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Capítulo 3
O Papel do Auditor


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Três
A Terapia

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
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O Papel do Auditor

     O propósito da terapia e o seu único alvo é a remoção do conteúdo do banco de engramas reativo. Num Liberado, a maior parte da tensão emocional é apagada deste banco. Num Clear, todo o conteúdo é removido.5

     A aplicação de uma ciência é uma arte. Isto é verdade para qualquer ciência. A eficácia da sua aplicação depende da compreensão, perícia e capacidade de quem a aplica. O químico tem uma ciência da química, mas a profissão de ser um químico é uma arte. O engenheiro poderá ter atrás de si a precisão de todas as ciências físicas e, no entanto, a prática da engenharia é uma arte.

     Depois de compreendidos os axiomas básicos de uma ciência, pode-se estabelecer certas regras de procedimento. Acima dessas regras de procedimento estão a compreensão, a perícia e a capacidade necessárias à aplicação.

     Dianética é extremamente simples. Isto não quer dizer que os casos não possam ser extremamente complicados. Para tratar de um caso de cada tipo neste livro, seriam necessários dois mil milhões de casos e isto só abrangeria a população atual, pois cada humano é muito diferente de todos os outros humanos. A sua personalidade inerente é diferente. O seu compósito de experiências é diferente. E as suas dinâmicas têm forças diferentes. A única constante é o mecanismo do banco de engramas reativo e somente esse é que não varia. O conteúdo desse banco difere de humano para humano, tanto em quantidade como em intensidade, mas o mecanismo de operação do banco e, portanto, os mecanismos básicos de Dianética são constantes de humano para humano - foram constantes em todas as épocas e serão constantes em todas as épocas futuras, até que o ser humano evolua para outro tipo de organismo.

     O alvo é o engrama. Esse também é o alvo da mente analítica e das dinâmicas do paciente enquanto ele tenta viver a sua vida. Este é o alvo da mente analítica do auditor e das suas dinâmicas. Enquadrado e bombardeado deste modo, o banco abre mão do seu depósito de engramas.

     Isto deve ser extremamente claro para qualquer auditor: assim que ele relaxe a sua posição de auditor e esqueça o alvo, ele acumula complicações que consumirão o seu tempo. No momento em que cometer o erro de pensar que a pessoa, a mente analítica ou as dinâmicas do paciente estão a resistir, a tentar parar a terapia ou a desistir, o auditor cometeu o erro fundamental e básico na prática de Dianética. Quase tudo o que corre mal pode ser rastreado a esse erro. Nunca se pode dizer com demasiada ênfase que a mente analítica e as dinâmicas do paciente nunca, nunca, nunca resistem ao auditor. O auditor não está ali para ser resistido. Ele não está interessado na resistência de coisa alguma, exceto dos engramas do paciente (e às vezes dos seus próprios).

     O auditor não está ali como o incitador ou conselheiro do paciente. Não está ali para ser intimidado pelos engramas do paciente ou para ser assustado pelos seus aspectos. Está ali para auditar e apenas para auditar. Se ele acha que deve fazer-se soberbo com o paciente, então o melhor é mudar-se da cadeira para o divã, pois ele tem um caso de autoritarismo que começa a despontar. Usa-se a palavra auditor, não "operador" ou "terapeuta", porque este é um esforço cooperativo entre auditor e paciente, e a lei da afinidade está em ação.

     O paciente não consegue ver as suas próprias aberrações. Esta é um das razões por que o auditor está presente. O paciente precisa de ser amparado para enfrentar as incógnitas da sua vida. Esta é outra razão por que o auditor está presente. O paciente não se atreveria a dirigir ao mundo que se introduziu dentro dele e virar as costas ao mundo que está exterior a ele, a menos que tenha uma sentinela. Esta é outra razão por que o auditor está presente.

     O trabalho do auditor é salvaguardar a pessoa do paciente durante a terapia, computar as razões por que a mente do paciente não consegue alcançar o interior do banco de engramas, fortalecer a coragem do paciente e apanhar esses engramas.

     Neste momento, está em ação um caso de afinidade tripla. Eu estou em afinidade com o auditor: estou a dizer-lhe tudo o que foi descoberto e que está a ser usado em Dianética e quero que ele tenha êxito. O auditor está em afinidade com o paciente: ele quer que o paciente ataque engramas. O paciente está em afinidade com o auditor porque, com um mínimo de trabalho, esse paciente vai melhorar e com a persistência proporcionada pelo auditor, mais a sua própria persistência, ele tornar-se-á um Liberado ou um Clear. Há ainda mais afinidades em ação, uma vasta rede delas. Este é um esforço cooperativo.

