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Está bastante bem aceito, nos dias de hoje, que todas as formas de vida evoluíram dos elementos construtivos básicos, o vírus e a célula. A sua única relevância para Dianética é que esta proposição funciona - e, na verdade, é somente isso que nós pedimos à Dianética. Não há necessidade de escrevermos aqui um vasto volume sobre biologia e evolução. Podemos acrescentar alguns capítulos a essas matérias, mas Charles Darwin fez um bom trabalho e os princípios fundamentais da evolução podem ser encontrados na sua obra e em outras.
A proposição com que se começou originalmente Dianética foi a evolução. Postulou-se que as próprias células tinham o impulso para sobreviver e que esse impulso era comum à vida. Postulou-se, além disso, que os organismos - indivíduos - eram construídos de células e eram, na verdade, agregados de colônias de células.
O organismo seguiu o mesmo caminho que o seu elemento construtivo. Nos domínios do finito e para qualquer dos nossos propósitos, o ser humano podia ser considerado como um agregado colonial de células e poder-se-ia presumir que o seu propósito era idêntico ao dos seus elementos construtivos.
A célula é uma unidade de vida que está a procurar sobreviver, e apenas sobreviver.
O humano é uma estrutura de células que procuram sobreviver e apenas sobreviver.
A mente humana é o posto de comando de operação e está construída para resolver e apresentar problemas relacionados com a sobrevivência e apenas com a sobrevivência.
A ação de sobrevivência, se ótima, levará à sobrevivência.
O padrão de conduta de sobrevivência ótimo foi formulado e depois examinado em busca de exceções, e não foram encontradas nenhuma exceção.
Descobriu-se que o padrão de conduta de sobrevivência está longe de ser estéril e árido, estando, pelo contrário, repleto de atividade rica e extremamente agradável.
Nenhum desses postulados proscreveu qualquer conceito relativo à alma humana ou divina ou à imaginação criativa. Compreendeu-se perfeitamente que este era um estudo apenas do universo finito e que poderão muito bem existir esferas e reinos de pensamento e ação acima desta esfera finita. Mas também se descobriu que nenhum desses fatores era necessário para resolver todo o problema da aberração e da conduta irracional.
Descobriu-se que a mente humana havia sido injustamente caluniada, pois verificou-se que ela possuía capacidades que excediam em muito as que haviam sido imaginadas, quanto mais testadas, até agora.
Verificou-se que o caráter humano básico havia sido metido a ridículo porque o ser humano não tinha sido capaz de distinguir entre a conduta irracional derivada de dados medíocres e a conduta irracional derivada de outra fonte, muito mais perversa.
Se alguma vez existiu um diabo, ele concebeu a mente reativa.
Este mecanismo funcional conseguiu enterrar-se tão profundamente, que só a filosofia indutiva, viajando regressivamente desde o efeito para a causa, serviu para o desenterrar. O trabalho de detetive investido na localização desse grande criminoso da psique humana ocupou muitos anos. A sua identidade pode agora ser certificada por qualquer técnico em qualquer clínica ou em qualquer grupo de humanos. Duzentos e setenta e três indivíduos foram examinados e tratados, representando todos os vários tipos de doença mental inorgânica e as muitas variedades de doenças psicossomáticas. Em cada um deles, encontrou-se esta mente reativa a operar, com os seus princípios inalterados. Esta é uma longa série de casos e em breve se tornará ainda mais longa.
Toda a gente possui uma mente reativa. Nenhum ser humano examinado, em qualquer parte, foi encontrado sem uma mente reativa ou sem conteúdo aberrativo no seu banco de engramas, o reservatório de dados que serve a mente reativa.
O que faz esta mente? Esta desliga a recordação auditiva. Coloca circuitos vocais na mente. Torna as pessoas surdas à tonalidade do som. Faz as pessoas gaguejarem. Faz toda e qualquer coisa que pode ser encontrada em qualquer lista de doenças mentais: psicoses, neuroses, compulsões, repressões ...
O que pode ela fazer? Pode provocar artrite, bursite, asma, alergias, sinusite, dificuldades coronárias, tensão arterial alta e assim por diante, ao longo de todo um catálogo de doenças psicossomáticas, incluindo mais algumas que nunca foram especificamente classificadas como psicossomáticas, tais como a constipação comum.
Ela é a única coisa no ser humano que pode provocar esses efeitos. É ela que os provoca uniformemente.
Esta é a mente que fez Sócrates pensar que possuía um demônio que lhe dava respostas. Esta é a mente que fez Calígula nomear o seu cavalo para um posto governamental. Esta é a mente que fez César cortar a mão direita de milhares de gauleses, que fez Napoleão reduzir a altura dos franceses em uma polegada.
Esta é a mente que mantém a guerra como uma coisa alarmante, que torna a política irracional, que faz os oficiais superiores rosnarem, que faz as crianças chorarem de medo do escuro. Esta é a mente que faz um humano suprimir as suas esperanças, que mantém as suas apatias, que o torna indeciso quando deve agir e que o mata quando ele mal começou a viver.
Se alguma vez existiu um diabo, ele inventou a mente reativa.
Descarregue o conteúdo do banco desta mente e a artrite desaparece, a miopia melhora, a doença do coração diminui, a asma desaparece, o estômago funciona corretamente e todo o catálogo de males desaparece e não volta mais.
Descarregue o banco de engramas reativo e o esquizofrênico finalmente encara a realidade, o maníaco-depressivo começa a realizar coisas, o neurótico deixa de agarrar-se a livros que lhe dizem como ele precisa das suas neuroses e começa a viver, a mulher para de ralhar com os filhos e o dipsomaníaco pode beber quando quer e parar.
