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Capítulo 6
As Leis do Retorno


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Três
A Terapia

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
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As Leis do Retorno

     O engrama tem o aspecto de ser - mas não é - uma entidade viva que se protege de várias maneiras. Toda e qualquer frase que ele contêm pode ser considerada um comando. Esses comandos reagem sobre a mente analítica de maneira a fazer com que a mente analítica se comporte de um modo errático.

     A terapia de Dianética é paralela aos métodos do próprio pensamento e raciocínio. Pode verificar-se que tudo o que reage contra Dianética e o auditor, reage uniformemente e sem excepção dessa mesma maneira na mente analítica do paciente. Inversamente, os problemas de raciocínio do paciente, nas suas atividades normais, são os problemas do auditor na terapia.

     O grosso desses "comandos" que os engramas contêm não é computável de nenhum modo, visto que eles são contraditórios ou exigem atos irracionais. É a impossibilidade de os computar e conciliar com o pensamento e a existência que torna o paciente aberrado. Tomemos um engrama que vem de um dos movimentos intestinais da mãe. Ela está a fazer força, o que causa compressão, o que por sua vez provoca "inconsciência" no nascituro. Então, se ela habitualmente fala sozinha (monologuista), como acontece com um enorme número de mulheres aberradas, ela poderá dizer: "Oh! Isto é um inferno. Estou toda comprimida por dentro. Sinto-me tão congestionada que não consigo pensar. Isto é demasiado horrível para ser concebido".

     Isto poderá estar na área básica. O mecanismo de sonho da mente (que pensa principalmente em trocadilhos, ao contrário do que dizem os simbologistas) poderá produzir um sonho sobre o fogo do Inferno à medida que o engrama fica mais próximo. O preclear poderá ter a certeza de que descerá ao fogo, se prosseguir pela linha do tempo na direção desse engrama. Além disso, ele poderá pensar que a sua linha do tempo está toda comprimida. Isto significará, talvez, que os incidentes que esta contêm estão todos em um só lugar. E isso é tudo quanto a "isto é um inferno" e "toda comprimida por dentro". Agora vejamos o que acontece com "estou tão congestionada que não consigo pensar". O preclear funga, porque acha que isto significa uma constipação. Quanto a "isto é demasiado horrível para ser concebido", ele sente uma emoção de terror perante a idéia de tocar no engrama, pois o comando diz que este é demasiado doloroso para ser concebido. Além disso, como os engramas são literais nas suas ações, ele poderá pensar que ele era demasiado horrível para ter nascido.

     A reação emocional ao inferno - vinda de algum outro ponto na linha do tempo, como está contido nalgum outro engrama - poderá dizer que "ir para o inferno" é soluçar alto quando chora. Por conseguinte, ele não "quer" recontar esse engrama. Além disso, ele tem horror a esse engrama porque este "é demasiado horrível para ser concebido". Que a mãe estava só a discutir com a sua pessoa ambivalente sobre a necessidade de laxativos, nunca entrou na computação. Porque a mente reativa não raciocina, esta pensa em identidades, procurando comandar a mente analítica.

     Os dados existentes são apenas os que estão contidos no engrama e a reação analítica a esta coisa impensante é totalmente literal.

     Examinemos outro. Trata-se de uma experiência de coito. Esta tem, como somático, uma pressão variável. Não é dolorosa e, aliás, não importa quão dolorosos esses engramas possam ser em tempo presente quando restimulados, nem importa quão potentes sejam quando realmente são contatados, a sua dor reexperimentada é muito leve, independentemente de como era quando foi recebida. Sendo assim, isto é uma sacudidela do nascituro, nada mais. Mas o engrama diz: "Oh, querido, tenho medo que te venhas dentro de mim. Eu morrerei se vieres dentro de mim. Oh! Por favor, não te venhas dentro de mim!"

     O que é que a mente analítica faz com isto? Será que ela pensa sobre o coito? Será que se preocupa com a gravidez? Não, enfaticamente não. O engrama que faria uma pessoa pensar sobre o coito diria: "Pensa sobre o coito!" E o engrama que contivesse uma preocupação com a gravidez diria: "Estou preocupada com a gravidez". A dor não é severa nesta experiência de coito, mas declara especificamente que não se deve entrar no engrama: "Não te venhas dentro de mim!" Ele morreria se o fizesse, não é verdade? É exatamente isso que diz. E o paciente dá por si a vaguear pela linha do tempo, até que o auditor usa a Técnica de Repetição (de que trataremos).

     Que tal outro tipo de engrama? Vamos supor que o nosso pobre paciente teve a pouca sorte de lhe acrescentarem Júnior ao nome. Vamos supor que o seu nome é Raul e que o nome do pai dele é Raul. (Tenha cuidado com estes casos de Júnior, eles às vezes são invulgarmente complexos.) A Mãe (veja o Relatóńo de Kinsey, se tiver quaisquer dúvidas) está a ter um caso amoroso secreto com o Jaime. Este somático do coito não é mais doloroso do que se alguém se sentasse delicadamente em cima dele, mas o paciente passa um mau bocado com isto.

     Mãe: "Oh! Querido, tu és tão maravilhoso. Gostava que o Raul fosse mais parecido contigo, mas não é. Ele parece ser totalmente incapaz de excitar uma garota."

     Amante: "Oh! O Raul não é assim tão mau. Eu gosto dele."

     Mãe: "Tu não conheces o seu orgulho. O Raul morreria se viesse a descobrir isto. Eu sei que isto simplesmente matá-lo-ia."

     Amante: "Não te preocupes, o Raul nunca ouvirá nada."

