Índice Superior Vai para o próximo: Capítulo 5
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Uma das contribuições mais importantes de Dianética é a resolução do problema do diagnóstico no campo da aberração. Até agora, houve um número quase ilimitado de classificações. Além disso, não tem existido um standard ótimo. Quando se pesquisa no campo dos textos psiquiátricos, encontra-se uma vasta discordância em classificação e reclamações contínuas de que a classificação é muito complexa e carece de utilidade. Sem um objetivo ótimo de conduta ou estado mental e sem o conhecimento da causa da aberração, só era possível ter catálogos de descrições, e estes eram tão complicados e contraditórios que se tornava quase impossível atribuir, com precisão, qualquer classificação a um psicótico ou neurótico que levasse a uma compreensão do seu caso. A principal deficiência desse sistema de classificação era que a classificação não conduzia a uma cura, pois não havia nenhum tratamento standard e não havia nenhum estado ótimo que indicasse quando o tratamento terminava. E como não havia nenhuma cura para a aberração ou doença psicossomática, não podia haver uma classificação que indicasse qual era a direção que deveria ser tomada ou o que se poderia esperar uniformemente de um caso.
Isto não é com certeza uma crítica aos esforços do passado, mas é uma fonte de alívio saber que a classificação da aberração é desnecessária por processos tão complicados como os que têm sido usados e que a catalogação das doenças psicossomáticas, embora necessária para o médico, não tem importância para o auditor. Na evolução da ciência de Dianética, houve vários estágios de classificação, até que finalmente ficou claro que o rótulo de uma condição patológica devia ser apenas aquilo que o auditor teve de superar para conseguir a cura. Este sistema, tal como foi desenvolvido agora através da prática, permite ao auditor "diagnosticar" sem qualquer outro conhecimento além do contido neste capitulo e da sua própria experiência futura.
O número de aberrações possíveis é o número de combinações de palavras possíveis numa língua, tal como elas estão contidas nos engramas. Por outras palavras, se um psicótico pensa que é Deus, ele tem um engrama que diz que ele é Deus. Se está preocupado com veneno no guisado, ele tem um engrama que lhe diz que poderá ter veneno no guisado. Se está certo de que poderá ser despedido do emprego a qualquer momento, muito embora seja competente e popular, ele tem um engrama que lhe diz que está prestes a ser despedido. Se ele acha que é feio, ele tem um engrama acerca de ser feio. Se tem medo de cobras ou gatos, ele tem engramas que lhe dizem para temer cobras e gatos. Se ele está certo de que tem de comprar tudo o que vê, apesar do seu rendimento, ele tem um engrama que lhe diz para comprar tudo o que vê. E considerando o fato de que qualquer pessoa que não seja Liberada ou Clareada tem mais de duzentos ou trezentos engramas e como estes engramas contêm uma variedade considerável de linguagem, e como ele poderá escolher uma de cinco maneiras de lidar com qualquer um desses engramas, o problema da aberração não é importante para o auditor, exceto quando torna a terapia mais lenta.
A maior parte das pessoas aberradas falam, em grande medida, a partir dos seus engramas. Não importa qual possa ser o fraseado crônico da indivíduo, o seu fraseado de raiva, o seu fraseado de apatia, a sua atitude geral na vida, esse fraseado, quando se afasta mesmo que minimamente da racionalidade completa, está contido em engramas. O humano que "não consegue ter a certeza", que "não sabe" e que é céptico a respeito de tudo está a falar a partir de engramas. O humano que tem a certeza de que "isto não pode ser verdade", de que "isto não é possível", de que "a Autoridade tem de ser consultada", está a falar a partir de engramas. A mulher que tem tanta certeza de que precisa de um divórcio ou de que o marido vai assassiná-la uma noite destas, está a falar a partir dos seus próprios engramas ou dos engramas dele. O humano que entra e diz que tem uma grande dor no estômago, que se sente "tal como se um fio de cobre de 2,5 mm2 de seção estivesse a atravessá-lo", muito possivelmente foi atravessado por um fio de cobre de 2,5 mm2 de seção durante uma tentativa de aborto ou alguém disse isso quando ele estava a sentir dor. O humano que diz que isto "tem de ser cortado para fora" está a falar diretamente a partir de um engrama de alguma operação dele ou da sua mãe ou de uma tentativa de aborto. O humano que "tem de se livrar disso" também está, possivelmente, a falar a partir de um engrama de tentativa de aborto. O humano que "não pode livrar-se disso" poderá estar a falar a partir da mesma fonte, mas noutra valência. Em suma, as pessoas, especialmente quando estão a falar sobre Dianética e engramas, falam com conversa engrâmica em jorros constantes. Normalmente, elas não têm consciência de que estão a dizer coisas que são dramatizações menores dos seus engramas e julgam ter chegado a essas conclusões por elas próprias ou julgam que pensam essas coisas. A suposição e a explicação são apenas pensamento justificativo: o analisador a desempenhar o seu dever de garantir que o organismo tem razão, por mais tolamente que este esteja a agir.
