Índice Superior Vai para o próximo: Capítulo 11
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Sempre que o auditor tenha um caso com recordação dub-in ou que está muito carregado de emoção, o caso poderá retornar para a área pré-natal e começar a descrever o cenário. Isto tem causado o espanto e a admiração de alguns observadores. Ali está o paciente dentro do útero e, no entanto, ele pode "ver" o lado de fora. O paciente fala sobre o pai e a mãe, onde eles estão sentados, qual é o aspecto do quarto e, no entanto, ali está ele dentro do útero. Podem-se apresentar algumas belas teorias para isto: uma delas é que o feto torturado desenvolve Percepção Extra-Sensorial (PES), para que possa ver o que vai acontecer a seguir. A PES é uma teoria excelente e alguma observação poderá confirmá-la, mas não no feto.
Devemos lembrar-nos de que o feto, mesmo que tenha células altamente desenvolvidas e inteligentes, ainda não é um organismo verdadeiramente racional. A presença do engrama não signifia necessariamente que o feto possa pensar. O engrama tornou-se mais severamente aberrativo quando a criança finalmente aprendeu a falar. O engrama não é uma memória, mas sim uma gravação de dor e perceptos.
Retornar um humano adulto ou uma criança à área pré-natal, faz retornar àquele ponto uma mente experiente que, ao conetar-se com esses engramas, forma conclusões. Ao ouvir alguns preclears, pensaríamos que eles liam Keats e tomavam limonada todas as tardes, às quatro horas, durante todo o período pré-natal.
Fazer a razão e o poder analítico retornarem a um período em que não havia razão nem poder analítico impinge, naturalmente, muitas idéias ao indivíduo retornado. A única coisa que ele deve percorrer é os engramas e o seu conteúdo. Ele poderá, adicionalmente, por meio de mecanismos de sonho e computação atual, tentar formar um quadro completo do cenário, em tecnicolor.
Esta PES pré-natal de fato não existe. Foi provado, depois de testes consideráveis, que todas as vezes que o preclear retornado pensa ver alguma coisa, esse mesmo cenário é mencionado nos engramas e dá-lhe um quadro imaginário dessa coisa. Por outras palavras, não existe PES pré-natal. Apenas existem descrições e ações que sugerem cenários, e estas sugestões, atuando agora sobre a imaginação, produzem o suposto visio.
Isto é mais crônico em pacientes que têm fábricas de mentiras de alta potência. Quando o auditor vê isto, ele começa a formar uma noção do caso em que está a trabalhar; ele sabe que o dub-in sônico poderá ser usado e que ele deve encontrar e descarregar toda a emoção dolorosa que conseguir alcançar, pois é esta emoção dolorosa que induz um caso a esquivar-se. O auditor pode, então, encontrar a própria fábrica de mentiras, não a fábrica de mentiras da fábrica de mentiras que produz as fábricas de mentiras, mas sim o engrama real que causa toda esta delusão.
No entanto, nunca faça o preclear parar por causa deste material. Não lhe diga que isto é imaginário, isso levará a fábrica de mentiras a fazer um esforço maior. Porque existem aqui computações de compaixão, perdas desesperadas, grande dor pré-natal e abandono na infância. Não seria preciso muita coisa para destruir a pouca autoconfiança que o paciente conseguiu juntar. Por isso, ande com calma, procure cargas de desespero, aliados, engramas de compaixão e apanhe a fábrica de mentiras. Então o caso estabilizará e progredirá para Clear.
Ao abrir um caso, verificou-se ser importante localizar e aliviar todos os engramas causados por qualquer tipo de choque elétrico. Estes parecem produzir um agrupamento de engramas, quer sejam recebidos acidentalmente antes do nascimento (como alguns foram), quer pela mão dos psiquiatras. Qualquer choque elétrico parece ter uma força maior do que a habitual no banco de engramas e este aparentemente desordena os arquivos de memória, tanto dos acontecimentos passados como dos acontecimentos futuros que rodeiam a área do choque. Além disso, o ferimento de choque elétrico contêm uma grande profundidade de "inconsciência" que, daí em diante, manterá a mente analítica em um estado reduzido.
No caso de dois preclears que trabalham um com o outro, cada um assumindo na sua vez o papel de auditor, pode surgir uma condição em que cada um impede o outro de contatar certos engramas.
Por exemplo, o preclear A tem uma computação de aliado a respeito de um cão. Sem o saber, ele procura proteger esse engrama "pró-sobrevivência" em si próprio, apesar do fato de que não o liberar dificultará a terapia. Ao auditar o preclear B, ele tem uma tendência para projetar os seus próprios problemas no preclear B, o que significa que ele tem uma pequena confusão de identidade. Se souber que o preclear B tem algum engrama "pró-sobrevivência" a respeito de um cão, então o preclear A, ao auditar, de fato evitará levar o preclear B a contatar o seu próprio engrama. Trata-se da idéia errônea de que ao deixar B conservar o seu engrama acerca do cão, o A pode reter o seu engrama acerca do cão. Isto é "consentimento tácito". Isto pode ser resumido como sendo um acordo: "Se não me fizeres ficar bom, eu não te farei ficar bom." Devemos precaver-nos contra isto: uma vez que se saiba que esta condição existe e que se manifesta tal relutância em Clarear o outro, o "consentimento tácito" deixa de existir.
Também poderá acontecer que um casal tenha um período mútuo de brigas ou infelicidade. Empenhados em Clarear-se um ao outro, trabalhando alternadamente como auditores, eles evitam, sem o saber mas por computação reativa, esse período mútuo, deixando assim que engramas emocionalmente dolorosos permaneçam no mesmo lugar.
O consentimento tácito não é facilmente reconhecido pelos indivíduos envolvidos nisto e os preclears, alternando como auditores, devem ter muito cuidado com isto, pois tal coisa só pode retardar um caso.
Um caso que não manifeste emoção ou que não possa sentir dor, quando a emoção e a dor deviam estar presentes em algum incidente, está a sofrer de desligamento de "sensação": é muito provável que isto se encontre na área pré-natal. A palavra "sensação" significa tanto dor como emoção; assim, a frase "Não consigo sentir nada" poderá ser um anestésico para as duas coisas.
Se houver uma visão exteriorizada do incidente (em que o paciente se vê de fora e não está dentro de si próprio) ou o que pretende ser "PES" pré-natal, o desligamento emocional provavelmente provém de engramas de emoção dolorosa na vida recente ou pelo menos após o nascimento. Se não houver visão exteriorizada e o paciente está dentro de si próprio e, no entanto, não se manifestar nenhuma dor ou emoção definida enquanto ele está a percorrer um engrama, deve-se suspeitar de um desligamento emocional antigo ou de um desligamento de dor antigo que deve ser localizado pela Técnica de Repetição. Percorra as palavras "Nenhuma emoção" até obter uma paráfrase. Percorra as palavras "Não consigo sentir" ou alguma outra frase com o mesmo sentido e, se os engramas estiverem disponíveis e não estiverem suprimidos por outros, o paciente acabará por responder.
Poderá acontecer que um caso esteja a "trabalhar" muito bem, isto é, os engramas apresentam-se e podem ser percorridos e reduzidos, sem que a emoção se manifeste como parte do conteúdo e com somáticos que são fracos, não sendo tanto dor, mas simplesmente pressão. Se os desligamentos de dor e emoção não cedem ao princípio com a Técnica de Repetição, poderá ser preciso percorrer muitos engramas na área básica, sem dor ou emoção, mas somente com pressão e conteúdo verbal. Nesse caso, acabar-se-á por contatar dor e emoção, e depois disso a terapia é mais benéfica.
Sempre que encontrar um paciente, que esteja retornado, fora de si próprio e vendo-se a si mesmo, esse paciente está fora da linha do tempo. Não se deve dizer-lhe isso, mas as cargas de desespero, isto é, os engramas de emoção dolorosa, devem ser encontradas logo que possível e descarregadas. Isto é um mecanismo mais ou menos parecido com a PES descrita acima.
Nalguns casos, um preclear poderá tentar impingir a telepatia como um fator aberrativo. Isto é como perseguir o arco-íris. Poderá ser que haja telepatia. Mas até agora a pesquisa demonstrou que o feto não recebe nenhuma e, mesmo que a receba, esta não é de modo nenhum aberrativa.
Foram feitos testes exaustivos à telepatia e à PES e, em todos os casos, foi encontrada uma explicação que não precisava de recorrer à leitura do pensamento ou à visão radar.
Quando um paciente tenta dizer ao auditor que ele está a recitar os pensamentos da mãe recebidos antes de nascer, esteja certo de que algures por ali há um engrama em que ela diz essas mesmas palavras, em voz alta. As mães, especialmente quando severamente aberradas e principalmente quando aberradas ao ponto de tentarem o aborto, têm muitos engramas que dramatizam. O poder da dramatização normalmente manifesta-se como monólogos. Algumas mães têm muito que dizer a si próprias, quando sozinhas. Toda esta conversa é, evidentemente, transmitida à criança quando ela é magoada, e ela poderá ser magoada sem que a mãe o seja, como no caso de uma tentativa de aborto. Durante um período de tempo considerável após tal ferimento, a criança normalmente está "inconsciente" e com dor, portanto, grava esses monólogos nos engramas (e muitas vezes a voz é bastante alta). A criança não a ouve: simplesmente fica tudo gravado nas células. Todos esses monólogos são aberrativos e produzem alguns padrões notáveis de insanidade e neurose.
Mas na telepatia não há nada aberrativo, de acordo com o que sabemos atualmente. Por essa razão, o auditor não deve aceitar a telepatia, tal como não aceitaria a PES.
O interior do útero é um lugar muito barulhento. Uma pessoa poderá pensar que tem sônico e, no entanto, não ouvir sons do "útero"; isto significa que ela não tem sônico, mas apenas dub-in. Roncos e ruídos intestinais, água a correr, arrotos, flatulência e outras atividades corporais da mãe produzem um som contínuo.
Este também é muito apertado na parte final da vida pré-natal.
Num caso de tensão arterial alta, é extremamente horrível estar dentro do útero.
Quando a mãe toma quinina, poderá surgir um zumbido agudo nos ouvidos dela e do feto - um zumbido que permanecerá ao longo de toda a vida da pessoa.
A mãe tem enjoos matinais, tem soluços e apanha constipações, tosse e espirra.
A única razão por que alguém "quis voltar ao útero" foi porque outra pessoa bateu na mãe e gritou: "Volta aqui!" e é isso que a pessoa faz.
Os engramas não são arquivados de uma maneira ordenada como acontece em um banco padrão Clareado. Os engramas são arquivados de um modo que desafiaria Alexandre. Por isso, é difícil saber quando aparecerá o item consecutivo correto.
Data, tópico, valor, somático e emoção são os métodos de arquivo.
O retorno do básico-básico poderá parecer uma progressão ordenada para a vida mais recente. Subitamente, uma carga de desespero é acionada e descarregada. O auditor volta a olhar para a área pré-natal e encontra toda uma nova série de incidentes à vista. Recomeça então o progresso, passo a passo, de volta para tempo presente; outra descarga é acionada e outra série de pré-natais aparece à vista. Estes são apagados e progride-se de novo para tempo presente, quando mais uma carga de desespero é liberada, fazendo com que mais pré-natais saltem à vista. Estes são apagados e assim por diante.
O sistema de arquivo de engramas entrega dados por somático, data, tópico, valor ou emoção. Usualmente, o arquivista entrega material com base na data e no tópico. A emoção existente no banco impede o arquivista de chegar a certas séries de incidentes; quando a emoção é descarregada, os incidentes ficam disponíveis e são trazidos para fora, até que outra carga emocional faça parar o arquivista. A inteligência do auditor é mais usada, não para conseguir pré-natais, mas para encontrar estas cargas emocionais na vida mais recente e descarrega-las.
Ao todo, o sistema de arquivo de engramas é muito deficiente, ao contrário do banco padrão. Mas agora que o compreendemos, vemos que este também é muito vulnerável.
Os dados do sistema de arquivo de engramas podem ser apagados. Os dados do banco padrão não podem ser apagados. A dor é perecível; o prazer perdura.
O psicanalista ou o conselheiro geral em relações humanas defronta-se ocasionalmente com um tipo de problema que Dianética, aplicada em pequena quantidade, pode facilmente resolver.
Quando uma pessoa ficou demasiado perturbada com um acontecimento do dia, é possível abordar o problema em questão, para aliviar a sua perturbação, com poucos minutos de trabalho.
Uma mudança súbita no aspecto de um paciente, uma diminuição súbita da sua serenidade, geralmente provém de algum incidente que lhe causou angústia mental. Apesar de esta mudança mental ter a sua fonte na restimulação de um engrama, o momento de restimulação, que é um lock, poderá ser abordado e aliviado com sucesso.
Usando a rêverie ou simplesmente dizendo ao paciente que feche os olhos, o analista pode pedir-lhe que retorne e esteja no instante em que foi perturbado. Esse instante poderá ser no mesmo dia ou na mesma semana que a visita ao escritório. Será descoberto um momento de desligamento analítico, em que alguma pessoa ou circunstância restimulativa perturbou o equilíbrio do paciente. Este momento é um lock. Normalmente, este lock pode ser recontado como engrama e a fonte de tensão mais recente será aliviada, de modo que o trabalho possa continuar. O engrama em si, do qual o lock depende, poderá não estar acessível sem uma abordagem completa do problema com Dianética.
O auditor, ao encontrar um paciente muito perturbado muitas vezes pode poupar tempo aliviando o lock que causou a perturbação presente do preclear.
Localizar locks de um modo extensivo não é compensador do ponto de vista de Dianética, pois há milhares deles em cada caso. Localizar o último lock, que está a atrapalhar o trabalho, poderá ser benéfico.
Por ser muito importante, o mecanismo de redução de um engrama de emoção dolorosa tardio deve ser especificamente detalhado.
As aplicações da redução em engramas tardios são vastas e variadas. Quando o auditor se meter em apuros com o seu preclear, por causa de alguma violação do Código do Auditor, ele pode tratar a violação como um engrama de emoção dolorosa e reduzi-lo, e nesse momento o efeito do seu erro desaparecerá no preclear. O auditor simplesmente retorna o preclear a esse erro e percorre o erro em si como um engrama. Quando o marido brigou com a esposa, ou ela descobriu alguma coisa desagradável a respeito das atividades dele, ele pode tratar a briga ou essa descoberta como um engrama de emoção dolorosa e liberá-lo, do que resultará a esposa não se preocupar mais com o assunto. Quando o cão de um miúdo acabou de ser atropelado, o incidente pode ser tratado como um engrama de emoção dolorosa e liberado. Quando a esposa do preclear acabou de o abandonar, trate o abandono como um engrama de emoção dolorosa e libere-o. Seja qual for o choque ou transtorno, este pode ser reduzido em um indivíduo pela técnica regular da redução e o indivíduo deixará de ser incomodado com este, em termos de emoção dolorosa.
Não importa se o engrama ocorreu há duas horas ou há dez anos, a emoção dolorosa que este contêm pode ser reduzida. Este engrama é percorrido como qualquer outro engrama, começando no início do primeiro choque, com o paciente retornando a este e continuando ao longo deste o bastante para abranger adequadamente o seu primeiro impacto.
O aspecto desta redução é um padrão que não varia muito. Se as notícias lançaram o indivíduo em apatia, então à medida que o recontar (se não houver um desligamento emocional severo noutro lugar), ele progredirá através do incidente, talvez uma ou duas vezes, antes de contatá-lo adequadamente. Depois virão as lágrimas e o desespero da apatia. Mais dois ou três repasses deverão trazer à tona a ira. Então, mais recontagens (sempre do início ao fim como reexperiência) fazem subir o tom para aborrecimento. Mais recontagens devem trazê-lo para a liberação de Tom 3 ou 4 ou, de preferência, o riso.
Esta progressão dos tons é a chave que levou ao estabelecimento da Escala de Tom de 0 a 4. Um Tom 4 é riso.
Às vezes há um estágio, na área de Tom 2, em que o paciente começa a mostrar descontração e irreverência. Isto não é o Tom 4, isto denota a presença de mais dados. Ele poderá resistir à recontagem neste ponto, dizendo que o incidente está liberado. O auditor deve insistir em mais recontagens sempre que verificar que o preclear não está disposto a recontar de novo, pois há aqui dados a serem suprimidos e há a presença de mais carga. Verifica-se que geralmente a irreverência é um mecanismo de fuga e às vezes é expressa exatamente com as palavras que ainda estão escondidas. Fazem-se então mais recontagens (sem que o auditor insista em que sejam encontradas palavras específicas) até que o paciente chegue ao Tom 4.
Temos aqui, em esboço, o comportamento de todo o banco de engramas no processo de terapia. O banco inteiro sobe do seu nível de tom inicial até chegar ao Tom 4, subindo cada vez mais à medida que vão sendo apagados ou reduzidos cada vez mais engramas. No entanto, a subida do banco não se faz segundo uma curva ascendente suave, porque serão contatados novos engramas que contêm apatia e alguns contêm maníacos. Contudo, o engrama de emoção dolorosa faz uma subida bastante suave. Se de fato vier a liberar-se, este subirá pela escala. Se não subir pela escala - de apatia para ira, de ira para aborrecimento, de aborrecimento para alegria ou, pelo menos, para não preocupação - é porque está suprimido por um incidente com conteúdo semelhante.
Um engrama poderá começar no Tom 1 - ira - e subir a partir desse ponto. Se verificar que este está no Tom 2 logo no começo - aborrecimento - dificilmente será um engrama.
Este poderá, contudo, estar em um Tom 2 falso e estar suprimido por outros dados, de modo que o paciente meramente aparenta aborrecimento e indiferença a respeito do engrama. Algumas recontagens poderão produzir a sua liberação e nessa altura este decairá instantaneamente para apatia - Tom 0 - e depois subirá na escala dos tons. Ou então poderá ser necessário contatar outro engrama.
O ser físico inteiro segue esta Escala de Tom no decurso da terapia. O ser mental segue esta Escala de Tom. E os engramas de emoção dolorosa também a seguem.
Num apagamento, lá em baixo na área básica ou quando se vem do básico-básico, dois ou três repasses apagarão um engrama de qualquer espécie, exceto se este for o básico de uma nova cadeia de incidentes semelhantes. Mas os engramas que não mostram emoção em qualquer ponto da linha do tempo estão suprimidos por desligamentos de emoção ou de sensação, emoção dolorosa tardia ou engramas antigos que, em poucas palavras, simplesmente desligam a dor ou a emoção.
Um caso deve ser mantido "vivo". Deve haver variação da emoção. Às vezes é necessário uma recontagem monótona na área básica, ou seja, uma recontagem que não varia o tom engrâmico mas que meramente reduz. Mas sempre que um paciente se torne ordenado, "bem treinado" e não expresse qualquer preocupação com os seus engramas quando os reconta, há emoção dolorosa tardia para ser extraída ou um desligamento emocional anterior. Inversamente, se o paciente se mantiver continuamente demasiado emotivo por tudo e por nada, se chora por algum tempo e em seguida ri histericamente, a terapia está a atuar. Mas deve-se estar atento a alguma coisa engrâmica na área pré-natal dizendo que ele tem de ser "demasiado emotivo", ou seja, ele tem engramas que o tornam emotivo através do seu conteúdo de comando.
A Escala de Tom é muito útil e é um bom guia. Esta será mais proeminente na redução de engramas pós-fala, mas também aparecerá antes disso.
Qualquer engrama de emoção dolorosa pode ser percorrido. Se estiver a reduzir adequadamente e não estiver suprimido noutro lugar, este subirá pela Escala de Tom acima até ao Tom 4.
Se, ao repetir uma frase dada pelo auditor, o paciente não se mover para um incidente, três coisas podem estar erradas: primeira, o paciente não consegue mover-se na linha do tempo; segunda, a frase poderá estar a ser sensatamente retida pelo arquivista até ao momento em que possa ser clareada; ou terceira, a frase não existe como material engrâmico.
O paciente também poderá ter engramas fortes de "controla-te", que se manifestam por meio de ele arrancar o controle ao auditor, tornar-se muito mandão ou simplesmente recusar-se a cooperar. A Técnica de Repetição, quando dirigida a "controla-te" e "tenho de operar" e frases relacionadas, pode então funcionar.
A razão usual para que a Técnica de Repetição não funcione é que o paciente está em um segurador. Se ele estiver retornado, mas não se deslocar na linha do tempo quando lhe é aplicada a Técnica de Repetição, use a Técnica de Repetição em seguradores.
Lembre-se de que um desligamento de "sensação" pode negar todos os somáticos, de tal maneira que o paciente não os sente. Se o paciente parecer insensível a dificuldades na linha do tempo, ele tem com certeza um desligamento de sensação.
Uma grande carga emocional também poderá inibir a Técnica de Repetição.
A banda somática não entra bem nas cargas emocionais (engramas de emoção dolorosa) estando, portanto, indicada a Técnica de Repetição.
Se a Técnica de Repetição não funcionar, embora isto raramente seja necessário, poder-se-á pedir ao paciente que imagine "a pior coisa que poderia acontecer a um bebê" e assim por diante, podendo-se recolher, a partir da sua conversa, novas frases para trabalho de repetição que levarão o paciente a entrar em um engrama.
Tanto as palavras como os engramas existem em cadeias. Há sempre uma primeira vez em que cada palavra é gravada na vida de uma pessoa. Poderá encontrar-se toda a língua comum dentro do banco de engramas. As possíveis combinações dessa língua comum poderão estar muito próximas do infinito. Os modos como os vários negadores, ressaltadores, e outros, podem ser formulados são sempre incontáveis.
Existem, no entanto, dois fatos "felizes" para diminuir a labuta do auditor. Primeiro, as dramatis personae dos seus engramas estão, nesta data, aberradas. Cada aberrado tem dramatizações padrão que ele repete, vez após vez, em situações restimulativas. Por exemplo, a reação do pai à mãe é repetitiva: se ele diz um conjunto de frases em determinada situação engrâmica, ele dirá as mesmas frases em situações semelhantes subsequentes. Se a mãe, por exemplo, tem uma atitude acusadora para com o pai, então essa atitude será expressa em determinados termos e esses termos aparecerão em engrama após engrama. O segundo fato é que, nos casos em que o pai ou a mãe maltrata o outro cônjuge, este último acabará por sofrer o contágio da aberração e repetirá as frases do primeiro. Num primogênito, em que esteja presente a brutalidade dos pais, é possível observar os pais através dos engramas do paciente e ver, tanto o pai como a mãe, a adoptar gradualmente as frases do outro, quer para se preocuparem acerca de si mesmos, quer para voltar a usá-las. Tudo isto tende a fazer os engramas aparecerem em cadeias de incidentes, cada incidente muito parecido com o seguinte. Quando se tem o básico em cada tipo de cadeia, os incidentes subsequentes nessa cadeia são suficientemente semelhantes para permitir que muitos incidentes sejam reduzidos ou apagados imediatamente após a descoberta do primeiro. O primeiro incidente da cadeia, o básico dessa cadeia, mantém os outros mais ou menos no lugar e invisíveis; portanto, o objetivo é o básico da cadeia.
Pode-se verificar que cada palavra no banco foi entregue a este numa primeira ocasião. As palavras também se reduzem por cadeias, com a vantagem de que cada aparecimento subsequente da palavra no banco localiza automaticamente um novo engrama, o qual, evidentemente, é reduzido ou apagado assim que é contatado ou assim que o seu básico puder ser localizado.
A técnica da palavra única é muito valiosa e útil. É um tipo especial de Técnica de Repetição. Na maior parte dos pacientes, o fato de repetirem, sozinhos, uma palavra fará com que as palavras associadas se insinuem. Assim, pedimos ao paciente que repita e retorne na palavra esquecer. Ele começa a repetir a palavra esquecer e, em breve, tem um conjunto de palavras associadas formando uma frase como: "Tu nunca me vais esquecer". Aqui temos uma frase que está em um engrama e o resto do engrama pode então ser percorrido.
Quando foi preciso contatar um engrama tardio para fazer progredir um caso e, no entanto, este não se aliviou, é possível tomar cada palavra ou frase desse engrama tardio e percorrê-la para trás com a Técnica de Repetição. Assim, os engramas anteriores, que mantêm este engrama tardio no lugar, podem ser localizados e reduzidos e, por fim, ter-se-á reduzido o próprio engrama tardio. Esta, por acaso, é uma prática comum e útil.
Há uma lei acerca disto: Quando qualquer frase ou palavra em um engrama não se reduz, a mesma frase ou palavra ocorre em um engrama anterior. Poderá ser necessário descarregar emoção tardia para obter a frase anterior, mas normalmente a repetição da palavra única ou a repetição de uma frase conseguirá obtê-la.