     Esta pequena jóia de engrama é mais comum do que se poderia supor antes de ele começar a obter um ponto de vista de embrião sobre a mãe. Isto não será computado no analisador como dados. Deste modo, isto é uma preocupação. (Uma preocupação é comandos engrâmicos contraditórios que não podem ser computados.) O Raul Júnior verifica que é muito tímido sexualmente. Esse é o padrão aberrativo. Abordando-o na terapia, verificamos que temos uma computação de compaixão com o amante. Afinal de contas, ele disse que o Raul não era assim tão mau, que gostava do Raul. Bem, para a mente reativa, é claro que o único Raul é o Júnior. Isto impede o nosso paciente de se aproximar desse engrama, porque ele acha que perderá um amigo se o tocar. Além disso, no lado aberrativo, o Júnior sempre se preocupou com o orgulho das pessoas. Quando contatamos isto na terapia, ele afasta-se violentamente do engrama. Afinal, se ele viesse a descobrir isto, isto "matá-lo-ia logo ali". E há outra coisa aqui, um desligamento sônico. Diz ali que o Raul nunca ouvirá nada. Isto é material de sobrevivência. É nisto que as células acreditam. Por isso, o Raul nunca ouve quando está a recordar. Haverá mais desligamentos sônicos. A mãe é promíscua e isto geralmente representa um bloqueio na Segunda Dinâmica. O bloqueio na Segunda Dinâmica significa, muitas vezes, que ela detesta crianças. Em suma, este seria um caso de tentativa de aborto que encheu o Júnior de buracos, em quantidade suficiente para abastecer uma fábrica de queijos durante algum tempo. O Júnior, agora um homem, talvez tenha ouvido amplificado porque ele, em geral, anda assustado com a "vida". Mas a sua recordação sônica é zero. Logo, este engrama teria de ser isolado de entre os circuitos demônio como "impressões" que vêm à mente. O auditor, tomando aquilo que o paciente diz a respeito disso, poderá rapidamente adivinhar o seu conteúdo e explodi-lo por meio da Técnica de Repetição.

     Tomemos agora o caso da mãe que, sendo uma personificação da respeitabilidade, ainda que um pouco lamurienta, descobre que está grávida e vai ao médico.

     Mãe: "Acho que estou grávida. Receio que seja assim."

     (O doutor vai-lhe dando pancadinhas por algum tempo, pondo o nascituro, que é o nosso preclear trinta anos mais tarde, em um estado de "inconsciência".)

     Doutor: "Acho que não."

     Mãe: "Receio que realmente esteja. Tenho a certeza de que estou embaraçada. Eu simplesmente sei."

     Doutor (mais pancadinhas): "Bem, é difícil dizer assim tão cedo."

     Isto diz logo ali que esse homem, o nosso paciente, está grávido. Se olharmos, veremos que ele tem uma pança. Sem dúvida que isso é uma boa sobrevivência. E na terapia, nós verificamos que ele tem medo de existir: Receio que seja assim. E, de repente, ele não se está a mover na linha do tempo. Porquê? Ele está embaraçado. Isso não quer dizer que ele esteja grávido; quer dizer que ele está embaraçado. Além disso, não será capaz de o recontar. Porquê? Porque é difícil dizer assim tão cedo. Por conseguinte, ele não fala a esse respeito. Soltamo-lo na linha do tempo usando a Técnica de Repetição.

     Oh! Esta nossa língua que diz tudo o que não quer dizer! A devastação que ela causa quando colocada nas mãos da mente reativa idiota! Interpretação literal de tudo! Parte do padrão aberrativo da pessoa que tinha o engrama acima era uma grande cautela em dar qualquer opinião. Afinal de contas, era difícil dizer assim tão cedo.

     Agora tomemos um engrama de uma jovem paciente, cujo pai era seriamente aberrado. Ele bate na mãe, porque tem medo que a mãe esteja grávida e o pai está bloqueado nas Dinâmicas Um, Dois, Três e Quatro.

     Pai: "Sai daqui! Sai daqui! Eu sei que tu não me tens sido fiel! Tu não eras nenhuma virgem quando casei contigo. Devia ter te matado há muito tempo! Agora estás grávida. Sai daqui!"

     A menina, cerca de cinco semanas após a concepção, fica "inconsciente" com o golpe dado ao abdômen da mãe. Ela tem aqui um engrama severo, porque este tem valor emocional doloroso que ela nunca será capaz de dramatizar satisfatoriamente. Aqui, o padrão aberrativo manifesta-se através da histeria sempre que um homem possa acusá-la de não ser fiel. Ela era virgem quando se casou vinte e um anos depois de ter recebido esse engrama, mas estava convencida de que não era virgem. Tinha uma "delusão infantil" de que o pai poderia matá-la. E está sempre com medo de estar grávida, porque o engrama diz que ela agora está grávida, o que significa sempre, pois o tempo é uma sucessão de "agoras". Na terapia, tentamos aproximar-nos deste engrama. Retornamos a paciente à área básica e, de repente, encontramo-la a falar sobre uma coisa que aconteceu quando ela tinha cinco anos de idade. Retornamo-la novamente e agora, ela está a falar sobre uma coisa que aconteceu quando ela tinha dez anos de idade. O auditor, ao observar alguma reação como esta, sabe que está a lidar com um ressaltador. Este diz: "Sai daqui!" e a paciente sai. O auditor reconhece o que está mal, usa a Técnica de Repetição e reduz ou apaga o engrama.

     Sempre e invariavelmente, a mente analítica reage a esses engramas como se fosse comandada. Na linha do tempo, ela executa o que esses engramas dizem. E computa sobre o caso ou sobre a vida, como esses engramas mandam. Os "engramas são coisas saudáveis" para se ter por perto! Uma sobrevivência realmente boa! Uma sobrevivência suficientemente boa para levar qualquer humano à sua sepultura.

     O auditor não se preocupa muito com as frases que ajudam a terapia. Um engrama recebido de um pai que está a bater na mãe e que diz: "Toma isto! Estou a dizer-te para levares isto. Tens de levar isto!" significa que o nosso paciente tem possivelmente tido tendências cleptomaníacas. (Estas coisas são a única fonte dos impulsos de um ladrão, o que é comprovado pelo fato de que, quando o auditor apaga todos esses engramas em um paciente, o paciente deixa de roubar.) O auditor verá isto a ser avidamente recontado, porque o seu conteúdo oferece-o à mente analítica.

     Toda a espécie de engramas que dizem: "Volta aqui! Agora fica aqui!", como os pais tanto gostam de dizer, explicam o retorno brusco ao engrama quando se entra em terapia. O paciente volta diretamente para o engrama assim que este é exposto. Quando recontado, o comando deixa de produzir efeito. Mas enquanto aquele engrama existiu, inviolado, ele era totalmente capaz de mandar pessoas para um manicômio, para se deitarem numa posição fetal. Qualquer pessoa que tenha sido deixada em um manicômio, que não tenha recebido tratamento de choques ou lobotomia pré-frontal e que sofra deste tipo de insanidade, pode ser liberada de tal engrama e devolvida a tempo presente simplesmente pelo uso da Técnica de Repetição. Isto às vezes demora apenas meia hora.

