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Capítulo 9
Mecanismos e Aspectos da Terapia - Parte I


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Três
A Terapia

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
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Mecanismos e Aspectos da Terapia - Parte I
    9.1  A abertura no caso
    9.2  Preso em tempo presente
    9.3  Básico-básico
    9.4  A redução e o apagamento
    9.5  Manejar a banda somática
    9.6  Tempo presente
    9.7  A resposta relâmpago
    9.8  Sonhos
    9.9  Mudança de valência
    9.10  Tipos de cadeias
    9.11  Locks
    9.12  O caso Júnior
    9.13  Restimular o engrama
    9.14  Pessoas e períodos de vida oclusos
    9.15  Animosidade contra os pais
    9.16  Propiciação
    9.17  Amor
    9.18  O apagamento
    9.19  O caso de língua estrangeira

9.1  A abertura no caso

     Cada caso apresenta um novo problema de abertura. Não há dois seres humanos que sejam exatamente iguais e não há dois casos que sigam um padrão exato. No entanto, isto não constitui um problema para Dianética, visto que as mecânicas são sempre as mesmas.

     Há três classificações de casos: o de recordação sônica, o de recordação não-sônica e o de recordação imaginária (a que os auditores chamam uma recordação de dub-in).

     No caso de recordação sônica, a abertura é muito fácil. No entanto, o procedimento básico é o mesmo em todos os casos. Ponha o paciente em rêverie (e não se preocupe muito se ele não entrar numa rêverie muito profunda, pois a rêverie serve apenas para fixar a atenção dele em si próprio e no auditor, e pelo menos isso você pode conseguir). Instale um cancelador. Retorne-o à infância para apanhar um incidente agradável e depois encontre um incidente com uma dor menor, como uma bofetada na cara. Percorra-o através disto algumas vezes, só para ele ter uma idéia da coisa. Se ele não responder bem, ponha-o no dia de ontem e deixe-o percorrer o caminho até ao local de trabalho, perguntando-lhe por sons e vistas, depois mande-o novamente à infância.

     A finalidade de encontrar um incidente menor como o de uma bofetada na cara é verificar se o paciente tem um desligamento de dor. Um desligamento de dor não é particularmente difícil em Dianética. Você pode ir para trás, para antes do comando que instalou a anestesia, mas é interessante sabê-lo, porque precisará de procurar isto logo no princípio do caso. Verifique depois se o paciente tem um desligamento emocional. Isto também não é particularmente embaraçante, mas uma vez mais, trata-se de dados que precisará de saber mais cedo ou mais tarde.

     Verifique se o paciente está dentro de si mesmo ou se está do lado de fora, observando-se. Se ele estiver exteriorizado, você está a trabalhar com um caso que tem uma quantidade considerável de emoção encerrada dentro de si, que precisa de ser descarregada.

     Agora tente alcançar o básico-básico. Poderá ter a surpresa de o obter. E poderá trabalhar cinquenta horas para o obter, liberando o caso enquanto o faz. Apanhe tudo aquilo que o arquivista lhe der na área pré-natal e reduza o que obtiver.

     Quer o básico-básico seja contatado quer não, localize tantos pré-natais quantos se apresentem sem muita persuasão e reduza cada um deles.

     Se não encontrar quaisquer pré-natais, traga o paciente para tempo presente, mas faça-lhe lembrar que mantenha os olhos fechados. Agora faça-lhe algumas perguntas sobre a família, os avós, a esposa ou, caso o preclear seja uma mulher, o seu marido. Interrogue-o a respeito de maridos ou esposas anteriores. Pergunte-lhe sobre os filhos. E pergunte-lhe, particularmente, a respeito da morte. Você está à procura de um engrama de emoção dolorosa, um momento de perda que se descarregue.

     Ao descobrir um, mesmo que seja apenas a morte de um cão favorito, retorne o preclear a esse e percorra o incidente desde o primeiro momento em que ele soube da notícia e durante os minutos que se seguiram a isso. Depois comece-o de novo. Reduza o momento como um engrama. Você pretende uma descarga emocional. Percorra-o diversas vezes. Se não conseguir uma descarga, encontre outro momento de perda, algum fracasso, alguma coisa, qualquer coisa que possa ser descarregada: mas faça tudo com bastante calma, como se tivesse compaixão. Se não tiver êxito, inicie a Técnica de Repetição, sem dar a entender por um único instante que está outra coisa que não seja calmamente interessado no bem-estar do paciente (mesmo que algumas das voltas que ele dá enquanto se revira o estejam a preocupar). Tente frases como "Coitadinho de _____", usando o seu nome de infância.

     Quando o preclear tiver repetido isto diversas vezes (com o auditor a dizer, ao mesmo tempo, que a banda somática retornará a qualquer incidente que contenha essa frase, para ajudar na "sucção"), ele poderá dar por si em um incidente de alta tensão que se descarregará. Se ainda nada se descarregar, mantenha-se calmo (todo este trabalho dará frutos na sessão seguinte ou nas posteriores), continue a procurar e a observar. Algures por aqui há carga emocional que se descarregará. Tente outras combinações de palavras, tais como as que seriam ditas a uma criança doente e preocupada; faça o preclear repeti-las.

     Se ainda não obteve qualquer sucesso, faça um outro teste, sem dizer que é um teste, para ver se o preclear está de fato a sair do tempo presente. Não o deixe "tentar lembrar-se" - você quer que ele retorne e esse é um processo diferente, embora seja igualmente natural para o cérebro. Se ele estiver preso em tempo presente, comece novamente com a Técnica de Repetição, sugerindo ressaltadores: "Sai daqui e nunca mais voltes!" "Tu nunca poderás voltar!" etc., os quais justificariam o fato de ele ainda estar em tempo presente. Se ao fim de um pouco disto ele não estiver a retornar, comece com frases de seguradores: "Estou preso!", "Não te mexas!" e assim por diante.

     Mantenha-se calmo, nunca pareça ansioso. Se não conseguir uma descarga nem um engrama com a Técnica de Repetição nesta primeira sessão e se não obtiver qualquer movimentação na linha do tempo, leia este manual novamente e faça uma nova tentativa com o paciente, não mais do que três dias após esta primeira sessão. Nessa altura, alguns dos dados que você pediu poderão estar disponíveis.

     No entanto, você geralmente receberá um pré-natal ou uma descarga e se obtiver uma descarga, então peça à banda somática para ir até ao pré-natal em que esta estava situada. Reduza tudo o que puder encontrar. Se o nascimento se apresentar e parece haver uma recordação completa deste, tente reduzi-lo, mas faça-o ciente de que este provavelmente não se levantará muito e ciente de que é melhor percorrê-lo vez após vez, após vez, para o desintensificar o máximo possível.

     Às vezes o preclear entrará numa rêverie mais profunda do que você deseja. Mas não tente despertá-lo para um nível mais alto. Trabalhe-o onde ele está. Entretanto, se parecer que ele está nalguma coisa semelhante a um transe hipnótico, seja muito cauteloso com a sua linguagem. Nunca lhe diga, por exemplo, para voltar lá atrás e ficar lá até encontrar alguma coisa. Isso é um segurador. Em Dianética, não use seguradores, ressaltadores, agrupadores, etc., em ninguém. "Podes retornar à área pré-natal por favor?" "Vejamos se a banda somática pode localizar um antigo momento de dor ou desconforto." "Apanha o somático no princípio e começa a percorrer o engrama." "O que é que estás a ouvir?" "Continua" (quando quiser que ele continue do ponto do engrama em que está até ao fim do engrama). "Reconta isso novamente, por favor."

     Não há razão nenhuma para ficar nervoso. Se você ficar nervoso, então ele ficará nervoso.

     Algumas vezes irá deparar-se com um desligamento de dor. Este tem uma tendência para colocar a dor dentro dos músculos e estes músculos irão saltar e tremer e o paciente poderá sentir isso, mas não sentir mais nada. Uma vez por outra, um paciente terá um desligamento de dor tão completo que ele salta de um lado para o outro, totalmente inconsciente do que está a fazer e quase caindo do sofá. Se você se deparar com isto, não fique alarmado: a dor está trancada de algum modo. Obtenha um ponto suficientemente antigo e poderá localizar um somático que ele possa sentir ou poderá ir para mais tarde e encontrar uma carga emocional.

     Não se deixe enganar se ele lhe disser, referindo-se à emoção, que já resolveu tudo na psicanálise ou alguma coisa semelhante. Ele poderá ter incrustado a morte da mulher, da namorada ou do filho, mas o engrama inteiro ainda lá está, abarrotado de unidades cativas, pronto para ser percorrido exatamente como um engrama.

     Caso se depare com uma carga emocional pesada, simplesmente deixe que o paciente chore, mantenha-o a percorrer o engrama com uma voz suave e compreensiva, faça-o recontar o engrama até já não lhe restar mais nenhuma carga e, então, percorra o paciente no início da área pré-natal ou na primeira infância, para obter um engrama de dor física que deve ter estado por baixo dessa carga emocional e a mantê-la no lugar.

     A extravagância da descarga emocional não é razão para ficar alarmado. Sacar o paciente para fora desta e trazê-lo subitamente para tempo presente, deixa-lo-ia bastante infeliz. Percorrer o engrama de emoção dolorosa descarregará, com algumas recontagens, a tristeza que a sociedade tem acreditado que jamais poderia ser enfrentada ou aliviada, exceto pela repressão. Obtenha o primeiro momento em que ele soube da notícia ou observou a coisa que o fez sentir-se tão mal. Percorra-o desde um ponto suficientemente distante do seu princípio para assegurar que tem o choque inicial - alguns minutos do tempo do engrama serão o bastante - e depois faça o paciente recontá-lo de novo. Logo quando começam, ele poderá observar que está distante e muito fora de si próprio. O momento poderá não descarregar até que o tenha percorrido diversas vezes. Lembre-se que ele está retornando ao incidente, não está a percorrê-lo como uma memória, uma coisa que não traria qualquer benefício.

     Nunca o deixe repetir o disco de coisa nenhuma. Repetir o disco é um mau hábito que alguns preclears têm de repetirem o que se lembram de ter dito da última vez, em vez de progredirem de novo através do engrama em cada recontagem e contatarem o que está contido no próprio engrama. Diga ao preclear que poderá haver mais alguma coisa contida nesse engrama, pergunte-lhe de que cor é a cama do quarto a que ele está retornado, mantenha a sua atenção na cena, através de qualquer mecanismo calmo. E nunca lhe deixe repetir o disco, em nenhum engrama, em nenhuma altura: ele poderia repetir o disco eternamente, sem nenhum valor terapêutico, dizendo em cada vez aquilo que se lembrava de ter dito na última vez. Há uma diferença entre isto e a reexperimentação repetida do engrama para colher dados adicionais e eliminar a carga.

     Descarregue emoção, reduza incidentes de dor física tão cedo na área pré-natal quanto possível. Se de início não puder penetrar na área pré-natal, é porque esta contêm muitos ressaltadores e a Técnica de Repetição levá-lo-á a entrar nessa área.

     Se o paciente estiver sempre a dizer algo como "Não me consigo lembrar", tenha paciência - siga sempre o código. Faça-o começar a percorrer essa frase com a Técnica de Repetição. Se ele obtiver um somático, mas não contatar mais nada, mande-o mais para trás. Se ele obtiver outro somático, mas ainda não consegue contatar nada usando "Não me consigo lembrar", mande-o mais para trás; porque isto deve estar espalhado por todo o seu banco de engramas, pobre coitado. Alguém realmente não queria que ele soubesse o que lhe acontecera. Por fim, você chegará a um engrama que liberará uma frase. Quando tiver repassado a frase mais algumas vezes, ele sorrirá, dará uma gargalhada ou talvez se sinta meramente aliviado. Agora você pode percorrer o engrama em que encontrou a frase mais antiga, que é a melhor opção, ou pode voltar em direção a tempo presente, levantando a frase conforme esta apareceu posteriormente. Ou pode começar com outra coisa que poderá estar a bloquear o caso.

