recente. Este deve ter dito que ele seria um deus alegre, que conquistaria o mundo inteiro e que devia continuar a conquistar, que devia esforçar-se sempre por subir cada vez mais alto. Isto era, provavelmente, de alguma espécie de cântico ritual da sua mãe, que era uma alta sacerdotisa de Lesbos e que deve ter recebido algum ferimento imediatamente antes do ritual. Ela odiava o seu marido Filipe. Um filho que conquistaria tudo era a resposta. Alexandre poderá muito bem ter tido cinquenta ou cem desses engramas de "ajuda", as preces violentas de uma mulher suficientemente aberrada para assassinar. Assim, pode-se presumir que ele tenha conquistado até já não poder estender uma linha de abastecimento para a conquista e, nessa altura, é claro que ele já não podia obedecer a esse engrama e, então, a força de dor desse engrama voltar-se-ia contra ele. Os engramas ditavam o ataque para conquistar e impunham o comando com dor: assim que as conquistas deixaram de ser realizáveis, a dor atacou Alexandre. Um dia ele apercebeu-se de que estava a morrer, dentro de uma semana estava morto e no auge do seu poder. Tal coisa, numa escala muito grande, é uma frase maníaca de um engrama em ação.

     Alexandre teve uma educação para voltá-lo contra o pai e engramas pedindo-lhe para que conquistasse o mundo. O que aconteceria se Alexandre tivesse sido Clareado? Resposta: dada uma razão suficiente e racional, ele teria certamente sido capaz de conquistar o mundo e, aos oitenta anos, poderia muito possivelmente estar vivo para o desfrutar. Como podemos presumir isto?

     O maníaco com 500 unidades de propósito dirigido foi Clareado. Agora ele tem 1000 unidades de propósito dirigido de uma forma senciente. Ele é exatamente duas vezes mais poderoso do que era quando estava no poder de um maníaco e o seu propósito básico poderá ser semelhante, mas este agora pode ser realizado e não se voltará contra ele no momento em que atingir um objetivo ou tiver um fracasso.

     Isto é clínico, é a teoria subjacente à força vital. Foi formulada em um esforço para explicar fenômenos observados. A teoria poderá estar errada, mas os dados observados não estão. Porém, a teoria deve estar algures perto da verdade, pois com ela foi possível predizer uma quantidade considerável de fenômenos que antes não se sabia existirem: por outras palavras, é uma teoria proveitosa. Esta veio depois de Dianética estar bem formulada, porque surgiu um fato estranho, vital para o auditor:

     O preclear avançava na terapia na mesma proporção que a quantidade de carga emocional liberada do seu banco reativo.

     O propósito e a persistência do aberrado eram impedidos na mesma proporção que a quantidade de carga emocional contida no seu banco de engramas. A sua recuperação de potencial de sobrevivência aumentava na mesma proporção que a quantidade de energia liberada do banco de engramas. A sua saúde melhorava na mesma proporção que a quantidade de energia liberada do banco de engramas.

     Os engramas que continham a maior descarga eram aqueles que se centravam em torno da perda de fatores de sobrevivência imaginados.

     Por conseguinte, foi formulada esta teoria da força vital. Qualquer maníaco Clareado parecia demonstrar muito mais poder real e energia do que antes de Clareado. E qualquer "normal" Clareado aumentava as suas unidades de força vital acessíveis até um nível comparável a qualquer maníaco Clareado.

     Sem dúvida que trabalho e observações adicionais aperfeiçoarão esta teoria. Contudo, no momento presente, ela serve. Esta é uma daquelas "teorias científicas" introduzidas para explicar uma operação ou uma série longa de observações. Neste caso, acontece que está diretamente alinhada com os princípios básicos de Dianética, pois prediz dados que podem então ser encontrados e não rejeita dados anteriores preditos pela matemática e a filosofia básicas de Dianética.

     Na realidade, estamos aqui a falar, não deste termo escorregadio, a emoção, mas, cremos nós, da força vital. Esta força vital é consideravelmente intensificada pelo sucesso e prazer em geral e é, segundo esta teoria, aumentada em termos de unidades arbitrárias pelo prazer. Por outras palavras, o prazer é uma coisa que recarrega as baterias ou permite que elas sejam recarregadas e em um Clear, longe de conduzir à moleza, leva à atividade renovada, visto que a indolência é engrâmica.

     O prazer é um fator extremamente importante: esforço criativo e construtivo, a superação de obstáculos que não são incognoscíveis na direção de algum objetivo, a contemplação de objetivos passados alcançados, combinam-se todos para recarregar a força vital. A pessoa que, por exemplo, foi um enorme sucesso e depois o perde, e que então fica doente por isso, não está a seguir um ciclo racional, mas sim um ciclo de comando engrâmico. De certa forma, ela desobedeceu a um comando engrâmico e, tendo-lhe desobedecido, sofre dor. A "criança prodígio" que cedo "se extingue" na verdade, através da terapia, está tão extinta quanto uma fornalha abafada. Qualquer "criança prodígio" é um caso forçado: pense nos sonhos que a Mamã deve ter derramado nos engramas da criança. Ela fere-se: "Oh! Nunca me perdoarei! Se eu tiver arruinado o meu filho, nunca me perdoarei. O meu filho, que vai ser o maior violinista do mundo!" ou "Oh! Seu bruto! Tu bateste-me! Se feriste o nosso filho, vais ver! Farei dele o maior jovem pianista de Brooklyn! Ele vai ser uma criança linda, uma criança prodígio! E tu bateste-lhe, seu bruto. Oh! Vou ficar sentada aqui mesmo até te ires embora!" (Engramas reais.) O último faz a computação de que o modo de se desforrar do Papá é ser o maior pianista de Brooklyn. A criança é um grande sucesso: tem ouvido para a música, pratica muito e tem um grande "propósito". Este engrama é constantemente restimulado pela mãe. Mas então um dia, ele perde um concurso, ele sabe subitamente que já não é uma criança, ele sabe que falhou. O seu propósito vacila. Passa a ter dores de cabeça (a pancada do Papá) e, por fim, é um "neurótico" e um "talento extinto". Clareado, ele voltou a ser um pianista, não como uma pessoa "ajustada", mas sim um dos pianistas de concerto mais bem pagos de Hollywood. A música alinhava-se com o propósito básico.

     Mais uma vez, em um outro exemplo de maníaco, um paciente que tinha estado algum tempo em terapia - não é de longe o primeiro a fazer isto - dizia, com grande entusiasmo, ter sido "ativado" por Dianética. Ele andava um palmo acima do chão, com o peito para fora e assim por diante. Os seus óculos deixaram subitamente de servir, os seus olhos estavam bons de mais. Era um caso poderoso e radiante de euforia. A restimulação artificial tinha tocado em um engrama maníaco e fez-lhe key-in pela primeira vez na sua vida. Ele sentia-se maravilhosamente bem. O auditor sabia que ele viria a ter uma decaída completa, dentro de trinta e seis horas a três dias (o tempo habitual), porque uma restimulação artificial na terapia tinha tocado no engrama. Aconteceu que a avó tinha dito à filha que não devia abortar a criança, pois algum dia ela poderia tornar-se um "homem belo e às direitas ou uma linda mulher". Sem dúvida que ele era um homem às direitas: isso quase lhe lesionou os músculos das costas. Após mais uma vista de olhos pelo engrama, em terapia, a fase do maníaco desapareceu.

     Pode-se supor, então, que este maníaco, como no caso do menino-prodígio, reuniu a força vital disponível e, subitamente, canalizou-a ao longo das linhas do propósito básico, criando um alto nível de concentração de força vital. No caso do pianista, a sua força Clareada estava muito acima da força do maníaco. No outro caso, que está a ser processado atualmente, alcançou-se um nível que se aproxima do nível anterior e que o ultrapassará em muito.

     Do mesmo modo, um entusiasmo por um projeto canalizará a força vital nalguma linha de propósito e a necessidade, subitamente, roubará de novo aos engramas o poder suficiente para levar um indivíduo bastante longe, embora ele não tenha absolutamente nenhuns maníacos ativos.

     Agora chegamos ao âmago deste assunto: o engrama pró-sobrevivência. É uma pseudo-sobrevivência tal como todos os "auxílios" engrâmicos, uma miragem que se dissolve e deixa areias escaldantes.

     Anteriormente, falamos sobretudo de engramas contra-sobrevivência. Estes encontram-se em todas as dinâmicas do indivíduo e no seu propósito básico17.