     Então, viajar na linha do tempo e vaguear através das computações que esses engramas compelem o analisador a tentar é quase como jogar um jogo infantil que tem um número de quadrados ao longo dos quais se deve mover um "humano". Na realidade, poder-se-ia compor um jogo com base nessa linha do tempo e nos comandos engrâmicos. Seria semelhante ao parcheesi. Avança tantos quadrados, calha em um que diz: "Sai daqui!", o que significa que o "humano" teria de voltar para o tempo presente ou ir na sua direção. Ele avança tantos quadrados e então perde uma jogada, porque este quadrado em que calhou agora diz: "Fica aqui!" e o "humano" ficaria aí até que o auditor o deixasse sair por meio da técnica (mas porque o comando é atingido pela terapia, este não teria o poder de detê-lo por muito tempo). Depois avança tantos quadrados até um que diz: "Vai dormir" e o "humano" teria de ir dormir. Avança tantos quadrados até chegar a um que diz: "Ninguém deve descobrir" e, portanto, não haveria nenhum quadrado. Avança tantos quadrados até chegar a um que diz: "Tenho medo" e o "humano" teria medo. Volta a avançar para um quadrado que diz: "Tenho de me ir embora" e assim, o "humano" ir-se-ia embora. Avança mais uma vez para um quadrado que diz: "Não estou aqui" e o quadrado não estaria ali. E assim por diante.

     As classes de comandos que incomodam particularmente o auditor são poucas. Como a mente realmente realiza alguma parte do seu pensamento, especialmente quando está a lembrar, por retorno, mesmo quando o indivíduo não está a retornar, todos esses comandos também impedem os processos de pensamento da mente. Na terapia, eles são particularmente incomodativos e são o alvo constante da atenção do auditor.

     O primeiro é a espécie de comando ejetor-de-paciente. Estes são coloquialmente chamados ressaltadores. Incluem coisas como "Sai daqui!", "Nunca mais voltes", "Tenho de ficar afastado", etc., etc., incluindo qualquer combinação de palavras que signifique literalmente ejeção.

     O segundo é a espécie de comando segurador-de-paciente. Estes incluem coisas como "Fica aqui", "Senta-te aí e pensa nisso", "Volta aqui e senta-te", "Não posso ir", "Não devo sair", etc.

     O terceiro é a espécie de comando negador-de-engrama que, traduzido literalmente, significa que o engrama não existe. "Não estou aqui", "Isto não leva a lado nenhum", "Não posso falar sobre isto", "Não consigo lembrar-me", etc.

     O quarto é a espécie de comando agrupador-de-engramas. Este, traduzido literalmente, significa que todos os incidentes estão em um só lugar na linha do tempo. "Estou todo comprimido", "Acontece tudo ao mesmo tempo", "Vem tudo para cima de mim ao mesmo tempo", "Vou ficar em pé de igualdade contigo", etc.

     O quinto é o deorientador-de-pacientes, que manda o preclear na direção errada, fá-lo ir para antes, quando devia ir para depois; ir para mais tarde, quando devia ir para mais cedo, etc. "Não podes voltar atrás neste ponto", "Deste a volta", etc.

     O ressaltador faz o preclear voar de volta para o tempo presente. O segurador mantém-no exatamente onde está. O negador fá-lo sentir que não há nenhum incidente presente. O quarto, o agrupador, encurta a sua linha do tempo de modo que não há nenhuma linha do tempo. O desorientador inverte a direção necessária do percurso.

     O contato com qualquer engrama faz o preclear reagir "analiticamente". Tal como no caso de um engrama que está a ser restimulado, os comandos impingem-se ao seu analisador. E embora o analisador possa acreditar firmemente que acabou de computar a reação por sua própria iniciativa, este na realidade está a falar diretamente do conteúdo de um engrama ou engramas.

     Este é o método da Técnica de Repetição.

     À medida que retrocede pela linha do tempo contatando engramas, o preclear depara-se com áreas de "inconsciência" que estão ocluídas pela "inconsciência" ou emoção. Na maior parte dos engramas mais antigos, pode-se esperar que o preclear boceje repetidamente. Não é o comando "dormir" que é responsável por isto: a "inconsciência" está a liberar-se (a fazer boil-off como dizem os auditores). Um preclear poderá, durante um espaço de duas horas, atrapalhar-se, cair em "inconsciência", parecer narcotizado, começar a adormecer, sem que esteja presente qualquer comando desse tipo.

     Uma parte do grupo de dados do engrama é o desligamento do analisador. Quando ele é retornado e contata um engrama, o preclear experimenta, então, uma atenuação do analisador, o que significa que ele é muito menos capaz de pensar nessa área. Fazer boil-off da "inconsciência" é um processo muito necessário à terapia, pois esta "inconsciência" poderia ser restimulada na vida quotidiana do indivíduo e, quando restimulada, faria com que a sua inteligência se desligasse, só um pouco ou muito, tornando os seus processos de raciocínio mais lentos.

     O aspecto de "inconsciência" reduz, então, a consciência do preclear sempre que esta seja contatada. O preclear tem sonhos, murmura coisas tolas e atrapalha-se. O seu analisador está a penetrar no véu que o mantinha afastado do engrama. Mas o analisador também é altamente susceptível, quando está neste estado, a um comando engrâmico.

     Quando incitado pelo auditor a atravessar o engrama e recontá-lo (embora o auditor saiba que poderá demorar alguns minutos até que esta "inconsciência" faça boil-off suficiente para deixar o paciente atravessá-lo), o preclear poderá queixar-se de que "não pode voltar atrás neste ponto". O auditor toma prontamente nota disto. Isto é um comando engrâmico a aparecer. Ele não informa o paciente de que sabe isto; o paciente usualmente não sabe o que está a dizer. Se depois o paciente continuar a ter dificuldades, o auditor diz-lhe: "Diz: `Não posso voltar atrás neste ponto'." Então, o paciente repete isto, com o auditor a fazê-lo repetir isto vez após vez. De repente, o somático liga-se e o engrama é contatado.

