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A emoção é uma quantidade θ (theta), o que significa que ela está tão envolvida nas forçs vitais que Dianética, neste estágio, lida com ela com sucesso invariável, mas sem tentar apresentar mais do que uma teoria descritiva. É preciso fazer muita pesquisa sobre a emoção; mas desde que a terapia a abranja e a libere com sucesso, pode-se dispensar, até certo ponto, quaisquer dados adicionais.
A emoção teria de ser nitidamente dividida em emoções negativas e emoções positivas. A emoção negativa teria um caráter de não-sobrevivência e a emoção positiva seria pró-sobrevivência. Não nos ocupamos aqui das emoções agradáveis ou aprazíveis. Acredita-se que toda a emoção é a mesma coisa. Mas nos seus aspectos acima da Zona 1, ela pode ser posta de lado por ser desnecessário explicá-la neste momento, para o propósito deste livro.
Nas Zonas 1 e 0, a emoção torna-se muito importante para a terapia. Como se disse anteriormente, as Zonas 1 e 0 são as zonas de ira e apatia, respectivamente. Desde a morte até à fronteira entre a ira e o medo está a Zona 0. Desta fronteira até ao início do aborrecimento está a ira, Zona 1.
É como se a dinâmica de sobrevivência, ao contrair-se para a Zona 1, começasse a exibir hostilidade. Depois, sob mais supressão na direção da morte, começou a exibir ira. Sob ainda mais supressão começou a exibir fúria, depois o medo como o nível imediatamente abaixo, depois o terror e, finalmente, logo acima da morte, apatia.
E à medida que a dinâmica é suprimida, poder-se-ia dizer que as células reagem energicamente à ameaça, ao resistir a esta. O analisador resiste até à margem superior da Zona 1, mas com um controle sempre decrescente. Daí para baixo, as células, o organismo em si, resistem até à última trincheira. A mente reativa está em comando absoluto desde a margem superior da Zona 1 diretamente até à morte e à medida que a dinâmica é suprimida, o seu comando do organismo cresce continuamente.
A emoção parece estar inextricavelmente ligada à própria força da vida. Nenhum engenheiro duvidaria de que existe uma força vital. O humano e a medicina usualmente observam o jarro e esquecem-se que este está ali apenas para conter o leite e que o leite é que é a quantidade importante. A força vital é o hélio que enche o balão livre. O hélio sai, o balão desce. Quando este tipo de energia for localizado e isolado - se for apenas um tipo de energia - então a medicina poderá começar a avançar a passos tão largos que estes farão todos os passos anteriores parecerem os de um humano numa corrida de sacos. Porque a medicina, pelo que se sabe, não tem nenhum hélio sobressalente.
Não se sabe até que ponto essa força vital pode subir na escala da sobrevivência. Acima da Zona 3 está a área dos pontos de interrogação. Um Clear sobe para um nível de persistência, vigor, tenacidade, racionalidade e felicidade. Talvez algum dia um Clear alcance o brilho interior de que o autor costumava ouvir falar na Índia e que marcava o homem que era todo alma.
Sabe-se, definitivamente, até que ponto a força vital pode descer. Um humano morre. Não se move nem pensa. Morre como organismo e em seguida morre como células. Há diferentes períodos de "vida após a morte" para as células e os biólogos comentam que as células dos cabelos e unhas sobrevivem durante meses. Assim sendo, há aqui um espectro de morte, primeiro o organismo e, depois, colônia por colônia, as células.
Isso ocorre do fundo da Zona 0 para baixo. Mas aquilo que nos interessa é a área que vai desde a Zona 1 até ao fundo da Zona 0. Poderia ser postulado que a mente analítica tem a sua maior vitalidade contra o supressor, a sua máxima capacidade para cuidar do organismo, quando está na terceira zona. À medida que o supressor empurra para baixo, o analisador dentro da parte inferior da Zona 3 empurra na direção oposta com força. Isto é a necessidade em ação. O nível de necessidade pode subir, nesta ação, até um ponto que faz key-out de todos os engramas!