Há apenas algumas dúzias de palavras necessárias para obter praticamente qualquer engrama. Estas seriam as palavras chave para a repetição. São palavras como estas: esquecer, lembrar, memória, cego, surdo, mudo, ver, sentir, ouvir, emoção, dor, medo, terror, assustado, suportar, aguentar, deitar, apanhar, vir, tempo, diferença, imaginação, certo, escuro, preto, profundo, para cima, para baixo, palavras, cadáver, morto, podre, morte, livro, ler, alma, inferno, deus, apavorado, desgraçado, horrível, passado, olhar, tudo, toda a gente, sempre, nunca, em toda a parte, todos, acreditar, escutar, matéria, procurar, original, presente, atrás, cedo, começo, segredo, dizer, morrer, encontrado, compaixão, maluco, doido, insano, livrar, lutar, punho, peito, dentes, queixo, estômago, dolorido, miséria, cabeça, sexo, palavrões sobre sexo e obscenidades, pele, bebê, isso, cortina, casca, barreira, parede, pensar, pensamento, escorregadio, confuso, misturado, esperto, pobre, pequeno, doente, vida, pai, mãe, nomes de família dos pais e quaisquer outros nomes no meio doméstico durante os períodos pré-natal e de infância, dinheiro, comida, lágrimas, não, mundo, desculpa, parar, rir, ódio, ciumento, vergonha, envergonhado, covarde, etc.
Ressaltadores, negadores, seguradores, agrupadores, desorientadores, etc., cada um tem as suas palavras em comum e estas são poucas.
O ressaltador conteria: fora, para cima, voltar, ir, tarde, mais tarde, etc.
O segurador conteria: apanhar, apanhado, armadilha, agarrado, para, deita-te, senta-te, fica, não posso, preso, fixo, segurar, deixar, trancar, trancado, vir, etc.
O agrupador conteria: tempo, juntos, de uma vez, diferença, etc.
Onde a técnica da palavra única brilha mais é no caso Júnior, em que o paciente tem o nome de um dos pais ou avós. Ao obliterar o nome do paciente nos engramas pré-natais (onde este é aplicado a outra pessoa, mas é mal interpretado pelo paciente como sendo ele próprio), o paciente pode recuperar a sua própria definição e valência. Use sempre o primeiro e o último nome do paciente (separadamente) como um repetidor, seja ele um Júnior ou não.
Se o banco de engramas estiver em branco numa frase, provavelmente não estará em branco numa palavra comum. Qualquer dicionário pequeno fornecerá uma ampla provisão para a técnica da palavra única. Use também qualquer lista de nomes próprios familiares, masculinos e femininos, e poderá descobrir aliados ou amantes, que doutro modo seriam incontatáveis.
O engrama de emoção dolorosa às vezes cede lentamente por meio de simplesmente dirigir a banda somática para este. Às vezes o paciente tem dificuldade em se aproximar de uma área sobrecarregada. A técnica da palavra única usando o nome do aliado, se conhecido, ou palavras de compaixão, carinho, morte, rejeição ou despedida e, especialmente, o nome carinhoso do paciente quando criança, frequentemente trará resultados rápidos.
A propósito, ao usar a Técnica de Repetição, de palavra ou frase, o auditor não deve agitar demasiado o caso. Tome aquilo que aparece e reduza-o. Reduza o somático manifestado pela pessoa quando ela entra em rêverie e tente sempre encontrá-lo por algum tempo, mesmo que não o consiga. Se agitar alguma coisa ao descer por uma cadeia, que depois não se reduz, tome nota dela para que seja reduzida quando tiver o básico.
Usando a técnica da palavra única obtêm-se frequentemente frases que de outro modo permaneceriam escondidas, mas que saltam à vista quando se toca na palavra chave. Por exemplo, ao usar "querer" como palavra única, vieram ao de cima as frases que a seguiam e que tinham impedido completamente o progresso do caso. Não se estava a fazer nenhum esforço para contatar tal engrama na área pré-natal. De fato, nunca se tinha suspeitado da existência da cadeia de "brigas", visto que o paciente nunca a tinha dramatizado; e devido à existência de uma cadeia pré-natal de brigas tão violentas, o fato de os pais do preclear brigarem violentamente em casa tinha sido totalmente riscado dos bancos padrão, de tal modo que se isto lhe tivesse sido sugerido, ele teria ficado chocado e muito surpreendido, e teria negado tal coisa. O somático era invulgarmente severo, causado pelo pai ajoelhando-se em cima da mãe e sufocando-a.
O paciente repetiu "querer" várias vezes e o auditor pediu-lhe que retornasse a um incidente contendo aquela palavra. O paciente continuou a repetir e então, subitamente, mergulhou em um torpor quando alcançou a área pré-natal. Ele continuou nesse boil-off durante cerca de trinta minutos e, então, com o auditor despertando-o ocasionalmente para o fazer repetir a palavra "querer", o preclear manifestou um forte somático. "Querer" transformou-se em "Podes crer que ficas aqui!" O somático tornou-se mais forte e "Podes crer que ficas aqui!" foi repetido, até que o paciente pudesse mover-se livremente na linha do tempo, através do engrama. Ele contatou a voz do pai e teve muita relutância em continuar com o engrama, devido à intensa violência emocional do mesmo. Persuadido e levado a entrar neste gradualmente pelo auditor, o engrama foi recontado:
Pai: "Podes crer que ficas aqui! Fica deitada, maldita cadela! Desta vez vou-te matar. Disse que o fazia e vou mesmo. Toma!" (Somático intensificado à medida que o joelho se afundava no abdômen da mãe.) "É melhor começares a gritar. Vá lá, pede misericórdia! Por que é que não te vais abaixo? Não te preocupes, vais acabar por ir abaixo! Vais andar por aí a chorar pelos cantos, a implorar por misericórdia! Quanto mais gritares pior vais ficar. É isso que eu quero ouvir! Eu sou um inútil, não sou? A inútil és tu! Podia acabar contigo agora, mas não vou fazer isso! (Subitamente o auditor tem um problema com o paciente, pois ele toma a última frase literalmente e para a recontagem; o auditor fá-lo recomeçar.) Isto é só uma amostra! De onde veio isto, há muito mais! Espero que doa! Espero que isto te faça chorar! Se disseres uma palavra disto a alguém, mato-te a sério! (O paciente agora esta a avançar com uma carga emocional tão grande, que os comandos atuam menos sobre ele. Este comando para ficar calado é ignorado.) Vou-te partir a cara. Tu não sabes o que é ser ferida! (O somático diminui com a remoção do joelho.) Sei o que vou fazer contigo agora! Vou-te castigar. Eu vou-te castigar e Deus também te vai castigar! Vou-te violar! Vou enterrar isto em ti e rasgar-te! Quando eu te mandar fazer uma coisa, tens de a fazer! Sobe para a cama! Deita-te! Fica quieta! (Há um estado de ossos quando ela leva um soco na cara. A tensão arterial sobe e magoa o bebê.) Deita-te quieta! Vais ficar aqui para sempre! Vou acabar com isto! Tu és suja! Suja e doente! Deus castigou-te e agora sou eu que te vou castigar! (O somático do coito começa com muita violência, magoando mais o bebê.) Tens alguma coisa terrível no teu passado! Tu achas que tens de ser mesquinha comigo! Tu tentas fazer-me sentir que eu não valho nada! Tu é que não vales nada! Toma, toma!" (Enxurrada de banalidades sexuais gritadas durante cerca de cinco minutos.)
O paciente recontou isto três vezes e apagou-o. Era o básico-básico! Três dias depois da concepção, segundo o que se pôde determinar pelos dias subsequentes até à falta do período menstrual. Isto trouxe à tona quase todos os outros dados importantes do caso, que então se resolveu e foi Clareado.22
A palavra única poderia ter feito o paciente ir parar a algum dos outros "quereres" no caso. Se isso acontecesse, seria necessário apanhá-lo no seu momento mais antigo, porque senão o resto do engrama poderia não se apagar ou reduzir.
A palavra "querer" também poderia ter feito o paciente ir parar a um período mais tarde na linha do tempo. Nesse caso, os engramas teriam de ser procurados mais atrás, até se encontrar um que se apagasse, reduzindo cada um à medida que fosse encontrado, até se chegar ao mais antigo e nessa altura todos se apagariam.
Ao usar a repetição da palavra única, tal como na repetição de frase, o auditor não deve permitir uma repetição rápida e sem intenção, mas sim uma repetição lenta, enquanto o auditor pede à banda somática que retorne àquele período e pede ao paciente que contate qualquer outra coisa que se poderá associar com a palavra.
Precaução: Se o paciente não se está a mover na linha do tempo, não lhe dê palavras ou frases de repetição ao acaso, pois essas empilharão engramas no ponto em que o paciente está preso. Faça apenas tentativas para fazer o paciente mover-se na linha do tempo, descobrindo e reduzindo a frase que o está a prender.
Precaução: O básico-básico nem sempre contêm palavras, sendo muitas vezes apenas doloroso e acompanhado de sons uterinos. Não obstante, este manterá tudo no lugar através dos seus percépticos.
Existem várias classes distintas de comandos. Estas são delineadas aqui para uma consulta fácil, com alguns exemplos de cada.
Os comandos aberrativos podem conter qualquer coisa. O auditor não se preocupa muito com eles. Voltemos ao jovem do casaco, na parte dois deste livro, e ali encontramos, sob a forma de comandos hipnóticos, alguma idéia do que são comandos aberrativos. "Sou um pássaro jub-jub", "Não consigo assobiar a música Dixie", "O mundo está todo contra mim", "Detesto polícias", "Sou a pessoa mais feia do mundo", "Não tens pés", "O Senhor vai castigar-me", "Tenho de estar sempre a brincar com a minha coisa" poderão parecer muito interessantes para o paciente e até divertidos para o auditor, mas poderão ter causado uma quantidade considerável de dificuldades na vida do paciente. No que se refere à terapia de Dianética, todos estes comandos aparecem na devida altura. Procurar uma aberração ou um somático específico às vezes tem interesse e alguma utilidade, mas geralmente não é importante. Estes comandos aberrativos poderão conter dados suficientes para transformar o paciente em um fanático furioso, em um paranóico ou em um peixe-gato, mas para o auditor não significam nada. Estes aparecem no seu devido tempo. Trabalhar nestes, ou à volta destes, é de uma importância secundária e ainda menos do que isso.
A atividade primária do auditor, em qualquer caso, é manter o paciente a mover-se na linha do tempo, manter a sua banda somática livre para ir e vir e reduzir engramas. Assim que o paciente agir ou responder como se não estivesse a mover-se, ou assim que o arquivista não fornecer dados, então alguma coisa está mal e essa coisa tem a ver com algumas classes de frase: os engramas contêm milhares dessas frases, formuladas de vários modos, mas há apenas cinco classes.
"Deixa-me em paz", que significa literalmente que ele tem de deixar o incidente em paz.
"Não posso dizer" significa que ele não lhe pode falar desse engrama.
"É difícil dizer" significa que é difícil dizer.
"Não quero saber" significa que ele não deseja conhecer este engrama.
"Esquece isso" é o clássico da subclasse de negador, o mecanismo esquecedor. Quando o engrama simplesmente não salta à vista, mas há um somático ou um estremecimento muscular, mande a banda somática para o negador. Muitas vezes é "Esquece isso" ou "Não me consigo lembrar", como uma parte do engrama. "Não sei o que se está a passar" poderá ser a Mamã a dizer alguma coisa ao Papá, mas o analisador do preclear, a quem isto foi impingido, depois não sabe o que se está a passar.
"Isso está para além de ruim" significa que ele está mesmo ali, mas ele pensa que não está.
"Agarra-te a isto, isto é a tua vida!" Torna o engrama "vital" para a existência.
"Não pode ser alcançado", "Não consigo chegar lá", "Ninguém deve saber", "É um segredo", "Se alguém descobrisse, eu morreria", "Não fales" e milhares de outros.
O segurador é o mais frequente e o mais usado, visto que quando o preclear não pode deslocar-se na linha do tempo ou vir para o presente, ele está em um segurador. Um segurador combinado com um negador ainda segurará: se este não puder ser encontrado, procure primeiro o negador e depois o segurador.
"Estou preso" é a frase clássica.
"Estou embaraçada" não significa, para o preclear, o mesmo que para a Mamã quando ela o disse. Para ela, isso poderá significar que está grávida, mas para o preclear, isso diz que ele está preso na linha do tempo.
"Não te movas", "Senta-te aí até eu te mandar mexer", "Pára e pensa." (Quando esta última frase é expressada numa primeira recontagem, o auditor poderá ter de fazer o paciente começar a mover-se de novo, pois ele faz exatamente isso: pára e pensa, ficando ali parado, a pensar por algum tempo. Ao trabalhar um caso, o auditor verá esta estranha obediência a este contra-senso literal.)
E milhares de outros. Qualquer maneira em que as palavras compreendidas literalmente podem parar uma pessoa ou impedi-la de mover-se.
A melhor maneira de demonstrar o ressaltador é por meio de uma curva. O preclear vai para trás até entrar na área pré-natal e depois encontra-se nos dez anos de idade ou mesmo em tempo presente. Isso é um ressaltador em ação. O preclear vai para o princípio da linha do tempo: o ressaltador diz volta para cima.
Quando o preclear parece não poder ir mais para trás, existe um ressaltador a expulsá-lo de um engrama. Peça-lhe um comentário sobre o que se está a passar. Tome o comentário ou alguma frase que seria um ressaltador e use a Técnica de Repetição até que ele volte a descer para o engrama. Se ele o contatar com facilidade, este não voltará a fazê-lo ressaltar.
"Sai daqui" é o ressaltador clássico. Normalmente, o paciente volta a tempo presente.
"Não posso voltar atrás neste ponto" poderá significar que a Mamã decidiu que afinal terá de ter o bebê ou terminar o aborto, mas para o preclear isto significa que ele tem de avançar na linha do tempo ou que não pode alcançar algum período mais antigo.
"Põe-te a milhas." ("Raspar-se" não seria um ressaltador, pois significaria que o preclear deve raspar o engrama.)
"Tenho de ir para muito, muito longe" e ele assim faz.
"Estou a ficar alto", "Vir ao de cima" "Subir mais alto".
O agrupador é o pior de todos os tipos de comando. Este pode ser expresso em frases tão variadas e o seu efeito é tão sério na linha do tempo, que pode enrolá-la toda numa bola e então todos os incidentes parecem estar no mesmo lugar. Isto torna-se evidente assim que o preclear esbarra com um destes. Não será fácil descobrir o agrupador, mas este tornar-se-á evidente à medida que o caso progride e o caso pode ser trabalhado com um agrupador em restimulação.
"Não tenho tempo" e "Não há diferença nenhuma nisso" são os agrupadores clássicos.
"Vem-me tudo ao mesmo tempo" quer dizer exatamente isso.
"Junta-se tudo lá dentro", "Fica apertado", "Enrola-se numa bola", "Está tudo aqui".
"Tu podes lembrar-te de tudo isto em tempo presente" (um erro de auditor grave se ele usar isto com um paciente sugestionável, pois enredará maravilhosamente um caso).
"Estou enleado", "Mete tudo lá para dentro ao mesmo tempo", "Não há tempo" e milhares de outros.
O desorientador é um personagem insidioso. Quando aparece em um engrama, o paciente vai em direções erradas, para lugares errados, etc.
"Tu estás a fazer isso tudo ao contrário."
"Agora vai tudo para cima" é um agrupador e um desorientador.
"Estão sempre a mandar-me isso cá para cima" põe o preclear uma certa distância mais adiante na linha do tempo e ele tenta apanhar engramas a partir daí.
"Não podes descer" é parcialmente ressaltador e parcialmente desorientador.
"Não conseguimos chegar ao fundo disto" mantém-no fora do básico-básico.
"Podes começar de novo" impede-o de terminar a recontagem e, consequentemente, ele volta ao princípio do engrama em vez de o percorrer.
"Não posso passar por isso de novo" impede-o de recontar.
"Não te posso dizer como isto começou" mantém-no a começar os seus engramas no meio e depois estes não se reduzirão. Existem muitas frases assim.
"Vamos assentar" e todos os "assentamentos" fazem-no deslizar para trás na linha do tempo.
"Estou a ficar constipado" põe o aberrado em um engrama de constipação comum. Pode-se contar com que isso torne cada constipação ainda pior.
"Volta para aqui" é realmente um chamador, mas dirige o paciente para longe de onde ele devia estar. Um paciente que chega a tempo presente com dificuldade e depois começa a voltar para trás tem um "Volta para aqui" ou um "Vamos assentar".
"Para baixo e para fora" orienta-o mal, não só para longe do tempo presente, mas para o fundo da linha do tempo e para fora dela. Este é um desorientador e um descarrilhador ao mesmo tempo.
"Não me podes ultrapassar" é um desorientador do tipo inversor.
"Não sei se estou a ir para cima ou para baixo" é a frase clássica.
"Estou todo virado do avesso."
Um caso especial é o descarrilhador que o "faz sair da linha" e que o faz perder o contato com a sua linha do tempo. Esta é uma frase muito séria, visto que pode produzir um esquizofrênico e encontra-se sempre alguma coisa deste gênero na esquizofrenia. Algumas das suas frases atiram-no para outras valências que não têm linha do tempo própria, algumas meramente removem o tempo, outras atiram-no fisicamente para fora do tempo.
"Eu não tenho tempo nenhum" é um descarrilhador e também um agrupador.
"Estou aqui ao lado" significa que ele agora é duas pessoas, uma ao lado da outra.
"Tenho de fingir que sou outra pessoa" é uma frase chave para a confusão de identidades.
"Estás fora do tempo" e muitas mais.
Há um outro caso especial de desorientador. O auditor diz ao preclear que vá para "tempo presente" e o arquivista entrega uma frase contendo a palavra "presente". Não importa se o "presente" na frase era um presente de Natal; se isto estiver na área pré-natal, o preclear vai para lá, ignorando aquilo que o auditor quis dizer.
"Está tudo presente" é uma frase maléfica, que põe tudo em tempo presente.
E outras. "Agora" às vezes é confundido com o tempo presente, mas não frequentemente. O auditor não deve dizer: "Vem para o agora", porque se o fizer, encontrará mais "agoras" do que aqueles com que poderia facilmente lidar. "Presente" é uma palavra engrâmica mais rara e, portanto, é a usada. "Agora" aparece com demasiada frequência.
Verificou-se que muitas pessoas severamente aberradas, que tinham pouca memória do passado, estavam inteiramente fora das suas linhas do tempo, regressadas à área pré-natal e presas, quando se abriu o caso. Quanto às suas faculdades mentais, elas só tinham alguns meses de passado, entre o ponto em que estavam e a concepção. E, no entanto, essas pessoas tinham de algum modo conseguido funcionar como normais.
As cargas emocionais normalmente mantêm a pessoa fora da sua linha do tempo e, de fato, são as únicas coisas que, segundo as descobertas atuais, dão qualquer poder a estes comandos engrâmicos.
Há dois axiomas acerca do funcionamento da mente com os quais o auditor deve estar familiarizado.
O primeiro axioma é de interesse para o auditor no seu trabalho, porque com este ele pode verificar, claramente, se está ou não a confrontar uma reação racional. A menina de sete anos que se arrepia porque um homem a beija não está a computar; ela está a reagir a um engrama, pois aos sete anos não devia ver mal nenhum em um beijo, nem mesmo em um beijo apaixonado. Deve ter havido uma experiência anterior, possivelmente pré-natal, que tornou os homens ou os beijos muito maus. Todos os desvios da racionalidade ótima são úteis para localizar engramas. Todos os medos irracionais, e por aí fora, são peixes que vêm à rede do auditor. O auditor, com a lei acima, deve estudar, também, a Equação da Solução Ótima. Qualquer desvio do ótimo é suspeito. Embora ele se importe pouco com aberrações, por vezes um caso ficará emperrado ou parecerá não ter engramas. Ele então pode observar a conduta do seu paciente e as suas reações à vida para obter dados.
A segunda lei é a contribuição de Dianética para a lógica. No texto filosófico isto é tratado mais extensamente. O pêndulo de Aristóteles e a sua lógica bivalente foram abandonados, não por alguma aversão a Aristóteles, mas porque havia necessidade de parâmetros mais amplos. Um desses parâmetros foi o princípio do espectro, no qual se usou gradações de zero a infinito e de infinito a infinito, e se considerou os Absolutos totalmente inatingíveis para propósitos científicos.
No segundo axioma pode-se conceber que a mente reconhece diferenças muito amplamente e com muita precisão no ponto em que mais se aproxima da plena racionalidade e depois, à medida que se afasta da racionalidade, esta percepciona cada vez menos diferenças, até que por fim, chega muito perto da incapacidade total para computar qualquer diferença de tempo, espaço ou pensamento, podendo-se assim, considerá-la completamente insana. Quando isto segue um único pensamento, como a afirmação geral de que "Todos os gatos são iguais", ela está desatenta ou está insana, pois não é verdade que todos os gatos sejam iguais, mesmo dois gatos que tenham o mesmo aspecto, se comportem e soem da mesma maneira. Poder-se-ia dizer: "Os gatos são praticamente iguais" e ainda se estaria a lidar com um pensamento bastante irracional. Ou poder-se-ia reconhecer que havia uma espécie chamada Felis catus, mas que dentro desta os gatos eram decididamente diferentes, não somente de raça para raça, como de gato para gato. Isso seria racionalidade, não porque se usou o latim, mas porque era possível ver as diferenças entre os gatos. O medo dos gatos tem como fonte um engrama que normalmente não inclui mais do que um gato e esse é um gato muito específico, de uma raça específica, com uma certa (ou talvez incerta) personalidade. O preclear que tem medo de todos os gatos, na realidade, tem medo de um só gato e é um gato que muito provavelmente já está morto há muitos anos. Assim, à medida que nos afastamos da plena racionalidade, descendo para a irracionalidade, há uma diminuição das diferenças até que estas quase que desaparecem e se tornam semelhanças e identidades.
O silogismo de Aristóteles, segundo o qual duas coisas iguais à mesma coisa são iguais entre si, simplesmente nem chega a funcionar na lógica. A lógica não é aritmética, que é uma coisa artificial inventada pelo ser humano e que funciona. Para resolver um problema de lógica, a mente vagueia através de uma enorme massa de dados e computa com dúzias e mesmo centenas de variáveis. Esta não pensa, e nunca pensou, na base de que duas coisas iguais a uma terceira são iguais entre si, exceto ao empregar a matemática que a mente concebeu, para melhor resolver problemas abstratos. É uma verdade abstrata que dois e dois é igual a quatro. Quais dois de quê e dois de quê é que são iguais a quatro? Não se fez nenhuma escala, não há nenhuma medida, nem calibrador, nem microscópio que pudesse justificar, por exemplo, a realidade de que duas maçãs mais duas maçãs são iguais a quatro maçãs. Duas maçãs mais duas maçãs são quatro maçãs, se forem as mesmas maçãs. Não poderiam ser iguais a quatro outras maçãs por nenhum processo de cultivo ou de fabrico alguma vez imaginado. O ser humano contenta-se com calcular aproximações e chamar-lhes, imprecisamente, exatidões. Não existe nenhuma coisa Absoluta, salvo em termos abstratos criados pela mente para resolver problemas exteriores e conseguir aproximações. Isto poderá parecer uma concepção ousada, mas não é. O matemático está plenamente consciente de estar a trabalhar com aproximações digitais e analógicas, organizadas em sistemas que não existiam necessariamente antes de o ser humano surgir e que não existirão necessariamente, depois de ele se ir embora. A lógica, mesmo a lógica mais simples, como meditar sobre a sabedoria de ir fazer compras às dez horas, é tratar de numerosas variáveis, indefinidos e aproximações. Pode-se inventar matemática às carradas. Não existe um Absoluto real, existe apenas uma estreita aproximação. Só os nossos gramáticos, que são muito antiquados, é que insistem, provavelmente em memória do metafísico, em Realidade e Verdade Absolutas.
Menciona-se isto aqui em parte porque poderá interessar a algumas pessoas, mas principalmente porque o auditor precisa de entender que ele tem uma bitola exata para medir a sanidade. A sanidade é a capacidade de perceber diferenças. Quanto melhor alguém conseguir notar as diferenças, por mais pequenas que sejam, e saber a extensão dessas diferenças, mais racional ele será. Quanto menos alguém conseguir notar as diferenças e mais se aproximar do pensamento por identidades (A=A), menos são ele será.
Um homem diz: "Não gosto de cães!" Note isso, auditor: ele tem um engrama a respeito de um ou dois cães. Uma jovem diz: "Os homens são todos iguais!" Note isso, auditor: aqui está uma verdadeira aberrada. "As montanhas são tão terríveis!" "Os joalheiros nunca vão a lado nenhum!" "Detesto mulheres!" Note essas frases: são engramas à plena luz do dia.
Os engramas que inibem a mente analítica de diferenciar são aqueles que mais seriamente inibem o pensamento.
"Não se consegue ver a diferença" é um engrama comum. "Não há nenhuma diferença", "Nada voltará a fazer diferença para mim", "As pessoas são todas más", "Toda a gente me detesta". Isto é uma isca para a insanidade, como dizem os auditores, e põe um humano "a caminho do manicômio".
