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A razão pela qual o engrama permaneceu oculto por tanto tempo, como a única fonte de aberração e de doenças psicossomáticas, vem das manifestações amplas e quase infinitamente complexas que podem derivar de engramas simples.
Poder-se-iam postular várias teorias sobre os motivos por que a mente humana se desenvolveu exatamente como o fez, mas não passariam de teorias e Dianética não se ocupa da estrutura. Como estímulo a futuros trabalhadores nesse campo, poderíamos fazer, exclusivamente como postulado, um ou dois comentários quanto à existência de uma ligação clara entre qualquer energia do tipo elétrico ao corpo e a efusão de energia das células que sofrem ferimentos. Podia-se construir uma teoria tomando-se por base que as células feridas, ao ferir também as suas vizinhas com uma descarga de energia do tipo elétrico, forçaram o desenvolvimento de uma célula especial que agiria como conduta para "sangrar" esta carga dolorosa. As condutas de células poderão ter-se transformado em neurônios e a carga poderá ter sido mais bem distribuída pelo corpo, com menos possibilidade de causar incapacidade local no ponto de impacto do ferimento. Essas condutas - os neurônios - poderão ter começado a ser formadas através de impactos na extremidade do corpo que está mais próxima da direção de locomoção. Isto faria do crânio a maior massa de neurônios. O humano, caminhando erecto, poderá ter tido outro novo ponto de impacto, a testa, e assim obteve os lóbulos pré-frontais. E talvez não. Isto é apenas uma teoria, que se apoia apenas em alguns dados de valor científico. Esta ainda não foi submetida a qualquer tipo de experiência.
Contudo, isto tem de ser apresentado como uma teoria sobre estrutura. A célula é um dos elementos construtivos básicos do corpo. As células, para sobreviverem melhor, parecem ter-se tornado colônias que, por sua vez, tinham o interesse primário: a sobrevivência. E as colônias desenvolveram-se ou angariaram mais membros em agregados que, por sua vez, eram organismos, também com o único propósito de sobrevivência. E os organismos desenvolveram mentes para coordenar os músculos e resolver os problemas de sobrevivência. Isto também é só teoria e mesmo que tenha sido a linha de raciocínio que levou à Dianética, ela pode estar totalmente errada. Esta funciona. Esta teoria pode ser retirada de Dianética e Dianética continuará a ser uma ciência e continuará a funcionar. O conceito do cérebro eletrônico não foi vital mas apenas útil para Dianética e também poderia ser retirado - Dianética continuaria a manter-se válida. Uma ciência é um assunto mutável, no que diz respeito às suas teorias internas. Em Dianética, introduzimos a nossa cunha numa área de pesquisa enorme. No ponto em que Dianética se encontra, ela funciona, sempre e sem exceção. As razões por que funciona serão indubitavelmente ponderadas e alteradas aqui e ali, para o seu aperfeiçoamento - se assim não for, uma fé constante nesta geração de cientistas e nas gerações futuras não terá sido justificada.
À medida que prosseguimos tornar-se-á evidente a razão por que falamos sobre células. A razão por que sabemos que os antigos conceitos de estrutura não estão corretos é que estes não resultam como função. Todos os nossos fatos são funcionais e científicos, total e completamente apoiados por provas de laboratório. A função precede a estrutura. A matemática de James Clerk Maxwell foi postulada e a eletricidade foi ampla e beneficamente usada, muito antes de alguém ter qualquer idéia real sobre a estrutura do átomo. A função vem sempre antes da estrutura. A surpreendente falta de progresso no campo da mente humana, durante os últimos milênios, é parcialmente atribuível ao fato de o seu "órgão de pensamento" se encontrar em um campo, a medicina, que foi e que poderá continuar a ser por muito tempo uma arte, não uma ciência. Será necessária uma filosofia básica para explicar a vida, antes que essa arte possa fazer mais algum progresso.
Por exemplo, mal se estudaram ainda quais são as capacidades da célula. Nos últimos anos, foi levado a cabo algum trabalho para descobrir mais, mas faltou a filosofia básica. A célula estava a ser observada, não prevista.
O estudo das células no humano tem sido feito sobretudo com tecidos mortos. Falta uma qualidade desconhecida no tecido morto, a qualidade importante: vida.
