Dianética: A Ciência da Saúde Mental Livro Dois A Fonte das Doenças Mentais L. Ron Hubbard [ponte_liberdade_dianetica.jpg] Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa www.dianetics.org www.dianetica.pt www.dianetica.com.br ****** Sumário ****** 1 A Mente Analítica e os Bancos de Memória Padrão 2 A Mente Reativa 3 A Célula e o Organismo 4 Os "Demônios" 5 Doença Psicossomática 6 A Emoção e as Dinâmicas 7 Experiência Pré-Natal e Nascimento 8 O Contágio da Aberração 9 Key-In do Engrama 10 Dianética Preventiva ****** Capítulo 1 A Mente Analítica e os Bancos de Memória Padrão ****** Este capítulo dá início à busca do erro humano e diz-nos onde este não se encontra. Pode considerar-se que a mente humana tem três divisões principais. Primeiro, existe a mente analítica; segundo, a mente reativa; e terceiro, a mente somática. Considere a mente analítica como uma máquina de computação. Isto é uma analogia, pois a mente analítica, embora se comporte como uma máquina a de computação é, no entanto, fantasticamente mais capaz do que qualquer máquina de computação alguma vez construída e é infinitamente mais complexa. Poderia ser chamada a "mente computacional" ou o "egsusheyftef". Mas para os nossos propósitos, a mente analítica, como nome descritivo, servirá perfeitamente. Esta mente poderá encontrar-se lóbulos pré-frontais - há alguns indícios disso - mas este é um problema estrutural e ninguém percebe realmente de estrutura. Por isso, chamaremos "mente analítica" a esta parte computacional da mente, porque ela analisa dados. O monitor pode ser considerado como parte da mente analítica. O monitor poderia ser chamado o centro de consciência da pessoa. Este, falando de um modo inexato, é a pessoa. Durante milênios, este foi aproximado por vários nomes, cada um deles reduzindo-se ao "Eu". O monitor controla a mente analítica. Não está a controlar porque lhe tenha sido dito que o fizesse, mas apenas porque o faz de forma inerente. Não é um demônio que vive no crânio, nem um homenzinho que vocaliza os pensamentos da pessoa. É o "Eu". Não importa quantas aberrações é que uma pessoa possa ter, o "Eu" é sempre o "Eu". Não importa quão "Clear" uma pessoa se torne, o "Eu" ainda é o "Eu". Às vezes o "Eu" poderá estar submerso em um aberrado, mas está sempre presente. A mente analítica dá várias provas de ser um órgão, mas como nesta era sabemos tão pouco sobre estrutura, o conhecimento estrutural completo da mente analítica deverá vir depois de sabermos o que ela faz. E em Dianética, nós sabemos, pela primeira vez, precisamente o que ela faz. Sabe-se e pode-se provar facilmente que a mente analítica, seja ela um ou vários órgãos do corpo, se comporta tal como se esperaria que uma boa máquina de computação se comportasse. O que é que se quereria numa máquina de computação? A ação da mente analítica - ou analisador - é tudo o que se poderia querer do melhor computador disponível. Esta pode fazer, e faz, todas as proezas de um computador. E acima de tudo, esta dirige a construção de computadores. E está tão certa como qualquer computador alguma vez esteve. A mente analítica não é apenas um bom computador, esta é um computador perfeito. Nunca comete erros. Não pode errar, de modo algum, enquanto um ser humano estiver razoavelmente intacto (a menos que algo lhe tenha tirado uma parte do seu equipamento mental). A mente analítica é incapaz de erro e está tão certa de que é incapaz de erro que resolve tudo com base no fato de que não pode errar. Se uma pessoa diz: "Não consigo somar", ela quer dizer que nunca aprendeu a somar ou que tem uma aberração a respeito de somar. Isto não quer dizer que haja alguma coisa errada com a mente analítica. Embora o ser integral, em um estado aberrado, seja flagrantemente capaz de erro, o mesmo não se pode dizer, no entanto, acerca da mente analítica, pois um computador é apenas tão bom quanto os dados com que opera e nunca será melhor do que isso. A aberração surge, então, da natureza dos dados apresentados a mente analítica como um problema a ser computado. A mente analítica possui os seus bancos de memória padrão. Onde estes estão localizados exatamente em termos de estrutura, mais uma vez, não nos interessa de momento. Para operar, a mente analítica precisa de ter perceptos (dados), memória (dados) e imaginação (dados). Há outro banco de armazenagem de dados e outra parte da mente humana que contêm aberrações, que são a fonte das insanidades. Estes serão completamente tratados mais adiante e não devem ser confundidos com a mente analítica ou com os bancos de memória padrão. Os dados contidos nos bancos de memória padrão, estejam ou não analizados corretamente, estão todos lá. Os vários sentidos recebem informações e estas informações são diretamente arquivadas nos bancos de memória padrão. Estas não passam primeiro através do analisador. São arquivadas e o analisador depois recolhe-as dos bancos padrão. Exitem vários destes bancos padrão e estes poderão ser duplicados dentro de si próprios, de modo que existem vários de cada tipo de banco. A natureza parece ser generosa com estas coisas. Existe um banco, ou um grupo de bancos, para cada percepção. Estes podem ser considerados como estantes de dados arquivados em um sistema de índice cruzado, que faz um agente dos serviços secretos ficar verde de inveja. Cada percepto é arquivado como um conceito. A visão de um carro em movimento, por exemplo, é arquivada no banco de visio com cor e movimento no momento em que ele é visto, indexado com a área em que é visto, indexado com todos os dados sobre carros, indexado com os pensamentos sobre carros e assim sucessivamente, com o arquivo adicional de conclusões (corrente de pensamento) do momento e correntes de pensamento do passado com todas as suas conclusões. O som desse carro é similarmente arquivado, indo dos ouvidos diretamente para o banco de áudio, e indicado de modo a cruzar de tantas maneiras como no exemplo anterior. Todas as outras sensações desse momento também são arquivadas nos seus respectivos bancos. Poderá ser que todo o arquivamento seja feito em um só banco. Seria mais simples se assim fosse. Mas isto não é uma questão de estrutura, mas de atuação mental. Com o tempo alguém descobrirá exatamente como são arquivados. Agora de momento, tudo o que nos interessa é a função de arquivamento. Cada percepto - vista, som, cheiro, toque, gosto, sensação orgânica, dor, ritmo, cinestesia (peso e movimento muscular) e emoção - é correta e cuidadosamente arquivado nos bancos padrão, na íntegra. Não importa quantas aberrações é que uma pessoa fisicamente intacta possua ou se ela pensa que pode ou que não pode conter estes dados ou recordá-los, o arquivo está lá e está completo. Este arquivo começa em um período muito remoto - de que falaremos mais adiante. Depois funciona continuamente, durante toda a existência, esteja o indivíduo adormecido ou desperto, exceto nos momentos de "inconsciência"{1}. A sua capacidade é, aparentemente, infinita. Os números destes conceitos (conceito quer dizer: aquilo que foi retido depois de algo ter sido percepcionado) deixariam o computador de um astrônomo em um estado de choque. A existência e a profusão das recordações retidas foram descobertas e estudadas em um grande número de casos, e estas podem ser examinadas em qualquer pessoa por meio de certos processos. No que respeita à simples ação da percepção, tudo o que está contido nesse banco está correto. Poderá haver erros orgânicos nos órgãos de percepção, como a cegueira ou a surdez (quando físicas e não devidas à aberração), que deixariam espaços em branco nos bancos; e poderá haver defeitos orgânicos, como a surdez orgânica parcial, que deixariam espaços em branco parciais. Estas coisas, porém, não são erros nos bancos de memória padrão; são uma simples ausência de dados. Tal como no computador, os bancos de memória padrão são perfeitos, registrando fiel e fiavelmente. Parte dos bancos padrão é audio-semântica, ou seja, o registro das palavras ouvidas. E parte dos bancos padrão é visio-semântica, ou seja, o registro de palavras lidas. Ambas são partes especiais dos arquivos de som e visão. Um cego que tem de ler com os dedos desenvolve um arquivo táctil-semântico. O conteúdo dos arquivos de linguagem falada é exatamente como se ouviu, sem alteração. Outra parte interessante dos bancos de memória padrão é que eles aparentemente arquivam o original e fornecem cópias exatas ao analisador. Fornecerão tantas cópias exatas quanto as que forem pedidas, sem diminuir o arquivo original real. Cada uma dessas cópias é fornecida em boas condições, com visão de cor-movimento, tom-áudio, etc. A quantidade de material retido nos bancos de memória padrão normais encheria várias bibliotecas. Mas o método de retenção é invariável. E a potencialidade da recordação é perfeita. A fonte primária de erros na computação "racional" vem sob os títulos de dados insuficientes e dados errôneos. O indivíduo, enfrentando diariamente novas situações, nem sempre está na posse de todo o material de que necessita para tomar uma decisão. E poderão ter-lhe dito alguma coisa de "Fonte Segura" que não era verdadeira e para a qual ele, no entanto, não encontrou prova contrária nos bancos. Entre os bancos padrão, que são perfeitos e fiáveis, e o computador, a mente analítica, que é perfeita e fiável, não há qualquer concurso irracional. A resposta está sempre tão correta quanto possível à luz dos dados disponíveis, e isso é tudo o que se pode pedir de um dispositivo de computação ou de um dispositivo de gravação. A mente analítica vai ainda mais longe do que se supõe nos seus esforços para estar certa. Esta verifica e pesa constantemente novas experiências a luz de experiências antigas, forma novas conclusões à luz de conclusões antigas, altera velhas conclusões e geralmente está muito ocupada em estar certa. Pode considerar-se que a mente analítica recebeu das células um posto de confiança sagrada para proteger a colônia, e ela faz tudo o que está ao seu alcance para levar a cabo essa missão. Esta tem os dados corretos, tão corretos quanto possível, e efetua computações corretas com esses dados, tão corretas quanto é possível fazê-las. Quando consideramos o enorme número de fatores com que lidamos, por exemplo, no ato de conduzir um automóvel ao longo de dez quarteirões, podemos avaliar até que ponto e em quantos níveis essa mente analítica pode estar ocupada. Antes de apresentarmos o mau desta fita, a mente reativa, é necessário compreender algo sobre a relação entre a mente analítica e o próprio organismo. A mente analítica, que detém toda a responsabilidade, está longe de não ter autoridade para realizar as suas ações e desejos. Através dos mecanismos do regulador da função vital (que controla todas as funções mecânicas da vida), a mente analítica pode afetar qualquer função do corpo que desejar. Quando em excelentes condições de funcionamento - isto é, quando o organismo não está aberrado - a mente analítica pode influenciar o batimento cardíaco, as glândulas endócrinas (coisas como o cálcio e o açúcar no sangue, a adrenalina, etc.), o fluxo seletivo do sangue (parando-o nos membros ou iniciando-o à vontade), urina, excretos, etc. Todas as funções glandulares, rítmicas e fluidas do corpo podem estar sob o comando da mente analítica. Isso não quer dizer que este seja sempre o caso numa pessoa Clareada. Isso seria muito desconfortável e incômodo. Mas quer dizer que a mente analítica pode efetuar mudanças conforme os seus desejos, quando se capacita para isso. Esta é uma questão de provas laboratoriais, muito fáceis de fazer. Durante muito tempo as pessoas foram intuitivas em relação ao "poder total da mente". Bem, o poder total da mente seria a mente analítica a funcionar com os bancos de memória padrão, o regulador das funções vitais e uma outra coisa adicional. A última coisa e a mais importante é, naturalmente, o organismo. Este está a cargo da mente analítica. E a mente analítica controla-o de maneiras diferentes das funções vitais. Todos os músculos e o resto do organismo podem estar sob o comando total da mente analítica. Para manter a si própria e os seus circuitos livres de bricabraque e de atividades menores, a mente analítica é dotada de um regulador do padrão de treino aprendido. Nisto ela pode introduzir, através da educação, os padrões de estímulo-resposta necessários