Há uma outra classe de pensamento-identidade e esse é o grupo que destrói a diferenciação de tempo. "Tu não sabes quando isso aconteceu!" é uma frase clássica. "Não sei se será tarde" e outras têm um efeito peculiar na mente, pois esta trabalha com um cronômetro de precisão próprio e os engramas podem ler o mostrador de uma forma totalmente incorreta. Num nível consciente, não se tem dificuldades com o tempo analítico. Os engramas deslizam para trás e para a frente, de acordo com o momento em que fazem key-in ou são restimulados. Subjacente à ação de hoje poderá estar um engrama cujo lugar na linha do tempo é de há quarenta anos e que deveria estar lá atrás. O que aberra, não é tanto os comentários sobre as diferenças de tempo, mas sim o caráter intemporal dos engramas. O tempo é o Grande Charlatão: não cura nada, somente muda os aspectos do ambiente e os companheiros do indivíduo. O engrama de há dez anos, com toda a sua emoção dolorosa, poderá estar enquistado e "esquecido", mas está ali, pronto a impor ação se for restimulado hoje.
A mente reativa trabalha com um relógio de pulso barato; a mente analítica trabalha com uma bateria de cronômetros de alta precisão com verificação dupla, que fariam o orgulho de um paquímetro. As células acham que esse relógio de pulso é uma engenhoca bastante boa - e foi, há muito tempo atrás, quando o antepassado do ser humano era arrastado pelas ondas e conseguia agarrar-se à areia.
Assim, um teste primário da aberração é a semelhança e a identidade, o teste primário da racionalidade é a diferenciação e a minúcia ou amplitude com que esta pode ser feita.
"Os homens são todos iguais" diz ela. E são mesmo! Para ela. Pobre coitada. Como o fulano que a violou quando ela era uma menina, como o seu detestado pai que dizia o mesmo.
O auditor será confrontado com dois grandes inimigos em "tu tens de acreditar nisto" e "não posso acreditar".
A mente tem o seu próprio equilíbrio e capacidade, sendo tão ajudada pelos engramas como uma máquina de adição é ajudada por um 7 pressionado23. Uma das funções mais importantes da mente é a computação das importâncias relativas dos dados.
Por exemplo, ao descobrir e conduzir a pesquisa de Dianética, havia milhares de milhões de dados sobre a mente, acumulados ao longo dos últimos milhares de anos. Agora, na posse de um espelho retrovisor, de dois metros de largura, podemos olhar para trás e ver que, aqui e ali, houve pessoas que exprimiram opiniões ou forneceram fatos não-avaliados que atualmente são dados nalguns dos axiomas de Dianética ou partes das suas descobertas. Esses fatos existiam no passado, alguns existem agora em Dianética, mas com uma tremenda diferença: estão avaliados. A avaliação dos dados em termos da sua importância era vital antes que a informação pudesse ter valor. O Dr. Sentencioso poderá ter escrito, em 1200 d.C., que acreditava não existirem demônios reais na mente; ouviu-se a Dona Sofia dizer, em 1782, que ela tinha a certeza de que a influência pré-natal tinha pervertido muitas vidas. O Dr. Zamba poderá ter escrito, em 1846, que se podia dizer a um paciente hipnotizado que ele estava louco e que, daí em diante, ele agiria como louco. O Dr. Sentencioso também poderá ter dito que eram os anjos, e não os demônios, que causavam a doença mental, porque o paciente tinha sido maléfico. A Dona Sofia também poderá ter dito que cataplasmas com água de malvas curavam "delírios". O Dr. Zamba também poderá ter declarado que os pacientes hipnotizados só precisavam de mais algumas sugestões positivas para os tornar saudáveis e fortes. Em resumo, por cada dado que se aproximava da verdade, havia milhares de milhões que não eram verdade. O que faltava, em cada dado, era uma avaliação científica da sua importância para a solução. A seleção de algumas gotas especiais de água, em um oceano de gotas não especiais, é impossível. O problema de descobrir os dados verdadeiros só poderia ser resolvido descartando todas as anteriores avaliações da humanidade e da mente humana, todos os "fatos" e opiniões de qualquer espécie e começando da estaca zero, desenvolvendo a ciência inteira a partir de um denominador comum novo e mais elevado. (E é verdade que Dianética não tomou nada de empréstimo, mas foi primeiro descoberta e organizada; só depois de se ter completado a organização e de se ter desenvolvido uma técnica, é que ela foi comparada com a informação já existente.)
A questão aqui é que a importância monótona numa classe de fatos só leva a uma grande confusão desordenada. Aqui está uma avaliação: as opiniões não valem nada, a autoridade é inútil, os dados são secundários: o estabelecimento da importância relativa é a chave. Tendo-se o mundo e as estrelas como laboratório e uma mente para computar a importância relativa daquilo que ela percepciona, nenhum problema pode ficar por resolver. Tendo-se massas de dados com avaliação monótona, temos uma coisa que poderá ter bom aspecto, mas que não é útil.
O olhar espantado dos guardas-marinhas recém-chegados à Marinha de Guerra, quando vêem pela primeira vez, em metal, as coisas acerca das quais leram tão laboriosamente é mais do que testemunha do sistema educativo deficiente atualmente empregado. O sistema procura treinar uma coisa que é perfeita, a memória; este sistema pouco ou nada se alinha com o propósito ou a aplicação e ignora a necessidade da avaliação pessoal de todos os dados, tanto no que diz respeito à necessidade destes dados como à sua aplicação. O olhar espantado vem do reconhecimento esmagador de que, apesar de terem milhares de dados a respeito do que vêem, eles não sabem se é mais importante ler o cronômetro quando usam o sextante ou usar apenas tinta azul quando escrevem no diário de bordo. Esses cavalheiros foram prejudicados na sua educação, não porque lhes tenham fornecido milhares de dados acerca de navios, mas porque não lhes disseram qual é a importância relativa de cada dado e eles não experimentaram essa importância. Eles conhecem mais fatos do que os menos educados, mas sabem menos a respeito da relação factual.
Mais pertinente para o auditor é que há duas espécies de comandos engrâmicos que dão uma avaliação monótona aos dados. As pessoas que têm algum desses dois, como principal conteúdo do banco de engramas, serão similarmente aberradas, mesmo que cada uma delas manifeste a aberração com uma polaridade oposta.
De vez em quando, algum auditor desafortunado encontra um "Não posso acreditar nisto" nas suas mãos. Este é um caso extremamente penoso. Nesta categoria temos os casos "Duvido disso", "Não posso ter a certeza" e "Eu não sei".
Este caso é fácil de detectar, pois logo ao iniciar a terapia ele começa por duvidar de Dianética, do auditor, de si próprio, da mobília e da virgindade da mãe. O duvidador crônico não é um caso fácil, porque ele não pode acreditar nos seus próprios dados. O analisador tem um juiz incorporado que recebe dados, pesa-os e avalia se estão certos, se estão errados ou se são um talvez. O duvidador engrâmico tem uma "tecla 7 pressionada", o que significa que ele tem de duvidar de tudo, o que é muito diferente de formar um juízo. Ele é incitado a duvidar. Tem de duvidar. Se duvidar é divino, então o deus é certamente Moloch. Ele duvida sem inspecionar, ele inspeciona as evidências mais exatas e, mesmo assim, continua a duvidar.
O auditor fará o paciente retornar a um somático que lhe arranca metade da cabeça, que é confirmado pelas cicatrizes, que é confirmado pela aberração e do qual ele duvida como incidente.
O modo de lidar com este caso consiste em tomar as suas frases usuais e dar-lhas, em rêverie ou fora de rêverie, com a Técnica de Repetição. Faça-o repeti-las várias vezes, mandando a sua banda somática de volta para elas. Ao fim de pouco tempo dar-se-á uma liberação da frase. Dê-lhe todas as frases de dúvida que ele tiver usado desta maneira. Depois continue a trabalhar o caso. O objetivo não é fazer dele um crente, mas colocá-lo numa situação em que possa avaliar os seus próprios dados. Não discuta com ele sobre Dianética: não faz sentido discutir com engramas, visto que os próprios engramas não fazem qualquer sentido.
Após dez ou vinte horas de terapia, tal paciente começará a encarar suficientemente a realidade de modo que nunca mais duvida de que o sol brilha, nem duvida do auditor ou de ter tido algum tipo de passado. Esse caso só é difícil porque requer estas horas extra de trabalho. E por acaso, ele normalmente é muito aberrado.
O caso de "Não posso acreditar nisto" tem dificuldade em avaliar porque lhe é difícil dar mais crédito a um fato do que a qualquer outro fato. Isto produz uma incapacidade de computar as importâncias relativas entre dados e, como resultado, ele poderá estar mais preocupado com a matiz da gravata do patrão, do que com o casamento que ele próprio está prestes a realizar. Similarmente, o caso de "Tu tens de acreditar nisto" encontra dificuldade em diferenciar entre as importâncias de vários dados e poderá defender com a mesma firmeza a idéia de que o papel é feito de árvores e a idéia de que está prestes a ser despedido. Ambos os casos "preocupam-se", ou seja, são incapazes de computar bem.
A computação racional depende da computação pessoal das importâncias relativas de vários dados. A "computação" reativa lida exclusivamente com a equação de que objetos ou acontecimentos muito diferentes são semelhantes ou iguais. A primeira é sanidade, a segunda é insanidade.
O caso de "Tens de acreditar nisto" apresentará um banco reativo confuso, pois o banco adopta as diferenças mais incríveis como semelhanças muito próximas. O comando engrâmico "Tens de acreditar nisto" pode ordenar que se acredite numa pessoa, numa classe de pessoas ou em toda a gente, independentemente do que está escrito ou é dito. O auditor, ao retornar o paciente, encontrará grandes aberrações mantidas no lugar por um lock que só contêm conversa.
Quando o pai é a verdadeira fonte disto e é um aliado do paciente, o auditor descobrirá que quase tudo o que o pai disse era aceite literal e inquestionavelmente pelo filho. O pai poderá não ter tido consciência de que estabeleceu esta condição de "Tens de acreditar nisto" e poderá mesmo ser um homem jocoso, dado a piadas. Verificar-se-á que cada piada é literalmente aceite, a menos que o pai a tivesse rotulado, cuidadosamente, como piada, o que significa que esta não deve ser aceite literalmente. Há aqui um dossiê de um caso disponível, em que o pai foi a fonte do "Tens de acreditar nisto": um dia o pai levou a filha de três anos de idade até à beira-mar e, através do nevoeiro, apontou para um farol. O farol tinha um aspecto misterioso na noite enevoada. "Aquele é o sítio do Sr. Billingsly" disse ele, querendo dizer que Billingsly, o faroleiro, vivia ali. A criança assentiu com a cabeça, acreditando, se bem que estivesse um pouco assustada, pois para ela, o "Sr. Billingsly" possuía uma vasta cabeleira - as sombras - mirava a costa com um só olho a varrer o mar e tinha trinta metros de altura. Além disso, o "Sr. Billingsly" soltava gemidos que pareciam ser muito ferozes. O seu "sítio" era a saliência de uma rocha. Como preclear, vinte anos mais tarde, descobriu-se que a filha ficava assustada com qualquer gemido fraco. O auditor rastreou pacientemente a fonte e encontrou, para sua grande alegria e da filha, o "Sr. Billingsly". Verificou-se que enormes quantidades de aberração, concepções peculiares e noções estranhas provinham de observações casuais feitas pelo pai. Sendo perito na sua tarefa, o auditor não se preocupou em tentar localizar e apagar tudo o que o pai tinha dito, uma tarefa que teria levado muitos anos. Em vez disso, ele localizou o pré-natal "Tu tens de acreditar em mim", assim como os seus locks engrâmicos e é claro que todos os locks não-engrâmicos desapareceram, sendo automaticamente reavaliados como dados de experiência, em vez de "7s pressionados". Naturalmente, há sempre muito mais coisas erradas em um caso do que um simples "Tu tens de acreditar em mim", mas a mudança de ponto de vista que a paciente experimentou imediatamente a seguir foi impressionante: ela agora estava livre para avaliar os dados do pai, coisa que antes não podia fazer.
Pelo fato de ensinarem em termos de altitude24 e Autoridade, as próprias instituições educacionais formam uma aberração social de "Tu tens de acreditar nisto". É impossível reduzir toda a educação universitária, mesmo que isso às vezes pareça desejável. Porém, ao abordar os momentos em que o paciente foi forçado a acreditar ou a aceitar a escola, do jardim-de-infância em diante, muitas mentes apinhadas de fatos podem voltar a ser ágeis, coisa que antes não eram; porque os fatos serão automaticamente reavaliados pela mente quanto a importâncias, em vez de serem aceites por uma avaliação monótona, como no caso da "educação formal".
O "Não posso acreditar nisto" é um assunto tão aborrecido e fatigante para o auditor que, depois de terminados alguns casos, é possível vê-lo a fugir habilmente de um desses. O caso de "Eu não sei" e o de "Não posso ter a certeza" não são tão maus como o de "Não posso acreditar nisto". Em Dianética, o caso que ganha o prêmio em matéria de dificuldade é um paciente que é um Júnior com o mesmo nome que o pai ou a mãe, que não tem apenas desligamento de dor, emoção, visio e sônico, mas também dub-in dos mesmos numa base falsa, com uma fábrica de mentiras a trabalhar a todo o vapor, que é não cooperativo e que é um "Não posso acreditar nisto".
A avaliação monótona impede o "Não posso acreditar nisto" de aceitar os fatos todos. Qualquer caso poderá ter alguns "Não posso acreditar nisto". Mas alguns casos estão tão aberrados pela frase que descrêem não só da realidade, mas também da sua própria existência.
A mente tem um "duvidador incorporado" que, quando não está entravado por engramas, seleciona importâncias rapidamente e, pelos seus pesos, resolve problemas e chega a conclusões. A mente racional aplica-se aos dados apresentados, compara-os com a experiência, avalia a sua veracidade e, depois, atribui-lhes uma importância relativa na ordem das coisas. Isto é feito por um Clear com uma rapidez que às vezes requer o fracionamento dos segundos. Para um normal, o tempo requerido é extremamente variável e as conclusões tendem a ver com uma opinião alheia ou são comparadas com a Autoridade, em vez da experiência pessoal. Esse é o efeito fundamental da educação contemporânea que, por nenhuma falha em particular e apesar de todos os esforços que tem feito para se libertar, é no entanto, por falta de ferramentas, forçada a seguir os métodos escolásticos. Estes, por contágio da aberração, persistem contra todos os esforços de educadores avançados. O normal, por um lado, é ensinado a acreditar porque senão será reprovado e, por outro lado, é ensinado a não acreditar como necessidade científica: a crença e a descrença não podem ser ensinadas, têm de ser computadas pessoalmente. Se uma mente pudesse ser comparada a um general, servido pelo seu próprio estado-maior, poder-se-ia ver que ela tinha um serviço secreto que, como centro de informação de combate, recolhia fatos, pesava a sua importância e formava uma estimativa da situação ou o valor de uma conclusão. Tal como o agente dos serviços secretos fracassaria se tivesse uma ordem assinada para descrer de tudo, também a mente fracassa quando tem um comando reativo para descrer. Claro que uma organização militar perderia com qualquer inimigo insignificante se tivesse, inversamente, um comando para acreditar em tudo, e um homem fracassará se tiver uma ordem da mente reativa para acreditar em todas as informações do mundo que o rodeia.
Os engramas de acreditar e de não acreditar apresentam manifestações diferentes e, conquanto não se possa dizer que um seja mais ou menos aberrativo do que o outro, é certo que o engrama de não acreditar, de um modo geral, parece tornar o humano pouco sociável.
É claro que a descrença ocorre em vários graus. Há, por exemplo, um engrama social de descrença que promove um tipo de literatura que é tão insincera quanto pouco inteligente. A insinceridade, a vergonha de mostrar emoção e o medo de elogiar poderão provir de outras coisas além do mero engrama de descrença, mas na maioria destes casos há com certeza um engrama de descrença.
Quando está a tentar abrir o caso de um "Não posso acreditar nisto" muito forte, o auditor verificará que o paciente não acredita na experiência, não acredita no auditor, não acredita na esperança de obter resultados, e poderão ser apresentados os insultos e argumentos mais ridículos e irracionais. O paciente poderá contorcer-se em um autêntico fosso de serpentes cheio de somáticos e, ainda assim, não acreditar que está a reexperimentar alguma coisa.
É um fato tristemente crônico, que um aberrado tenha um certo conjunto de clichês vindos do seu banco reativo. Ele repetirá esses clichês em todas as ocasiões e circunstâncias. Ver-se-á que a mãe, tendo um banco de engramas próprio e o pai tendo o seu, faz praticamente o mesmo tipo de afirmação, vez após vez. Essas são dramatizações. Um dos pais poderá ter tido um "Não sei" pronto para preceder tudo o que ele ou ela dizia, o que produz uma "pilha" inteira de "Não sei" no banco de engramas que mina bastante a compreensão. Da mesma forma, os "Tens de acreditar!" ou os "Tu não podes acreditar" poderão ficar "empilhados" no banco de engramas. Depois de um auditor ter ouvido alguns engramas de um paciente, ele sabe que virão muitos mais engramas semelhantes daquela fonte. Depois de um auditor ter escutado o pessoal que está no banco de engramas do paciente por um curto espaço de tempo, o auditor saberá muito bem o que virá a ter em muitos mais engramas. Por isso, qualquer frase é susceptível de ser muito repetida no banco de engramas, com somáticos variáveis e acompanhada de percépticos. Se a mãe sofre de tensão arterial alta e o pai faz com que esta suba - para grande desconforto da criança e em um grau que frequentemente produz uma futura enxaqueca - ela é capaz de proferir: "Não posso acreditar que tu me trates desta maneira." Mas diga-se de passagem, ela deve ter sido difícil de convencer (não se consegue ser muito convincente contra o "raciocínio" engrâmico), pois ele tratava-a dessa maneira de três em três dias, e de três em três dias ela dizia: "Não posso acreditar em ti", ou "Não posso acreditar que tu me faças isto" ou "Não posso acreditar em nada que tu me dizes" ou alguma coisa parecida.
O "Não posso acreditar" tende a ser bastante hostil, visto que "Não posso acreditar" é muitas vezes uma conversa hostil. "Tu tens de acreditar em mim" tem uma maior probabilidade de ser um engrama do tipo súplica ou lamentação. "Acredita no que eu te digo, com os diabos!" é, no entanto, tão hostil quanto um auditor poderia esperar.
Um auditor que encontre um caso intensa e irracionalmente céptico deve esperar uma pilha de "Não posso acreditar" no banco de engramas. Se ele encontrar um paciente incapaz de manter uma opinião própria, mas a mudar como um cata-vento influenciado por qualquer pessoa ou a citar uma Autoridade (todas as autoridades podem ser facilmente identificadas com o pai no banco reativo), o auditor deve suspeitar de alguma forma de "Tens de acreditar", bem como de outras coisas. Há muitas manifestações de qualquer dos casos. O aspecto crônico na terapia é que o "Não posso acreditar" suspeita tanto dos seus próprios dados que ele altera-os continuamente e os engramas - que afinal de contas têm só um pacote exato de conteúdo - não se reduzirão adequadamente; o "Tens de acreditar" toma como seu cada engrama de que ouve falar e isso traz-lhe muito pouco proveito.
Não suponha, no entanto, que qualquer caso tem um aspecto padrão. A língua contêm muitas palavras e combinações de palavras, e não é invulgar encontrar aberrados que têm toda a língua básica e todas as suas expressões idiomáticas firmemente conectadas a um ou outro somático. Os casos normalmente contêm as frases "Não posso acreditar" e "Tenho de acreditar" no mesmo banco. Só quando essas frases começam a ter demasiado peso em cima, é que a pessoa responde segundo um padrão fixo. Quando o padrão fixo é de uma dessas duas espécies de frase, então o auditor está perante um paciente que, no mínimo, deve ter tido uma vida muito infeliz. Mas qualquer dos dois casos se Clareia. Todos se Claream, até mesmo os casos Júnior.
Além do visio e sônico, outra recordação vital para a terapia é o somático, ou seja, a dor física do incidente. Percorrer um incidente fisicamente doloroso, sem um somático, é inútil.
Se a dor física está presente, este somente poderá aparecer depois de fazer "boil-off" de uma quantidade considerável de "inconsciência". Se o incidente contêm dor, mas o somático não está ligado, o paciente mexerá os dedos dos pés, terá uma respiração profunda e nervosa ou poderá ter espasmos nos músculos. Mexer os pés é um excelente indicador da presença de qualquer somático, ligado ou não. Respirar profundamente, espasmos nos músculos e vários estremeções sem dor denotam duas coisas: há um negador no incidente e o conteúdo não está a ser contatado ou, se o preclear está a recontar, o somático poderá estar desligado no incidente ou noutro lugar, quer anteriormente por um comando quer posteriormente pela emoção dolorosa. O paciente que se mexe muito, ou que não se mexe nada, está a sofrer de um desligamento de dor ou de emoção ou de engramas de emoção dolorosa tardios ou de ambos.
Existe toda uma espécie de comandos que desligam a dor e a emoção simultaneamente: isto é porque a palavra "sentir" tem vários significados. "Não posso sentir nada" é a frase padrão, mas o comando varia muito e é formulado de muitas maneiras. O auditor pode fazer o seu próprio livro de comandos tirados de pacientes que os revelam quando descrevem como se sentem, ou antes, como não sentem. "Não dói" é uma classe de frases que desliga especificamente a dor; uma classe que inclui coisas como "Não tenho dor nenhuma", etc. A emoção é desligada por uma classe de frases que contêm a palavra "emoção" ou que (interpretada literalmente) desliga especificamente a emoção.
O auditor deve manter um registro de todos os negadores, desorientadores, seguradores, ressaltadores e agrupadores que descobrir, cada um listado sob o seu próprio título. Deste modo, ele junta material que pode usar na Técnica de Repetição, quando notar que alguma coisa está errada no modo como o paciente se move na linha do tempo. Mas há outras quatro classes de frases que ele também deve estudar e das quais deve fazer uma lista: desligamentos, exageradores, descarrilhadores e fábricas de mentiras. Ele também pode acrescentar mais classes.
Ele descobrirá um grande número de comandos em engramas que podem produzir estes vários aspectos. E ele deve interessar-se particularmente pelos desligamentos de dor e de emoção, assim como pelos exageradores, isto é, aqueles comandos engrâmicos que dão o aspecto de demasiada dor ou de demasiada emoção. Não há razão para apresentar aqui um grande número desses comandos. São muito variados, sendo a língua aquilo que é.
Há muitas combinações possíveis. Pode-se verificar que um paciente chora pelas coisas mais banais do período pós-fala e, no entanto, tem poucos ou nenhuns somáticos. Isto pode ser causado por várias coisas. Ele teve uma mãe ou um pai que chorou durante os nove meses antes de ele nascer, ou ele tem um exagerador em ação que comanda que ele seja emotivo a respeito de tudo: "Emoção a mais." Em combinação com isto, ele pode ter uma coisa que diz que ele não pode sentir dor, que não pode ser magoado ou até mesmo que não pode sentir.
Um paciente que tem dores e está a sofrer e que no entanto não pode chorar, teria um conjunto de comandos invertidos. Ele tem um comando de "não emoção" no princípio da linha do tempo ou uma longa cadeia destes e, além disso, tem comandos que ditam dor em excesso: "Não consigo aguentar a dor", "A dor é forte de mais", "Sinto que estou sempre a sofrer", etc. Por outro lado, "Eu sinto-me mal" é um desligamento, porque diz que alguma coisa está mal no mecanismo com o qual ele sente e sugere a incapacidade de sentir.
Tanto a dor como a emoção podem ser exageradas por um comando. Mas uma coisa peculiar é que o corpo não fabrica a dor para ser sentida. Toda a dor sentida é genuína, mesmo quando exagerada. A dor imaginária não existe. A pessoa só "imagina" dor que já sentiu realmente. Ela não pode imaginar dor que não sentiu. Ela poderá "imaginar" dor em um tempo posterior ao incidente real, mas se sente dor, por mais psicótica que ela seja, descobriremos que aquela dor existe algures na sua linha do tempo. Foram efetuados testes científicos muito cuidadosos, em Dianética, para estabelecer este fato e este é um fato valioso. Pode comprovar isto por si próprio, pedindo a pacientes que sintam várias dores, "imaginando-as" em tempo presente. Eles sentirão dores enquanto lhes pedir que sintam dores que já tiveram. Em determinado ponto, verá que o paciente, na realidade, é incapaz de sentir a dor que está a tentar "imaginar". Quer esteja consciente disso ou não, ele já teve dor em qualquer lugar que a "imagine" e estará simplesmente a fazer um retorno da banda somática, numa escala menor.
Este aspecto da dor é muito interessante, porque muitos pacientes, nalguma altura das suas vidas, fingiram que tinham uma dor perante a família ou o mundo. Quando afirmou ter esta dor de "faz-de-conta", o paciente pensou que estava a mentir. Na terapia, o auditor pode usar estas "imaginagões", pois elas levam diretamente a engramas de compaixão e a um ferimento real. Além disso, estas dores "imaginárias" são geralmente exibidas à pessoa ou à pseudopessoa que era o aliado de compaixão presente no momento engrâmico. Assim, se um menino sempre fingiu, para a sua avó, que ele tinha uma anca magoada, embora pensasse estar a fingir, virá a descobrir-se que nalguma altura anterior da sua vida ele magoou aquela mesma anca e recebeu compaixão durante o momento engrâmico, agora escondido do analisador. Os pacientes, frequentemente, sentem-se bastante culpados por causa desses fingimentos. Às vezes, soldados da última guerra voltaram para casa fingindo terem sido feridos e, quando em terapia, têm medo que o auditor descubra ou os denuncie aos seus parentes. O soldado poderá não ter sido ferido na guerra, mas haverá um engrama contendo compaixão pelo ferimento de que ele se queixa. Ele está a pedir compaixão com uma história colorida e acredita que está a mentir. Sem o informar desta descoberta de Dianética, o auditor pode frequentemente trazer ao de cima um engrama de compaixão que, de outro modo, poderia precisar de ser arduamente procurado.