Em Dianética, no nível de observação de laboratório, descobrimos para nosso espanto que as células são, evidentemente, sencientes de alguma forma atualmente inexplicável. A menos que postulemos uma alma humana que entre no esperma e no óvulo no momento da concepção, há coisas que nenhum outro postulado abrangerá, a não ser que essas células sejam, de algum modo, sencientes. Quando se entra em um campo novo com postulados que funcionam em todas as direções - e a filosofia básica da sobrevivência é um guia que nos leva continuamente a domínios mais profundos, explicando e predizendo fenômenos em todo o lado - é inevitável que surjam dados que discordem de teorias anteriores. Quando esses dados são tão científicos quanto a observação de que uma maçã cai quando é largada em condições normais na Terra, não se pode senão aceitá-los. O abandono de antigas teorias poderá causar dano às nossas preciosas crenças e à afeição nostálgica pela velha gravata escolar, mas um fato é um fato.
As células como unidades de pensamento exercem evidentemente, como células, uma influência sobre o corpo como unidade de pensamento e organismo. Não precisamos de desemaranhar esse problema estrutural para resolver os nossos postulados funcionais. As células retêm evidentemente engramas de acontecimentos dolorosos. Afinal de contas, elas são as coisas que são feridas. E elas têm evidentemente uma mão no chicote da punição, para cada vez que o analisador lhes falha. A história do engrama assemelha-se à história de uma batalha entre as tropas e o general, cada vez que o general faz com que algumas das tropas sejam mortas. Quanto menos afortunado for o general na proteção destas tropas, mais poder elas assumem. As células, evidentemente, fomentaram a evolução do cérebro para um nível senciente mais elevado. A dor inverte o processo como se as células estivessem arrependidas de ter posto tanto poder nas mãos de um comandante central.
A mente reativa poderá muito bem ser a inteligência celular combinada. Não é necessário supor que o seja, mas é uma teoria estrutural cômoda na falta de qualquer trabalho real efetuado neste campo da estrutura. O banco de engramas reativo poderá ser o material armazenado nas próprias células. De momento, não importa se isto é credível ou incrível. Mas é preciso dizer alguma coisa sobre o assunto para dar uma compreensão daquilo que ocorre durante os momentos de "inconsciência".
O fato científico, observado e testado, é que o organismo, na presença de dor física, permite que o analisador seja retirado do circuito, de modo que haja uma quantidade limitada ou não haja quantidade nenhuma de consciência pessoal como organismo unitário. Este faz isto para proteger o analisador ou para retirar o seu poder, na crença de que é muito melhor ter um engrama durante uma emergência - por acaso, o analisador, segundo a experiência observada, não concorda.
Cada percepto presente, incluindo a dor física, é registrado durante esses momentos não-analíticos. Sempre que a dor está presente - isto é, a dor física - o analisador desliga-se um pouco ou muito. Mesmo se a dor durar apenas um instante, ainda há um instante de redução analítica. Isto pode ser muito facilmente comprovado: simplesmente tente recordar a última vez em que esteve seriamente ferido e veja se não há pelo menos um período momentâneo em branco. Adormecer sob anestesia e acordar algum tempo mais tarde é um tipo de desligamento analítico mais complicado, pelo fato de incluir dor física, mas é inicialmente causado por um veneno (e todos os anestésicos são, tecnicamente, venenos). Depois também há a condição de sufocamento, como no afogamento, e este é um período de desligamento analítico de maior ou menor amplitude. E também há a condição provocada pelo sangue que, por um motivo ou outro, deixa a área ou áreas que contêm poderes analíticos - onde quer que estes estejam - e isto também provoca um desligamento analítico em maior ou menor grau. Tais incidentes incluem o choque em que o sangue tende a acumular-se no centro do corpo); a perda de sangue por cirurgia, ferimento ou anemia e a obstrução das artérias que passam pela garganta. O sono natural provoca uma redução da atividade analítica, mas na realidade não é muito profunda nem grave. Com a terapia de Dianética, qualquer experiência ocorrida durante o sono pode ser facilmente recuperada.