à execução de tarefas, como falar, andar, tocar piano, etc. Esses padrões aprendidos não são inalteráveis. Por serem selecionados pela mente analítica após pensamento e esforço, raramente é necessário alterá-los; se surgirem novas situações, os músculos são treinados em um novo padrão. Nenhum desses treinos é "condicionamento"; são apenas padrões de treino que o organismo pode usar sem nenhuma atenção de magnitude da parte do analisador. Por este método, pode ser inserido um número incontável desses padrões no organismo. E eles não são a fonte de nenhuma dificuldade, visto que estão arquivados por tempo e situação, e basta um pequeno pensamento para anular os velhos em favor de novos. Todos os músculos, voluntários e "involuntários", podem estar sob o comando da mente analítica. Aqui está, então, o compósito de um ser senciente. Não há qualquer possibilidade de erro para além dos erros resultantes de dados insuficientes e errôneos, porém aceitos (e estes últimos serão usados pelo analisador apenas uma vez, se essa única vez provar que os dados estão errados). Aqui está o reino do prazer, da emoção, da criação, da construção e mesmo da destruição se a computação baseada na solução ótima disser que alguma coisa deve ser destruída. As dinâmicas estão subjacentes às atividades da mente analítica. O impulso para a sobrevivência explica todas as suas ações. O fato de podermos compreender a simplicidade fundamental do mecanismo funcional não quer dizer, contudo, que um humano que só atua desta maneira seja frio ou calculista ou que faça tudo "com unhas e dentes". Quanto mais o ser humano se aproxima deste estado ótimo em um indivíduo ou numa sociedade inteira, mais viva e calorosa será essa sociedade, mais honestos poderão ser os seus estados de espírito e ações. A sanidade depende da racionalidade. Aqui está a racionalidade ótima e, portanto, a sanidade mental ótima. E aqui estão, também, todas as coisas que o ser humano gosta de pensar que o humano deveria ser, aliás, o modo como ele retratou os seus melhores deuses antropomórficos. Isto é o Clear. Isto é sanidade. Isto é felicidade. Isto é sobrevivência. Onde está o erro? ****** Capítulo 2 A Mente Reativa ****** Está bastante bem aceito, nos dias de hoje, que todas as formas de vida evoluíram dos elementos construtivos básicos, o vírus e a célula. A sua única relevância para Dianética é que esta proposição funciona - e, na verdade, é somente isso que nós pedimos à Dianética. Não há necessidade de escrevermos aqui um vasto volume sobre biologia e evolução. Podemos acrescentar alguns capítulos a essas matérias, mas Charles Darwin fez um bom trabalho e os princípios fundamentais da evolução podem ser encontrados na sua obra e em outras. A proposição com que se começou originalmente Dianética foi a evolução. Postulou-se que as próprias células tinham o impulso para sobreviver e que esse impulso era comum à vida. Postulou-se, além disso, que os organismos - indivíduos - eram construídos de células e eram, na verdade, agregados de colônias de células. O organismo seguiu o mesmo caminho que o seu elemento construtivo. Nos domínios do finito e para qualquer dos nossos propósitos, o ser humano podia ser considerado como um agregado colonial de células e poder-se-ia presumir que o seu propósito era idêntico ao dos seus elementos construtivos. A célula é uma unidade de vida que está a procurar sobreviver, e apenas sobreviver. O humano é uma estrutura de células que procuram sobreviver e apenas sobreviver. A mente humana é o posto de comando de operação e está construída para resolver e apresentar problemas relacionados com a sobrevivência e apenas com a sobrevivência. A ação de sobrevivência, se ótima, levará à sobrevivência. O padrão de conduta de sobrevivência ótimo foi formulado e depois examinado em busca de exceções, e não foram encontradas nenhuma exceção. Descobriu-se que o padrão de conduta de sobrevivência está longe de ser estéril e árido, estando, pelo contrário, repleto de atividade rica e extremamente agradável. Nenhum desses postulados proscreveu qualquer conceito relativo à alma humana ou divina ou à imaginação criativa. Compreendeu-se perfeitamente que este era um estudo apenas do universo finito e que poderão muito bem existir esferas e reinos de pensamento e ação acima desta esfera finita. Mas também se descobriu que nenhum desses fatores era necessário para resolver todo o problema da aberração e da conduta irracional. Descobriu-se que a mente humana havia sido injustamente caluniada, pois verificou-se que ela possuía capacidades que excediam em muito as que haviam sido imaginadas, quanto mais testadas, até agora. Verificou-se que o caráter humano básico havia sido metido a ridículo porque o ser humano não tinha sido capaz de distinguir entre a conduta irracional derivada de dados medíocres e a conduta irracional derivada de outra fonte, muito mais perversa. Se alguma vez existiu um diabo, ele concebeu a mente reativa. Este mecanismo funcional conseguiu enterrar-se tão profundamente, que só a filosofia indutiva, viajando regressivamente desde o efeito para a causa, serviu para o desenterrar. O trabalho de detetive investido na localização desse grande criminoso da psique humana ocupou muitos anos. A sua identidade pode agora ser certificada por qualquer técnico em qualquer clínica ou em qualquer grupo de humanos. Duzentos e setenta e três indivíduos foram examinados e tratados, representando todos os vários tipos de doença mental inorgânica e as muitas variedades de doenças psicossomáticas. Em cada um deles, encontrou-se esta mente reativa a operar, com os seus princípios inalterados. Esta é uma longa série de casos e em breve se tornará ainda mais longa. Toda a gente possui uma mente reativa. Nenhum ser humano examinado, em qualquer parte, foi encontrado sem uma mente reativa ou sem conteúdo aberrativo no seu banco de engramas, o reservatório de dados que serve a mente reativa. O que faz esta mente? Esta desliga a recordação auditiva. Coloca circuitos vocais na mente. Torna as pessoas surdas à tonalidade do som. Faz as pessoas gaguejarem. Faz toda e qualquer coisa que pode ser encontrada em qualquer lista de doenças mentais: psicoses, neuroses, compulsões, repressões ... O que pode ela fazer? Pode provocar artrite, bursite, asma, alergias, sinusite, dificuldades coronárias, tensão arterial alta e assim por diante, ao longo de todo um catálogo de doenças psicossomáticas, incluindo mais algumas que nunca foram especificamente classificadas como psicossomáticas, tais como a constipação comum. Ela é a única coisa no ser humano que pode provocar esses efeitos. É ela que os provoca uniformemente. Esta é a mente que fez Sócrates pensar que possuía um demônio que lhe dava respostas. Esta é a mente que fez Calígula nomear o seu cavalo para um posto governamental. Esta é a mente que fez César cortar a mão direita de milhares de gauleses, que fez Napoleão reduzir a altura dos franceses em uma polegada. Esta é a mente que mantém a guerra como uma coisa alarmante, que torna a política irracional, que faz os oficiais superiores rosnarem, que faz as crianças chorarem de medo do escuro. Esta é a mente que faz um humano suprimir as suas esperanças, que mantém as suas apatias, que o torna indeciso quando deve agir e que o mata quando ele mal começou a viver. Se alguma vez existiu um diabo, ele inventou a mente reativa. Descarregue o conteúdo do banco desta mente e a artrite desaparece, a miopia melhora, a doença do coração diminui, a asma desaparece, o estômago funciona corretamente e todo o catálogo de males desaparece e não volta mais. Descarregue o banco de engramas reativo e o esquizofrênico finalmente encara a realidade, o maníaco-depressivo começa a realizar coisas, o neurótico deixa de agarrar-se a livros que lhe dizem como ele precisa das suas neuroses e começa a viver, a mulher para de ralhar com os filhos e o dipsomaníaco pode beber quando quer e parar. Estes são fatos científicos. Estes comparam-se invariavelmente com a experiência observada. A mente reativa é toda a fonte de aberração. Pode ser provado, e tem-no sido repetidamente, que não há mais nenhuma fonte, pois quando o banco de engramas é descarregado, todos os sintomas indesejáveis desaparecem e o ser humano começa a operar no seu padrão ótimo. Se estivéssemos a procurar algo parecido com demônios na mente humana - como aqueles que se observam em alguns doentes internados nos manicômios - seria muito fácil encontrá-los. Só que eles não são demônios. São circuitos de derivação do banco de engramas. Quantas orações e exortações foram usadas contra estes circuitos de derivação! Se não acreditássemos em demônios, se supuséssemos que, afinal de contas, o ser humano é bom (como um postulado, naturalmente), como poderia o mal entrar dentro dele? Qual seria a fonte destas fúrias insanas? Qual seria a fonte dos seus lapsus linguae? Como viria ele a conhecer o medo irracional? Porque é que não se gosta do patrão, embora ele tenha sido sempre agradável? Porque será que os suicidas despedaçam os seus corpos em bocadinhos? Porque é que o ser humano se comporta de forma destruidora e irracional, fazendo guerras, matando, arruinando seções inteiras da Humanidade? Qual é a fonte de todas as neuroses, psicoses e insanidades? Voltemos a um exame breve da mente analítica. Examinemos os seus bancos de memória. Aqui encontramos arquivados todos os conceitos dos sentidos. Ou pelo menos assim parece à primeira vista. Olhemos novamente, olhemos para o fator tempo. Há um sentido de tempo nestes bancos da mente analítica. É muito preciso, como se o organismo estivesse equipado com um relógio de grande qualidade. Mas há aqui alguma coisa errada quanto ao tempo - este tem lacunas! Há momentos em que parece que nada está arquivado nestes bancos padrão. Estas lacunas ocorrem durante momentos de "inconsciência", um estado de ser causado pela anestesia, drogas, ferimento ou choque. Estes são os únicos dados que faltam no banco padrão. Se examinar a memória de uma operação, em um paciente em transe hipnótico, esses incidentes são os únicos períodos que você não encontrará nos bancos. Poderá encontrá-los se os quiser procurar e não se importar com o que acontece ao seu paciente - mais adiante, voltaremos a falar sobre isto. Mas a questão é que falta algo que sempre foi considerado por todos, em qualquer época, como nunca tendo sido gravado. Além disso, ninguém, em nenhuma época, foi capaz de localizar a fonte da insanidade. Será que esses dois dados estão em concordância e relacionados entre si? Sem dúvida nenhuma. Há duas coisas que parecem estar - mas não estão - registradas nos bancos padrão: a emoção dolorosa e a dor física. Como construiria uma máquina sensível, da qual dependessem as questões de vida e de morte de um organismo, e que seria a principal ferramenta de um indivíduo? Deixaria os seus circuitos delicados à mercê de toda e qualquer sobrecarga ou instalaria um sistema de fusíveis? Se um instrumento delicado está em circuito numa linha de energia, este é protegido por vários conjuntos de fusíveis. Qualquer computador estaria protegido assim. Acontece que há alguma pequena evidência que apoia a teoria elétrica do sistema nervoso. Na dor, há sobrecargas muito intensas nos nervos. Poderá ser que - e foram feitas, noutro lugar, algumas computações de Dianética a esse respeito - o cérebro seja o amortecedor das sobrecargas de energia resultantes de ferimentos, com a própria energia a ser gerada pelas células feridas na área do ferimento. Essa é uma teoria e não tem qualquer propósito aqui, exceto para servir de exemplo. Agora estamos a lidar somente com fatos científicos. A ação da mente analítica é suspensa durante um momento de dor intensa. Na verdade, a mente analítica comporta-se exatamente como se fosse um órgão, cujo suprimento vital fosse cortado sempre que ocorresse um choque. Por exemplo, um humano atropelado por um carro é posto "inconsciente" e, ao recuperar a "consciência", não tem registro do período em que esteve "desmaiado". Esta seria uma circunstância de não-sobrevivência. Isto quer dizer que não haveria qualquer volição da parte de alguém que estivesse ferido, e este é o momento em que o organismo mais necessita de volição. Sendo assim, será contra a sobrevivência se a mente inteira se desligar sempre que surgir dor. Será que um organismo com uma experiência de mais de mil milhões de anos em engenharia biológica deixaria um problema desses por resolver? Na verdade, o organismo resolveu o problema. Talvez o problema seja, biologicamente, muito difícil e talvez a solução não seja muito boa, mas foram tomadas grandes providências para esses momentos em que o organismo está "inconsciente". A resposta para o problema de fazer com que o organismo reaja em momentos de "inconsciência" ou quase "inconsciência" é também a resposta para a insanidade, as doenças psicossomáticas e todas as peculiaridades mentais a que as pessoas estão susceptíveis e que dão origem à fábula de que "errar é humano". Testes clínicos provam que estas afirmações são fatos científicos: 1. A mente registra continuamente, em algum nível, durante toda a vida do organismo. 