     O engrama de contra-sobrevivência é como uma obstrução de troncos acumulados que bloqueia um rio necessário para as dinâmicas. A dinâmica é bloqueada em algum grau. Qualquer bloqueio a qualquer uma das quatro dinâmicas (ou a qualquer seção desse espectro) causa uma dispersão do fluxo. Este não reduz a dinâmica, particularmente, mas dá-lhe uma direção errônea tal como o rio que, bloqueado no seu fluxo natural, poderá transformar-se em cinco riachos que seguem em várias direções ou que alagam uma pastagem fértil que só deveria ter sido regada.

     O engrama pró-sobrevivência alega auxiliar a dinâmica no seu caminho (mas na realidade não a auxilia). Este faz de conta que é a dinâmica. Na analogia com o rio, o engrama pró-sobrevivência seria um canal que tirou a força do rio e enviou-a nalguma direção não pretendida. O engrama pró-sobrevivência não é um maníaco; este pode conter, e às vezes contêm, frases maníacas.

     Um engrama contra-sobrevivência diz: "Ele não presta, que se dane, vamos matá-lo".

     O engrama pró-sobrevivência diz: "Eu estou a salvá-lo". Se este acrescentasse: "Ele é encantador e realmente maravilhoso com as mulheres", então seria um engrama pró-sobrevivência com um maníaco.

     Em termos do gráfico descritivo, que anteriormente neste livro definiu a dinâmica de sobrevivência e o supressor, o engrama contra-sobrevivência seria parte do supressor (uma parte aberrada) e o engrama pró-sobrevivência seria parte do impulso dinâmico (uma parte aberrada).

     Nenhuma destas coisas é realmente uma porção senciente e computável da dinâmica de sobrevivência ou do supressor.

     O engrama (talvez o delírio de uma enfermidade) que diz: "Vou ficar contigo, querido, enquanto estiveres doente", é uma parte aparente da dinâmica de sobrevivência, mas na verdade é totalmente uma sombra desta. Mas a mente reativa não tem qualquer sentido de tempo quando é restimulada e este engrama, que fez key-in e é constantemente restimulado por algum conceito que contenha, tal como um odor ou a voz de uma pessoa que poderá ou não ser a pessoa original, exige que a pessoa que o possui esteja doente, exatamente como estava quando a frase foi proferida. Nessa direção, de acordo com a nossa idiota, a mente reativa, encontra-se a sobrevivência: "Eu tinha alguém a tomar conta de mim quando estava doente. Preciso de alguém para tomar conta de mim. Preciso de estar doente." Aqui está o padrão básico de todos os engramas de compaixão. Aqui está o padrão básico do engrama que conterá a doença psicossomática crônica em qualquer paciente. É claro que a variedade é muito grande, mas todos insistem em que o indivíduo que os possui esteja doente para que possa sobreviver.

     O engrama do tipo supressor, sempre contra-sobrevivência, pode ser posto em restimulação do mesmo modo que o engrama pró-sobrevivência. Um engrama é um engrama e todas as mecânicas são iguais. O fato de a mente analítica não conseguir situar o engrama no tempo pode fazer com que qualquer engrama pareça omnipresente. O tempo talvez possa "curar" as experiências da mente analítica, mas não da mente reativa, que não tem tempo - um fato que faz do tempo, não o Grande Curador, mas o Grande Charlatão. Poderá não haver absolutamente nenhuma veracidade nestes dados supressores. São dados falsos. Tais engramas deixam um indivíduo, por exemplo, ver uma borboleta e depois dizem-lhe que ela é perigosa; ele então passa a detestar a Primavera, por ser nessa altura que ele vê borboletas. Este engrama poderá dizer-lhe: "Vocês estão todos contra mim. Estão contra tudo o que eu faço", o que na verdade era a Mamã a fazer frente ao marido e à sogra. Este contêm um conceito, uma gravação do som de uma máquina de costura. O indivíduo que possui este engrama ouve uma máquina de costura (se este engrama já sofrera um key-in nalguma ocasião) em um momento em que está cansado e entorpecido e, ao olhar na direção da máquina (ele nunca identifica o som real; estes engramas protegem-se), vê a sua esposa. Ela é o restimulador associativo, uma coisa que a sua mente analítica, instruída para farejar o perigo, apanha como a causa. Assim, ele procura à sua volta e encontra uma coisa com que está irritado (alguma coisa quase "racional") e começa a dizer-lhe que ela está contra ele. Ou este pode ser um engrama de tom emocional tão baixo como a apatia, e então ele senta-se, chora e geme que ela está contra ele. Se, durante a "inconsciência" do nascimento, o médico disse que teria de lhe dar umas palmadas, o indivíduo que possui este engrama berra e fica com dores de cabeça quando lhe dão umas palmadas e quando adulto dá palmadas nos filhos como o supressor mais forte em que ele consegue pensar.

     Existe, então, uma diferença entre o pró-engrama e o contra-engrama, particularmente entre o pró-engrama de compaixão real e o contra-engrama. E é uma diferença, embora já estejamos bem adiantados neste capítulo, que é de interesse vital para o auditor.

     Toda a relutância real, que ele verá nos preclears durante a terapia, vem destes engramas pró-sobrevivência de compaixão. Estes resultam nalgumas computações muito estranhas. Dizem ao paciente que seria melhor não "se livrar dele" e, por isso, o paciente esforça-se por manter os seus engramas. Esse tipo de engrama é muito comum. Um caso típico é a Mamã a empurrar o Papá, que insiste em que não pode sustentar um filho. A luta magoa a criança e, na "inconsciência", é claro que ela recebe um engrama: a Mamã recusa-se a livrar-se dele, a Mamã está do lado do bebê; portanto, o melhor é o bebê fazer exatamente o que a Mamã diz e "não se livrar dele". Isto alinha-se com o propósito, o propósito mais profundo de sobreviver. Se ele se livrar dos seus engramas morrerá, porque livrar-se deles significa a sua morte, pois a Mamã disse que morreria se ela se livrasse dele. Mais tarde, ao longo da vida, a Mamã poderá ter tido o péssimo hábito de lhe dizer, quando ele estava doente, que ela "tomará conta do seu bebê e o protegerá do pai", e isto dá uma nova força à antiga computação.

     Assim, chegamos à computação de aliado. Esta será a principal luta do auditor, a coisa que lhe resistirá mais esquivamente, a coisa que jaz bem perto do âmago de uma pessoa.

     A computação de aliado é tão severa, que um auditor disse uma vez que um humano não é vitimizado pelos seus inimigos, é assassinado pelos seus amigos. Engramicamente falando, isso é realmente verdade.

     A única aberração e doença psicossomática, a que o paciente se agarrará continuamente, é um engrama pró-sobrevivência que faz parte de uma computação de aliado. Isso poderia ser escrito aqui cinquenta vezes, sem ter sido suficientemente enfatizado. É da máxima importância, é a primeira coisa que o auditor irá enfrentar ao iniciar um caso, a primeira coisa que precisa de descarregar se quiser que a terapia decorra rapidamente. Poderá ser preciso tocar e reduzir muitos engramas contra-sobrevivência, pois estes surgem bastante rapidamente quando chamados, antes de ele conseguir sequer ter uma idéia de qual será a computação de aliado. Mas quando consegue obter uma computação de aliado, o melhor que ele tem a fazer é percorrê-la até ao apagamento e descarregar toda a sua emoção, porque senão o caso ficará retardado.

     A computação de aliado é a idiotice, ao nível da mente reativa, de que a sobrevivência depende da Avó, da Tia Susana ou de alguma criada falecida há trinta anos. Quem ajudou o indivíduo quando ele estava doente, as pessoas que pediram à sua mãe grávida que parasse de o tentar abortar, que o alimentaram ou que de algum modo tentaram impedir que ele se magoasse: esses são os aliados.

     A mente reativa opera inteiramente numa lógica bivalente. As coisas são vida ou são morte, estão certas ou estão erradas, tal como diz o fraseado do engrama. E as personagens dos engramas são amigos ou inimigos. Os amigos, os aliados, significam Vida! Os inimigos significam Morte! Não há meio-termo. Qualquer restimulador ou restimulador associado significa Vida para o engrama pró-sobrevivência! E qualquer restimulador ou restimulador associado significa Morte para um engrama contra-sobrevivência!

     É claro que o auditor poderá ser uma pessoa muito restimulativa (alguém que é um pseudopai, um pseudo-amante da mãe antes do nascimento, etc.), mas é sempre um restimulador associativo, a pessoa que poderá remover essas coisas terrivelmente vitais: os engramas pró-sobrevivência. Os engramas contra-sobrevivência pesam mais do que este fator e é claro que a mente analítica do preclear está sempre no lado do auditor e da terapia.

     A dificuldade surge quando a mente analítica é desligada pela restimulação e o auditor está a procurar a computação de aliado. Então, a mente reativa do preclear esquiva-se e escapa-se.

