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Capítulo 8
O Contágio da Aberração


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Dois
A Fonte das Doenças Mentais

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
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O Contágio da Aberração

     A doença é contagiosa. Os germes, viajando de um indivíduo para outro, passeiam através de uma sociedade inteira, sem respeitar ninguém até que são detidos por coisas como a sulfamida ou a penicilina.

     As aberrações são contagiosas. Tal como os germes, estas não respeitam ninguém e prosseguem em frente, de indivíduo para indivíduo, de pais para filhos, sem respeitar ninguém, até que são detidas por Dianética.

     As pessoas de outrora supunham que devia existir insanidade genética, pois podia observar-se que os filhos de pais aberrados muitas vezes também eram aberrados. Existe insanidade genética, mas esta limita-se ao caso em que realmente faltam partes. Uma pequena percentagem da insanidade pertence a essa categoria e a sua manifestação é a obtusidade mental ou falta de coordenação, e, para além disso, estas não têm absolutamente nenhuma qualidade aberrativa (tais pessoas recebem engramas que complicam os seus casos).

     O princípio do contágio da aberração é demasiado simples para que seja tratado aqui com demasiada minúcia. Em Dianética, nós aprendemos que somente os momentos de "inconsciência", breves ou longos e de maior ou menor profundidade, podem conter engramas. Quando uma pessoa fica "inconsciente", as pessoas na sua vizinhança reagem mais ou menos aos comandos dos seus próprios engramas: de fato, a "inconsciência" é normalmente causada pela dramatização de alguém. Um Clear poderia, então, ser posto inconsciente por um aberrado que esteja a dramatizar e a dramatização do engrama desse aberrado entraria no Clear como um engrama.

     As mecânicas são simples. As pessoas sob tensão, se aberradas, dramatizam engramas. Essas dramatizações poderão incluir ferir outra pessoa, pondo-a mais ou menos "inconsciente". A pessoa "inconsciente" depois recebe a dramatização como engrama.

     Essa não é a única maneira de haver contágio da aberração. As pessoas nas mesas de operação, sob anestesia, estão sujeitas à conversa mais ou menos aberrada dos presentes. Essa conversa entra na pessoa "inconsciente" como engrama. De modo similar, no local de um acidente, a natureza de emergência da experiência poderá incitar as pessoas a ter dramatizações e se uma pessoa está "inconsciente" devido ao acidente, ela recebe um engrama.

     Os pais aberrados vão com certeza infectar os seus filhos com engramas. O pai e a mãe, ao dramatizarem os seus próprios engramas perto de crianças doentes ou feridas, transmitem esses engramas tal como se fossem bactérias. Isto não quer dizer que todo o banco reativo de uma criança seja composto apenas pelos engramas dos pais, pois existem muitas influências exteriores ao lar que podem entrar na criança quando ela está "inconsciente". E isto não quer dizer que a criança vá reagir aos mesmos engramas do mesmo modo que qualquer dos progenitores reagiria, pois a criança, afinal de contas, é um indivíduo com uma personalidade inerente, um livre-arbítrio e um padrão de experiência diferente. Mas isto quer dizer que é absolutamente inevitável que os pais aberrados irão, de algum modo, aberrar os seus filhos.

     Os conceitos errôneos e os dados deficientes na cultura de uma sociedade tornam-se engramas, porque nem toda a conduta à volta de uma pessoa "inconsciente" é dramatização. Se uma determinada sociedade acreditasse que comer peixe provoca lepra, seria quase certa que esse dado falso entraria em engramas e, mais cedo ou mais tarde, alguém desenvolveria uma doença semelhante à lepra depois de ter comido peixe.

     As sociedades primitivas, estando sujeitas a ser muito maltratadas pelos elementos, têm muito mais ocasiões em que podem sofrer ferimentos do que as sociedades civilizadas. Além disso, essas sociedades primitivas estão a fervilhar de dados falsos. Ademais, a sua prática de medicina e o tratamento mental está, por si só, em um nível bastante aberrativo. O número de engramas em um primitivo seria espantoso. Retirando-o da sua área restimulativa e ensinando-lhe inglês, ele escaparia à punição de grande parte dos seus dados reativos. Mas no seu ambiente natural, o primitivo só está fora das grades de um manicômio porque a sua tribo não dispõe de manicômios. É uma estimativa segura dizer que os primitivos são muito mais aberrados do que os povos civilizados, e essa estimativa está baseada em mais experiência do que geralmente está disponível para aqueles que baseiam as suas conclusões sobre o "humano moderno" no estudo de raças primitivas. A sua selvajaria, a sua falta de progresso, a incidência de doenças provêm todas dos seus padrões reativos, não das suas personalidades inerentes. Não é provável que comparar um grupo de aberrados com outro grupo de aberrados conduza a muitos dados. E o contágio da aberração, sendo muito maior numa tribo primitiva, e a falsidade dos dados supersticiosos contidos nos engramas dessa tribo levam ambos a uma conclusão que, observada no local, é corroborada pela realidade.