2. Todos os registros de uma vida estão disponíveis. 3. A "inconsciência", em que a mente está alheia aquilo que a cerca, só é possível na morte e não existe como amnésia total na vida. 4. Todas as perturbações mentais e físicas de natureza psíquica têm origem em momentos de "inconsciência". 5. Tais momentos podem ser alcançados e a sua carga drenada, resultando no retorno da mente à sua condição de operação ótima. A "inconsciência" é a única fonte de aberração. Não existe nenhuma ação como o "condicionamento mental", exceto em um nível de treino consciente, em que este só existe com o consentimento da pessoa. Se quiser fazer uma experiência, pegue numa pessoa, faça-a ficar "inconsciente", fira-a e dê-lhe informações. Através da técnica de Dianética, não importa quais sejam as informações que lhe tenha dado, estas podem ser recuperadas. Esta experiência não deve ser feita descuidadamente, porque você também poderá torná-la insana. Uma forma pálida desta operação pode ser obtida através da hipnose, seja pelas técnicas normais ou por drogas. Ao instalar "sugestões positivas" em um sujeito, pode-se fazer com que ele aja como uma pessoa insana. Esse teste não é novo. É um fato bem conhecido que se pode introduzir compulsões ou repressões na psique desse modo. Os antigos gregos estavam bastante familiarizados com isto e usaram-no para produzir delusões. Há o que se conhece por "sugestão pós-hipnótica". Uma compreensão dessa pode ajudar a compreender o mecanismo básico da insanidade. As seções não são idênticas em ambas as circunstâncias, mas são suficientemente semelhantes na sua essência. Um humano é colocado em um transe hipnótico pela técnica hipnótica comum ou com alguma droga hipnótica. O operador poderá então dizer-lhe: "Quando despertar, há algo que deve fazer. Sempre que eu tocar na minha gravata, você tirará o casaco. Quando eu largar a gravata, você vestirá o casaco. Agora, irá esquecer-se de que eu lhe disse para fazer isto". O sujeito é, então, despertado. Não está conscientemente a par do comando. Se lhe dissessem que ele recebera uma ordem, enquanto "adormecido", ele resistiria à idéia ou encolheria os ombros, mas não saberia. O operador toca, então, na gravata. O sujeito poderá fazer algum comentário sobre estar muito calor e por isso tirar o casaco. Então o operador larga a gravata. O sujeito poderá comentar que ele agora está com frio e voltará a vestir o casaco. O operador toca novamente na gravata. O sujeito poderá dizer que o seu casaco veio do alfaiate e, com muita conversa, finalmente explicará por que motivo o está a tirar, talvez para ver se a costura de trás foi corretamente cosida. O operador volta, então, a gravata e o sujeito dirá que está satisfeito com o alfaiate e vestirá o casaco. O operador poderá tocar na sua gravata muitas vezes e receberá de cada vez uma ação da parte do sujeito. Finalmente, o sujeito poderá tomar consciência, pelas expressões na cara das pessoas, de que algo está errado. Ele não saberá o que está errado. Ele nem sequer saberá que o toque na gravata é o sinal que o faz tirar o seu casaco. Começará a sentir-se desconfortável. Poderá encontrar defeitos na aparência do operador e começar a criticar a roupa dele. Ainda não sabe que a gravata é o sinal. Ele continuará a reagir e a permanecer na ignorância de que há alguma razão estranha para ele ter de tirar o casaco - tudo o que sabe é que está desconfortável com o seu casaco sempre que a gravata é tocada, e desconfortável sem o casaco sempre que a gravata é largada. Estas várias ações são muito importantes para uma compreensão da mente reativa. O hipnotismo é uma ferramenta de laboratório. Não é usado de modo algum na terapia de Dianética, mas serviu como um meio de examinar mentes e de obter as suas reações. O hipnotismo é uma variável aleatória. Algumas pessoas podem ser hipnotizadas, muitas não podem. As sugestões hipnóticas às vezes "pegam", outras vezes não. Às vezes curam as pessoas, outras vezes tornam-nas doentes - a mesma sugestão provoca reações diferentes em diferentes pessoas. Um engenheiro sabe como usar uma variável aleatória. Há algo que a torna imprevisível. A descoberta da razão básica de porque é que o hipnotismo era uma variável ajudou a descobrir a fonte da insanidade. Uma compreensão do mecanismo da sugestão pós-hipnótica pode contribuir para uma compreensão da aberração. Por mais tola que seja uma sugestão dada a um sujeito sob hipnose, ele levá-la-á a cabo de um modo ou de outro. Pode-se dizer-lhe que tire os sapatos, que chame alguém às 10 horas do dia seguinte ou que coma ervilhas ao pequeno-almoço, e ele assim fará. Estas são ordens diretas e ele obedecê-las-á. Pode-se dizer-lhe que os seus chapéus não lhe servem e ele acreditará. Qualquer sugestão funcionará dentro da sua mente, sem o conhecimento dos seus níveis de consciência mais elevados. Podem ser feitas sugestões muito complexas. Uma delas seria no sentido de que ele será incapaz de pronunciar a palavra "Eu". Ele omiti-la-ia da conversação, usando expedientes extraordinários, sem estar "consciente" de que tinha de evitar a palavra. Ou poder-se-ia dizer-lhe que nunca olhasse para as mãos e ele não o faria. Estas são repressões. Dadas ao sujeito quando ele estava narcotizado ou em um sono hipnótico, essas sugestões operam quando ele está desperto. E continuarão a operar até que sejam liberadas pelo hipnotizador que as operou ou por um auditor que tenha este conhecimento. Pode-se dizer-lhe que ele tenha um impulso para espirrar cada vez que ouve a palavra "tapete" e que espirrará quando esta palavra for dita. Pode-se dizer-lhe que deve saltar meio metro para o ar cada vez que vir um gato e ele saltará. Ele fará essas coisas depois de ter sido despertado. Estas são compulsões. Pode-se dizer-lhe que ele terá pensamentos muito sexuais a respeito de uma determinada rapariga, mas que quando os tiver, ele sentirá comichão no nariz. Pode-se dizer-lhe que ele tem um impulso contínuo para se deitar e dormir, e que cada vez que o fizer sentirá que não pode dormir. Ele experimentará essas coisas. Estas são neuroses. Em outras experiências pode-se dizer-lhe, quando em "sono" hipnótico, que ele é o presidente do país e que agentes dos serviços secretos estão a tentar assassiná-lo. Ou pode-se dizer-lhe que dão-lhe veneno em todos os restaurantes em que ele tentar comer. Estas são psicoses. Ele pode ser informado de que na realidade é outra pessoa, que possui um iate e se chama "Sir Reginald". Ou pode-se dizer-lhe que ele é um ladrão, que tem um cadastro e que a polícia anda a sua procura. Estas seriam, respectivamente, insanidades esquizofrênicas e esquizofrênicas paranóides. O operador pode informar o sujeito de que ele, o sujeito, é a pessoa mais maravilhosa do mundo e que toda a gente pensa assim. Ou que ele é o objeto da adoração de todas as mulheres. Esta seria a insanidade do tipo maníaco. Ele pode ser convencido, enquanto hipnotizado, de que quando despertar, ele sentir-se-á tão mal que não desejará mais nada senão a morte. Esta seria a insanidade do tipo depressivo. Pode-se dizer-lhe que a única coisa em que ele consegue pensar é em como ele está muito doente e que todas as doenças sobre as quais ele lê, tornam-se suas. Isto fá-lo-ia reagir como um hipocondríaco. Poderíamos percorrer todo o catálogo das doenças mentais desta maneira e, por meio de engendrar sugestões positivas para criar o estado mental, poderíamos produzir, no sujeito desperto, uma aparência de cada insanidade. Compreende-se que estas são aparências. São semelhantes a insanidade porque o sujeito agiria como uma pessoa insana. Ele não seria uma pessoa insana. No momento em que a sugestão é libertada - sendo o sujeito informado de que esta era uma sugestão - a aberração (e todas estas insanidades, etc., são agrupadas sob o título de aberração) desaparece teoricamente{2}. A duplicação de aberrações de todas as classes e tipos, em sujeitos que foram hipnotizados ou narcotizados, demonstrou que há uma parte da mente que não está em contato com a consciência, mas que contêm dados. Foi a procura dessa porção da mente que levou à resolução do problema da insanidade, doenças psicossomáticas e outras aberrações. Esta não foi abordada através do hipnotismo e o hipnotismo é apenas mais uma ferramenta, uma ferramenta que não tem qualquer uso na prática de Dianética e que, de fato, nem sequer é necessária. Temos aqui um indivíduo que está a agir de uma maneira sã, a quem é dada uma sugestão positiva e que então, temporariamente, age de um modo insano. A sua sanidade é restaurada liberando a sugestão para a sua consciência, momento em que esta perde a sua força sobre ele. Isto, porém, é apenas uma aparência do mecanismo envolvido. A insanidade real, uma que não seja introduzida agora por algum hipnotizador, não precisa de emergir na consciência para ser liberada. Há esta e outras diferenças entre o hipnotismo e a fonte real de aberração, mas o hipnotismo é uma demonstração das suas partes funcionais. Reveja o primeiro exemplo da sugestão positiva. O sujeito estava "inconsciente", isto é, não estava na posse de uma consciência ou de autodeterminismo completo. Deram-lhe algo que ele devia fazer e esse algo estava escondido da sua consciência. O operador fez-lhe um sinal. Quando este sinal ocorreu, o sujeito executou uma ação. O sujeito deu razões para a ação que não eram as verdadeiras. O sujeito começou a achar defeitos no operador e nas roupas dele, mas não viu que era a gravata que dava o sinal para a ação. A sugestão foi liberada e o sujeito deixou de sentir uma compulsão para executar a ação. Estas são as partes da aberração. Assim que se saiba exatamente quais partes de quais coisas é que são aberrações, todo o problema se torna muito simples. Parece incrível, à primeira vista, que a fonte pudesse ter permanecido tão profundamente oculta durante tantos milênios de pesquisa. Mas, à segunda vista, é espantoso que a fonte tenha sido descoberta, pois ela está bem e astuciosamente escondida. A "inconsciência" da variedade não-hipnótica é um pouco mais rude. É preciso mais do que alguns passes de mão para provocar a "inconsciência" da variedade produtora de insanidade. O choque de acidentes, o anestésico usado nas operações, a dor dos ferimentos e os delírios da doença são as principais fontes daquilo a que chamamamos "inconsciência". O mecanismo, na nossa analogia da mente, é muito simples. Ao entrar uma onda destruidora de dor física ou um veneno penetrante, como o éter, desligam-se alguns ou todos os fusíveis da mente analítica. Quando ela se desliga, também se desliga aquilo que nós conhecemos como os bancos de memória padrão. Os períodos de "inconsciência" são espaços em branco nos bancos de memória padrão. Esses períodos que faltam compõem aquilo a que Dianética chama o banco da mente reativa. O tempo em que a mente analítica está em plena operação, mais os momentos em que a mente reativa está em operação são uma linha contínua de registro consecutivo, para o período inteiro da vida. Durante os períodos em que a mente analítica está total ou parcialmente desligada do circuito, a mente reativa entra total ou parcialmente em ação. Por outras palavras, se a mente analítica está desligada de modo a ficar meio fora do circuito, a mente reativa está meio dentro do circuito. Estas percentagens tão exatas não são realmente possíveis, mas isto é para dar uma idéia aproximada. Quando o indivíduo está total ou parcialmente "inconsciente", a mente reativa entra total ou parcialmente em atividade. Quando ele está totalmente consciente, a sua