Pode ver-se agora que há muitas maneiras pelas quais se pode desligar o poder analítico. E também se pode ver que há uma maior ou menor redução. Quando se queima o dedo com um cigarro, há um pequeno instante de dor e uma pequena quantidade de redução. Quando alguém se submete a uma operação, a duração poderá ser em termos de horas e a quantidade de desligamento analítico poderá ser extrema. A duração e a quantidade da redução são duas coisas diferentes, relacionadas, mas bem diferentes. Isto não é muito importante, mas é mencionado.
Vimos, ao ler Dianética até aqui, que o princípio do "espectro" tem sido bastante útil para nós. E pode-se ver que a quantidade de redução do poder analítico pode ser descrita da mesma forma que o potencial de sobrevivência. Pode haver um pouco ou uma grande quantidade. Recapitulando e examinando o âmbito do potencial de sobrevivência, pode-se ver que haveria morte na parte inferior e imortalidade na parte superior. Existe sobrevivência "infinita". Se pode ou não existir poder analítico infinito é uma questão de misticismo. Mas que há uma relação definida entre o tom individual e a quantidade de desligamento analítico, é um fato científico. Podemos dizer que isto é assim: com o indivíduo bem, feliz e entusiasmado, o poder analítico pode ser considerado alto (Zonas 3 e 4). Com o indivíduo debaixo das rodas de um caminhão, "inconsciente" e em agonia, o poder analítico pode ser considerado como estando dentro dos limites da Zona 0. Há uma relação entre o potencial de sobrevivência e o poder analítico. À medida que um desce, o outro também desce. Há mais dados a concluir daqui do que se poderia pensar à primeira vista. Esta é uma relação muito importante.
Todos os perceptos estão incluídos em um engrama. Dois destes perceptos são a dor física e a emoção dolorosa. Um terceiro é a sensação orgânica, isto é, a condição do organismo durante o momento do engrama. E como estava o organismo quando o engrama foi recebido? Maior ou menor "inconsciência" estava presente. Isto quer dizer que havia uma sensação orgânica de poder analítico reduzido, uma vez que o poder analítico deriva, evidentemente, de um órgão ou órgãos do corpo. Se um engrama é reativado por um restimulador ou restimuladores - isto é, se o indivíduo que tem um engrama recebe alguma coisa no seu ambiente que é semelhante às percepções contidas no engrama - o engrama põe tudo o que contêm (os seus perceptos tais como torneiras e palavras) em maior ou menor operação.
Pode haver uma maior ou menor restimulação. Os restimuladores no ambiente do indivíduo podem pôr o engrama só um pouco em ação, ou, havendo muitos restimuladores presentes e estando o corpo já em um estado debilitado, o engrama pode exibir toda a sua força (o que será tratado mais adiante). Mas quer o engrama esteja pouco restimulado quer esteja muito restimulado, tudo o que este contêm entra em ação de um modo ou de outro.
Há apenas um denominador comum de todos os engramas, apenas uma coisa que cada engrama tem e que todos os outros engramas possuem. Cada um contêm o dado de que o analisador está mais ou menos desligado. Há um dado relativo ao desligamento em todos os engramas. Assim, cada vez que um engrama é restimulado, embora o corpo não tenha recebido dor física, desliga-se algum poder analítico; o órgão ou órgãos que constituem o analisador são postos fora do circuito até certo grau.
Isto é de grande importância para uma compreensão das mecânicas da aberração. É um fato científico, que pode ser comprovado e que nunca varia. Isto ocorre todas as vezes: quando um engrama é recebido, o analisador é desligado pela dor física e pela emoção; quando o engrama é restimulado, o analisador desliga-se como parte dos comandos do engrama. Na realidade, isto é uma coisa muito mecânica: o engrama é restimulado, parte do poder analítico é desligado. Isto é tão inevitável como ligar e desligar uma luz elétrica. Carregue no botão e a luz apaga-se. A redução do analisador não é tão nítida - há gradações de luz - mas é igualmente mecânica.
Ponha um humano sob o efeito do éter e fira-o no peito. Ele recebeu um engrama porque o seu poder analítico foi desligado, primeiro pelo éter e depois pela dor no peito. Enquanto ele estava na mesa de operações, a mente reativa registrou o ruído dos instrumentos, tudo o que foi dito, todos os sons e cheiros. Suponhamos que uma enfermeira estava a segurar um dos seus pés porque ele estava a dar pontapés. Este é um engrama completo.