     O objetivo e a totalidade do objetivo consiste em colocar o banco padrão inteiramente ao alcance consciente do indivíduo através do apagamento de:

  1. Todos os engramas de dor física antigos e subsequentes.
  2. Todos os circuitos demônio (que estão meramente contidos nos engramas e que surgem mais ou menos automaticamente).
  3. Todos os engramas de emoção dolorosa.

     O processo de trabalho consiste em ir tão atrás quanto possível, de preferência a pré-natais, e ir muito ao princípio dessa área para tentar encontrar e reduzir um engrama, completo com todos os somáticos (dor) e percépticos (palavras e outras sensações). Se falhar nisto, vá para mais tarde, para qualquer altura desde o nascimento até tempo presente, e encontre um momento de perda ou ameaça de perda de que possa retirar carga emocional. Depois volte atrás, muito atrás e encontre o engrama em que a carga se apoiava. Tente sempre conseguir o básico-básico, o engrama mais antigo, até ter a certeza de que o tem. Reduza tantos engramas antigos quantos puder encontrar, usando o arquivista e o sistema de Repetição e, quando parecer que está a ficar sem material, vá para mais tarde na vida e tente encontrar outra carga emocional.

     Os engramas fisicamente dolorosos ocultam cargas emocionais mais recentes. As cargas emocionais ocultam engramas fisicamente dolorosos. De trás para a frente, da frente para trás. Percorra o máximo que puder obter para trás: quando lhe parecer que estes estão a esgotar-se ou a ficar com pouca emoção, obtenha algum material mais recente.

     É assim que se trabalha um caso. Não importa o tipo de caso, não importa o estado da sua recordação, não importa se o caso é normal, psicótico, neurótico ou o que seja, esta é a maneira como se faz.

     Estas são as ferramentas:

  1. Rêverie ou atenção fixada, se não conseguir obter a rêverie.
  2. Retorno.
  3. Técnica de Repetição.
  4. Um conhecimento de ressaltadores, seguradores, agrupadores, desorientadores e negadores.
  5. Um conhecimento do engrama de emoção dolorosa.
  6. A redução ou o apagamento.
  7. A resposta relâmpago.
  8. A mudança de valência.

     Isto é tudo o que precisa de fazer:

  1. Mantenha o paciente móvel, capaz de se mover na linha do tempo.
  2. Reduza ou apague tudo aquilo em que puser as mãos.
  3. Deduza dos comentários do paciente, dentro ou fora da terapia, quais devem ser os seus ressaltadores, seguradores, agrupadores, desorientadores e negadores.
  4. Tenha constantemente em mente que o primeiro objetivo é o básico-básico, o momento mais antigo de dor e "inconsciência".
  5. Tenha sempre em mente que o paciente poderá ter "computações" que tornam a sua doença ou o seu estado aberrado "valioso" para ele e descubra de onde provêm tais "computações", por meio da resposta relâmpago às suas perguntas.
  6. Mantenha o caso a progredir, a ter ganhos, trabalhe apenas com o objetivo de progredir e ter ganhos, não para obter resultados súbitos e espetaculares. Preocupe-se somente quando o caso permanecer estático e nessa altura preocupe-se em termos de encontrar o engrama que está a obstruir tudo. O seu conteúdo será muito parecido com o modo em que o paciente exprime o que sente acerca disso e conterá as mesmas palavras ou palavras semelhantes.
  7. Traga o paciente novamente para tempo presente todas as vezes que trabalhar com ele e dê-lhe o cancelador. Teste-o com uma idade relâmpago, obtenha a sua primeira resposta sobre qual é a sua idade, se ele não estiver em tempo presente, encontre o segurador nessa idade.
  8. Mantenha a sua calma, não importa aquilo que o paciente diga.
  9. Nunca tente dizer-lhe o que os seus dados significam: ele e só ele é que sabe o que significam.
  10. Mantenha o sangue-frio e percorra Dianética; tal como disse Farragut: "Que se danem os torpedos! Sigam em frente."
  11. Mulher, filho ou qualquer que seja a sua relação com o preclear, quando está a auditar você é o auditor. Ele não pode computar os seus próprios engramas para os encontrar; se ele pudesse, estes não seriam engramas. Você pode computá-los. Faça aquilo que você pensa que um bom auditor faria, nunca aquilo que o paciente diz, exceto apenas quando a opinião dele coincidir acidentalmente com aquilo que um bom auditor faria. Seja um auditor, não uma máquina de gravar. Você e o arquivista na mente do preclear estão a trabalhar o caso; aquilo em que os engramas e a mente analítica do preclear acreditam não deve influenciar nenhuma das suas computações. Você e o arquivista do preclear sabem. Ele, em termos de "Eu", não sabe.
  12. Não se surpreenda com nada. Audite.

     Estas são as coisas que não deve fazer:

  1. Diluir Dianética com alguma prática ou crença do passado; isso somente atrasará ou descarrilhará o caso. Analisar os dados recebidos com base em qualquer coisa que não seja obter mais engramas, leva a atrasos e confusão para o preclear. Quando se recebeu formação em um outro campo que não o de Dianética existe uma tentação para usar este material para outras razões que não sejam obter engramas. Ceder a essa tentação antes de saber como Dianética funciona é um teste muito injusto de Dianética, completamente à parte do fato de que isso emaranha um caso. A tentação é grande porque, com Dianética, obtém-se uma grande abundância de dados.
  2. Não intimide o paciente. Se o caso não está a progredir, a falha é do auditor. Não ceda à velha prática de ficar zangado com um paciente só porque ele não fica bom. Você poderá ter a certeza de que o engrama que acabou de reduzir no seu banco de engramas reativo é a razão por que ele não quer tomar banho, mas se ele continua a recusar-se a tomar banho, pode ter a certeza de que existe uma razão anterior.
  3. Não suponha grandiosamente que tem um caso "diferente" só porque este não se resolve rapidamente. Todos os casos são "diferentes".
  4. Se perder a coragem, não peça socorro a alguém que não saiba Dianética. A razão por que o caso não progrediu ou se tornou complicado é mesmo essa: você perdeu a sua coragem. Só Dianética pode trabalhar um problema em Dianética.
  5. Não dê ouvidos às queixas do paciente como queixas; use-as como dados para obter engramas.
  6. Só porque você não consegue alcançar engramas pré-natais em um caso, não suponha que estes não existem. Há muitas dezenas deles em todos os casos. Lembre-se de que um engrama não é uma memória; este precisa de ser desenvolvido para vir a ser possível recordá-lo. Não há um único ser humano na Terra hoje em dia que não tenha uma grande abundância de pré-natais.
  7. Não permita que o paciente use a mãe ou a memória do que lhe foi dito como uma forma de contornar os pré-natais. Todas as vezes que que encontrar um paciente a falar com os verbos no tempo passado, em vez de no tempo presente, ele não está retornado a um incidente. A menos que ele esteja retornado, o engrama não se levantará.
  8. Só porque o paciente hoje não se sente mal a respeito de uma tristeza de ontem, não suponha que não há uma carga de desespero localizada lá atrás na sua linha do tempo, na altura em que ele recebeu o impacto desse desespero. O tempo poderá enquistar, mas não cura.
  9. Não pense em termos de "complexos de culpa" ou "vergonha", a menos que pense nisso como conteúdo engrâmico, pois é aí que se encontrarão. Nunca sugira a um paciente que ele poderá ser culpado de algo em um engrama.
  10. Qualquer desvio da conduta, racionalidade ou comportamento ótimo, da parte do paciente, é engrâmico: não "desculpe a natureza humana" tal como você, se fosse matemático, não desculparia uma máquina de adição que lhe desse respostas erradas. Os temores sexuais, as repressões, os mecanismos de defesa não são coisas "naturais" como foram consideradas no passado.
  11. Não se preocupe com as aberrações do paciente. Trabalhe para contatar, reduzir e apagar engramas. Encontrará, em qualquer paciente, aberrações suficientes para encher um dicionário.
  12. Não se aflija se o seu paciente não ficar Clear numa tarde ou em um mês. Simplesmente continue a trabalhar. Você tê-lo-á acima do normal tão rapidamente que nem sequer dará por ter passado esse ponto. Acima disso, você estará a visar um objetivo muito alto.

9.2  Preso em tempo presente

     Quando iniciados, os casos encontram-se em várias posições e situações na linha do tempo; às vezes estão inteiramente fora da linha do tempo e às vezes a linha do tempo está toda enredada, como uma bola. De vez em quando, a linha do tempo encontra-se em boas condições e os engramas estão disponíveis, mas isto não é comum.

     Não se pode dizer que um caso é mais difícil do que outro, exceto quanto a recordações, dub-ins e desligamentos. Mas o caso que parece estar preso em tempo presente e no qual nenhuma frase de repetição funciona é, com frequência, muito desconcertante para um auditor. O preclear não retornará aos engramas. Normalmente poderá haver desligamentos de dor e de emoção, e a emoção dolorosa não pode ser descarregada rapidamente. Às vezes ligam-se somáticos, mas não se consegue obter nenhum conteúdo. Às vezes não há nenhum somático, mas só conteúdo. As situações são bastante variadas.

     Há diversas coisas que um auditor pode fazer. A primeira delas é usar a sua inteligência. A seguinte é instruir o paciente sobre o retorno. Esta instrução é bastante simples. O auditor leva o paciente para algumas horas antes e pede ao paciente para dizer-lhe o que vê. O sônico e o visio poderão estar oclusos, mas o paciente poderá ter alguma idéia do que está a acontecer. Então, o auditor leva-o a recuar alguns dias, depois alguns meses e, finalmente, vários anos, cada vez fazendo com que o paciente descreva as suas "redondezas" o melhor que puder. O paciente tem então a idéia do retorno. Pelo menos pode viajar ao longo de porções da sua vida que não estão oclusas por engramas.

     Quando o paciente está retornado a um momento antigo da sua vida, comece a usar a Técnica de Repetição, visando alcançar coisas óbvias como os desligamentos de sentimento (repetindo a palavra "sentir") ou mecanismos esquecedores (como "esquece"). Então será possível contatar e reduzir um engrama.

     Se a Técnica de Repetição ainda não funcionar e não obtiver dados, diagnostique, pelo seu comportamento na terapia e pelas suas afirmações, aquilo que deve estar a perturbá-lo ou a ocluir as suas recordações e, mais uma vez, use essas suposições para a repetição. Por exemplo, ele poderá não ter qualquer recordação de algum membro da sua família. Faça-o repetir o nome familiar. Ou faça-o repetir a sua alcunha de infância, até que um incidente seja contatado.

     Se isto também falhar, então encontre alguns locks leves, incidentes que contêm uma dor mínima, e percorra-os. Coisas como quedas de um triciclo, mandarem-no sair da mesa, levar umas palmadas no traseiro ou repreensões, reterem-no após as aulas e assim por diante servem perfeitamente. Depois de ele ter reduzido vários locks, tente encontrar novamente um engrama.

     Percorrer locks não ocasionará nenhuma grande recuperação e há milhares e milhares de locks em qualquer caso, a maior parte dos quais desaparecerá sem assistência do auditor, uma vez que os engramas severos tenham sido localizados. Mas os locks poderão ser usados para instruir o paciente sobre o retorno e a terapia em geral, e poderão até produzir uma melhoria de condição no paciente ao demonstrar-lhe que ele pode encarar o seu passado.

     As coisas mais importantes a fazer no começo de qualquer caso são:

  1. Tentar localizar e apagar o básico-básico.
  2. Descarregar a emoção dolorosa. Quanto mais cedo a emoção puder ser liberada, melhor, e há sempre emoção em um caso, tal como há sempre uma grande quantidade de incidentes pré-natais.

     Porém, quando um caso está preso em tempo presente, quer quando este é iniciado quer quando este está em progresso, ele está altamente carregado de emoção oclusa e está a obedecer a um engrama restimulado que diz algo no sentido de que este tem de ir para o agora e ficar lá. Normalmente, o próprio paciente dirá o fraseado desse engrama ao queixar-se da sua dificuldade. Quando isso ocorre, usa-se a Técnica de Repetição com esta pista dada pelo paciente. Se isso falhar, instrua o paciente ao levá-lo de novo atrás para aquilo que ele consegue contatar e, quando essa instrução tiver sido feita, conforme descrito acima, comece mais uma vez a usar Técnica de Repetição.