Estes são fatos científicos. Estes comparam-se invariavelmente com a experiência observada.
A mente reativa é toda a fonte de aberração. Pode ser provado, e tem-no sido repetidamente, que não há mais nenhuma fonte, pois quando o banco de engramas é descarregado, todos os sintomas indesejáveis desaparecem e o ser humano começa a operar no seu padrão ótimo.
Se estivéssemos a procurar algo parecido com demônios na mente humana - como aqueles que se observam em alguns doentes internados nos manicômios - seria muito fácil encontrá-los. Só que eles não são demônios. São circuitos de derivação do banco de engramas. Quantas orações e exortações foram usadas contra estes circuitos de derivação!
Se não acreditássemos em demônios, se supuséssemos que, afinal de contas, o ser humano é bom (como um postulado, naturalmente), como poderia o mal entrar dentro dele? Qual seria a fonte destas fúrias insanas? Qual seria a fonte dos seus lapsus linguae? Como viria ele a conhecer o medo irracional?
Porque é que não se gosta do patrão, embora ele tenha sido sempre agradável?
Porque será que os suicidas despedaçam os seus corpos em bocadinhos?
Porque é que o ser humano se comporta de forma destruidora e irracional, fazendo guerras, matando, arruinando seções inteiras da Humanidade?
Qual é a fonte de todas as neuroses, psicoses e insanidades?
Voltemos a um exame breve da mente analítica. Examinemos os seus bancos de memória. Aqui encontramos arquivados todos os conceitos dos sentidos. Ou pelo menos assim parece à primeira vista. Olhemos novamente, olhemos para o fator tempo. Há um sentido de tempo nestes bancos da mente analítica. É muito preciso, como se o organismo estivesse equipado com um relógio de grande qualidade. Mas há aqui alguma coisa errada quanto ao tempo - este tem lacunas! Há momentos em que parece que nada está arquivado nestes bancos padrão. Estas lacunas ocorrem durante momentos de "inconsciência", um estado de ser causado pela anestesia, drogas, ferimento ou choque.
Estes são os únicos dados que faltam no banco padrão. Se examinar a memória de uma operação, em um paciente em transe hipnótico, esses incidentes são os únicos períodos que você não encontrará nos bancos. Poderá encontrá-los se os quiser procurar e não se importar com o que acontece ao seu paciente - mais adiante, voltaremos a falar sobre isto. Mas a questão é que falta algo que sempre foi considerado por todos, em qualquer época, como nunca tendo sido gravado.
Além disso, ninguém, em nenhuma época, foi capaz de localizar a fonte da insanidade. Será que esses dois dados estão em concordância e relacionados entre si? Sem dúvida nenhuma.
Há duas coisas que parecem estar - mas não estão - registradas nos bancos padrão: a emoção dolorosa e a dor física.
Como construiria uma máquina sensível, da qual dependessem as questões de vida e de morte de um organismo, e que seria a principal ferramenta de um indivíduo? Deixaria os seus circuitos delicados à mercê de toda e qualquer sobrecarga ou instalaria um sistema de fusíveis? Se um instrumento delicado está em circuito numa linha de energia, este é protegido por vários conjuntos de fusíveis. Qualquer computador estaria protegido assim.
Acontece que há alguma pequena evidência que apoia a teoria elétrica do sistema nervoso. Na dor, há sobrecargas muito intensas nos nervos. Poderá ser que - e foram feitas, noutro lugar, algumas computações de Dianética a esse respeito - o cérebro seja o amortecedor das sobrecargas de energia resultantes de ferimentos, com a própria energia a ser gerada pelas células feridas na área do ferimento. Essa é uma teoria e não tem qualquer propósito aqui, exceto para servir de exemplo. Agora estamos a lidar somente com fatos científicos.
A ação da mente analítica é suspensa durante um momento de dor intensa. Na verdade, a mente analítica comporta-se exatamente como se fosse um órgão, cujo suprimento vital fosse cortado sempre que ocorresse um choque.
Por exemplo, um humano atropelado por um carro é posto "inconsciente" e, ao recuperar a "consciência", não tem registro do período em que esteve "desmaiado". Esta seria uma circunstância de não-sobrevivência. Isto quer dizer que não haveria qualquer volição da parte de alguém que estivesse ferido, e este é o momento em que o organismo mais necessita de volição. Sendo assim, será contra a sobrevivência se a mente inteira se desligar sempre que surgir dor. Será que um organismo com uma experiência de mais de mil milhões de anos em engenharia biológica deixaria um problema desses por resolver?
Na verdade, o organismo resolveu o problema. Talvez o problema seja, biologicamente, muito difícil e talvez a solução não seja muito boa, mas foram tomadas grandes providências para esses momentos em que o organismo está "inconsciente".
A resposta para o problema de fazer com que o organismo reaja em momentos de "inconsciência" ou quase "inconsciência" é também a resposta para a insanidade, as doenças psicossomáticas e todas as peculiaridades mentais a que as pessoas estão susceptíveis e que dão origem à fábula de que "errar é humano".
Testes clínicos provam que estas afirmações são fatos científicos:
A "inconsciência" é a única fonte de aberração. Não existe nenhuma ação como o "condicionamento mental", exceto em um nível de treino consciente, em que este só existe com o consentimento da pessoa.
Se quiser fazer uma experiência, pegue numa pessoa, faça-a ficar "inconsciente", fira-a e dê-lhe informações. Através da técnica de Dianética, não importa quais sejam as informações que lhe tenha dado, estas podem ser recuperadas. Esta experiência não deve ser feita descuidadamente, porque você também poderá torná-la insana.