     Contudo, a computação de aliado é simples de localizar. E é muito vital localizá-la, pois essa computação poderá conter a maior parte da descarga emocional do caso. Libertar completamente toda a computação de aliado, antes de alcançar o básico-básico, é inteiramente impossível. Mas é preciso devolver ao preclear toda a força vital possível, para fazer o caso trabalhar bem.

     Acima de tudo, a computação de aliado enquista a força vital do indivíduo. Aqui está, aprisionado e retido, o sentimento livre, a palpitação da própria vida. Um preclear só é colocado em apatia pelas computações de aliado. O corpo pode estar quase morto na presença de antagonismo e ainda assim recobrar as suas forças e lutar. Mas não pode combater os seus amigos. A lei da afinidade foi aberrada ao ponto de se tornar uma entrada no banco de engramas reativo. E essa lei, mesmo quando destorcida com as sombras turvas da irracionalidade na mente reativa, ainda funciona. É uma boa lei. É boa de mais quando o auditor está a tentar encontrar e reduzir engramas que estão a fazer o preclear sentir a dor da artrite ou a fazer com que tenha hemorragias internas devido a úlceras no estômago. Por que é que ele não pode "livrar-se" da sua artrite? A Mamã disse, quando caiu graciosamente por cima de um porco: "Oh! Não me posso levantar! Oh! Meu pobre bebê! Oh! O meu bebê! Será que magoei o meu pobre bebê? Oh! Espero que o meu bebê ainda esteja vivo! Deus, por favor, deixa-o viver! Deus, por favor, deixa-me ficar com o meu bebê! Por favor!" Só que o Deus a quem ela rezou era a Mente Reativa, que faz uma das suas computações idiotas, com base em que tudo é igual a tudo. Um segurador, uma prece para a vida, a coluna do bebê completamente contundida, a compaixão da Mamã, o grunhido de um porco, uma prece a Deus - todas estas coisas são iguais para a mente reativa e, assim, temos um belo caso de artrite, particularmente porque o nosso paciente procurou a sua "sobrevivência" casando-se com uma rapariga de voz muito parecida com a da Mamã quando ele estava no útero. Pedir-lhe que se livre da artrite? A mente reativa diz: "NÃO!" A artrite é um bebê, é um grunhido de porco, é uma prece a Deus, é a compaixão da esposa, é ser pobre, é a voz da Mamã e todas estas coisas são desejáveis. Ele manteve-se pobre, manteve a sua artrite e casou-se com uma mulher que faria corar uma meretriz e isto é pró-sobrevivência. A sobrevivência é uma coisa formidável, quando é a mente reativa que a computa! E no caso das úlceras, aqui estava o bebê todo cheio de furos (a Mamã está a passar um mau bocado a tentar abortá-lo de modo que possa fingir que foi um aborto espontâneo e, para isso, ela introduz diversos instrumentos domésticos no colo do útero) e alguns dos buracos atravessam, de lado a lado, o abdômen e estômago deste bebê: ele irá viver porque está rodeado de proteína, tem uma provisão alimentar e porque o saco é como uma destas câmaras-de-ar à prova de furos que veda cada perfuração. (Há muito, muito tempo que a natureza se tornou esperta em relação à tentativa de aborto.) Acontece que a Mamã, neste caso, não era uma monologuista, embora a maior parte da atividade da Mamã nisto seja uma dramatização e seja acompanhada de conversação. Mas também acontece que a Avó mora na casa ao lado e aparece inesperadamente, pouco depois da última tentativa de liquidar o bebê. A Avó, no seu tempo, poderá ter tentado abortar, mas agora está velha e é extremamente moral e, além disso, não é a ela que este bebê está a provocar enjoo matinal. Por isso, ela encontra muito que censurar quando vê um pauzinho de laranjeira ensanguentado na casa de banho. O bebê ainda está "inconsciente". A Avó ralha com a Mamã: "Qualquer filha minha que faça uma coisa tão horrível devia ser castigada pela vingança de Deus (o princípio de `faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço' pois, para começar, quem é que deu esta dramatização à Mamã?) e arrastada pelas ruas. O teu bebê tem todo o direito de viver. Se achas que não podes cuidar dele, eu com certeza que o farei. Agora continua com a tua gravidez até ao fim, Heloísa, e se não quiseres este bebê quando ele nascer, então eu fico com ele! Que idéia a de tentar ferir esse pobrezinho!" E assim, quando o nosso caso de úlcera hemorrágica nasce, ali está a Avó como proteção e segurança. A Avó aqui é o aliado (e ela pode tornar-se um aliado de milhares de modos diferentes, qualquer um deles baseado no princípio de que ela fala compassivamente com o bebê quando ele perde os sentidos e luta com a Mamã a seu favor quando ele está "inconsciente"), e quando ele cresce até se tornar um menino, pode-se ver que ele tem uma grande dependência da Avó, para grande espanto dos pais (pois eles nunca fizeram nada ao pequeno Rogério, eles não). E o Rogério, quando a Avó morre, desenvolve úlceras hemorrágicas para a ter de volta.

     Quem for um amigo deve ser abraçado contra o peito com laços de ferro, diz este grande gênio, a mente reativa, mesmo que isto mate o organismo.

     A computação de aliado é um pouco mais do que o simples cálculo idiota de que alguém, que seja amigo, só pode ser conservado como amigo através da aproximação de condições semelhantes àquelas em que surgiu a amizade. É uma computação feita com base em que só se pode estar seguro perto de certas pessoas e só se pode estar perto delas estando doente ou louco ou pobre e geralmente incapacitado.

     Mostre, a um auditor, uma criança que é facilmente assustada pelo castigo, que não se sente à vontade em casa, que tenha aliados que lhe pareçam mais importantes do que os pais (avós, tios, hóspedes, médicos, enfermeiras, etc.) e que seja adoentada, e o auditor normalmente pode fazer saltar à vista um passado de tentativas de aborto porque, na maioria das vezes, estes estão lá. Mostre, a um auditor, uma criança que tenha demonstrado um enorme apego por um dos pais, detestando o outro, e o auditor pode pôr à mostra um passado em que um deles queria livrar-se da criança ou feri-la, e o outro não.

     A computação de aliado é, então, importante. E também é muito secreta. A tentativa de obter os verdadeiros aliados em um caso é, muitas vezes, uma grande luta. Nalguns casos, poderá ser que um paciente tenha tido oito ou dez destes aliados e tentou mantê-los desesperadamente; e quando não conseguiu, ele procurou e encontrou companheiros e amigos que eram aproximações dos seus aliados. Uma esposa, perto de quem "A" está continuamente doente, mas que ele não deixará sob nenhumas circunstâncias, normalmente é um pseudo-aliado, o que quer dizer que ela tem alguns maneirismos parecidos com os do verdadeiro aliado, tem uma voz parecida ou até mesmo um primeiro nome semelhante. "B", que não deixa um emprego e que, no entanto, está a trabalhar em um nível muito abaixo da sua capacidade na vida, talvez mantenha esse emprego porque o seu chefe é um pseudo-aliado; além disso, ele poderá estar a trabalhar nesse emprego porque o aliado tinha uma posição semelhante na vida e ele está a ser o aliado.

     Qualquer coisa que possa corromper tanto a vida de uma pessoa será naturalmente difícil, em certa medida, na terapia. Porque quando lhe pedem que se livre da sua computação de aliado, é tão provável que ela dê qualquer indício desta como querendo que ela cuspa na cara do aliado.

     Estes engramas pró-sobrevivência, que contêm a computação de aliado, podem ser descritos como aqueles que contêm pessoas que defenderam a vida do paciente, em momentos quando o paciente concebeu que a sua existência estava a ser atacada. Esta não precisa de ser uma defesa real e racional: poderá ser apenas que o conteúdo do engrama pareça indicar isso, mas pode supor-se, com segurança, que as piores computações de aliado são aquelas em que a vida do paciente foi defendida, pelo aliado, contra os atacantes. A maioria das computações de aliado tem a sua gênese na área pré-natal.

     Procurar a computação de aliado é a primeira ação que se toma em qualquer caso e procuram-se novas computações de aliado ao longo de todo o caso.