     Ao entrevistar um paciente, o auditor anota cuidadosamente, sem parecer que está a fazê-lo, as frases que o paciente escolhe e repete sobre os seus males ou sobre Dianética. Depois de ter colocado o paciente em rêverie, se descobrir que este, por exemplo, insiste que "não pode ir a lugar nenhum", o auditor fá-lo repetir a frase.

     A repetição de tal frase, vez após vez, suga o paciente para baixo na linha do tempo e põe-no em contato com um engrama que contêm essa frase. Poderá acontecer que esse engrama não se libere - por ter demasiados antes dele - mas só não se liberará se tiver aquela mesma frase em um engrama anterior. Assim, prossegue-se com a Técnica de Repetição, com o auditor a fazer o paciente ir cada vez mais para trás, à procura do engrama. Se tudo sair de acordo com os planos, o paciente muitas vezes soltará um riso reprimido ou dará uma gargalhada de alívio. A frase foi solta. O engrama não foi apagado, mas essa porção dele não influenciará a terapia daí para a frente.

     Qualquer coisa que o paciente faça a respeito de engramas e quaisquer palavras que ele use para descrever a ação, normalmente estão contidas nesses engramas. A Técnica de Repetição remove a carga das frases, de modo que se pode chegar aos engramas.

     É claro que esta técnica pode, muito ocasionalmente, meter o paciente em apuros, mas o tipo de apuros em que alguém pode se meter em Dianética não é muito grave. O engrama, restimulado na vida quotidiana, pode ser, e é, violento. Assassínios, violações e fogo posto, tentativas de aborto, atraso na escola - qualquer aspecto aberrado da vida - provêm desses engramas. Mas o ato de abordá-los na terapia de Dianética ocorre noutro canal, um canal mais próximo da fonte do engrama. Atuando normalmente sobre um indivíduo desprevenido, o engrama tem um enorme poder motor e verbal, ocupa um grande número de circuitos na mente que deviam ser usados para a racionalidade e, em geral, causa devastação: os seus contatos estão "soldados" e não podem ser retirados pelo analisador. Na terapia, o paciente é dirigido para o engrama: basta esse ato para começar a desconectar algumas das suas "ligações permanentes". Um paciente pode ser levado a entrar em um engrama que, a menos que seja abordado pela rota da terapia, poderá levá-lo a enroscar-se como um feto e a ser internado no manicômio mais próximo. Na rota da terapia, que é um retorno pela linha do tempo abaixo, o segurador mais poderoso tem a sua força limitada. Um paciente pode entrar em um segurador que na vida normal poderia ser uma psicose. Talvez a única manifestação deste seja que quando dizem ao paciente que "Volte para tempo presente", ele simplesmente abre os olhos sem realmente atravessar a distância pela linha acima até ao tempo presente. Ele não desconfia que está em um segurador até que o auditor, atento a tal manifestação, lhe aplique a Técnica de Repetição.

     Auditor: Estás em tempo presente?

     Preclear: Claro.

     Auditor: Como te sentes?

     Preclear: Oh! Estou com uma ligeira dor de cabeça.

     Auditor: Fecha os olhos. Agora diz: "Fica aqui".

     Preclear: Está bem. Fica aqui. Fica aqui. Fica aqui. (várias vezes)

     Auditor: Estás a mover-te?

     Preclear: Não.

     Auditor: Diz: "Estou embaraçado. Estou embaraçado."

     Preclear: Estou embaraçado. (várias vezes)

     Auditor: Estás a mover-te na linha do tempo?

     Preclear: Não.

     Auditor: Diz: "Estou preso".

     Preclear: Estou preso. Estou. ... Ai! A minha cabeça!

     Auditor: Continua a repeti-lo.

     Preclear: Estou preso. Estou preso. Estou preso. Ai! Isto está pior!

     (O somático dele vai ficando mais forte a medida que ele se aproxima do engrama que o está a segurar, no outro lado do véu de "inconsciência".)

     Auditor: Continua a repetido.

     Preclear: Estou preso - "Oh! Meu Deus, estou preso. Nunca sairei deste lugar. Nunca sairei. Estou preso!"

     Auditor: Contata-o de perto. Assegura-te de que não há mais nada lá dentro.

     (Um truque para impedir que o preclear volte a tocar o disco do que ele próprio acabou de dizer e para que continue a percorrer o engrama.)

     Preclear: Dói-me a cabeça! Deixa-me ir para tempo presente!

     Auditor: Volta a repassá-lo.

     (Se o preclear manifestar assim tanta carga, ele ficará infeliz e da próxima vez poderá ser mais difícil entrar no incidente.)

     Preclear: "Oh! Meu Deus, estou presa. Receio que estou presa (apareceu uma palavra nova). Nunca sairei deste lugar enquanto viver. Estou presa. Nunca sairei daqui. Estou presa." (aparte) Ela está a chorar. "Oh! Porque é que me casei com um homem assim!"

     Auditor: Como está a tua cabeça?

     Preclear: Dói menos. Ena, isso é um golpe baixo. Ela está a esmurrar o próprio estômago. Isso é desprezível! Ah! Diabos a levem!

     Auditor: Reexperimenta-o novamente. Vamos assegurar-nos de que não há nada mais lá dentro.

     (O mesmo mecanismo para impedir o preclear de tocar novamente o disco do que ele disse antes, em vez do que ele agora obtém do engrama. Se ele repetir o disco, em vez de reexperimentar, o engrama não se levantará.)

     Preclear: (De fato, faz isso, obtendo algumas palavras novas e vários sons, incluindo o baque surdo dos golpes no abdômen dela e uma buzina [tipo corneta] de um carro lá fora na rua.) Não me digas que tenho de repassar essa coisa novamente.

     Auditor: Conta-o de novo, por favor.

     Preclear: Bem, então esta mulher tenta arrebentar com a minha cabeça e livrar-se de mim. E por isso, saltei lá para fora e dei-lhe uma sova dos diabos.

     Auditor: Por favor, reexperimenta o engrama.

     Preclear: (Começa a fazê-lo, de repente descobre que, tal como um pedaço de fio que tem um laço, esse engrama estendeu-se e contêm mais dados onde estavam os laços.) "Tenho de pensar nalguma coisa para dizer ao Henrique. Ele vai saltar em cima de mim."

     (Esta era a fonte da sua piada: "Saltei lá para fora, etc".)

     Auditor: Por favor, repassa-o. Poderá conter mais alguma coisa.