Uma forma pálida desta operação pode ser obtida através da hipnose, seja pelas técnicas normais ou por drogas. Ao instalar "sugestões positivas" em um sujeito, pode-se fazer com que ele aja como uma pessoa insana. Esse teste não é novo. É um fato bem conhecido que se pode introduzir compulsões ou repressões na psique desse modo. Os antigos gregos estavam bastante familiarizados com isto e usaram-no para produzir delusões.
Há o que se conhece por "sugestão pós-hipnótica". Uma compreensão dessa pode ajudar a compreender o mecanismo básico da insanidade. As seções não são idênticas em ambas as circunstâncias, mas são suficientemente semelhantes na sua essência.
Um humano é colocado em um transe hipnótico pela técnica hipnótica comum ou com alguma droga hipnótica. O operador poderá então dizer-lhe: "Quando despertar, há algo que deve fazer. Sempre que eu tocar na minha gravata, você tirará o casaco. Quando eu largar a gravata, você vestirá o casaco. Agora, irá esquecer-se de que eu lhe disse para fazer isto".
O sujeito é, então, despertado. Não está conscientemente a par do comando. Se lhe dissessem que ele recebera uma ordem, enquanto "adormecido", ele resistiria à idéia ou encolheria os ombros, mas não saberia. O operador toca, então, na gravata. O sujeito poderá fazer algum comentário sobre estar muito calor e por isso tirar o casaco. Então o operador larga a gravata. O sujeito poderá comentar que ele agora está com frio e voltará a vestir o casaco. O operador toca novamente na gravata. O sujeito poderá dizer que o seu casaco veio do alfaiate e, com muita conversa, finalmente explicará por que motivo o está a tirar, talvez para ver se a costura de trás foi corretamente cosida. O operador volta, então, a gravata e o sujeito dirá que está satisfeito com o alfaiate e vestirá o casaco. O operador poderá tocar na sua gravata muitas vezes e receberá de cada vez uma ação da parte do sujeito.
Finalmente, o sujeito poderá tomar consciência, pelas expressões na cara das pessoas, de que algo está errado. Ele não saberá o que está errado. Ele nem sequer saberá que o toque na gravata é o sinal que o faz tirar o seu casaco. Começará a sentir-se desconfortável. Poderá encontrar defeitos na aparência do operador e começar a criticar a roupa dele. Ainda não sabe que a gravata é o sinal. Ele continuará a reagir e a permanecer na ignorância de que há alguma razão estranha para ele ter de tirar o casaco - tudo o que sabe é que está desconfortável com o seu casaco sempre que a gravata é tocada, e desconfortável sem o casaco sempre que a gravata é largada.
Estas várias ações são muito importantes para uma compreensão da mente reativa. O hipnotismo é uma ferramenta de laboratório. Não é usado de modo algum na terapia de Dianética, mas serviu como um meio de examinar mentes e de obter as suas reações. O hipnotismo é uma variável aleatória. Algumas pessoas podem ser hipnotizadas, muitas não podem. As sugestões hipnóticas às vezes "pegam", outras vezes não. Às vezes curam as pessoas, outras vezes tornam-nas doentes - a mesma sugestão provoca reações diferentes em diferentes pessoas. Um engenheiro sabe como usar uma variável aleatória. Há algo que a torna imprevisível. A descoberta da razão básica de porque é que o hipnotismo era uma variável ajudou a descobrir a fonte da insanidade. Uma compreensão do mecanismo da sugestão pós-hipnótica pode contribuir para uma compreensão da aberração.
Por mais tola que seja uma sugestão dada a um sujeito sob hipnose, ele levá-la-á a cabo de um modo ou de outro. Pode-se dizer-lhe que tire os sapatos, que chame alguém às 10 horas do dia seguinte ou que coma ervilhas ao pequeno-almoço, e ele assim fará. Estas são ordens diretas e ele obedecê-las-á. Pode-se dizer-lhe que os seus chapéus não lhe servem e ele acreditará. Qualquer sugestão funcionará dentro da sua mente, sem o conhecimento dos seus níveis de consciência mais elevados.
Podem ser feitas sugestões muito complexas. Uma delas seria no sentido de que ele será incapaz de pronunciar a palavra "Eu". Ele omiti-la-ia da conversação, usando expedientes extraordinários, sem estar "consciente" de que tinha de evitar a palavra. Ou poder-se-ia dizer-lhe que nunca olhasse para as mãos e ele não o faria. Estas são repressões. Dadas ao sujeito quando ele estava narcotizado ou em um sono hipnótico, essas sugestões operam quando ele está desperto. E continuarão a operar até que sejam liberadas pelo hipnotizador que as operou ou por um auditor que tenha este conhecimento.
Pode-se dizer-lhe que ele tenha um impulso para espirrar cada vez que ouve a palavra "tapete" e que espirrará quando esta palavra for dita. Pode-se dizer-lhe que deve saltar meio metro para o ar cada vez que vir um gato e ele saltará. Ele fará essas coisas depois de ter sido despertado. Estas são compulsões.
Pode-se dizer-lhe que ele terá pensamentos muito sexuais a respeito de uma determinada rapariga, mas que quando os tiver, ele sentirá comichão no nariz. Pode-se dizer-lhe que ele tem um impulso contínuo para se deitar e dormir, e que cada vez que o fizer sentirá que não pode dormir. Ele experimentará essas coisas. Estas são neuroses.
Em outras experiências pode-se dizer-lhe, quando em "sono" hipnótico, que ele é o presidente do país e que agentes dos serviços secretos estão a tentar assassiná-lo. Ou pode-se dizer-lhe que dão-lhe veneno em todos os restaurantes em que ele tentar comer. Estas são psicoses.
