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Em dianética o indivíduo ótimo é chamado Clear. Esta palavra aparecerá muitas vezes neste volume, portanto, será bom dedicar-lhe algum tempo, aqui logo de início, para estabelecer exatamente aquilo a que se pode chamar um Clear, o objetivo da terapia de Dianética.
Um Clear pode ser testado quanto a toda e qualquer psicose, neurose, compulsão e repressão (todas elas aberrações) e pode ser examinado em relação a quaisquer doenças autogênicas (autogeradas) referidas como doenças psicossomáticas. Esses testes confirmam que o Clear está totalmente livre dessas doenças ou aberrações. Testes adicionais a sua inteligência indicam que esta está muito acima da norma corrente. A observação da sua atividade demonstra que ele prossegue a existêncía com vigor e satisfação.
Além disso, esses resultados podem ser obtidos em uma base comparativa. Um indivíduo neurótico, que também tenha doenças psicossomáticas, pode ser testado quanto a essas aberrações e doenças, comprovando a existência delas. Ele pode então receber terapia de Dianética com a finalidade de clarear essas neuroses e doenças. No fim, ele pode ser examinado, obtendo os resultados acima citados. A propósito, esta é uma experiência que foi efetuada muitas vezes com resultados invariáveis. O fato, de que todos os indivíduos dotados de sistemas nervosos orgânicos intactos respondem desse modo ao clareamento de Dianética, é uma questão de teste laboratorial.
Além disso, o Clear possui atributos, fundamentais e inerentes, mas nem sempre disponíveis em um estado não clareado, cuja existência no humano não se suspeitava e que não foram incluídos em estudos anteriores sobre as suas capacidades e comportamento.
Em primeiro lugar, há a questão das percepções. Mesmo as pessoas supostamente normais nem sempre vêem as cores completas, ouvem os tons inteiros ou têm uma percepção ótima com os seus órgãos de olfato, paladar, tato e sensação orgânica.
Estas são as principais linhas de comunicação com o mundo finito que a maioria das pessoas reconhece como realidade. Um comentário interessante é que, embora os observadores precedentes sentissem que encarar a realidade era uma necessidade absoluta se o indivíduo aberrado quisesse ficar são, não foi apresentada nenhuma definição de como isto devia ser feito. Para se encarar a realidade no presente ter-se-ia, certamente, de ser capaz de a sentir através dos canais de comunicação mais vulgarmente usados pelo humano nas suas atividades.
Qualquer uma das percepções humanas podem ser aberradas por perturbações psíquicas que se negam a permitir que as sensações recebidas sejam captadas pela porção analítica da mente do indivíduo. Por outras palavras, embora seja possível que nada esteja errado nos mecanismos de recepção de cores, podem existir circuitos na mente que apagam as cores antes de permitir que a consciência veja o objeto. Verificar-se-á que o daltonismo é relativo ou existe em graus, de tal modo que as cores parecem ser menos brilhantes, embotadas ou, no máximo, estarão totalmente ausentes. Qualquer indivíduo conhece pessoas para quem as cores "vivas" são detestáveis e pessoas que as consideram insuficientemente "vivas" para serem notadas. Este grau variável de daltonismo não foi reconhecido como um fator psíquico, mas quando isto foi notado, de algum modo, assumiu-se nebulosamente que se tratava de algum tipo de condição da mente.
Há pessoas para quem os barulhos são bastante incômodos, para quem, por exemplo, o gemido insistente de um violino se assemelha a uma broca a perfurar o tímpano; e há aquelas para quem cinquenta violinos, a tocarem bem alto, seria uma coisa relaxante; e há aquelas que, diante de um violino, expressam desinteresse e tédio; e há outras para quem o som de um violino, mesmo que esteja a tocar uma melodia muito intricada, parece uma monotonia. Estas diferenças de percepção sônica (ouvido) foram, tal como a cor e outros erros visuais, atribuídas à natureza inerente, à deficiência orgânica ou não foram atribuídas a coisa alguma.