No futuro, o engrama fará key-in devido a alguma coisa, um incidente semelhante. Depois disto, em maior ou menor grau, sempre que ouvir um ruído semelhante ao dos instrumentos, ele ficará nervoso. Se prestar atenção ao que se está a passar no seu corpo naquele minuto, ele poderá perceber que sente o pé como se este estivesse a ser segurado. Mas não é provável que ele preste atenção ao pé, porque se ele tivesse alguma atenção disponível, ele verificaria que a dor do peito estaria presente até certo grau. Mas a sua capacidade analítica foi ligeiramente desligada. Tal como o pé sentiu que estava a ser agarrado, o analisador também tem a idéia de estar a ser desligado pelo éter e pela dor. O restimulador (dos ruídos) tendia a ativar ligeiramente o engrama inteiro e parte do comando engrâmico é um poder analítico reduzido.
Isto é como um "botão de pressão" em termos de precisão. Se alguém conhecesse os principais restimuladores de outra pessoa (palavras, tons de voz, música, seja o que for - coisas que estão arquivadas no banco da mente reativa como partes de engramas), seria possível desligar o poder analítico dessa pessoa quase totalmente, e de fato, pô-la inconsciente.
Todos nós conhecemos pessoas que nos fazem sentir estúpidos. Pode haver duas causas para isto, mas ambas são provenientes de engramas. Uma delas é o fato de que não importa qual seja o engrama que está a ser restimulado, parte do poder analítico é desligado.
Se o ambiente é uniforme, os engramas podem ser mantidos em restimulação crônica! Isto significa um desligamento crônico e parcial do poder analítico. A recuperação da inteligência por parte de um Clear e o aumento dessa inteligência para alturas tão fantásticas resultam, parcialmente, do alívio das palavras de comando contidas em engramas que lhe dizem que ele é estúpido e, em maior grau, do alívio desta condição de desligamento analítico crônico.
Isto não é uma teoria. Este é um fato científico. É totalmente demonstrável. O engrama contêm o percepto de um analisador desligado; quando este é restimulado, o engrama volta a pôr esse dado em ação, até certo grau.
Deste modo, os engramas, sendo recebidos durante a "inconsciência", causam uma "inconsciência" parcial cada vez que são restimulados. A pessoa que tem um engrama (qualquer aberrado) não precisa de receber nova dor física para ter um novo momento de "inconsciência" parcial. Sentir-se "narcotizado", "sonolento" ou "entorpecido" resulta, em parte, de um analisador parcialmente desligado. Estar "nervoso", com raiva ou assustado também traz consigo um poder analítico parcialmente desligado.
O hipnotizador tem "sucesso", quando o tem, porque é capaz de, ao falar com as pessoas acerca de "sono", restimular algum engrama que contêm a palavra sono e o desligamento do poder analítico. Esta é uma das razões por que o hipnotismo "funciona".
Entretanto, toda a sociedade está sujeita ao desligamento analítico, em maior ou menor grau, pela restimulação de engramas.
O número de engramas que o banco reativo de uma pessoa contêm poderá, contudo, não determinar a quantidade de redução analítica a que ela está sujeita. Uma pessoa poderá ter engramas e estes poderão não ter feito key-in. E se fizeram key-in, é possível que ela esteja em um ambiente que não contenha um grande número de restimuladores. Nestas condições, a sua posição na zona de sobrevivência poderá ser alta, muito embora ela possua muitíssimos engramas. E além disso, ela poderá ter-se educado ligeiramente acima desses engramas.
Mas uma pessoa que tenha engramas que fizeram key-in, e viva numa área de muitos restimuladores, está sujeita a uma enorme quantidade de restimulação e ao desligamento analítico. Esta é uma condição normal. Se um indivíduo tem um grande número de engramas e estes estão ativados, e ele vive rodeado de muitos restimuladores, a sua condição pode variar entre o normal e a insanidade. E em um só dia - como no caso de um homem que experimenta momentos de raiva ou uma mulher que cai em apatia - a condição da pessoa poderá variar do normal para a insanidade e voltar ao normal. Usamos aqui a palavra "insanidade" com o significado de irracionalidade total. Assim, há insanidade temporária ou insanidade crônica.