Ele pode ser informado de que na realidade é outra pessoa, que possui um iate e se chama "Sir Reginald". Ou pode-se dizer-lhe que ele é um ladrão, que tem um cadastro e que a polícia anda a sua procura. Estas seriam, respectivamente, insanidades esquizofrênicas e esquizofrênicas paranóides.
O operador pode informar o sujeito de que ele, o sujeito, é a pessoa mais maravilhosa do mundo e que toda a gente pensa assim. Ou que ele é o objeto da adoração de todas as mulheres. Esta seria a insanidade do tipo maníaco.
Ele pode ser convencido, enquanto hipnotizado, de que quando despertar, ele sentir-se-á tão mal que não desejará mais nada senão a morte. Esta seria a insanidade do tipo depressivo.
Pode-se dizer-lhe que a única coisa em que ele consegue pensar é em como ele está muito doente e que todas as doenças sobre as quais ele lê, tornam-se suas. Isto fá-lo-ia reagir como um hipocondríaco.
Poderíamos percorrer todo o catálogo das doenças mentais desta maneira e, por meio de engendrar sugestões positivas para criar o estado mental, poderíamos produzir, no sujeito desperto, uma aparência de cada insanidade.
Compreende-se que estas são aparências. São semelhantes a insanidade porque o sujeito agiria como uma pessoa insana. Ele não seria uma pessoa insana. No momento em que a sugestão é libertada - sendo o sujeito informado de que esta era uma sugestão - a aberração (e todas estas insanidades, etc., são agrupadas sob o título de aberração) desaparece teoricamente2.
A duplicação de aberrações de todas as classes e tipos, em sujeitos que foram hipnotizados ou narcotizados, demonstrou que há uma parte da mente que não está em contato com a consciência, mas que contêm dados.
Foi a procura dessa porção da mente que levou à resolução do problema da insanidade, doenças psicossomáticas e outras aberrações. Esta não foi abordada através do hipnotismo e o hipnotismo é apenas mais uma ferramenta, uma ferramenta que não tem qualquer uso na prática de Dianética e que, de fato, nem sequer é necessária.
Temos aqui um indivíduo que está a agir de uma maneira sã, a quem é dada uma sugestão positiva e que então, temporariamente, age de um modo insano. A sua sanidade é restaurada liberando a sugestão para a sua consciência, momento em que esta perde a sua força sobre ele. Isto, porém, é apenas uma aparência do mecanismo envolvido. A insanidade real, uma que não seja introduzida agora por algum hipnotizador, não precisa de emergir na consciência para ser liberada. Há esta e outras diferenças entre o hipnotismo e a fonte real de aberração, mas o hipnotismo é uma demonstração das suas partes funcionais.
Reveja o primeiro exemplo da sugestão positiva. O sujeito estava "inconsciente", isto é, não estava na posse de uma consciência ou de autodeterminismo completo. Deram-lhe algo que ele devia fazer e esse algo estava escondido da sua consciência. O operador fez-lhe um sinal. Quando este sinal ocorreu, o sujeito executou uma ação. O sujeito deu razões para a ação que não eram as verdadeiras. O sujeito começou a achar defeitos no operador e nas roupas dele, mas não viu que era a gravata que dava o sinal para a ação. A sugestão foi liberada e o sujeito deixou de sentir uma compulsão para executar a ação.
Estas são as partes da aberração. Assim que se saiba exatamente quais partes de quais coisas é que são aberrações, todo o problema se torna muito simples. Parece incrível, à primeira vista, que a fonte pudesse ter permanecido tão profundamente oculta durante tantos milênios de pesquisa. Mas, à segunda vista, é espantoso que a fonte tenha sido descoberta, pois ela está bem e astuciosamente escondida.
A "inconsciência" da variedade não-hipnótica é um pouco mais rude. É preciso mais do que alguns passes de mão para provocar a "inconsciência" da variedade produtora de insanidade.
O choque de acidentes, o anestésico usado nas operações, a dor dos ferimentos e os delírios da doença são as principais fontes daquilo a que chamamamos "inconsciência".
O mecanismo, na nossa analogia da mente, é muito simples. Ao entrar uma onda destruidora de dor física ou um veneno penetrante, como o éter, desligam-se alguns ou todos os fusíveis da mente analítica. Quando ela se desliga, também se desliga aquilo que nós conhecemos como os bancos de memória padrão.
Os períodos de "inconsciência" são espaços em branco nos bancos de memória padrão. Esses períodos que faltam compõem aquilo a que Dianética chama o banco da mente reativa.
O tempo em que a mente analítica está em plena operação, mais os momentos em que a mente reativa está em operação são uma linha contínua de registro consecutivo, para o período inteiro da vida.
Durante os períodos em que a mente analítica está total ou parcialmente desligada do circuito, a mente reativa entra total ou parcialmente em ação. Por outras palavras, se a mente analítica está desligada de modo a ficar meio fora do circuito, a mente reativa está meio dentro do circuito. Estas percentagens tão exatas não são realmente possíveis, mas isto é para dar uma idéia aproximada.
Quando o indivíduo está total ou parcialmente "inconsciente", a mente reativa entra total ou parcialmente em atividade. Quando ele está totalmente consciente, a sua mente analítica comanda totalmente o organismo. Quando a consciência do indivíduo está reduzida, a mente reativa entra em circuito nessa mesma proporção.
Os momentos que contêm "inconsciência" no indivíduo são geralmente momentos de contra-sobrevivência. Por isso, é vital que algo assuma o controle, para que o indivíduo possa tomar ações para salvar todo o organismo. O lutador que luta já meio fora de combate, o ser humano queimado que se arrasta para fora do fogo - estes são casos em que a mente reativa é valiosa.