De forma semelhante, os cheiros, as sensações tácteis, as percepções orgânicas, a dor e a gravidade variam ampla e aleatoriamente de pessoa para pessoa. Um exame rápido dos nossos amigos mostrar-nos-á que existem enormes diferenças de percepção para estímulos idênticos. Uma pessoa acha que o cheiro de um peru no forno é maravilhoso, outra cheira-o com indiferença e outra poderá nem sequer consegui-lo cheirar. E, como caso extremo, outra pessoa poderá afirmar que o peru a assar cheira a óleo para cabelo.
Até obtermos Clears, a razão da existência de tais diferenças permanecerá obscura, pois, na sua grande maioria, essas qualidades e quantidades aleatórias de percepção devem-se à aberração. Graças a experiências agradáveis no passado e à sensibilidade inerente, haverá alguma diferença entre os Clears e não se deve presumir automaticamente que a resposta de um Clear seja um meio-termo estandardizado e ajustado, que foi o objetivo pálido e odioso de doutrinas do passado. O Clear obtém uma resposta máxima compatível com o seu próprio desejo pela resposta. A cordite a arder ainda lhe cheira a perigo, mas não o põe doente. Um peru a assar cheira-lhe bem, se ele tiver fome e gostar de peru, e nessa altura o seu cheiro passa a ser muito agradável. Os violinos tocam melodias e não monotonias, não provocam dor e são plenamente apreciados, se o Clear apreciar violinos por uma questão de gosto - se não os apreciar, ele apreciará timbales, saxofones ou de fato, conforme a sua disposição, não apreciará nenhuma música em absoluto.
Por outras palavras, há duas variáveis em ação. Uma, a mais aleatória, é a variável causada pelas aberrações. A outra, bastante racional e compreensível, e causada pela personalidade.
Assim, as percepções de um aberrado1 (indivíduo não-Clareado) diferem grandemente daquelas do indivíduo Clareado (não-aberrado).
No entanto, há as diferenças dos órgãos de percepção e os erros ocasionados por estes. Alguns destes erros, um mínimo, são orgânicos: tímpanos perfurados não são mecanismos de gravação sonora competentes. A maioria dos erros percépticos (mensagens sensoriais) na esfera orgânica é causada por erros psicossomáticos.
Em toda a parte nós vemos óculos em cima de narizes, até em crianças. A maioria desses óculos está empoleirada na cara em um esforço para corrigir uma condição que o próprio corpo está a lutar por descorrigir novamente. A visão, quando se entra no estágio dos óculos (não devido aos óculos), está a deteriorar-se com base no princípio psicossomático. E esta observação é quase tão irresponsável como a declaração de que as maçãs, quando caem das árvores, normalmente obedecem à gravidade. Uma das coisas incidentais que acontecem a um Clear é que a sua visão, se era má quando aberrado, geralmente melhora acentuadamente e, se receber alguma atenção, com o tempo recuperará a percepção ótima. (Longe de ser um argumento do oculista contra Dianética, isto assegura bons negócios, pois sabe-se de Clears que no fim do tratamento tiveram de comprar cinco pares de óculos em rápida sucessão, para compensar a visão que se foi ajustando, e muitos aberrados, quando Clareados já tarde na vida, estabilizam, em termos oculares, em um máximo que está um pouco abaixo do ótimo.)
Num aberrado, a visão foi reduzida em uma base orgânica pelas suas aberrações, de modo que estas também reduziram o funcionamento ótimo do próprio órgão de percepção. Com a remoção das aberrações, testes repetidos provaram que o corpo faz um esforço valente para reconstruir o ótimo.
Além de outros percépticos, o ouvido varia organicamente em uma faixa larga. Depósitos de cálcio, por exemplo, podem fazer os ouvidos "zumbir" incessantemente. A remoção das aberrações permite ao corpo ir-se reajustando em direção ao ponto ótimo que este pode alcançar: o depósito de cálcio desaparece e os ouvidos param de zumbir. Mas para além deste caso específico, existem grandes diferenças no ouvido em termos de base orgânica. Tanto orgânica como aberrativamente, o ouvido pode tornar-se extremamente ampliado ou muito inibido, podendo uma pessoa ouvir passos a um quarteirão de distância como uma coisa normal, e outra não ouvir um bombo a trovejar à porta da sua usa.