Deve-se compreender que o analisador considera futuros supressores e está continuamente empenhado em computações que apresentam problemas do futuro que o analisador resolve: esta é uma das funções da imaginação. Deve-se compreender também que o analisador está empenhado em inúmeras computações sobre o presente: porque a mente analítica está continuamente a lidar com um número enorme de fatores que incluem o supressor do presente e o supressor do futuro. Computa, por exemplo, sobre as alianças com amigos e simbiotas, e consegue as suas maiores vitórias quando toma alguma parte do supressor e transforma-a em um fator de aliança.
O indivíduo pode ser visualizado, no espectro da sobrevivência, como estando na ponta da dinâmica de sobrevivência. O supressor empurra para baixo, ou futuros supressores ameaçam um empurrão, e a mente analítica empurra para cima com soluções. O nível do indivíduo é determinado por quão bem esses supressores são aparentemente enfrentados.
Falemos agora do Clear e, até nova menção, continuaremos a usar o Clear. O Clear é uma pessoa não-aberrada. Ele é racional porque forma as melhores soluções que pode com os dados de que dispõe e do seu ponto de vista. Obtém o máximo prazer para o organismo, presente e futuro, bem como para os temas ao longo das outras dinâmicas. O Clear não tem engramas que possam ser restimulados de modo a afetar a correção da computação através da introdução de dados ocultos e falsos. Não tem nenhuma aberração. É por essa razão que o usamos aqui como exemplo.
A dinâmica de sobrevivência é alta, é mais do que suficiente para contrabalançar o supressor. Tome isto como uma primeira condição. Isso colocaria a dinâmica na Zona 3, Tom 3,9. Agora, aumente o supressor. A dinâmica é empurrada para o Tom 3,2. A necessidade sobe. O supressor é empurrado para trás. A dinâmica está mais uma vez no Tom 3,9. Poderia chamar-se a esta ação um ressurgimento entusiástico. O indivíduo ficou realmente "irado" - isto é, ele recorreu ao seu ser para que lhe fornecesse poder para o pensamento e ação. Mentalmente, ele recorre a tudo o que constitua energia mental. Fisicamente, se a supressão fosse física, ele recorreria à sua adrenalina. Este é o uso correto das glândulas endócrinas: usá-las para recuperar a posição em relação ao supressor. Toda e qualquer função corporal está sob o comando analítico (mas não é necessariamente regulado).
Suponhamos agora que o supressor se lança contra a dinâmica e força a dinâmica a descer até 3,0. O nível de necessidade sobe. São tomadas ações. Toda a força do ser é lançada contra o supressor. Suponhamos agora que surge um novo fator no supressor que o torna muito mais forte. O indivíduo ainda tenta reerguer-se contra este. Mas o supressor exerce cada vez mais peso sobre ele. O indivíduo começa a esgotar as suas reservas de energia mental ou física (este supressor tanto pode estar em um nível mental como físico). Cansando-se, o indivíduo desce para 2,5. O supressor volta a tornar-se mais forte. O indivíduo tenta reerguer-se mais uma vez. Ele lança as últimas reservas de energia ou dados disponíveis. E surge outro fator no supressor que aumenta o seu peso. O indivíduo decai até 2,0.
Exatamente neste ponto, após ter falhado, o analisador finalmente desliga-se. Aqui, ele entrou no topo da Zona 1. A hostilidade instala-se. O supressor está em baixo, a exercer pressão contra a sobrevivência celular. E este desce ainda mais. O indivíduo entra em ira, recrutando celularmente, mas não conscientemente, as últimas forças. Mais uma vez o supressor adquire novo peso. O indivíduo entra em fúria. O supressor desce mais uma vez. O indivíduo entra em medo, Tom 0,9. O supressor desce novamente, recrutando novos fatores. E o indivíduo é empurrado para baixo, até 0,6, onde está em terror. Mais uma vez o supressor cai com nova força. O indivíduo desliza até ficar paralisado de medo, 0,2.