A mente reativa é muito robusta. Tem de sê-lo para conseguir suportar as ondas de dor que põem qualquer outra porção senciente no corpo fora de combate. Não é muito refinada. Mas é terrivelmente exata. Possui uma ordem baixa de capacidade de computação, uma ordem que está abaixo da debilidade mental, mas seria de esperar que uma mente que permanece em circuito quando o corpo está a ser esmagado, ou frito, tivesse uma baixa ordem de capacidade.
O banco reativo não armazena memórias como as conhecemos. Este armazena engramas3. Estes engramas são gravações completas, até aos detalhes mais exatos, de todas as percepções presentes em um momento de "inconsciência" parcial ou total. São tão exatas como qualquer outra gravação no corpo. Mas têm a sua própria força. São como discos fonográficos ou filmes de cinema, se esses contivessem todas as percepções de vista, som, cheiro, gosto, sensação orgânica, etc.
Contudo, a diferença entre um engrama e uma memória é bem distinta. Um engrama pode estar permanentemente ligado a qualquer ou a todos os circuitos do corpo e comporta-se como uma entidade.
Em todos os testes de laboratório feitos a esses engramas, descobriu-se que estes possuem fontes "inesgotáveis" de poder para comandar o corpo. Não importava o número de vezes que um destes fosse reativado em um indivíduo, este continuava a ser poderoso. Na verdade, tornava-se ainda mais capaz de exercer o seu poder, na razão direta da sua reativação.
A única coisa que conseguia sequer abalar esses engramas era a técnica que se tornou a terapia de Dianética, que será tratada na íntegra na terceira parte deste volume.
Eis um exemplo de um engrama: uma mulher é derrubada por um soco. Ela fica "inconsciente". Dão-lhe pontapés e dizem-lhe que ela é uma fingida, que ela não presta, que está sempre a mudar de idéias. Uma cadeira é derrubada durante o incidente. Na cozinha, uma torneira está aberta e a escorrer água. Um carro passa na rua. O engrama contêm uma gravação contínua de todas essas percepções: vista, som, tato, gosto, cheiro, sensação orgânica, sentido cinético, posição das articulações, registro de sede, etc. O engrama consistiria em tudo o que lhe foi dito enquanto ela estava "inconsciente": os tons e a emoção na voz; o som e a sensação do primeiro soco e dos posteriores; o contato com o chão; a sensação e o som da cadeira a cair; a sensação orgânica do soco; talvez o gosto de sangue na boca ou qualquer outro gosto ali presente; o cheiro da pessoa que a atacava; os cheiros na sala; o som do motor e dos pneus do carro que passava, etc.
Tudo isso seria considerado uma coisa semelhante a uma "sugestão positiva". Mas há aqui uma outra coisa que é nova, uma coisa que não está nos bancos padrão, exceto pelo contexto: dor e emoção dolorosa.
São essas coisas que distinguem os bancos padrão dos bancos de engramas reativos: a dor física e a emoção dolorosa. Elas constituem a diferença entre uma memória4 e um engrama, que é a causa da aberração - toda a aberração.
Todos já ouvimos dizer que uma má experiência ajuda a viver e que, sem ela, o ser humano jamais aprende. Isto poderá ser muito, muito verdade. Mas isto não inclui o engrama, este não é experiência, é ação comandada.
Antes de o ser humano possuir um vocabulário extenso talvez esses engramas tivessem uma certa utilidade para ele. Estes contribuíam para a sobrevivência de maneiras que serão mostradas mais adiante. Mas quando o ser humano adquiriu uma linguagem superior e homonímica (com palavras que se pronunciam da mesma forma, mas que têm significados diferentes) e, na verdade, quando ele adquiriu qualquer linguagem, estes engramas tornaram-se mais um risco do que um auxílio. E agora, com o ser humano bastante evoluído, estes engramas não o protegem de nenhuma forma, mas tornam-no louco, ineficiente e enfermo.
A prova de qualquer asserção encontra-se na sua aplicabilidade. Quando esses engramas são apagados do banco da mente reativa, a racionalidade e a eficiência aumentam imensamente, a saúde melhora bastante e o indivíduo computa racionalmente no padrão de conduta de sobrevivência, isto é, ele sente-se feliz consigo próprio e com a companhia daqueles que o rodeiam, e é construtivo e criativo. Ele somente é destrutivo quando algo realmente ameaça a esfera das suas dinâmicas.
Estes engramas, então, têm um valor inteiramente negativo no estágio atual de desenvolvimento humano. Quando estava mais próximo do nível dos seus primos animais (que têm, todos eles, mentes reativas desse mesmo tipo), talvez ele tivesse tido uso para os dados. Mas a linguagem e a alteração da sua existência tornam qualquer engrama em um risco óbvio, e não há nenhum engrama que tenha qualquer valor construtivo.
A mente reativa foi fornecida para assegurar a sobrevivência. Esta ainda finge atuar dessa maneira. Mas agora os seus erros crassos vão somente na direção oposta.
Na realidade, existem três tipos de engramas, todos eles são aberrativos. Primeiro, há o engrama contra-sobrevivência. Este contêm dor física, emoção dolorosa, todas as outras percepções e ameaça ao organismo. Uma criança agredida, deixada inconsciente e abusada por um violador, recebe esse tipo de engrama. O engrama contra-sobrevivência contêm antagonismo aparente ou real para o organismo.