"Menino chorão" é uma frase que levará o preclear a negar em um engrama, inibindo assim as lágrimas. É muito comum ver o preclear a confundir-se com irmãs e irmãos mais velhos que estão na sua vida pré-natal: a troça deles, as ordens da mãe e por aí fora, tudo isso é registrado. Se o preclear tem conhecimento de algumas crianças mais velhas, o auditor deve procurá-las nos engramas da vida pré-natal, pois as crianças são bastante ativas e muitas vezes pulam no colo da mãe ou colidem com ela. Quaisquer frases infantis de troça não estão, portanto, sempre depois do nascimento.
Foi afirmado no decurso da pesquisa de Dianética que se pudéssemos liberar toda a emoção dolorosa de uma vida, então teríamos conseguido 90 por cento do clareamento. No entanto, a emoção dolorosa é apenas uma manifestação superficial dos engramas de dor física e não seria dolorosa se a dor física não coexistisse ou existisse previamente.
Quando um caso tem desligamentos de emoção e de dor, o paciente normalmente tem músculos tensos e é nervoso, com tendência para ter estremeções ou meramente tensão. Quando a dor e a emoção são exageradas pelos comandos, o auditor tem, nas suas mãos, um caso muito dado a dramatizações.
É necessário que o auditor conheça a avaliação de importâncias da mente reativa. Idiota ou não, a mente reativa distingue, violentamente, o amigo do inimigo, o que de certo modo é a única diferenciação que ela faz.
Há um excelente teste para detectar um aliado. E recorde-se que o aliado é uma parte dos engramas de compaixão, as coisas que têm a maior probabilidade de produzir doenças psicossomáticas, imaturidades e confusão em grande escala. Enquanto esta puder rebelar-se e negar, a mente reativa toma conta dos inimigos na medida das suas possibilidades. É claro que ela pode ser empurrada pelas circunstâncias, para dentro da valência do inimigo e, assim, causar grandes confusões e ab-reagir em geral, se esta era uma valência vencedora. Mas normalmente ela não usará os dados do inimigo contidos em um engrama contra-sobrevivência, exceto para o negar. Quando o tom geral se aproxima da Zona 1, a mente reativa começa, evidentemente, a apanhar comandos antagônicos e a obedecer-lhes. Assim, se o pai é o mau da fita, um antagonista, os comandos do pai não são os comandos obedecidos reativamente, mas sim os comandos que o aberrado usualmente negará ou evitará.
No entanto, isto não acontece no caso do aliado. O aliado, a pessoa de quem veio a compaixão quando o paciente estava doente ou ferido, é ouvido e obedecido, uma vez que o seu "propósito" está aparentemente alinhado com o propósito de sobrevivência do indivíduo. Se determinada pessoa tem uma coisa que está certa, então, de acordo com a nossa pequena amiga idiota, a mente reativa, tudo o que diz respeito a essa pessoa está certo, tudo o que ela diz e faz está certo e, particularmente, tudo o que essa pessoa disse no engrama está certo.
A doença crônica psicossomática normalmente vem de um engrama de compaixão. Isto é muito importante, pois o engrama de compaixão será o último ou o mais difícil de alcançar, por estar alinhado com o propósito da sobrevivência.
Um "Tens de acreditar" de um aliado significa que a pessoa tem de acreditar. Um "Tens de acreditar" de um antagonista, usualmente, produz uma circunstância em que a pessoa não deve acreditar.
Aqui, no aliado e no antagonista, temos a velha história do herói e do vilão, da heroína e da vilã, de Mazda e de Ahriman, do cowboy de chapéu branco e do cowboy de chapéu preto. Verifica-se que a trindade hindu se encontra, como fonte, no pai, mãe e nascituro. Mas a guerra do "bem e do mal" encontra-se, como dados reativos no banco de engramas, sob a forma do aliado e do antagonista.
A melhor lógica de que a mente reativa é capaz é a lógica bivalente, branco e preto, e a lógica bivalente somente encontra a sua resposta no banco reativo. E a mente reativa resolve todos os problemas em termos de absolutos, produzindo monstruosidades lógicas, pois existe o absoluto do bem, o absoluto do mal e o absoluto do pensamento-identidade. Qualquer computação racional demonstra que um absoluto é impossível de uma perspectiva de verdade ou de praticabilidade: mas a mente reativa nunca se põe com questiúnculas, ela simplesmente reage. Ela conhece um campeão quando o vê (pensa ela) e conhece um vilão (supõe ela). O aliado, o campeão, é qualquer pessoa que tenha alguma característica do aliado; e o antagonista, o vilão, é qualquer pessoa que tenha algumas características do antagonista. Além disso, qualquer coisa associada com o aliado é um campeão e tudo o que está associado com o antagonista é uma vilania. Se o aliado é uma tia, então as tias são boas. Se o antagonista é um pintor de cartazes, então os pintores de cartazes são todos maus. E mais, os naperões de croché que a tia fazia significam que os naperões de croché são bons, que todo o trabalho de renda é bom, que qualquer coisa que tenha renda é boa, que qualquer coisa parecida com renda é boa e assim por diante, no ad absurdum que só a mente reativa consegue ter sem qualquer escrúpulo. E os cartazes feitos pelo pintor são maus, o lugar onde se apoiam é mau, a tinta é má, o cheiro da tinta é mau, os pincéis são maus, portanto as escovas de cabelo são más, portanto a cômoda onde ficam as escovas de cabelo é má e assim por diante.
Há aqui um axioma que é bom não descurar ao trabalhar em um paciente:
Qualquer doença psicossomática crônica tem a sua fonte em um engrama de compaixão.
Uma mente reativa não permitirá que um indivíduo fique aberrado ou crônica e psicossomaticamente doente, a não ser que a doença tenha valor de sobrevivência.
Isto não significa que o indivíduo tenha, analiticamente, um livre-arbítrio. Mas significa de fato que a mente reativa, trabalhando silenciosamente e muito bem escondida até agora, escolhe, por computação de identidades, condições físicas e mentais que se ajustem a qualquer circunstância mesmo que remotamente semelhante a qualquer conceito contido no banco de engramas.
Existe uma coisa a que se chama nível de necessidade. Este sobe e faz key-out de engramas e pode fazer key-out do controle da própria mente reativa. O nível de necessidade frequentemente sobe. O indivíduo pode forçá-lo a subir, analiticamente, quer exista ou não uma causa real. Uma pessoa poderá não ter um engrama acerca de ir para a cadeira elétrica por ter cometido assassínio e, no entanto, ter um engrama acerca de assassinar pessoas. O nível de necessidade sobe e esmaga, analiticamente, todo o impulso para matar, pois o analisador sabe tudo a respeito de cadeiras elétricas. Quando o nível de necessidade não pode subir, então está-se a lidar com um indivíduo de baixa dinâmica. Um artista, terrivelmente aberrado quanto ao seu trabalho graças aos esforços amáveis de críticos obsequiosamente cáusticos, pode no entanto erguer o nível de necessidade pelos seus próprios meios para produzir mais uma obra de arte, mandar para o diabo a tia que disse que ele tinha posto queixos a mais no seu retrato e rasgou a sua obra em pedaços, ou mandar para o diabo os críticos que lhe disseram que ele era jovem de mais e o seu trabalho demasiado rápido. O nível de necessidade pode subir muito acima da mente reativa, por meio de "pura garra", como diz o sargento dos fuzileiros navais. Se tiver demasiados restimuladores presentes, se tiver sido demasiado maltratado pela vida, um indivíduo, apanhado na espiral descendente de engramas reativados, poderá chegar finalmente a um ponto em que já não se pode manter saudável. Se esta é a sua primeira decaída séria e se a decaída é profunda, aparecerá uma doença psicossomática que se tornará mais ou menos crônica e, isto é importante, ela virá diretamente de um engrama de compaixão.
Todas as doenças psicossomáticas incluem, mesmo que seja menos óbvio, comandos aberrativos, o que significa que uma pessoa que sofra de doenças psicossomáticas, quer ela goste da idéia quer não, também está a sofrer da aberração que faz parte do mesmo engrama.
Se o auditor quer encontrar os seguradores reais, as razões reais pelas quais o seu caso parece resistir à recuperação, os fatores aberrativos e as doenças reais, ele procurará o aliado ou aliados, pois qualquer caso poderá ter muitos. Ele terá de esgotar-lhes a emoção dolorosa de perda ou repúdio e voltar imediatamente atrás, para encontrar os engramas subjacentes.
Além disso, lembre-se de que a mente reativa não é suficientemente esperta para compreender que dois lados da mesma pessoa são a mesma pessoa. Assim, podemos ter Mamã-o-anjo-branco e Mamã-a-megera-rabugenta. Como o anjo branco, ela é seguida cegamente; como a megera, ela é negada. O pai poderá ser Papá-o-beneficente e o Papá-mata-bebês. E o mesmo acontece com todos os aliados. Mas somente aquele aliado puro, absoluto, imutável que, resoluto e firme, fez parar a mão fria e rígida da morte e que colocou ternamente na mão moribunda da criança desgostosa a tocha viva e brilhante da vida (ou pelo menos disse: "Pobre bebê, estás a sentir-te tão mal; por favor, não chores") é o modelo, o exemplo, o ídolo de pés dourados com acesso livre aos deuses. (Este era o Avô: ele bebia de mais e fazia batota no jogo de cartas, mas a mente reativa não o vê desse modo, porque o Avô acompanhou o bebê através da sua pneumonia e fez tudo para ele se curar: estas seriam boas ações, se ele não tivesse sido tão melodramático a esse respeito e se não tivesse falado tanto enquanto o pobre garoto estava "inconsciente".)
Questione habilmente o paciente a respeito do pai e da mãe: se ele não se mostrar muito perturbado com as suas mortes (no caso de terem morrido), se simplesmente mostrar-se indiferente em relação a eles ou se ele mostrar os dentes, eles são antagonistas; os aliados estão noutro lugar. Se a mãe e o pai forem considerados com indiferença, com ira ou com propiciação, de certeza que o paciente passou um mau bocado entre a concepção e o nascimento e mais tarde; e se este for o caso, de certeza que haverá uma grande quantidade de aliados, pois a criança tê-los-á procurado sempre que se arranhou ou feriu. Mas normalmente não encontrará os aliados com meras perguntas. A mente reativa considera-os ouro puro, mesmo que os engramas em que eles aparecem tenham somáticos suficientes para arruinar uma pessoa para toda a vida. Ela esconde aliados. O auditor precisa de os procurar através da descarga de emoção dolorosa. A morte, a partida de um aliado ou o repúdio por um aliado é um engrama de emoção dolorosa certo. De um modo ou de outro, trabalhando-o a partir de emoção dolorosa posterior ou de engramas fisicamente dolorosos anteriores, o aliado acabará por se revelar e poderá ser arquivado, como memória, nos bancos padrão e apagado, como doença, no banco de engramas.
A solução de doenças psicossomáticas crônicas está, em grande parte, no campo dos engramas de compaixão. Estes, no entanto, não se apagarão cedo, pois são o baluarte interno atrás do qual a mente reativa se encolhe e observa o ataque às defesas externas pelos antagonistas. A emoção dolorosa da perda de aliados mascara, às vezes, não apenas os aliados, mas também os antagonistas. O engrama de compaixão não é, nem de longe nem de perto, a única fonte de doença psicossomática, mas é a fonte da doença psicossomática crônica.
A propósito, nada nesta dissertação a respeito de aliados deve ser interpretado como significando que não se deve demonstrar amor a uma criança. No passado, houve observadores que tiraram conclusões precipitadas e questionáveis, ao pensarem que a afeição demonstrada aberra uma criança. A falta de afeição poderá matá-la, mas o inverso não é verdade. O único modo de um aliado poder aberrar uma criança é falar com e mostrar compaixão por uma criança que está muito doente ou inconsciente por causa de um ferimento. Se fizer isto, ele adultera a personalidade da criança com a sua, cria uma possibilidade futura de doença psicossomática e aberração, e poderá incapacitar a criança para toda a vida (exceto, claro, se Dianética for aplicada). Dê o máximo do seu amor a uma criança e faça o máximo por ela quando ela está saudável. Faça com ela o que lhe agradar quando ela está saudável e diga o que tiver vontade de dizer. Quando ela estiver doente ou magoada, a melhor coisa a fazer é como diz o mestre de um navio: "Trata dela e mantém bico calado!"
A lenda do amuleto mágico, o talismã da sorte, a crença no feitiço, o longo catálogo de fetiches e os objetos e maneirismos que se guardam como lembranças são os "queridos" da mente reativa.
Não há mal nenhum em que um homem tenha alguns lamas na sala ou use suspensórios roxos e verdes ou esfregue bocas-de-incêndio para dar sorte, nem há mal nenhum em se suspirar sobre o chinelo roubado a uma senhora ou fumar charutos reles. Quaisquer Direitos do Ser Humano deveriam prover tais excentricidades. Mas o auditor pode usar estes dados para detectar informação vital.
Em Dianética, a definição do termo lembrança abrange os objetos e hábitos que são preservados por um indivíduo ou sociedade, por não saberem que estes são extensões de um aliado.
Através do pensamento-identidade há restimuladores associativos para cada restimulador no ambiente: aquelas coisas que estão ligadas ao restimulador. Estando em branco sobre o assunto, a mente analítica, informada pela reação física de que um restimulador de alguma coisa está por perto, depois capta o restimulador associativo, mas não seleciona o restimulador real. (Na parte dois deste livro, o sinal para o jovem tirar o casaco era um toque na gravata: ele não citou a gravata na sua queixa; o mais próximo que ele chegou desse restimulador foi a pessoa e as roupas do operador hipnótico. Estes eram restimuladores associativos.)
Um restimulador para um engrama contra-sobrevivência poderia ser uma luz elétrica; o aberrado olha para o quebra-luz, o interruptor, a sala ou a pessoa que está debaixo da luz, como uma fonte de irritação, e além de desconhecer a presença de um restimulador, ele também supõe que os próprios objetos associados contêm algum mal.
O restimulador associativo para um engrama contra-sobrevivência não precisa de ter outro nome além deste, restimuladores associativos. A dor é a coisa, as coisas que estejam de algum modo associadas com a coisa são essa coisa, são outras coisas, etc., é a equação reativa que enche de medo o mundo do aberrado e que o enche de ansiedade. Deixe uma criança em um lugar ou numa sala onde foi infeliz e ela poderá ficar doente, pois está confrontada com algum restimulador e, na melhor das hipóteses, ela pode explicar o seu medo, tal como o adulto, em termos de coisas que não estão racionalmente ligadas ao restimulador. Este é o mecanismo de restimulação engrâmica.
Na maioria das vezes, isso é terrivelmente desconfortável para qualquer aberrado que, por mais que tente, não é capaz de dizer porque não gosta de alguma pessoa, objeto ou local e que não consegue ligar qualquer dos três ao item que é realmente o restimulador e que não sabe que tem um engrama sobre isso. Este método de detectar engramas não leva a lado nenhum, rapidamente, porque não se pode selecionar objetos, pessoas ou locais e saber que estes são restimuladores. Estes poderão ser apenas os restimuladores associativos do item restimulador real no ambiente. (A propósito, as palavras contidas em engramas e qualquer outro restimulador exato podem agir como um "botão de pressão" sobre o aberrado, levando-o à ação ou à apatia se forem usados sobre ele. No caso de serem palavras, isto tem de ser a palavra exata; por exemplo, pintado não servirá, quando o que está no engrama é pintor. Contudo, aquilo que é pintado poderá ser um restimulador associativo e o aberrado poderá declarar que não gosta disso; o fato de que não gosta disso não significa que isso "pressionará os seus botões" e o fará tossir, suspirar, ficar zangado, doente ou fazer a coisa que o engrama que contêm a palavra lhe diga que ele deve fazer.)
A lembrança é um tipo muito especial de restimulador. Embora o auditor possa não encontrar muita utilidade para o restimulador associativo, conforme se aplica a engramas contra-sobrevivência, ele pode empregar a lembrança como um meio de localizar aliados.
A lembrança é qualquer objeto, prática ou maneirismo, que um ou mais aliados usaram. Por pensamento-identidade, o aliado é sobrevivência; qualquer coisa que o aliado usava ou fazia é, portanto, sobrevivência. A valência do aliado é a valência que o aberrado usa com mais frequência. Enquanto o Clear pode mudar-se, conforme a sua vontade e conveniência, para valências imaginadas ou observadas por ele, podendo também sair delas e estabilizar na sua própria valência conforme a sua vontade, o aberrado anda a deslizar para dentro de valências sem o seu conhecimento ou consentimento e estará, muito provavelmente, em qualquer valência exceto na sua. A pessoa que parece ser uma pessoa diferente cada vez que alguém a encontra ou uma pessoa diferente para cada indivíduo que ela encontra, com valências especiais manifestando-se aqui e outras manifestando-se ali, anda a mudar para várias valências vencedoras. Se houver interferência nas suas mudanças, ela entra em valências secundárias. Se for forçada a entrar na sua própria valência, ficará doente. Compreende-se, obviamente, que todas as valências manifestam alguma coisa da própria pessoa.
Mudar para valências de aliados é a prática fundamental do aberrado. Ele sentir-se-á mais à vontade quando a sua própria valência está adulterada, até certo grau, com uma valência aliada. Quando o aliado ou pseudo-aliado não está disponível, o aberrado relembra a valência do aliado por meio de lembranças. Estas lembranças são as coisas que o aliado possuía, praticava ou fazia.
Muitas vezes, um aberrado associar-se-á inextricavelmente a um pseudo-aliado, como no casamento, e depois fará a espantosa descoberta de não estar emparceirado com a conduta de aliado ótima. (A mãe era um aliado, a mãe fazia pão. A esposa é a pseudomãe, apesar de nem ele nem ela o saberem; a esposa não faz pão. A mãe desaprovava o batom; a esposa usa batom. A mãe deixava-o fazer o que queria; a esposa tem uma atitude mandona. A esposa é a pseudomãe apenas porque tem tons de voz semelhantes.) Então, o aberrado tenta, reativamente e sem consciência disso, levar a esposa ou companheira a entrar na valência do aliado ao presumir que o momento do engrama de compaixão é o tempo presente - uma mudança mecânica causada somente pela restimulação do engrama de compaixão por causa dos tons de voz ou alguma coisa parecida - e trata de manifestar o fantasma da doença, ferimento ou operação do engrama, como uma doença psicossomática. A computação da mente reativa é simples - tal como o Simão Simplório - a pessoa obriga o aliado a existir através da manifestação do somático pelo qual o aliado mostrava compaixão. Isto também pode ser um esforço para colocar um companheiro, em quem a mente reativa pensa ter descoberto um amigo-inimigo ambivalente, na valência de compaixão. A esposa é cruel. A mãe foi cruel até ao ferimento, depois tornou-se amável. Se manifestar o ferimento como uma doença psicossomática crônica, a esposa será amável. Mas na realidade, a esposa não se torna mais amável, portanto, a computação torna-se mais forte, a doença torna-se mais forte e lá vamos nós na espiral descendente vertiginosa. A doença psicossomática também é uma negação de perigosidade, uma declaração de vulnerabilidade - uma pequena amostra de morte simulada, a paralisia do medo: "Não represento uma ameaça para ti. Estou doente!"
O aberrado, ao tentar obter compaixão e negar que ele é perigoso, entra na valência que ele teve na altura em que ocorreu o engrama de compaixão. Claro que a sua própria valência é complicada pela etiqueta de idade e pelo somático do engrama, no qual ele era imaturo e não estava bem.
A doença psicossomática também é uma lembrança, ou seja, esta é evocativa de um tempo em que ele recebeu amor e carinho, e em que isto lhe foi dito. É claro que ele precisa tanto disso quanto precisa de ser atingido por uma bomba atômica, mas esta é a "sobrevivência" excelente e sólida da mente reativa, e a mente reativa vai fazer com que ele sobreviva, mesmo que isso seja a sua morte.
Tudo isto é mecânico e, na realidade, é meramente a restimulação de um engrama, mas pode ser mais bem compreendido como uma ordem inferior de computação.
Na ausência de um aliado, e mesmo na presença do aliado, ele usa mímica reativa. A mímica consciente é um meio de aprendizagem maravilhoso. A mímica reativa adultera muito a personalidade. Reativamente, ele no passado teve um aliado e imita o aliado. Conscientemente, ele até poderá nem se lembrar do aliado ou dos seus hábitos.
Lembre-se que o aliado é alguém que entrou no mundo interior da mente, quando o analisador estava desligado por doença, ferimento ou operação, e ofereceu compaixão ou proteção. O aliado é parte do engrama de compaixão. Se uma criança teve avós de quem gostava e teve a sorte de não ficar doente perto deles ou de os ouvir falar em termos compassivos quando estava doente ou ferida, os avós continuariam a ser muito amados. Em Dianética, um aliado é somente alguém que ofereceu compaixão ou proteção em um engrama. Não precisamos de ter engramas para sermos amados ou amar; muito pelo contrário, somos mais bem amados e amamos mais sem engramas.
A lembrança, sob o ponto de vista de Dianética, só se aplica ao aliado e é um objeto, uma prática ou um maneirismo semelhante a um objeto, uma prática ou um maneirismo do aliado.
O aliado fumava charutos reles, por isso, o aberrado poderá fumar charutos reles, independentemente do que estes fazem à sua garganta ou à sua esposa. O aliado usava chapêu-de-coco; a senhora aberrada adora trajes de montar, sem jamais ter montado um cavalo. O aliado fazia tricô; o aberrado especializa-se em usar roupas de malha, ou quando é uma senhora pelo menos finge tricotar e às vezes pergunta-se porque é que começou a fazê-lo, pois é péssima nisso. O aliado proferia blasfêmias; o aberrado usa a mesma blasfêmia. O aliado limpava o nariz na manga e metia os dedos no nariz; o aberrado limpa o nariz em um smoking e mexe nas narinas.
A lembrança poderá ser uma coisa que relembra um aliado puro ou poderá ser uma coisa que relembra o lado amigável de um amigo-inimigo ambivalente. E poderá ser uma valência vencedora, que também era ambivalente em relação ao aberrado. A lembrança nunca é um restimulador associativo, no sentido de que faz lembrar algum antagonista, pois os restimuladores associativos são detestados.
A lembrança mais crônica, o hábito mais constante, a prática ou maneirismo do preclear é uma seta que aponta diretamente ao aliado puro. E o aliado puro é aquele que a mente reativa defenderá até ao nível mais alto de uma torre de menagem sitiada. E esse é o alvo do auditor. Ele poderá ter de aliviar a maior parte do banco de engramas, antes de poder apagar o engrama que seja mais provável de aberrar o indivíduo, de impor-lhe práticas estranhas e de o tornar cronicamente doente.
Observe o seu preclear e veja quais são as coisas que ele faz e diz que são estranhas à sua personalidade, coisas que ele faz mas de que parece não gostar muito. Veja o que ele usa e quais os seus maneirismos. No meio desta coleção você poderá, com perguntas discretas, evocar um aliado que ele tinha esquecido e, assim, alcançar rapidamente o engrama de compaixão que contêm o aliado; ou procurar obter uma descarga emocional, o engrama de emoção dolorosa da perda daquele aliado, a sua doença ou incidentes relativos a ele.
Outra lembrança, bastante especial, é a que vem de um comando como: "Vou morrer se tu não ... " Por exemplo, pais que suspeitam da paternidade, enquanto espancam ou perturbam as mães, às vezes afirmam que matarão a criança, se esta não for exatamente como o pai. Este é um tipo de lembrança muito infeliz, para não dizer que costuma ser um engrama bastante mau; este pode chegar ao cúmulo de modificar a estrutura, fazer narizes compridos ou provocar a falta de cabelo; poderá compelir um aberrado para uma profissão que ele não admira e tudo isso é devido ao comando engrâmico de que ele tem de ser como o pai. Por esse tipo de comando ser usualmente dado antes do nascimento, este é muitas vezes dirigido, por ignorância, a uma menina, pois os pais normalmente não estão dotados de clarividência; em tal caso, este comando produzirá uma modificação estrutural notável numa mulher e formará alguns maneirismos invulgares, "ambições" (como o cão que leva pancada se não for buscar o pato) e alguns hábitos que são, no mínimo, espantosos. O pai, depois do nascimento, para concretizar a reativação de tal engrama, tem de ser bastante ambivalente, para que ocorra a computação amigo-inimigo. Não ser como o pai é morrer: para forçar o pai a ser quem ele era no seu engrama de compaixão, a mente reativa tem de manifestar a lembrança da doença. Lembrança e parecença são a resposta para tal computação. E lembre-se que todas as computações desse tipo não são simples, mas tornam-se ainda mais complexas com a adição de dúzias de outras computações engrâmicas.