mente analítica comanda totalmente o organismo. Quando a consciência do indivíduo está reduzida, a mente reativa entra em circuito nessa mesma proporção. Os momentos que contêm "inconsciência" no indivíduo são geralmente momentos de contra-sobrevivência. Por isso, é vital que algo assuma o controle, para que o indivíduo possa tomar ações para salvar todo o organismo. O lutador que luta já meio fora de combate, o ser humano queimado que se arrasta para fora do fogo - estes são casos em que a mente reativa é valiosa. A mente reativa é muito robusta. Tem de sê-lo para conseguir suportar as ondas de dor que põem qualquer outra porção senciente no corpo fora de combate. Não é muito refinada. Mas é terrivelmente exata. Possui uma ordem baixa de capacidade de computação, uma ordem que está abaixo da debilidade mental, mas seria de esperar que uma mente que permanece em circuito quando o corpo está a ser esmagado, ou frito, tivesse uma baixa ordem de capacidade. O banco reativo não armazena memórias como as conhecemos. Este armazena engramas{3}. Estes engramas são gravações completas, até aos detalhes mais exatos, de todas as percepções presentes em um momento de "inconsciência" parcial ou total. São tão exatas como qualquer outra gravação no corpo. Mas têm a sua própria força. São como discos fonográficos ou filmes de cinema, se esses contivessem todas as percepções de vista, som, cheiro, gosto, sensação orgânica, etc. Contudo, a diferença entre um engrama e uma memória é bem distinta. Um engrama pode estar permanentemente ligado a qualquer ou a todos os circuitos do corpo e comporta-se como uma entidade. Em todos os testes de laboratório feitos a esses engramas, descobriu-se que estes possuem fontes "inesgotáveis" de poder para comandar o corpo. Não importava o número de vezes que um destes fosse reativado em um indivíduo, este continuava a ser poderoso. Na verdade, tornava-se ainda mais capaz de exercer o seu poder, na razão direta da sua reativação. A única coisa que conseguia sequer abalar esses engramas era a técnica que se tornou a terapia de Dianética, que será tratada na íntegra na terceira parte deste volume. Eis um exemplo de um engrama: uma mulher é derrubada por um soco. Ela fica "inconsciente". Dão-lhe pontapés e dizem-lhe que ela é uma fingida, que ela não presta, que está sempre a mudar de idéias. Uma cadeira é derrubada durante o incidente. Na cozinha, uma torneira está aberta e a escorrer água. Um carro passa na rua. O engrama contêm uma gravação contínua de todas essas percepções: vista, som, tato, gosto, cheiro, sensação orgânica, sentido cinético, posição das articulações, registro de sede, etc. O engrama consistiria em tudo o que lhe foi dito enquanto ela estava "inconsciente": os tons e a emoção na voz; o som e a sensação do primeiro soco e dos posteriores; o contato com o chão; a sensação e o som da cadeira a cair; a sensação orgânica do soco; talvez o gosto de sangue na boca ou qualquer outro gosto ali presente; o cheiro da pessoa que a atacava; os cheiros na sala; o som do motor e dos pneus do carro que passava, etc. Tudo isso seria considerado uma coisa semelhante a uma "sugestão positiva". Mas há aqui uma outra coisa que é nova, uma coisa que não está nos bancos padrão, exceto pelo contexto: dor e emoção dolorosa. São essas coisas que distinguem os bancos padrão dos bancos de engramas reativos: a dor física e a emoção dolorosa. Elas constituem a diferença entre uma memória{4} e um engrama, que é a causa da aberração - toda a aberração. Todos já ouvimos dizer que uma má experiência ajuda a viver e que, sem ela, o ser humano jamais aprende. Isto poderá ser muito, muito verdade. Mas isto não inclui o engrama, este não é experiência, é ação comandada. Antes de o ser humano possuir um vocabulário extenso talvez esses engramas tivessem uma certa utilidade para ele. Estes contribuíam para a sobrevivência de maneiras que serão mostradas mais adiante. Mas quando o ser humano adquiriu uma linguagem superior e homonímica (com palavras que se pronunciam da mesma forma, mas que têm significados diferentes) e, na verdade, quando ele adquiriu qualquer linguagem, estes engramas tornaram-se mais um risco do que um auxílio. E agora, com o ser humano bastante evoluído, estes engramas não o protegem de nenhuma forma, mas tornam-no louco, ineficiente e enfermo. A prova de qualquer asserção encontra-se na sua aplicabilidade. Quando esses engramas são apagados do banco da mente reativa, a racionalidade e a eficiência aumentam imensamente, a saúde melhora bastante e o indivíduo computa racionalmente no padrão de conduta de sobrevivência, isto é, ele sente-se feliz consigo próprio e com a companhia daqueles que o rodeiam, e é construtivo e criativo. Ele somente é destrutivo quando algo realmente ameaça a esfera das suas dinâmicas. Estes engramas, então, têm um valor inteiramente negativo no estágio atual de desenvolvimento humano. Quando estava mais próximo do nível dos seus primos animais (que têm, todos eles, mentes reativas desse mesmo tipo), talvez ele tivesse tido uso para os dados. Mas a linguagem e a alteração da sua existência tornam qualquer engrama em um risco óbvio, e não há nenhum engrama que tenha qualquer valor construtivo. A mente reativa foi fornecida para assegurar a sobrevivência. Esta ainda finge atuar dessa maneira. Mas agora os seus erros crassos vão somente na direção oposta. Na realidade, existem três tipos de engramas, todos eles são aberrativos. Primeiro, há o engrama contra-sobrevivência. Este contêm dor física, emoção dolorosa, todas as outras percepções e ameaça ao organismo. Uma criança agredida, deixada inconsciente e abusada por um violador, recebe esse tipo de engrama. O engrama contra-sobrevivência contêm antagonismo aparente ou real para o organismo. O segundo tipo de engrama é o engrama pró-sobrevivência. Uma criança que foi maltratada está doente. Dizem-lhe, enquanto ela está parcial ou totalmente "inconsciente", que cuidarão dela, que ela é muito amada, etc. Este engrama não é considerado contra-sobrevivência, mas sim pró-sobrevivência. Parece estar a favor da sobrevivência. Dos dois, este último é o mais aberrativo, porque e reforçado pela lei da afinidade, que é sempre mais poderosa do que o medo. O hipnotismo aproveita-se desta característica da mente reativa, por ser uma abordagem compassiva a um sujeito artificialmente inconsciente. O hipnotismo é tão limitado como é porque não contêm, como um fator, a dor física e a emoção dolorosa: coisas que mantêm um engrama fora de vista e ancorado abaixo do nível de "consciência". O terceiro é o engrama de emoção dolorosa, que é semelhante aos outros engramas. É causado pelo choque de uma perda súbita, tal como a morte de um ente querido. O banco da mente reativa é composto exclusivamente destes engramas. A mente reativa pensa exclusivamente com estes engramas. "Pensa" com eles de uma maneira que faria Korzybski praguejar, pois ela pensa em termos de identificação completa, isto é, identidades, uma coisa é idêntica a outra. Se a mente analítica fizesse uma computação sobre maçãs e bichos, ela provavelmente poderia ser formulada da seguinte maneira: algumas maçãs têm bichos, outras não; ao comer uma maçã, encontramos, ocasionalmente, um bicho, a menos que ela tenha sido adequadamente pulverizada; os bichos deixam buracos nas maçãs. Contudo, a mente reativa, ao fazer uma computação sobre maçãs e bichos, conforme contidos no seu banco de engramas, calcularia como se segue: as maçãs são bichos, são dentadas, são buracos em maçãs, são buracos em qualquer coisa, são maçãs e são sempre bichos, são maçãs, são dentadas, etc. As computações da mente analítica poderão abranger somatórios de cálculo verdadeiramente espantosos, torceduras manhosas de lógica simbólica, as computações necessárias para a construção de uma ponte ou para fazer um vestido. Qualquer equação matemática alguma vez vista veio da mente analítica e poderá ser usada pela mente analítica na resolução dos problemas mais rotineiros. Mas não a mente reativa! Essa é tão fantástica e maravilhosamente simples que, em operação, pode dizer-se que tem apenas uma equação: A = A = A = A = A. Comece qualquer computação com a mente reativa. Comece-a, é claro, com os dados que ela contêm. Qualquer dado é exatamente igual a qualquer outro dado na mesma experiência. Uma computação analítica feita sobre a mulher que levou pontapés, anteriormente mencionada, seria que as mulheres às vezes metem-se em situações em que levam pontapés e são magoadas, e sabe-se de homens que dão pontapés e magoam mulheres. Uma computação da mente reativa sobre este engrama, como um engrama, seria: a dor do pontapé é igual à dor do soco, é igual à queda da cadeira, é igual à passagem do carro, é igual à torneira, é igual ao fato de que ela é uma fingida, é igual ao fato de que ela não presta, é igual ao fato de que ela muda de idéias, é igual aos tons de voz do homem, é igual à emoção, é igual a uma fingida, é igual a uma torneira aberta, é igual à dor do pontapé, é igual à sensação orgânica na área do pontapé, é igual à queda da cadeira, é igual a mudar de idéias, é igual ... Mas para quê continuar? Cada percepção neste engrama é igual a todas as outras percepções neste engrama. O quê? Isto é uma loucura? Precisamente! Examinemos mais um pouco a nossa sugestão positiva pós-hipnótica do tocar na gravata e de tirar o casaco. Nesta temos os fatores visíveis de como a mente reativa funciona. Esta sugestão pós-hipnótica apenas necessita de uma carga emocional e de dor física para se tornar em um engrama perigoso. Na realidade, esta é uma espécie de engrama. É inserida pela compaixão entre o operador e o sujeito, o que a tornaria um engrama de compaixão: pró-sobrevivência. Sabemos que o operador apenas tinha de tocar na gravata para fazer com que o sujeito despertado tirasse o seu casaco. O sujeito não sabia o que é que o fazia tirar o casaco e encontrou toda a espécie de explicações para o ato, nenhuma das quais era a correta. O engrama, neste caso a sugestão pós-hipnótica, foi realmente colocado no banco da mente reativa. Estava abaixo do nível de consciência; era uma compulsão que surgia de abaixo do nível de consciência. E agia sobre os músculos para fazer o sujeito tirar o casaco. Eram dados inseridos nos circuitos do corpo, abaixo do nível de comando da mente analítica, e operando não só sobre o corpo, mas também sobre a própria mente analítica. Se este sujeito tirasse o casaco cada vez que visse alguém tocar numa gravata, a sociedade considerá-lo-ia ligeiramente maluco. E, no entanto, não havia nenhum poder de consentimento em relação a isto. Se ele tivesse tentado contrariar o operador, recusando-se a tirar o casaco, o sujeito teria experimentado um grande desconforto, de um tipo ou de outro. Tomemos agora um exemplo dos processos da mente reativa em um escalão inferior da vida: um peixe nada para os baixios, onde a água é salobra, amarela e com gosto de ferro. Ele acaba de comer uns quantos camarões quando um peixe maior o ataca e bate contra a sua cauda. O pequeno peixe consegue escapar, mas foi fisicamente magoado. Tendo um poder analítico insignificante, o peixe depende da reação para grande parte da sua escolha de atividades. Então, a sua cauda cura-se e ele continua a sua vida. Mas um dia, ele é atacado por um peixe maior e a sua cauda recebe uma pancada. Desta vez, não ficou seriamente ferido, apenas recebeu uma pancada. Mas algo aconteceu. Algo dentro dele acha que ele agora está a ser descuidado na escolha das suas ações. Aqui está um segundo ferimento na mesma área. A computação do peixe, a nível reativo, foi: baixios é igual a água salobra, é igual a amarelo, é igual ao gosto de ferro, é igual a dor na cauda, é igual a camarão na boca e qualquer um destes é igual a qualquer outro. A segunda pancada na cauda fez Key-in do engrama. Isto demonstrou ao organismo que uma coisa parecida ao primeiro acidente (pensamento-identidade) poderia voltar a acontecer. Sendo assim, cuidado! Depois disso, o pequeno peixe nada para água salobra. Isto fá-lo ficar ligeiramente "nervoso". Mas ele continua a nadar e dá por si em águas amarelas e salobras. Ainda assim, ele não volta atrás. Começa a sentir uma leve dor na cauda. Mas continua a nadar. Subitamente sente um gosto de ferro e a dor na cauda liga-se com força. E lá se vai ele como um relâmpago. Não