Um tribunal que passa pelo lúgubre processo de declarar um humano são ou insano, depois de esse humano ter morto alguém, está ele próprio a ser irracional. É claro que o ser humano estava insano quando cometeu o assassínio. Aquilo que o tribunal está a procurar saber agora é se o ser humano é ou não cronicamente insano. Isso tem muito pouco a ver com o assunto. Se o ser humano ficou suficientemente insano para matar uma vez, ele no futuro ficará suficientemente insano para matar novamente. Assim, crônico significa um ciclo crônico ou uma condição contínua. A lei diz que a sanidade é a "capacidade de distinguir o certo do errado". Quando o ser humano está sujeito a um mecanismo (e todos os humanos estão) que lhe permite ser racional em um momento e restimulado no momento seguinte, ninguém na sociedade, se não for clareado, poderá ser considerado capaz de distinguir sempre o certo do errado. Isto é completamente à parte do significado que a lei dá a "certo" e a "errado".
Este é um exemplo da curva de sanidade, tipo montanha-russa, do aberrado. Todos os aberrados possuem engramas (o número normal é provavelmente centenas por indivíduo). Analiticamente, as pessoas têm uma ampla latitude de escolha e podem mesmo lidar com certos e errados filosóficos. Mas nas pessoas aberradas, o banco de engramas é sempre susceptível de restimulação. O aberrado "mais são" na terça-feira, poderá ser um assassino na quarta-feira, se ocorrer a situação exata para acionar o engrama exato. Um Clear não é inteiramente previsível em qualquer situação - ele tem um livre-arbítrio bastante alargado. Mas uma pessoa aberrada transcende toda a previsibilidade pelas seguintes razões:
A diversidade de conduta que se pode desenvolver a partir destas mecânicas básicas é tão ampla, que não é de espantar que algumas filosofias considerem o ser humano como um caso bastante perdido.
Se o banco de engramas for retido a um nível celular, poderá supor-se, teoricamente, que as células deveriam assegurar que o analisador não se aventurasse demasiado nesta questão de vida e de morte na existência. Sendo assim, poder-se-ia considerar que elas copiaram todos os dados contidos em cada momento de dor física e emoção que resultassem em "inconsciência" ou que estivessem contidos nesta. Assim, quando quaisquer dados semelhantes a estes surgissem no ambiente, elas poderiam acautelar-se. E com um grande número de restimuladores à vista, elas poderiam desligar o analisador e prosseguir por reação. Este é um fator de segurança rudimentar. É óbvio que se o organismo sobreviveu a um período de "inconsciência", as células poderiam teorizar que impor os dados e efetuar a ação, sob circunstâncias que ameaçavam ser semelhantes, voltaria a resultar em sobrevivência. O que foi suficientemente bom para o meu Avô é suficientemente bom para mim. O que foi suficientemente bom no acidente de autocarro é suficientemente bom em um autocarro.
Esta forma idiota de "pensar" é típica da mente reativa. É precisamente o tipo de pensamento que ela tem. É o máximo em conservadorismo. Ela nunca se apercebe daquilo que interessa e dos dados importantes, ela sobrecarrega o corpo de dor, ela é um redemoinho de confusão. Se houvesse apenas um engrama por cada situação, talvez se safasse. Mas poderá haver dez engramas contendo dados semelhantes (uma cadeia de locks engrâmicos) e, no entanto, os dados poderão ser tão contraditórios que, quando surge uma nova emergência que contêm os restimuladores da cadeia, não é possível apresentar um comportamento do passado que seja apropriado para lhe fazer frente.
É óbvio que a língua é o fator x. As células, se este é um problema de células (recordemos que esta parte é teoria baseada em dados, em um esforço para explicar o que ocorre e é possível alterar uma teoria sem alterar a utilidade científica dos fatos), provavelmente não compreendem as línguas muito bem. Se compreendessem, não desenvolveriam tais "soluções".