O amigo-inimigo é bastante fácil de encontrar como inimigo; não é muito difícil de encontrar como amigo. A técnica standard, com a sua Técnica de Repetição, o retorno, etc., acabaria por localizar, só por si, qualquer engrama e apagaria o banco de modo que este rearquivasse corretamente. O uso da lembrança facilita a audição.
No caso do aliado puro, o campeão da verdade, a técnica standard também acaba por lá chegar. Mas como o uso da lembrança às vezes suaviza o caminho nesse caso! Pois a lembrança poderá ser tão alarmantemente estranha como um elefante na gaiola de um passarinho. É preciso ter um verdadeiro aliado, para manter alguns desses hábitos esquisitos.
Avalie o preclear pelo seu ambiente, pela sua educação, pela sua sociedade e profissão. Veja o que parece não encaixar entre as coisas que ele usa, os objetos que ele adora e os maneirismos que os seus amigos consideram tão estranhos. Depois verifique se ele ou o cônjuge sabiam de alguém que fizesse essas coisas ou que gostasse dessas coisas.
Não pressuponha de tudo isto, que o nosso Clear se descartou de todos os maneirismos estranhos. O autodeterminismo é a individualidade extrema; a personalidade é inerente e, revelada pelo Clareamento, esta eleva-se muito acima do aberrado. Os engramas comprimem um humano e tornam-no pequeno e medroso. Num estado Liberado, o seu poder entra em jogo. Para um humano, o engrama de compaixão é como uma muleta quando ele tem duas pernas fortes. Mas o preclear chora e soluça quando perde o velho Tio Gastão, cujo hábito de cuspir no chão, ao ser transplantado, surpreendeu tanto os amigos e companheiros de trabalho do nosso preclear. Porém, o desgosto é breve, dura apenas a meia hora que usualmente leva para percorrer o engrama de compaixão até ao apagamento. Subitamente, o preclear recorda o Tio Gastão, recorda um milhão de coisas que o Tio Gastão e ele costumavam fazer, pois o engrama tinha deixado o Tio Gastão ocluso entre aquelas coisas que estavam fora da vista do "Eu". Embora o engrama possa ter dito: "Está bem, pronto, vai ficar tudo bem, Guilherme. Vou tomar conta de ti. Não estrebuches tanto. Tu vais ficar bom. Pronto, pronto, pronto. Pobre coitadinho. Pobre coitadinho. Que erupção terrível que tu tens! Estás com muita febre. Pronto, pronto Guilherme. Enquanto eu estiver aqui, tu vais estar bem. Vou tomar conta do meu Guilherme. Agora dorme. Dorme e esquece isso." E o Guilherme estava "inconsciente" durante todo este tempo e nunca "soube" disto. Depois, ele arranjou um sócio que se parecia com o Tio Gastão (mas que por acaso era um idiota) e quando faliu ele desenvolveu, de algum modo, uma erupção cutânea, uma tosse crônica e tornou-se muito "febril" em relação aos assuntos dos seus negócios. Começou a cuspir no chão sem importar onde estivesse e a sua saúde piorou e ele piorou, mas se antes de entrar em terapia, lhe tivessem perguntado se ele teve alguns tios, ele teria sido muito vago.
"Dá-me uma resposta relâmpago", diz o auditor. "Quem costumava cuspir no chão?"
"O Tio Gastão", responde o preclear. "Meu Deus, isto é engraçado (limpa a garganta ruidosamente e cospe). Há anos que não pensava nele. Mas ele raramente estava por perto. (Não esteve mais do que dez anos seguidos, como o auditor pôde descobrir.) Acho que ele não é importante. Vamos falar da Sra. Açoitada, aquela professora que eu tive ... "
"Agora, vamos voltar ao tempo em que o Tio Gastão te ajudou", diz o auditor. "A banda somática irá agora para trás ao tempo em que o teu Tio Gastão te ajudou."
"Estou a sentir-me como se a minha pele estivesse a arder!" queixa-se o preclear. "Isto deve ser ... Eh, isto é a minha alergia! Mas não vejo ninguém. Não ... Espera, estou a apanhar uma impressão de alguém. Alguém ... Ora, é o Tio Gastão!" Ele percorre isso e a erupção cutânea dasaparece.
Mas talvez o auditor tivesse de apanhar cem engramas antes de obter este. E então o preclear subitamente lembra-se dele e do Tio Gastão e da ocasião - mas prossiga com a terapia.
Ser capaz de lembrar-se completamente parece ser um sinônimo de sanidade completa. Mas não suponha, só porque um Clear se livra dos seus Tios Gastões e do hábito que ele tinha de cuspir no chão, que ele agora já não se entregará a qualquer excentricidade. A diferença é esta: ele já não é compelido à excentricidade sem o seu consentimento. Meu Deus, o que uma mente Clareada pode inventar para que não fique entediada!
Mesmo nos casos mais fáceis haverá ocasiões em que o progresso parece deter-se. Aqui está uma lista de possíveis razões:
Já há muito tempo que é uma idéia popular, mesmo que errônea, que as pessoas têm o desejo de reter as suas neuroses. Em qualquer caso que "resista" à terapia, de certeza que são os engramas que estão a resistir, não o paciente; portanto, não ataque o paciente, mas sim os engramas.
Há muitas computações que dão a aparência de resistência. A mais comum delas é a computação de aliado, que provém de engramas contendo aliados que parecem suplicar ao paciente para que não se livre de nada. Uma situação comum é aquela em que algum parente ou amiga da mãe está a aconselhá-la contra o aborto do bebê. O aliado está a suplicar: "Não te livres dele!" O preclear sabe que essa pessoa é um amigo de primeira ordem. O preclear poderá interpretar isso como significando que ele não se deve livrar dos seus engramas.
Outra computação é a estupidez de computação, no qual o preclear começa a acreditar que ficará estúpido ou sem cabeça, se desistir dos engramas. Isto provém, por exemplo, de a mãe dizer que perderá a cabeça, se perder a criança: ela refere-se ao bebê como "ele". Poderá aparecer uma cadeia inteira desses incidentes em um caso, dando ao preclear a idéia de que se ele se separar de algum engrama, ele perderá a cabeça. Esta é a razão primária pela qual as escolas do passado acreditaram que a mente se compunha de neuroses, em vez de uma personalidade inerente. Os engramas, embora desconhecidos, pareciam ser muito valiosos, mas não são - nenhum deles.
Uma outra computação é relativa ao secretismo. Parece ao preclear que a sua vida depende de manter algum segredo. Isto é comum em um caso em que a mãe tinha um amante. Tanto a mãe como o amante impõem secretismo. O preclear, obedecendo a comandos engrâmicos, acredita ter muito a perder se contar este segredo, embora aqueles que o impuseram nem estivessem cientes da presença dele ou, caso estivessem, não sabiam que ele estava a "ouvir". Uma computação de secretismo provém do medo que a mãe tem de dizer ao pai que ela está grávida; se a mãe é um aliado da criança, então a criança será extremamente ciosa deste tipo de engrama.
Todos os casos têm uma ou mais computações que inibem a entrega de engramas. Alguns têm todas as computações acima indicadas e ainda mais. Isto não preocupa muito o auditor, pois através da Técnica de Repetição, ele pode abrir o banco de engramas.
Os chamados hipnóticos não têm grande aplicação em Dianética exceto, ocasionalmente, quando o paciente é psicótico e se emprega a narcossíntese. Quando falamos de hipnóticos, referimo-nos a preparados como fenobarbital, hioscina, ópio e por aí fora. Estas drogas produtoras de sono são indesejáveis, exceto apenas como sedativos e se forem administradas como sedativos por um médico. Qualquer paciente que precise de um sedativo já tem um médico cujo ofício é tratar disso. O auditor não deve, então, ocupar-se de hipnóticos ou de qualquer coisa que produza sono. Alguns preclears irão implorar drogas para dormir para "facilitar a terapia", mas qualquer uma dessas drogas é um anestésico e desliga os somáticos, inibindo a terapia. Além disso, ninguém, a não ser o insano, deve ser trabalhado em transe amnésico, particularmente em transe de drogas, pois a tarefa é mais longa do que o necessário e os resultados lentos, como se explica noutra parte deste livro. Dianética desperta as pessoas; não tenta drogá-las nem hipnotizá-las. É por esta razão que a droga hipnótica não tem valor para o auditor.
Não se deve fazer a vontade aos pacientes que desejem levar uma pancada na cabeça com um pedaço de tubo galvanizado ou que desejem ser postos em um transe profundo de algum outro modo, mesmo quando eles, por graça, vos apresentem o seu próprio pedaço de tubo.
O truque é pôr o "Eu" em contato com o arquivista. Todos os hipnóticos atuam para desligar o "Eu". Embora o arquivista possa ser alcançado e o sônico e visio estejam disponíveis, e mesmo quando, com muito trabalho, se possa efetuar o Clareamento desse modo, até o caso mais "desesperado" é mais bem trabalhado através do contato com o "Eu"; o trabalho é mais rápido, mais satisfatório e menos penoso.
Quando se descobre a ciência da mente, encontra-se inevitavelmente muitas outras coisas que não cabem propriamente no seu âmbito. Entre estas está a confusão que, por ignorância, tem existido sobre hipnóticos. Essas coisas rotuladas de "hipnóticos", como as acima nomeadas, não são de modo nenhum hipnóticos, mas sim anestésicos. E as coisas rotuladas de anestésicos não são anestésicos, mas sim hipnóticos. Isto tornar-se-á extremamente claro para o auditor, quando ele der por si a ficar enleado com o seu primeiro engrama "anestésico" de óxido nitroso nalgum preclear. Talvez tenha havido outro engrama em que foi ministrada morfina durante dias ou mesmo semanas, deixando o paciente em um torpor que, pela definição de "hipnótico", deve ter sido um transe: o material aberrativo estará presente, mas verificar-se-á ser leve em comparação com o engrama de clorofórmio ou de óxido nitroso.
Éter, clorofórmio e óxido nitroso os "anestésicos" - põem o paciente em um transe hipnótico profundo: o banco reativo está completamente aberto e toda a recepção é nítida, clara e extremamente aberrativa. Dos três, o óxido nitroso é de longe o pior, não sendo de modo nenhum um anestésico que embotaria a dor, mas sim um hipnótico de primeira classe. Com o óxido nitroso, a dor é arquivada e o conteúdo arquivado com uma fidelidade alta e brilhante. Há alguns anos, um investigador interrogou-se sobre se o óxido nitroso causaria a deterioração do cérebro. Felizmente, os cérebros não se deterioram assim tão facilmente; mas o óxido nitroso produz, de fato, engramas particularmente severos. Os engramas recentes mais sérios que o auditor encontrará poderão incluir, no topo da lista, um engrama de óxido nitroso dentário, cirúrgico ou obstétrico. Engramas de óxido nitroso são particularmente maus quando envolvem a extração de dentes; com frequência, estes formam os engramas mais severos na vida recente. À parte do fato de que, no passado, todos os dentistas têm falado de mais e têm tido consultórios demasiado barulhentos, com sons da rua, água a correr e correias de broca a bater, o óxido nitroso não é de modo nenhum um anestésico e aguça a dor, em vez de a diminuir.
Pelo contrário, o óxido nitroso constitui um excelente hipnótico para a terapia institucional. Este está longe de ser o melhor que se pode obter dos químicos, isso é de certeza, pois algum químico brilhante será certamente capaz de produzir um bom gás hipnótico, agora que Dianética é conhecida e que se compreende que este é necessário nos manicômios.
Existem, contudo, algumas drogas que auxiliam a rêverie. A mais comum e mais fácil de conseguir é o café simples e forte. Uma chávena ou duas, ocasionalmente, despertam o analisador o suficiente para que possa penetrar nas camadas mais profundas de "inconsciência". A Benzedrina e outros estimulantes comerciais têm sido usados com algum sucesso, particularmente em pacientes psicóticos. Estes despertam a mente o suficiente para permitir-lhe superar os comandos engrâmicos. Estes estimulantes comerciais têm a desvantagem de gastar uma quantidade "Q" na mente.
Esta quantidade Q não tem sido muito estudada. É como se o cérebro queimasse uma certa quantidade de Q quando está a esgotar engramas. Por exemplo, a terapia todos os dias poderá trazer resultados mais rapidamente, mas também trará algumas sessões insípidas. A terapia de dois em dois ou de três em três dias produz, conforme observado, os melhores resultados. (A terapia uma vez por semana permite que os engramas decaiam e atrasa um caso, sendo uma semana tempo de mais.) A Benzedrina queima o Q. Após algumas sessões com Benzedrina, a provisão atual de Q esgota-se e tem-se observado que o trabalho se deteriora até que seja ministrada uma dosagem mais elevada - e há um limite restrito para isso - ou até que seja fabricado mais Q.
Aqui, com tudo isto, é preciso incluir um fato importante e vital. Este devia estar numa página separada e sublinhado.
Todos os pacientes que estão em terapia devem receber uma dose de vitamina B1, oralmente ou por injecção, em um mínimo de 10 mg por dia.
Reduzir engramas gasta o Q, que parece depender até certo ponto da vitamina B1. Pode ter a certeza absoluta de que um paciente, que não esteja a tomar vitamina B1, terá pesadelos. Se tomar doses amplas desta, ele não terá quaisquer pesadelos. As ocorrências de delirium tremens provavelmente são causadas por um desgaste semelhante de quantidade Q. A melhor maneira de tratar o delirium tremens é com vitamina B1 e Dianética. Observou-se que uma coisa parecida com delirium tremens se desenvolvia, numa escala muito pequena, nalguns pacientes que descuravam a sua vitamina B1. Quando a tomam, eles são bem-sucedidos na terapia.
O álcool raramente é um auxílio para o auditor. De fato, o álcool raramente serve de auxílio a quem quer que seja. Uma substância depressiva que é classificável, na melhor das hipóteses, como um veneno, o álcool tem como única virtude o fato de ser altamente tributável. Todos os alcoólicos são alcoólicos devido aos seus engramas. Todos os alcoólicos, a menos que tenham danificado os seus cérebros - este caso apenas é citado aqui por ser possível, não porque a pesquisa de Dianética tenha demonstrado qualquer evidência real - podem ser Liberados. O alcoolismo é engrâmico. Este tornou-se, de maneira muito compreensível, uma classe de aberração contagiosa, pela qual a mente reativa confunde o álcool com "ser bom companheiro", "divertir-se" ou "esquecer as mágoas". Algumas dessas coisas também podem ser conseguidas com estricnina e cianeto. O álcool tem as suas aplicações: pode-se pôr espécies de rãs e coisas dessas dentro deste, pode-se usá-lo para limpar os germes das agulhas, este arde bem nos foguetes. Mas não passaria pela cabeça de ninguém preservar o próprio estômago em um frasco de vidro e, a menos que seja insano, ninguém pensaria que ele era uma agulha. Embora alguns bêbados pensem que agem como foguetes, observou-se que poucos atingiram uma altitude maior do que o chão. Além de ser um estimulante-depressivo medíocre, também é um hipnótico, no sentido mais exato: aquilo que é feito a um bêbado, torna-se um engrama.25 O alcoólico crônico está física e mentalmente doente. Dianética pode Aclará-lo ou mesmo simplesmente Liberá-lo sem demasiado trabalho, pois aparentemente o efeito do vício do álcool não é fisiológico. Com uma gama tão vasta de produtos químicos à disposição, a partir da qual pode escolher estimulantes e depressivos, a razão por que o governo prefere legalizar um composto dos mais aberrativos e dos menos estimulantes é um problema para os melhores matemáticos, possivelmente para aqueles que lidam exclusivamente com questões de impostos sobre o rendimento. O ópio é menos nocivo, a marijuana não é apenas menos prejudicial ao corpo, como também é melhor para manter um neurótico a produzir, o fenobarbital não embota tanto os sentidos e produz menos consequências, o cloreto de amônia e muitos outros estimulantes produzem mais resultados e são um pouco menos severos para a anatomia. Mas não, os engramas, que têm vindo a contagiar-se desagradavelmente desde a primeira fermentação rudimentar que embebedou um dos nossos antepassados, decretam que o álcool é a única coisa que se deve beber quando se quer "esquecer tudo" e "divertir-se". Na verdade, não há nenhum mal no álcool, exceto que depende principalmente de engramas e de outra publicidade para o seu efeito e, fora disso, é notavelmente inferior em termos de atuação: o fato de produzir engramas tão aberrativos é, provavelmente, a principal razão da sua fama e infâmia. Tornar uma droga imoral e outra tributável é um exemplo do engrama de álcool na sociedade. Contudo, embora o álcool seja imensamente legal, é duvidoso que o auditor encontre qualquer uso para este na terapia.
E por falar em drogas, aquela nota de três mil ciclos que uma pessoa sente nos ouvidos provém de um engrama de óxido nitroso ou das quantidades de quinina que a mãe tomou, antes de a pessoa nascer, na esperança de não vir a ser mãe, enquanto dizia ao mesmo tempo: "Isto faz os meus ouvidos zumbirem tanto e isto simplesmente continua a zumbir e a zumbir e a zumbir e nunca mais pára!"
Desde o começo da pesquisa de Dianética, há doze anos, a maior parte dos pacientes tem tido alguma crença de que podia trabalhar o seu caso sob "autocontrole".
Não compreendendo que um auditor só está interessado no que foi feito ao paciente, não no que foi feito pelo paciente, algum acanhamento ou culpa imaginada muitas vezes suscita esta esperança vã de poder realizar a terapia sozinho.
Isso não pode ser feito. Esta afirmação é categórica e é um fato científico. O auditor é necessário por um grande número de razões. Ele não está ali para controlar ou dar ordens ao preclear, mas para escutar, para proporcionar insistência, para computar a dificuldade que o preclear está a ter e remediá-la. O trabalho é feito com base nestas equações:
As dinâmicas do preclear são menores do que a força no seu banco reativo.
As dinâmicas do preclear mais as dinâmicas do auditor são maiores do que a força no banco reativo do preclear.
A mente analítica do preclear é desligada sempre que ele alcança um engrama e, depois, ele é incapaz de prosseguir e de recontá-lo as vezes suficientes para o descarregar, sem a assistência do auditor.
A mente analítica do preclear mais a mente analítica do auditor podem descobrir engramas e recontá-los.
Há outra equação, que não foi mencionada em nenhuma outra parte, mas que é pertinente ao Código do Auditor, que demonstra matematicamente a necessidade desse código:
A força do banco de engramas do preclear mais a força da mente analítica do auditor são maiores do que a mente analítica e as dinâmicas do preclear.
Isto explica a necessidade de nunca atacar o preclear pessoalmente. Explica também o comportamento do aberrado, usualmente sob ataque na vida e a razão por que ele fica irado e apático, pois esta equação esmaga o seu analisador.
Estas equações demonstram leis naturais verdadeiras.
No autocontrole, o preclear tenta atacar uma coisa que nunca foi superada pelo seu analisador, embora o seu analisador nunca tenha tentado, interiormente, fazer outra coisa que não fosse atacar esse banco enquanto o analisador pudesse operar. O fato de que o analisador do preclear se desliga, sempre que ele entra numa área de "inconsciência", foi a razão pela qual os engramas puderam apoderar-se dele e usá-lo como um fantoche quando eram restimulados - estes engramas simplesmente desligavam o analisador.
Muitos esforços têm sido feitos por muitos pacientes para pôr Dianética em um nível de autocontrole. Todos falharam e, até à data, acredita-se que isto é total e completamente impossível. O preclear em rêverie autocontrolada poderá ser capaz de alcançar alguns locks: pode certamente alcançar experiências agradáveis e conseguir recordar dados por retorno, mas não consegue atacar os seus próprios engramas sem uma combinação standard de auditor-preclear.
À parte da rêverie de Dianética, alguns preclears têm sido suficientemente tolos para tentar a auto-hipnose e, assim, alcançar os seus engramas. O hipnotismo, sob qualquer forma, não se justifica em Dianética. A auto-hipnose usada em Dianética está provavelmente tão perto de masoquismo infrutífero quanto se pode chegar. Se um paciente se põe em auto-hipnose e faz regressão de si mesmo, em um esforço para alcançar a doença, o nascimento ou pré-natais, a única coisa que ele conseguirá é ficar doente. Claro que as pessoas irão tentá-lo. Uma vez que tenha começado a fazer campanha a favor da idéia do autocontrole, não há ninguém que fique convencido enquanto não tiver tentado. Mas assegure-se de que tem um amigo e este livro à mão, para que ele possa auditar-lhe as dores de cabeça e as outras coisas que se ligam subitamente.
A rêverie de Dianética, que significa que há um auditor presente, não é perigosa nem severa. O autocontrole é, com frequência, muito desconfortável e infrutífero. Não deve ser tentado.
Só o Clear pode autocontrolar toda a sua linha do tempo até à concepção e ele faz isso quando quer dados específicos de alguma época da sua vida. Mas ele é Clear.
Há diversas coisas que podem acontecer ao sistema nervoso, incluindo o cérebro, que podem causar mudanças estruturais. Em Dianética, estas chamam-se alterações mentais orgânicas. Não são chamadas "neuroses orgânicas" ou "psicoses orgânicas", porque a alteração de estrutura não produz, necessariamente, aberrações. Houve uma confusão no passado, entre o comportamento causado por diferenças orgânicas e o comportamento causado por engramas. Esta confusão surgiu porque o banco de engramas e a mente reativa não eram conhecidos.
Qualquer ser humano com uma alteração mental orgânica também tem engramas. O comportamento ditado pelos engramas e a ação causada pela alteração são coisas diferentes. Os engramas são portadores de dramatizações, delusões, birras e várias ineficiências. As alterações estabelecem incapacidades de pensar, percepcionar, gravar ou recordar. Por exemplo, poderão ser incluídos novos filtros e circuitos, no aparelho de rádio, que mudam e alteram o seu desempenho e que o reduzem em relação ao ótimo; estes seriam os engramas. As válvulas ou circuitos originais do aparelho de rádio poderão ser removidos ou alguns dos fios poderão ser cruzados; isto seria alteração mental orgânica.
As fontes de alteração mental orgânica são as seguintes:
As seis primeiras fontes de alteração mental orgânica são muito menos comuns do que se tem suposto. O corpo é um mecanismo extremamente robusto e os seus meios de reparação são enormes. Se for possível levar um individuo a falar ou a seguir ordens minimamente, é concebível que as técnicas de Dianética possam ser aplicadas para reduzir os engramas no banco de engramas, ocasionando uma melhoria considerável na condição e capacidade mental do indivíduo. Quando essas várias fontes são tão severas que inibem qualquer uso da terapia, e quando for certo que não é possível nenhum recurso à terapia e que é totalmente impossível alcançar o banco de engramas através da técnica standard, hipnotismo ou drogas26, pode-se considerar que tais casos estão para além da ajuda de Dianética.
A categoria 7 apresenta outro problema. Temos aqui a experimentação seletiva em ação e seria completamente impossível conceber, sem meses de estudo dos sujeitos experimentais, quantas qualidades e variedades de operação foram realizadas e quantos choques estranhos e bizarros foram usados.
Todas as alterações iatrogênicas do sistema nervoso podem ser consideradas sob o título de "capacidade reduzida" ou, por outras palavras, a incapacidade. Em cada caso, algo foi feito para reduzir a capacidade do indivíduo para percepcionar, gravar, recordar ou pensar. Qualquer uma destas coisas complica um caso para Dianética, mas não impede, necessariamente, Dianética de funcionar.
Nos casos de choque, tais como eletrochoque, o tecido poderá ter sido destruído e os bancos de memória poderão ter sido baralhados de algum modo, a linha do tempo poderá estar alterada e poderão existir outras condições.
Em todas essas alterações iatrogênicas, os resultados de Dianética devem ser considerados equívocos.
Mas em todos esses casos, particularmente nos de eletrochoque, dianética deve ser usada de todas as maneiras possíveis em um esforço para melhorar o paciente.
Todos os choques e operações devem ser tomados pelo que são: engramas.
Nenhuma pessoa que possa desempenhar tarefas de rotina ou cuja atenção possa ser atraída e fixada deve sentir desespero ou ser considerada um caso perdido.
Qualquer pessoa que tenha sido sujeita a tal tratamento poderá não ser capaz de alcançar a eficiência mental ótima, mas poderá ser capaz de chegar a um nível de racionalidade até mesmo acima do normal corrente. A coisa a fazer é tentar. Apesar do que aconteceu ou do que foi feito, poderá haver, na grande maioria dos casos, uma possibilidade de excelente recuperação.27
Uma classe padrão de engramas pré-natais tem como conteúdo a preocupação dos pais de que a criança venha a ser uma débil mental, se não for abortada agora e a sério. Isto acrescenta uma sobrecarga emocional a estes engramas e, igualmente importante, acrescenta ao paciente, agora adulto, uma condição aberrativa de que ele "não está bem", "está tudo errado", "débil mental" e por aí fora. A dificuldade de abortar a criança é quase sempre subestimada: os meios usados são muitas vezes originais ou bizarros; a grande preocupação porque a criança não saiu do útero após a tentativa de aborto; e a ansiedade de que ela agora esteja irreparavelmente danificada - tudo isto se combina para formar engramas severamente aberrativos e, devido ao seu conteúdo, engramas que são difíceis de alcançar.