havia peixe algum atrás dele. Havia ali camarões para comer. Mas ele foi-se embora de qualquer modo. Lugar perigoso! E se não tivesse voltado para trás, ele teria realmente apanhado uma dor na cauda. O mecanismo é uma espécie de atividade de sobrevivência. Em um peixe, este poderá servir um propósito. Mas em um humano que tira o seu casaco cada vez que alguém toca numa gravata, o mecanismo de sobrevivência já ultrapassou há muito o seu tempo. Mas este está lá! Vamos investigar um pouco mais o nosso jovem e o seu casaco. O sinal para tirar o casaco era muito exato. O operador tocava na gravata. Isto é equivalente a qualquer uma ou a todas as percepções que o peixe recebeu e que o fizeram voltar para trás. O toque da gravata poderia ter sido uma dúzia de coisas. Qualquer uma dessa dúzia de coisas poderia ter dado o sinal para tirar o casaco. No caso da mulher que foi derrubada e que levou pontapés, qualquer percepção no engrama recebido tem alguma qualidade de restimulação. A água a correr de uma torneira poderá não a ter afetado muito. Mas a água a correr de uma torneira, mais a passagem de um carro poderão ter iniciado uma leve reativação do engrama, um desconforto vago nas áreas em que foi atingida e levou pontapés, não o suficiente para lhe provocar dores reais, mas no entanto algo está ali. À água corrente e à passagem do carro, acrescentamos a queda abrupta de uma cadeira e ela experimenta um choque de pequenas proporções. Acrescentemos agora o cheiro e a voz do homem que lhe deu pontapés e a dor começa a aumentar. O mecanismo está a dizer-lhe que está em um lugar perigoso, que ela deve sair dali. Mas ela não é um peixe; é um ser altamente senciente e tanto quanto sabemos, ela tem a estrutura mental mais complexa desenvolvida na Terra até agora, o organismo da espécie humana. O problema envolve muitos outros fatores além desse único engrama. Ela fica. As dores nas áreas onde foi magoada tornam-se uma predisposição para a doença ou são, elas próprias, doenças crônicas que, no caso deste incidente, são de fato menores, mas mesmo assim são doenças. A sua afinidade pelo homem que a espancou poderá ser tão elevada que o nível analítico, auxiliado por um tom geral normalmente alto, poderá opor-se a essas dores. Mas se esse nível é baixo, sem muito para o ajudar, então as dores podem tornar-se grandes. O peixe que foi atingido e que recebeu um engrama não renegou os camarões. Depois disso, ele pode estar menos entusiasmado com os camarões, mas o potencial de sobrevivência de comer camarões fez os camarões igualarem-se muito mais ao prazer do que à dor. Uma vida geralmente agradável e promissora - e não pense que estamos a insinuar que a mulher fica naquele lugar só pela comida, digam os humoristas o que disserem sobre as mulheres - tem um elevado potencial de sobrevivência e isso pode superar uma grande quantidade de dor. Contudo, à medida que o potencial de sobrevivência diminui, há uma maior aproximação do nível de dor (Zona 0 e Zona 1) e um engrama desses pode começar a ser severamente reativado. Contudo, há aqui outro fator além da dor - na verdade, há vários outros fatores. Se o jovem que tirava o casaco tivesse recebido uma das sugestões positivas neuróticas, como as que estão listadas algumas páginas atrás, ele teria reagido a esta ao receber o sinal. O engrama que esta mulher recebeu contêm uma sugestão positiva neurótica, além dos restimuladores gerais como a torneira, o carro e a queda da cadeira. Disseram-lhe que ela era uma fingida, que não prestava e que estava sempre a mudar de idéias. Quando o engrama é restimulado numa das muitas maneiras possíveis, ela tem uma "sensação" de que não presta, de que é uma fingida e de que mudará de idéias. Há vários casos disponíveis que ilustram peculiarmente a tristeza desse fato. Em um caso particular, que foi Clareado, uma mulher fora severamente espancada muitas vezes e de cada vez tinham-lhe dito as mesmas coisas, todas depreciativas. O conteúdo sugeria que ela era muito dissoluta e que coabitaria com qualquer um. Foi-nos trazida pelo pai - desde então, ela já se tinha divorciado - que se queixava de ser ela muito dissoluta e que havia coabitado com vários homens em poucas semanas. Ela própria admitiu que era uma dissoluta, não compreendendo como tal podia acontecer e isso preocupava-a, mas simplesmente "parecia não poder evitá-lo". O exame dos engramas no banco da sua mente reativa trouxe à luz uma longa série de espancamentos com esse conteúdo. Por isto ser uma questão de pesquisa e não de tratamento - embora este lhe fosse dado - entrou-se em contato com o ex-marido dela. Um exame, independente do conhecimento dela, demonstrou que a dramatização da ira dele continha exatamente estas palavras. Ele batera na mulher até a tornar uma mulher dissoluta, porque ele tinha medo de mulher dissoluta. Em todos os casos examinados nesta pesquisa foram comparados: os engramas do paciente com os engramas do doador. Sempre que possível, examinaram-se os conteúdos dos incidentes, descobrindo-se que estes concordavam uniformemente. Tomaram-se todos os cuidados para evitar qualquer outro método de comunicação entre o doador e o paciente. Tudo o que foi encontrado nos períodos "inconscientes" de cada paciente, verificado em relação a outras fontes, mostrou-se ser exato. A analogia entre o hipnotismo e a aberração confirma-se facilmente. O hipnotismo implanta, por sugestão positiva, uma ou outra forma de insanidade. Normalmente é uma implantação temporária, mas às vezes, a sugestão hipnótica não se "levanta" ou não é removida de uma maneira desejável para o hipnotizador. O perigo de se fazer experiências com hipnose em pacientes não clareados encontra-se noutro mecanismo da mente reativa. Quando existe um engrama como o exemplo dado acima, a mulher estava obviamente "inconsciente" na altura em que recebeu o engrama. Ela não tinha nenhuma memória (registro) do incidente no banco padrão, para além de saber que tinha sido derrubada pelo homem. O engrama não era, então, uma experiência tal como compreendemos a palavra. Este podia atuar a partir de baixo para aberrar os processos de pensamento dela, podia causar-lhe dores estranhas - que ela atribuía a outra coisa qualquer - nas áreas feridas. Mas ela não sabia da sua existência. O key-in foi necessário para ativar o engrama. Mas o que poderia precisamente fazer-lhe key-in? Em alguma altura posterior, quando ela estava cansada, o homem ameaçou espancá-la novamente e chamou-lhe nomes feios. Esta foi uma experiência de nível consciente. Ela achou que esta foi "mentalmente dolorosa" para si. E foi "mentalmente dolorosa", apenas porque havia dor física real, genuína, invisível e subjacente a esta, à qual a experiência consciente tinha feito "key-in". A segunda experiência foi um lock. Era uma memória, mas esta tinha um novo tipo de ação nos bancos padrão. Esta tinha poder de mais e adquiriu esse poder de um golpe físico recebido no passado. A mente reativa não é muito cuidadosa com o seu relógio do tempo. Na verdade, quando um key-in tem início, ela não consegue distinguir um ano de idade dos noventa. O engrama real subiu para debaixo do banco padrão. Ela pensa que está preocupada com o que ele disse na experiência do lock. Na verdade, ela está preocupada com o engrama. Deste modo, as memórias tornam-se "dolorosas". Mas a dor não é armazenada nos bancos padrão. Nesse banco não há nenhum lugar para a dor. Nenhum. Há um lugar para o conceito da dor e estes conceitos do que é doloroso são mais do que suficientes para manter o organismo humano senciente afastado de toda a dor que ele crê ser realmente perigosa. Em um Clear, não há memórias que induzam a dor, porque já não resta qualquer registro da dor física no banco da mente reativa para arruinar a maquinaria. O jovem que tirava e vestia o casaco não sabia o que estava a preocupá-lo ou aquilo que o forçava a fazer o que fazia. A pessoa com um engrama não sabe o que é que a está a preocupar. Ela pensa que é o lock e o lock poderá estar muito longe de ser algo que se pareça com o engrama. O lock poderá ter um conteúdo percéptico semelhante. Mas poderá ser sobre um assunto totalmente diferente. Não é difícil compreender o que estes engramas fazem. São simples momentos de dor física com força suficiente para tirar parte ou toda a maquinaria analítica do circuito; são antagonismo relativamente à sobrevivência do organismo ou uma pretensa compaixão relativamente a sobrevivência do organismo. Essa é a definição completa. Muita ou pouca "inconsciência", dor física, conteúdo percéptico e dados contra-sobrevivência ou pró-sobrevivência. Estes são controlados pela mente reativa, que pensa exclusivamente em identidades de tudo ser igual a tudo. Os engramas impõem os seus comandos ao organismo por meio da aplicação do chicote da dor física. Se o organismo não faz exatamente o que estes dizem (e acredite em qualquer Clear, isso é impossível!), a dor física é ligada. Os engramas conduzem uma pessoa como um domador conduz um tigre - e, no processo, podem transformar um humano em um tigre sem muito esforço, e ainda por cima pegam-lhe a sarna. Se o ser humano não tivesse inventado a linguagem ou, como será demonstrado, se as suas línguas fossem um pouco menos homonímicas e mais específicas com os seus pronomes pessoais, os engramas continuariam a ser dados de sobrevivência e o mecanismo funcionaria. Mas o ser humano ultrapassou o seu uso. Escolheu entre a linguagem e loucura potencial e, em troca dos grandes benefícios da primeira, recebeu a maldição da segunda. O engrama é a fonte única e exclusiva da aberração e das doenças psicossomáticas. Foi examinada uma grande quantidade de dados. Não se encontrou uma só exceção. Nas "pessoas normais", no neurótico e no insano, a remoção total ou parcial desses engramas, sem outra terapia, produziu uniformemente um estado muito superior à norma atual. Não tivemos necessidade de nenhuma outra teoria ou terapia, além das que apresentamos neste livro, para o tratamento de todas as doenças psíquicas ou psicossomáticas. ****** Capítulo 3 A Célula e o Organismo ****** A razão pela qual o engrama permaneceu oculto por tanto tempo, como a única fonte de aberração e de doenças psicossomáticas, vem das manifestações amplas e quase infinitamente complexas que podem derivar de engramas simples. Poder-se-iam postular várias teorias sobre os motivos por que a mente humana se desenvolveu exatamente como o fez, mas não passariam de teorias e Dianética não se ocupa da estrutura. Como estímulo a futuros trabalhadores nesse campo, poderíamos fazer, exclusivamente como postulado, um ou dois comentários quanto à existência de uma ligação clara entre qualquer energia do tipo elétrico ao corpo e a efusão de energia das células que sofrem ferimentos. Podia-se construir uma teoria tomando-se por base que as células feridas, ao ferir também as suas vizinhas com uma descarga de energia do tipo elétrico, forçaram o desenvolvimento de uma célula especial que agiria como conduta para "sangrar" esta carga dolorosa. As condutas de células poderão ter-se transformado em neurônios e a carga poderá ter sido mais bem distribuída pelo corpo, com menos possibilidade de causar incapacidade local no ponto de impacto do ferimento. Essas condutas - os neurônios - poderão ter começado a ser formadas através de impactos na extremidade do corpo que está mais próxima da direção de locomoção. Isto faria do crânio a maior massa de neurônios. O humano, caminhando erecto, poderá ter tido outro novo ponto de impacto, a testa, e assim obteve os lóbulos pré-frontais. E talvez não. Isto é apenas uma teoria, que se apoia apenas em alguns dados de valor científico. Esta ainda não foi submetida a qualquer tipo de experiência. Contudo, isto tem de ser apresentado como uma teoria sobre estrutura. A célula é um dos elementos construtivos básicos do corpo. As células, para sobreviverem melhor, parecem ter-se tornado colônias que, por sua vez, tinham o interesse primário: a sobrevivência. E as colônias desenvolveram-se ou angariaram mais membros em agregados que, por sua vez, eram organismos, também com o único propósito de sobrevivência. E os organismos desenvolveram mentes para coordenar os músculos e resolver os problemas de sobrevivência. Isto também é só teoria e mesmo que tenha sido a linha de raciocínio que levou à Dianética, ela pode estar totalmente