     Estes engramas pró-sobrevivência de compaixão, que constituem as computações de aliado, apenas diferem do engrama pró-sobrevivência normal em intensidade. Um engrama pró-sobrevivência normal é mau, somente porque alguém expressou amizade pelo paciente ou por outra pessoa, quando ele estava "inconsciente". Este é difícil de descobrir e clarear, mesmo quando foi inteiramente mal interpretado - isto é, quando o conteúdo pró-sobrevivência se destinava a outra pessoa que não o paciente e apenas foi mal interpretado por ele. Se o paciente está "inconsciente" e alguém diz: "Ele é boa pessoa", referindo-se de fato a uma pessoa inteiramente diferente, a mente reativa egocêntrica toma essa frase como dizendo respeito a si própria. No engrama pró-sobrevivência de compaixão (a computação de aliado é composta somente por estes), há algum aliado que realmente defende a pessoa do perigo. Isto pode variar entre uma cena dramática em que alguém estava a matar o paciente e o aliado chegou no último instante, como a cavalaria, e um incidente no qual o paciente foi simplesmente salvo (ou considerou que foi salvo) da morte, como no caso de um afogamento, atropelamento, etc. E o engrama pró-sobrevivência de compaixão somente vale tanto quanto o seu conteúdo verbal, pois este não racionaliza a ação. Têm-se descoberto engramas em que o paciente estava realmente a ser assassinado, mas o conteúdo era tal, que o paciente estava convencido de que estava a ser salvo. Um caso desses incluiria aquilo a que os auditores chamam uma "tentativa de aborto mútua" - um pai e uma mãe a tentarem juntos o aborto - no qual a Mamã estava inteiramente de acordo e dispôs-se a fazer a operação, mas ficou assustada e começou a gritar sobre "o seu precioso bebê", em um esforço para se salvar de ser magoada. Os pacientes com esta espécie de engrama pró-sobrevivência de compaixão podem ficar muito confusos a respeito da mãe.

     Há vários aspectos insidiosos dos engramas pró-sobrevivência de compaixão:

  1. Estes alinham-se com a dinâmica de sobrevivência fundamental no sentido mais literal e estão, portanto, alinhados com o propósito do indivíduo.
  2. Estes são como quistos envolvidos por engramas contra-sobrevivência que servem de carapaça exterior.
  3. Estes afetam mais acentuadamente a saúde do indivíduo e são sempre o fator básico subjacente à doença psicossomática que o indivíduo manifesta.
  4. Estes fazem a mente reativa (mas não a mente analítica) resistir à terapia.
  5. Estes são o maior sorvedouro das unidades de força vital.

     Em (3) acima, o engrama pró-sobrevivência de compaixão faz mais do que simplesmente transportar o ferimento que se torna na doença psicossomática. Qualquer engrama é um monte de dados que não inclui apenas todas as percepções e palavras presentes, mas também a medição da emoção e do estado de ser físico. O último, o estado de ser físico, seria suficientemente sério. Esta medição diz que a estrutura era deste ou daquele modo, no momento em que o engrama pró-sobrevivência de compaixão foi recebido. Então, no caso de um engrama de embrião, a mente reativa, ao forçar o engrama a entrar de novo em ação, também poderá voltar a impor o padrão estrutural ao corpo: isto ocasionalmente resulta em um desenvolvimento retardado, pele semelhante à de um embrião, uma curvatura das costas parecida à do embrião e assim por diante. As próprias glândulas, sendo órgãos físicos, também são por vezes suprimidas no esforço da mente reativa para aproximar todas as condições. As gônadas subdesenvolvidas, a tireóide abaixo do nível normal, o membro inutilizado - todas essas coisas provêm frequentemente de engramas pró-sobrevivência de compaixão. Isto é tão observável que, quando um indivíduo está a ser clareado, o processo de crescimento começa a trazer o corpo de volta ao plano genético, mesmo antes de o caso estar completado. A mudança que ocorre no ser físico do paciente é por vezes tão notável e acentuada, que é muito mais surpreendente do que o mero desaparecimento de um catálogo de doenças psicossomáticas, tais como dificuldades coronárias, úlceras, artrite, alergias e por aí fora.

     Supor-se-ia que qualquer coisa com força suficiente para distorcer o plano genético físico e impedir o corpo de se desenvolver, ou fazê-lo continuar a crescer quando devia ter parado, resistiria a qualquer terapia. Isto só é verdade em um sentido muito limitado. Uma vez que se esteja ciente daquilo que suprime um caso, pode-se tratar de vencer os supressores, pois um engrama pró-sobrevivência, ao contrário de um engrama contra-sobrevivência, tem um calcanhar de Aquiles.

     A resposta mais funcional que se conhece em Dianética reside no princípio das unidades de força vital e na técnica de pô-las de novo em circulação. O engrama pró-sobrevivência coleciona e retém essas unidades, de acordo com esta teoria, e colapsa quando o seu poder para reter as unidades é quebrado.

     Então, ao entrar em um caso em que a pessoa tem uma doença psicossomática crônica (e qual é o caso que não tem, mesmo que seja tão leve como um ocasional acesso de espirros ou soluços), a primeira coisa que o auditor faz é explorá-lo, passando por uma rotina de retorno para verificar quão atrás ela pode recuar para ir buscar material, qual é o estado da recordação sônica, quão oclusa está a juventude da pessoa e assim por diante. Quando tiver acabado esta sondagem, ele começa a fazer a sua computação sobre o caso: primeiro, será que a criança foi feliz com o pai e a mãe, e se não foi, onde é que a criança foi mais feliz? (Será aí que residem os aliados.) Será que algum dos pais foi um fator excessivamente poderoso na formação das capacidades pensantes da criança? (Aqui também poderá haver um aliado, mesmo que fraco.) Será que o paciente tinha avós ou outros parentes? Como se sentia em relação a eles? Todos estes dados estarão mais ou menos oclusos e distorcidos por circuitos demônio e são tão fiáveis como os dados que este paciente tentará, inevitavelmente, obter de pais ou parentes "malucos", que não só não sabem o que lhe aconteceu, como poderão estar muito ansiosos de que nada seja descoberto.

     O que aconteceu realmente? Não deixe o paciente perguntar alguma coisa aos parentes ou aos pais, se puder evitá-lo, porque eles são extremamente restimulativos e nunca têm dados que você possa usar; o paciente está meramente a tentar usar essas pessoas como circuitos de derivação, para evitar a dor de ser ele próprio a recordar as coisas. Quando o caso é terminado, ele deixará de querer incomodar essas pessoas. E se você quiser fazer uma verificação por razões de pesquisa, pegue em um dos parentes e ponha-o a receber terapia.

     O auditor tem agora uma pequena idéia de quais poderão ser os aliados. E aqui vem o calcanhar de Aquiles da computação de aliado.

     Qualquer computação de aliado poderá incluir a perda de um aliado. E a perda de um aliado poderá ser o disparador que dará início à fissão em cadeia. Porque aquilo que vamos tentar fazer é dissipar ou descarregar tantas unidades de força vital quanto possível do banco de engramas reativo e enfraquecê-lo. Cada carga que retirarmos do banco reforçará a capacidade do paciente para seguir em frente com a sua vida e ajudará a sua mente analítica a entrar no banco de engramas. Por isso, descarregar estas unidades imobilizadas é uma parte vital e importante da terapia, e a condição do caso melhorará na razão direta do número de unidades descarregadas deste modo.

     Considere estas unidades de vida como energia vital livre; um engrama que as capture pode instalar-se, para todos os efeitos, como uma força vital. É então, e só então, que este será uma entidade. Os circuitos demônio, as paredes de valência (que compartimentam o analisador, por assim dizer, e ocasionam a multivalência), a força e poder do engrama em si estão todos dependentes, segundo a teoria e a observação na prática, das unidades de vida usurpadas.

     Libertar essas unidades é a tarefa primária da terapia; aliviar a dor dos engramas é a tarefa secundária; tornar o paciente confortável durante a terapia nem sequer conta, embora não haja necessidade de ele se sentir desconfortável. O caráter dual da terapia é, então, constituído por duas seções da mesma coisa: aliviar engramas. Contudo, esta natureza dual existe nos engramas, visto que eles têm emoção dolorosa (que significa força vital usurpada) e dor física (que significa dor de ferimento, doença, etc.).

     Recuar o mais para trás quanto possível, tão rapidamente quanto possível e encontrar o básico-básico é a direção e propósito da terapia nos seus primeiros estágios. Para conseguir isto (quando não pode ser feito de imediato meramente retornando e encontrando o básico-básico, algo que se pode e deve sempre tentar) alivia-se o caso e rouba-se o banco de engramas ao liberar as unidades de vida (capturadas pela emoção dolorosa) das computações de aliado.

     Em suma, todo o propósito e ação da terapia consiste em encontrar o engrama mais antigo e apagá-lo, e depois prosseguir com o apagamento de todos os outros engramas, como engramas, de modo que nunca mais possam ser descobertos. (Eles rearquivam-se no banco padrão, mas é necessário um gênio para os encontrar lá e uma busca de muitas, muitas horas: portanto, para o auditor, pode-se dizer que estes foram "apagados", pois estes já não são engramas e passaram agora a ser experiência.) A primeira, última e única tarefa do auditor é encontrar os engramas mais antigos disponíveis e apagá-los. É impossível dizer isto vezes de mais ou com demasiada ênfase.