A qualidade aberrativa do comentário do tipo "débil mental" é, com certeza, elevada. A preocupação de que a criança nasça cega, surda ou de outro modo incapacitada é comum. A classe anterior de comentários engrâmicos pode produzir uma debilidade mental real; a preocupação posterior sobre a cegueira e por aí fora pode ocasionar, na melhor das hipóteses, recordação visio e sônica diminuída.
O desligamento das recordações também é ocasionado por uma crença engrâmica da sociedade em geral de que o nascituro é cego, não tem sensações e não está vivo. Esta crença é introduzida nos engramas AA (tentativa de aborto) pelos comentários que as pessoas fazem para se justificar, enquanto tentam um aborto: "Bem, ele de qualquer forma não pode ver, sentir ou ouvir." Ou: "Ele não sabe o que está a acontecer. É cego, surdo e mudo. Ele é uma espécie de excrescência. Não é humano."
A maior parte do desligamento de recordação sônica e visio tem como a sua fonte os comentários feitos nessas ocasiões ou a emoção dolorosa e outros dados engrâmicos. Centenas de horas de terapia poderão passar, antes que estas recordações se liguem.
A maior parte de todos os desligamentos ligar-se-á no decurso da terapia. Há milhares de comentários engrâmicos e situações emocionais que negarão ao preclear a sua recordação e, normalmente, pode-se esperar que essa recordação se restaure.
Um paciente de dinâmica muito baixa (pois as pessoas têm diferentes forças nativas da dinâmica) poderá ter um desligamento de recordações com bastante facilidade. Um paciente de dinâmica alta teria de apanhar com muito mais aberração para que as suas recordações se desligassem. Estas recordações podem ser ligadas simplesmente percorrendo até apagar os engramas fisicamente dolorosos ou de emoção dolorosa.
Não se deve deixar de notar, contudo, que as tentativas de aborto podem de fato, embora raramente, perturbar o cérebro e os mecanismos nervosos para além da capacidade de reparação fetal. O resultado disto é uma incapacidade fisiológica real.
As crianças e adultos, atualmente classificados como débeis mentais, podem então ser separados em dois grupos: a classe fisiológica real e a classe aberrada. Além disso, os desligamentos de recordação também devem ser divididos em duas classes, sem olhar à dinâmica e à inteligência do indivíduo: os ocasionados por dano cerebral, recebido durante uma tentativa de aborto e os que são unicamente aberrativos e que derivam de emoção e comandos engrâmicos.
A capacidade que o feto tem de reparar danos é fenomenal. O dano cerebral normalmente pode ser reparado na perfeição, independentemente do número de substâncias estranhas que foram introduzidas no cérebro. Só porque o cérebro foi tocado numa tentativa de aborto, não é razão para supor que o desligamento de recordação tenha sido causado por isso, pois esta é a mais rara das duas causas.
Entende-se que isto esteja a ser lido por muitas pessoas que têm desligamentos de recordação e compreende-se que isto poderá causar um transtorno considerável. Mas lembre-se disto: a recordação sônica e visio não são vitais para um Liberado quase completo. Este comentário sobre o dano orgânico não significa que não se pode efetuar uma Liberação, deixando a pessoa mais competente e feliz, pois isto pode sempre ser feito independentemente das recordações. E lembre-se disto: as recordações acabarão quase sempre por se ligar, mesmo que isso leve quinhentas horas ou mais. Faz-se referência a esta condição apenas porque será encontrada em alguns casos.
Os "testes" e "experiências" com vivissecção do cérebro humano feitos em instituições, infelizmente, não são válidos. Apesar de toda a dor, dificuldade e destruição que essas "experiências" causam, elas foram feitas sem um conhecimento apropriado da aberração e perturbação mental. Nenhum desses dados tem qualquer valor, para além de mostrar que o cérebro pode ser cortado de várias maneiras, sem matar o humano completamente. Porque os pacientes usados respondiam tanto à perturbação engrâmica como à perturbação física causada pelo psiquiatra, e não há nenhuma maneira de as diferençar após a operação exceto por meio de Dianética. As conclusões tiradas destes dados são, portanto, conclusões inválidas, pois a resposta do paciente após a operação poderá ter várias fontes: engrâmica, do engrama da operação propriamente dita; danos de tentativas de aborto no princípio da vida; incapacidade cerebral por causa da operação e assim por diante. Por isso, não conclua que a deterioração do raciocínio conceptual, por exemplo, só acontece quando é removida uma parte do cérebro, que só há desligamento de recordação quando é feita a vivissecção do cérebro e por aí fora. De um ponto de vista científico, nenhum desses "achados" foi conclusivo de coisa alguma, exceto de que se pode danificar o cérebro, em um período tardio da vida, sem matar um humano completamente e que a cirurgia de qualquer tipo provoca, frequentemente, uma mudança mental no paciente. É verdade que isto poderá ter descoberto que esta ou aquela porção do painel de controle chamado cérebro, quando removida, removia também alguma capacidade para atuar.
Será de interesse, particularmente para aqueles que estão ligados ao trabalho hospitalar em urgências, que a cura e a recuperação de qualquer paciente podem ser enormemente beneficiadas e a duração da enfermidade encurtada, pela remoção do engrama ocasionado no momento do ferimento.
Às vezes, o acidentado morre de choque ao fim de poucos dias ou não recupera e não se cura rapidamente. Em qualquer ferimento físico - uma queimadura, um corte, um arranhão de qualquer espécie - há um trauma que permanece muito tempo na área danificada. O momento do ferimento criou um engrama. Esse engrama inibe a liberação do trauma. O fato de a parte afetada continuar a doer é um restimulador orgânico que deprime a capacidade de recuperação do paciente.
Usando a rêverie, ou meramente trabalhando com o paciente de olhos fechados, e trabalhando com ele o mais cedo possível após o ferimento, o médico, a enfermeira ou o parente podem retornar a pessoa ferida ao momento em que o ferimento foi recebido e, normalmente, recuperar e esgotar o incidente como um engrama comum. Uma vez reduzido o engrama do ferimento, o tom mental geral do paciente melhora. Além disso, a área ferida já não está inibida de se curar.
Algum trabalho experimental sobre isto demonstrou que algumas queimaduras saravam e desapareciam em poucas horas, quando se removia o engrama que acompanhava a sua recepção. Em ferimentos mais sérios, os testes mostraram uma aceleração definida e inequívoca da rapidez de cura.
Em operações, nos casos em que se usaram anestésicos, Dianética é útil de dois modos:
No primeiro, não deve haver conversa de espécie nenhuma à volta de ou com o paciente "inconsciente" ou semiconsciente. No segundo, o trauma da operação propriamente dita deve ser recuperado e aliviado imediatamente a seguir.
O R e a sua esposa C Clarearam-se um ao outro em oito meses, com Dianética, trabalhando quatro horas por noite, quatro noites por semana, cada um auditando o outro durante duas das quatro horas. Este arranjo mútuo foi complicado pelo fato de que, enquanto R desejava ardentemente ser Clareado, a esposa estava muito apática quanto ao trabalho: só após muita persuasão é que ele conseguiu pôr os casos a avançar.
Ele era um caso de dinâmica alta, com muita emoção enquistada; ela era um caso de apatia, que ignorava totalmente as suas dificuldades (mecanismo da pantera negra). Ele era atormentado por uma úlcera crônica e ansiedades a respeito do seu emprego; ela era atormentada por uma condição alérgica geral e um desmazelo crônico nos afazeres domésticos. Não eram mutuamente restimulativos em alto grau, mas tinham problemas de consentimento tácito, evitando os assuntos que mais os tinham perturbado quando juntos, como um aborto espontâneo que ela teve e a perda do seu lar por incêndio muitos anos antes, assim como outros choques. Além disso, eles enfrentavam, por um lado, a intensidade de R e a sua introversão, que o fazia descurar a terapia dela; e por outro lado a apatia de C que facilitava o esforço de R para ter mais tempo do que ela como preclear e que diminuía o interesse dela em ser uma boa auditora.
Houve mais complicação porque C não compreendia o Código do Auditor ou o seu uso e, em diversas ocasiões, ficou zangada e impaciente com R quando ele estava em sessão e retornado, uma atitude que tendia a forçar R a entrar numa valência de ira.
Ao longo deste curso incerto, a terapia foi continuando. R foi então informado acerca de consentimento tácito e foi-lhe dito que seria melhor liberar alguma da sua emoção dolorosa mútua. Depois disso, ele abordou o engrama da casa a arder e, subitamente, verificou ser capaz de auditar alguns antigos engramas de compaixão da esposa, os quais não tinham estado disponíveis até então. Descobriu-se que as alergias dela provinham de uma computação de compaixão relativamente ao pai e que R era o pseudopai. Isto resultou em um melhoramento acentuado no caso de C. Ela começou a sofrer menos das alergias e uma dor cardíaca crônica, que teve durante tanto tempo que ela já nem lhe dava importância, também desapareceu. Ela passou a interessar-se por ser uma boa auditora e estudou o assunto. Ela ficou um pouco irritada com R, quando ele exigiu mais do que a sua porção do tempo de terapia. (Este aumento de interesse acontece sempre em qualquer caso de apatia que tenha começado com a negligência dos engramas.)
R, contudo, era muito inibido pelos períodos de ira dela e verificou que ele agora estava a trabalhar quase exclusivamente sob autocontrole, uma condição em que ele decidia o que devia ser percorrido e o que não devia ser percorrido nele próprio. Este autocontrole é, evidentemente, inútil, visto que se ele conhecesse as suas aberrações e os dados contidos nos seus engramas, estes não seriam engramas. Consequentemente, ele entrou em um período de recusar-se a manifestar qualquer emoção, visto que ela troçara dele a esse respeito, ele não seguia as instruções dela e, em suma, estava a obedecer aos engramas que ela lhe tinha dado quando se zangou com ele em sessões anteriores. C foi aconselhada a apanhar os momentos de ira manifestados por ela como auditora durante a terapia e quando estes foram reduzidos, verificou-se que R voltou a trabalhar bem e a cooperar.
A sua úlcera provinha de uma tentativa de aborto. O pai dele, um indivíduo extremamente aberrado, tinha tentado o aborto do bebê, quando este tinha sete meses de útero. A mãe protestava que o bebê poderia nascer vivo. O pai disse que se este estivesse vivo ao nascer, ele matá-lo-ia assim que saísse. Ele também disse que a mãe tinha de ficar parada, enquanto ele operava. Noutra ocasião, o pai dissera que trancaria a mãe em um armário, até que ela decidisse abortar a criança. (Este caso foi muito complicado, porque a mãe tinha tido medo de dizer ao pai e tinha fingido que não estava grávida durante três meses, fazendo crer ao marido que estava só grávida de quatro meses, quando estava de sete. Havia, portanto, muito secretismo no caso, muita confusão e dados contraditórios.) Isto significava que R tinha um segurador severo na área pré-natal: ele estava seguro pelo engrama que incluía uma perfuração do seu estômago. Este era o engrama chave, o que significa que outros engramas, pelo mecanismo de somático e conteúdo semelhantes, se tinham juntado à volta deste para suprimi-lo. Este era o emaranhado de incidentes que C estava a enfrentar sem o saber: este tinha ficado mais emaranhado pela ira dela. R agora cooperava, mas a sua linha do tempo tinha-se enrolado numa bola à volta do engrama segurador, a chave. Dois incidentes relativos à extração dos dentes do siso com anestesia de óxido nitroso, também estavam a suprimir os pré-natais.
C trabalhou durante algum tempo, tentando obter os engramas de extração recentes, os quais continham uma enorme quantidade de conversa entre o dentista, os seus assistentes e a mãe de R que, infelizmente para a sanidade dele, o tinha acompanhado ao consultório do dentista.
R ficou intensamente desconfortável devido à restimulação contínua de engramas que ainda não podiam ser alcançados. Não estava mais desconfortável do que tinha estado muitas vezes no passado e o seu desconforto teria estado ausente se C tivesse compreendido e seguido o Código do Auditor. O caso não progrediu durante várias semanas.
A terapia de C estava a progredir. Era intensamente restimulativo para R trabalhar o caso de C e isto aumentava o seu desconforto; contudo, quanto mais trabalhava no caso dela, melhor ela auditava e mais inteligente ficava (o seu QI subiu cerca de cinquenta pontos, após cinco semanas de terapia). C quis saber como poderia resolver os impasses no caso de R e foi informada de que ela agora estava a praticar consentimento tácito; porque muito antes do começo da terapia, ela tinha muitas vezes mostrado, desnecessariamente, falta de consideração pelo R, e ela agora compreendera o que lhe tinha feito e no entanto não conseguia encarar o fato de ser parte responsável por uma porção tão grande da sua infelicidade. Ela tinha usado muitas vezes linguagem irada com ele, sabendo muito bem que esta seria um "botão de pressão" que o levaria a fazer alguma coisa ou a retirar-se de uma discussão, uma linguagem que tinha sido restimulativa para ele, muito antes da terapia.
Logo a seguir, C entrou em engramas de emoção dolorosa recentes na vida de R e, trabalhando engramas antigos de dor física, que diziam que R não podia "sentir nada", alternadamente com engramas mais recentes em que ele estava a sentir intensamente em um plano emocional mas não o podia manifestar, começou a liberar a emoção no caso. R mostrou então melhorias regulares. A emoção dolorosa tardia era liberada, apareciam pré-natais antigos para serem reduzidos e depois mais emoção tardia ficava à vista para redução.
Subitamente, foi revelado no caso que a razão por que R era tão facilmente transtornado por C residia na pessoa de uma enfermeira que cuidara de R durante a sua amigdalectomia, aos cinco anos de idade. Alguns maneirismos de C tinham alguma semelhança com os dessa enfermeira. Isto era um engrama de compaixão e, ao ser liberado, a linha do tempo começou a endireitar-se e os engramas de aborto puderam ser contatados mais facilmente.
Acontece que R tinha estado muito fora da sua linha do tempo durante a maior parte da sua vida, ele tinha a memória oclusa e a sua recordação em péssimas condições. Verificou-se que isto estava no engrama chave oculto: a tentativa de aborto em que o pai tinha jurado matá-lo se ele saísse e tinha acrescentado que a criança de qualquer forma não podia ver, sentir ou ouvir nada, material engrâmico que era demonstrado pela incapacidade que R tinha de se mover na linha do tempo.
Assim que a chave foi encontrada - transcorridas duzentas e oitenta horas de terapia - R voltou à linha do tempo, podia mover-se nesta, e o apagamento dos seus engramas continuou de uma maneira ordenada.
C tinha sido Clareada cerca de dois meses antes de R alcançar o engrama final. Contudo, as alergias de C desapareceram muito antes de o caso ser completamente Clareado, e a úlcera de R e outras dificuldades psicossomáticas também desapareceram muito antes de o seu caso ser finalmente Clareado.
G foi Clareado em dez meses de sessões esporádicas. O seu caso teve o diagnóstico inicial de não-sônico, não-visio, desligamento de dor e de emoção, leve transe permanente, estado de "regressão" permanente na idade de três anos. Isto é, no instante em que entrou em rêverie, ele ficou sobressaltado e assustado por se encontrar numa cadeira de dentista, com três anos de idade e com um dente a ser arrancado, um engrama em que tinha estado situado, sem o saber, durante cerca de metade da sua vida subsequente. Este tinha sido a causa parcial das suas cáries crônicas e da sua incapacidade de dormir, como negação do anestésico. A situação era óbvia, pois ele começou imediatamente a lutar e cecear, uma condição que foi instantaneamente remediada ao percorrer o engrama para que ele pudesse vir para tempo presente, o que veio a acontecer.
Ele tivera consideráveis dificuldades na vida, tinha uma dinâmica alta, mas manifestava apatia. Após setenta e cinco horas, quando se deu a Liberação, descobriu-se que a mulher às vezes era a pseudo-avó e que também, por ambivalência, era a pseudomãe. Como a sua computação de compaixão exigia que ele estivesse doente para que a avó ficasse com ele e, como os seus engramas contra-sobrevivência impunham que a mãe só era boa com ele quando ele estava doente, a computação reativa chegou à conclusão de que ele devia estar continuamente doente, uma exigência que foi satisfeita pelo seu corpo durante vinte e três anos. Tudo isto foi recuperado e remediado apenas pela redução de engramas.
O apagamento começou a ocorrer após cerca de duzentas horas de terapia e estava a prosseguir quando, subitamente, o caso deixou de progredir. Durante cinquenta ou mais horas de terapia, poucos engramas puderam ser localizados, os que foram localizados não podiam ser reduzidos, não se conseguia alcançar nenhuma emoção dolorosa e os únicos engramas alcançados e reduzidos somente foram localizados e tratados porque o auditor neste caso usou técnicas forçosas altamente especializadas, que quase nunca são necessárias e não devem ser aplicadas, salvo em casos psicóticos. No início do caso não tinha sido necessário usar tanto esforço. Alguma coisa estava obviamente errada.
Mediante uma indagação rigorosa, descobriu-se que a mulher de G se opunha violentamente a Dianética, nunca perdendo uma oportunidade de dirigir, ao G, ataques extremamente críticos e virulentos contra esta, particularmente quando ele estava em companhia de amigos. Ela troçava dele, chamando-lhe psicótico. Ela procurou um advogado para obter o divórcio (anunciando isto depois de ele ter começado a terapia, mas na verdade, já havia dois anos que ela andava a consultar um advogado para esse efeito) e, de um modo geral, agitava e perturbava tanto o G, que este recebia continuamente engramas de emoção dolorosa, embora não demonstrasse qualquer emoção contra ela.
Tinham um filho de nove anos de idade. G gostava muito do rapaz. A criança tinha tido uma quantidade invulgar de doenças infantis, sofria dos olhos e de sinusite crônica; andava atrasado na escola. A mulher era um bocado ríspida com o miúdo. Qualquer coisa que ele fizesse punha-a nervosa.
O auditor no caso, ao tomar conhecimento da sua atitude em relação ao marido em geral e Dianética em particular, teve uma conversa com ela acerca do marido. Verificou-se que ela não se opunha à terapia para si própria. Pouco tempo após esta conversa, G e esta mulher tiveram uma discussão breve em que G fez o comentário de que ela devia ser aberrada. Ela ofendeu-se intensamente com isto e disse que o doido era ele, porque se interessava por Dianética. Ele refutou, dizendo que dos dois, ele devia ser o menos aberrado, uma vez que estava a tomar medidas para fazer algo a esse respeito. Além disso, ele salientou que ela devia ser aberrada, pois caso contrário não seria tão irascível com a criança, fato que indicava definitivamente que ela tinha um bloqueia na sua Segunda Dinâmica, o sexo.
No dia seguinte, quando chegou a casa depois do trabalho, ele descobriu que ela tinha retirado o dinheiro do banco e ido para outra cidade, levando o menino consigo. Ele seguiu-a e encontrou-a na casa de uns parentes. Ela dissera-lhes que ele a espancara e tinha ficado tão louco que precisou de receber terapia. Na verdade, ele nunca lhe tinha tocado com brutalidade na sua vida. Nesse encontro, perante testemunhas, ela começou a atacar furiosamente e injuriar qualquer "sistema de psiquiatria" que acreditasse em memória anterior à fala. Ele chamou-lhe a atenção para o fato de que muitas escolas do passado acreditavam em memória anterior à fala e que todos os antecedentes da psiquiatria falavam há muito de "memórias do útero", sem saber o que eram e por aí fora.
Os parentes dela, vendo-o tão calmo a esse respeito, forçaram-na a voltar para casa com ele. Durante o caminho, ela fez um gesto dramático, sem qualquer ameaça de que o iria fazer, de cometer suicídio saltando para fora do carro.
O auditor no caso teve uma conversa particular com ela após o seu regresso. Ele deduziu, um pouco tardiamente, que havia alguma coisa na sua vida que ela temia que o marido descobrisse e que, confrontada com uma ciência capaz de recuperar todas as memórias, ela tinha ficado irracionalmente emotiva acerca disso. Ela acabou por admitir, sob um interrogatório cerrado, que esse era o caso, que o marido nunca devia saber. Estava tão perturbada que o auditor, com o consentimento dela, deu-lhe algumas horas de terapia. Descobriu-se instantaneamente que o pai dela tinha ameaçado matar a mãe muitas vezes e que o pai não tinha querido a sua filha. Além disso, descobriu-se que o nome do seu pai era Q e que o seu banco de engramas estava cheio de comentários como "Q, por favor, não me deixes. Morrerei sem ti." Além disso, quando já não estava em sessão, ela de repente disse, voluntariamente, algo que para ela era um fato histericamente engraçado, que toda a sua vida tinha andado a ter casos com homens chamados Q, sem lhe importar o seu aspecto, tamanho ou idade. Isto estava longe de ser uma Liberação, mas dado que o seu outro paciente, G, era prejudicado por todo este burburinho desnecessário e que a terapia estava a ser entravada, o auditor fez-lhe mais perguntas. Ela revelou que tentou abortar o filho muitas vezes, por ter um medo terrível que ele saísse louro, visto que ela e o marido tinham cabelo escuro. Ademais, ela sabia que os engramas da criança continham dados que ela considerava incriminadores, que não eram meramente sobre o aborto: enquanto estava grávida, ela tinha mantido relações com outros três homens, além do marido.
O auditor fez-lhe ver que este sentimento de culpa, por mais real que fosse, ainda assim era engrâmico e que era duvidoso que o marido a matasse após receber essas notícias. Disse-lhe que ela estava a condenar uma criança a uma existência de segunda categoria e estava, com os seus receios, a reduzir o marido à apatia, além de dar ao auditor muito mais trabalho do que era necessário. Na presença do marido e do auditor, ela confessou a sua infidelidade e soube, com algum espanto, que já há alguns anos que o marido tinha conhecimento disso. Ele não tinha sabido das suas tentativas contra a criança.
Pediu-se-lhe que estudasse um manual de terapia e Clareasse a criança, o que ela fez, com a ajuda do marido. O auditor continuou com G até Clear, que então Aclarou a sua esposa.
A fonte oculta da aberração humana manteve-se oculta devido a um número de razões muito específicas. O auditor encontrá-las-á todas e embora, com estas técnicas, a capacidade do banco de engramas reativo para lhe negar alguma coisa seja precisamente nula, o auditor deve conhecer a natureza da fera que ele está a atacar.
Os mecanismos de proteção que o banco de engramas tinha - embora não sejam muito bons, agora que sabemos como penetrar nesta armadura da causa de insanidade - são os seguintes:
Sobre a dor física, nós sabemos muito - sabemos que a mente procurou evitá-la na memória, tal como a mente procura evitá-la na vida como uma fonte exterior: por isso, há o bloqueio de memória.
A emoção de perda é acumulada para criar um amortecedor entre o indivíduo e a realidade da morte.
A "inconsciência" não é só um mecanismo de ocultar dados, mas também um bloqueio para a memória, que não consegue transpor as lacunas de momentos passados quando os fusíveis estão queimados.
Um engrama poderá estar adormecido durante a maior parte de uma vida e depois manifestar-se, após receber o conjunto correto de restimuladores no momento certo de cansaço físico ou doença, produzindo então uma causa aparente de insanidade ou aberração menor muitos anos depois de ter ocorrido o incidente real.
Outro aspecto do mecanismo protetor do banco era o atraso do restimulador, ou seja, quando um engrama que havia feito key-in era restimulado, este muitas vezes precisava de dois ou três dias para entrar em ação. (Exemplo: digamos que uma enxaqueca tem como restimulador um som de uma batida surda; o indivíduo que tem o engrama ouve esse som; três dias depois ele tem, subitamente, uma enxaqueca.) Dado este atraso, como seria possível localizar a causa de uma restimulação específica de uma doença esporádica?
A extrema irracionalidade de um engrama, o máximo em irracionalidade, de que todas as coisas são iguais a todas as outras coisas que estão no engrama e que essas coisas são iguais às coisas no ambiente exterior que são apenas vagamente semelhantes é uma proeza de idiotismo que se esperaria que qualquer humano senciente negligenciasse como "processo de pensamento".
O ser humano tem procurado esta fonte há alguns milhares de anos, mas ele estava a procurar uma coisa complicada, com base na idéia de que qualquer coisa que possa ser tão perturbadora, tão destrutiva, tão maléfica e tão capaz de produzir manifestações complexas tem de ter uma fonte complexa; mas ao examiná-la, verifica-se que ela é extraordinariamente simples.
O auditor terá muito pouco a ver com a tentativa de traçar uma linha de separação entre a sanidade e a insanidade; estes termos são muito relativos. Ser-lhe-á pedido para comparar Dianética com velhos padrões, tais como as classificações complexas de Kraepelin: isto pode ser feito, mas tem tanta utilidade como a história natural de Aristóteles, que só tem interesse para o historiador.