Vamos estabelecer um paralelo disto com um exemplo muito simples e dramático, para não termos de considerar um milhar de fatores sutis. Um Clear, inexperiente na caça, decide matar um urso pardo. Tem uma espingarda excelente. O urso parece ser uma presa fácil. O homem está em 3,9 ou acima. Ele sente-se bem. Ele vai apanhar esse urso porque este tem estado a ameaçar-lhe o gado. Um grande entusiasmo leva-o até ao antro do animal. Ele espera; finalmente vê o urso. Acima do homem há um penhasco que ele normalmente não poderia escalar. Mas para acertar no urso, antes que este desapareça, o homem precisa de escalar o penhasco. O fato de ver que estava em perigo de perder a caça fez o homem descer para 3,2. A necessidade leva-o pelo penhasco acima. Ele dispara, mas ao disparar cai do penhasco. O urso é ferido. Ele avança em direção ao homem. A necessidade aumenta. O homem recupera a arma e dispara novamente. No momento em que ele dispara, está em 3,0. Ele falha. Dispara outra vez, mas o fato de ter falhado, com o urso ainda a avançar, leva-o a descer para 2,5. Ele volta a disparar. O urso recebe a bala mas não para. O homem volta a disparar, mas subitamente compreende que a sua arma não vai deter este urso. O seu tom baixa para 2,0. Ele começa a resmungar e a manobrar a arma febrilmente. As suas balas erram o alvo. Ele experimenta uma fúria contra a arma, o urso, o mundo e atira a arma fora, pronto para enfrentar o urso, já quase em cima dele, com as mãos nuas. Subitamente o homem conhece o medo. O seu tom desce para 1,2. Sentindo o cheiro do urso nas suas narinas, o tom desce para 0,9. Ele sabe que o urso vai matá-lo. Ele volta-se, tenta escalar o penhasco e escapar, mas os seus esforços são frenéticos. Ele está em Tom 0,6, terror puro. O urso ataca-o e derruba-o do lado desse penhasco. O homem jaz imóvel, com a respiração quase suspensa, com o batimento cardíaco reduzido a praticamente nada. O urso atinge-o novamente e o homem permanece imóvel. Então o urso decide que ele está morto e afasta-se. Abalado, o homem acaba por voltar a si, subindo o seu tom gradualmente para 2,0, o ponto em que o analisador se desligou. Ele mexe-se mais um pouco e levanta-se. O seu tom está novamente em 2,5, analiticamente ele está com medo e cauteloso. Recupera a arma. Começa a abandonar o local. Ele sente uma grande necessidade de recuperar o seu amor-próprio e o seu tom sobe para 3,2. Ele afasta-se e chega a uma área segura. Subitamente, ocorre-lhe que pode pedir uma Mauser emprestada a um amigo. Começa a fazer planos para apanhar aquele urso. O seu entusiasmo sobe. Mas completamente à parte do engrama recebido quando o urso o derrubou, ele age de acordo com a sua experiência. Três dias mais tarde, ele mata o urso e o seu tom sobe para 4,0 durante o tempo em que contempla e conta a sua história, e depois a sua mente ocupa-se com novos assuntos.
A vida é muito mais complicada do que a atividade de matar ursos pardos; normalmente é muito menos dramática, mas está sempre cheia de situações que provocam uma flutuação do supressor. A realização de todos os objetivos agradáveis - matar um urso, beijar uma mulher, um lugar na primeira fila da ópera, ganhar um amigo, roubar uma maçã - são passagens através dos vários níveis de tom. E geralmente um indivíduo está a levar a cabo três ou três mil computações ao mesmo tempo e há trinta ou trinta mil variáveis nas suas computações. Demasiadas incógnitas, demasiadas inclusões de fatores do tipo "não sabia que a arma estava carregada" podem atirar o analisador de uma situação em que está diretamente alinhado para uma dispersão desordenada em que não funciona. Pode-se considerar que o analisador se desliga quando atinge o Tom 2,0. De 2,5 para baixo, as computações que ele faz não são muito racionais - há demasiadas incógnitas, demasiados fatores inesperados, demasiadas descobertas de cálculos errados.