errada. Esta funciona. Esta teoria pode ser retirada de Dianética e Dianética continuará a ser uma ciência e continuará a funcionar. O conceito do cérebro eletrônico não foi vital mas apenas útil para Dianética e também poderia ser retirado - Dianética continuaria a manter-se válida. Uma ciência é um assunto mutável, no que diz respeito às suas teorias internas. Em Dianética, introduzimos a nossa cunha numa área de pesquisa enorme. No ponto em que Dianética se encontra, ela funciona, sempre e sem exceção. As razões por que funciona serão indubitavelmente ponderadas e alteradas aqui e ali, para o seu aperfeiçoamento - se assim não for, uma fé constante nesta geração de cientistas e nas gerações futuras não terá sido justificada. À medida que prosseguimos tornar-se-á evidente a razão por que falamos sobre células. A razão por que sabemos que os antigos conceitos de estrutura não estão corretos é que estes não resultam como função. Todos os nossos fatos são funcionais e científicos, total e completamente apoiados por provas de laboratório. A função precede a estrutura. A matemática de James Clerk Maxwell foi postulada e a eletricidade foi ampla e beneficamente usada, muito antes de alguém ter qualquer idéia real sobre a estrutura do átomo. A função vem sempre antes da estrutura. A surpreendente falta de progresso no campo da mente humana, durante os últimos milênios, é parcialmente atribuível ao fato de o seu "órgão de pensamento" se encontrar em um campo, a medicina, que foi e que poderá continuar a ser por muito tempo uma arte, não uma ciência. Será necessária uma filosofia básica para explicar a vida, antes que essa arte possa fazer mais algum progresso. Por exemplo, mal se estudaram ainda quais são as capacidades da célula. Nos últimos anos, foi levado a cabo algum trabalho para descobrir mais, mas faltou a filosofia básica. A célula estava a ser observada, não prevista. O estudo das células no humano tem sido feito sobretudo com tecidos mortos. Falta uma qualidade desconhecida no tecido morto, a qualidade importante: vida. Em Dianética, no nível de observação de laboratório, descobrimos para nosso espanto que as células são, evidentemente, sencientes de alguma forma atualmente inexplicável. A menos que postulemos uma alma humana que entre no esperma e no óvulo no momento da concepção, há coisas que nenhum outro postulado abrangerá, a não ser que essas células sejam, de algum modo, sencientes. Quando se entra em um campo novo com postulados que funcionam em todas as direções - e a filosofia básica da sobrevivência é um guia que nos leva continuamente a domínios mais profundos, explicando e predizendo fenômenos em todo o lado - é inevitável que surjam dados que discordem de teorias anteriores. Quando esses dados são tão científicos quanto a observação de que uma maçã cai quando é largada em condições normais na Terra, não se pode senão aceitá-los. O abandono de antigas teorias poderá causar dano às nossas preciosas crenças e à afeição nostálgica pela velha gravata escolar, mas um fato é um fato. As células como unidades de pensamento exercem evidentemente, como células, uma influência sobre o corpo como unidade de pensamento e organismo. Não precisamos de desemaranhar esse problema estrutural para resolver os nossos postulados funcionais. As células retêm evidentemente engramas de acontecimentos dolorosos. Afinal de contas, elas são as coisas que são feridas. E elas têm evidentemente uma mão no chicote da punição, para cada vez que o analisador lhes falha. A história do engrama assemelha-se à história de uma batalha entre as tropas e o general, cada vez que o general faz com que algumas das tropas sejam mortas. Quanto menos afortunado for o general na proteção destas tropas, mais poder elas assumem. As células, evidentemente, fomentaram a evolução do cérebro para um nível senciente mais elevado. A dor inverte o processo como se as células estivessem arrependidas de ter posto tanto poder nas mãos de um comandante central. A mente reativa poderá muito bem ser a inteligência celular combinada. Não é necessário supor que o seja, mas é uma teoria estrutural cômoda na falta de qualquer trabalho real efetuado neste campo da estrutura. O banco de engramas reativo poderá ser o material armazenado nas próprias células. De momento, não importa se isto é credível ou incrível. Mas é preciso dizer alguma coisa sobre o assunto para dar uma compreensão daquilo que ocorre durante os momentos de "inconsciência". O fato científico, observado e testado, é que o organismo, na presença de dor física, permite que o analisador seja retirado do circuito, de modo que haja uma quantidade limitada ou não haja quantidade nenhuma de consciência pessoal como organismo unitário. Este faz isto para proteger o analisador ou para retirar o seu poder, na crença de que é muito melhor ter um engrama durante uma emergência - por acaso, o analisador, segundo a experiência observada, não concorda. Cada percepto presente, incluindo a dor física, é registrado durante esses momentos não-analíticos. Sempre que a dor está presente - isto é, a dor física - o analisador desliga-se um pouco ou muito. Mesmo se a dor durar apenas um instante, ainda há um instante de redução analítica. Isto pode ser muito facilmente comprovado: simplesmente tente recordar a última vez em que esteve seriamente ferido e veja se não há pelo menos um período momentâneo em branco. Adormecer sob anestesia e acordar algum tempo mais tarde é um tipo de desligamento analítico mais complicado, pelo fato de incluir dor física, mas é inicialmente causado por um veneno (e todos os anestésicos são, tecnicamente, venenos). Depois também há a condição de sufocamento, como no afogamento, e este é um período de desligamento analítico de maior ou menor amplitude. E também há a condição provocada pelo sangue que, por um motivo ou outro, deixa a área ou áreas que contêm poderes analíticos - onde quer que estes estejam - e isto também provoca um desligamento analítico em maior ou menor grau. Tais incidentes incluem o choque em que o sangue tende a acumular-se no centro do corpo); a perda de sangue por cirurgia, ferimento ou anemia e a obstrução das artérias que passam pela garganta. O sono natural provoca uma redução da atividade analítica, mas na realidade não é muito profunda nem grave. Com a terapia de Dianética, qualquer experiência ocorrida durante o sono pode ser facilmente recuperada. Pode ver-se agora que há muitas maneiras pelas quais se pode desligar o poder analítico. E também se pode ver que há uma maior ou menor redução. Quando se queima o dedo com um cigarro, há um pequeno instante de dor e uma pequena quantidade de redução. Quando alguém se submete a uma operação, a duração poderá ser em termos de horas e a quantidade de desligamento analítico poderá ser extrema. A duração e a quantidade da redução são duas coisas diferentes, relacionadas, mas bem diferentes. Isto não é muito importante, mas é mencionado. Vimos, ao ler Dianética até aqui, que o princípio do "espectro" tem sido bastante útil para nós. E pode-se ver que a quantidade de redução do poder analítico pode ser descrita da mesma forma que o potencial de sobrevivência. Pode haver um pouco ou uma grande quantidade. Recapitulando e examinando o âmbito do potencial de sobrevivência, pode-se ver que haveria morte na parte inferior e imortalidade na parte superior. Existe sobrevivência "infinita". Se pode ou não existir poder analítico infinito é uma questão de misticismo. Mas que há uma relação definida entre o tom individual e a quantidade de desligamento analítico, é um fato científico. Podemos dizer que isto é assim: com o indivíduo bem, feliz e entusiasmado, o poder analítico pode ser considerado alto (Zonas 3 e 4). Com o indivíduo debaixo das rodas de um caminhão, "inconsciente" e em agonia, o poder analítico pode ser considerado como estando dentro dos limites da Zona 0. Há uma relação entre o potencial de sobrevivência e o poder analítico. À medida que um desce, o outro também desce. Há mais dados a concluir daqui do que se poderia pensar à primeira vista. Esta é uma relação muito importante. Todos os perceptos estão incluídos em um engrama. Dois destes perceptos são a dor física e a emoção dolorosa. Um terceiro é a sensação orgânica, isto é, a condição do organismo durante o momento do engrama. E como estava o organismo quando o engrama foi recebido? Maior ou menor "inconsciência" estava presente. Isto quer dizer que havia uma sensação orgânica de poder analítico reduzido, uma vez que o poder analítico deriva, evidentemente, de um órgão ou órgãos do corpo. Se um engrama é reativado por um restimulador ou restimuladores - isto é, se o indivíduo que tem um engrama recebe alguma coisa no seu ambiente que é semelhante às percepções contidas no engrama - o engrama põe tudo o que contêm (os seus perceptos tais como torneiras e palavras) em maior ou menor operação. Pode haver uma maior ou menor restimulação. Os restimuladores no ambiente do indivíduo podem pôr o engrama só um pouco em ação, ou, havendo muitos restimuladores presentes e estando o corpo já em um estado debilitado, o engrama pode exibir toda a sua força (o que será tratado mais adiante). Mas quer o engrama esteja pouco restimulado quer esteja muito restimulado, tudo o que este contêm entra em ação de um modo ou de outro. Há apenas um denominador comum de todos os engramas, apenas uma coisa que cada engrama tem e que todos os outros engramas possuem. Cada um contêm o dado de que o analisador está mais ou menos desligado. Há um dado relativo ao desligamento em todos os engramas. Assim, cada vez que um engrama é restimulado, embora o corpo não tenha recebido dor física, desliga-se algum poder analítico; o órgão ou órgãos que constituem o analisador são postos fora do circuito até certo grau. Isto é de grande importância para uma compreensão das mecânicas da aberração. É um fato científico, que pode ser comprovado e que nunca varia. Isto ocorre todas as vezes: quando um engrama é recebido, o analisador é desligado pela dor física e pela emoção; quando o engrama é restimulado, o analisador desliga-se como parte dos comandos do engrama. Na realidade, isto é uma coisa muito mecânica: o engrama é restimulado, parte do poder analítico é desligado. Isto é tão inevitável como ligar e desligar uma luz elétrica. Carregue no botão e a luz apaga-se. A redução do analisador não é tão nítida - há gradações de luz - mas é igualmente mecânica. Ponha um humano sob o efeito do éter e fira-o no peito. Ele recebeu um engrama porque o seu poder analítico foi desligado, primeiro pelo éter e depois pela dor no peito. Enquanto ele estava na mesa de operações, a mente reativa registrou o ruído dos instrumentos, tudo o que foi dito, todos os sons e cheiros. Suponhamos que uma enfermeira estava a segurar um dos seus pés porque ele estava a dar pontapés. Este é um engrama completo. No futuro, o engrama fará key-in devido a alguma coisa, um incidente semelhante. Depois disto, em maior ou menor grau, sempre que ouvir um ruído semelhante ao dos instrumentos, ele ficará nervoso. Se prestar atenção ao que se está a passar no seu corpo naquele minuto, ele poderá perceber que sente o pé como se este estivesse a ser segurado. Mas não é provável que ele preste atenção ao pé, porque se ele tivesse alguma atenção disponível, ele verificaria que a dor do peito estaria presente até certo grau. Mas a sua capacidade analítica foi ligeiramente desligada. Tal como o pé sentiu que estava a ser agarrado, o analisador também tem a idéia de estar a ser desligado pelo éter e pela dor. O restimulador (dos ruídos) tendia a ativar ligeiramente o engrama inteiro e parte do comando engrâmico é um poder analítico reduzido. Isto é como um "botão de pressão" em termos de precisão. Se alguém conhecesse os principais restimuladores de outra pessoa (palavras, tons de voz, música, seja o que for - coisas que estão arquivadas no banco da mente reativa como partes de engramas), seria possível desligar o poder analítico dessa pessoa quase totalmente, e de fato, pô-la inconsciente. Todos nós conhecemos pessoas que nos fazem sentir estúpidos. Pode haver duas causas para isto, mas ambas são provenientes de engramas. Uma delas é o fato de que não importa qual seja o engrama que está a ser restimulado, parte do poder analítico é desligado. Se o ambiente é uniforme, os engramas