Tomemos dois engramas sobre bastões de basebol. No primeiro, o indivíduo é atingido na cabeça, perde os sentidos e alguém grita: "Corre! Corre! Corre!" No segundo, o mesmo indivíduo é posto inconsciente quando atingido pelo bastão, no mesmo ambiente, e alguém grita: "Fica aí! Estás seguro!" Então, o que faz ele quando ouve, cheira ou vê um bastão de basebol ou ouve estas palavras? Corre ou fica ali? Ele tem uma dor semelhante para cada ação. O que ocorre, realmente? Ele fica com uma dor de cabeça. Isto é o que se chama conflito. Isto é ansiedade. E a ansiedade pode tornar-se realmente bastante aguda, em um nível puramente mecânico, quando alguém tem noventa engramas a puxá-lo para sul e oitenta e nove a puxá-lo para norte. Ele vai para norte ou para sul? Ou será que ele tem um "esgotamento nervoso"?
O nível de inteligência da mente reativa é praticamente igual ao de um fonógrafo. A agulha é colocada em cima do disco e este toca. A mente reativa apenas põe a agulha. Quando esta tenta selecionar vários discos e tocá-los todos ao mesmo tempo, há coisas que acontecem.
Seja por construção intencional, por acidente de concepção ou por desvio na evolução - nos casos em que o órgão velho e inútil ainda é construído - as células conseguiram ocultar bastante bem esse banco de engramas. O humano é consciente na sua mente analítica. Quando está "inconsciente", a sua mente analítica é incapaz de monitorizar os dados que entram e estes não se encontram naquilo a que, por analogia, chamamos os bancos padrão. Sendo assim, qualquer coisa que tenha entrado passou ao lado da consciência. E tendo passado ao lado, a consciência não consegue recordá-la (sem um processo de Dianética), uma vez que não há nenhum canal para a recordação.
O engrama entra quando a consciência está ausente. Daí em diante, este opera diretamente no organismo. Só através da terapia de Dianética é que o analisador pode tomar posse destes dados. (E a sua remoção nem sequer depende de o analisador entrar em contato com estes, apesar da velha crença de que a "compreensão" de alguma coisa é a sua cura: "compreenda" um engrama e depressa estará em apuros sem a técnica de Dianética.) O engrama é recebido pelo corpo celular. A mente reativa poderá ser o nível mais baixo de poder analítico, mas isto não altera o fato científico de que o engrama age como se fosse uma ligação soldada ao regulador da função vital, à coordenação orgânica e ao nível básico da própria mente analítica. Com "soldada" quer-se dizer "ligação permanente". Este key-in é a ligação do engrama como parte da maquinaria operante do corpo. Um processo de pensamento analítico não está permanentemente ligado, mas pode ser inserido ou tirado do circuito de acordo com a vontade do analisador. Isto não é verdade quanto ao engrama, daí o termo "soldada".
A mente analítica estabelece um padrão de treino; baseado em estímulo-resposta, este padrão de treino funcionará suavemente e bem, sempre que isso for o mais benéfico para o organismo. Um engrama é um padrão de treino completo, em um só pacote, "permanentemente" ligado aos circuitos (sem terapia de Dianética) e entra em funcionamento como um padrão de treino sem qualquer consentimento do analisador.
A mente analítica, influenciada pelo engrama através das várias formas de poder analítico reduzido e sugestão positiva contidas no engrama, é incapaz de descobrir qualquer razão realmente válida para o comportamento do organismo. Por isso, ela inventa uma razão, pois o seu trabalho é assegurar que o organismo tenha sempre razão. Tal como o jovem do casaco apresentou uma série de explicações tolas sobre o motivo por que estava a tirar o casaco, também a mente analítica, ao observar o corpo a executar ações irracionais, incluindo palavras para as quais não parece haver explicação, justifica as ações. O engrama pode ditar todos os vários processos relativos à existência; pode ditar crenças, opiniões, processos de pensamento ou a falta destes e ações de todos os tipos, e pode estabelecer condições extraordinárias pela sua complexidade, bem como pela sua estupidez. Um engrama pode ditar qualquer coisa que ele contenha e os engramas podem conter todas as combinações de palavras na língua inteira. E a mente analítica, perante um comportamento ou convicção irracional, é forçada a justificar os atos e condições do organismo, bem como os seus próprios erros. Este é o pensamento justificativo.
Há, então, três tipos de pensamento de que o organismo é capaz:
Todos nós já vimos alguém cometer um erro e depois dar uma explicação sobre os motivos por que o erro foi cometido. Isto é o pensamento justificativo. O erro foi cometido por um engrama, a menos que tenha ocorrido devido à educação ou ponto de vista. A mente analítica teve, então, de justificar o erro para assegurar que o corpo tinha razão e que as suas computações estavam certas.