     Há um lema que se aplica a toda a terapia: "Se você continuar a pedi-lo, obtê-lo-á". Todo e qualquer engrama rende-se na base de fazer o paciente retornar a essa área, vez após vez, sessão após sessão. O banco de engramas poderá ser teimoso, mas se lhe pedirmos vezes suficientes, mais cedo ou mais tarde, este apresentará quaisquer dados que contenha. Simplesmente continue a perguntar por eles, mantenha a rotina da terapia a decorrer. Até mesmo um caso "preso em tempo presente" começará, por fim, a retornar apenas com base no princípio da Técnica de Repetição.

     O auditor poderá estar a fazer certas coisas que estão erradas. Poderá estar a tentar trabalhar o caso com base em dados tomados dos pais ou dos parentes, o que costuma ser infrutífero, porque mina a fé do preclear nos seus próprios dados (todos os dados corresponderão aos dos parentes; simplesmente não se preocupe em conferi-los até que o caso esteja concluído). Ou ele poderá estar a tentar trabalhar o caso na presença de outras pessoas. Ou ele poderá estar a violar o Código do Auditor. Há uma lista destes empecilhos ao progresso que poderá ser encontrada noutro ponto deste volume.

9.3  Básico-básico

     O primeiro objetivo do auditor é o básico-básico e depois deste é sempre o momento mais antigo de dor ou desconforto que ele possa alcançar. Ele poderá precisar de ir para períodos mais recentes, em busca de cargas emocionais e mesmo essas poderão ser fisicamente dolorosas. A emoção poderá impedir o paciente de alcançar o básico-básico. Mas aquela primeira vez em que o analisador se desliga é sempre importante e quando é obtida, os engramas subsequentes são muito mais fáceis de reduzir.

     O básico-básico é o alvo vital, por duas razões:

  1. Este contêm um desligamento do analisador que é restimulado todas as vezes que um novo engrama é recebido. O denominador comum a todos os engramas é o desligamento do analisador. Ligue-o na primeira vez em que foi desligado e ocorrerá um grande melhoramento no caso, pois daí em diante o desligamento do analisador não será tão profundo.
  2. Um apagamento (o que quer dizer uma remoção aparente do engrama dos arquivos do banco de engramas e o seu rearquivamento no banco padrão como memória) do básico-básico alarga consideravelmente a linha do tempo para além deste e põe à vista muitos engramas novos.

     O básico-básico encontra-se, ocasionalmente, semanas antes da primeira falta do período menstrual da mãe, um fato que o coloca muito antes de qualquer exame de gravidez ou tentativa de aborto. Às vezes em um caso não-sônico, é possível descobrir sônico no básico-básico, mas nem sempre é assim.

     Poderá ser apagada uma grande quantidade de material antes de aparecer o básico-básico.

     Algumas vezes o básico-básico é apagado sem o auditor nem o preclear saberem que este foi alcançado, pois o básico-básico é meramente outro engrama na área básica. Às vezes é preciso descarregar muita emoção dolorosa nas áreas mais recentes da vida, antes de o básico-básico se revelar.

     No entanto, o básico-básico é sempre o alvo e até que ele tenha uma boa idéia de que o alcançou, o auditor, uma vez em cada sessão, faz um esforço para o obter. Daí em diante, ele tenta obter o momento mais antigo de dor ou desconforto que possa alcançar em cada sessão. Se não puder alcançar nada antigo, ele procura descarregar um engrama de emoção recente. Quando este estiver completamente descarregado - reduzido ou apagado como engrama - então ele vai para o material mais antigo que o arquivista lhe der.

     O auditor procura retirar toda a carga de qualquer coisa que surja, quer essa carga seja de dor ou emoção, antes de prosseguir para novo material. Isto é feito meramente retornando o paciente de novo ao incidente muitas vezes, até que este deixe de o afetar dolorosa ou emocionalmente, ou até que pareça ter desaparecido.

9.4  A redução e o apagamento

     Estes dois termos são bastante coloquiais. Foi feito um esforço sério para deter o seu uso e substituí-los por algo sonoro e maravilhosamente latino, mas até à data não se fez nenhum progresso. Os auditores insistem em usar termos coloquiais, tais como "AA" para tentativa de aborto (attempted abortion em inglês), "enleios" para engramas que aberram seriamente, "aberrado" para uma pessoa que não é Liberada ou Clareada, "morto-vivo" para um caso de eletrochoque ou de neurocirurgia e assim por diante. Teme-se que possa haver, nestes termos, uma tendência para mostrar algum desrespeito pelos volumes consagrados e santificados de outrora, pela dignidade de autoridades do passado que muito rotularam e pouco fizeram. Qualquer que seja o caso, "redução" e "apagamento" são palavras de uso tão comum que nem é necessário mudá-las.

     Reduzir significa retirar toda a carga ou dor de um incidente. Significa fazer o preclear recontar o incidente do princípio ao fim (enquanto retornado a este em rêverie), vez após vez, apanhando todos os somáticos e percepções presentes, tal como se o incidente estivesse a acontecer naquele momento. Reduzir significa, tecnicamente, livrar o caso de material aberrativo, tanto quanto seja possível para fazer o caso progredir. Apagar um engrama significa recontá-lo até que este desapareça completamente. Há uma diferença nítida entre uma redução e um apagamento. A diferença depende mais daquilo que o engrama vai fazer do que daquilo que o auditor quer que este faça. Se o engrama é antigo, se este não tem material anterior que o mantenha suspenso, esse engrama apagar-se-á. O paciente, ao tentar encontrá-lo novamente para uma segunda ou uma sexta recontagem, subitamente verificará que não tem a mínima idéia do que este continha. Ele poderá perguntar ao auditor que, obviamente, não lhe dará nenhuma informação. (O auditor que sirva de ponto [de apoio] estará a atrasar a terapia ao fazer-se passar pela memória do paciente.) Atravessar o engrama e tentar encontrá-lo poderá divertir o paciente quando ele não consegue fazê-lo. Ou poderá deixá-lo intrigado, pois aqui estava uma coisa que, ao primeiro contato, tinha um somático doloroso e conteúdo altamente aberrativo, que agora parece já não existir. Isso é um apagamento. Tecnicamente, o engrama não está apagada. Se o auditor quiser gastar algum tempo só para propósitos de pesquisa, encontrará esse engrama agora nos bancos padrão, rotulado como "anteriormente aberrativo: bastante divertido: informação que poderá ser analiticamente útil". Tal busca não tem nada a ver com a terapia. Se o incidente tinha um somático, foi recontado algumas vezes e depois desapareceu quando se encontrou o último material novo, este está apagado no que diz respeito ao banco de engramas. Já não está "soldado" aos circuitos motores, já não é dramatizado, já não bloqueia uma dinâmica e já não é um engrama, mas sim uma memória.

     A redução tem alguns aspectos interessantes. Tomemos um incidente de infância (digamos aos quatro anos de idade) que tinha a ver com um escaldão. Este é contatado enquanto ainda restam muitos dados na área básica. Este tem muitas coisas por baixo dele que o manterão no lugar contudo, este tem carga emocional e a terapia torna-se mais lenta por causa dessa carga. O arquivista entrega o escaldão. Este ainda não se apagará, mas irá reduzir. Esta é uma tarefa que toma mais tempo do que um apagamento. E esta tarefa poderá ter vários aspectos.

     O somático é contatado, começa-se a trabalhar o incidente tão próximo do princípio quanto o auditor conseguir chegar e este é então recontado. Este escaldão, digamos, tem apatia como tom emocional (Tom 0.5). O preclear arrasta-se através do incidente apaticamente, bastante exteriorizado, vendo-se a ser escaldado. Então, subitamente, talvez saia uma descarga emocional, mas não necessariamente. O preclear retorna ao princípio e reconta (reexperimenta) a coisa toda mais uma vez. Depois mais uma e outra vez. Ao fim de pouco tempo, ele começa a ficar irado com as pessoas envolvidas no incidente por serem tão descuidadas ou tão cruéis. Ele subiu para ira (Tom 1.5). O auditor, embora o paciente gostasse de dizer como os seus pais são malvados ou como ele acha que devia haver leis a respeito de escaldar crianças, pacientemente faz o preclear atravessar de novo o incidente. Agora o preclear deixa de estar irado e verifica que está aborrecido com o material. Ele subiu para aborrecimento na Escala de Tom (Tom 2. 5). Ele poderá protestar com o auditor de que isto é uma perda de tempo. O auditor põe-no a atravessar o incidente novamente. Novos dados poderão aparecer. O somático poderá ou não estar ainda presente neste período, mas o tom emocional ainda está baixo. O auditor põe novamente o preclear a passar através do incidente e o preclear poderá, mas nem sempre, começar a ser sarcástico ou faceto. O incidente é novamente recontado. Subitamente, o preclear poderá achar o assunto engraçado, mas nem sempre, e o incidente, quando chegou obviamente a um tom alto, poderá ser abandonado. Este provavelmente decairá ao fim de alguns dias. Mas isso não tem grande importância, pois o incidente será inteiramente apagado durante o retorno do básico-básico. De qualquer modo, o engrama jamais será tão aberrativo como era antes da redução.

     Às vezes uma redução resultará no desaparecimento aparente do engrama inteiro. Mas é óbvio quando isto vai ocorrer. Sem se levantar muito na Escala de Tom, o incidente, por repetição, simplesmente se perde de vista. Isso é reduzir até à recessão. Dentro de poucos dias, esse incidente estará a atuar novamente, quase com tanta força como antes. Há material antes desse incidente e carga emocional depois desse incidente que o tornam difícil de manejar.

     Diversas coisas podem, então, acontecer a um engrama no decurso do trabalho. Este pode reduzir-se, o que significa descarregar-se emocional e somaticamente, e deixar de ter grande poder aberrativo daí em diante. Pode reduzir-se até à recessão, o que significa que meramente se perde de vista após várias recontagens. Pode apagar-se, o que significa desaparecer e deixar de existir daí em diante, no que diz respeito ao banco de engramas.

     Um pouco de experiência dirá ao auditor aquilo que os engramas farão depois de os ter contatado. O apagamento normalmente só ocorre depois de o básico-básico ter sido alcançado ou quando a área básica está a ser trabalhada. A redução ocorre com uma descarga emocional. A redução até à recessão acontece quando há demasiadas coisas no banco de engramas a suprimir o incidente.

     De vez em quando, até o melhor auditor apanhará um engrama e decidirá remoê-lo, uma vez que o tenha contatado. Essa é uma tarefa triste. Talvez seja melhor remoê-lo do que apenas restimulá-lo e deixar o paciente ficar irritado por isso durante alguns dias. Talvez não. Mas de qualquer modo, esse engrama que apenas se reduz até à recessão estaria melhor se para começar nem tivesse sido contatado.

     Os auditores novos estão sempre a atacar o nascimento como o alvo óbvio. Toda a gente tem um nascimento: na maioria dos pacientes este pode ser localizado com bastante facilidade. Mas esse é um incidente doloroso e até que a área básica tenha sido completamente trabalhada, até que tenha sido descarregada a emoção dolorosa da vida mais recente e até que o arquivista esteja pronto para apresentar o nascimento, é melhor deixar o incidente em paz. Normalmente, este reduzir-se-á até à recessão e, depois disso, continuará a surgir para atormentar o auditor. O paciente fica com dores de cabeça misteriosas, apanha um resfriado e sente-se desconfortável depois disso, a menos que o nascimento seja removido no retorno (da área básica). O auditor está evidentemente a perder tempo quando tenta remover essas dores de cabeça e resfriados, pois o nascimento, com toda a área da vida pré-natal antes dele, não se reduzirá adequadamente, nem se apagará, mas apenas irá retroceder. Mas acontece demasiadas vezes que o nascimento, se contatado prematuramente, dará ao paciente uma dor de cabeça e uma constipação. Esses desconfortos são menores e sem grande importância, mas o trabalho que o auditor poderá ter investido em trabalhar em um incidente que só se reduzirá até à recessão, é trabalho perdido. É verdade que o arquivista às vezes apresenta o nascimento: se o fizer, este contêm uma carga emocional que se descarregará e o incidente reduzir-se-á adequadamente, o auditor deve certamente tomá-lo. É verdade que às vezes um caso fica atolado e o auditor percorre o nascimento, apesar de tudo, só para ver se pode apressar as coisas. Porém, voltar ao nascimento só para pôr as mãos em um engrama, porque ele sabe que este está ali, ocasionará desconforto e perda de tempo. Vá o mais longe possível na área pré-natal e veja aquilo que o arquivista entrega. Tente a Técnica de Repetição na área básica. Poderá obter incidentes que se apagarão. Se não houver lá nada, procure um engrama de emoção dolorosa na vida mais recente, a morte de um amigo, a perda de um aliado, um fracasso nos negócios, alguma coisa. Dissipe a carga disso e reduza-o como um engrama, depois volte tanto quanto possível para trás, para a área pré-natal e veja o que apareceu. Se o arquivista achar que você precisa do nascimento, ele dar-lho-á. Mas não peça o nascimento só para ter um engrama para trabalhar, pois isso poderá ser um esforço totalmente desconfortável e infrutífero. O nascimento aparecerá quando aparecer pois o arquivista sabe do seu ofício.