podem ser mantidos em restimulação crônica! Isto significa um desligamento crônico e parcial do poder analítico. A recuperação da inteligência por parte de um Clear e o aumento dessa inteligência para alturas tão fantásticas resultam, parcialmente, do alívio das palavras de comando contidas em engramas que lhe dizem que ele é estúpido e, em maior grau, do alívio desta condição de desligamento analítico crônico. Isto não é uma teoria. Este é um fato científico. É totalmente demonstrável. O engrama contêm o percepto de um analisador desligado; quando este é restimulado, o engrama volta a pôr esse dado em ação, até certo grau. Deste modo, os engramas, sendo recebidos durante a "inconsciência", causam uma "inconsciência" parcial cada vez que são restimulados. A pessoa que tem um engrama (qualquer aberrado) não precisa de receber nova dor física para ter um novo momento de "inconsciência" parcial. Sentir-se "narcotizado", "sonolento" ou "entorpecido" resulta, em parte, de um analisador parcialmente desligado. Estar "nervoso", com raiva ou assustado também traz consigo um poder analítico parcialmente desligado. O hipnotizador tem "sucesso", quando o tem, porque é capaz de, ao falar com as pessoas acerca de "sono", restimular algum engrama que contêm a palavra sono e o desligamento do poder analítico. Esta é uma das razões por que o hipnotismo "funciona". Entretanto, toda a sociedade está sujeita ao desligamento analítico, em maior ou menor grau, pela restimulação de engramas. O número de engramas que o banco reativo de uma pessoa contêm poderá, contudo, não determinar a quantidade de redução analítica a que ela está sujeita. Uma pessoa poderá ter engramas e estes poderão não ter feito key-in. E se fizeram key-in, é possível que ela esteja em um ambiente que não contenha um grande número de restimuladores. Nestas condições, a sua posição na zona de sobrevivência poderá ser alta, muito embora ela possua muitíssimos engramas. E além disso, ela poderá ter-se educado ligeiramente acima desses engramas. Mas uma pessoa que tenha engramas que fizeram key-in, e viva numa área de muitos restimuladores, está sujeita a uma enorme quantidade de restimulação e ao desligamento analítico. Esta é uma condição normal. Se um indivíduo tem um grande número de engramas e estes estão ativados, e ele vive rodeado de muitos restimuladores, a sua condição pode variar entre o normal e a insanidade. E em um só dia - como no caso de um homem que experimenta momentos de raiva ou uma mulher que cai em apatia - a condição da pessoa poderá variar do normal para a insanidade e voltar ao normal. Usamos aqui a palavra "insanidade" com o significado de irracionalidade total. Assim, há insanidade temporária ou insanidade crônica. Um tribunal que passa pelo lúgubre processo de declarar um humano são ou insano, depois de esse humano ter morto alguém, está ele próprio a ser irracional. É claro que o ser humano estava insano quando cometeu o assassínio. Aquilo que o tribunal está a procurar saber agora é se o ser humano é ou não cronicamente insano. Isso tem muito pouco a ver com o assunto. Se o ser humano ficou suficientemente insano para matar uma vez, ele no futuro ficará suficientemente insano para matar novamente. Assim, crônico significa um ciclo crônico ou uma condição contínua. A lei diz que a sanidade é a "capacidade de distinguir o certo do errado". Quando o ser humano está sujeito a um mecanismo (e todos os humanos estão) que lhe permite ser racional em um momento e restimulado no momento seguinte, ninguém na sociedade, se não for clareado, poderá ser considerado capaz de distinguir sempre o certo do errado. Isto é completamente à parte do significado que a lei dá a "certo" e a "errado". Este é um exemplo da curva de sanidade, tipo montanha-russa, do aberrado. Todos os aberrados possuem engramas (o número normal é provavelmente centenas por indivíduo). Analiticamente, as pessoas têm uma ampla latitude de escolha e podem mesmo lidar com certos e errados filosóficos. Mas nas pessoas aberradas, o banco de engramas é sempre susceptível de restimulação. O aberrado "mais são" na terça-feira, poderá ser um assassino na quarta-feira, se ocorrer a situação exata para acionar o engrama exato. Um Clear não é inteiramente previsível em qualquer situação - ele tem um livre-arbítrio bastante alargado. Mas uma pessoa aberrada transcende toda a previsibilidade pelas seguintes razões: 1. Ninguém, nem mesmo o aberrado, sabe que engramas é que ele tem no seu banco de engramas reativo. 2. Qual situação conterá quais restimuladores é uma questão de acaso. 3. Não se pode estabelecer qual será o seu livre-arbítrio com os fatores contidos nos engramas a nível reativo. A diversidade de conduta que se pode desenvolver a partir destas mecânicas básicas é tão ampla, que não é de espantar que algumas filosofias considerem o ser humano como um caso bastante perdido. Se o banco de engramas for retido a um nível celular, poderá supor-se, teoricamente, que as células deveriam assegurar que o analisador não se aventurasse demasiado nesta questão de vida e de morte na existência. Sendo assim, poder-se-ia considerar que elas copiaram todos os dados contidos em cada momento de dor física e emoção que resultassem em "inconsciência" ou que estivessem contidos nesta. Assim, quando quaisquer dados semelhantes a estes surgissem no ambiente, elas poderiam acautelar-se. E com um grande número de restimuladores à vista, elas poderiam desligar o analisador e prosseguir por reação. Este é um fator de segurança rudimentar. É óbvio que se o organismo sobreviveu a um período de "inconsciência", as células poderiam teorizar que impor os dados e efetuar a ação, sob circunstâncias que ameaçavam ser semelhantes, voltaria a resultar em sobrevivência. O que foi suficientemente bom para o meu Avô é suficientemente bom para mim. O que foi suficientemente bom no acidente de autocarro é suficientemente bom em um autocarro. Esta forma idiota de "pensar" é típica da mente reativa. É precisamente o tipo de pensamento que ela tem. É o máximo em conservadorismo. Ela nunca se apercebe daquilo que interessa e dos dados importantes, ela sobrecarrega o corpo de dor, ela é um redemoinho de confusão. Se houvesse apenas um engrama por cada situação, talvez se safasse. Mas poderá haver dez engramas contendo dados semelhantes (uma cadeia de locks engrâmicos) e, no entanto, os dados poderão ser tão contraditórios que, quando surge uma nova emergência que contêm os restimuladores da cadeia, não é possível apresentar um comportamento do passado que seja apropriado para lhe fazer frente. É óbvio que a língua é o fator x. As células, se este é um problema de células (recordemos que esta parte é teoria baseada em dados, em um esforço para explicar o que ocorre e é possível alterar uma teoria sem alterar a utilidade científica dos fatos), provavelmente não compreendem as línguas muito bem. Se compreendessem, não desenvolveriam tais "soluções". Tomemos dois engramas sobre bastões de basebol. No primeiro, o indivíduo é atingido na cabeça, perde os sentidos e alguém grita: "Corre! Corre! Corre!" No segundo, o mesmo indivíduo é posto inconsciente quando atingido pelo bastão, no mesmo ambiente, e alguém grita: "Fica aí! Estás seguro!" Então, o que faz ele quando ouve, cheira ou vê um bastão de basebol ou ouve estas palavras? Corre ou fica ali? Ele tem uma dor semelhante para cada ação. O que ocorre, realmente? Ele fica com uma dor de cabeça. Isto é o que se chama conflito. Isto é ansiedade. E a ansiedade pode tornar-se realmente bastante aguda, em um nível puramente mecânico, quando alguém tem noventa engramas a puxá-lo para sul e oitenta e nove a puxá-lo para norte. Ele vai para norte ou para sul? Ou será que ele tem um "esgotamento nervoso"? O nível de inteligência da mente reativa é praticamente igual ao de um fonógrafo. A agulha é colocada em cima do disco e este toca. A mente reativa apenas põe a agulha. Quando esta tenta selecionar vários discos e tocá-los todos ao mesmo tempo, há coisas que acontecem. Seja por construção intencional, por acidente de concepção ou por desvio na evolução - nos casos em que o órgão velho e inútil ainda é construído - as células conseguiram ocultar bastante bem esse banco de engramas. O humano é consciente na sua mente analítica. Quando está "inconsciente", a sua mente analítica é incapaz de monitorizar os dados que entram e estes não se encontram naquilo a que, por analogia, chamamos os bancos padrão. Sendo assim, qualquer coisa que tenha entrado passou ao lado da consciência. E tendo passado ao lado, a consciência não consegue recordá-la (sem um processo de Dianética), uma vez que não há nenhum canal para a recordação. O engrama entra quando a consciência está ausente. Daí em diante, este opera diretamente no organismo. Só através da terapia de Dianética é que o analisador pode tomar posse destes dados. (E a sua remoção nem sequer depende de o analisador entrar em contato com estes, apesar da velha crença de que a "compreensão" de alguma coisa é a sua cura: "compreenda" um engrama e depressa estará em apuros sem a técnica de Dianética.) O engrama é recebido pelo corpo celular. A mente reativa poderá ser o nível mais baixo de poder analítico, mas isto não altera o fato científico de que o engrama age como se fosse uma ligação soldada ao regulador da função vital, à coordenação orgânica e ao nível básico da própria mente analítica. Com "soldada" quer-se dizer "ligação permanente". Este key-in é a ligação do engrama como parte da maquinaria operante do corpo. Um processo de pensamento analítico não está permanentemente ligado, mas pode ser inserido ou tirado do circuito de acordo com a vontade do analisador. Isto não é verdade quanto ao engrama, daí o termo "soldada". A mente analítica estabelece um padrão de treino; baseado em estímulo-resposta, este padrão de treino funcionará suavemente e bem, sempre que isso for o mais benéfico para o organismo. Um engrama é um padrão de treino completo, em um só pacote, "permanentemente" ligado aos circuitos (sem terapia de Dianética) e entra em funcionamento como um padrão de treino sem qualquer consentimento do analisador. A mente analítica, influenciada pelo engrama através das várias formas de poder analítico reduzido e sugestão positiva contidas no engrama, é incapaz de descobrir qualquer razão realmente válida para o comportamento do organismo. Por isso, ela inventa uma razão, pois o seu trabalho é assegurar que o organismo tenha sempre razão. Tal como o jovem do casaco apresentou uma série de explicações tolas sobre o motivo por que estava a tirar o casaco, também a mente analítica, ao observar o corpo a executar ações irracionais, incluindo palavras para as quais não parece haver explicação, justifica as ações. O engrama pode ditar todos os vários processos relativos à existência; pode ditar crenças, opiniões, processos de pensamento ou a falta destes e ações de todos os tipos, e pode estabelecer condições extraordinárias pela sua complexidade, bem como pela sua estupidez. Um engrama pode ditar qualquer coisa que ele contenha e os engramas podem conter todas as combinações de palavras na língua inteira. E a mente analítica, perante um comportamento ou convicção irracional, é forçada a justificar os atos e condições do organismo, bem como os seus próprios erros. Este é o pensamento justificativo. Há, então, três tipos de pensamento de que o organismo é capaz: 1. Pensamento analítico, que é racional conforme modificado pela educação e ponto de vista. 2. Pensamento justificativo, pensamento analítico que tenta explicar reações. 