Há duas outras condições que podem ser causadas por engramas. Uma é a dramatização e a outra é a valência.
Já viu uma criança a ser impertinente ou a fazer birra. Já viu um humano passar por uma ação de fúria completa. Já viu pessoas passarem por toda uma série de ações irracionais. Estas são dramatizações. Elas surgem quando um engrama está totalmente restimulado, tão restimulado que o seu aspecto de ligação soldada apodera-se do organismo. Poderá entrar ligeiramente ou totalmente em circuito, por outras palavras, há graus de dramatização. Quando está em plena manifestação, o engrama está a repetir o seu conteúdo literalmente e o indivíduo é como um ator, a desempenhar o papel que lhe é ditado como uma marioneta. Uma pessoa pode receber novos engramas que farão com que estes mais antigos assumam uma importância secundária.
A dramatização é conduta de sobrevivência - segundo o modo de pensar tolo da mente reativa - baseada na premissa de que o organismo, numa situação "semelhante", sobreviveu a esta porque essas ações estiveram presentes.
A mulher que foi derrubada e que levou pontapés dramatizaria o seu engrama, possivelmente, fazendo e dizendo exatamente as mesmas coisas que lhe foram feitas e ditas. A sua vítima poderá ser o seu filho ou outra mulher. A vítima poderia ser ou seria a pessoa que lhe deu o engrama, se ela fosse suficientemente forte para vencê-la. Só porque tem este engrama, isso não quer dizer que ela o vá usar. Ela poderá ter centenas de outros engramas que pode usar. Mas quando dramatiza um, é como se o engrama, com a ligação soldada, estivesse a tomar o controle de uma marioneta. Todo o poder analítico que lhe resta poderá ser devotado à alteração do padrão. Deste modo, ela pode fazer uma dramatização semelhante ou idêntica.
Este aspecto da dramatização é estritamente uma sobrevivência com "unhas e dentes". Este é o tipo de coisa que levou observadores a pensar que lutar com "unhas e dentes" era uma regra primária.
O engrama entrou, contornando a racionalidade e os bancos de memória padrão. Agora ele está dentro do organismo, mas este não sabe disso a nível consciente. Este engrama é ativado por uma experiência a nível consciente. Depois pode ser dramatizado. E longe de se tornar mais fraco à medida que é usado, quanto mais um engrama é dramatizado, mais sólido se torna o seu domínio sobre os circuitos. Músculos, nervos, tudo tem de obedecer.
Sobrevivência com "unhas e dentes". As células estavam a assegurar-se disso. E agora chegamos à valência. Em latim, valens quer dizer "poderoso". Esse é um bom termo porque é a segunda metade de ambivalente (poder em duas direções) e existe em qualquer bom dicionário. Esse é um bom termo porque descreve (embora o dicionário não pretendesse isso) a intenção do organismo quando dramatiza um engrama. Multivalência significaria "muitos poderosos". Isto abrangeria os fenômenos da personalidade dividida, as estranhas diferenças de personalidade em pessoas, primeiro numa e depois em outra situação. Valência, em Dianética, significa a personalidade de uma das personagens dramáticas que existem em um engrama.
No caso da mulher que foi derrubada e que levou pontapés, havia duas valências presentes: a dela e a do marido. Se mais uma pessoa tivesse estado presente, contanto que essa pessoa tivesse participado, o engrama teria contido três valências: ela própria, o marido e a terceira pessoa. Em um engrama de um acidente de autocarro, por exemplo, em que dez pessoas falam ou atuam, haveria na pessoa "inconsciente" um engrama contendo onze valências: a pessoa "inconsciente" e as dez que falaram ou atuaram.
No caso da mulher espancada pelo marido, o engrama contêm apenas duas valências. Quem venceu? Aqui está a lei de "unhas e dentes", o aspecto de sobrevivência nos engramas. Quem venceu? O marido. Por isso, é o marido que será dramatizado. Ela não venceu. Ela foi magoada. Ah! Quando esses restimuladores estão presentes, a coisa a fazer é ser o vencedor, o marido, falar como ele, dizer o que ele disse, fazer o que ele fez. Ele sobreviveu. "Sê como ele!" dizem as células.