O auditor pode ter a certeza, sobretudo quando está a falar sobre Dianética, de que ele vai ouvir bastante conteúdo engrâmico como resposta; pois a discussão da mente reativa geralmente ocorre na linguagem que esta própria contêm.
Recorde-se que a mente reativa só pode pensar com base nesta equação, A=A=A, em que os três A's poderão ser, respectivamente, um cavalo, uma praga e o verbo "cuspir". Cuspir é igual a cavalos é igual a praga. A mente reativa é um Simão Simplório muito zeloso, a pisar cuidadosamente em cada tarte. Assim, quando se diz a um humano que ele tem de apagar o conteúdo do banco reativo, ele poderá dizer que, se o fizesse, iria com certeza perder toda a sua ambição. Pode ter a certeza - e isto comprova-se em terapia com grande facilidade e deixa alguns preclears bastante envergonhados - que o seu preclear tem um engrama que poderá ser mais ou menos assim:
Pai: Diabos, Inês, tu tens de livrar-te desse maldito bebê. Se tu não o fizeres, morreremos de fome. Não ganho o suficiente para isso.
Mãe: Não, não, não posso livrar-me dele, não posso, não posso, não posso! Juro que cuidarei dele. Trabalharei como uma escrava para o sustentar. Por favor, não me faças livrar dele. Se o fizesse, morreria. Ficaria louca! Perderia todas as minhas esperanças. Perderia todo o meu interesse na vida. Perderia a minha ambição. Por favor, deixa-me ficar com ele!
Esse é um engrama bastante comum e um aberrado pode ser bastante sincero, "racional" e sério quando defende a sua conclusão de que acabou de "pensar" na "computação" de que se ele "se livrar dele" ficará louco, perderá a ambição e poderá até morrer!
Na altura em que se escreve esta obra, a maioria dos engramas que serão encontrados nos adultos vêm dos primeiros 25 anos do século XX. Esse foi o período de: "Ah, Jack Dalton, finalmente tenho-te nas minhas mãos!" Foi o período de Sangue e Areia e de Theda Bara. Foi o período do uísque de contrabando e do sufrágio feminino. Abrangeu os dias da "juventude ardente" e de "Os Ianques Vêm Aí", e pedaços dessa vida colorida estarão a exigir ação nos bancos de engramas. Os auditores de Dianética obtiveram trechos inteiros da Grande Peça O Ébrio a partir de engramas pré-natais, não como uma quantidade de "lamechice" com piada, mas como um esforço sincero e apaixonado da Mamã para reformar o Papá. Superdrama, Melodrama. E não apenas isso, mas também tragédia. A ressaca da Década Alegre de 1890, quando a "mulher de negócios" tinha apenas começado a ser "livre" e Carrie Nation estava a salvar o mundo à custa dos taberneiros, será moeda corrente nos engramas encontrados nos adultos de hoje. Os clichês e os absurdos de ontem tornam-se, muito tragicamente, nos comandos engrâmicos de hoje. Por exemplo, descobriu-se que um jovem muito, muito taciturno, tinha como motivo central da sua mente reativa as históricas hesitações de Hamlet sobre se devia "ser ou não ser, eis a questão". A Mamã (que era aquilo a que os auditores dados a expressões coloquiais chamam uma "desparafusada") obteve-o por contágio de um pai ator, cujo fracasso em ser um Barrymore levou-o a beber e espancar a mulher; e este jovem passava horas sentado em apatia taciturna pensando na vida. Para classificar a sua psicose não era preciso mais do que chamar-lhe um "jovem apático".
A maior parte do conteúdo engrâmico é apenas clichês, lugares-comuns e crises emocionais da Mamã ou Papá. Mas o auditor terá os seus momentos. E quando de repente tomar conhecimento destas coisas, o preclear terá as suas gargalhadas.
Por outras palavras, a aberração pode ser qualquer combinação de palavras contidas em um engrama. Assim, classificar por aberração não é apenas totalmente impossível, também é completamente desnecessário. Depois de um auditor ter percorrido um caso, ele será muito mais capaz de apreciar isto.