     O alvo é o banco de engramas, não o paciente. Se o paciente pragueja, geme, chora e implora, isso são engramas a falar. Depois de algum tempo, os engramas que o fazem praguejar, gemer, chorar e implorar serão descarregados e rearquivados. O paciente, qualquer que seja o seu estado, sabe muito bem que a ação tomada é necessária. Se o auditor é tão pouco racional que confunde essas pragas ou gemidos com uma coisa dirigida contra ele pessoalmente, será melhor esse auditor trocar de lugar com o paciente e submeter-se à terapia.

     A única coisa que resiste é o engrama! Quando está a ser restimulado, este colide com o analisador do paciente, tende a reduzir o poder analítico e o paciente exibe uma dramatização modificada. Qualquer auditor que tenha duas células cerebrais que façam clique, nunca correrá o menor perigo nas mãos do pré-liberado ou do preclear6. Se o auditor quer usar hipnotismo e tentar percorrer engramas recentes e fisicamente dolorosos tais como operações, quando os mais antigos estão disponíveis, ele poderá dar por si a ser alvejado. Mas então ele fez uma coisa muito errada. Se o auditor, subitamente, se torna supermoralista e começa a dar sermões ao paciente, ele poderá meter-se em complicações. Mas, mais uma vez, ele fez uma coisa muito errada. Se o auditor fala brusca e rispidamente com o paciente, ele poderá vir a ser alvejado. Mas, mais uma vez, foi cometido um erro fundamental.

     O alvo é o banco de engramas. O trabalho do auditor é atacar o banco de engramas do preclear. O trabalho do preclear é atacar esse banco. Atacar o preclear é permitir que o seu banco de engramas ataque o preclear.

     Sabemos que há cinco métodos de lidar com um engrama. Quatro deles são errados. Sucumbir a um engrama é apatia, ignorar um engrama é negligência, mas evitar ou fugir de um engrama é covardia. Atacar, e somente atacar, resolve o problema. O dever do auditor é assegurar que o preclear continua a atacar engramas, não o auditor ou o mundo exterior. Se o auditor ataca o preclear, isso é uma péssima pontaria e uma lógica muito medíocre.

     A melhor maneira de atacar o banco de engramas é, primariamente, descarregando a sua carga emocional, onde quer que esta possa ser contatada. Depois disso, a melhor maneira de o atacar é descobrindo aquilo que o preclear, em rêverie, acha que aconteceria com ele se ficasse bom, se ficasse melhor, se descobrisse, etc. E depois é sempre da maior importância contatar, de qualquer modo possível, o momento primário de dor ou inconsciência na vida do paciente. Este é o básico-básico. Uma vez que um auditor tenha o básico-básico, o caso resolver-se-á rapidamente. Se a mente reativa do preclear está a suprimir o básico-básico, então o auditor deve descarregar mais emoção reativa, descobrir a computação que agora está a atuar e tentar novamente. Ele acabará por chegar ao básico-básico. Isto é importante. E é só isto que é importante em um preclear.

     No pré-liberado (paciente que está a trabalhar somente para ser Liberado), a tarefa é descarregar emoção e tantos engramas antigos quantos se apresentem com facilidade. A redução de locks poderá ser incluída no pré-liberado, mas só se deve tocar nos locks quando estes conduzem ao básico-básico em um preclear.

     Existem três níveis de cura. O primeiro é realizar o trabalho eficientemente. O segundo é tornar o paciente confortável. Abaixo desse está a compaixão. Em suma, se não puder fazer nada por um humano com uma coluna partida, pode torná-lo confortável. Se nem sequer pode torná-lo confortável, pode compadecer-se dele.

     O segundo e o terceiro dos escalões acima são inteiramente injustificados em Dianética. O trabalho pode ser feito eficientemente. Tornar o paciente confortável é uma perda de tempo. Demonstrar compaixão por ele poderá enredar todo o caso, pois os seus piores engramas serão engramas de compaixão e a compaixão poderá restimulá-los a sair do seu lugar. O auditor que se põe a dar "palmadinhas nas mãos", por mais que isto pareça estar indicado, está a perder tempo e a atrasar o caso. Uma rudeza indevida não é indicada. Uma atitude amigável, alegre e otimista cuidará de tudo. Um preclear às vezes precisa de um sorriso. Mas ele já recebeu mais "palmadinhas nas mãos" do que o analisador foi capaz de computar. A sua doença psicossomática crônica contêm compaixão no seu engrama.

     A coisa seguinte que o auditor deve saber e seguir é o Código do Auditor7. Isto poderá parecer uma coisa extraída de Quando a Cavalaria Estava em Flor ou dos Treze Rituais para Beatitude Celestial e Nirvana, mas se não for empregado pelo auditor nos seus pacientes, o auditor terá algum trabalho bastante árduo à sua frente. Este código não é para o conforto do preclear; é exclusivamente para a proteção do auditor.