Que as várias percepções diferem bastante de um indivíduo para outro em uma base aberrativa e psicossomática é a menos importante das descobertas aqui delineadas. A capacidade de recordar é de longe muito mais fantástica na sua variação de pessoa para pessoa.
Um processo de recordar inteiramente novo, que era inerente à mente mas que não tinha sido notado, foi descoberto no processo de observação de Clears e aberrados. Este processo de recordação, no seu sentido mais pleno, apenas é possível em uma pequena proporção de aberrados. Contudo, em um Clear, este é standard. Naturalmente, não se faz aqui nenhuma insinuação de que os sábios do passado foram pouco observadores. Estamos aqui a lidar com um objeto de inspeção inteiramente novo e até agora inexistente: o Clear. Aquilo que um Clear pode fazer facilmente, muitas pessoas conseguiram fazer parcialmente, de tempos a tempos, no passado.
Uma capacidade inerente, não ensinada, dos mecanismos de lembrança da mente pode ser designada, como uma palavra técnica de Dianética, por retorno. É usada no sentido dado pelo dicionário, acrescentando-se o fato de que a mente a possui, como uma função normal de lembrança, como se segue: a pessoa pode "enviar" uma porção da sua mente a um período do passado em uma base mental ou em uma combinação mental e física, e pode reexperimentar incidentes que ocorreram no seu passado, do mesmo modo e com as mesmas sensações que antes. Em tempos passados, uma arte conhecida como hipnotismo usava uma coisa chamada "regressão" em sujeitos hipnotizados; o hipnotizador mandava o sujeito voltar, utilizando uma de duas maneiras, a incidentes no seu passado. Isto era feito com técnicas de transe, drogas e uma tecnologia considerável. Era possível mandar o sujeito hipnotizado voltar "inteiramente" a um determinado momento, de modo que ele tinha toda a aparência de ter a idade a que foi retornado, sendo aparentes apenas as faculdades e recordações que ele possuía nesse momento: chamou-se a isto "revivificação" (reviver). A "regressão" era uma técnica pela qual, parte do Eu do indivíduo permanecia no presente e parte voltava ao passado. Supunha-se que estas capacidades da mente apenas eram naturais no hipnotismo, sendo apenas usadas na técnica hipnótica. Esta arte é muito antiga, remontando milhares de anos atrás, e existe hoje em dia na Ásia como existiu, aparentemente, desde o início dos tempos.
Aqui, a "regressão" é substituída por retorno, porque esta não é uma coisa comparável e porque a "regressão", como palavra, tem alguns significados negativos que interromperiam o seu uso. Em Dianética, a "revivificação" é substituída por reviver porque, em Dianética, os princípios do hipnotismo encontram-se explicados e, como será exposto posteriormente, o hipnotismo não é usado na terapia de Dianética.
Assim, a mente tem uma outra capacidade para lembrar. Parte da mente pode "retornar", mesmo quando a pessoa está completamente desperta, e reexperimentar incidentes passados na sua íntegra. Se quiser fazer um teste, tente-o em várias pessoas até descobrir uma que o faça facilmente. Completamente desperta, ela pode "retornar" a momentos do seu passado. Até que lhe peçam que o faça, ela provavelmente não saberá que tem essa capacidade. Se a tivesse, ela provavelmente pensaria que toda a gente podia fazer isso (o tipo de suposição que impediu que grande parte destes dados fosse descoberta antes). Ela pode voltar a um tempo em que estava a nadar e nadar com plena recordação auditiva, com a visão, o paladar, o cheiro, a sensação orgânica, o tato, etc.
Um cavalheiro "douto" uma vez gastou algumas horas a demonstrar a um grupo que a recordação de um cheiro como sensação, por exemplo, era totalmente impossível, uma vez que a "neurologia provou que os nervos olfativos não estavam ligados ao tálamo". Duas pessoas nessa reunião descobriram esta capacidade de retornar e, apesar desta prova, o douto cavalheiro continuou a afirmar que a recordação olfativa era impossível. Uma verificação desta faculdade entre os presentes na reunião, independente do retorno, revelou o fato de que metade das pessoas ali presentes se lembrava de um odor através de cheirá-lo outra vez.