Isto é viver numa base de "Clear". Quando foi atingido pelo urso, o nosso caçador recebeu um engrama. Este engrama, quando fizesse key-in, dar-lhe-ia medo, uma atitude de apatia, na presença de certos fatores: todos os percépticos presentes - o cheiro daquele solo, dos galhos, da respiração do urso, etc. Mas ele matou o urso. A probabilidade desse engrama fazer key-in é remota. Não por ele ter matado o urso, mas porque ele, afinal de contas, era um homem adulto. E sendo um Clear, ele poderia voltar atrás no pensamento e clarear todo o incidente por si próprio.
Este é um ciclo completo da emoção. O entusiasmo e o grande prazer estão no topo extremo. O medo e a paralisia estão no fundo. No humano, a morte simulada está muito próxima da coisa real na Escala de Tom. É um mecanismo válido. Mas é uma apatia completa.
Enquanto o analisador está a funcionar é impossível receber um engrama, pois é tudo arquivado nos bancos padrão. Assim que se passa a fronteira de 2,0, quando se desce, pode-se considerar que a "inconsciência" começou e que qualquer coisa registrada, acompanhada de dor ou emoção dolorosa, é um engrama. Isto não é uma mudança de definição. O analisador desliga-se, com anestésico cirúrgico, em 2,0. O anestésico poderá deprimir mais o nível de consciência. A dor poderá deprimi-lo ainda mais. Mas deprimir o nível de consciência não é, necessariamente, deprimir a emoção. Qual é a quantidade de perigo concebido ou de compaixão que está presente no ambiente? É isso que deprime a Escala de Tom. Pode haver um engrama reativo que contenha um Tom 4,0, um que contenha um 1,0 ou outro que contenha um 0,1. Esta emoção não é, portanto, inteiramente bidimensional.
O nível de profundidade da consciência pode ser afetado pela emoção dolorosa, venenos ou outras coisas que deprimem o nível de consciência. Depois disso, é tudo engrama e os engramas têm a sua própria Escala de Tom que vai de 4,0 até 0,1.
Pode-se ver agora que há duas coisas em ação. Primeiro é o estado de ser físico. É isto que desafina o analisador. Depois, há o estado de ser mental. É isto que desafina a Escala de Tom emocional.
Lembre-se, porém, que nos engramas há outro fator presente: a valência. Assim que o seu próprio analisador se desliga, o corpo assumirá a avaliação ou condição emocional de qualquer outro analisador presente. Aqui temos a afinidade a funcionar a sério. "Inconsciente" na presença de outros seres, um indivíduo toma uma valência por cada ser presente. Algumas dessas valências são incidentais. Ele escolherá primeiro aquela valência que é mais compassiva, como um futuro amigo desejável (ou alguma pessoa semelhante). E escolherá a valência mais importante (de maior sobrevivência, o patrão, o vencedor) para a sua dramatização. Ele também tomará a valência da entidade vencedora (que o vence a ele ou aos outros) para o tom emocional. Se a valência vencedora for também a valência compassiva, o indivíduo terá um engrama que pode ser utilizado em toda a sua extensão.