O segundo tipo de engrama é o engrama pró-sobrevivência. Uma criança que foi maltratada está doente. Dizem-lhe, enquanto ela está parcial ou totalmente "inconsciente", que cuidarão dela, que ela é muito amada, etc. Este engrama não é considerado contra-sobrevivência, mas sim pró-sobrevivência. Parece estar a favor da sobrevivência. Dos dois, este último é o mais aberrativo, porque e reforçado pela lei da afinidade, que é sempre mais poderosa do que o medo. O hipnotismo aproveita-se desta característica da mente reativa, por ser uma abordagem compassiva a um sujeito artificialmente inconsciente. O hipnotismo é tão limitado como é porque não contêm, como um fator, a dor física e a emoção dolorosa: coisas que mantêm um engrama fora de vista e ancorado abaixo do nível de "consciência".
O terceiro é o engrama de emoção dolorosa, que é semelhante aos outros engramas. É causado pelo choque de uma perda súbita, tal como a morte de um ente querido.
O banco da mente reativa é composto exclusivamente destes engramas. A mente reativa pensa exclusivamente com estes engramas. "Pensa" com eles de uma maneira que faria Korzybski praguejar, pois ela pensa em termos de identificação completa, isto é, identidades, uma coisa é idêntica a outra.
Se a mente analítica fizesse uma computação sobre maçãs e bichos, ela provavelmente poderia ser formulada da seguinte maneira: algumas maçãs têm bichos, outras não; ao comer uma maçã, encontramos, ocasionalmente, um bicho, a menos que ela tenha sido adequadamente pulverizada; os bichos deixam buracos nas maçãs.
Contudo, a mente reativa, ao fazer uma computação sobre maçãs e bichos, conforme contidos no seu banco de engramas, calcularia como se segue: as maçãs são bichos, são dentadas, são buracos em maçãs, são buracos em qualquer coisa, são maçãs e são sempre bichos, são maçãs, são dentadas, etc.
As computações da mente analítica poderão abranger somatórios de cálculo verdadeiramente espantosos, torceduras manhosas de lógica simbólica, as computações necessárias para a construção de uma ponte ou para fazer um vestido. Qualquer equação matemática alguma vez vista veio da mente analítica e poderá ser usada pela mente analítica na resolução dos problemas mais rotineiros.
Mas não a mente reativa! Essa é tão fantástica e maravilhosamente simples que, em operação, pode dizer-se que tem apenas uma equação: A = A = A = A = A.
Comece qualquer computação com a mente reativa. Comece-a, é claro, com os dados que ela contêm. Qualquer dado é exatamente igual a qualquer outro dado na mesma experiência.
Uma computação analítica feita sobre a mulher que levou pontapés, anteriormente mencionada, seria que as mulheres às vezes metem-se em situações em que levam pontapés e são magoadas, e sabe-se de homens que dão pontapés e magoam mulheres.
Uma computação da mente reativa sobre este engrama, como um engrama, seria: a dor do pontapé é igual à dor do soco, é igual à queda da cadeira, é igual à passagem do carro, é igual à torneira, é igual ao fato de que ela é uma fingida, é igual ao fato de que ela não presta, é igual ao fato de que ela muda de idéias, é igual aos tons de voz do homem, é igual à emoção, é igual a uma fingida, é igual a uma torneira aberta, é igual à dor do pontapé, é igual à sensação orgânica na área do pontapé, é igual à queda da cadeira, é igual a mudar de idéias, é igual ... Mas para quê continuar? Cada percepção neste engrama é igual a todas as outras percepções neste engrama. O quê? Isto é uma loucura? Precisamente!
Examinemos mais um pouco a nossa sugestão positiva pós-hipnótica do tocar na gravata e de tirar o casaco. Nesta temos os fatores visíveis de como a mente reativa funciona.
Esta sugestão pós-hipnótica apenas necessita de uma carga emocional e de dor física para se tornar em um engrama perigoso. Na realidade, esta é uma espécie de engrama. É inserida pela compaixão entre o operador e o sujeito, o que a tornaria um engrama de compaixão: pró-sobrevivência.
Sabemos que o operador apenas tinha de tocar na gravata para fazer com que o sujeito despertado tirasse o seu casaco. O sujeito não sabia o que é que o fazia tirar o casaco e encontrou toda a espécie de explicações para o ato, nenhuma das quais era a correta. O engrama, neste caso a sugestão pós-hipnótica, foi realmente colocado no banco da mente reativa. Estava abaixo do nível de consciência; era uma compulsão que surgia de abaixo do nível de consciência. E agia sobre os músculos para fazer o sujeito tirar o casaco. Eram dados inseridos nos circuitos do corpo, abaixo do nível de comando da mente analítica, e operando não só sobre o corpo, mas também sobre a própria mente analítica.
Se este sujeito tirasse o casaco cada vez que visse alguém tocar numa gravata, a sociedade considerá-lo-ia ligeiramente maluco. E, no entanto, não havia nenhum poder de consentimento em relação a isto. Se ele tivesse tentado contrariar o operador, recusando-se a tirar o casaco, o sujeito teria experimentado um grande desconforto, de um tipo ou de outro.
Tomemos agora um exemplo dos processos da mente reativa em um escalão inferior da vida: um peixe nada para os baixios, onde a água é salobra, amarela e com gosto de ferro. Ele acaba de comer uns quantos camarões quando um peixe maior o ataca e bate contra a sua cauda.
O pequeno peixe consegue escapar, mas foi fisicamente magoado. Tendo um poder analítico insignificante, o peixe depende da reação para grande parte da sua escolha de atividades.