O retorno é o desempenho total da recordação imagética. A memória completa é capaz de fazer com que as áreas dos órgãos sintam novamente os estímulos em um incidente passado. A recordação parcial é comum: não tão comum que seja normal, mas o suficiente para ter merecido um estudo considerável, pois esta também é uma variável aleatória.
A percepção do presente seria um método de encarar a realidade. Mas se alguém não pode encarar a realidade do passado, então ele em parte não está a encarar alguma porção da realidade. Se concordarmos que é desejável encarar a realidade, então também teremos de encarar a realidade de ontem, se quisermos ser considerados inteiramente "sãos" segundo a definição contemporânea. "Encarar o passado" exige a disponibilidade de uma certa condição de recordação. A pessoa precisaria de ser capaz de lembrar-se. Mas quantas maneiras de lembrar é que existem?
Primeiro, há o retorno. Esse é novo. Oferece a vantagem de examinar as imagens em movimento e outras percepções sensoriais gravadas no momento do acontecimento, com todos os sentidos presentes. A pessoa também pode retornar às conclusões e imaginações passadas. Ser capaz de estar novamente no lugar, onde a informação desejada foi inspecionada pela primeira vez, é uma ajuda considerável no estudo, na pesquisa e na vida comum.
Depois, há as recordações mais comuns. A recordação ótima é obtida pelo método de retorno de sentidos simples ou múltiplos, permanecendo o próprio indivíduo em tempo presente. Por outras palavras, algumas pessoas, quando pensam em uma rosa, vêem-na, cheiram-na e sentem-na. Elas vêem com as cores todas, vividamente - com os "olhos da mente", para usar uma velha expressão coloquial. Elas cheiram-na vividamente. E até conseguem sentir-lhe os espinhos. Estão a pensar em rosas através da recordação real de uma rosa.
Essas pessoas, ao pensarem em um navio, vêem um navio específico, sentem os seus movimentos como se pensassem que estavam a bordo, cheiram o alcatrão do pinheiro ou mesmo outros odores menos agradáveis, e ouvem qualquer som que haja à volta deste. Veriam o navio com cor-movimento completo e ouvi-lo-iam com tom-audio completo.
No aberrado, essas faculdades variam bastante. Alguns, quando lhes dizem que pensem em uma rosa, só conseguem visualizá-la. Outros conseguem sentir-lhe o perfume, mas não conseguem vê-la. Outros vêem-na sem cor ou em uma cor muito pálida. Quando lhes pedem que pensem em um navio, alguns aberrados vêem apenas uma imagem plana, sem cor e imóvel, tal como uma pintura ou a fotografia de um navio. Outros percepcionam uma embarcação em movimento, sem cor, mas com som. Outros ouvem-lhe o som, mas não conseguem ver nada. Outros simplesmente pensam em um navio como um conceito de que existem navios e do que sabem a respeito destes, sendo incapazes de ver, sentir, ouvir, cheirar ou percepcionar seja o que for com base na recordação.
Alguns observadores precedentes chamaram "imagética" a isto, mas o termo é tão inaplicável ao som e ao tato, à sensação orgânica e à dor, que se usa uniformemente a recordação como o termo técnico de Dianética. O valor da recordação, nesta atividade da vida, tem recebido tão pouca atenção que o conceito total nunca foi previamente formulado. Por essa razão, este foi bastante detalhado aqui, tal como dado acima.
É muito simples testar as recordações. Se alguém perguntar aos seus companheiros quais são as capacidades deles, ele obterá uma excelente idéia de como essa capacidade varia tanto de um indivíduo para outro. Uns têm uma maneira de recordar, alguns têm outra e outros não têm nenhuma, operando apenas com base em conceitos da recordação. E lembre-se que, se fizer um teste àqueles que o rodeiam, qualquer percepção está arquivada na memória e, por conseguinte, tem uma recordação que deve incluir dor, temperatura, ritmo, paladar e peso, juntamente com a vista, ouvido, tato e olfato acima mencionados.