     Atacar qualquer período recente de "inconsciência", tal como a anestesia cirúrgica, onde a dor física está presente em grandes quantidades, pode ocasionar esta restimulação desnecessária. Você pode, naturalmente, sair-se melhor nessas coisas com a rêverie do que com a hipnose ou a narcossíntese, nas quais tal restimulação poderá causar resultados severos. Em rêverie o efeito é leve.

9.5  Manejar a banda somática

     Há "dois homenzinhos" de cada lado do cérebro, um par para cada lóbulo, "pendurados pelos calcanhares". O do lado de fora é a banda motora, o do lado de dentro é a banda sensorial19. Se quiser saber mais sobre a estrutura desses pares, a pesquisa de Dianética terá a resposta dentro de mais alguns anos. Atualmente, há uma coisa que sabemos a esse respeito, uma descrição. Para um engenheiro que conheça Dianética, a descrição atual que encontrará na biblioteca não é inteiramente lógica. Possivelmente, estas bandas são alguma espécie de painéis de controle. Há medições que se podem fazer na sua vizinhança - logo por trás das têmporas - se tiver um galvanômetro muito sensível, mais sensível do que aqueles que existem no mercado de hoje. Essas medições mostram emanações de alguma espécie de campo. Quando tivermos estabelecido o tipo exato de energia que flui aqui, provavelmente poderemos medi-lo com mais precisão. Quando soubermos exatamente onde o pensamento é efetuado no corpo, saberemos mais a respeito destas bandas. Tudo o que a pesquisa de Dianética estabeleceu até à data é que, por baixo da confusão de rótulos, não se sabe realmente nada acerca dessas estruturas que valha a pena repetir, além do fato de que têm alguma coisa a ver com a coordenação de várias partes do corpo. Contudo, referimo-nos a elas por falta de algo melhor, no decurso da terapia. Agora que sabemos alguma coisa sobre função, a continuação da pesquisa não poderá deixar de produzir respostas precisas acerca de estrutura.

     O auditor pode ligar e desligar somáticos em um paciente, tal como um engenheiro maneja interruptores. Mais precisamente, ele pode ligá-los e desligá-los no corpo do mesmo modo que um condutor conduz um [trem] elétrico ao longo de um trilho. Temos aqui o jogo a que nos referimos anteriormente quando falamos sobre a linha do tempo.

     Num paciente que esteja a trabalhar bem, a banda somática pode ser comandada para ir a qualquer parte da linha do tempo. Dia após dia, hora após hora, na vida normal, a banda somática percorre esta linha para cima e para baixo, à medida que os engramas são restimulados. O auditor, ao trabalhar com um paciente, poderá verificar que a sua própria banda somática está a obedecer aos seus próprios comandos e que alguns dos seus próprios somáticos estão a ligar e a desligar, um fato que é, na pior das hipóteses, ligeiramente desconfortável. Não sabemos realmente o que se está a mover, se é o corpo todo, se são as células ou qualquer outra coisa. Mas podemos lidar com isto e podemos presumir que isto pelo menos passa pelo painel de controle dos homenzinhos pendurados pelos calcanhares.

     "A banda somática irá agora para o nascimento", diz o auditor.

     O paciente em rêverie começa a sentir a pressão de contrações, impelindo-o pelo canal do nascimento abaixo.

     "A banda somática irá agora para a última vez em que te feriste", diz o auditor.

     O preclear sente, talvez, uma leve reprodução da dor de uma pancada no joelho. Se tem recordação sônica e visual, ele verá onde está e, subitamente, compreenderá no escritório: ele ouvira os funcionários e as máquinas de escrever e o barulho de carros lá fora.

     "A banda somática irá agora para a área pré-natal", diz o auditor.

     E o paciente dá por si na área, provavelmente a flutuar, sem desconforto.

     "A banda somática irá para o primeiro momento de dor ou desconforto que pode ser alcançado agora", diz o auditor.

     O paciente anda à deriva por um momento e, subitamente, sente uma dor no peito. Começa a tossir e sente depressão à sua volta, por todos os lados. A mamã está a tossir (muitas vezes isso é a fonte de tosses crônicas).

     "Começa a passar através da tosse", diz o auditor.

     O paciente dá por si no princípio do engrama e começa a percorrê-lo. "Tosse, tosse, tosse", diz o paciente. Então ele boceja. "Isto dói e não consigo parar" ele cita a sua mãe.

     "Vai para o princípio e começa a passar através disso novamente", diz o auditor.

     "Tosse, tosse, tosse", começa o paciente, mas agora não esta a tossir tanto. Ele boceja mais profundamente. "Ai. Isto está a doer, está a doer e parece que não consigo parar" cita o preclear, ouvindo-o diretamente se ele tiver sônico, obtendo impressões do que é dito, se não tiver. Ele apanhou as palavras que estavam suprimidas no incidente pela "inconsciência". A "inconsciência" está a começar a sair com os bocejos.

     "Repassa-o novamente", diz o auditor.

     "Não consigo parar", diz o preclear, citando tudo o que encontra desta vez. O somático desaparece. Ele boceja de novo. O engrama está apagado.

     "A banda somática irá agora para o seguinte momento de dor ou desconforto", diz o auditor.

     O somático não está a ligar-se. O paciente entra em um sono estranho. Murmura algo acerca de um sonho. Subitamente, o somático torna-se mais forte. O paciente começa a tremer.

     "O que está a acontecer?" pergunta o auditor.

     "Ouço água a correr", responde o preclear.

     "A banda somática irá para o princípio do incidente", diz o auditor. "Começa a passar através do incidente."

     "Continuo a ouvir a água", diz o preclear. (Ele deve estar preso, os somáticos não se moveram. Isto é um segurador.)

     "A banda somática irá para aquilo que a esteja a segurar", diz o auditor.

     "Vou mantê-lo ali dentro por um pouco, para ver se faz algum bem", cita o preclear.

     "Agora apanha o princípio do incidente e começa a percorrê-lo", diz o auditor.

     "Eu sinto-me a ser empurrado" diz o preclear. "Ai! Levei uma pancada de alguma coisa."

     "Apanha o princípio e começa a percorrê-lo", diz o auditor.

     "Tenho a certeza de que estou grávida", cita o preclear. "Vou mantê-lo ali dentro por um pouco, para ver se faz algum bem."

     "Há alguma coisa anterior?" diz o auditor.

     A banda do preclear vai para o momento anterior em que ele sente pressão enquanto ela tenta introduzir algo no colo do útero. Depois ele percorre o engrama e este apaga-se.

     Isto é o manejo da banda somática. Ela pode ser mandada para qualuer lado. Normalmente, ela apanhará primeiro o somático e depois o conteúdo. Usando a Técnica de Repetição, a banda somática é "sugada" para baixo até ao incidente e os somáticos ligam-se. Depois o incidente é percorrido. Se este não se levanta, encontre um incidente anterior simplesmente dizendo à banda somática para ir ao incidente anterior.

     Se a banda somática não se move, isto é, se os somáticos (sensações físicas) não se ligam e desligam, é porque o paciente está preso algures na linha do tempo. Ele pode estar preso em tempo presente, o que significa que tem um ressaltador impelindo-o por toda a linha do tempo acima. Use a Técnica de Repetição ou simplesmente tente mandar a banda somática para trás. Se ela não for, obtenha várias frases ressaltadoras como "Não posso voltar", "Põe-te a milhas", etc., e com essas frases faça com que a banda somática seja sugada para o incidente e percorra-o.

     A banda somática poderá mover-se através de um incidente com sensação completa e, no entanto, o fato de retornar várias vezes sobre o mesmo terreno não apresentará dados. Isto pode ser feito vez após vez nalguns engramas, sem resultado: os somáticos permanecem quase iguais, ondulando através do incidente todas as vezes, mas sem qualquer conteúdo adicional. Então o auditor está a "enfrentar" um negador, uma frase como "Isto é um segredo", "Não lhe digas", "Esquece isso", etc. Em tal caso, ele manda a banda somática para a frase que nega os dados:

     "Vai para o momento em que é dita uma frase que nega estes dados", diz o auditor.

     Após um momento, o preclear cita algo, tirando do sônico ou de impressões: "Ele morreria se viesse a descobrir isto."

     Então o auditor manda a banda somática voltar para o princípio do incidente e esta passa através do incidente, mas desta vez com conteúdo percéptico adicional. Os somáticos, a menos que o incidente seja um pré-natal muito tardio com uma área básica cheia de material, ondulam (flutuam de acordo com a ação do engrama) e diminuem até à redução ou até ao apagamento com recontagens consecutivas.

     O auditor diz à banda somática para ir mais para trás e às vezes ela vai mais para a frente. Isto é um desorientador. "Não sei dizer para onde estou a ir", "Estou a andar para trás", "Faz exatamente o contrário" são os tipos de frases do desorientador. O auditor reconhece que o preclear tem uma dessas frases, adivinha qual é ou descobre-a através daquilo que o preclear diz quando se queixa acerca do que está a fazer e, por repetição ou comando direto da banda, apanha a frase e o engrama, reduz ou apaga o engrama e continua.

     Se a banda somática não responde de acordo com o comando, então um ressaltador, um segurador, um desorientador ou um agrupador foi restimulado e deve ser descarregado. A banda somática estará onde se encontra o comando que a proíbe de funcionar conforme é desejado.

     Há bons e maus condutores desta banda somática. O bom condutor trabalha de perto com o arquivista, usando ordens gerais, como por exemplo: "A banda somática apanhará o momento mais antigo de dor ou desconforto que pode ser alcançado" ou "A banda somática irá para o ponto de maior intensidade do somático que tens agora" (quando um somático está a incomodar o paciente). O mau condutor escolhe incidentes específicos que ele pensa ser aberrativos, manda a banda somática ir para estes à força e rebate-os de algum modo. Há momentos em que é necessário ser bastante persuasivo com a banda e momentos em que é necessário selecionar incidentes de dor física, mas o auditor é o melhor juiz daquilo que deve ocorrer. Enquanto a banda trabalhar suavemente, encontrando incidentes novos e repassando-os, ele não deve interferir mais do que é necessário para se assegurar de que reduz tudo o que a banda contata.

     Um modo muito bom de arruinar inteiramente um caso é colocar a banda somática em um incidente, decidir que outra coisa é mais importante e precipitar-se para ela, levantar metade dessa outra coisa e partir para outra. Quando chegar ao ponto em que três ou quatro incidentes tiverem sido tocados dessa maneira, mas não reduzidos, a banda emperra, a linha do tempo começa a amontoar e o auditor vê-se em um enredo que poderá tomar-lhe muitas horas de terapia, ou uma semana ou duas de reequilíbrio (deixar o caso assentar) para o trazer de volta a um estado em que possa ser trabalhado.