     Os vários modos de conseguir isto são as técnicas e artes da terapia. Qualquer coisa que ocasione este apagamento de engramas do seu lugar e o seu rearquivamento como experiência é útil e legítima, não importando o que isso inclua. Um engenheiro pretende remover uma montanha que está no caminho de um rio: a sua intenção e todo o seu esforço são dirigidos à remoção dessa montanha; os meios e modos que ele emprega para remover essa montanha, seja uma escavadora, aríete hidráulico ou dinamite são a arte e as técnicas aplicadas para fazer o trabalho.

     Há três graus de conhecimento na nossa tarefa:

  1. Em Dianética, conhecemos o objetivo: conhecemos os resultados que são produzidos quando esse objetivo é alcançado.
  2. Sabemos qual é o caráter das obstruções entre nós e o objetivo, mas nunca podemos aprender demasiado sobre o caráter exato da obstrução.
  3. A arte e a técnica de remover a obstrução entre nós e o objetivo só são legítimas através do teste de se removem, ou não, a obstrução.

     O método de ataque do problema pode sempre ser melhorado ao se aprender mais sobre o caráter dos fatores no problema, ao se aprender novas artes e técnicas que possam ser aplicadas ao problema, e ao estudar no sentido de melhorar a nossa perícia em praticar as artes e técnicas existentes. A arte e técnicas que agora existem não devem ser consideradas ótimas só porque fazem o trabalho. É possível encurtar o tempo e facilitar o trabalho através de novas técnicas ou melhorando a eficiência das técnicas existentes.

     Tudo isto está a ser intercalado neste texto para que Dianética, ao contrário da lógica aristotélica e da história natural, seja reconhecida como uma ciência que avança e que muda. Isto está a ser introduzido neste ponto porque nenhum auditor deve simplesmente encostar-se a esta rotina, sem nunca tentar melhorá-la.

     Muito bem, esta é a rotina. Esta funciona, mas pode-se fazer com que funcione rápido e bem.

  1. Ponha o paciente em rêverie e explore a área pré-natal para ver se há engramas disponíveis para se levantarem sem trabalho adicional. Se houver e estes podem ser encontrados, retire-lhes a carga e apague-os se for possível. Não tente apagar uma coisa tão afastada do básico-básico como o nascimento, a menos que o arquivista insista em apresentar o nascimento. Por outras palavras, ponha o sujeito na área pré-natal e procure os engramas mais antigos. Não peça ocasiões específicas, particularmente para uma coisa como o nascimento; tome apenas o que for apresentado. Se não puder ir muito para trás, faça o passo dois.
  2. Explore a vida do paciente enquanto ele estiver em rêverie (faça isto de qualquer modo, mais cedo ou mais tarde, se o caso abrandar, mas só se este abrandar até um ponto em que engramas antigos não estejam a reduzir-se ou não tenham qualquer emoção). Estabeleça, nessa exploração, todas as pessoas de quem o paciente possa ter dependido e suspeite sempre de que ele não lhe disse quais eram os aliados realmente importantes, mas não lhe diga que suspeita disso.
  3. Descubra quando é que o paciente perdeu algum aliado por morte ou partida. Aproxime-se desse momento e, de alguma maneira, obtendo material anterior e este incidente ou obtendo apenas este incidente, descarregue a tristeza da perda que há nos incidentes. Trate qualquer incidente em que o aliado se vai embora, ou em que o paciente é separado do aliado, como um engrama e apague-o como tal ou percorra-o até este já não conter nenhuma "carga" de tristeza. Se a "carga" se mantém, suspeite de um momento antigo de tristeza referente a este aliado, encontre-o e trate-o como um engrama.
  4. Primeiro, por último e sempre, a tarefa é obter o básico-básico e depois, em continuação, vai-se obtendo sempre o momento mais antigo de dor ou tristeza que exista nessa ocasião, apagando cada incidente, à medida que este for apresentado pelo arquivista ou encontrado pela Técnica de Repetição.
  5. Qualquer incidente que fique encravado tem sempre um incidente anterior semelhante, e o paciente deve ser levado para trás, para o incidente anterior, quando um engrama não se "reduz" com a recontagem.
  6. Em qualquer altura que os engramas comecem a manifestar uma ausência de emoção no tom, mesmo que se reduzam, suspeite de outra computação de aliado e, quer seja cedo ou tarde na vida do paciente, obtenha-a e reduza-a, pelo menos até a descarga emocional ter acabado. Não faça com que tudo o que há em um caso seja restimulado ao mudar de um incidente não reduzido para uma coisa que pareça mais frutífera, mas reduza tudo o que estiver à vista, antes de sair à procura de uma nova carga de tristeza.
  7. É melhor reduzir um engrama antigo que não manifeste emoção do que transtornar o caso, ao importuná-lo em busca de uma computação de aliado, quando uma busca hábil não conseguiu revelar a sua presença. Apagar engramas sem emoção antigos acabará por pôr a descoberto uma nova computação de aliado, se você procurá-la ocasionalmente.
  8. Considere que qualquer delonga em um caso, qualquer má vontade em cooperar, provém de uma computação de aliado.
  9. Trate todos os circuitos demônio como coisas mantidas no lugar por unidades de força vital absorvidas pelo banco e aborde o problema dos circuitos demônio liberando cargas de tristeza.
  10. Considere que a perda de um aliado, por morte ou partida, é idêntica à morte de alguma parte do paciente e que a redução de uma morte ou partida de um aliado devolverá essa mesma quantidade de vida ao paciente. E lembre-se que grandes cargas de tristeza nem sempre são de morte ou partida, mas poderão ser meramente uma inversão súbita de posição por parte do aliado.

     Tenha sempre em mente que a pessoa que mais se identifica com a pessoa do paciente, como uma mãe, um pai, avô, parente ou amigo compassivos, é considerada pela mente reativa como sendo parte da própria pessoa, e que qualquer coisa que tenha acontecido a essa personagem compassiva pode ser considerada como tendo acontecido ao paciente. Num caso desses em que se verificou que um aliado morreu de cancro, por vezes é possível verificar que o paciente tem uma ferida ou um ponto escamoso, no sítio onde ele supôs ter sido o cancro do aliado.

     A mente reativa só pensa por identidades. O engrama pró-sobrevivência de compaixão identifica o paciente com outro indivíduo. A morte ou perda (por partida ou repúdio) do outro indivíduo é, portanto, uma convicção da mente reativa de que o paciente sofreu alguma porção da morte.

     Qualquer engrama poderá conter cargas emocionais: a emoção transmite-se, no mesmo nível de tom, das pessoas à volta da pessoa "inconsciente" para a sua mente reativa. A ira entra em um engrama como ira, a apatia como apatia, a vergonha como vergonha. Qualquer coisa que as pessoas tenham sentido emocionalmente, à volta de um indivíduo "inconsciente", será encontrada no engrama que resultou do incidente. Quando o tom emocional das pessoas no engrama é obviamente de ira ou apatia, segundo o conteúdo verbal e, no entanto, o paciente ao recontar não o sente, há alguma coisa, nalgum lugar, que tem uma parede de valência entre o paciente e o tom emocional, e essa parede de valência é quase sempre derrubada pela descoberta de um engrama com carga de tristeza, numa ocasião anterior ou posterior na vida do paciente.

     A única razão legítima para entrar em porções mais recentes da vida de uma pessoa, antes de a área pré-natal ter sido bem esgotada, é para procurar descargas de tristeza ocasionada pela morte, perda ou repúdio de um aliado. E por "repúdio" queremos dizer que o aliado se tornou um inimigo ativo (real ou imaginário) do paciente. O homólogo do aliado, o pseudo-aliado, é uma pessoa que a mente reativa confundiu com o aliado real. A morte, perda ou repúdio de um pseudo-aliado pode conter uma carga de tristeza.

     De acordo com a teoria, a única coisa que pode aprisionar unidades de vida é esta emoção de perda. Se existisse algum método de não fazer mais nada senão libertar todas as unidades de vida, a dor física poderia ser negligenciada.

     Um Liberado é produzido, de um modo ou de outro, libertando o máximo possível de unidades de vida dos períodos de perda, com uma abordagem mínima aos engramas reais.

     A perda de um aliado ou pseudo-aliado não precisa de conter qualquer dor física ou "inconsciência", além daquela ocasionada pela perda em si. Isto já é bastante sério. Isto produz um engrama.