Vamos tomar este exemplo: um humano está sob o efeito de óxido nitroso (o anestésico mais nocivo alguma vez inventado, pois não é realmente um anestésico, mas sim um hipnótico) enquanto lhe estão a extrair alguns dentes. Como de costume, todos os que estão à volta do paciente "inconsciente" conversam e tagarelam sobre o paciente, o tempo, a estrela de cinema mais popular ou o basebol. O dentista é um sujeito rude, muito mandão para com a enfermeira, com tendência para irritar-se com coisas insignificantes; ele também é bastante compassivo para com o paciente. A enfermeira é uma loura de olhos azuis, sexualmente aberrada. O paciente, que na verdade está em agonia, ao receber um engrama de grande magnitude que poderá arruinar a sua vida (o óxido nitroso é uma coisa terrível; na verdade, causa um engrama sofisticado como qualquer Dianeticista pode atestar), não está analítico. Tudo o que lhe é dito, ou é dito à sua volta, é tomado literalmente. Ele toma a valência do dentista como a valência mais importante presente e como a valência de compaixão. Mas cada frase pronunciada é aberrativa e será interpretada por aquela idiota feliz, a mente reativa, da mesma maneira que o Simão simplório, quando lhe disseram que tomasse cuidado com meter os pés nas tartes, por isso, ele pisou-as com muito cuidado. Essas pessoas poderão estar a falar a respeito de outrem, mas cada "eu" ou "ele" ou "tu" pronunciado é engrâmico e será aplicado pelo paciente aos outros e a si próprio no sentido mais literal. "Ele não consegue lembrar-se de nada", diz o dentista. Muito bem. Quando o engrama fizer key-in, este paciente terá uma oclusão na memória em maior ou menor grau. "Ele não pode ver nem sentir isto": isto significa uma oclusão na vista, dor e tato. Se nesse momento o paciente tem os olhos a chorar em agonia (embora completamente "anestesiado"), ele poderá ficar com vista deficiente e com má recordação visual devido a esta experiência. Agora, metem-no nas mãos dessa enfermeira loura para que ele durma até que desapareça o efeito da droga e se recupere. Ela é uma aberrada de primeira. Sabe que os pacientes fazem coisas estranhas enquanto ainda estão "inconscientes", de modo que ela arranca-lhe informações sobre a sua vida. Ela sabe que ele está hipnotizado (sim, claro que ela sabe) e, por isso, dá-lhe algumas sugestões positivas. Como diversão. Ela diz que ele gostará dela. Que ela será boa para ele. E que fique ali por enquanto.
Assim, o pobre paciente, a quem foram extraídos dois dentes do siso que estavam inclusos, tem uma dramatização completa de ira-compaixão. O tom geral que ele assume é aquele que o dentista mostrou aos outros na sala. O dentista estava zangado com a enfermeira. Com as suas recordações completamente confundidas, o paciente conhece, alguns anos mais tarde, uma mulher parecida com a enfermeira. A enfermeira deu-lhe compulsões em relação a ela. Aquela idiota tola, a mente reativa, vê nessa pessoa totalmente diferente uma semelhança suficiente para criar uma identidade entre a enfermeira e essa nova mulher. Assim, o paciente divorcia-se da mulher e casa-se com a pseudo-enfermeira. Só agora, que ele se casou com ela, é que o engrama dental começa a fazer key-in a sério. Ele adoece fisicamente: os dois molares, adjacentes ao local onde estavam os dois dentes do siso, desenvolvem grandes cavidades e começam a apodrecer (circulação cortada, dor na área, mas ele não a pode sentir, pois há um desligamento da recordação de dor). A sua memória desintegra-se. As suas recordações pioram. Ele começa a ter problemas de vista e uma conjuntivite estranha. Além disso (porque o dentista encostava-se ao seu peito e ao seu estômago de vez em quando, com um cotovelo pontiagudo), ele tem dores no peito e no estômago. O óxido nitroso magoou-lhe os pulmões e esta dor também está em restimulação crônica. Mas o mais horrível é: ele acredita que essa pseudo-enfermeira tomará conta dele e, até certo ponto, ele deixa de cuidar de si próprio sob todos os aspectos. A sua energia dissipa-se e analiticamente ele sabe que está tudo errado e que não está a ser ele próprio. Porque ele está agora fixado na valência do dentista que está zangado com a enfermeira e, portanto, bate na sua pseudo-enfermeira, porque sente que todos os males provêm dela. A rapariga com quem se casou não é, nem foi a enfermeira. Ela parece-se um pouco com a enfermeira e é loura. Ela tem os seus próprios engramas e reage. Tenta o suicídio.