Quanto às doenças psicossomáticas, como estão classificadas em um capítulo anterior, essas também dependem de combinações acidentais ou intencionais de palavras e de toda a variedade possível de ferimentos e de fluido e crescimento desequilibrados. Está muito bem que se chame "tendinite" a uma dor obscura, mas o que é mais provável e exato é que se trate de uma queda ou ferimento antes do nascimento. A asma vem com bastante regularidade do nascimento, assim como a conjuntivite e a sinusite, mas quando estas podem ocorrer no nascimento há, geralmente, antecedentes pré-natais. Assim sendo, pode-se dizer que o lugar onde um homem ou uma mulher tem dores tem pouca importância para o auditor, exceto para usar a doença crônica do paciente para localizar a cadeia de engramas de compaixão, e tudo o que o auditor precisa de saber sobre aquela doença é que alguma área do corpo do paciente lhe dói. Para o auditor, isso é o suficiente para o diagnóstico psicossomático.
Acontece que o grau de aberração e o grau de doença psicossomática não são os fatores reguladores que determinam quanto tempo um caso poderá levar. Um paciente poderá ser um lunático furioso e, contudo, só precisar de cem horas para ser levado a Clear. Outro poderá ser uma pessoa "bem equilibrada" e moderadamente bem-sucedida e, ainda assim, demorar quinhentas horas para ser levado a Clear. Deste modo, tomando em consideração que o grau de aberração e doença tem pouca influência naquilo que interessa ao auditor (a terapia), fazer uma classificação por meio destas é apenas um desperdício de tempo.
Porém, há coisas que dificultam o trabalho do auditor, como por exemplo, um homem que tem uma doença cardíaca grave, impedindo que se trabalhe muito com ele, e coisas como um paciente que tem uma preocupação constante, como manifestação da sua vida normal, mas essas coisas são raras e, mais uma vez, têm pouca influência na classificação de um caso.
A regra no diagnóstico é que qualquer coisa que o indivíduo ofereça ao auditor, como uma reação prejudicial à terapia, é engrâmico e provará sê-lo no processo. Qualquer coisa que impeça o trabalho do auditor é idêntico aquilo que está a impedir o pensamento e a vida do paciente. Considere-o da seguinte forma: o auditor é uma mente analítica (a sua própria) confrontada com uma mente reativa (a do preclear). A terapia é um processo de raciocínio. Qualquer coisa que perturbe o paciente também perturbará o auditor; qualquer coisa que perturbe o auditor também tem perturbado a mente analítica do paciente. O paciente não é uma mente analítica completa. De vez em quando, o auditor terá um paciente que não faz nada senão rogar-lhe pragas, mas quando chega a hora marcada, ali está o paciente, ansioso por continuar a terapia. Ou o auditor poderá encontrar uma paciente que lhe diz como todo o procedimento é inútil e como ela odeia ser trabalhada, mas se ele lhe dissesse: "Está bem, vamos parar o trabalho", ela entraria imediatamente em declínio. A mente analítica do paciente quer fazer a mesma coisa que o auditor está a tentar fazer: lutar para penetrar no banco reativo. Por isso, o auditor, quando encontra oposição, teoria adversa sobre Dianética, crítica pessoal, etc., não está a ouvir dados analíticos, mas sim engramas reativos. E ele deve prosseguir calmamente, seguro nesse conhecimento. Porque as dinâmicas do paciente, todas as que puderem ser concentradas na terapia, ajudarão o auditor enquanto ele for um aliado contra a mente reativa do preclear, ao invés de um crítico ou atacante da mente analítica do preclear.
(Em rêverie - área básica pré-natal)
Preclear: (acreditando que se refere a Dianética) Não sei. Não sei. Simplesmente não consigo lembrar-me. Não vai dar certo. Sei que não vai dar certo.
Auditor: (Técnica de Repetição, descrita mais adiante) Repassa isso. Diz: "Não vai dar certo".
Preclear: "Não vai dar certo. Não vai dar certo. Não vai dar certo ... etc., etc". Ai, o meu estômago está a doer! "Não vai dar certo. Não vai dar certo. Não vai dar certo ..." (riso de alívio) É a minha mãe. A falar sozinha.
Auditor: Muito bem, vamos apanhar o engrama todo. Começa do princípio.