     O paciente quererá por vezes que um somático seja desligado. Este tem estado a incomodá-lo. Isso significa que a banda está de algum modo pendurada em um incidente que a terapia, ou o ambiente do paciente, restimulou. Normalmente, não vale a pena gastar o tempo e o trabalho para localizar o incidente. Isso assentará por si só ao fim de um dia ou dois e poderá ser um incidente impossível de reduzir devido a engramas anteriores.

     A banda somática é manejada em um incidente tardio da mesma forma que esta é enviada para um incidente anterior. As cargas de desespero são contatadas da mesma forma.

     Se quiser um teste para ver se a banda está a mover-se, ou para testar a recordação, mande-a para algumas horas antes e veja o que pode obter. Embora nalguns casos seja mais fácil alcançar a área pré-natal do que o dia de ontem, você obterá alguma idéia do modo como o paciente está a trabalhar.

9.6  Tempo presente

     O princípio é a concepção. Os seus pacientes às vezes têm a sensação de serem espermatozóides ou óvulos no começo da linha do tempo: em Dianética, chama-se a isto o sonho do esperma. Este não tem grande valor, segundo o que sabemos nesta altura. Mas é muito interessante. Não precisa de ser sugerido ao preclear. Será suficiente mandá-lo para o princípio da linha do tempo e ouvir o que ele tem a dizer. Às vezes ele tem um antigo engrama confundido com a concepção.

     Na extremidade mais recente da linha do tempo está, evidentemente, o agora. Isto é o tempo presente. Acontece, uma vez por outra, que os pacientes não estão a voltar para tempo presente porque esbarraram com seguradores pelo caminho. A Técnica de Repetição com seguradores geralmente libertará a banda e trá-la-á para tempo presente.

     Um paciente poderá ficar um pouco grogue com todas as coisas que têm estado a acontecer-lhe no decurso de uma sessão de terapia. E poderá acontecer que ele reduz a resistência aos engramas à medida que volta a subir pela linha do tempo acima e desse modo poderá acionar um segurador. O auditor deve certificar-se muito bem de que o paciente está em tempo presente. Ocasionalmente, ele estará tão completamente preso e a hora já será tão avançada, que o esforço de trazê-lo por toda a linha acima não é viável na altura. Um período de sono, geralmente resolverá isso.

     Existe um teste pelo qual o auditor pode saber se o preclear está em tempo presente. Ele faz uma pergunta ao preclear, estalando os dedos: "Qual é a tua idade?" O preclear dá-lhe uma "resposta relâmpago". Se for a idade certa do preclear, o preclear está em tempo presente. Se for uma idade anterior, há ali um segurador e o paciente não está em tempo presente. Há outros métodos de determinar isto, mas geralmente este ponto não é muito importante se o paciente realmente falhar em consegui-lo.

     O ato de fazer perguntas e estalar os dedos, inquirindo sobre a idade das pessoas, obtém algumas respostas surpreendentes. Estar preso na linha do tempo é tão comum em pessoas "normais" que o fato de o preclear estar a um dia ou dois, ou uma semana ou duas, de distância do tempo presente está longe de ser alarmante.

     Qualquer pessoa que tenha uma doença psicossomática crônica está definitivamente presa em algum ponto da linha do tempo. Perguntas com um estalo dos dedos normalmente obtêm "três" ou "dez anos" ou alguma resposta desse gênero, mesmo quando são feitas a pessoas que supõem que estão de boa saúde. A rêverie mostra-lhes onde elas estão na linha do tempo. Às vezes, na primeira sessão, um preclear fecha os olhos em rêverie para se encontrar numa cadeira de dentista aos três anos de idade. Ele tem lá estado durante os últimos trinta anos, porque o dentista e a mãe, ambos lhe disseram para "ficar ali" enquanto ele se encontrava em choque por causa da dor e do óxido nitroso - e ele assim fez, e os problemas dentários crônicos que ele teve durante toda a sua vida, eram esse somático.

     Isto não acontece muito frequentemente, mas pode encontrar alguém que conhece que daria, certamente, a resposta relâmpago de "dez anos" e, posto em rêverie, encontrar-se-ia, logo que o engrama fosse avistado, deitado de costas em um campo de futebol, ou numa situação semelhante, com alguém a dizer-lhe para não se mexer até a ambulância chegar: isto é a sua artrite!

     Tente fazê-lo a alguém.

9.7  A resposta relâmpago

     Um truque de uso comum na terapia é a resposta relâmpago. Isto é feito de duas maneiras. A primeira mencionada aqui é a menos usada.

     "Quando eu contar até cinco", diz o auditor, "uma frase relampeará na tua mente para descrever onde estás na linha do tempo. Um, dois, três, quatro, cinco!"

     "Pré-natal tardio", diz o preclear, ou "ontem" ou aquilo que lhe ocorrer.

     A resposta relâmpago é a primeira coisa que vem à cabeça da pessoa quando lhe é feita uma pergunta. Usualmente virá do banco de engramas e será útil. Poderá ser "conversa de demônio", mas geralmente está certa. O auditor meramente faz uma pergunta, como por exemplo, aquilo que está a segurar o paciente, o que lhe nega conhecimento, etc., acrescentando ao princípio da pergunta: "Eu quero uma resposta relâmpago para isto".

     "Eu quero uma resposta relâmpago para isto", diz o auditor. "O que aconteceria se ficasses são?"

     "Morreria", diz o paciente.

     "O que aconteceria se morresses?", diz o auditor.

     "Ficaria bom", diz o paciente.

     E com estes dados, eles fazem então uma estimativa da atual computação de aliados ou algo assim. Neste caso, o aliado disse ao preclear, quando ele estava doente: "Morreria, simplesmente morreria, se não ficasses bom. Se ficares doente por muito mais tempo, ainda ficarei maluco." E um engrama anterior dizia que o preclear tinha de estar doente. E isto é, afinal de contas, apenas um engrama. Por isso, usa-se a Técnica de Repetição com a palavra "morrer" e descobre-se um aliado que o preclear nunca soube que existia e uma carga é dissipada.

     Muitos dados valiosos podem ser recuperados pelo uso inteligente da resposta relâmpago. Se não houver resposta absolutamente nenhuma, isso significa que a resposta está oclusa e essa é uma resposta quase tão boa como dados reais, visto que indica alguma espécie de encobrimento.

9.8  Sonhos

     Os sonhos têm sido consideravelmente usados por várias escolas de cura mental. A sua "simbologia" é uma excentricidade mística apresentada para explicar uma coisa sobre a qual os místicos não sabiam nada. Os sonhos são os espelhos distorcidos, através dos quais o analisador olha para dentro do banco de engramas.

     Os sonhos são trocadilhos de palavras e de situações existentes no banco de engramas.

     Os sonhos não são uma grande ajuda, por serem trocadilhos.

     Não se usam muito os sonhos em Dianética.

     Você ouvirá sonhos contados pelos pacientes. Os pacientes são difíceis de calar quando começam a contar sonhos. Se quiser perder o seu tempo, ouça-os.

9.9  Mudança de valência

     A mudança de valência é um mecanismo usado em Dianética.

     Sabemos o modo como um paciente entra em valências quando dramatiza os seus engramas na vida: ele torna-se uma valência vencedora e ele diz e faz praticamente a mesma coisa que a pessoa na valência vencedora fez naquele engrama.

     A teoria que está por trás disto é a seguinte: retornado a uma ocasião na qual o paciente poderá considerar demasiado doloroso entrar, ele pode ser mudado para uma valência que não sentiu qualquer dor. Um método pouco inteligente de o persuadir é dizer-lhe que ele não precisa de sentir a dor ou a emoção e deixá-lo atravessar o engrama. Isso é uma péssima prática de Dianética, por ser uma sugestão positiva e é preciso tomar todas as precauções para evitar dar sugestões ao paciente, pois ele poderá ser muito sugestionável, mesmo quando finge não o ser. Mas existe a mudança de valência e isto permite ao paciente escapar à dor e, mesmo assim, permanecer no engrama até que ele possa recontá-lo.

     Exemplo: o pai está a bater na mãe e o nascituro é posto "inconsciente". Os dados estão disponíveis sem dor na valência do pai, na valência da mãe com a dor dela e na valência da criança com a sua própria dor.

     O modo de lidar com isto, se o paciente se recusar terminantemente a entrar no incidente embora tenha somáticos, é trocá-lo de valência.

     O auditor diz: "Entra na valência do teu pai e passa a ser o teu pai por uns momentos."

     Após alguma persuasão, o paciente faz isso.

     "Grita com a tua mãe", diz o auditor. "Dá-lhe uma boa reprimenda."

     O paciente agora esta naquele circuito que não contêm "inconsciência" e aproxima-se da emoção e das palavras que o pai usou com a mãe. O auditor deixa-o fazer isto duas ou três vezes até a carga sair um pouco do engrama. Depois muda a valência do preclear para a mãe:

     "Passa a ser a tua mãe por uns momentos e responde ao teu pai", diz o auditor.

     O paciente troca de valência e é a mãe, repetindo as frases da mãe.

     "Agora sê tu mesmo", diz o auditor, "e reconta, por favor, o incidente inteiro com todos os somáticos e emoções."

     O paciente é capaz de reexperimentar o incidente como ele próprio.

     Isto funciona muito bem quando se está a tentar obter um aliado.

     "Muda de valência", diz o auditor ao paciente retornado, "e suplica a tua mãe para que não mate o bebê."

     "Agora sê uma ama" diz o auditor com o preclear retornado a um incidente em que ele parece ter muito medo de entrar, "e suplica que um menino fique bom."

     O paciente corrigirá a idéia que o auditor tem do guião e normalmente prosseguirá.

     O paciente muitas vezes recusar-se-á a entrar numa valência porque a odeia. Isto significa que deve haver uma carga considerável na pessoa que ele se recusa a ser.

     Este mecanismo raramente é usado, mas é prático quando um caso está a emperrar. O pai não obedeceu aos seguradores ou comandos, foi ele que os proferiu. A ama não obedeceria aos seus próprios comandos e assim por diante. Deste modo, pode-se fazer muitos seguradores e negadores saltar à vista. Isto é útil no início de um caso.20

9.10  Tipos de cadeias

     Os engramas, particularmente na área pré-natal, estão em cadeias. Isto quer dizer que existe uma série de incidentes de tipos semelhantes. Esta classificação é útil porque conduz a algumas soluções. As cadeias que se podem contatar com mais facilidade em um preclear são as menos carregadas. As cadeias mais aberrativas normalmente são as mais difíceis de alcançar, porque contêm os dados mais ativos. Lembre-se da regra de que aquilo que o auditor tem dificuldade em alcançar, o analisador do paciente também tem achado difícil de alcançar.

     Eis uma lista de cadeias - não são, de modo algum, todas as cadeias possíveis - encontradas em um caso que passou por "normal" durante trinta e seis anos da sua vida.

     Cadeia de coito, pai. Primeiro incidente, zigoto. Cinquenta e seis incidentes sucessivos. Dois ramos, pai bêbado e pai sóbrio.

     Cadeia de coito, amante. Primeiro incidente, embrião. Dezoito incidentes sucessivos. Todos dolorosos devido ao entusiasmo do amante.

     Cadeia de prisão de ventre. Primeiro incidente, zigoto. Cinquenta e um incidentes sucessivos. Cada incidente acumulando grande pressão sobre a criança.

     Cadeia de irrigação. Primeiro incidente, embrião. Vinte e um incidentes sucessivos. Uma irrigação por dia até o período menstrual ter faltado, todas no colo do útero.

     Cadeia de doença. Primeiro incidente, embrião. Cinco incidentes sucessivos. Três constipações. Um caso de gripe. Um acesso de vômitos, ressaca.

     Cadeia de enjoo matinal. Primeiro incidente, embrião. Trinta e dois incidentes sucessivos.

     Cadeia de anticoncepcionais. Primeiro incidente, zigoto. Um incidente. Alguma substância pastosa no colo do útero.

     Cadeia de luta. Primeiro incidente, embrião. Trinta e oito incidentes sucessivos. Três quedas, vozes altas, sem espancamento.

     Tentativa de aborto, cirúrgico. Primeiro incidente, embrião. Vinte e um incidentes sucessivos.

     Tentativa de aborto, irrigação. Primeiro incidente, feto. Dois incidentes. Um com o uso de pasta, outro com o uso de lisol, muito forte.