Então um dia, visto que este é um engrama entre muitos, o hospital de doentes mentais apanha o nosso paciente e os doutores decidem que tudo o que ele precisa é de uma boa série de eletrochoques para lhe dar cabo do cérebro e, se isso não funcionar, basta um bom picador de gelo metido em cada globo ocular depois e durante o eletrochoque, com o picador de gelo a descrever um arco amplo para cortar a mente analítica em pedaços. A sua mulher concorda. O nosso paciente não se pode defender: ele está insano e, como se sabe, os insanos não têm direitos.
Só que, neste caso, a cavalaria chegou sob a forma de Dianética e Aclarou o paciente e a mulher, que hoje vivem felizes. Este é um engrama real e uma história de caso real. É um engrama de compaixão e pró-sobrevivência, no nível idiota da mente reativa.
Isto é para mostrar o fluxo e refluxo de emoção dentro deste único engrama. O ser físico está inconsciente e em agonia. O ser mental recebe uma variedade de tons emocionais segundo o princípio do contágio. O tom emocional real do paciente, o seu próprio tom, foi reduzido a apatia; consequentemente, ele já não pode "ser ele próprio".
A propósito, deve-se mencionar que só um silêncio absoluto, um silêncio total e um silêncio tumular, deve estar presente numa operação ou ferimento de qualquer tipo. Não há nada que possa ser dito ou dado como percéptico em qualquer momento de "inconsciência" que seja benéfico para o paciente. Nada! À luz destas pesquisas e descobertas científicas (que podem ser comprovadas rapidamente em qualquer outro laboratório ou grupo de pessoas), falar ou fazer ruído na vizinhança de uma pessoa "inconsciente" devia ser punido criminalmente porque, para quem conheça estes fatos, tal ato seria uma tentativa deliberada de destruir o intelecto ou equilíbrio mental de um indivíduo. Se o paciente é elogiado, como na hipnose ou durante um ferimento ou operação, forma-se um maníaco que lhe dará uma euforia temporária e que, por fim, o atirará para o estágio depressivo do ciclo5.
A regra de ouro poderia ser alterada para o seguinte: se ama o seu próximo, mantenha a boca fechada quando ele estiver inconsciente.
Pode-se ver, então, que a emoção existe em dois planos: o plano pessoal e o plano extravalência. Esta é comunicável em termos de pensamento idêntico. A fúria presente quando um indivíduo está "inconsciente" dar-lhe-á um engrama de Tom 1; este conterá fúria. A apatia presente na vizinhança de uma pessoa "inconsciente" dar-lhe-á um engrama de Tom 0. A felicidade presente durante um engrama não é muito aberrativa, mas dará um engrama de Tom 4. E assim por diante. Por outras palavras, a emoção das pessoas que estão próximas de um indivíduo "inconsciente" é comunicada a este como parte do seu engrama. Qualquer estado de ânimo pode ser comunicado desse modo.
Na dramatização de um engrama, o aberrado assume sempre a valência vencedora e esta não é, naturalmente, ele mesmo. Se há apenas uma outra pessoa presente e ela está a falar em termos de apatia, então a apatia é o valor tonal do engrama. Quando um engrama de apatia é restimulado, o indivíduo, a menos que queira ser severamente magoado, fica apático e este tom, sendo o que está mais próximo da morte, é o mais perigoso para o indivíduo. A emoção de fúria, comunicada a uma pessoa "inconsciente", dá-lhe um engrama de fúria que ela pode dramatizar. Este é o mais nocivo para a sociedade. Um tom meramente hostil presente junto de uma pessoa "inconsciente" dá-lhe um engrama meramente hostil (hostilidade encoberta). Com duas pessoas presentes, cada uma com um ânimo diferente, a pessoa "inconsciente" recebe um engrama com duas valências, além da sua. Quando isto ocorre, a pessoa dramatizará primeiro a valência vencedora com o seu ânimo e, se forçada a sair desta, dramatizará a segunda valência com o respectivo ânimo. Expulsa desta em um engrama crônico, ela enlouquece.