Preclear: (citando recordação com somáticos [dores]) "Não sei como se faz isto. Simplesmente não consigo lembrar-me do que a Beatriz me disse. Simplesmente não consigo lembrar-me disso. Oh! Estou tão desanimada. Assim não vai dar certo. Simplesmente não vai dar certo. Queria lembrar-me do que a Beatriz me disse, mas não consigo lembrar-me. Oh! Quem me dera ..." Eh, o que é que ela tem aqui dentro? Ah! Maldita, isto está a começar a arder! E uma irrigação. Eh! Deixa-me sair daqui! Traz-me para tempo presente! Isto realmente arde!
Auditor: Volta ao início do incidente e passa através dele. Recolhe quaisquer dados adicionais que consigas encontrar.
Preclear: Repete o engrama, encontrando todas as frases anteriores e algumas novas, mais alguns sons. Reconta mais quatro vezes, "reexperimentando" tudo. Começa a bocejar; quase adormece ("inconsciência" a soltar-se), reanima-se e repete o engrama mais duas vezes. Então, começa a rir-se deste. O somático desapareceu. De repente, o engrama "desapareceu". (Este foi rearquivado e ele não consegue descobri-lo novamente. Ele está muito satisfeito.)
Auditor: Vai para o próximo momento mais antigo de dor ou desconforto.
Preclear: Uh. Mmmmm. Não consigo lá entrar. Eh, não consigo entrar lá dentro! Estou a falar sério. Gostava de saber onde ...
Auditor: Repete a frase: "Não consigo entrar lá dentro".
Preclear: "Não consigo entrar lá dentro. Não consigo ..." Tenho uma sensação esquisita nas minhas pernas. Sinto uma dor aguda. Eh, que diabo está ela a fazer? Ah! Desgraçada! Meu Deus, gostava de lhe pôr as mãos em cima pelo menos uma vez. Só uma vez!
Auditor: Começa do início e reconta-o.
Preclear: (Reconta o engrama várias vezes, boceja soltando "inconsciência", ri de satisfação quando já não consegue encontrar o engrama. Sente-se melhor.) Oh! Bem, acho que ela teve as suas dificuldades.
Auditor: (Evitando cuidadosamente concordar que a Mamã teve as suas dificuldades, visto que isso faria dele um aliado da Mamã.) Vai para o próximo momento de dor ou desconforto.
Preclear: (desconfortável) Não posso. Não me estou a mover na linha do tempo. Estou preso. Oh, está bem. "Estou preso. Estou preso." Não. "Está presa. Desta vez ficou presa." Não. "Desta vez prendi-a." Ah! Desgraçada! Isto é as minhas dificuldades coronárias. E isto! Esta é a dor aguda que sinto!
Como se pode ver neste exemplo, cada vez que o paciente em rêverie encontrava analiticamente o engrama mais próximo, o comando engrâmico impingia-se ao próprio paciente, que o apresentava ao auditor como uma opinião analítica. Um preclear em rêverie está muito perto do material básico que origina as suas aberrações. Um aberrado completamente desperto poderá estar a dar opiniões altamente complexas, que defenderá até a morte como sendo suas, mas que na realidade são apenas as suas aberrações a impingirem-se à sua mente analítica. Os pacientes continuarão a declarar que sabem que o auditor é perigoso, que ele nunca devia ter começado a dar-lhes terapia, etc., e ainda assim continuarão a trabalhar bem e eficientemente. Esta é uma das razões por que o Código do Auditor é tão importante: o paciente está tão ansioso por se aliviar dos seus engramas quanto se poderia desejar, mas os engramas dão a impressão de estarem muito longe de ansiar por serem aliviados.
Também se verá no exemplo acima que o auditor não está a fazer qualquer sugestão positiva. Se a frase não é engrâmica, o paciente dir-lhe-á isso muito rapidamente e com toda a clareza e, embora esta frase ainda possa ser engrâmica, o auditor não tem grande influência no preclear em rêverie, para além de o ajudar a atacar engramas. Se o preclear contradissesse qualquer uma das coisas acima, isso quer dizer que o engrama contendo as palavras sugeridas não está pronto para ser aliviado, sendo necessária uma paráfrase diferente.