     Tentativa de aborto, pressão. Primeiro incidente feto. Três incidentes. Um do pai sentado em cima da mãe. Dois da mãe pulando de cima de caixas.

     Cadeia de soluços. Primeiro incidente, feto. Cinco incidentes.

     Cadeia de acidentes. Primeiro incidente, embrião. Dezoito incidentes. Várias quedas e colisões.

     Cadeia de masturbação. Primeiro incidente, embrião. Oitenta incidentes sucessivos. A mãe masturbando-se com os dedos, sacudindo a criança e ferindo-a com o orgasmo.

     Cadeia de médico. Primeiro incidente, primeiro período menstrual que faltou. Dezoito visitas. Exame médico doloroso, mas o médico torna-se um aliado, ao descobrir que a mãe tentava abortar e ao ralhar muito com ela.

     Dores de parto prematuras. Três dias antes do nascimento real.

     Nascimento. Instrumento. Vinte e nove horas de trabalho de parto.

     Como a mãe era uma faladora subvocal, isso criou uma quantidade considerável de material para apagar, pois o resto da vida do paciente era adicional a tudo isto. Este foi um caso de quinhentas horas, não-sônico, de recordações imaginárias que tiveram de ser anuladas através da descoberta de fábricas de mentiras, antes que os dados acima pudessem ser obtidos.

     Há outras cadeias possíveis, mas este caso foi escolhido por conter as que são mais usuais de se encontrar. Infelizmente, o amante da mãe não é muito invulgar, pois este introduz tanto secretismo em um caso que, quando o caso parece ser muito, muito secreto, isso parece indicar a presença de um ou dois amantes. Mas não os sugira ao preclear. Ele poderá usá-los para evitar algo.

     Tipos de somáticos

     Há dois tipos de somáticos: os que pertencem propriamente ao paciente e os que pertencem à mãe dele ou a outra pessoa. O primeiro aconteceu de fato e o segundo também. Mas o paciente não devia ter os somáticos da mãe. Se os tem, se o encontram a queixar-se de dores de cabeça sempre que a mãe tem uma dor de cabeça, então existe um engrama, muito antigo, dizendo que ele tem de ter tudo o que ela tiver: "O bebê faz parte de mim", "Quero que ele sofra como eu sofro", etc. Ou a frase poderá ser uma coisa inteiramente mal-entendida, tomada literalmente. No entanto, tudo isto vai ao lugar com a continuação do trabalho e não deve preocupar muito o auditor.

     "Inconsciência"

     Embora a "inconsciência" tenha sido tratada de várias maneiras noutra parte, esta tem duas manifestações especiais na terapia. O bocejo e o boil-off.

     O engrama de dor física contêm "inconsciência" profunda e se este vai levantar-se, particularmente na área básica, ela sai sob a forma de bocejos. Após a primeira ou segunda recontagem, o paciente começa a bocejar. Estes bocejos estão a ligar o seu analisador.

     Num engrama muito extremo - um choque elétrico pré-natal recebido pela mãe - houve cinco horas de boil-off de "inconsciência" durante a terapia. O choque durou menos de um minuto, mas levou o indivíduo para tão perto da morte que, quando o incidente foi tocado pela primeira vez em terapia, ele sentiu vertigens e estrebuchou, teve sonhos estranhos, murmurou e sussurrou durante cinco horas. Isso é um recorde. Quarenta e cinco minutos deste boil-off é raro. Cinco ou dez minutos não é invulgar.

     O auditor levará um paciente para uma área. Não se liga nenhum somático. No entanto, o paciente começa a dormitar com um sono estranho. Ele desperta de vez em quando, murmura qualquer coisa, normalmente sem sentido, volta a despertar com um sonho e geralmente parece não fazer qualquer progresso. Mas está a haver progresso. Um período em que ele quase foi morto está a vir à superfície. Em breve ligar-se-á um somático e o paciente percorrerá um engrama algumas vezes sob comando, bocejará um pouco e depois animar-se-á. Tal quantidade de "inconsciência" foi, certamente, suficiente para manter o seu analisador cerca de nove décimos desligado quando ele estava desperto, pois se estava perto do básico, esta fazia parte de todos os outros engramas. Tal engrama, com uma "inconsciência" tão profunda, quando libertado produz um melhoramento marcado em um caso, por vezes tanto como um engrama de emoção dolorosa.

     Cabe ao auditor ir até ao fim, leve o tempo que levar. Um auditor não clareado poderá ficar muito sonolento ao observar tudo isto, mas a tarefa deve ser feita. Raramente encontrará um que dure uma hora, mas todos os casos têm um período desses que dura entre dez minutos e meia hora.

     Ele deve despertar o paciente de vez em quando e tentar fazê-lo atravessar o engrama. Existe um modo muito especial de despertar um paciente: não toque no corpo dele, porque isso poderá ser muito restimulativo e poderá deixá-lo muito transtornado. Toque somente na sola dos pés dele com a sua mão ou com os seus próprios pés e toque só o suficiente para despertar a atenção dele por um momento. Isso mantém o boil-off a decorrer e não permite que o paciente caia no sono comum.

     Um auditor inexperiente pode confundir o boil-off com um comando engrâmico para dormir. No entanto, se o auditor observar atentamente o paciente, verificará que no boil-off o paciente tem toda a aparência de estar drogado; enquanto em um comando para dormir, ele simplesmente adormece e fá-lo de um modo muito suave. O boil-off é um pouco agitado, cheio de murmúrios, estrebuchamentos e sonhos. Quando ele está a dormir, o sono é tranquilo.

     Interrompe-se um comando engrâmico para dormir, que está a atuar sobre o preclear retornado, enviando a banda somática para o momento em que é dado o comando para dormir. Se o preclear contata-o e repassa-o, ele acordará rapidamente na linha do tempo e continuará com a terapia.

     O boil-off poderá estar cheio de bocejos, murmúrios ou roncos. Quando ele está a dormir, o sono normalmente é calmo e suave.

     O motivo por que se chama "boil-off" a isto, e porque é que os auditores gostam do termo, é obscuro. Chamou-se-lhe original e seriamente "redução comática", mas tal erudição foi rejeitada pelo fato de nunca ter sido usada.

     Se gostar de ouvir sonhos, irá encontrá-los em grande quantidade no boil-off. Tal como as imagens do deserto são distorcidas pelas serpentes vítreas das ondas de calor, também os comandos engrâmicos são distorcidos para o analisador através do véu da "inconsciência".

9.11  Locks

     O fato de o lock ser uma coisa que precisa de pouca atenção, é uma das bênçãos da natureza. Um lock é um incidente que, com ou sem carga, está disponível à recordação consciente e parece ser a razão pela qual o aberrado é aberrado. Talvez seja uma outra maneira de o banco se proteger. Um lock é um momento de desconforto mental que não contêm dor física nem grande perda. Uma reprimenda, uma desgraça social - esse tipo de coisas são locks. Qualquer caso tem milhares e milhares de locks. O auditor descobri-los-á em quantidade, se quiser perder tempo a procurá-los. O tratamento desses locks foi o objetivo principal de uma velha arte conhecida como "hipnoanálise". A maior parte deles podem ser reduzidos.

     O key-in de um engrama ocorre nalguma data futura, a partir do momento em que o engrama foi realmente recebido. O momento de key-in contêm uma redução analítica devido ao cansaço ou uma leve doença. Ocorreu uma situação semelhante ao engrama, que continha "inconsciência", e fez key-in do engrama. Este é um lock primário. Quebrá-lo, se este puder ser encontrado, produz o efeito de fazer key-out do engrama. Mas podemos considerar que isto é uma perda de tempo, mesmo que tenha algum valor terapêutico e que tenha sido usado, sem compreensão, por algumas escolas do passado.

     Se um auditor quiser saber como o caso está a reagir à vida, ele pode encontrar alguns desses muitos milhares de locks e inspecioná-los. Mas provavelmente, esse é todo o interesse que ele tem por estes, pois os locks descarregam-se. Estes descarregam-se automaticamente no momento em que o engrama que os está a segurar é apagado. Uma vida inteira reequilibra-se quando os engramas desaparecem e os locks não precisam de qualquer tratamento. Depois de ele ter sido Clareado, também não é preciso ensinar ao preclear como pensar: tal como a dissipação de locks, este é um processo automático.

     Esses locks estão, por vezes, situados entre os engramas. O preclear poderá estar profundamente na área pré-natal e subitamente pensar em um tempo em que tinha vinte anos ou, como é comum na terapia, pensar em um engrama que ouviu de outra pessoa. Isto é um bom indício. Não dê mais atenção ao lock: encontre o engrama ao qual este se anexou, pois existe um engrama logo ao pé dele. Nos sonhos, esses locks vão saindo de uma forma distorcida do banco, complicando o sonho.

9.12  O caso Júnior

     Não tome um Júnior para o seu primeiro caso, se puder evitá-lo. Se o pai se chamava Jorge e o paciente se chama Jorge, esteja atento aos sarilhos. O banco de engramas toma o Jorge por Jorge e esse é um pensamento-identidade de luxo.

     A mãe diz: "Odeio o Jorge!" "Isso significa o Júnior", diz o engrama, embora a mãe se referisse ao pai. "O Jorge é irrefletido." "O Jorge não deve saber." "Oh! Jorge, eu queria que tivesses alguma atração sexual, mas tu não tens!" E assim vão os engramas. Um caso de Júnior raramente é fácil.

     Em Dianética, é costume tremermos só de pensar em aceitar um caso Júnior. Pode-se esperar que um auditor trabalhe como um escravo quando tem um caso não-sônico, que está fora da linha do tempo e cujo nome é igual ao do pai ou da mãe. Tais casos naturalmente têm solução, mas se os pais soubessem o que fazem aos filhos quando lhes dão um nome que poderá aparecer no banco de engramas, tal como o dos pais, avós ou amigos, com certeza o costume acabaria imediatamente.

9.13  Restimular o engrama

     "Peça as vezes suficientes e receberá" é sempre verdade quando se trabalha o banco de engramas. Simplesmente por retornar a uma área, durante vezes suficientes, fará aparecer engramas. Se não apareceu hoje, aparecerá amanhã. Mas se não aparecer amanhã, aparecerá no dia seguinte e assim por diante. As descargas emocionais são localizadas com toda a certeza, solicitando-as vez após vez e retornando o paciente à parte da linha do tempo onde se espera que esteja a carga. Aquilo que a Técnica de Repetição falhar em fazer pode ser conseguido retornando o paciente, sessão após sessão, a uma porção da sua vida. Esta mais cedo ou mais tarde aparecerá.

9.14  Pessoas e períodos de vida oclusos

     Verificar-se-á que áreas inteiras da linha do tempo estão oclusas. Estas contêm supressores sob a forma de comando engrâmico, computações de aliado e emoção dolorosa. As pessoas podem desaparecer completamente de vista por estas razões. Elas aparecem depois de alguns engramas terem sido levantados na área básica ou depois de a área ter sido desenvolvida, como foi dito acima.

9.15  Animosidade contra os pais

     Acontece sempre, quando se Clarea uma criança ou adulto, que o preclear passa por estágios de melhoramento que o levam pela Escala de Tom acima e o fazem, naturalmente, passar pela segunda zona, a ira. Um preclear poderá ficar furioso com os pais e outros ofensores no banco de engramas. Tal situação é de esperar. É um subproduto natural da terapia e não pode ser evitado.

     À medida que o caso progride, é natural que o preclear suba na Escala de Tom para um estado de aborrecimento face aos vilões que o prejudicaram. Por fim, ele alcança o Tom 4, que é o tom do Clear. Neste ponto ele fica muito alegre e disposto a fazer amizade com pessoas, quer o tenham prejudicado quer não: é claro que ele tem os dados sobre o que deve esperar delas, mas não nutre qualquer animosidade.

     Se um dos progenitores sente que o filho se voltaria contra ele, se soubesse de tudo, então o progenitor está enganado. Como aberrado, o filho já se voltou totalmente contra o progenitor, quer o seu analisador saiba de tudo quer não, e continuar a esconder a evidência poderá resultar numa conduta bastante incerta e desagradável.