     Qualquer pessoa que subitamente se descubra estar oclusa na vida de um paciente pode, com alguma segurança, ser considerada um aliado ou pseudo-aliado. Se, ao lembrar ou retornar, faltam grandes seções de relacionamento do paciente com outra pessoa, pode-se dizer que essa pessoa está oclusa. Se a oclusão rodeia a morte da pessoa, a partida dessa pessoa ou repúdio por parte dessa pessoa, essa é a melhor garantia de que se trata de um aliado. Também é possível haver oclusão devido a castigo, querendo isto dizer que a pessoa oclusa também poderá ser um grande inimigo. No entanto, em tal caso, qualquer memória que exista será referente à morte, derrota ou doença da pessoa Oclusa. A oclusão do funeral de uma pessoa na memória de um paciente iria, teoricamente, rotular essa pessoa como um aliado ou pseudo-aliado. Uma lembrança do funeral de uma pessoa, mas com a oclusão de um relacionamento agradável, poderá indicar que a pessoa era um inimigo. Estas regras são experimentais. Mas é certo que qualquer oclusão significa que uma pessoa teve um significado grande e oculto na vida de um paciente, que deveria ser explicado.

     Poderá mencionar-se neste ponto que a recuperação do paciente dependerá, em grande medida, das unidades de vida libertadas do seu banco reativo. Isto é uma descarga de tristeza e poderá ser bastante violenta. A prática comum é "esquecer" tais coisas e "quanto mais depressa forem esquecidas, mais depressa se curam". Infelizmente isto não funciona; seria bom se funcionasse. Qualquer coisa esquecida é uma ferida supurante quando esta contêm qualquer desespero. O auditor descobrirá que todas as vezes que ele localizar este grande negador, "esquece isso", ele encontrará o engrama que o negador suprimiu; quando não consegue localizar o engrama e no entanto encontrou um somático, existirá um "esquece isso", "não penses nisso", "não consigo lembrar-me disso", "não me lembro" ou algum outro negador no contexto do engrama. Esquecer é tão prejudicial à saúde que, quando uma coisa foi "posta fora do pensamento", ela foi posta diretamente dentro do banco de engramas reativo e lá dentro esta pode absorver unidades de vida. Esta computação "maluca", de que esquecer coisas torna-as suportáveis, é incrível quando se toma em consideração o fato de que o hipnotizador, por exemplo, obtém resultados com uma sugestão positiva quando coloca um desses negadores no final desta. Isto é conhecido há muitos milênios: essa foi uma das primeiras coisas que ensinaram ao autor quando ele estudou as práticas asiáticas: há muito tempo atrás, isto filtrou-se da Índia para a Grécia e Roma, e veio até nós por intermédio de Anton Mesmer: este é um princípio fundamental em diversas artes místicas: até o curandeiro Sioux conhecia as suas mecânicas. No entanto, as pessoas em geral, até agora sem qualquer orientação a este respeito, e talvez porque lhes faltava algum remédio real, acreditavam que a coisa a fazer com a tristeza era "esquecê-la". Até Hipócrates comentou que uma operação não fica inteiramente acabada, enquanto o paciente não tiver recontado o incidente a todos os seus amigos, um por um. E embora isto seja uma terapia inadequada, ela foi, como a confissão, uma parte da sabedoria popular ao longo de muitas eras. E, no entanto, as pessoas teimam em suprimir a tristeza.

     Muitas vezes, na atividade do auditor, o paciente pedir-lhe-á: "Não me fale a respeito da morte de fulano tal". Se ele for suficientemente tolo para dar ouvidos a este pedido choroso quando o paciente está em rêverie, então o auditor estará a bloquear ativamente uma Liberação. Esse é o primeiro incidente que ele deve obter!

     Seria mau, talvez, sem a técnica de Dianética, chegar perto de tais coisas, mas com a nossa arte é fácil não só entrar no momento real do incidente, mas também recontá-lo até as lágrimas e lamentos serem apenas ecos no livro de caso. Tratar essa perda como um engrama, recontá-la até esta deixar de ser emocionalmente dolorosa, é devolver o paciente à vitalidade que ele não tem tido desde que o incidente ocorreu. E se o incidente não diminuir após uma dúzia de recontagens, deslize para trás na sua linha de tristeza, como faria com qualquer outro engrama, e encontre momentos cada vez mais antigos. Um paciente que comece a descarregar tristeza com a idade de cinquenta anos poderá dar por si, duas horas mais tarde, lá em baixo na área básica, a recontar o momento primário de tristeza, na ocasião em que o aliado perdido se tornou inicialmente um aliado. Se o auditor puder obter a cadeia inteira de algum aliado, esgotando a tristeza contida nesta desde o incidente mais recente para o mais antigo, retirando toda a tristeza que puder obter de cada incidente e despojando a carga da série inteira de engramas, ele poderá, com poucas horas de trabalho, livrar o caso de carga emocional suficiente para então começar um apagamento ordeiro.

     Faça o favor de observar esta diferença: o calcanhar de Aquiles da computação de aliado pode ser considerado como estando em um ponto recente na cadeia de incidentes relativa a esse aliado, o que quer dizer que temos aqui um funil, vertical no tempo, no qual se pode entrar em tempo recente e depois seguir para trás no tempo. O calcanhar de Aquiles da cadeia de engramas contra-sobrevivência está nos incidentes mais antigos, exatamente o oposto dos engramas emocionalmente dolorosos.

     Para recuperar unidades de vida ao banco de engramas, de modo a dispor de emoção livre suficiente para Liberar ou Clarear um caso, comece com perdas recentes de aliados ou pseudo-aliados e trabalhe em direção às mais antigas.

     Para liberar a dor física do indivíduo no banco de engramas, comece cedo (tão perto da concepção quanto puder chegar) e continue a trabalhar em direção às mais recentes.

     Dor física na cadeia contra-sobrevivência pode suprimir emoção dolorosa na cadeia pró-sobrevivência.

     Emoção dolorosa na cadeia pró-sobrevivência pode suprimir dor física nos engramas contra-sobrevivência.

     Se fizesse um desenho da área pré-natal do banco de engramas reativo, esta teria mais ou menos este aspecto: uma linha comprida traçada horizontalmente, representando o tempo, que teria manchas escuras representando engramas; uma extremidade da linha representaria a concepção, a outra extremidade o nascimento: por cima desta linha haveria uma área escura, como uma névoa densa, estendendo-se de uma extremidade à outra da linha e quase caindo até tocar nesta: acima desta névoa escura, haveria outra linha horizontal, a linha do tempo aparente ao longo da qual o paciente retorna. A primeira linha comprida é a linha do tempo real; a névoa é emoção dolorosa. A linha escura superior é aquilo que o paciente confunde com a sua linha do tempo e usa como tal.

     A emoção dolorosa é, claro, ocasionalmente tocada na área pré-natal e a oportunidade de a dispersar, quando se descobrem cargas emocionais pré-natais deste modo, nunca deve ser descurada pelo auditor: na verdade, logo que grande parte da emoção dolorosa da vida mais recente seja descarregada, muita emoção dolorosa pode ser encontrada entre os engramas mais antigos. A maior parte desta névoa, e a primeira parte que o auditor frequentemente contata, está na vida recente: embora seja originada, como carga, na vida recente, pode-se dizer que ela se encontra nesta área pré-natal.

     Momentos de perda, a perda por morte ou partida de qualquer dos aliados do paciente e a perda de um aliado por este se virar contra o paciente, aprisionam essas cargas emocionais e interpõem-nas entre o paciente e a realidade. Embora o momento de perda tenha sido após o nascimento, na infância, adolescência ou quando adulto, este estava a suprimir retroativamente os engramas antigos.

     Este aspecto da emoção dolorosa é um key-in dos incidentes antigos provocado pelo momento de perda. Por outras palavras, um momento de grande perda suprime o indivíduo na Escala de Tom até um ponto em que ele se aproxima do nível dos engramas antigos e estes, estando ativados pelo key-in, retêm as unidades de carga daí em diante.

     Unidades de vida apanhadas deste modo são retidas e são a vida dos engramas. Como na eletricidade, uma carga positiva desvia-se de uma carga positiva, cargas iguais repelem-se uma à outra. Pode-se dizer, por analogia, que o analisador, operando com o mesmo tipo de carga que a contida no engrama, afasta-se do engrama, que desse modo permanece ignorado e intacto.

     Ao retornar à área dos engramas antigos - que continuam ativados por causa das cargas tomadas dos incidentes recentes - o indivíduo pode, confortavelmente, passar ao lado de enormes quantidades de material aberrativo, sem sequer suspeitar da sua presença. Contudo, quando os momentos recentes de emoção dolorosa são liberados, o auditor pode ir imediatamente para dentro da área antiga e encontrar engramas de dor física, que até então não tinha sido capaz de descobrir.