Os nomes de Dianética para essas recordações são: visio (vista), sônico (som), táctil (tato), olfativo (cheiro), rítmico e cinestésico (peso e movimento), somático (dor), térmico (temperatura) e orgânico (sensações internas e, por nova definição, a emoção).
Existe também outro conjunto de atividades mentais que podem ser resumidas sob os títulos de imaginação e imaginação criativa. Aqui também encontramos material abundante para testes.
A imaginação é a recombinação de coisas já sentidas, pensadas ou trazidas à existência através de computação intelectual, mas que não têm necessariamente existência. Este é o método da mente para visualizar objetivos desejáveis ou prever futuros. A imaginação é extremamente valiosa como parte de soluções essenciais em qualquer problema mental e na vida quotidiana. O fato de ser uma recombinação não diminui de modo nenhum a sua vasta e maravilhosa complexidade.
Um Clear usa a imaginação na sua totalidade. Existe uma impressão imaginária para os sentidos da vista, cheiro, gosto, som - em suma, para cada uma das percepções possíveis. São impressões fabricadas com base em modelos existentes nos bancos de memória, combinadas com idéias e construções conceituais. Novas estruturas físicas, o amanhã em termos de hoje, o ano que vem em termos do ano passado, prazeres a serem alcançados, feitos a serem realizados, acidentes a serem evitados, todas estas são funções imaginativas.
O Clear tem plena imaginação de cor-visio, tom-sônico, táctil, olfativa, rítmica, cinestésica, térmica e orgânica em boas condições. Se lhe pedirmos que se imagine a andar em uma carruagem dourada puxada por quatro cavalos, ele "vê" o equipamento a mover-se com todas as cores, "ouve" todos os sons que deveriam estar presentes, "cheira" os cheiros que acha que deveriam estar ali e "sente" os estofados, o movimento e a sua própria presença na carruagem.
Além da imaginação standard, há a imaginação criativa. Esta é uma capacidade muito ampla, sem dimensão, variando muito de um indivíduo para outro e que alguns possuem em enormes quantidades. Foi incluída aqui, não como uma porção do funcionamento da mente tratada como uma parte usual de Dianética, mas para a isolar como uma entidade existente. Em um Clear que já possuía imaginação criativa, mesmo se inibida quando era um aberrado, esta está presente e é demonstrável. É-lhe inerente. Só pode ser aberrada pela proibição da sua prática geral, isto é, ao aberrar a persistência na sua aplicação ou ao enquistar a mente inteira. Mas a imaginação criativa, essa capacidade com que se criam obras de arte, se erguem estados e se enriquece o ser humano, pode ser vista como uma função especial, de operação independente, e cuja existência não depende de modo nenhum de uma condição aberrada no indivíduo, uma vez que o exame da sua atividade e uso, por um Clear que a possua, demonstra adequadamente o seu caráter inerente. Esta raramente está ausente em qualquer indivíduo.
Finalmente, temos a última, mas a mais importante atividade da mente. O humano deve ser considerado um ser senciente. A sua natureza senciente depende da sua capacidade para resolver problemas ao percepcionar ou criar e compreender situações. Esta racionalidade é a função primária, de escalão superior, daquela parte da mente que faz dele um humano e não apenas mais um animal. Lembrando, percepcionando, imaginando, ele tem a capacidade notável de resolver conclusões e de usar conclusões resolvidas para resolver mais conclusões. Este é o ser humano racional.
A racionalidade, desligada da aberração, apenas pode ser estudada em uma pessoa Clareada. As aberrações do aberrado dão-lhe a aparência de irracionalidade. Embora se possa dar nomes mais suaves a essa irracionalidade, como "excentricidade" ou "erro humano" ou até "idiossincrasia pessoal", esta é, não obstante, irracionalidade. A personalidade não depende de quão irracionalmente um humano possa agir. Não é um traço de personalidade, por exemplo, conduzir embriagado e matar uma criança em um cruzamento - ou mesmo arriscar-se a matar uma criança ao conduzir embriagado. A irracionalidade é apenas isto: a incapacidade de obter respostas certas a partir dos dados.