     Observa-se continuamente que um bom Liberado e o Clear não sentem qualquer animosidade contra os seus pais ou outras pessoas que lhe causaram as suas aberrações e, na verdade, eles deixam de negar, de defender-se e de lutar tão irracionalmente. O Clear lutará, certamente, por uma boa causa e será o oponente mais perigoso possível. Mas ele não luta por razões irracionais, como um animal, e a sua compreensão das pessoas está muito mais ampliada e a sua afeição pode finalmente ser profunda. Se um progenitor quer amor e cooperação de um filho, independentemente do que tenha feito a esse filho, ele deve permitir a terapia e alcançar esse amor e cooperação com o filho em um estado autodeterminado e que já não esteja secretamente em apatia ou fúria. Afinal de contas, o Clear aprendeu qual é a fonte das aberrações dos pais, assim como das suas próprias; ele reconhece que eles tinham bancos de engramas antes de ele ter o seu.

9.16  Propiciação

     No decurso do trabalho passar-se-á por um estágio de propiciação, na faixa superior de apatia. Esta conciliação é um esforço para satisfazer ou oferecer sacrifícios a uma força totalmente destrutiva. É um estado em que o paciente, devido a um medo profundo de outrem, oferece presentes caros e palavras amáveis, dá a outra face, oferece-se para capacho e geralmente faz um papel de tolo.

     Muitos, muitos casamentos, por exemplo, não são casamentos de amor, mas sim dessa péssima substituta, a propiciação. As pessoas têm o hábito de casar com quem tem mentes reativas semelhantes. Isto é um infortúnio, pois tais casamentos são destrutivos para ambos os parceiros. Ela tem um certo conjunto de aberrações: estas combinam com as dele. Ela é pseudomãe; ele é pseudopai. Ela teve de se casar com ele porque o pai tentou assassiná-la antes de ela nascer. Ele teve de se casar com ela porque a mãe lhe batia quando ele era criança. Por incrível que pareça, esses casamentos são muito comuns: um ou o outro parceiro torna-se mentalmente doente, ou ambos poderão deteriorar-se. Ele é infeliz, os seus entusiasmos são esmagados; ela sente-se profundamente desolada. Qualquer dos dois poderia ser uma pessoa feliz com outro parceiro, no entanto, por medo, eles não podem separar-se. Têm de propiciar um ao outro.

     O auditor que encontra um casamento nestas condições e que tenta tratar um dos cônjuges, faria melhor em tratar os dois simultaneamente. Ou o melhor seria que os dois se tratassem um ao outro, e depressa. A tolerância e a compreensão são quase sempre fomentadas pela ajuda mútua.

     A propiciação é mencionada aqui por ter um valor diagnóstico. As pessoas que começam a trazer presentes caros ao auditor estão a propiciá-lo e isto provavelmente significa que têm uma computação que lhes diz, engramicamente, que morrerão ou ficarão loucas se ficarem mentalmente sãs. O auditor poderá apreciar os presentes, mas o melhor será ele começar a procurar um engrama de compaixão de que não suspeitava ou que não foi tocado.

9.17  Amor

     Provavelmente não há um único assunto de interesse para o ser humano que tenha recebido tanta atenção como o Amor.

     Não é mentira que onde se encontra a maior controvérsia, também se encontrará a menor compreensão. E onde os fatos são menos exatos, aí também se encontram as maiores disputas. E assim acontece com o Amor.

     Não há dúvida de que o Amor arruinou mais vidas do que a guerra e deu mais felicidade do que todos os sonhos do Paraíso.

     Enredado com mil canções por ano e submerso sob uma tonelada sólida de literatura medíocre, o Amor devia ter uma oportunidade adequada para ser definido.

     Descobriu-se que há três espécies de Amor entre a mulher e o homem: a primeira é abrangida pela lei da afinidade e é a afeição que a Humanidade tem para com a Humanidade; a segunda é a seleção sexual e é um verdadeiro magnetismo entre parceiros; a terceira é o "Amor" compulsivo ditado por algo tão razoável como a aberração.

     Talvez nas lendas de heróis e heroínas tenha havido casos da segunda espécie; e de fato quando se olha à nossa volta nesta sociedade, é possível descobrir números de pares felizes, baseados numa admiração natural e fortemente afetuosa. A terceira espécie pode ser encontrada em abundância: a literatura tablóide dedica-se a ela e aos seus sofrimentos; ela entope os tribunais com pedidos urgentes de divórcio, atos criminosos e processos civis; ela manda crianças a chorar para um canto, para se afastarem das brigas; e lança, dos seus lares desfeitos, jovens mulheres e homens destroçados.

     Dianética classifica a terceira espécie de amor como "parceria de mentes reativas". Aqui está um encontro de mentes, mas as mentes estão no nível computacional mais baixo que o ser humano possui. Atraídos um para o outro por compulsão, há homens e mulheres que se unem e que apenas vão encontrar a tristeza e a redução das suas esperanças nessa união.

     Ele é o pseudo-irmão que lhe batia regularmente ou é o pseudopai a quem ela tinha de prestar atenção. Talvez ele até seja a pseudomãe que gritava com ela incessantemente, mas a quem ela tinha de apaziguar. E ele poderá ser o médico que a feriu tão selvaticamente. Ela poderá ser a pseudomãe dele, a pseudo-avó a quem ele tinha de amar, apesar do modo como ela minava a sua decisão; ela poderá ser a pseudo-enfermeira nalguma operação feita há muito tempo ou a pseudoprofessora que o retinha na sala depois da aula para estimular o seu sadismo sobre ele.

     Antes de o casamento se realizar, eles só sabem que há uma compulsão para estarem juntos, um sentimento de que cada um deve ser extremamente amável com o outro. Depois o casamento realiza-se e eles sentem cada vez mais a restimulação de dores antigas, até que por fim ambos estão doentes e a vida, talvez agora complicada por filhos infelizes, é uma ruína sombria.

     O mecanismo da propiciação traz consigo hostilidade encoberta. Presentes oferecidos sem motivo e para além das suas posses, sacrifícios que parecem tão nobres na altura, compõem a propiciação. A propiciação é um esforço apático para manter afastada uma "fonte" perigosa de dor. A identidade equivocada é um dos erros menores da mente reativa. A esperança da propiciação é subornar, para anular a possível ira de uma pessoa, talvez falecida há muito, mas que agora vive no cônjuge. Mas um homem que não luta, uma vez por outra, está morto. A hostilidade poderá estar mascarada e poderá ser inteiramente "desconhecida" pelo indivíduo que se entrega a esta. Claro que esta hostilidade está sempre justificada na mente da pessoa que a emprega e supõe-se que seja uma consequência natural de alguma ofensa inteiramente óbvia.

     A esposa que, por descuido, comete erros estúpidos diante dos convidados, deixando escapar acidentalmente a verdade sobre o mito favorito do marido, a esposa que esquece os pequenos favores que ele lhe pediu, a esposa que subitamente dá uma alfinetada "lógica" nas esperanças dele: estas são as esposas que vivem com parceiros a quem têm de propiciar, devido a algum mal causado anos antes do namoro e por algum outro homem; e estas são as esposas que, propiciando, entorpecem as esperanças dos seus companheiros e interpretam mal as suas tristezas.

     O marido que dorme com outra mulher e deixa "acidentalmente" o batom na gravata, o marido que acha péssima a excelente comida que a mulher faz e que a considera ociosa durante o dia, o marido que se esquece de pôr as cartas dela no correio, o marido que acha que as opiniões dela são tolas: estes são os maridos que vivem com parceiras a quem têm de propiciar.

     Uma montanha-russa de guerra e paz no lar, faltas de compreensão, a restrição mútua de liberdade e autodeterminismo, vidas infelizes, filhos infelizes e divórcio são causados por casamentos de mentes reativas. Compelidos a casar por uma ameaça desconhecida, impedidos de confiar por medo da dor, este "encontro de mentes" é a principal causa de todo o desastre conjugal.

     A lei carecia de definição e, por isso, pôs grandes dificuldades no caminho das pessoas envolvidas em tais casamentos. O curso que isso segue é a espiral descendente de infelicidade que acompanha toda a restimulação crônica e que apenas conduz ao fracasso e à morte. Um dia haverá, talvez, uma lei muito mais sensata segundo a qual só os não-aberrados possam casar e ter filhos. A lei atual só determina que os casamentos devem ser, na melhor das hipóteses, extremamente difíceis de desfazer. Tal lei é como uma sentença de prisão para o marido, a mulher e os filhos - para todos e para cada um deles.

     Um casamento pode ser salvo clareando os cônjuges das suas aberrações. Uma solução ótima de qualquer modo incluiria isto, pois é muito difícil uma esposa ou um marido, mesmo quando divorciados, elevar-se a qualquer nível de felicidade futura; e quando há filhos, se não for efetuado o clareamento, fez-se uma grande injustiça.

     Normalmente verifica-se, quando ambos os cônjuges de um casamento de mentes reativas são clareados da aberração, que a vida se torna muito mais do que tolerável; isto acontece porque os seres humanos, com frequência, têm uma afeição natural, mesmo quando não houve seleção sexual. A recuperação de um casamento, por meio de clarear os cônjuges, poderá não dar origem a um daqueles grandes amores cantados pelos poetas, mas pelo menos produzirá um nível elevado de respeito e cooperação na direção do objetivo comum de tornar a vida digna de ser vivida. E em muitos casamentos Clareados deste modo descobriu-se que os cônjuges, por baixo da capa suja da aberração, se amavam muito um ao outro.

     Um grande ganho desse clareamento é o bem dos filhos. Quase todo o descontentamento conjugal tem o sexo como o seu principal fator de aberração na Segunda Dinâmica. E qualquer aberração dessas inclui uma atitude nervosa para com os filhos.

     Quando há filhos, o divórcio não resolve nada, mas o clareamento resolve. E com o clareamento vem uma nova página da vida na qual se pode escrever felicidade.

     No caso do casamento de mentes reativas, o clareamento mútuo é muitas vezes complicado por hostilidades escondidas que se encontram por baixo do mecanismo da propiciação. É aconselhável que os cônjuges procurem, fora do lar, interessar um amigo em um intercâmbio de terapia. Se esse clareamento mútuo for iniciado, com os cônjuges a trabalhar um com o outro, é preciso haver muita restrição da ira e ter muita paciência, e o Código do Auditor deve ser severamente seguido. É necessário ter um desprendimento de santo para aguentar com o Tom 1 de um parceiro que, retornado a uma discussão, condimenta as recontagens com mais recriminação. Se precisa de ser feito, isto pode ser feito. No entanto, quando um casal tem tido muitas discussões e dificuldades, é mais fácil se cada um deles procurar um parceiro de terapia fora do lar.

     Além disso, estabelece-se uma espécie de "rapport" entre qualquer auditor e preclear. E terminada a sessão de terapia, o fortalecimento da afinidade natural é tal que um pequeno ato ou uma palavra poderá ser tomado como um ataque selvagem, que resulta numa discussão e na inibição da terapia.

     Considera-se que é melhor os homens serem auditados por homens e as mulheres por mulheres. Esta condição é mudada quando se trata de uma mulher que tem aberrações tão severas a respeito de mulheres que ela sente medo perto delas, ou quando se está a auditar um homem que tem um medo profundo de homens.

     As dinâmicas dos homens e das mulheres são de certo modo diferentes e uma esposa, particularmente se já houve brigas mais ou menos intensas, por vezes acha difícil ser suficientemente insistente para auditar o marido. O marido, no caso comum, poderá auditar sem grande dificuldade, mas quando ele próprio está em terapia, o seu sentimento de que ele tem de ser superior a situação obriga-o a tentar o autocontrole, uma coisa que é impossível.

9.18  O apagamento

     Mais cedo ou mais tarde - se continuar a tentar - você chegará ao básico-básico, o momento mais antigo de "inconsciência" e dor física. Saberá quando o tem, talvez, apenas porque as coisas começam a apagar-se em vez de reduzir. Se o paciente ainda tem um desligamento sônico, você mesmo assim pode apagar: mais cedo ou mais tarde o sônico ligar-se-á, mesmo que isso só aconteça quando o caso estiver quase completado. Mais cedo ou mais tarde, alcançará o básico-básico.