Se um indivíduo é incapaz de se adaptar ao seu ambiente de modo a dar-se com os seus semelhantes ou obedecer-lhes ou comandá-los ou, o que é mais importante, se ele é incapaz de ajustar o seu ambiente, então pode-se considerar que ele é "insano". Mas este é um termo relativo. Por outro lado, com Dianética, a sanidade aproxima-se muito de um significado absoluto potencial: porque nós conhecemos a mente ótima. Modificações de educação e de ponto de vista poderão fazer a ação racional de uma pessoa parecer irracional a outra, mas isto não é um problema de sanidade; é um problema de ponto de vista e educação, com o qual o auditor estará pouco preocupado.
Assim, os pacientes encontrados pelo auditor entrarão nas três classes gerais de Dianética: recordação não-sônica, recordação imaginária e recordação sônica. A questão de sanidade não se põe: a questão da dificuldade que o caso poderá apresentar ou do tempo que poderá levar é bastante fácil de determinar pelo grau destas três condições.
No entanto, o auditor descobrirá que poderá ter nas mãos um caso verdadeiramente "insano", um que seja "psicótico". O tratamento de tal caso depende de saber em qual das três classes acima se poderá colocar o paciente psicótico. O problema é desintensificar os engramas do paciente tão depressa quanto possível.
As condições e mecanismos que ocultam o banco de engramas não variam: estão uniformemente presentes em todo o paciente, em todo o ser humano. As técnicas de Dianética poderão ser aperfeiçoadas - e não há técnica científica que, especialmente nos seus primeiros anos de existência, não possa ser aperfeiçoada - porém, elas não funcionam seletivamente, mas são aplicáveis a todos os indivíduos.
Deste modo, se temos um paciente "insano", o problema fundamental não muda e a técnica de Dianética funciona como em qualquer outro caso. A tarefa consiste em reduzir a intensidade da carga no caso, para que ele possa ser resolvido pela técnica standard.
Frequentemente encontramos os pacientes insanos presos na linha do tempo e, nesse caso, fomecemos-lhes um tipo de segurador após o outro, até eles estarem de novo a mover-se. Se o paciente está regressado, é porque ele ficou tão preso que perdeu o contato com o tempo presente. Qualquer paciente pode começar a reviver em vez de meramente retornar e o auditor, como remédio para isto, apenas lhe diz que ele pode lembrar-se disto, o que coloca-o de novo em um estado de retorno. É frequente encontrar-se os pacientes insanos a ouvir um engrama vez após vez e, nesse caso, só é necessário fixar a atenção e fornecer-lhes seguradores até que eles estejam mais uma vez a mover-se na linha do tempo. Descobre-se, às vezes, que os pacientes insanos estão completamente fora da linha do tempo, ouvindo demônios ou vendo ilusões. Os problemas são sempre os mesmos: use a Técnica de Repetição quando a atenção dos pacientes foi fixada de algum modo e depois, ponha-os a mover-se na linha do tempo ou faça-os voltar para ela. O esquizofrênico usualmente está muito longe da sua linha do tempo.
A melhor maneira de desintensificar um caso, para que este possa começar na terapia de rotina, é descobrir e descarregar engramas de emoção dolorosa. Se os meios normais falharem, obtenha ajuda de um médico, ponha o paciente sob o efeito de óxido nitroso ou pentotal sódico e obtenha um nível de transe profundo, em que normalmente se verificará que o paciente é capaz de mover-se na linha do tempo, embora estivesse fora desta quando acordado. Encontre um engrama de desespero recente e descarregue-o conforme descrito no capítulo sobre emoção (Parte III, Capítulo 23, Emoção e a Força Vital). A técnica do transe profundo não é diferente, exceto que devem ser tomadas grandes precauções para não dizer algo que aberre o paciente ainda mais, limitando toda a conversação ao fraseado próprio da terapia e tendo o cuidado de incluir o cancelador.
O paciente insano está a obedecer a algum comando engrâmico, talvez a muitos, independentemente daquilo que ele esteja a fazer. Esse comando poderá impor, pela má interpretação do paciente, alguma ação estranha; poderá impor demônios; poderá impor qualquer coisa. Porém, o diagnóstico consiste meramente em observar o paciente para descobrir, pelas suas ações, qual poderá ser o comando engrâmico.
Este volume não abrange a Dianética Institucional, além destes poucos comentários, mas um auditor que saiba os fundamentos contidos neste volume, e que tenha um mínimo de compreensão, pode produzir uma "sanidade" nos pacientes, em um curto espaço de tempo, que a direção desses hospícios normalmente considera uma recuperação milagrosa. O paciente, contudo, está muito longe de ser um Liberado, e deviam-se despender muitas mais horas para descarregar a emoção dolorosa adicional e reduzir engramas, antes que o auditor possa considerar que é seguro permitir-lhe deixar a terapia.
O auditor deve ser extremamente cuidadoso, pelo menos durante os próximos vinte anos, com qualquer caso que tenha estado internado, pois poderá estar a pegar em um caso com psicose iatrogênica - causada pelos médicos - para além dos outros engramas do paciente. Dianética poderá ajudar, um pouco, uma mente cujo cérebro foi submetido a um "picador de gelo" ou a um "descaroçador de maçã", mas não pode curar tal insanidade até que algum biólogo brilhante encontre um modo de cultivar um novo cérebro. Os casos de eletrochoque são equívocos: eles poderão ou não responder ao tratamento, pois o tecido cerebral poderá ter sido queimado a um ponto tal que o cérebro não pode funcionar normalmente. Ao abrir qualquer caso desses, o auditor ficará perplexo com a condição baralhada do banco padrão, para não falar dos circuitos pelos quais ele devia ser capaz de alcançar o banco de engramas. A sífilis e outras erosões cerebrais deviam ser similarmente classificadas e deviam ser abordadas ou tratadas somente com o pleno conhecimento de que Dianética poderá não ser capaz de ajudar a máquina desmembrada. Tem havido muitos milhares dessas "operações" ao cérebro e centenas de milhares de tratamentos com eletrochoque: portanto, o auditor deve estar atento para não se empenhar no que poderá ser uma causa perdida, quando existem tantos casos que podem ser mais bem ajudados. Deve-se suspeitar de qualquer caso que já tenha sido internado. E se for observada alguma coisa invulgar, em termos de memória baralhada ou falta de coordenação, uma indagação minuciosa poderá revelar um internamento encoberto. Além disso, um auditor que é chamado para ajudar um caso que esteja prestes a ser internado deve ser sempre prudente. Um caso que esteja a ser encaminhado para um manicômio poderá ser um caso que já lá tenha estado antes, apesar dos protestos dos parentes ou amigos de que essas não são as circunstâncias.
Similarmente, os casos de exaustão de combate devem ser aceites com prudência; porque provavelmente foram processados antes de deixarem o serviço militar, altura em que lhes poderá ter sido aplicado o tratamento de eletrochoque, uma operação ao cérebro ou a narcossíntese, sem o conhecimento ou o consentimento do paciente.
Estas advertências são apresentadas, não porque o auditor corra qualquer perigo físico em particular - os pacientes, sejam eles sãos ou insanos, raramente fazem outra coisa que não seja cooperar quando se aplica Dianética, até mesmo quando resmungam - mas porque se poderá despender muito trabalho só para descobrir que afinal a maquinaria mental inteira foi irreparavelmente danificada.
Se o auditor aceitar um caso de eletrochoque, ele deve dirigir a sua principal atenção à liberação desse choque como um engrama; porque esses engramas institucionais contêm toda a espécie de tagarelice descuidada, que poderá inibir ainda mais o tratamento. Além disso, qualquer choque elétrico, em qualquer ponto do corpo, tem uma tendência para desarranjar o banco de engramas e juntá-lo de modo que os seus incidentes fiquem ainda mais enredados do que é usual.
Por nenhuma outra razão que não seja o avanço de Dianética e a economia do tempo de um auditor, também se deve comentar que poderá ser preciso liberar, em um caso, os métodos de interrogação repressivos de alguns departamentos policiais e o abuso geral da polícia relativamente aos criminosos ou cidadãos comuns, antes de se poder prosseguir com o tratamento. As sentenças de prisão poderão conter grandes cargas de desespero, suficientes para perturbar a mente e, no entanto, estas poderão ser escondidas pelo paciente, devido à idéia errônea de que o auditor está interessado no seu "caráter" ou que ficará desapontado com ele.
Há várias outras coisas que entram no banco de engramas e de que não se suspeitariam como obstáculos à terapia, a menos que sejam mencionadas. O hipnotismo pode ser extremamente aberrativo e poderá bloquear um caso. Um auditor deve ter algum conhecimento do modo como este funciona, para que possa liberar os engramas que este cria e não para usá-lo na aplicação de Dianética. O hipnotismo é a arte de implantar sugestões positivas no banco de engramas. Aqui, elas poderão anexar-se aos engramas e tornar-se locks nesses engramas. Como a maioria dos bancos de engramas contêm uma amostra das palavras mais comuns, é quase certo que o hipnotismo seja aberrativo. A redução do poder analítico, por meios artificiais, coloca o indivíduo numa condição ótima para receber um engrama. O hipnotizador usa o mecanismo esquecedor na maior parte das suas sugestões e a maioria das pessoas tem comentários engrâmicos semelhantes que tornam impossível liberar a sugestão do hipnotizador. O hipnotismo pode ser considerado um lock de "alta-potência" e poderá ser um obstáculo sério no banco de engramas do paciente. Com o clareamento, as sugestões, não tendo quaisquer âncoras de dor por banco delas nos engramas, desvanecem como locks. Mas poderá ser preciso encontrar e clarear as sugestões hipnóticas, antes de um caso poder prosseguir. O hipnotismo é muito usado nesta sociedade e muitas vezes acontece que, devido ao mecanismo esquecedor, o paciente seja incapaz de recordar se alguma vez foi hipnotizado ou não. A Técnica de Retorno descobri-lo-á; pode-se confiar na Técnica de Repetição para localiza-lo, fazendo o paciente retornar com a repetição do fraseado hipnótico (pelo paciente), tal como: "Adormece, adormece, adormece."
Nem todo o hipnotismo ocorre na sala de visitas. É muito comum os pervertidos usarem-no, apesar do fato de que a natureza "moral" deveria aumentar em um sujeito hipnotizado. Têm sido encontrados incidentes, até com pessoas de nomeada, em pacientes cuja infância estava a ser examinada. Estes incidentes estavam, muitas vezes, completamente oclusos para o paciente, devido ao fato de os comandos contidos na sugestão hipnótica serem tão intimidativos.
Dianética e hipnotismo podem ser combinados, mas o mesmo acontece com Dianética e astronomia. O auditor dará por si a trabalhar com pacientes hipnóticos e terá de ser muito cuidadoso com o fraseado, de modo a instalar um mínimo de palavras suas no banco de engramas e para não transformar Dianética em hipnotismo.
Qualquer benefício derivado do hipnotismo pertence ao campo da pesquisa ou à instalação de um engrama maníaco temporário. Este último dá muito mais prejuízo do que benefício. A anestesia por hipnose é imensamente sobrevalorizada. E o hipnotismo, como jogo de sala, é uma coisa que nenhuma sociedade deve tolerar, pois pode ser suficientemente destrutiva para restimular os engramas até um ponto de insanidade. E o hipnotizador nunca conhece o conteúdo do banco de engramas. Qualquer bom hipnotizador, se puder dominar a sua vontade de falar, poderá tornar-se em um bom auditor: mas se tentar combinar a Dianética com o hipnotismo, ele dará por si com um paciente completamente doente nas mãos. Nunca instale uma sugestão positiva em um paciente, seja de que tipo for, por mais que ele possa implorar-lhe uma. Isto já provou ser quase fatal.
Um caso inteiro pode ser trabalhado em transe amnésico profundo. Muitas vezes é possível despertar uma pessoa adormecida para um transe profundo, simplesmente falando-lhe tranquilamente durante várias noites seguidas, à mesma hora e levando-a finalmente a responder ao convite para falar. Pode-se, então, iniciar e prosseguir a terapia de Dianética e esta terá êxito, especialmente se o auditor não for tão descuidado que restimule artificialmente um engrama recente de dor física, tratando principalmente os engramas de emoção dolorosa na vida pós-nascimento. Se a pessoa, a quem está a ser feita a terapia, estiver consciente do que se está a fazer, ela pode ser colocada em rêverie para que se possa alcançar dados mais antigos, visto que o "Eu" é mais poderoso do que as unidades de atenção fracas, embora sábias, que constituem a personalidade básica. O paciente é trabalhado alternadamente em transe amnésico e em rêverie. O caso acabará por se resolver, mesmo que não se use a rêverie. Mas o transe amnésico envolve graves responsabilidades: é preciso instalar e usar um cancelador em todas as sessões. É preciso falar o menos possível. Tudo o que o auditor quiser saber deve ser dito, se possível, sob a forma de perguntas, pois estas são muito menos aberrativas que os comandos. Este método tem sido bem-sucedido e pode ser usado. Mas a rêverie, mesmo que pareça mais lenta, mesmo que não haja sônico, é muito mais satisfatória, pela razão excelente e incontestável de que o paciente se restabelece mais rapidamente e melhora regularmente, ao passo que o transe amnésico poderá incapacitá-lo durante dias a fio, quando os incidentes são aparentemente levantados em transe profundo, mas no entanto ficam "pendurados" no estado desperto. O transe amnésico não é, definitivamente, aconselhado: este tem sido sujeito a muita pesquisa e verificou-se que era tão desconfortável para o paciente como era incomodativo para o auditor. Contudo, se por alguma razão ou outra (e nenhuma dessas razões incluem o desejo do preclear que, se o auditor deixasse, poderia suplicar por drogas, hipnotismo e sugestão positiva, em um esforço para escapar dos seus engramas e que, se lhe permitissem, se tornaria um caso maravilhosamente baralhado para o auditor desenredar) não for possível usar outros métodos, pode-se empregar o transe amnésico, mas sempre com a maior cautela e sempre com o pleno conhecimento de que a recuperação do paciente leva até três vezes mais tempo, porque trabalhar no mesmo nível que o banco de engramas não permite usar os circuitos do analisador durante a descarga. A rêverie é melhor.
Poderá acontecer que um paciente que fez progressos deixe subitamente de progredir. É possível que a resposta se encontre noutro lugar que não na terapia. O ambiente do preclear poderá ser tão intensamente restimulativo que o deixe distraído, sempre em restimulação e por isso ele trabalha devagar. Poder-se-á descobrir, em um tal caso, que o preclear (como em um caso real) fez um contrato com o cônjuge que queria divorciar-se, no qual o outro esperaria até o preclear estar Clareado. Outras situações relativas à vida podem atribuir um valor ambiental ao fato de não ser Clareado. O auditor não tem nada a ver com a vida privada dos seus preclears, mas em um caso em que a própria terapia se torna difícil devido a situações existentes, o auditor, com o seu tempo em jogo, tem todo o direito de descobrir a razão. Todas estas razões resultarão nalguma vantagem ambiental em não ser Clear. Retirar o preclear temporariamente da sua casa, por exemplo, poderá mudar o seu ambiente e adiantar a terapia. O auditor tem o direito de pedir ao paciente, Clear ou não, que resolva o problema por sua própria iniciativa. É comum os preclears não se darem conta de que são Liberados. Porque o objetivo de Clear é tão reluzente, que eles deixam de se comparar com o normal, já ultrapassado.
Geralmente será de esperar que um paciente se introverta em um grau muito acentuado no decurso da terapia de Dianética. À medida que o caso progride, esta introversão atinge um estágio agudo após se ter feito perto de três quartos do trabalho e diminui daí em diante. A ambiversão é uma característica marcante do Clear. Quando a introversão tem sido bastante acentuada, uma bitola bastante adequada para medir o avanço do caso é o interesse do preclear pelas coisas exteriores.
Quase todos os preclears falam bastante sobre os seus engramas, até ao ponto em que são solidamente Liberados. Se não falam ou não querem falar sobre os seus engramas na conversa comum, o auditor pode suspeitar de alguma coisa altamente protegida no banco de engramas relativa à necessidade de esconder alguma coisa: o auditor pode agir em conformidade. Embora o auditor possa ficar farto desse tipo de conversa, esta revela-lhe muito material novo se ele observar as frases que o preclear usa sobre os engramas.
É bem verdade que a aberração é causada pelo que foi feito ao paciente, não pelo que foi feito por ele. As ações do paciente ao dramatizar, ao cometer crimes e assim por diante, não são aberrativas para o paciente. Por conseguinte, o auditor não precisa de se interessar, de modo nenhum, pelas atividades do preclear. Casos inteiros têm sido completados sem o auditor saber aquilo que o paciente fazia para ganhar a vida. Conquanto uma sociedade aberrada lhe exija, necessariamente, responsabilidade pelas suas ações, a atividade anti-social é o resultado de engramas que a ditam. O paciente não é responsável pelo que ele próprio fez. Uma vez clareado, a questão é diferente. Um Clear pode ser considerado inteiramente responsável pelas suas próprias ações, pois pode computar racionalmente com base na sua experiência. Mas o aberrado tem pouco ou nenhum controle real sobre as suas ações. Por isso, o auditor deve tornar claro que não se importa com aquilo que o aberrado, agora preclear, fez na vida. O problema entre mãos, para o auditor e o preclear, é um banco de engramas contendo, exclusivamente, aquilo que outras pessoas fizeram na vida e o que foi feito ao preclear nos momentos em que ele não se podia proteger. Esta abordagem, além de ser verdade, tem um valor terapêutico. Porque ao explicar-se dessa maneira, um auditor pode com frequência obter a cooperação que de outro modo lhe seria negada.
O auditor nunca deve violar o Código do Auditor com um paciente. Períodos prolongados de terapia resultam, inevitavelmente, de tais violações.
A mente é um mecanismo autoprotetor - mas a Dianética também. Uma ciência do pensamento que funcione aproximar-se-ia tanto dos princípios de funcionamento da mente, que esta seguiria paralelamente as injunções e cláusulas da própria mente. Foi isso que sucedeu com Dianética: a mente é diagnosticada pela sua reação à terapia, a terapia é melhorada pelas reações da mente a esta. Este é um princípio operacional de grande valor, pois explica muitos fenômenos observados e prediz muitos dos restantes. Parte deste paralelismo é a característica de autoproteção.
É quase impossível danificar uma mente: ela é um organismo extremamente rijo. É óbvio que quando se começa a cortá-la e serrá-la com metal, a envenená-la com drogas ou bactérias ou a atirar para o lado a sua armadura natural como se faz no hipnotismo, podem acontecer coisas infelizes.
É quase impossível haver charlatanismo onde Dianética, com qualquer dos seus princípios, esteja a ser praticada. A pessoa pratica Dianética no seu todo e obtém resultados ou então pratica-a de maneira a sofrer o seu próprio declínio: este é um fato mecânico e científico. Dianética, como ciência autoprotetora, exige ser praticada por Clears ou, pelo menos, por bons Liberados. Um Clear segue muito de perto, em toda a sua conduta, os melhores aspectos do Código do Auditor: o seu nível ético é muito elevado. Assim, qualquer pessoa que comece a praticar Dianética dará por si, não importa qual fosse a sua intenção original, impelida na direção do objetivo de ser um Clear.
Há uma excelente razão para isto. Há um princípio conhecido como a restimulação do auditor. Agora temos uma compreensão do que faz um engrama entrar em restimulação. Ao entrar em restimulação, este força a dor ou a ação do engrama a permanecer no organismo. A observação de algum percepto no ambiente, que seja muito parecido com um registro - som, visão ou sensação orgânica - no engrama, põe o engrama em ação, em maior ou menor grau. Similarmente, quando o próprio auditor não é Clareado ou quando não está a receber terapia com o objetivo de se tornar Clear, ele fica restimulado. Ele está, afinal de contas, constantemente a ouvir material engrâmico do paciente. Este material engrâmico é precisamente a substância de que é feita a insanidade. Qualquer pessoa tem engramas. Mais cedo ou mais tarde, um paciente começará a repassar um engrama seu, que se assemelhará a um dos engramas do auditor, a menos que o auditor esteja em terapia e possa ser liberado desse desconforto no auditor, a menos que o auditor esteja em terapia e possa ser liberado desse desconforto. Enquanto se está a trabalhar apenas os locks recentes, isto não acontece tanto, e este fato permitiu que os praticantes e curandeiros mentais do passado escapassem a grande parte da penalidade das suas próprias aberrações. Mas quando se lida com o material da raiz dessas aberrações, um martelar constante dos restimuladores pode ocasionar uma condição séria. Este é o mecanismo que faz com que as pessoas que trabalham nos hospícios sejam vítimas de psicoses, embora elas tivessem de as ter logo à partida para que estas se restimulassem.
O auditor poderá percorrer um ou dois casos sem qualquer repercussão séria: na verdade, seja qual for a repercussão, esta pode ser eliminada por Dianética. Contudo, para garantir o seu próprio conforto, ele próprio deve ser Clareado ou Liberado o mais rapidamente possível. Ele, como Liberado, pode trabalhar sem muita dificuldade e isto permite-lhe fazer o pacto mútuo de ser auditado enquanto audita o outro. Pode então surgir uma situação em que os dois preclears também são auditores. Esta alternância, entre o divã e a cadeira de auditor, normalmente funciona muito bem.
Contudo, depois de terem começado o trabalho, as duas pessoas poderão descobrir que são mutuamente restimulativas, o que significa que cada uma delas é uma pseudopessoa nos engramas da outra ou que uma é restimulada (tom de voz, incidentes) pela outra. Isto não deve ser um empecilho para a terapia. Isto tem sido superado e a terapia tem avançado, apesar de circunstâncias restimulativas bastante severas. Uma técnica de esquiva bastante comum da parte de um sujeito consiste em afirmar que o auditor restimula-o: isto não é suficientemente importante para parar a terapia. Poderá acontecer, no entanto, que duas pessoas possam introduzir uma terceira na cadeia e, clareando cada uma delas a seguinte, aliviar consideravelmente a tensão. O plano de trabalho triangular, em que nenhuma pessoa está a auditar aquela que está a auditar a si, é bastante bem-sucedido.
Um marido e mulher, que têm discutido durante muito tempo e com frequência, poderão achar demasiado restimulativo Clarearem-se um ao outro. É possível fazê-lo, se não for viável fazer outro arranjo e isto tem sido feito com frequência: mas se a terapia não correr bem, ele deve encontrar um parceiro de terapia e ela também. Mães que tentaram abortar os seus filhos ou que os maltrataram de alguma forma, podem realizar a terapia com essas crianças: mas em qualquer caso de circunstância restimulativa como esta, as maiores precauções devem ser tomadas pelo auditor para seguir estritamente o Código do Auditor - agir de outro modo poderá ocasionar muito mais tensão na terapia do que é necessária. Em tal caso, seria melhor que a própria mãe se tornasse um Liberado, antes de tentar Clarear os filhos - e não deve tocar nos filhos enquanto eles não tiverem pelo menos oito anos de idade.
A questão de auditor-restimulação, em que o auditor restimula o preclear ou o preclear restimula o auditor, não inclui o aspecto rotineiro da terapia de que o preclear está sempre a ser artificialmente restimulado pela terapia standard. Um engrama pode ser restimulado ao ser tocado diversas vezes e então levantar-se-á. O problema de auditor-restimulação é um problema específico, em que o auditor é um pseudo-inimigo que tem alguma semelhança com uma pessoa que fez mal ao paciente. Um antagonismo violento da parte de um paciente, em relação a um auditor, é habitualmente rastreado a isso. Alguns pacientes detestam tanto os homens que só podem ser trabalhados por mulheres, alguns têm tal ódio às mulheres que só podem ser trabalhados por homens. Porém, mesmo quando há uma antipatia violenta, se não houver mais nenhum auditor ou pessoa que possa ser rapidamente treinada como tal, a terapia pode prosseguir de qualquer modo: e obterá resultados.
Qualquer caso que tenha largado a terapia reequilibrar-se-á ao fim de poucas semanas, querendo isto dizer que estabilizará em um novo ponto alto para o indivíduo. A menos que se use o hipnotismo por droga ou outro método ilegal em Dianética, todos os casos irão reequilibrar-se deste modo, com grandes benefícios. Pode-se esperar que as restimulações se atenuem, caso estas tenham sido causadas pela terapia. O paciente encontrará gradualmente o seu próprio nível no estado de Liberação. Os casos não têm de ser levados até Clear se o auditor tiver pouco tempo. Mas claro que é melhor se forem levados a esse estado e, na verdade, a maioria dos pacientes insistirá nisso.
O período usual de um tratamento de Dianética é de duas horas. Nessas duas horas, com o paciente comum, realiza-se tudo o que pode ser realizado nesse dia. Não é necessário trabalhar todos os dias, mas é desejável trabalhar de dois em dois ou de três em três dias. Trabalhar com intervalos de uma semana, não é ótimo, pois o caso tende a reequilibrar-se. Além disso, há uma decaída no caso, normalmente ao fim do quarto dia, quando este não é trabalhado pelo menos de três em três dias. A decaída do quarto dia é uma coisa mecânica natural: um engrama, que sofra um key-in quando restimulado na vida, leva cerca de quatro dias a entrar em ação com força. Na terapia, às vezes são necessários três dias para desenvolver um engrama. Isto não quer dizer que tenham de decorrer três dias antes de este ficar disponível e não significa que o trabalho tenha de parar por três dias; mas sim que os engramas, não sendo memórias e não sendo articuláveis como tal, às vezes levam três dias para vir à superfície.