     Preclear: (Faz isso, partes antigas do engrama reduzem-se e aparecem dois novos sons, os passos dela e água corrente. Então, ele esta feliz e ri acerca disso. Este engrama está liberado, porque poderá não ter desvanecido totalmente. Um engrama destes só fica neste estado quando é contatado antes do básico-básico.)

     Temos aqui a Técnica de Repetição e também um engrama contado até uma recessão. Este engrama poderá reaparecer com uma carga adicional muito fraca depois que se contatar o básico-básico, mas este perdeu todo o poder de aberrar ou de provocar uma dor de cabeça psicossomática ou qualquer outra doença. No entanto, este engrama, não contatado pela terapia, era mais do que suficiente para fazer este paciente, quando menino, gritar de terror todas as vezes que ele visse que não conseguia sair de algum espaço fechado (claustrofobia).

     A Técnica de Repetição é a única fase específica de Dianética que requer esperteza do auditor. Usando persistência e paciência, qualquer auditor, com um mínimo de inteligência, pode ter êxito nas outras fases desta ciência. Na Técnica de Repetição, ele tem de aprender a pensar - para propósitos de terapia - como um engrama. Terá de observar como o sujeito está a se comportar ao longo da linha do tempo. E terá de observar o tipo de reação que o sujeito tem e concluir daí qual o tipo de comando que está a perturbar o sujeito, quando o próprio sujeito não coopera ou não sabe.

     Isto não quer dizer que a Técnica de Repetição seja difícil: não é. Mas a capacidade do auditor em usá-la é a principal razão de um caso demorar mais com um auditor do que com outro. Esta é uma capacidade definida. É jogar com esperteza o jogo mencionado acima. Onde é que o preclear está preso e com que comando? Porque é que o preclear parou repentinamente de cooperar? Onde está a carga emocional que está a reter o caso? Com a Técnica de Repetição, o auditor pode resolver todos estes problemas e um auditor esperto resolve-os muito mais depressa do que um que não seja.

     Como é que se pensa da mesma maneira que um engrama? Ronald Ross, ao descobrir que os insetos têm germes, considerou necessário pensar como um mosquito. Aqui está uma ameaça semelhante: o engrama. Precisamos de aprender a pensar, para propósitos terapêuticos, como um engrama.

     O auditor não poderia olhar, e não precisa de ser capaz de olhar, para dentro dos olhos de um paciente e adivinhar porque é que ele não come mais nada senão couve-flor às quartas-feiras. Isso é uma aberração e o auditor não precisa de adivinhar quais são as origens das aberrações ou doenças psicossomáticas: todas elas virão à tona a seu tempo e ele aprenderá muito a seu respeito à medida que prosseguir. Mas o auditor precisa de ser capaz de manter o seu paciente endireitado na linha do tempo, a mover-se mais para trás na área básica e a avançar para cima a partir daí, para uma redução. A resposta corrente para isto é a Técnica de Repetição. Compreenda que é possível desenvolver toda uma nova arte de prática, ou muitas artes de prática, para Dianética: ficaríamos muito infelizes com os nossos semelhantes se tal evolução e melhoramento não se verificassem. Neste momento, a melhor que apareceu (e o critério do que é melhor é aquilo que funciona uniformemente em todos os casos) foi a Técnica de Repetição. O auditor tem de ser capaz de a usar se ele espera obter alguns resultados em um caso, nesta altura. Quando o auditor, ou algum auditor, tiver trabalhado alguns casos e conhece a natureza desta fera, o engrama, ele poderá - e é bom que o faça - apresentar técnicas aperfeiçoadas por si. O grande inconveniente da Técnica de Repetição é que esta exige que o auditor seja esperto.

     Ser esperto não significa falar muito. Quando se audita em Dianética, isso é ser muito pateta. Na verdade, quando os auditores começam a trabalhar casos, eles quase invariavelmente apreciam tanto o som da própria voz e a sensação da sua perícia que o pobre preclear quase não tem uma oportunidade de dizer uma palavra no sentido reativo - e é o preclear que deve ser Clareado, que tem a única informação exata e que pode fazer as únicas avaliações.

     Ser esperto, no sentido da Técnica de Repetição, é ser capaz de escolher, da conversação ou ação do sujeito, qual é exatamente o conteúdo dos engramas que o impedirá de os alcançar, progredir através destes e assim por diante. A Técnica de Repetição é dirigida somente à ação, não à aberração.

     Aqui está um caso, por exemplo, que estava tão "selado" que foram necessárias trinta horas de Técnica de Repetição, quase contínua, para romper as paredes entre a mente analítica e os engramas. É importante saber que um engrama não seria um engrama se o preclear pudesse contatá-lo facilmente. Qualquer engrama que pode ser facilmente contatado e que não tem qualquer carga emocional é praticamente tão aberrativo como um copo de água com gás.

     Uma jovem, com recordação sônica, mas com ouvido amplificado e um desequilíbrio tão completo do sistema endócrino que se tornara uma velha aos vinte e dois anos de idade, foi auditada durante setenta e cinco horas antes de ela contatar qualquer coisa na área básica. Isto é quase incrível mas aconteceu. Num paciente com desligamento sônico e fora da sua linha do tempo, setenta e cinco horas de trabalho apenas lubrificariam as engrenagens. Mas esta jovem, com recordação sônica, devia estar bem adiantada no caminho de Clear e ainda não tinha tocado no básico-básico.

     Pela Técnica de Repetição, e só ela Repetição, o caso finalmente foi resolvido. Não continha praticamente nenhuns seguradores ou ressaltadores. Simplesmente parecia que toda a área pré-natal era um espaço em branco.