     O contágio da aberração é muito fácil de estudar no processo de clarear qualquer aberrado cujos pais brigavam. A mãe, por exemplo, podia ser relativamente pouco aberrada no começo da vida conjugal. Se for espancada pelo marido que, afinal de contas, está a dramatizar, ela começará a assimilar as aberrações dele como parte do seu próprio padrão reativo. Isto é particularmente observável quando se está a clarear uma pessoa que foi concebida pouco depois ou antes do casamento dos pais. O papá poderá começar com uma certa dramatização que inclui espancar uma esposa. Qualquer coisa que ele diga durante essa dramatização, mais cedo ou mais tarde, começará a afetar a esposa e ela própria poderá - a não ser que seja extraordinariamente bem equilibrada - começar a dramatizar essas coisas. Por fim, quando o filho nascer, ela começará a dramatizar no filho, colocandoo assim em um estado contínuo de restimulação.

     O nascimento é um dos engramas mais extraordinários em termos de contágio. Aqui, a mãe e a criança recebem ambas o mesmo engrama, que difere apenas na localização da dor e na profundidade da "inconsciência". Qualquer coisa que os médicos, as enfermeiras e outras pessoas associadas ao parto digam à mãe durante o parto, o nascimento e imediatamente a seguir, antes de retirarem a criança da sala, é registrada no banco reativo, formando um engrama idêntico tanto na mãe como no filho.

     Este engrama é extraordinariamente destrutivo de várias maneiras. A voz da mãe pode restimular o engrama do nascimento na criança e a presença da criança pode restimular o engrama do parto na mãe. Assim, elas são mutuamente restimulativas. Considerando o fato de que elas também têm todos os outros restimuladores em comum, uma situação posterior na vida pode fazer com que elas sofram simultaneamente do engrama. Se o nascimento incluiu uma janela a bater, uma janela a bater poderá acionar a dramatização do nascimento em ambas, simultaneamente, com as consequentes hostilidades ou apatias.

     Se um médico ficar muito zangado ou desesperado, o tom emocional do nascimento pode ser severo. Se o médico disser alguma coisa, a conversa assume todo o seu significado reativo literal, tanto para a mãe como para a criança.

     Foram Clareados muitos casos em que tanto a mãe como a criança estavam disponíveis. Um desses casos encontrou a mãe (conforme a filha ouviu no processo de clareamento de Dianética) a gemer repetidamente: "Estou tão envergonhada, estou tão envergonhada". A criança tinha uma neurose acerca da vergonha. Quando se Aclarou a mãe, descobriu-se que a mãe dela também gemera no parto: "Estou tão envergonhada, estou tão envergonhada". Pode-se presumir que isto tivesse vindo a ocorrer, por contágio, desde que Quéops construiu o seu túmulo.

     Na esfera mais alargada da sociedade, o contágio da aberração é extremamente perigoso e só pode ser considerado um fator vital que está a minar a saúde dessa sociedade.

     O corpo social comporta-se de modo semelhante a um organismo, visto que há aberrações sociais que existem dentro da sociedade. Esta cresce e poderá desaparecer como um organismo composto de pessoas, em vez de células. Quando o chefe da sociedade inflige dor a qualquer dos seus membros, inicia-se uma fonte de aberração que será contagiosa. As razões contra a punição corporal não são "humanitárias", são práticas. Uma sociedade que pratique qualquer tipo de punição contra qualquer dos seus membros está a levar por diante um contágio de aberração. A sociedade tem um engrama social, do tamanho da sociedade, que diz que a punição é necessária. A punição é aplicada. As cadeias e manicômios enchem-se. Então, um dia, alguma porção da sociedade, deprimida para a Zona 1 pela liberdade de um governo com engramas governamentais, ergue-se e elimina o governo. Forma-se, assim, um novo conjunto de aberrações proveniente da violência que acompanha a destruição. As revoluções violentas nunca são bem-sucedidas, porque elas iniciam este ciclo de aberração.