No entanto, é uma coisa curiosa que embora "toda a gente saiba" (e essa afirmação permite circular uma quantidade horrível de informação errônea) que "errar é humano", a porção senciente da mente que computa as respostas aos problemas humanos, e que constitui o ser humano, é totalmente incapaz de errar.
Quando feita, esta foi uma descoberta espantosa, mas não precisava de ter sido. Esta poderia ter sido deduzida algum tempo antes, porque isto é bastante simples e fácil de compreender. A capacidade real de computação humana nunca se engana, nem mesmo em uma pessoa severamente aberrada. Ao observar a atividade de uma pessoa tão aberrada poder-se-ia supor, impensadamente, que as computações dessa pessoa estivessem erradas. Isto, porém, seria um erro do observador. Qualquer pessoa, aberrada ou Clear, computa perfeitamente com base nos dados armazenados e percepcionados.
Tome, por exemplo, uma máquina de calcular comum (e a mente é um instrumento excepcionalmente magnífico, muito superior a qualquer máquina que ela venha a inventar em eras vindouras) e dê-lhe um problema para solucionar. Multiplique 7 vezes 1. Ela responderá, corretamente, 7. Agora, multiplique 6 vezes 1, mas continue a pressionar a tecla do 7; 6 vezes 1 é 6, mas a resposta que obterá é 42. Continue a pressionar a tecla do 7 e introduza outros problemas na máquina. Eles estão errados, não como problemas, mas como respostas. Agora, fixe a tecla do 7 de modo que ela permaneça presa independentemente de quais as teclas que são usadas e tente dar essa máquina a alguém. Ninguém a aceitará porque a máquina está, obviamente, maluca. Esta diz que 10 vezes 10 são 700. Mas a porção calculadora da máquina estará realmente errada ou estará simplesmente a receber dados errados?
Da mesma maneira, a mente humana, a que se requer que resolva problemas de uma magnitude e com variáveis suficientes para confundir qualquer simples máquina de calcular mil vezes em uma hora, é vítima de dados incorretos. Estes dados incorretos entram na máquina. A máquina dá respostas erradas. Dados incorretos entram nos bancos de memória humanos e a pessoa reage de uma "maneira anormal". Então, em essência, o problema de resolver a aberração é o problema de encontrar um "7 pressionado". Mas haverá muito mais acerca disso, mais adiante. De momento, atingimos os nossos fins imediatos.
Estas são as várias capacidades e atividades da mente humana na sua tarefa constante de resolver e solucionar uma multiplicidade de problemas. Ela percepciona, recorda ou retorna, imagina, concebe e depois resolve. Auxiliada pelas suas extensões - os percépticos, os bancos de memória e as imaginações - a mente apresenta respostas invariavelmente corretas, sendo as soluções modificadas apenas pela observação, educação e ponto de vista.
E os propósitos básicos dessa mente e a natureza humana básica, como se podem descobrir em um Clear, são construtivos e bons, uniformemente construtivos e uniformemente bons, sendo modificados apenas pela observação, educação e ponto de vista.
Remova as suas aberrações básicas e com elas irá o mal tão apreciado pelo Escolástico e pelo Moralista. A única porção humana removível é a porção "má". E quando esta é removida, a sua personalidade e vigor intensificam-se. E ele tem prazer em ver a porção "má" desaparecer, porque esta era dor física.
Mais adiante, há experiências e provas destas coisas e elas podem ser medidas com a precisão que é tão querida ao cientista das ciências físicas.
O Clear não é, então, uma pessoa "ajustada", forçada à atividade pelas suas repressões agora totalmente enquistadas. Ele é uma pessoa sem repressões, a operar com base no autodeterminismo. E as suas capacidades de percepcionar, recordar, retornar, imaginar, criar e computar são delineadas como já vimos atrás.
O Clear é o objetivo da terapia de Dianética, um objetivo que pode ser realizado com alguma paciência e um pouco de estudo e trabalho. Qualquer pessoa pode ser Clareada, a menos que tenha sido tão desafortunada que lhe tenham removido grande parte do cérebro ou que tenha nascido com uma estrutura nervosa bastante malformada.
Vimos aqui o objetivo de Dianética. Inspecionemos agora o objetivo do ser humano.