     De fato, tanto os momentos recentes como os antigos são engramas: a notícia ou a observação da perda desliga o analisador e tudo o que entra depois nesta é engrâmico e é arquivado na mente reativa. Devido à visão e uma memória de atividade que está ligada ao presente, que servem todas para manter um indivíduo orientado, uma pessoa pode frequentemente recordar o momento de perda - ao passo que não consegue recordar material pré-natal, pois faltava-lhe naquela área qualquer ligação com fatores de orientação que se impingissem ao analisador. Embora o bebê pré-natal tenha definitivamente um analisador, especialmente nos estágios mais avançados, a experiência e a memória não estão coordenadas e então a mente analítica não suspeita da existência de engramas. Isto não é verdade quanto aos períodos posteriores da vida, particularmente os que vêm depois da aprendizagem e uso da fala. O fato é que mais tarde na vida, esta capacidade de recordar as circunstâncias que estavam presentes em determinado momento sem sentir qualquer dor extrema, também serve para esconder aqui a existência de um engrama real: uma pessoa sente que sabe, analiticamente, tudo a respeito desse momento de perda. Na realidade, ela não tem contato com o próprio engrama, que contêm um momento de "inconsciência" de menos profundidade do que, por exemplo, a variedade anestésica. Contudo, as perdas de aliados na infância podem estar tão oclusas que não há lembrança dos próprios aliados.

     O auditor verificará que os engramas muito recentes são fáceis de contatar. E também descobrirá outra coisa. O paciente, enquanto está retornado a esse momento de perda, poderá não estar a ocupar o seu próprio corpo. Este "fenômeno" é conhecido há milhares de anos e até mesmo a última menção que foi feita a esse respeito dizia apenas que isso era "interessante", sem fazer qualquer esforço adicional para descobrir a razão por que uma pessoa, retornada a uma área em regressão hipnótica, às vezes podia ser encontrada dentro de si mesma (o que significa a ver as coisas como sendo ela própria) e às vezes via as coisas e ela própria incluída como parte do cenário (como se estivesse a ver de fora). Por termos descoberto que uma função natural da mente é retornar em um estado desperto a incidentes passados, não altera o fato de que nos deparamos com aspectos até agora conhecidos como "fenômenos" misteriosos dos sonhos de drogas e do hipnotismo. Não estamos de modo nenhum a praticar hipnotismo: portanto, isto significa que o hipnotismo e Dianética usam capacidades semelhantes da mente; isso não significa que tais capacidades pertençam ao campo do hipnotismo. E um dos vários aspectos do retorno é que este ocasionalmente - ou continuamente, em alguns pacientes - encontra áreas em que o paciente está "fora" do seu corpo. Essas visões exteriorizadas do Eu têm duas explicações: uma delas é a valência, pela qual o paciente tomou para si a identidade de outra pessoa e vê a cena através dos olhos dessa outra pessoa; a outra é a exteriorização, em que a emoção dolorosa está presente em tal quantidade, que o paciente não pode ocupar-se a si próprio. Essa emoção dolorosa poderá provir de incidentes anteriores ou posteriores ao momento em que o paciente está a presenciar uma cena a que foi retornado por Dianética. Recontando a cena várias vezes, o paciente aproximar-se-á cada vez mais da ocupação do seu corpo, até que por fim, vê a cena a partir de dentro do seu corpo. Às vezes não ocorre nenhuma descarga emocional (lágrimas, etc.) até o paciente ter repassado o incidente diversas vezes e até estar dentro do seu próprio corpo. É como se, estando retornado, ele tivesse de explorar o terreno para descobrir se era seguro ocupar-se a si próprio. Se, após algumas recontagens, não ocorre nenhuma descarga como as lágrimas, então a emoção está suspensa noutro lugar, antes ou depois, mas normalmente está muito depois disso. Para todos os fins e propósitos do auditor, a exteriorização por causa da emoção é o mesmo que a exteriorização por causa da dor física. Quando encontra um caso que está continuamente exterior, em toda a extensão da linha do tempo, o auditor deve dirigir a sua perícia à liberação de momentos de emoção dolorosa.

     Todos os pacientes parecem ter a idéia de que o tempo cura e que algum incidente com dez ou vinte anos já não tem qualquer efeito sobre eles. O tempo é um Grande Charlatão, não um Grande Curador, como já se disse. O tempo faz alterações através dos processos de crescimento e decadência, e o ambiente apresenta novos rostos e atividades e, assim, altera os restimuladores: um momento de emoção dolorosa do passado tem, tal como qualquer outro engrama, os seus próprios restimuladores e está, além disso, a manter em um estado de key-in todos os engramas antigos que se relacionam com ele para que os restimuladores destes também funcionem. Cada restimulador tem um conjunto de restimuladores que estão associados a ele pela mente analítica, que não consegue ver o restimulador real. Tudo isto cria um padrão complexo, mas só será complexo na terapia se não se conhecer a fonte de aberração. Se o auditor retornar o paciente a qualquer momento de emoção dolorosa do passado e o percorrer como um engrama, ele descobrirá que toda a sua carga original está presente e se descarregará.

     Ele normalmente encontrará o paciente a esquivar-se a qualquer idéia de entrar no engrama real: o preclear poderá tentar dar detalhes sobre toda a espécie de bricabraque, os seus próprios pensamentos, as razões pelas quais isto já não é doloroso para ele e assim por diante. Esses pensamentos e dados, antes ou depois do fato, têm tanta utilidade quando se percorre um engrama como tinha uma dissertação sobre "ilusões infantis" para o problema de remover aberrações da mente humana. O auditor que der ouvidos a estas "razões" e coisas de que "eu me lembro" em vez de trabalhar o engrama em si, não porá o seu paciente bom e desperdiçará horas valiosas de terapia. Um auditor que fizer isto pertence à escola de pensamento das palmadinhas na mão, a qual acredita que a compaixão tem valor. O lugar dele não é na cadeira de auditor. É tempo perdido, tempo valioso perdido, dar ouvidos a qualquer coisa que o paciente pensou, disse, fez ou acreditou quando ele devia estar a entrar no engrama e a percorrê-lo como engrama. Há certamente uma necessidade de descobrir, pela conversa do paciente, onde está o engrama, mas uma vez que este esteja localizado, tudo o resto são escórias.

     Veja, por exemplo, um momento em que a criança é informada da morte dos seus pais. O auditor vem a saber que os pais morreram quando a criança tinha dois anos de idade. Ele pode deduzir, então, sem dificuldades ou perguntas adicionais, que alguém deve ter falado com este paciente acerca da morte dos pais, que houve um momento preciso em que o paciente, então uma criança, soube dessas mortes. Recontando o assunto em tempo presente, sem estar retornado, o paciente está a usar todos os anos intermédios como amortecedores contra a emoção dolorosa. O auditor retorna o paciente, sem mais preâmbulos além da rotina usual de pôr o paciente em rêverie, ao momento em que ele soube da morte dos pais. Ele poderá andar um pouco às apalpadelas para se orientar no passado, mas não demora muito a contatar o instante em que alguém o informou. Pode ter a certeza de que, se essa criança tinha algum amor aos pais, existe ali um engrama. O engrama começa no primeiro momento em que a criança é informada, quando seria de esperar que o analisador se tivesse desligado. O fim do engrama é um momento, uma hora, um dia ou mesmo uma semana mais tarde, quando o analisador voltou a ligar-se. Entre o primeiro momento de atenuação analítica e a recuperação do poder analítico, está o engrama. Os primeiros minutos são os mais severos. Percorrer uma hora disto (uma hora do incidente, não de terapia) deve ser mais do que suficiente. A maioria dos auditores apenas percorre os primeiros minutos diversas vezes, para fazer um teste de se vai ou não haver alguma descarga emocional. Percorra tal período de perda, que deve conter emoção dolorosa, exatamente como percorreria um período de dor física e "inconsciência" de outra fonte. Porque o período de emoção dolorosa é um período de "inconsciência", tal como se o paciente tivesse sido atingido com uma clava. Se for possível contatar a emoção neste período com quatro ou cinco recontagens (começando de cada vez do princípio, assegurando que o paciente esteja retornado e em contato com todos os percépticos do incidente, percorrendo-o por aquilo que é, um engrama), então o engrama deve ser recontado até que desapareça a emoção que este contêm e até que o paciente esteja aborrecido ou mesmo alegre com isso. Se após quatro ou cinco recontagens o paciente ainda está bastante exteriorizado e ainda não contatou nenhuma emoção, então a carga está suspensa noutro ponto, antes ou depois, e devem fazer-se tentativas em termos de outras perdas, não importa a quantos anos de distância do incidente emperrado, para obter uma descarga. Depois de uma descarga ter sido feita noutro ponto, o incidente abordado primeiro, como no caso da criança de dois anos que perdeu os pais, poderá descarregar. É certo que, mais cedo ou mais tarde, tal incidente se descarregará e também é certo que enquanto um incidente de tal gravidade não for bem descarregado, o caso não fará muito progresso em obter um grande número de engramas fisicamente dolorosos.