Logo, o diagnóstico é uma coisa que cuida de si própria no plano aberrativo e psicossomático. O auditor poderia ter adivinhado - e guardado para si - que uma série de tentativas de aborto estava a surgir no exemplo acima, antes de entrar na área. Ele poderá ter adivinhado que a indecisão do paciente vinha da mãe dele. Contudo, o auditor não comunica as suas suposições. Isto seria uma sugestão e o paciente poderia agarrar-se a ela. Cabe ao preclear descobrir. Por exemplo, o auditor não podia ter sabido onde estava, na linha do tempo, a "dor coronária" do preclear, nem a natureza do ferimento. Andar para trás e para a frente à procura de uma dor específica seria apenas uma perda de tempo. Todas essas coisas cederão no decorrer da terapia. O único interesse nessas coisas é saber se as aberrações e as doenças irão ou não desaparecer, para nunca mais voltar. No final da terapia, elas terão desaparecido. No início, elas são apenas complicação.
O diagnóstico da aberração e da doença psicossomática não é, então, uma parte essencial do diagnóstico de Dianética.
O que nos interessa é o funcionamento mecânico da mente. Essa é a esfera do diagnóstico. Quais são as mecânicas operativas da mente analítica?
Estes são os processos mecânicos. O diagnóstico lida primariamente com estes fatores e, com estes fatores, pode determinar a quantidade de tempo que um caso deveria levar, o grau de dificuldade do caso, etc. E só precisamos de alguns destes fatores.
Isto é ainda mais simplificado em um código:
Por outras palavras, quando examinamos um paciente antes de fazer dele um preclear (ao iniciá-lo na terapia), estamos interessados em apenas três coisas: percepção de mais ou de menos; muito pouca recordação, demasiada imaginação.
Por Percepção, queremos dizer quão bem ou mal ele pode ouvir, ver e sentir.
Por Recordação, queremos saber se ele pode recordar por sônico (ouvido), visio (vista) e somático (sensação).
Por Imaginação, queremos saber se ele "recorda" excessivamente os sônicos, visios ou somáticos.
Vamos deixar isto extremamente claro: isto é muito simples, não é complexo e não requer um grande exame. Mas é importante e determina o tempo de duração da terapia.
Não há nada de errado com uma imaginação ativa, contanto que a pessoa saiba que está a imaginar. O tipo de imaginação que nos interessa é aquela que é usada para "dub-in" inconsciente e somente esse tipo. Uma imaginação ativa que o paciente sabe ser imaginação, é algo extremamente valioso para ele. Uma imaginação que substitui a recordação cria transtornos sérios na terapia.
A cegueira e a surdez "histéricas" ou visão ou ouvido amplificados são úteis no diagnóstico. A primeira, a cegueira "histérica", significa que o paciente tem medo de ver; a surdez "histérica" significa que ele tem medo de ouvir. Estas requererão muita terapia. Do mesmo modo, a visão amplificada e o ouvido amplificado, embora não sejam tão maus como a cegueira e a surdez, são um índice do quanto um paciente está realmente amedrontado e, muitas vezes, são um índice direto do conteúdo pré-natal em termos de violência.
Se o paciente tem medo de ver com os seus olhos ou de ouvir com os seus ouvidos em tempo presente, pode estar certo de que existe muita coisa no seu passado para lhe meter medo, pois estas percepções não se "desligam" facilmente.
Se o paciente se sobressalta com sons e se assusta com visões ou é muito perturbado por estas coisas, pode-se dizer que as suas percepções estão amplificadas, o que significa que o banco reativo contêm muita coisa rotulada como "morte".
As recordações que nos interessam no diagnóstico são apenas aquelas que estão abaixo do nível ótimo. Quando estão acima do ótimo", elas são de fato imaginação que substituiu a recordação como dub-in. A recordação (abaixo do ótimo) e a imaginação (acima do ótimo) formam de fato um grupo, mas mantemo-las separadas para efeitos de simplicidade e clareza.
Se o paciente não consegue "ouvir" sons ou vozes em incidentes passados, ele não tem sônico. Se não "vê" cenas de experiências passadas com imagens coloridas em movimento, ele não tem visio.
Se o paciente ouve vozes que não existiram ou vê cenas que não existiram e, ainda assim, supõe que essas vozes realmente falaram e que essas cenas eram reais, temos "imaginação acima do ótimo". Em Dianética, a recordação de som imaginário seria hipersônico; a recordação de visão imaginária, hipervisio (hiper = acima de).
Tomemos exemplos específicos de cada uma destas três classes e demonstremos como elas se tornam fundamentais na terapia, e como a sua presença ou ausência pode tornar um caso difícil.