     Mas acontece que um engrama não sendo uma memória que contenha razão, é apenas um conjunto de ondas ou algum outro tipo de gravação que se impinge à mente analítica e à mente somática e dirige a voz, os músculos e outras partes do corpo. A mente analítica, para justificar o que vê a ocorrer, e reduzida pelo engrama que está a ser dramatizado, poderá estar a interpor dados para fazer essa ação parecer racional - para a justificar. Mas isto não torna um engrama senciente. Quando nos aproximamos pela primeira vez de um engrama na terapia, este parece estar completamente ausente. Poderão ser necessárias três sessões para "desenvolver" esse engrama. Como muitos são trabalhados isto não significa três sessões em branco, mas significa que o "Eu", ao retornar, tem de passar por cima de um engrama algumas vezes para o engrama desenvolver-se. E importante saber isto. Tal como se pode pedir um dado à mente numa semana e não o encontrar (num aberrado), e depois pedi-lo novamente na semana seguinte e encontrá-lo, o mesmo acontece com os engramas. Um princípio cardinal na terapia é que se continuar a pedi-lo, acabará por obter o engrama. Retornar, vez após vez, sobre a área pré-natal acabará por desenvolver, por si só, os engramas nela contidos para que a mente analítica os possa atacar e reduzir. Isto é um trabalho lento. A Técnica de Repetição - mesmo que o engrama ainda precise de ser desenvolvido por várias sessões - acelera imensamente o processo.

     No caso desta jovem, provavelmente teria levado outras cinquenta ou sessenta horas de trabalho para contatar os engramas, a menos que se tivesse usado uma técnica como a Repetição. A Técnica de Repetição resolveu-o quando o auditor notou que ela não parava de dizer: "Tenho a certeza que há uma boa razão para me sentir mal na minha infância. Afinal de contas, o meu irmão violou-me quando eu tinha cinco anos. Tenho a certeza que é muito mais tarde, na minha infância. A minha mãe tinha um ciúme terrível de mim. Estou certa de que é mais tarde."

     Como se poderia imaginar, essa jovem tinha estudado, na universidade, alguma escola de cura mental que considerava o sexo ou a ingestão de toxinas como a causa das aberrações da mente e ela muitas vezes discursava sobre o fato de que, embora não fosse avessa àquilo a que ela chamava "análise", ela achava que era tolo esperar que um feto ouvisse alguma coisa. Ela ia para a área anterior ao nascimento e declarava que estava bastante confortável. Mas o nascimento não estava visível. Isto é importante. O engrama básico ou engramas na área básica - perto do período embrionário - não podem desvanecer e não desvanecerão sem terapia. E quando o nascimento não pode ser contatado, nem sequer através de um somático, é certo que existe alguma coisa antes deste. Se o nascimento fosse o primeiro engrama, toda a gente poderia ser Clareada em cinco horas. O nascimento pode até estar visível e, ainda assim, haver meia centena de experiências pré-natais severas. No caso dela, não havia nada visível. O seu padrão educacional tornara o caso lento; ela estava sempre a tentar ficar em tempo presente e "lembrar" com uma memória tão cheia de oclusões, que não conseguia recordar o nome certo da sua mãe. (Ela tinha adquirido esta maneira de ser por ter estado, durante dez anos, nas mãos de especialistas da mente que lhe pediam que não fizesse mais nada senão "lembrar".) Como se disse, ela estava bastante confortável antes do nascimento, sentia o fluido amniótico e tinha a certeza de que a vida no útero era uma vida feliz para todos. A incongruência de que ela podia experimentar as sensações do fluido amniótico, o conforto flutuante e o calor, e manter uma crença contínua de que não havia uma memória pré-natal, escapava-lhe completamente. O auditor não fez o menor esforço para a convencer. Conhecendo o seu ofício, simplesmente continuou a mandá-la para trás e para a frente, tentando este ou aquele mecanismo.

     Finalmente, ela quis saber se tinha de haver experiência pré-natal e foi informada de que aquilo que estava lá, estava lá, que se não houvesse memória pré-natal, então ela não se recordaria de nenhuma, mas que se houvesse, talvez ela se recordasse. Esta é uma atitude boa e equívoca para um auditor. Afinal de contas, Dianética, como disse um auditor, "apenas mostra as mercadorias" e não faz nenhum esforço por vendê-las.

     O auditor tinha estado a usar a Técnica de Repetição em variedades de frases. A rapariga estava a mover-se na linha do tempo, portanto, devia haver um negador presente. E ele já tinha esgotado totalmente as idéias quando compreendeu, de repente, que ela usava muitas vezes aquela frase: "Muito mais tarde".

     Auditor: Diz: "muito mais tarde" e retorna à área pré-natal.

     Rapariga: Muito mais tarde. Muito mais tarde. (etc.) (muito enfadada e nada cooperante)

     Auditor: Continua, por favor.

     (Nunca diga: "Segue adiante", pois significa fazer exatamente isso. Diga: "Continua", quando quer mantê-los a progredir ao longo de um engrama ou a repetir, e "Retorna a passar por ele" quando se volta a percorrer um engrama que já se percorreu uma vez.)

     Rapariga: Muito mais tarde. Muito ... Tenho um somático na cara! E como se estivesse a ser empurrada.

     (Isto era uma boa notícia, pois o auditor sabia que ela tinha um desligamento de dor a meio do período pré-natal, que impedia os somáticos mais tardios de aparecerem.)

     Auditor: Contata-o mais de perto e continua a repetir.

     Rapariga: Muito mais tarde. Muito mais tarde. Está a ficar mais forte.

     (Naturalmente. Na Técnica de Repetiçcîo, o somático torna-se mais forte até que a frase aparece, exatamente certa. Num caso não-sônico, esta impinge-se indiretamente ao "Eu "; em um caso sônico, o som surge como som.)

     Auditor: Continua.

     Rapariga: Muito. ... Ouço uma voz! Aí está. E isso! Ora, é a voz do meu pai!

     Auditor: Escuta as palavras e repete-as, por favor.

     Rapariga: Ele está a falar com a minha mãe. Eh! Esta pressão na cara é desconfortável. Continua a ir para cima e para baixo em cima de mim. Está a doer!

     Auditor: Repete as palavras dele, por favor.

     Rapariga: Ele está a dizer: "Oh querida, agora não vou vir-me dentro de ti. E melhor esperar até muito mais tarde para ter um." E há a voz da minha mãe. Eh! Esta pressão está a doer-me. Não, esta diminuiu consideravelmente. Que engraçado, assim que localizei a voz dele, a pressão diminuiu.

     Auditor: O que é que a tua mãe está a dizer, por favor, se estiveres a ouvi-la?

     Rapariga: Ela está a dizer: "Então, nem sequer te quero dentro de mim!" Está zangada! Eh! O somático parou.

     (Nesse ponto o coito tinha terminado.)

     Auditor: Por favor, retorna ao início disso e reconta-o.