Nada do que se diz aqui deve ser interpretado no sentido de que uma pessoa só usa ou dramatiza engramas de compaixão. Isto está muito longe de ser o caso. O engrama de compaixão dá-lhe a doença psicossomática crônica. Ela pode dramatizar qualquer engrama que tenha quando este é restimulado.
A emoção é, então, comunicação e uma condição pessoal. O nível celular de avaliação de uma situação depende de qualquer outro analisador presente, mesmo que esse analisador lhe seja completamente hostil. Na falta dessa avaliação, o indivíduo assume o seu próprio tom para aquele momento.
Há uma outra condição de emoção que é de extremo interesse e utilidade para o terapeuta, uma vez que é a primeira coisa com que ele terá de lidar ao abrir um caso. Não é nossa intenção começar aqui a discutir terapia, mas sim descrever uma parte necessária da emoção.
Uma grande perda e outras ações rápidas e severas do supressor represam a emoção em um engrama. A própria perda pode ser um choque que reduz o poder analítico. E um engrama é recebido. Se este for a perda de uma pessoa compassiva, de quem o indivíduo dependeu, o indivíduo tem a impressão de que a própria morte o espreita. Quando ocorre um tal efeito de supressor, é como se uma forte mola de aço tivesse sido comprimida dentro do engrama. Quando se solta, ela sai com um afluxo terrível de emoção (se essa descarga é, de fato, emoção, embora dificilmente conheçamos outro nome para lhe dar).
A força vital fica, aparentemente, represada nesses pontos da vida. Poderá haver enormes quantidades dessa força vital disponíveis, mas parte dela fica suprimida em um engrama de perda. Depois disso, a pessoa parece não ter uma vitalidade tão fluida como antes. Isto poderá não ser emoção, mas sim a própria força vital. Deste modo, a mente tem abaixo dela, como em um quisto, uma grande quantidade de tristeza ou desespero. Quanto mais dessas cargas existirem nesse estado enquistado, menos livres serão as emoções do indivíduo. Isto poderá existir numa base de supressão, até um ponto em que não há nenhuma subida rápida. Parece que não há nada no futuro da pessoa que a faça subir para algum plano semelhante àqueles que ela ocupou anteriormente.
A glória e a cor da infância desaparecem à medida que se avança nos anos. Mas o que é estranho nisso e que esse encanto, beleza e sensibilidade à vida não desapareceram. Estão enquistados. Uma das experiências mais extraordinárias que um Clear tem é descobrir, no processo da terapia, que está a recuperar a sua apreciação da beleza no mundo.
As pessoas, à medida que se afastam da infância, sofrem perda após perda, e cada perda retira-lhes um pouco mais dessa quantidade θ que poderá ser, de fato, a própria força vital. Presa dentro dessas perdas, essa força é-lhes negada e, na realidade, reage contra elas.
Só esse enquistamento emocional pode, por exemplo, compartimentar a mente de uma pessoa que é multivalente ou que não consegue ver ou ouvir o seu passado. A mente analítica, trabalhada pelo banco reativo, compartimenta-se e divide-se com perda após perda até que não resta mais nenhum fluxo livre. Então o corpo humano morre.
Assim, podemos dizer que a emoção, ou o que se tem chamado a emoção, na realidade consiste em duas seções: primeiro, há o sistema endócrino que, controlado pela mente analítica nas duas zonas superiores ou pela mente reativa nas duas zonas inferiores, produz respostas emocionais de medo, entusiasmo, apatia, etc. Segundo, haveria a própria força vital a ser compartimentada por engramas e a ser selada, pouco a pouco, no banco reativo.
É possível que se possa formular uma terapia que libertasse apenas essas várias cargas de força vital, criando com isso um Clear completo. Infelizmente, isso não foi possível até à data.
O que é estranho na emoção é que seja tão comum ela basear-se no conteúdo de palavras dos engramas. Se um engrama diz "tenho medo", então o aberrado tem medo. Se um engrama diz "estou calmo", mesmo que o resto do engrama lhe dê tremores de lhe fazer bater os dentes, o aberrado mesmo assim tem de estar "calmo".