Então, a sua cauda cura-se e ele continua a sua vida. Mas um dia, ele é atacado por um peixe maior e a sua cauda recebe uma pancada. Desta vez, não ficou seriamente ferido, apenas recebeu uma pancada. Mas algo aconteceu. Algo dentro dele acha que ele agora está a ser descuidado na escolha das suas ações. Aqui está um segundo ferimento na mesma área.
A computação do peixe, a nível reativo, foi: baixios é igual a água salobra, é igual a amarelo, é igual ao gosto de ferro, é igual a dor na cauda, é igual a camarão na boca e qualquer um destes é igual a qualquer outro.
A segunda pancada na cauda fez Key-in do engrama. Isto demonstrou ao organismo que uma coisa parecida ao primeiro acidente (pensamento-identidade) poderia voltar a acontecer. Sendo assim, cuidado!
Depois disso, o pequeno peixe nada para água salobra. Isto fá-lo ficar ligeiramente "nervoso". Mas ele continua a nadar e dá por si em águas amarelas e salobras. Ainda assim, ele não volta atrás. Começa a sentir uma leve dor na cauda. Mas continua a nadar. Subitamente sente um gosto de ferro e a dor na cauda liga-se com força. E lá se vai ele como um relâmpago. Não havia peixe algum atrás dele. Havia ali camarões para comer. Mas ele foi-se embora de qualquer modo. Lugar perigoso! E se não tivesse voltado para trás, ele teria realmente apanhado uma dor na cauda.
O mecanismo é uma espécie de atividade de sobrevivência. Em um peixe, este poderá servir um propósito. Mas em um humano que tira o seu casaco cada vez que alguém toca numa gravata, o mecanismo de sobrevivência já ultrapassou há muito o seu tempo. Mas este está lá!
Vamos investigar um pouco mais o nosso jovem e o seu casaco. O sinal para tirar o casaco era muito exato. O operador tocava na gravata. Isto é equivalente a qualquer uma ou a todas as percepções que o peixe recebeu e que o fizeram voltar para trás. O toque da gravata poderia ter sido uma dúzia de coisas. Qualquer uma dessa dúzia de coisas poderia ter dado o sinal para tirar o casaco.
No caso da mulher que foi derrubada e que levou pontapés, qualquer percepção no engrama recebido tem alguma qualidade de restimulação. A água a correr de uma torneira poderá não a ter afetado muito. Mas a água a correr de uma torneira, mais a passagem de um carro poderão ter iniciado uma leve reativação do engrama, um desconforto vago nas áreas em que foi atingida e levou pontapés, não o suficiente para lhe provocar dores reais, mas no entanto algo está ali. À água corrente e à passagem do carro, acrescentamos a queda abrupta de uma cadeira e ela experimenta um choque de pequenas proporções. Acrescentemos agora o cheiro e a voz do homem que lhe deu pontapés e a dor começa a aumentar. O mecanismo está a dizer-lhe que está em um lugar perigoso, que ela deve sair dali. Mas ela não é um peixe; é um ser altamente senciente e tanto quanto sabemos, ela tem a estrutura mental mais complexa desenvolvida na Terra até agora, o organismo da espécie humana. O problema envolve muitos outros fatores além desse único engrama. Ela fica. As dores nas áreas onde foi magoada tornam-se uma predisposição para a doença ou são, elas próprias, doenças crônicas que, no caso deste incidente, são de fato menores, mas mesmo assim são doenças. A sua afinidade pelo homem que a espancou poderá ser tão elevada que o nível analítico, auxiliado por um tom geral normalmente alto, poderá opor-se a essas dores. Mas se esse nível é baixo, sem muito para o ajudar, então as dores podem tornar-se grandes.
O peixe que foi atingido e que recebeu um engrama não renegou os camarões. Depois disso, ele pode estar menos entusiasmado com os camarões, mas o potencial de sobrevivência de comer camarões fez os camarões igualarem-se muito mais ao prazer do que à dor.
Uma vida geralmente agradável e promissora - e não pense que estamos a insinuar que a mulher fica naquele lugar só pela comida, digam os humoristas o que disserem sobre as mulheres - tem um elevado potencial de sobrevivência e isso pode superar uma grande quantidade de dor. Contudo, à medida que o potencial de sobrevivência diminui, há uma maior aproximação do nível de dor (Zona 0 e Zona 1) e um engrama desses pode começar a ser severamente reativado.
Contudo, há aqui outro fator além da dor - na verdade, há vários outros fatores. Se o jovem que tirava o casaco tivesse recebido uma das sugestões positivas neuróticas, como as que estão listadas algumas páginas atrás, ele teria reagido a esta ao receber o sinal.
O engrama que esta mulher recebeu contêm uma sugestão positiva neurótica, além dos restimuladores gerais como a torneira, o carro e a queda da cadeira. Disseram-lhe que ela era uma fingida, que não prestava e que estava sempre a mudar de idéias. Quando o engrama é restimulado numa das muitas maneiras possíveis, ela tem uma "sensação" de que não presta, de que é uma fingida e de que mudará de idéias.
Há vários casos disponíveis que ilustram peculiarmente a tristeza desse fato. Em um caso particular, que foi Clareado, uma mulher fora severamente espancada muitas vezes e de cada vez tinham-lhe dito as mesmas coisas, todas depreciativas. O conteúdo sugeria que ela era muito dissoluta e que coabitaria com qualquer um. Foi-nos trazida pelo pai - desde então, ela já se tinha divorciado - que se queixava de ser ela muito dissoluta e que havia coabitado com vários homens em poucas semanas. Ela própria admitiu que era uma dissoluta, não compreendendo como tal podia acontecer e isso preocupava-a, mas simplesmente "parecia não poder evitá-lo". O exame dos engramas no banco da sua mente reativa trouxe à luz uma longa série de espancamentos com esse conteúdo. Por isto ser uma questão de pesquisa e não de tratamento - embora este lhe fosse dado - entrou-se em contato com o ex-marido dela. Um exame, independente do conhecimento dela, demonstrou que a dramatização da ira dele continha exatamente estas palavras. Ele batera na mulher até a tornar uma mulher dissoluta, porque ele tinha medo de mulher dissoluta.