     Rapariga: (Retoma o início, o somático reaparece.) O que será que eles estão a fazer? (depois uma pausa) Ouço um som de esguichadas! (depois, uma pausa e embaraço) Oh!

     Auditor: Reconta o engrama, por favor.

     Rapariga: Há uma espécie de ritmo tênue ao princípio e que depois acelera. Posso ouvir a respiração. Agora está a começar a pressionar cada vez com mais força, mas muito menos do que na primeira vez. Depois esta diminui e eu ouço a voz do meu pai: "Oh querida, agora não vou vir-me dentro de ti. É melhor esperar até muito mais tarde para ter um. Não tenho a certeza de que gosto assim tanto de crianças. Além disso, o meu emprego ..." E a minha mãe deve tê-lo empurrado, porque há um somático mais agudo aqui. "Então nem sequer te quero dentro de mim! Sua pedra fria"!

     Auditor: Retorna ao início e conta-o outra vez, por favor.

     Rapariga: (Reconta-o várias vezes, o somático finalmente desvanece. Ela sente-se muito alegre, mas não pensa em mencionar que duvidara da existência de pré-natais.)

     Isto é a Técnica de Repetição em ação. Neste caso específico, foram dadas cerca de duzentas frases à paciente para a Técnica de Repetição, sem que se encontrasse uma que servisse. Para começar, o arquivista estava disposto a oferecer apenas alguns engramas menores e o auditor estava a tentar adivinhar toda a gama de negadores. Um incidente posterior poderia ter contido - e continha, mas não apareceu nenhum somático - várias das frases que ele usou. Mas o arquivista estava disposto a contentar-se com este, pois era antigo e podia ser apagado.

     O arquivista, em um caso seriamente ocluso, raramente oferece uma coisa que não possa ser reduzida até à recessão. E um auditor nunca deixa um engrama oferecido desse modo, enquanto não tiver feito todos os esforços, com muitas recontagens, para o reduzir. Aliás, neste caso, o arquivista teria desapontado o auditor ao apresentar um engrama como o do nascimento, que não se teria levantado, que teria feito perder muito trabalho e dado à paciente uma dor de cabeça durante alguns dias. O auditor teria desapontado o arquivista se não tivesse reduzido o engrama apresentado, fazendo a jovem repassá-lo várias vezes, até que o somático desaparecesse e a voz desvanecesse gradualmente.

     Esse engrama manteve-se oculto porque o seu conteúdo assim o dizia. Na realidade, era um coito. Como engrama, este parecia dizer que os incidentes seriam encontrados mais tarde na vida. Além disso, como engrama, este dizia que não se devia entrar nele.

     A Técnica de Repetição pode, por vezes, meter um paciente nalguma dificuldade de menor importância ao fazer com que ele seja "sugado para dentro" de incidentes que não se levantarão. Isto não é comum, mas o arquivista ocasionalmente oferece um incidente recente em vez de um antigo. Contudo, isto não é um erro da parte do arquivista. Lembre-se que ele tem esses engramas arquivados por assunto, somático e tempo, e que o auditor pode usar qualquer um destes. Quando o arquivista responde e entrega um somático numa frase de repetição que o auditor colheu da conversa do preclear ou que ele adivinhou, e no entanto esse somático não se levanta, ou não aparece nenhuma voz com este (num caso sônico, ou simplesmente não se levanta em um caso não-sônico), o arquivista teve de desempilhar um monte de material. Assim, o auditor, apercebendo-se disto, vendo que não aparece uma voz ou que o somático não se levanta, faz o preclear repetir a mesma frase e diz-lhe que vá mais para trás e mais para trás. Poderá aparecer outro somático numa parte diferente do corpo. O arquivista soltou um ainda mais antigo, agora que já se retirou alguma da dificuldade do incidente que ele pôde obter primeiro. Então aborda-se esse anterior de um modo semelhante. Este poderá adquirir uma força média como somático, enquanto o preclear repete a frase e, ainda assim, poderá não aparecer nenhuma voz. Então, o auditor manda o preclear mais para trás. O arquivista conseguiu voltar a obter um ainda mais antigo, agora que já se retirou alguma coisa do segundo. Desta vez, também se liga um somático ainda mais antigo, provavelmente perto da área básica, em um caso que antes não havia contatado esta área e, desta vez, pode-se ouvir uma voz. O engrama reduz-se. Em suma, o arquivista estava disposto a correr o risco de meter-se em apuros, para desempilhar vários somáticos e permitir que o auditor chegasse a um incidente básico.

     Existem variações neste tipo de coisa. Como o sistema de arquivo é por assunto, somático e tempo, o auditor pode usar outras coisas além de frases. Ele pode mandar um preclear para a "maior intensidade de um somático" e muitas vezes é possível obter resultados, embora isto não seja tão seguro como fazê-lo por assunto, nem é tão infalível. O preclear, por acaso, não se importa de ir para qualquer "maior intensidade" de somáticos porque estes, apesar de bastante fortes, têm cerca de um milésimo da força da agonia original. Em tempo presente, sem o preclear em terapia, a intensidade de um desses somáticos pode ser uma coisa drástica, como comprova a enxaqueca. Tomando a enxaqueca, pode-se retornar o preclear ao momento exato da sua recepção, onde pensaríamos que a sua intensidade seria mais alta e, no entanto, encontrar uma dor fraca e embotada, como aquela que se tem numa ressaca. Isto enquadra-se no princípio de que qualquer entrada em um caso é melhor do que um caso que nunca foi começado. Porque por meio do retorno, com a técnica standard de rêverie, há uma aproximação da fonte; e se a fonte for contatada em absoluto, o poder do engrama para aberrar será reduzido, sem importar quantos erros o auditor tenha cometido.

     Logo, o retorno ao ponto de "intensidade máxima" de um somático não é muito doloroso. A intensidade máxima real é quando o preclear está desperto, antes de fazer contato com o incidente. Mas ao retornar à "intensidade máxima", muitas vezes o incidente poderá ser contatado e reduzido. Contudo, se a "intensidade máxima" contêm no seu engrama as frases "Não o posso suportar!", "Isto está a matar-me" ou "Estou aterrorizado", então é de esperar que o nosso preclear reaja de algum modo parecido. Se ele não reage, então tem um desligamento emocional, o qual é um problema diferente que será abordado mais adiante.