O problema da emoção como equilíbrio endócrino e força vital tem outra complicação no fato de que a dor física contida em um engrama é muitas vezes confundida com uma determinada emoção mencionada no engrama. Por exemplo, o engrama pode dizer, no seu conteúdo verbal, que o indivíduo está "sexualmente excitado" e ter, como conteúdo de dor, uma dor nas pernas e ter ira como conteúdo emocional real (a valência que diz: "Estou sexualmente excitado"). Isto, para o aberrado que o dramatiza, é uma situação complexa. Quando está "sexualmente excitado" - ele tem uma idéia do que isto significa apenas como linguagem - ele também está em ira e tem uma dor nas pernas. Isto, na realidade, é muito divertido em muitos casos e tem dado origem a uma série padronizada de piadas clínicas, todas a começar por: "Sabe, eu sinto-me como toda a gente".
Os Dianeticistas, tendo descoberto que as pessoas avaliam as emoções, crenças, inteligência e somáticos do mundo em termos das suas próprias reações engrâmicas, encantam-se ao descobrir novos conceitos de "emoção". "Sabes como as pessoas se sentem quando estão felizes; as orelhas ardem-lhes." "Eu sinto-me como toda a gente quando estou feliz; doem-me os pés e os olhos," "Claro que sei como as pessoas se sentem quando estão felizes, sentem formigueiro pelo corpo todo." "Não sei como é que as pessoas aguentam estar tão apaixonadas quando isso lhes faz doer tanto o nariz." "Claro que sei como as pessoas se sentem quando estão excitadas; elas têm de ir à casa de banho."
Provavelmente todas as pessoas na Terra têm a sua própria definição peculiar para cada estado emocional, em termos de comando engrâmico. O comando, mais os somáticos e os percépticos formam aquilo a que elas chamam um "estado emocional".
Então o problema, na realidade, deve ser definido em termos do Clear, que pode funcionar sem ordens engrâmicas da mente reativa. Assim definida, a emoção decompõe-se em termos do sistema endócrino e do nível variável de força vital disponível para se reerguer contra o supressor.
Deve-se acrescentar que o riso, estritamente falando, não é uma emoção, mas um alívio da emoção. Os antigos italianos tinham uma idéia muito definida, representada nos seus contos populares, de que o riso tinha valor terapêutico. A melancolia era a única doença mental considerada nesses contos e o riso era a sua única cura. Em Dianética, temos muito a ver com o riso. Na terapia, os pacientes são variáveis na sua reação de riso, desde a risada leve às gargalhadas de alegria. Pode-se esperar que qualquer engrama, que se libere realmente, comece algures entre as lágrimas e o aborrecimento e termine em riso; quanto mais próximo o tom do engrama estiver das lágrimas ao primeiro contato, mais certo será o aparecimento do riso à medida que o engrama é aliviado.
Há um estágio de terapia, que o preclear muitas vezes alcança, no qual todo o seu passado parece ser motivo de uma hilaridade incontrolável. Isto não quer dizer que ele seja Clear, mas sim que se drenou uma grande proporção das cargas enquistadas. Houve um preclear que se riu durante dois dias, quase sem cessar. A hebefrenia não é a mesma coisa que este riso. Porque o alívio do preclear, ao dar-se conta do aspecto sombrio e do caráter completamente conhecível dos seus medos e terrores passados, é genuíno.
O riso desempenha um papel definido na terapia. É bastante divertido ver um preclear que estava a ser atormentado por um engrama, que continha uma grande carga emocional, aliviar subitamente esse engrama. Porque a situação, por mais horrível que tivesse sido, quando aliviada é, em todos os seus aspectos, um assunto de grande hilaridade. O riso esvai-se e ele desinteressa-se pelo assunto, podendo-se dizer que ele está no "Tom 3" em relação a isso.
O riso é definitivamente o alívio da emoção dolorosa.