Um paciente com um leve caso de surdez "histérica" é alguém que tem dificuldade em ouvir. A surdez pode ser orgânica, mas se o for, ela não variará de vez em quando. Este paciente tem alguma coisa que ele tem medo de ouvir. Ele põe o rádio muito alto, faz as pessoas repetirem-se continuamente e não percebe partes da conversa. Não vá ao manicômio para encontrar este grau de surdez "histérica". Há homens e mulheres que são "histericamente" surdos sem terem qualquer conhecimento consciente disso. Simplesmente "não ouvem muito bem". Em Dianética, isto está a ser chamado hipoaudição (hipo = abaixo de).
O paciente que está sempre a perder alguma coisa que se encontra relativamente perto dele, que não vê postes de sinalização, cartazes de teatro e pessoas que estão claramente a vista, é "histericamente" cego até certo grau. Ele tem medo de que irá ver alguma coisa. Em Dianética, isto está a ser chamado hipovisão, visto que a palavra "histérica" é muito inadequada e excessivamente dramática.
Depois há o caso da percepção acima do ótimo. Isto não é necessariamente imaginação, mas pode chegar ao ponto de se ver e ouvir coisas que nem sequer estão presentes, o que por acaso é uma insanidade comum. Estamos interessados em um grau menos dramático de operação normal.
Por exemplo, uma jovem que vê alguma coisa ou pensa que vê alguma coisa, mas sabe que não está a vê-la e fica muito espantada, que salta de medo quando alguém entra silenciosamente numa sala e que habitualmente se assusta muito, está a sofrer de visão amplificada. Ela tem medo de encontrar alguma coisa, mas em vez de estar cega para esta coisa, ela está demasiado atenta. Isto é hipervisão.
Uma pessoa que se assusta muito com ruídos, com sons em geral, com certas vozes, que fica com dor de cabeça ou se irrita quando as pessoas à sua volta são "barulhentas" ou quando a porta bate ou quando há barulhos de pratos, é uma vítima de ouvido amplificado. Ela ouve os sons muito mais altos do que realmente são. Isto é hiperaudição.
A qualidade real do que vê e ouve não precisa de ser boa. Os órgãos da vista e do ouvido podem estar em más condições. O único fato importante é o "nervosismo" acerca da recepção.
Isto estabelece as duas percepções que nos interessam em Dianética. Quando o auditor fala com as pessoas à sua volta e obtém as suas reações ao que vêem e ouvem, ele encontrará uma grande variedade na qualidade das respostas.
A recordação é o que tem uma importância mais direta para a terapia, pois não se trata de um sintoma, mas sim de uma ferramenta real de trabalho. Há muitas maneiras de usar a recordação. O Clear tem uma recordação nítida e exata para cada um dos sentidos. Poucos aberrados a têm. O auditor não está interessado noutros sentidos além da vista e do ouvido, porque os outros serão tratados no decurso normal da terapia. Mas se ele tem um paciente sem sônico, cuidado! Se tem um paciente sem sônico nem visio, que esteja atento! Esta é a personalidade multivalente, o esquizofrênico, o paranóico da psiquiatria, com sintomas que não são suficientemente agudos para que sejam classificados assim na vida normal. Isto não quer dizer, digo enfaticamente que isto não quer dizer, que as pessoas sem recordação de visão e som sejam insanas, mas implica um caso acima da média e significa que o caso tomará algum tempo. Isto não quer dizer que o caso seja "incurável", pois nada pode estar mais longe da verdade, mas tais casos às vezes levam quinhentas horas. Isto significa simplesmente que um caso assim não é nenhum passeio pelo parque. Existe algum drama lá atrás na mente reativa que diz: "Não vejas! Não ouças!" Alguns dos engramas nesse caso exigem uma recordação reduzida ou a ausência de recordação. Os órgãos da vista e do ouvido poderão ser extremamente amplificados na sua recepção. Isto não quer dizer que alguma coisa precisa de estar mal na maneira como essa pessoa percepciona ondas sonoras ou luminosas e as registra. Mas quer dizer que depois de as ter registrado, ela não pode retirá-las facilmente do banco padrão, porque o banco de engramas reativo instalou circuitos (circuitos demônio de oclusão) para impedi-la de se informar sobre o seu passado. É natural que haja graus maiores ou menores de recordação.
O teste é simples. Diga ao paciente, totalmente desperto, que volte ao momento em que estava a entrar na sala. Pergunte-lhe o que estava a ser dito. Se ele pode "ouvi-lo", totalmente desperto, ele tem recordação sônica. O auditor sabe muito bem o que foi dito, pois se pretende usar este teste, ele diz um determinado conjunto de palavras e nota quais são os sons reais presentes. Assim, se o paciente pertence à categoria seguinte, o dub-in, o auditor ficará ciente disso.