     De modo similar, o auditor pode mover o seu preclear no tempo. Existe um relógio muito preciso na mente. O arquivista está bastante familiarizado com esse relógio e obedecerá, sempre que possível. O auditor que quer que o paciente vá para "seis minutos antes desta frase ter sido pronunciada", geralmente verificará que o seu preclear está agora seis minutos antes desta, muito embora o incidente seja pré-natal. O auditor pode, então, levar o preclear a avançar, minuto por minuto, conforme quiser. Ele pode levar o preclear diretamente através de um incidente por meio de anunciar: "É um minuto mais tarde. São dois minutos mais tarde. Passaram três minutos", etc. O auditor não tem de esperar que esses minutos decorram; ele simplesmente os anuncia. Ele pode fazer o preclear passar através do tempo em intervalos de cinco minutos, em intervalos de uma hora ou em intervalos de um dia e, a menos que haja material engrâmico a retê-lo ou a afetar a operação de algum modo, o auditor pode mover o preclear na linha do tempo conforme a sua vontade. Seria muito bom se o auditor pudesse mandar o preclear para a concepção e então dizer-lhe que é uma hora mais tarde, duas horas mais tarde e assim por diante, para apanhar o primeiro engrama. Contudo, há mais fatores envolvidos além do tempo e o plano, embora bonito, não é viável. A deslocação temporal é geralmente usada quando o auditor está a tentar pôr o preclear à frente de um incidente, para se assegurar de que ele tem realmente um começo. Por meio de retornar o preclear em intervalos de cinco ou dez minutos, o auditor às vezes poderá descobrir que ele está a ir para trás, a entrar em um incidente muito longo e complicado e que a dor de cabeça que ele tem procurado aliviar no preclear, na realidade, foi recebida horas antes do período em que ele julgara que esta foi recebida inicialmente. Em tal caso, existe um segundo engrama anexo a um engrama anterior e o auditor não consegue levantar o segundo até ter o primeiro.

     Na realidade, a deslocação temporal tem um uso limitado. O auditor que tenta correr para trás, ao longo do tempo, verificará que tem um caso artificialmente restimulado nas mãos e que o trabalho está muito entravado. A Técnica de Repetição funciona melhor e o arquivista lida com ela com mais facilidade. O auditor usa uma deslocação temporal para levar o preclear tão próximo quanto possível da área básica (pré-natal antigo) e então, de um modo geral, se o arquivista simplesmente não se põe a trabalhar entregando engramas que podem ser limpos, um após outro, o auditor usa a Técnica de Repetição. A deslocação temporal e "andar à caça de um somático" têm algum uso limitado. Alguma experimentação mostrará em que medida é que estes poderão ser úteis.

     As leis do retorno são as seguintes:

  1. Teoricamente, um paciente que esteja retornado ao passado reage mais aos comandos que são anteriores ao ponto onde ele se encontra na linha do tempo e menos aos comandos que são posteriores ao ponto onde ele se encontra na linha do tempo.
  2. Um preclear reage àqueles comandos engrâmicos:
    1. Que estão em restimulação crônica, ou
    2. Mais próximos dele na linha do tempo.
    Assim, se um engrama diz: "Estou com medo", ele está com medo. Se diz: "Prefiro morrer a enfrentar isto", é isso que ele prefere. Se o comando de que ele está mais próximo diz: "Estou com sono", ele está com sono. Se diz: "Esquece isso", ele esquece. Os comandos em restimulação crônica dão uma cor falsa à personalidade: "Nunca posso ter a certeza de nada", "Não sei", "Não posso ouvir nada" estão possivelmente todos em restimulação crônica. Se o arquivista não os entrega, então continue a trabalhar o caso à volta destes, de qualquer forma. Ao fim de algum tempo, estes cederão.
  3. A ação do preclear na linha do tempo e a condição da linha do tempo são reguladas exclusivamente por comandos engrâmicos classificáveis como ressaltadores, seguradores, negadores, agrupadores e desorientadores. (Repetimos que estas condições são muito variáveis, tão variáveis como a língua. Por exemplo, a frase: "Não sei se estou a ir ou a vir" em um engrama, torna-o muito confuso. "Não posso voltar atrás neste ponto" faz o preclear continuar a avançar para cada vez mais tarde no tempo.)
  4. O comando engrâmico manifesta-se naquilo que o preclear diz quando desperto, antes de uma sessão de terapia ou é inadvertidamente anunciado como um pensamento supostamente "analítico" quando o preclear se aproxima do comando.
  5. O engrama não é uma memória senciente e racionalizada, mas sim uma coleção de percepções não analisadas e este desenvolver-se-á ao ponto de ser contatado, simplesmente pelo processo de retornar através do engrama, ao engrama, sobre o engrama ou pedindo o engrama.
  6. O arquivista dará ao auditor tudo o que puder ser extraído do banco de engramas. O auditor tem de ajudar o arquivista através da redução, em carga ou severidade, de tudo o que o arquivista oferece. Isto faz-se levando o paciente a recontá-lo. (Caso contrário, o arquivista empilha tanto material à volta disso que, com isto em restimulação, ele já não consegue chegar aos arquivos. Não é raro o auditor que se opõe ao arquivista. Todavia, ainda está por encontrar o arquivista que se oponha ao auditor, exceto pela retenção de dados que não se reduzirão.)

     As técnicas de que o auditor dispõe são as seguintes:

  1. Retorno, em que o preclear é enviado para um tempo tão antigo quanto possível na sua linha do tempo, antes de se iniciar a terapia propriamente dita.
  2. Técnica de Repetição, pela qual se pede ao arquivista dados sobre certos assuntos, particularmente os que afetam o retorno e a deslocação na linha do tempo, e que assistem a capacidade do preclear para contatar engramas.
  3. Deslocação temporal, pela qual o preclear pode ser movido distâncias curtas ou longas na linha do tempo, através do anúncio específico da quantidade de tempo que o preclear deve avançar ou recuar, ou pelo retorno ou progressão por intervalos de tempo. (Também é útil descobrir se o preclear está a mover-se ou em que direção ele está a mover-se na linha do tempo, para descobrir a ação que algum engrama poderá estar a ter sobre ele.)
  4. Localização somática, pela qual se localiza o momento de recepção do somático, em um esforço para descobrir se este foi recebido neste engrama ou para encontrar um engrama que o contenha.