     O procedimento do apagamento é, então, mais ou menos o mesmo que o da abertura. Apague todos os engramas antigos, sempre o mais antigo que puder encontrar, e continue a descarregar engramas de emoção dolorosa na área básica ou nos períodos após o nascimento e os mais recentes na vida. Apague tanto quanto puder encontrar na parte mais antiga do caso, depois libere toda a emoção que puder encontrar mais recentemente no caso (apague tudo em cada engrama que tocar) e depois volte atrás e encontre material antigo.

     O banco de engramas reativo é uma balbúrdia. O arquivista deve ter muita dificuldade com este. Porque as coisas fazem key-in tanto cedo como tarde; às vezes tudo o que ele pode obter é material sob certos tópicos; outras vezes só consegue obter material sob certos somáticos (por exemplo, tudo acerca de dentes); às vezes ele pode avançar ordenadamente no tempo e dar incidentes consecutivos: este último é o procedimento mais importante.

     Enquanto não tiver trabalhado até esgotar cada momento de dor física e descarregado todos os momentos de emoção dolorosa, o caso não se Clareará. Haverá ocasiões em que terá a certeza de estar quase a chegar ao objetivo, só para descobrir, quando entra de novo na área pré-natal, uma nova série de material posto a descoberto pela emoção dolorosa mais recente que você liberou.

     Um dia encontrará um caso que não terá quaisquer oclusões em nenhum lugar da linha do tempo, que já não estará interessado em engramas (os casos de apatia, no começo, não estão interessados; os Clears, no nível mais elevado, também não estão interessados, perfazendo um ciclo, embora o Clear esteja a uma longa distância da apatia), que terá todas as recordações, que computará com exatidão e não cometerá erros (dentro das limitações dos dados de que dispõe) e que, em resumo, terá um banco de engramas esgotado. Contudo, nunca seja demasiado otimista. Continue a procurar até ter a certeza. Observe o caso para se certificar de que ele não exibe nenhumas aberrações a respeito de nada, que as dinâmicas dele são altas e que a vida é boa. Se esta pessoa sente que agora pode resolver todos os problemas da vida, vencer o mundo com uma perna às costas e sentir-se amigo de todos os humanos, você tem um Clear.

     O único modo de você errar é computar com a idéia de que os seres humanos estão cheios de erros, maldade e pecado, e achar que se você tornou um indivíduo menos infeliz e acima do normal, ele deve ser considerado um Clear. Isso é um Liberado.

     Ao batear ouro, é verdade que todo o novato confunde as pirites de ferro (o ouro dos tolos) com ouro. O novato cantará de galo alegremente com um pedaço brilhante de qualquer coisa que lhe apareça na bateia e que, na realidade, vale apenas alguns dólares por tonelada. E depois ele vê ouro de verdade! Assim que vê ouro verdadeiro na bateia, ele sabe qual é realmente o aspecto do ouro. Este é inconfundível.

     Além do fato de a psicometria revelar um Clear como fenomenalmente inteligente, mostrando a sua aptidão e versatilidade como sendo bastante ampla, há outra qualidade: a qualidade humana de um ser humano liberto. Se levar um Liberado através da psicometria, mostrará que ele também está acima do normal. Mas um Clear é um Clear e quando o vir, irá conhecê-lo sem nenhum engano.

     O fato de um Clear já não estar interessado nos seus engramas extintos não quer dizer que ele não esteja interessado nas dificuldades dos outros. O fato de uma pessoa não estar interessada nos seus próprios engramas não demonstra necessariamente um Clear, mas poderá muito bem ser um outro mecanismo: a apatia da negligência. Ter engramas e ignorá-los é uma aberração comum da mente reativa no nível de apatia na Escala de Tom. Não ter engramas e negligenciá-los é uma coisa diferente. Todo o caso de apatia que negligencia os seus engramas como resposta ao seu sofrimento, insistindo que é feliz, insistindo, enquanto se flagela, que ele não tem nada de errado, durante o trabalho, particularmente depois de o básico-básico ter sido levantado, interessar-se-á pelos seus engramas e interessar-se-á mais pela vida. É fácil distinguir o caso de apatia do Clear, pois os dois estão em extremos opostos do espectro da vida: o Clear ascendeu na direção da vitória e do triunfo; o caso de apatia sabe que a vitória e o triunfo não são para ele e explica que estes não valem a pena.

     Qual será a duração da vida de um Clear é uma pergunta que não pode ser respondida agora; pergunte dentro de cem anos.

     Como se distingue um Clear? A que distância está ele do ótimo para o ser humano? Será que ele pode ajustar-se com facilidade ao seu ambiente? E muito mais importante, será que pode ajustar esse ambiente a ele?

     Aos sessenta dias e também aos seis meses, depois de aparentemente ter feito um Clear, o auditor deve fazer uma nova busca por qualquer material negligenciado. Deve interrogar o possível Clear, cuidadosamente, quanto aos acontecimentos do intervalo de tempo que passou. Deste modo, ele pode tomar conhecimento de quaisquer preocupações, apreensões ou doenças que possam ter ocorrido e tentar rastreá-las a engramas. Se ele não conseguir encontrar engramas, então o Clear está definitivamente e sem dúvida Clareado. E ele permanecerá assim.

     No entanto, se um caso fica meramente emperrado e não se conseguem encontrar engramas, embora pareça que há aberração presente, a causa provavelmente encontra-se nas cargas de desespero completamente mascaradas: os engramas de emoção dolorosa. Estes não estão necessariamente depois do nascimento, podem estar dentro do período pré-natal e envolver circunstâncias que são muito secretas - pelo menos de acordo com aquilo que os engramas anunciam. Além disso, alguns casos têm emperrado e têm provado ser "impenetráveis" devido a uma circunstância atual ou do passado recente, que o paciente não revelou.

     Há duas razões que podem atrasar um caso:

  1. A pessoa poderá estar tão aberradamente envergonhada do seu passado ou tão certa de punição se o revelar, que não faz mais nada senão evitá-lo.
  2. A pessoa poderá estar com medo devido à existência de alguma circunstância ou ameaça.

     O auditor não está interessado naquilo que o paciente faz. Ou no que ele fez. Dianética trata, em terapia, exclusivamente o que foi feito à pessoa. O que foi feito pelo paciente não interessa. O auditor que o torna importante está a praticar outra coisa que não Dianética. No entanto, o paciente, devido aos seus engramas, poderá ficar obcecado com a idéia de que tem de ocultar algo da sua vida ao auditor. As duas classes gerais acima descritas abrangem as condições gerais.

     Estas razões ativas, abrangidas por (1) acima, poderão ser coisas como uma sentença de prisão, um homicídio até então desconhecido (embora haja muitas pessoas que pensam ter cometido um homicídio sem nunca terem sequer ameaçado alguém com isso), práticas sexuais anormais ou alguma circunstância desse tipo. O auditor deve prometer não revelar nenhum assunto confidencial, puramente como uma questão de rotina, e explicar o princípio de "feito a, não feito por". E nenhum auditor deve censurar ou troçar de um paciente por ter sido vitimado pelos seus engramas. Em (2), poderá existir alguma pessoa, até a esposa ou o marido, que tenha intimidado o paciente para que mantenha algo secreto. Há um caso recente em que não se fez nenhum progresso, embora muitos incidentes tivessem sido contatados: os incidentes não se reduziam nem apagavam, independentemente de onde estivessem. Descobriu-se que este caso, uma mulher, tinha sido selvaticamente espancada e muitas vezes pelo marido, bem como ameaçada de morte se ela dissesse uma palavra ao auditor sobre estes atos; e no entanto, estes atos continham todas as cargas de desespero do caso e tiveram de ser liberados. Ao ver isto e tendo finalmente suspeitado desta situação, o auditor foi capaz de ganhar a confiança dela e localizar as cargas de desespero. Mesmo que ele não tivesse conseguido a sua confiança, através da restimulação constante das áreas mais recentes da vida, ele teria provocado as suas lágrimas. Num outro caso, uma criança, a recordação dub-in era tão óbvia e as fábricas de mentiras estavam tão ativas, que o auditor por fim compreendeu que ele não estava apenas a tentar penetrar no secretismo de um engrama, mas também no segredo imposto à criança por alguma pessoa próxima. A mãe, neste caso, por causa da idéia de que seria presa, tinha ameaçado a criança furiosamente para que não dissesse nada a respeito do modo como era tratada em casa. Havia mais do que isso por detrás do caso, havia oitenta e uma tentativas de aborto, um número incrível.

     Qualquer coisa interessa ao auditor, se essa coisa se tornou em um engrama. Se a sociedade põe um humano na prisão, se não vai tudo bem em casa, estas coisas são feitas à pessoa. O que a pessoa fez para "merecer" este tratamento não importa.

9.19  O caso de língua estrangeira

     De vez em quando um auditor encontrará um tipo estranho de demora no caso. Ele será incapaz de obter alguma coisa para clarear ou que faça sentido na área pré-natal, e às vezes na área pré-natal e também na infância. Ele poderá ter-se deparado com um "caso de língua estrangeira". Ocasionalmente, a criança não sabe que nasceu de outros pais (que poderão ter falado uma língua estrangeira) que não os que ela tem conhecido como os seus pais. Este, só por si, é um tipo especial de confusão que é muito facilmente resolvida simplesmente percorrendo engramas. É sempre possível que o paciente se esqueça de que os pais falavam outra língua em casa. Uma língua diferente da que o paciente está a usar ou diferente daquela do país em que reside é, de certo modo, uma vantagem: isto dá uma área pré-natal que é muito difícil de restimular, embora esta possa, mesmo assim, estar a atuar sobre a mente do paciente. Mas isto não é uma vantagem para o auditor, que agora tem de lidar com um paciente que não sabe a língua, poderá não ter recordação sônica e que, no entanto, tem um banco de engramas cheio de dados que já tiveram significado e que são realmente a sua língua básica.

     O melhor remédio para tal caso é arranjar um auditor que saiba a língua usada na área pré-natal e também a língua que o paciente está a usar no presente. Outro remédio é aplicar um dicionário ao caso e calcular quais são os ressaltadores, etc. Outra maneira é mandar o paciente retornar ao período da infância vezes suficientes para ele começar a apanhar a língua novamente (abrindo a gaveta de arquivo desta) e depois pedir frases ao paciente que, na língua estrangeira, significariam isto ou aquilo. Gradualmente, ele poderá recuperar essa língua e então esgotar o banco. Este caso só é extremamente difícil quando não houve qualquer uso da outra língua na infância. Se houve algum uso dessa língua na infância, o auditor simplesmente continua a retornar o paciente àquele período na infância em que ele a conhecia, retornando-o depois à área pré-natal: o paciente pode traduzir o que está a acontecer. Os clichês de outras línguas, que não a falada pelo auditor, muitas vezes geram outros significados literais, diferentes dos clichês comparáveis na língua do auditor. Esta diferença de clichê é um agente com muita responsabilidade nas aberrações sociais de uma nação, visto que diferem das de outro país. "Eu tenho calor", diz o espanhol. "Eu sou quente", diz o inglês. Engramicamente, essas frases querem dizer coisas diferentes, apesar de significarem o mesmo para o analisador.


Notas de Rodapé:

19 A banda sensorial pode ser considerada como o lado "mental" do painel de controle; a banda motora, o lado físico.
20 A mudança de valência raramente é usda, exceto quando se suspeita que o paciente não abordará um engrama de outra forma. Por vezes, ele abordará o engrama com a mudança de valência quando se recusa a abordá-lo como ele próprio. A mudança de valência é um tanto indesejável quando usada com um indivíduo sugestionável, porque viola a regra de Dianética de não usar sugestões positivas além das absolutamente necessárias para fazer o paciente retornar, recontar e descobrir dados. Por isso, a mudança de valência raramente é utilizada e menos ainda numa pessoa sugestionável. Deve ser considerada como último recurso e praticada apenas quando o preclear for total e completamente incapaz de confrontar e atacar um engrama de cuja presença o auditor está certo - e isto é raro.