O teste de recordação de visão é igualmente simples. Mostre ao paciente um livro com uma ilustração. Passado algum tempo, peça-lhe que "volte atrás", enquanto está totalmente desperto, e olhe para esse livro "na sua mente" e verifique se ele o pode ver. Se ele não pode, isto é hipovisio.
Outros testes semelhantes a estes estabelecerão claramente se o nosso paciente é ou não cego ou surdo em recordação, ou se ele pertence ao grupo seguinte.
A imaginação demasiado ativa que faz entusiasticamente dub-in da visão e do som para o paciente, sem o seu conhecimento, é uma coisa que é definitivamente um empecilho a terapia rápida. Existem muitos circuitos demônio que enredam o pensamento, mas estes demônios de dub-in específicos significam que o auditor vai obter uma quantidade terrível daquilo a que os auditores chamam coloquialmente "lixo"9. Existe, enquanto eles continuam a usar alguma da terminologia indubitavelmente embaraçosa que continua a surgir neste campo, a despeito de tudo o que se possa fazer quanto a isso, algo em ação na mente que é uma "fábrica de mentiras"10.
O paciente, a quem se pediu que recontasse a conversa que teve quando entrou pela porta, através de "ouvi-la" novamente, poderá começar confiantemente a apresentar todo o tipo de discursos que são uma paráfrase completa ou totalmente fictícios. Quando se lhe pede que fale da imagem e da página que lhe foi mostrada, ele "verá" nitidamente muito mais do que lá estava ou verá uma coisa inteiramente diferente. Se ele tiver dúvidas acerca disso, esse é um bom sinal. Se ele tiver a certeza, cuidado, pois trata-se de um circuito demônio a fazer dub-in sem o seu conhecimento analítico, e o auditor terá de ouvir mais incidentes que nunca aconteceram do que ele poderia catalogar, e terá de destrinchar e escolher continuamente o seu caminho através desse "lixo", para levar o seu preclear a um ponto em que os dados sejam fiáveis. (E não se trata de classificar algo como "lixo" devido à sua improbabilidade - a verdade é sempre mais estranha do que a ficção. Isto é uma questão de tentar reduzir engramas que não estão presentes ou contornar engramas que estão presentes, e assim por diante, numa grande salgalhada.)
O preclear ótimo seria aquele que tivesse uma resposta mediana aos ruídos e vistas, que tivesse sônico e visio precisos e que pudesse imaginar, e saber que estava a imaginar, em cor-visio e tom-sônico. Compreenda claramente que este indivíduo poderá ter aberrações que o fazem subir todas as chaminés da cidade, beber tudo até à última pinga em todos os bares todas as noites (ou pelo menos tentar), espancar a mulher, afogar os filhos e supor que ele é um pássaro jub-jub. Quanto a psicossomáticos, ele poderá ter artrite, problemas de vesícula biliar, dermatite, enxaquecas e pés chatos. Ou poderá ter aquela aberração muito mais horrível: o orgulho de ser vulgar e "ajustado". Ainda assim, ele é um caso relativamente fácil de Clarear.
No caso que tem o sônico e o visio desligado, sem dub-in, estamos a lidar com engramas que desligaram alguns dos mecanismos primários de funcionamento da mente. O auditor terá de batalhar durante horas e horas, a tentar contatar engramas, quando o paciente não os pode ouvir ou ver. Um caso que tem meramente a recordação sônica desligada ainda significa que o auditor terá de trabalhar muito mais do que em um caso mediano. Este caso está muito, muito longe de ser impossível de resolver. A idéia aqui não é afugentar quem queira fazer qualquer tentativa em um caso desses. Mas este caso só será resolvido após muito esforço persistente. Tal pessoa poderá, aparentemente, ser muito bem-sucedida. Ela poderá ser extremamente inteligente. Poderá ter poucas ou nenhumas doenças psicossomáticas. Ainda assim, verificar-se-á que ela tem um banco de engramas abarrotado, podendo qualquer parte deste entrar em restimulação a qualquer momento e esmagá-la. Contudo, este tipo de caso normalmente está muito preocupado e ansioso a respeito de muitas coisas, e essa preocupação e ansiedade poderão acrescentar um pouco mais de tempo à folha de trabalho.
No caso da pessoa que tem dub-in e que o ignora, a quem os circuitos estão a entregar recordação alterada, temos um caso que é muito provável que venha a ser muito demorado e a exigir um tratamento hábil. Porque existe uma fábrica de mentiras algures naquele banco de engramas. Este caso poderá ser a personificação da veracidade na sua vida diária. Mas quando começa a enfrentar os seus engramas, estes têm um conteúdo que o faz entregar material que não está lá.