Para ser mais claro, um engrama pode ser pedido no dia um e será encontrado no dia três. Nesse meio tempo, o auditor está a obter outros engramas. Este processo é tão automático que não requer nenhuma atenção e não será notado, exceto em casos que estejam a ser trabalhados uma vez por semana. O engrama é pedido no dia um; está pronto para ser reduzido no dia três; decai no dia quatro e está reequilibrado no dia sete.
Este aspecto dos três dias é interessante noutro sentido. Esse período de três dias é apenas uma observação do comportamento médio dos preclears. Uma investigação exata poderá fixá-lo em 2,5 dias ou 3,6 dias (isto varia de indivíduo para indivíduo), mas três dias é suficientemente aproximado para os nossos propósitos. Quando o auditor está apenas a fazer uma Liberação no caso, ele às vezes verificará que é necessário tomar um engrama recente e percorrê-lo: o engrama de dor física na vida recente (pós-nascimento) parecerá erguer-se, permanecerá constante durante três dias e depois decairá. Quando decair, o auditor terá de voltar a este e percorrê-lo novamente. Retirar estas decaídas, acabará por fazer o engrama da vida mais recente permanecer em um estado de recessão.
Com frequência, instala-se uma euforia em um caso quando o auditor toca em um engrama que contêm um maníaco. O paciente andará por aí a dizer como a Dianética é maravilhosa, pois ele está agora numa condição magnífica e é muito feliz. Cuidado. Ao fim de três ou quatro dias este maníaco terá voltado a decair para um estado depressivo. Desconfie quando alguém experimentar uma destas "recuperações" tipo foguete, pois são tão permanentes como a chama de um fósforo. Esta extingue-se e deixa cinzas muito frias. O auditor, vendo essa euforia, fará melhor se entrar de novo no caso e reduzir mais a fundo o engrama que a contêm ou se obtiver um engrama mais básico.
O tempo que leva a Clarear uma pessoa é muito variável. Dissipando cargas de desespero e trabalhando alguns engramas antigos, um auditor pode conseguir em um paciente, em vinte ou trinta horas, um estado de ser melhor do que com qualquer terapia do passado: isto é um Liberado. É comparável a dois ou três anos de trabalho terapêutico do passado. O tempo que leva a conseguir um Clear não pode ser comparado com nenhum padrão do passado, porque um Clear é algo com que nenhum padrão do passado jamais sonhou.
Num caso com sônico, em que a recordação esteja em boas condições, pode-se obter um Clear em cem horas. Num caso que tenha recordações completamente desligadas, tudo pode acontecer até, em um caso extremo, mil horas. Similarmente o caso imaginativo, que tem coisas que nunca aconteceram, poderá levar muito tempo.
Veja isto da seguinte maneira: nós podemos obter os resultados de dois ou três anos de psicanálise em vinte ou quarenta horas de Dianética e aquilo que realizamos com Dianética não precisa de ser feito de novo, o que não acontece com a psicanálise. Isso é o Liberado. Ele pode lidar com os seus assuntos de um modo muito mais competente e as suas cargas emocionais foram em grande parte libertadas. No Clear, estamos a tentar alcançar, e podemos alcançar, um estado de espírito supranormal. Gastaram-se milhares e milhares de horas na educação de um humano: gastar duas ou até mesmo dez mil horas de trabalho, para fazê-lo elevar-se acima do que anteriormente lhe teria sido possível, é trabalho bem empregado. Mas não precisamos de gastar nada que se pareça com esta quantidade de tempo. As pessoas têm sido Clareadas em períodos de tempo que vão desde trinta horas, quando tinham sônico e pouco volume, até quinhentas horas, quando tinham desligamento de recordação e também recordação imaginária. Aquilo que um auditor pode fazer com os seus primeiros casos, em termos de tempo, é um ponto de interrogação. Ele acabará por fazer um Clear e com certeza que o fará em menos de mil e duzentas horas em um caso grave. Durante todo o tempo em que estiver a trabalhar na direção de Clear, ele estará a obter uma Liberação cada vez maior que, depois de pelo menos cinquenta horas, se eleva muito acima do normal corrente e simplesmente continua a ir por aí acima. O melhoramento é tal que, de semana para semana, a mudança é fisiologicamente notável e psicologicamente surpreendente. Se alguém pensa que chegar a Clear é um pequeno salto e um pequeno ganho, ele não tem qualquer noção da altura a que esse objetivo se encontra.
A maior parte dos auditores tentarão primeiro conseguir o Liberado e serão sensatos se o fizerem. Quando o seu próprio caso for finalmente Clareado, só então é que compreenderão, subitamente, que o estado vale muito mais tempo do que aquele que foi despendido para o obter.
É impossível predizer, com um auditor novo, quanto tempo é que ele consumirá a cometer erros, a aprender as suas ferramentas, a alcançar perícia. É-lhe, portanto, impossível fazer uma estimativa de quanto tempo levará a obter o estado de Clear em um paciente. Um auditor bem treinado nunca leva mais de oitocentas horas com o pior dos casos: quinhentas horas é um número elevado.
O auditor será sempre atormentado pela ansiedade do paciente que quer obter dados de parentes ou amigos. Solicitar esses dados já é, em si, restimulativo, tanto para o preclear como para o parente. Mães têm ficado muito doentes quando recebem, do filho que "de repente descobriu", os restimuladores das suas próprias doenças passadas.
É uma experiência constante que os dados que o preclear obteve de parentes, pais e amigos eram completamente inúteis. Aqui, nós estamos a depender da memória de um aberrado, quando temos à mão, com Dianética, uma fonte fiável de material preciso. Há auditores que tiveram casos a progredir muito suavemente e que de repente deixaram de progredir: após investigação, descobriu-se que o preclear andou a recolher material de pais e parentes, e estes, desejando apenas que ele esquecesse tudo o que lhe tinham feito, trocaram-lhe as voltas com dados errôneos que têm de ser cuidadosamente eliminados. Esses são os maus da fita, as pessoas que fizeram ao preclear as coisas que fizeram dele um aberrado. Esperar dados exatos dessas pessoas seria o mesmo que esperar que a Lua fosse feita de queijo verde.
Se o auditor quiser dados dessas pessoas e os pedir, passando por cima do preclear, ele poderá chegar a algum lado. Mas quaisquer dados recebidos deste modo têm um valor que, nos serviços secretos, é rotulado de "Fonte Incompetente - Material Improvável".
Avise o preclear de que não deve incomodar os seus pais e parentes, e explique-lhe que ele poderá fazê-los adoecer ao pedir-lhes dados, com base no princípio do restimulador. Se quisermos alguma confirmação dos dados recebidos, o único modo de a obter é pôr o pai, a mãe ou o parente em terapia. Nessa altura, obteremos as fontes básicas de dramatização: na vida pré-natal e na infância do progenitor. Isto é um problema de pesquisa, não de terapia.
Se o auditor tem a Mamã disponível, ele pode percorrer até apagar o nascimento no filho e depois o parto na Mamã, mantendo os dois separados, e assim obter a sua verificação quanto à exatidão da terapia. E há outros dados que podem ser comparados desta mesma maneira, usando as devidas precauções.
É a realidade subjetiva e não a realidade objetiva, que é o ponto importante para o auditor. É primeiro que tudo e sempre, o paciente fica bom?
A mulher desprezada tem um rival violento no preclear cuja terapia foi parada por decisão do auditor.
Manter o preclear em terapia, por mais raras que sejam as sessões, satisfaz de certo modo o esforço da sua personalidade básica para se libertar das suas aberrações.
A personalidade básica, o arquivista, o âmago do "Eu" que quer estar no comando do organismo e os desejos mais fundamentais da personalidade, poderão ser considerados sinônimos para os nossos propósitos. Há um enorme surto desta personalidade básica - que é realmente o próprio indivíduo - para conquistar os engramas. Os engramas, tomando a vida de empréstimo ao seu hospedeiro, aparecem como coisas que não querem ser conquistadas. Por mais mecanista que tudo isto seja na realidade, o auditor muitas vezes dá por si fascinado com a resistência que os engramas podem oferecer e maravilhando-se com os esforços da personalidade básica para conquistar os engramas. Ele trabalha com a personalidade básica, o indivíduo em si, e ignora os esforços dos engramas para interferir. Há, porém, uma situação em que a personalidade básica parece dar plena liberdade aos engramas em um esforço para realizar a terapia.
No trabalho um "paciente" poderá ter sido céptico, sarcástico ou até ruim para com o auditor. Ou até se poderá ter pensado que o paciente era totalmente negligente quanto ao seu banco de engramas. Ou o paciente poderá até dizer furiosamente que ele odeia a terapia. Por algumas dessas razões, o auditor poderá decidir, insensatamente, parar o trabalho com o paciente. O paciente é informado disso. Por pouco tempo, talvez, o paciente poderá não manifestar nenhuma reação. Mas ao fim de alguns minutos, horas ou dias, a personalidade básica, sendo-lhe negado um caminho de saída, poderá começar a usar todas as armas ao seu alcance para compelir o auditor a retomar a terapia.
Perturbado por causa da interrupção da terapia, mesmo que tenha sido ele a insistir na sua cessação, o ex-paciente poderá começar a declinar rapidamente ou a atacar, pela frente ou pelas costas, o auditor e até a própria terapia. Uma mulher desprezada raramente causou perturbações tão intensas como os ex-pacientes a quem foi recusada a continuação da terapia. Auditores têm sido pessoalmente insultados, outros preclears destes auditores chegaram a ser procurados e minados por ataques violentos contra a terapia em si, os auditores têm sido alvo de toda a espécie de acusações e campanhas de difamação, e foram levados a sentir-se extremamente desconfortáveis por preclears a quem foi recusada a continuação da terapia antes de ter ocorrido uma Liberação. Tem-se observado que até Liberados sólidos e legítimos, cujas doenças psicossomáticas desapareceram e que deviam estar muito felizes, provocaram turbulência quando o auditor não os levou até ao estado de Clear. O ex-paciente poderá usar qualquer número de mecanismos, tantos mecanismos quanto os que têm sido usados pelos humanos para forçar outros humanos a agir. Um dos mecanismos consiste em retomar a apatia e um "declínio rápido". Outro é a campanha feroz contra a terapia. Ainda outro é o ataque pessoal ao auditor. Cada um destes mecanismos tem, como sua intenção demonstrável, o recomeço da terapia.
A mente sabe como a mente funciona. E poderá esperar-se que a mente, que tomou o sabor de um caminho de saída da dor e da infelicidade, use todos os métodos para causar o recomeço da terapia, se essa saída for bloqueada.
Por mais desagradável que o ex-paciente tenha sido, no momento em que o auditor recomeça a terapia com ele, a sua atitude muda. Deixa de fazer esforços destrutivos contra o auditor ou a terapia, mas estará tudo quase tão bem como estava antes de a cessação ser declarada.
Não suponha, contudo, que o preclear, se ele antes era negligente, recalcitrante ou geralmente não cooperativo, irá agora abraçar a terapia como um paciente disciplinado. Longe disso, ele agora é pelo menos tão difícil de trabalhar como antes, além de apresentar algum antagonismo adicional engendrado pela ordem de cessação.
Em tal caso, o auditor é amaldiçoado se o fizer e duplamente amaldiçoado se não o fizer. Mas há uma saída para isto. O fenômeno de "transferência", em que o paciente simplesmente transfere as suas tristezas para o praticante, não é o mecanismo que atua aqui; a transferência é uma coisa diferente, nascida de uma sede por atenção e de um sentimento de necessidade de apoio no mundo. Pode-se esperar que a transferência permaneça para sempre, se tal lhe for permitido; o paciente de um médico, por exemplo, poderá continuar a ter doenças, só para manter o médico por perto. A transferência poderá ocorrer na terapia de Dianética, o paciente poderá encostar-se firmemente ao auditor, pedindo-lhe conselhos, parecendo apresentar engramas em um esforço para conservar o auditor a trabalhar duramente, à sua disposição e interessado; tudo isto resulta de uma computação de compaixão e é conduta aberrada. O auditor inteligente não dará conselhos, nem tentará conduzir a vida de ninguém, pois uma pessoa só trabalha bem como organismo autodeterminado. Na terapia de Dianética, seja qual for a atitude do paciente, por maior que seja o seu "desejo de estar doente" ou a sua transferência do fardo, por mais maldosos que sejam os seus comentários contra o auditor durante as sessões, essa condição não pode existir para sempre. A personalidade básica está a tentar abrir o seu caminho; o "Eu" está a tentar integrar o ser. Até mesmo um trabalho medíocre acabará por liberar carga suficiente de um caso e reduzir engramas suficientes para produzir uma maior estabilidade no paciente. A personalidade básica fica cada vez mais forte e, portanto, com mais autoconfiança. A introversão, ocasionada pelo esforço contínuo para alcançar o mundo interior do banco de engramas, desintensifica-se e há cada vez mais extroversão à medida que o caso avança. O caminho de saída é trabalhar o paciente suavemente e bem, e um dia ele estará bastante Liberado ou Clear. Mas nesse meio tempo, se parar a terapia em alguém, não se surpreenda com o que possa acontecer; só poderá remediar isso retomando o caso.
O auditor deve fazer muita avaliação para si próprio. Ele não avalia nem impõe qualquer computação ao seu preclear. Se o preclear computar que era isso que o estava a fazer adoecer, então é isso que o auditor aceita. Explicar ao preclear o que é que estava a afetá-lo no engrama e de que modo, não é só uma perda de tempo, mas também faz o preclear ficar confuso. A razão por que um auditor avalia é para assegurar que ele não está a aceitar dados imaginados ou incompletos como engramas.
Um incidente não se levantará a menos que os dados que este contêm sejam corretos: isto é automático. Mude apenas uma sílaba no incidente e este ficará preso. Ou mesmo que pareça desaparecer, este voltará. Deste modo, não há nenhum receio de que qualquer incidente, que diminua com a recontagem, seja incorreto. Os dados que este contêm devem estar mais ou menos corretos, porque senão este não se reduziria. Assim, o auditor que contesta incidentes, dados ou que faz o papel de deus de algum outro modo, irá ter um caso completamente enredado nas suas mãos antes de ter ido muito longe, e terá um sujeito que não está a progredir. Se o sujeito começa a percorrer um engrama em que a Mamã está a ter relações com cinco esquimós, deixe-o percorrê-lo e nunca, nunca, nunca, mas nunca lhe diga que você acha que isso não é verdadeiro. Se disser ao sujeito que você pensa que ele está a imaginar coisas, poderá causar-lhe um sério revés. Diga-lhe que você acha que a Mamã tinha as suas razões e terá ficado do lado da oposição: você não estará a atacar o engrama, estará a ajudar a Mamã a atacar o sujeito. Criticar, corrigir ou julgar o preclear de algum outro modo, não tem qualquer cabimento em Dianética e fará mais para atrasar um caso do que qualquer outra ação. Um auditor que conteste o material que lhe é apresentado poderá estar a praticar bruxaria, acupuntura chinesa, xamanismo ou vodu, mas não está a praticar Dianética. E não obterá resultados. Um comentário ao sujeito, tal como: "Acho que fazes mal em acreditar que a tua mãe tentaria abortar-te" ou "Acho que estás a imaginar isso", poderá atrasar o seu preclear em cinquenta horas. O auditor não critica nem julga o preclear, nem avalia o material por ele.
A audição é toda feita em privado e para si próprio. Se o paciente acaba de recontar o seu quinto acidente de comboio pré-natal, você poderá estar certo de que esbarrou com uma fábrica de mentiras nalgum engrama. A maneira errada de proceder, para corrigir isto, é comunicá-lo ao preclear. A maneira certa de proceder é encontrar a fábrica de mentiras, um engrama contendo um comentário como: "Diz-me qualquer coisa! Diz-me qualquer coisa, não me importo, desde que tu me digas alguma coisa. Mas pelo amor de Deus, não me digas a verdade, não consigo aguentá-la!" Ou: "Tu não lhe podes dizer a verdade. Isso seria demasiado doloroso." Há um milhar de formas para a fábrica de mentiras. E estas não são muito raras.
Nunca diga ao preclear a razão por que anda à procura de alguma coisa. Se disser que quer uma fábrica de mentiras, a fábrica de mentiras inventará uma fábrica de mentiras. Se disser que quer uma descarga emocional, inibirá qualquer carga emocional de se descarregar. Faça simplesmente uma estimativa silenciosa da situação, reduza tudo o que parecer válido e continue a tentar descobrir a razão por que o caso não está a funcionar tão bem quanto possível.
O teste de validade de um engrama não é o enredo. O enredo não tem valor. Os engramas são simplesmente coleçöes de comentários contidos em períodos de "inconsciência". Não faz nenhuma diferença se esses comentários concordam com a maneira como o auditor pensa que a vida deve ser conduzida ou com o modo como um preclear deve respeitar os seus pais. O enredo é uma coisa que os escritores põem nas histórias. Os auditores não têm nada a ver com isso. Um engrama é, basicamente, ilógico e irracional; não tente encontrar racionalidade dentro de um! Se os pais eram conhecidos como membros retos e honestos da comunidade e os engramas parecem indicar que a Mamã à noite fazia o papel de prostituta, aceite os engramas.
A validade é muito simples de estabelecer. Faça estas perguntas ao engrama:
O fato de os curandeiros mentais do passado terem dito pomposamente: "Oh! Isto não condiz com a minha idéia de como a vida é conduzida", não é razão para um auditor fazer Dianética descarrilhar. Os curandeiros mentais do passado não obtiveram resultados. Dianética obtém resultados e uma das razões mais importantes por que Dianética obtém resultados é porque ela não tenta deturpar a vida para encaixa-la em Dianética, mas está a aplicar Dianética a vida. O auditor notará muitas coisas novas e surpreendentes. O seu moto, como diz um antigo brasão inglês com um corvo de trinta metros pousado em cima de um castelo, poderia ser: "Não te surpreendas com nada."
O Relatório de Kinsey nem começou a contar a história que você, como auditor, obterá em Dianética. O fato de a mãe, sozinha, não ter o rosto que mostrava ao Júnior, nem o rosto que mostrava à sociedade, e o fato de a mãe e o pai, sozinhos, não se comportarem do mesmo modo que na sociedade, não é razão suficiente para fazer com que um preclear continue a ser um aberrado.
Nos textos psiquiátricos deparamo-nos continuamente com pacientes que tentaram falar da sua vida pré-natal aos psiquiatras e aos quais foi dito, com uma solenidade ridícula, que os incidentes eram imaginários. Pacientes, que tinham sido abandonados por todas as escolas existentes em todas as frentes, porque os seus dados não condiziam com a crença daquelas escolas, recuperaram completamente e alcançaram, com Dianética, uma condição mental ótima, muito acima daquela dos seus antigos mentores, em parte porque Dianética não se coloca acima dos fatos da vida. O Dianeticista não só exige que o paciente encare a realidade por meio de percorrer os engramas, mas também exige que ele próprio encare a realidade, aceitando o fato de que qualquer que seja o conteúdo, se este encaixar em qualquer das condições listadas acima, este é válido na terapia.
Auditar significa escutar; também significa computar. Computar sobre um caso consiste em estabelecer onde é que o paciente se afasta da racionalidade ótima na sua conduta da vida, mas mais importante, onde se encontram engramas fisicamente dolorosos e de emoção dolorosa, e como estes podem ser abordados e reduzidos.
Os pacientes descobrem algumas coisas espantosas a respeito dos pais e parentes quando estão em terapia. Com frequência, eles descobrem que a vida na verdade foi muito melhor do que parecia, como no caso de um paciente que acreditava que tinha sido espancado todos os dias pelo pai.
Os casos de concepção pré-nupcial são muito comuns, descobrindo-se o paciente ainda por nascer no casamento dos pais. E esses casos são com frequência muito difíceis de resolver por conterem tanto secretismo nos seus engramas.
Os mecanismos da fábrica de mentiras tentarão, muitas vezes, atribuir um maior número de amantes à Mamã e transformar o Papá numa fera furiosa, mas uma fábrica de mentiras é muito fácil de localizar: os incidentes apresentados não percorrem como engramas: no segundo repasse o seu conteúdo é amplamente alterado, não contêm somáticos e o seu conteúdo não é aberrativo.
Em suma, o que interessa saber é se temos ou não um engrama real; não se o engrama faz ou não sentido. Porque o pai poderá ter sido uma fera furiosa na alcova e a mãe poderá ter praticado o coito com os hóspedes; e o pai poderá ter sido um cordeirinho, apesar da reputação que a mãe lhe deu após o nascimento e a mãe poderá ter sido uma puritana frígida, a despeito das histórias exageradas que o preclear poderá ter ouvido. A verdade virá ao de cima na redução, mas isso não concerne ao auditor, exceto para conseguir engramas.
Primeiro que tudo e sempre, obtenha engramas, consiga-os tão antigos quanto possível para a dor; consiga-os mais tardios para a emoção; obtenha-os, apague-os, descarregue-os, aclare-os! O fato de estes não serem computáveis como dados verdadeiros foi o que levou o aberrado a ser aberrado. Deixe o enredo para os escritores: a nossa tarefa é a terapia.
Mas não "aceite lixo": peça o somático, veja se este varia enquanto o preclear pronuncia as palavras. Verífique os engramas. E o enredo que vá para o diabo.
Não dê uma sugestão positiva a nenhum paciente, seja como terapia propriamente dita ou para ajudar na terapia.
Não deixe de dar um cancelador no início de cada sessão e de o usar no fim de cada sessão.
Jamais diga a um paciente que ele pode "lembrar-se disto em tempo presente", porque o somático virá para o tempo presente e isso é muito desconfortável.
Nunca, nunca, nunca diga a um paciente que ele pode "lembrar-se de tudo o que já lhe aconteceu em tempo presente" porque, se o paciente tiver caído em um transe profundo, isso agrupa tudo em tempo presente. E isso torna necessário desemaranhar um caso inteiro. Você quer desperdiçar duzentas horas?
Nunca retalie, de modo algum, quando um paciente em rêverie ficar irado consigo. Siga o Código do Auditor. Se você se zangar com ele, poderá lançá-lo numa apatia que lhe levará muitas horas a desfazer.
Não avalie os dados nem diga a um paciente qual é o mal dele.
Não cante de galo. Se o preclear é a sua esposa ou marido ou filho, não lhe deite à cara que o seu argumento favorito saiu de um engrama. É claro que saiu!
Não questione a validade dos dados. Guarde para si as suas reservas. Audite a informação para sua própria orientação. Se o paciente não sabe o que você pensa, os engramas nunca terão uma oportunidade de escapar-se.
Jamais arrebate um paciente para o tempo presente só porque ele lhe pede. Se ele estiver no meio de um engrama, o único caminho de saída é atravessando-o. A força do engrama é mínima quando o paciente está retornado a este. Esta torna-se forte quando o paciente vem para o tempo presente. O paciente terá um choque nervoso se for arrebatado para o presente.
Nunca se assuste, por mais que um paciente se contorça ou berre. Nada disso é grave, embora por vezes seja dramático.
Nunca prometa Clarear um caso: prometa apenas Liberá-lo. Você poderá precisar de se ir embora ou de trabalhar em algo mais urgente. E um preclear reagirá muito mal a uma promessa quebrada.
Não interfira na vida privada de um preclear nem lhe dê orientação. Diga-lhe que tome as suas próprias decisões sobre o que deve fazer.
Não quebre o Código do Auditor. Ele existe para o proteger a si, não apenas o preclear. A terapia não pode prejudicar o preclear, mesmo que você só faça metade do trabalho e faça essa metade mal feita; a quebra do código pode ser muito desconfortável para si, porque fará de si o alvo do preclear e custar-lhe-á uma quantidade considerável de trabalho adicional.
Não deixe engramas meio reduzidos quando estes lhe forem apresentados pelo arquivista.
Não seja inventivo com Dianética até ter trabalhado pelo menos um caso até ao fim. E não seja demasiado inventivo até ter trabalhado um caso que tem sônico, um caso que tem desligamento sônico e um caso que tem sônico imaginário. Aclare estes e saberá. E terá encontrado engramas suficientes para ter algumas idéias que podem ser de grande benefício para Dianética. Se não tiver idéias depois disso e depois de você próprio estar em terapia e de ser Clareado, há alguma coisa que não está bem. Dianética é uma ciência em expansão, mas não a expanda até que saiba em que direção e que ela vai.
Não misture gasolina com álcool nem Dianética com outra terapia, exceto a puramente médica, aplicada por um médico profissional.
Se fizer com que um caso fique enredado, não o leve a um psiquiatra que não conhece Dianética. Só Dianética pode desenredar Dianética e os métodos de ontem não ajudarão em nada o seu paciente, quando tudo o que ele precisa de fazer é de repassar mais uma vez o ponto de onde você o arrancou com demasiada rapidez. Ganhe um pouco de coragem e mande-o atravessar novamente o incidente. Em Dianética, quem hoje tem um esgotamento nervoso, amanhã será um ser muito feliz.
Não desista, não pare. Continue simplesmente a percorrer engramas. E um dia você terá um Liberado. E noutro dia terá um Clear.