Assim, quando a mulher é restimulada nesse engrama por alguma ação, digamos, da parte do seu filho, ela dramatiza a valência vencedora. Ela derruba a criança, dá-lhe pontapés, diz-lhe que ele é um fingido, que não presta, que está sempre a mudar de idéias.
Que aconteceria se ela se dramatizasse a si própria? Ela teria de cair, derrubar uma cadeira, desmaiar e acreditar que era uma fingida, que não prestava, que estava sempre a mudar de idéias e teria de sentir a dor de todos os golpes!
"Sê tu mesmo" é um conselho ao qual a mente reativa faz orelhas moucas. Aqui está o esquema. Cada vez que o organismo é punido pela vida, a mente analítica errou, de acordo com a mente reativa. Então a mente reativa retira a mente analítica do circuito, na proporção da quantidade de restimulação presente (perigo), e faz o corpo reagir como se fosse a pessoa que venceu na situação anterior, mas semelhante, em que o organismo foi ferido.
O que aconteceria se a "sociedade" ou o marido ou alguma força exterior dissesse a esta mulher, que está a dramatizar este engrama, que ela tem de encarar a realidade? Isso é impossível. A realidade é igual a ser ela mesma, e ela acaba por ficar ferida. Então e se alguma força exterior quebra a dramatização? Isto é, se a sociedade se opõe à dramatização e se recusa a deixá-la dar pontapés, gritar e berrar? O engrama ainda tem a sua ligação soldada. A mente reativa está a força-la a ser a valência vencedora. Agora ela não pode sê-la. Como punição, a medida que a pessoa desliza para mais perto de ser ela mesma, a mente reativa aproxima-se das condições da outra valência no engrama. Afinal de contas, aquela valência não morreu. A dor dos golpes é ligada e ela pensa que é uma fingida, que não presta e que está sempre a mudar de idéias. Por outras palavras, ela está na valência perdedora. Uma constante quebra da dramatização tornará a pessoa doente, isso é tão certo como haver dias nublados.
Com os engramas, uma pessoa acumula meia centena de valências antes dos dez anos de idade. Quais eram as valências vencedoras? Você vai encontrá-la a usá-las cada vez que um engrama é posto em restimulação. Personalidade múltipla? Duas pessoas? Diga antes entre cinquenta a uma centena. Em Dianética pode-se ver valências a ligar e a desligar nas pessoas e a mudar com uma rapidez que seria impressionante para um ator transformista.
Observe estas complexidades de conduta, de comportamento. Se alguém se pusesse a resolver o problema da aberração por meio de um sistema de catalogar tudo o que observasse, mas desconhecesse a fonte básica, ele acabaria por catalogar tantas insanidades, neuroses, psicoses, compulsões, repressões, obsessões e incapacidades como as combinações de palavras que há em um idioma. A descoberta de fundamentos através da classificação nunca é uma boa pesquisa. E as complexidades ilimitadas que podem provir dos engramas constituem todo o catálogo da conduta humana aberrada (e as experiências mais rigorosas, mais minuciosamente controladas descobriram que estes engramas são capazes destes mesmos comportamentos que listamos aqui).
Há mais algumas coisas básicas e fundamentais que os engramas fazem. Estas serão tratadas sob os respectivos títulos: circuitos parasitas, condensação emocional e doenças psicossomáticas. Com os poucos fundamentos listados aqui, o problema da aberração pode ser resolvido. Estes fundamentos são simples, estes produziram tantas dificuldades como as que os indivíduos e sociedades têm experimentado. As instituições para os insanos, as prisões para os criminosos, o armamento acumulado pelas nações e, sim, até mesmo o pó que foi uma civilização de outrora existem porque estes fundamentos não foram compreendidos.
As células desenvolveram-se até se tornarem em um organismo e durante a evolução criaram o que outrora foi uma condição necessária da mente. O humano cresceu até um tal ponto que agora ele cria os meios de imperar esse erro evolucionário. Um exame do Clear prova que ele já não tem necessidade da mente reativa. Ele agora está numa posição um que pode, por si próprio, dar um passo evolucionário artificial. Foi cnstruída a ponte sobre o abismo.