Então, de maneira nítida e clara, sem qualquer ressalva ou condição adicional, este é o diagnóstico de Dianética: a aberração é o conteúdo engrâmico; a doença psicossomática é o ferimento antigo. As percepções de visão e som, recordação abaixo do ótimo, imaginação acima do ótimo regulam a duração do caso.
Se o auditor quiser ser meticuloso, ele pode situar, mental e fisicamente, a posição geral do indivíduo na Escala de Tom. A mulher que é lenta e apática está, naturalmente, mais ou menos no Tom 0.5, na parte da Zona 0 da escala dinâmica apresentada anteriormente neste livro. Se o homem é irado ou hostil, o auditor pode marcá-lo como 1.5 ou algures dentro da Zona 1 da escala de sobrevivência. Estas marcações aplicar-se-iam ao tom médio provável do agregado de engramas na mente reativa. Isto é interessante, porque significa que uma pessoa na Zona 0 tem muito mais probabilidade de estar doente e é um caso ligeiramente mais difícil do que uma pessoa na Zona 1. E como a terapia eleva o tom para a Zona 4, o 1.5 está mais perto do objetivo.
É difícil calcular o tempo em terapia. Como dissemos antes, ela tem diversas variáveis, tais como a perícia do auditor, os elementos restimulativos no ambiente do paciente e o simples volume de engramas.
Aconselha-se o auditor, no seu primeiro caso, a procurar algum membro da família ou um amigo que esteja o mais próximo possível do preclear ótimo, o que quer dizer, uma pessoa com recordação de visio e sônico e com percepções medianas. Ao clarear este caso, ele irá aprender, em primeira mão, muito sobre aquilo que se pode esperar nos bancos de engramas de qualquer mente, e verá claramente como os engramas se comportam. Se o próprio auditor pertence a uma das categorias mais difíceis e ele pretende trabalhar com alguém que pertença a uma dessas categorias, isso não oferece grande dificuldade. Qualquer dos casos pode ser Liberado em um centésimo do tempo de qualquer técnica de cura mental anterior, e eles podem ser Clareados, se for aplicado um mínimo de perícia, em quinhentas horas de trabalho por cada caso. Mas se os dois casos são particularmente difíceis, seria conveniente que cada um encontrasse e Clareasse um preclear próximo do ótimo, antes de trabalharem um com o outro. Deste modo, cada um deles será um operador competente quando abordar os casos mais difíceis.
Isso é quanto ao diagnóstico. As outras percepções, recordações e imaginações são interessantes, mas não são vitais para a medição do tempo no caso. O QI, a menos que esteja no nível do débil mental, não é um fator importante. E mesmo então, o QI de qualquer paciente sobe como um foguete ao ser clareado e sobe durante todo o tempo de trabalho.
Há insanidades orgânicas. As psicoses iatrogênicas (causadas por médicos) são equívocas em Dianética, pois parte da maquinaria poderá ter sido destruída. No entanto, em muitas psicoses orgânicas, um caso pode ser melhorado por Dianética, mesmo que não se possa atingir um nível ótimo. E portanto, tudo o que um auditor pode fazer é tentar. Até agora, as insanidades causadas por partes ausentes do sistema nervoso não foram extensivamente investigadas pelos auditores. A finalidade de Dianética não é ressuscitar cadáveres; a ênfase principal tem sido a produção de uma mente ótima na pessoa normal ou meramente neurótica. Dianética pode ser, está a ser e será usada de outras maneiras. Mas por haver tantas pessoas potencialmente valiosas, que podem ser tornadas altamente valiosas para elas próprias e para a sociedade, tem-se dado ênfase às aberrações inorgânicas e às doenças psicossomáticas orgânicas. Casos que foram submetidos a lobotomia pré-frontal (que corta uma seção da mente analítica), a topectomia (que remove pedaços do cérebro, tal como um descaroçador de maçãs descaroça maçãs), a leucotomia transorbital (que, enquanto o paciente está a ser submetido a eletrochoques, enfia um picador de gelo comum em cada olho e atinge o analisador, para o desfazer em pedaços) e a "terapia" de eletrochoques (que queima o cérebro com 110 volts), bem como o choque de insulina e outros tratamentos, são considerados equívocos em Dianética. Há insanidades orgânicas comuns, tais como a paresia, mas mesmo assim, a maioria destas pode beneficiar com Dianética.