     Uma sociedade cheia de aberrados poderá achar que é necessário punir. Não tem havido outro remédio além da punição. A provisão de um remédio, pelos membros do grupo, para a conduta anti-social tem um interesse mais do que passageiro para um governo, de modo que este possa dar continuidade às suas próprias práticas corporais; acrescentar esses remédios às aberrações continuadas do passado deprime seriamente o potencial de sobrevivência desse governo e algum dia causará a sua queda. Depois de muitos governos caírem dessa maneira, o seu povo também desaparecerá desta Terra.

     O contágio da aberração nunca é mais visível do que na insanidade social chamada guerra. As guerras nunca resolvem a necessidade de guerras. Lute para salvar o mundo para a democracia ou para o salvar do Confucionismo e essa luta será, inevitavelmente, perdida por todos. No passado, a guerra foi associada à competição, acreditando-se portanto, por uma lógica enganosa, que a guerra era necessária. Uma sociedade que avança para uma guerra como solução dos seus problemas, só conseguirá deprimir o seu próprio potencial de sobrevivência. Nunca se permitiu que um governo entrasse numa guerra sem que isso custasse ao seu povo algumas das suas liberdades. O produto final é a apatia de um sacerdócio dirigente, em que só o mistério e a superstição podem unir os insanos que sobraram de um povo. Isto é demasiado fácil de observar na história do passado, não sendo preciso, portanto, desenvolver mais o assunto. Uma democracia que se envolva numa guerra perde sempre alguns dos seus direitos democráticos. A medida que se envolve em cada vez mais guerras, esta acaba por cair sob o comando de um ditador (governo de um só engrama). O ditador, forçando o seu domínio, aumenta as aberrações através da sua atividade contra as minorias. Iniciam-se revoltas atrás de revoltas. Os sacerdócios florescem. A apatia espreita. E depois da apatia vem a morte. Foi isso que ocorreu com a Grécia e com Roma. Assim sucede com a Inglaterra. É o que se sucede com a Rússia. O mesmo sucede com os Estados Unidos e, com eles, vai a Humanidade.

     O governo pela força é uma violação da lei da afinidade, pois a força gera força. O governo pela força reduz o autodeterminismo dos indivíduos de uma sociedade e, portanto, o autodeterminismo da própria sociedade. O contágio da aberração espalha-se como as chamas numa floresta. Engramas geram engramas. E a menos que a espiral descendente seja interrompida por novas terras e raças mestiças que se escapam aos seus ambientes aberrativos, ou pelo aparecimento de um meio para quebrar o contágio da aberração com o clareamento de indivíduos, uma raça descerá até ao fim do ciclo: a Zona 0.

     Uma raça tem tanta grandeza quanto os seus membros individuais sejam autodeterminados.

     No âmbito mais pequeno da família, tal como nos cenários nacionais, o contágio da aberração produz uma interrupção da sobrevivência ótima.

     Só com autodeterminismo é que se pode construir um computador que dê respostas racionais. Manter a tecla 7 pressionada numa máquina de adição, faz com que ela dê respostas erradas. Introduzir respostas fixas e que não-devem-ser-racionalizadas em qualquer ser humano fará com que ele compute respostas erradas. A sobrevivência depende das respostas certas. Os engramas entram, a partir do mundo exterior, para dentro dos recessos ocultos abaixo do pensamento racional e impedem que se obtenham respostas racionais. Isto é determinismo-exterior. Qualquer interferência no autodeterminismo só pode levar a computações erradas.

     Considerando que o Clear é cooperativo, uma sociedade de Clears cooperaria. Isto poderá ser um sonho idílico, utópico e poderá não vir a ser. Em uma família de Clears observa-se harmonia e cooperação. Um Clear pode reconhecer uma computação superior quando a vê. Ele não precisa de ser agredido, agarrado e levado a obedecer, para fazê-lo pôr ombros a alguma coisa. Se ele for obrigado a obedecer, independentemente do seu pensamento, o seu autodeterminismo é interrompido até um ponto em que ele não consegue obter respostas certas; a sociedade que o mantém penalizou a capacidade dele para pensar e agir racionalmente. O único modo de um Clear poder ser forçado dessa maneira seria dando-lhe engramas ou deixando um neurocirurgião à solta no seu cérebro. Mas um Clear não precisa de ser forçado, pois se o trabalho for suficientemente importante para se fazer em termos de necessidade geral, sem dúvida que ele o fará, de acordo com a sua inteligência e tão bem quanto possível. Nunca se vê o indivíduo forçado a fazer bem um trabalho, tal como nunca se vê uma sociedade forçada a superar uma sociedade livre e igualmente próspera.