     O Código do Auditor nunca deve ser violado. A prática em Dianética tem demonstrado que só a violação do Código do Auditor pode interromper casos.

     O auditor deve ser cortês no tratamento de todos os preclears.

     O auditor deve ser bondoso, não se permitindo nenhuma crueldade para com o preclear, nem cedendo a qualquer desejo de punir.

     O auditor deve estar silencioso durante a terapia, não deve falar mais do que os pontos essenciais de Dianética, durante uma sessão real.

     O auditor deve ser digno de confiança, cumprindo a sua palavra quando dada, mantendo os encontros marcados e os seus compromissos de trabalho e nunca se comprometendo com nada que ele tenha a mínima razão para crer que não pode cumprir.

     O auditor deve ser corajoso, nunca cedendo terreno ou infringindo os princípios fundamentais da terapia porque um preclear acha que ele deve fazê-lo.

     O auditor deve ser paciente no seu trabalho, nunca se mostrando inquieto nem irritado com o preclear, independentemente do que o preclear esteja a fazer ou a dizer.

     O auditor deve ser meticuloso, nunca permitindo que o seu plano de trabalho seja influenciado ou que uma carga seja evitada.

     O auditor deve ser persistente, nunca desistindo até que ele tenha conseguido resultados.

     O auditor deve ser reservado, nunca dando ao paciente qualquer informação sobre o seu caso, incluindo avaliações de dados ou estimativas adicionais do tempo em terapia.

     Há várias condições que se seguem quando qualquer uma das coisas acima mencionadas é violada. Todas as violações atrasam a terapia e ocasionam mais trabalho para o auditor. Todas as violações resultam em prejuízo do auditor.

     Por exemplo, no último ponto, não faz parte do trabalho do auditor informar o preclear sobre nada. Assim que ele começa a fazer isso, o preclear liga prontamente o auditor no circuito como a fonte de informação e, assim, evita os engramas.

     O auditor observará em progresso as emoções humanas mais violentas e perturbadoras. Ele poderá ser levado a compadecer-se. Mas se o fizer, ele falhou em notar uma coisa e retardou a terapia: sempre que uma emoção se manifesta, esta é uma emoção que em breve passará à história. Por mais voltas que o preclear possa dar, por mais que ele se mova ou se retorça, o auditor tem de manter, de um modo firme na sua mente, o fato de que cada gemido ou volta é mais um passo na direção do objetivo. Porquê assustar-se ou desperdiçar compaixão com uma coisa que, depois de ser recontada algumas vezes, deixará um preclear mais feliz?

     Se quando um preclear começa a tremer, o auditor se assusta e comete o maior dos erros ao dizer: "Vem para tempo presente!", ele pode estar certo de que o preclear terá um par de dias maus e que da próxima vez que o auditor quiser entrar naquele engrama, este estará bloqueado.

     Se um auditor assumir o estado de espírito de que pode sentar-se e assobiar, enquanto Roma arde perante os seus olhos e se estiver preparado para se rir disso, então fará um trabalho excelente. As coisas que ele observa, independentemente do que parecem, independentemente de como soam, são ganhos sólidos. É o paciente calmo e bem comportado que tem poucos ganhos. Isto não quer dizer que o auditor só tenta encontrar violência, mas quer dizer que quando a obtém, ele pode ficar feliz e contente, porque foi mais um engrama que perdeu a sua carga.

     A tarefa de auditar parece-se muito com a de um pastor conduzindo as suas ovelhas, os engramas, para dentro do curral do matadouro. O preclear não está sob as ordens do auditor. Mas se o caso estiver a correr bem, o preclear fará aquilo que o auditor quiser com estes engramas, porque a mente analítica e as dinâmicas do preclear querem ver esse trabalho levado a efeito. A mente sabe como a mente funciona.


Notas de Rodapé:

5 Na realidade, o conteúdo do banco de engramas é transferido, e não removido, pois é rearquivado sob o título de experiência nos bancos padrão. Contudo, o material parece desaparecer na terapia porque a terapia se dirige ao banco de engramas e não aos bancos padrão.
6 Os termos pré-liberado e preclear são usados para designar um indivíduo que iniciou ou que está a ser submetido à terapia de Dianética. O termo preclear é usado mais comummente. A palavra paciente é menos descritiva porque implica doença, mas é usada indistintamente.
7 É interessante que o Código do Auditor descreve, exceto na sua última cláusula, o padrão de conduta de sobrevivência do ser humano. Um Clear funciona mais ou menos automaticamente com base neste código. Dianética é paralela ao pensamento, porquanto segue as leis naturais do pensamento. O que funciona em Dianética também funciona na vida.