Em todos os casos examinados nesta pesquisa foram comparados: os engramas do paciente com os engramas do doador. Sempre que possível, examinaram-se os conteúdos dos incidentes, descobrindo-se que estes concordavam uniformemente. Tomaram-se todos os cuidados para evitar qualquer outro método de comunicação entre o doador e o paciente. Tudo o que foi encontrado nos períodos "inconscientes" de cada paciente, verificado em relação a outras fontes, mostrou-se ser exato.
A analogia entre o hipnotismo e a aberração confirma-se facilmente. O hipnotismo implanta, por sugestão positiva, uma ou outra forma de insanidade. Normalmente é uma implantação temporária, mas às vezes, a sugestão hipnótica não se "levanta" ou não é removida de uma maneira desejável para o hipnotizador. O perigo de se fazer experiências com hipnose em pacientes não clareados encontra-se noutro mecanismo da mente reativa.
Quando existe um engrama como o exemplo dado acima, a mulher estava obviamente "inconsciente" na altura em que recebeu o engrama. Ela não tinha nenhuma memória (registro) do incidente no banco padrão, para além de saber que tinha sido derrubada pelo homem. O engrama não era, então, uma experiência tal como compreendemos a palavra. Este podia atuar a partir de baixo para aberrar os processos de pensamento dela, podia causar-lhe dores estranhas - que ela atribuía a outra coisa qualquer - nas áreas feridas. Mas ela não sabia da sua existência.
O key-in foi necessário para ativar o engrama. Mas o que poderia precisamente fazer-lhe key-in? Em alguma altura posterior, quando ela estava cansada, o homem ameaçou espancá-la novamente e chamou-lhe nomes feios. Esta foi uma experiência de nível consciente. Ela achou que esta foi "mentalmente dolorosa" para si. E foi "mentalmente dolorosa", apenas porque havia dor física real, genuína, invisível e subjacente a esta, à qual a experiência consciente tinha feito "key-in". A segunda experiência foi um lock. Era uma memória, mas esta tinha um novo tipo de ação nos bancos padrão. Esta tinha poder de mais e adquiriu esse poder de um golpe físico recebido no passado. A mente reativa não é muito cuidadosa com o seu relógio do tempo. Na verdade, quando um key-in tem início, ela não consegue distinguir um ano de idade dos noventa. O engrama real subiu para debaixo do banco padrão.
Ela pensa que está preocupada com o que ele disse na experiência do lock. Na verdade, ela está preocupada com o engrama. Deste modo, as memórias tornam-se "dolorosas". Mas a dor não é armazenada nos bancos padrão. Nesse banco não há nenhum lugar para a dor. Nenhum. Há um lugar para o conceito da dor e estes conceitos do que é doloroso são mais do que suficientes para manter o organismo humano senciente afastado de toda a dor que ele crê ser realmente perigosa. Em um Clear, não há memórias que induzam a dor, porque já não resta qualquer registro da dor física no banco da mente reativa para arruinar a maquinaria.
O jovem que tirava e vestia o casaco não sabia o que estava a preocupá-lo ou aquilo que o forçava a fazer o que fazia. A pessoa com um engrama não sabe o que é que a está a preocupar. Ela pensa que é o lock e o lock poderá estar muito longe de ser algo que se pareça com o engrama. O lock poderá ter um conteúdo percéptico semelhante. Mas poderá ser sobre um assunto totalmente diferente.
Não é difícil compreender o que estes engramas fazem. São simples momentos de dor física com força suficiente para tirar parte ou toda a maquinaria analítica do circuito; são antagonismo relativamente à sobrevivência do organismo ou uma pretensa compaixão relativamente a sobrevivência do organismo. Essa é a definição completa. Muita ou pouca "inconsciência", dor física, conteúdo percéptico e dados contra-sobrevivência ou pró-sobrevivência. Estes são controlados pela mente reativa, que pensa exclusivamente em identidades de tudo ser igual a tudo. Os engramas impõem os seus comandos ao organismo por meio da aplicação do chicote da dor física. Se o organismo não faz exatamente o que estes dizem (e acredite em qualquer Clear, isso é impossível!), a dor física é ligada. Os engramas conduzem uma pessoa como um domador conduz um tigre - e, no processo, podem transformar um humano em um tigre sem muito esforço, e ainda por cima pegam-lhe a sarna.
Se o ser humano não tivesse inventado a linguagem ou, como será demonstrado, se as suas línguas fossem um pouco menos homonímicas e mais específicas com os seus pronomes pessoais, os engramas continuariam a ser dados de sobrevivência e o mecanismo funcionaria. Mas o ser humano ultrapassou o seu uso. Escolheu entre a linguagem e loucura potencial e, em troca dos grandes benefícios da primeira, recebeu a maldição da segunda.
O engrama é a fonte única e exclusiva da aberração e das doenças psicossomáticas.
Foi examinada uma grande quantidade de dados. Não se encontrou uma só exceção. Nas "pessoas normais", no neurótico e no insano, a remoção total ou parcial desses engramas, sem outra terapia, produziu uniformemente um estado muito superior à norma atual. Não tivemos necessidade de nenhuma outra teoria ou terapia, além das que apresentamos neste livro, para o tratamento de todas as doenças psíquicas ou psicossomáticas.