     Uma família que funcione segundo o plano do chefe divino, em que alguém deve ser obedecido sem discussão, nunca é uma família feliz. A sua prosperidade poderá estar presente em alguns aspectos materiais, mas a sua sobrevivência aparente como unidade é superficial.

     Os grupos forçados são invariavelmente menos eficientes do que os grupos livres que trabalham para o bem comum. Mas é provável que qualquer grupo, que contenha membros aberrados, se torne inteiramente aberrado como grupo, através do contágio. O esforço para restringir os membros aberrados de um grupo restringe inevitavelmente o grupo como um todo e leva a cada vez mais restrições.

     Clarear um membro de uma família de aberrados raramente é suficiente para resolver os problemas dessa família. Se o marido foi aberrado, ele terá aberrado ou restimulado a mulher e os filhos de um modo ou de outro, mesmo quando não usou qualquer violência física sobre eles. Os pais implantam as suas aberrações mútuas nos filhos e estes, sendo potencialmente unidades autodeterminadas, revoltam-se e agitam as aberrações dos pais. Considerando que muitas dessas aberrações, por contágio, se tornaram mútuas e são mantidas em comum por toda a família, a felicidade desta está severamente minada.

     O castigo corporal das crianças é apenas outra faceta do problema do grupo forçado. Se alguém quiser discutir a necessidade de castigar crianças, ele que examine a fonte do mau comportamento dessas mesmas crianças.

     O menino que é aberrado talvez não tenha os seus engramas totalmente ativados. Talvez tenha de esperar até se casar e ter filhos ou uma mulher grávida, para ter restimuladores suficientes para o tornarem, subitamente, uma dessas coisas a que chamam um "adulto maduro", cego à beleza do mundo e oprimido por todas as suas tristezas. Não obstante, o menino está aberrado e tem muitas dramatizações. Ele está numa situação muito infeliz, pois tem consigo dois dos restimuladores mais poderosos: a mãe e o pai. Estes assumem o poder de o castigar fisicamente. Para ele, os pais são gigantes. Ele é um pigmeu. E ele tem de depender dos pais para ter alimento, roupa e abrigo. Pode-se falar muito eloquentemente sobre as "delusões de infância", até que se conheça o passado engrâmico da maioria das crianças.

     A criança está no ponto de recepção cruel de todas as dramatizações dos pais. Uma criança Clareada é a coisa mais extraordinária que se pode observar: ela é humana! Sem usar mais do que a afinidade, ela pode sair de qualquer apuro. A criança mimada é aquela cujas decisões foram continuamente interrompidas e cuja independência foi roubada. A afeição tem tanto poder para estragar uma criança como um balde de gasolina tem para apagar o sol.

     O começo e o fim da "psicologia infantil" é que uma criança é um ser humano, com direito à sua dignidade e autodeterminismo. O filho de pais aberrados é um problema devido ao contágio da aberração e porque lhe é negado qualquer direito de dramatizar ou replicar. O que é extraordinário não é que as crianças sejam um problema, mas que sejam sãs em qualquer ação. Porque através do contágio, punição e negação do autodeterminismo, tem sido negado às crianças de hoje todas as coisas necessárias para criar uma vida racional. E estas são a família futura e a raça futura.

     Contudo, este trabalho não é uma dissertação sobre crianças nem sobre política, mas sim um capítulo sobre o contágio da aberração. Dianética abrange o pensamento humano e este é um campo amplo. Quando se contempla as potencialidades inerentes ao mecanismo do contágio, o respeito pela estabilidade humana inerente só pode aumentar. Nenhum "animal selvagem", reagindo com "tendências anti-sociais" inerentes, poderia ter construído Nínive ou a Boulder Dam. Trazendo conosco o mecanismo do contágio, como algum Velho do Mar, ainda assim chegamos longe. Agora que o conhecemos, talvez cheguemos realmente às estrelas.