     Muitas vezes as descargas são contatadas em lugares muito improváveis. Estas têm, algures, um contato suficiente com a superfície para que um toque do paciente retornado permita que as unidades se libertem, permita que os engramas façam key-out e saltem à vista na linha do tempo nos seus devidos lugares.

     O banco de engramas fica severamente distorcido pela emoção dolorosa e as áreas de emoção dolorosa ficam severamente distorcidas pela dor física noutro lugar. O sistema de arquivo da mente reativa é péssimo. O arquivista é capaz de recuperar, e de entregar ao auditor, apenas um certo número de engramas de emoção dolorosa ou de dor física de cada vez. As posições destes na linha do tempo poderão estar desordenadas, o que significa que o auditor poderá contatar um engrama fisicamente doloroso antigo (o que é sempre a sua tarefa mais importante), depois contatar um engrama no meio da área pré-natal, depois um engrama pós-nascimento e daí em diante parece não haver mais nenhum engrama da variedade de dor física (engramas da variedade física que contêm perdas de consciência ocasionadas por acidentes, doenças, cirurgia ou ferimento). Isto não quer dizer que o caso está em um impasse ou que o paciente está Clareado. É mais provável que signifique que há incidentes da outra variedade de engrama (emoção dolorosa, proveniente de perda por morte, partida ou inversão dos aliados), que podem agora ser tocados. O auditor procura então, e esgota, a carga emocional dos engramas de perda, normalmente na vida mais recente. Estes, com as unidades libertadas novamente em circulação, permitem o aparecimento de engramas de dor física anteriores e o auditor reduz cada um dos que puder contatar. Assim que ele já não consegue encontrar engramas fisicamente dolorosos, ele volta a procurar engramas de emoção dolorosa, e assim por diante, alternando conforme for necessário. A mente, sendo um mecanismo autoprotetor, mais cedo ou mais tarde bloqueará os engramas de dor física ao paciente se houver engramas de emoção dolorosa disponíveis, e bloqueará engramas de emoção dolorosa assim que houver engramas de dor física disponíveis.

     Comece em períodos recentes para obter emoção dolorosa e trabalhe para trás até ao princípio. Comece a obter engramas de dor física antigos, perto do princípio, e trabalhe em direção aos períodos recentes, perto do presente. E sempre que qualquer engrama for contatado, percorra-o até que este deixe de causar quaisquer dificuldades ao paciente ou até que tenha desaparecido completamente (rearquivado, mas desaparecido segundo aquilo que o auditor e o paciente podem dizer no momento). Se um incidente, após muitas recontagens, não apresenta sinais de estar a ficar mais leve (o somático não está a diminuir ou a emoção não se está a expressar ou a diminuir), só então é que o auditor deve procurar outro incidente. Num engrama de emoção dolorosa, a carga está frequentemente mais tarde. Num engrama de dor física, a suspensão é invariavelmente causada pela existência da mesma frase em um engrama de dor física anterior que pode ser contatado e, em tal caso, o auditor deve voltar a passar pelas frases que o levaram ao somático até encontrar um contato e levantar o engrama.

     Nesta altura, já deve estar extremamente claro que a racionalização18 a respeito da ação, conduta ou condições não avança a terapia e não tem nenhuma utilidade, para além de ser uma ajuda ocasional na localização de engramas. Deve estar igualmente claro que nenhuma quantidade de explicações, palmadinhas nas mãos ou avaliação por parte do auditor adiantará o apagamento dos engramas. Deve estar claro que aquilo que a pessoa pensou, na ocasião do incidente, não era aberrativo. Deve estar claro que a emoção dolorosa coloca os compartimentos e os circuitos demônio na mente, e que os engramas físicos mantêm a aberração e a dor física no corpo.

     Toda esta operação é mecânica. Não tem nada a ver com o pensamento justificativo, vergonha ou razões. Só diz respeito ao esgotamento do banco de engramas. Quando tiver desaparecido a maior parte da emoção dolorosa, a pessoa está Liberada. Quando o banco de engramas estiver esgotado do seu conteúdo, a pessoa está Clareada.

     A mente é como uma excelente peça de equipamento. Como mente e como mecanismo, esta é quase impossível de destruir, exceto pela remoção de algumas das suas partes: os engramas não removem partes da mente, adicionam-lhe coisas desnecessárias. Visualize uma máquina bela e eficiente, operando na perfeição: isso seria a mente sem as adições de dor e emoção dolorosa. Agora visualize esta bela máquina nas mãos de uma equipe de mecânicos idiotas: eles começam a trabalhar nela e não fazem absolutamente nenhuma idéia de que aquilo que eles fazem afeta a máquina. Agora eles vêem que há alguma coisa mal na máquina e não têm a mínima noção de que colocaram vários tipos de chaves-inglesas, alfinetes de chapéu, pontas de cigarro velhas e o lixo do dia anterior dentro desta máquina e à sua volta. A primeira coisa em que pensam é pôr alguma coisa nova em cima ou dentro da máquina para corrigir o seu funcionamento e acrescentam-lhe dispositivos arbitrários para reparar a operação da máquina. Alguns desses dispositivos parecem ajudar a máquina (engramas de compaixão) e podem ser usados, na presença dos bricabraques restantes, pela própria máquina para ajudar a sua estabilidade. Os idiotas interrompem o abastecimento de combustível (engramas de emoção dolorosa) ou, como a pessoa que batia no carro com uma chibata quando este não andava, tentam aguilhoar a máquina (estímulo pelo castigo) e assim acrescentam mais dificuldades. Por fim, esta máquina parece um destroço sem conserto, quase escondida sob tudo o que lhe acrescentaram e atiraram para dentro dela, e os mecânicos idiotas abanam a cabeça e dizem: "Temos de lhe pôr outra coisa qualquer, senão ela parará!" Eles fazem isso e a máquina parece parar (fica insana).

     Em Dianética, faz-se um trabalho hábil de limpar os detritos que estão dentro e à volta da máquina. Não se faz isto acrescentando mais detritos. Os mecânicos idiotas (o conteúdo da mente reativa) parecem desanimados com esta ação. Mas a máquina em si, subitamente consciente de que se está a fazer alguma coisa por ela que de fato voltará a pô-la em um bom estado de funcionamento, começa a ajudar. Quanto mais detritos se retiram, melhor ela funciona e menos força têm os mecânicos idiotas. O curso do melhoramento deve ser, e é, rápido. Podemos parar quando a máquina está a funcionar pelo menos tão bem quanto a máquina "normal" (um Liberado) ou podemos parar quando tivermos retirado todos os detritos da máquina (um Clear). Quando produzimos um Clear, contemplamos algo que jamais foi contemplado antes, pois este nunca existiu em um estado livre de destroços: uma máquina perfeita, eficiente, poderosa, reluzente, capaz de ajustar e cuidar de todas as suas próprias operações, sem qualquer tipo de auxílio terapêutico adicional.


Notas de Rodapé:

16 O eletroencefalógrafo, hipnoscópios, gráficos de inteligência, testes para várias dinâmicas e por aí adiante são todos auxílios mecânicos para Dianética. São usados primariamente na pesquisa. Quando disponíveis e quando a capacidade do auditor o permite, podem ser usados na prática. Mas geralmente não têm estado a ser usados na prática e não são necessários, nesta altura e com esta terapia. Um dia, espero eu, algum químico inventará um "gás de transe" perfeito que acelerará o processo de clarear um esquizofrênico, e confio que algum engenheiro fará alguma coisa para medir os impulsos nervosos, que seja suficiente barata para ser usada na prática geral. Por enquanto, temos de passar sem eles, por mais desejáveis que possam ser para o futuro.
17 Acontece que há uma especialização adicional das dinâmicas em cada um de nós, uma espécie de dinâmica pessoal incorporada. E um fato clínico que o indivíduo aparentemente sabe qual é o seu propósito básico antes de ter dois anos de idade. O talento e personalidade inerentes e o propósito básico formam um pacote; estes parecem fazer parte do padrão genético. Dianeticamente, pode-se fazer qualquer pessoa reviver a idade de dois anos e consultá-la acerca do seu propósito na vida, e ela apresentará um desejo muito específico quanto ao que quer conseguir na vida (e a atividade aos dois anos de idade, ao ser revista, confirmará isto). Descobrir-se-á que a sua vida posterior seguiu este padrão geral, onde ela foi bem-sucedida. Em quinze pessoas examinadas, verificou-se que o propósito básico se formou aos dois anos de idade. E quando Clareadas, essas pessoas usaram e seguiram esse propósito básico.
18 Racionalização significa pensamento justificativo - as desculpas que uma pessoa dá para explicar o seu comportamento irracional.