3. Pensamento reativo, que é totalmente em termos de que tudo o que está dentro de um engrama é igual a tudo o que está dentro de um engrama, é igual a todos os restimuladores do ambiente e todas as coisas associadas a esses restimuladores. Todos nós já vimos alguém cometer um erro e depois dar uma explicação sobre os motivos por que o erro foi cometido. Isto é o pensamento justificativo. O erro foi cometido por um engrama, a menos que tenha ocorrido devido à educação ou ponto de vista. A mente analítica teve, então, de justificar o erro para assegurar que o corpo tinha razão e que as suas computações estavam certas. Há duas outras condições que podem ser causadas por engramas. Uma é a dramatização e a outra é a valência. Já viu uma criança a ser impertinente ou a fazer birra. Já viu um humano passar por uma ação de fúria completa. Já viu pessoas passarem por toda uma série de ações irracionais. Estas são dramatizações. Elas surgem quando um engrama está totalmente restimulado, tão restimulado que o seu aspecto de ligação soldada apodera-se do organismo. Poderá entrar ligeiramente ou totalmente em circuito, por outras palavras, há graus de dramatização. Quando está em plena manifestação, o engrama está a repetir o seu conteúdo literalmente e o indivíduo é como um ator, a desempenhar o papel que lhe é ditado como uma marioneta. Uma pessoa pode receber novos engramas que farão com que estes mais antigos assumam uma importância secundária. A dramatização é conduta de sobrevivência - segundo o modo de pensar tolo da mente reativa - baseada na premissa de que o organismo, numa situação "semelhante", sobreviveu a esta porque essas ações estiveram presentes. A mulher que foi derrubada e que levou pontapés dramatizaria o seu engrama, possivelmente, fazendo e dizendo exatamente as mesmas coisas que lhe foram feitas e ditas. A sua vítima poderá ser o seu filho ou outra mulher. A vítima poderia ser ou seria a pessoa que lhe deu o engrama, se ela fosse suficientemente forte para vencê-la. Só porque tem este engrama, isso não quer dizer que ela o vá usar. Ela poderá ter centenas de outros engramas que pode usar. Mas quando dramatiza um, é como se o engrama, com a ligação soldada, estivesse a tomar o controle de uma marioneta. Todo o poder analítico que lhe resta poderá ser devotado à alteração do padrão. Deste modo, ela pode fazer uma dramatização semelhante ou idêntica. Este aspecto da dramatização é estritamente uma sobrevivência com "unhas e dentes". Este é o tipo de coisa que levou observadores a pensar que lutar com "unhas e dentes" era uma regra primária. O engrama entrou, contornando a racionalidade e os bancos de memória padrão. Agora ele está dentro do organismo, mas este não sabe disso a nível consciente. Este engrama é ativado por uma experiência a nível consciente. Depois pode ser dramatizado. E longe de se tornar mais fraco à medida que é usado, quanto mais um engrama é dramatizado, mais sólido se torna o seu domínio sobre os circuitos. Músculos, nervos, tudo tem de obedecer. Sobrevivência com "unhas e dentes". As células estavam a assegurar-se disso. E agora chegamos à valência. Em latim, valens quer dizer "poderoso". Esse é um bom termo porque é a segunda metade de ambivalente (poder em duas direções) e existe em qualquer bom dicionário. Esse é um bom termo porque descreve (embora o dicionário não pretendesse isso) a intenção do organismo quando dramatiza um engrama. Multivalência significaria "muitos poderosos". Isto abrangeria os fenômenos da personalidade dividida, as estranhas diferenças de personalidade em pessoas, primeiro numa e depois em outra situação. Valência, em Dianética, significa a personalidade de uma das personagens dramáticas que existem em um engrama. No caso da mulher que foi derrubada e que levou pontapés, havia duas valências presentes: a dela e a do marido. Se mais uma pessoa tivesse estado presente, contanto que essa pessoa tivesse participado, o engrama teria contido três valências: ela própria, o marido e a terceira pessoa. Em um engrama de um acidente de autocarro, por exemplo, em que dez pessoas falam ou atuam, haveria na pessoa "inconsciente" um engrama contendo onze valências: a pessoa "inconsciente" e as dez que falaram ou atuaram. No caso da mulher espancada pelo marido, o engrama contêm apenas duas valências. Quem venceu? Aqui está a lei de "unhas e dentes", o aspecto de sobrevivência nos engramas. Quem venceu? O marido. Por isso, é o marido que será dramatizado. Ela não venceu. Ela foi magoada. Ah! Quando esses restimuladores estão presentes, a coisa a fazer é ser o vencedor, o marido, falar como ele, dizer o que ele disse, fazer o que ele fez. Ele sobreviveu. "Sê como ele!" dizem as células. Assim, quando a mulher é restimulada nesse engrama por alguma ação, digamos, da parte do seu filho, ela dramatiza a valência vencedora. Ela derruba a criança, dá-lhe pontapés, diz-lhe que ele é um fingido, que não presta, que está sempre a mudar de idéias. Que aconteceria se ela se dramatizasse a si própria? Ela teria de cair, derrubar uma cadeira, desmaiar e acreditar que era uma fingida, que não prestava, que estava sempre a mudar de idéias e teria de sentir a dor de todos os golpes! "Sê tu mesmo" é um conselho ao qual a mente reativa faz orelhas moucas. Aqui está o esquema. Cada vez que o organismo é punido pela vida, a mente analítica errou, de acordo com a mente reativa. Então a mente reativa retira a mente analítica do circuito, na proporção da quantidade de restimulação presente (perigo), e faz o corpo reagir como se fosse a pessoa que venceu na situação anterior, mas semelhante, em que o organismo foi ferido. O que aconteceria se a "sociedade" ou o marido ou alguma força exterior dissesse a esta mulher, que está a dramatizar este engrama, que ela tem de encarar a realidade? Isso é impossível. A realidade é igual a ser ela mesma, e ela acaba por ficar ferida. Então e se alguma força exterior quebra a dramatização? Isto é, se a sociedade se opõe à dramatização e se recusa a deixá-la dar pontapés, gritar e berrar? O engrama ainda tem a sua ligação soldada. A mente reativa está a força-la a ser a valência vencedora. Agora ela não pode sê-la. Como punição, a medida que a pessoa desliza para mais perto de ser ela mesma, a mente reativa aproxima-se das condições da outra valência no engrama. Afinal de contas, aquela valência não morreu. A dor dos golpes é ligada e ela pensa que é uma fingida, que não presta e que está sempre a mudar de idéias. Por outras palavras, ela está na valência perdedora. Uma constante quebra da dramatização tornará a pessoa doente, isso é tão certo como haver dias nublados. Com os engramas, uma pessoa acumula meia centena de valências antes dos dez anos de idade. Quais eram as valências vencedoras? Você vai encontrá-la a usá-las cada vez que um engrama é posto em restimulação. Personalidade múltipla? Duas pessoas? Diga antes entre cinquenta a uma centena. Em Dianética pode-se ver valências a ligar e a desligar nas pessoas e a mudar com uma rapidez que seria impressionante para um ator transformista. Observe estas complexidades de conduta, de comportamento. Se alguém se pusesse a resolver o problema da aberração por meio de um sistema de catalogar tudo o que observasse, mas desconhecesse a fonte básica, ele acabaria por catalogar tantas insanidades, neuroses, psicoses, compulsões, repressões, obsessões e incapacidades como as combinações de palavras que há em um idioma. A descoberta de fundamentos através da classificação nunca é uma boa pesquisa. E as complexidades ilimitadas que podem provir dos engramas constituem todo o catálogo da conduta humana aberrada (e as experiências mais rigorosas, mais minuciosamente controladas descobriram que estes engramas são capazes destes mesmos comportamentos que listamos aqui). Há mais algumas coisas básicas e fundamentais que os engramas fazem. Estas serão tratadas sob os respectivos títulos: circuitos parasitas, condensação emocional e doenças psicossomáticas. Com os poucos fundamentos listados aqui, o problema da aberração pode ser resolvido. Estes fundamentos são simples, estes produziram tantas dificuldades como as que os indivíduos e sociedades têm experimentado. As instituições para os insanos, as prisões para os criminosos, o armamento acumulado pelas nações e, sim, até mesmo o pó que foi uma civilização de outrora existem porque estes fundamentos não foram compreendidos. As células desenvolveram-se até se tornarem em um organismo e durante a evolução criaram o que outrora foi uma condição necessária da mente. O humano cresceu até um tal ponto que agora ele cria os meios de imperar esse erro evolucionário. Um exame do Clear prova que ele já não tem necessidade da mente reativa. Ele agora está numa posição um que pode, por si próprio, dar um passo evolucionário artificial. Foi cnstruída a ponte sobre o abismo. ****** Capítulo 4 Os "Demônios" ****** Deixemos de lado por um momento as coisas científicas, como as células, e consideremos mais alguns aspectos do problema da compreensão da mente humana. Durante largos milênios, as pessoas têm trabalhado em problemas relacionados com o comportamento humano. Os Hindus, os Egípcios, os Gregos, os Romanos e os nossos próprios filósofos e pesquisadores dos últimos séculos têm lutado contra uma superabundância de complexidade. A Dianética só pôde desenvolver-se através da compartimentação filosófica do problema nos seus elementos e da invenção de algumas dúzias de bitolas, como A Introdução de um Arbitrário, A Lei da Afinidade, A Dinâmica, A Equação da Solução Ótima, As Leis da Seleção de Importâncias, A Ciência de Organizar Ciências, Anulação pela Comparação de Autoridade com Autoridade e assim por diante. Tudo isto seria excelente matéria para um livro de filosofia, mas aqui será Dianética que é uma ciência. Contudo, deve-se mencionar que um dos primeiros passos dados não foi inventado, mas sim tomado de empréstimo e modificado: este foi o Cognoscível e o Incognoscível de Herbert Spencer. O absolutismo é um excelente caminho para a estagnação e não creio que Spencer tivesse a intenção de ser tão inteiramente absoluto a respeito do seu Cognoscível e Incognoscível. SOBREVIVER! é o ponto de demarcação entre aquelas coisas que podem ser experimentadas pelos sentidos (os nossos velhos amigos Hume e Locke) e aquelas coisas que não podem necessariamente ser conhecidas através dos sentidos, mas que talvez possam ser conhecidas, ainda que não seja necessário conhecê-las para resolver o problema. Entre as coisas que não era necessário conhecer (a versão de Dianética do Incognoscível) estavam os domínios do misticismo e da metafísica. Na evolução de Dianética, muitas coisas foram postas de lado unicamente porque não tinham produzido uma solução para mais ninguém. Por essa razão, o misticismo recebeu pouca atenção, apesar do autor o ter estudado, não nas fontes de segunda mão, pouco compreendidas e comummente usadas como autoridade por alguns cultos mentais do Ocidente, mas na Ásia, onde um místico que não possa fazer a sua "pessoa astral" sair do corpo e fazer recados por ele é, de fato, estritamente uma personagem de segunda categoria. Bastante ciente de que havia peças neste quebra-cabeças que eram cor-de-laranja com manchas amarelas e roxas com riscas carmesim, descobriu-se ser necessário tomar somente aquelas peças que eram pertinentes. Um dia aparecerá um grande número de peças - acerca de estrutura com todo o resto - e haverá respostas para a telepatia, a presciência e por aí fora. Compreenda que há um grande número de peças na construção de um universo filosófico. Mas verificou-se que nenhuma das peças místicas eram necessárias para a criação de uma ciência da mente uniformemente aplicável e capaz de resolver a aberração. Neste estágio de Dianética não será dada nenhuma opinião sobre fantasmas ou o truque indiano da corda, para além do fato de vermos que são peças multicolores e as únicas peças que nós queremos são as brancas. Temos a maior parte das peças brancas e estas formam uma brancura muito sólida onde antes havia negridão. Imagine, então, a consternação que se deve ter sentido quando se descobriram os "demônios". Lembra-se decerto que Sócrates tinha um demônio. Este não lhe dizia o que fazer, mas sim se tinha ou não tomado a decisão certa. Aqui estávamos nós a seguir um curso no universo finito que teria agradado ao próprio Hume pela sua tenacidade naquelas coisas que podiam ser sentidas. E então surgiram os "demônios". Um exame profundo de uma série de sujeitos (14) revelou que cada um tinha, aparentemente, algum tipo de "demônio". Estes eram sujeitos selecionados ao acaso de diferentes condições na sociedade. Por isso, este aspecto do "demônio" era muito alarmante. Contudo, ao contrário de alguns cultos (ou escolas, como eles se designam a si próprios), resistiu-se à tentação de aplicar rótulos românticos, inexplicáveis e confusos. Era preciso construir uma ponte sobre um abismo e os demônios são vigas realmente péssimas. Nas ilhas do Pacífico - no Bornéu, nas Filipinas - vi muita demonologia em ação. A demonologia é uma coisa fascinante. Um demônio entra numa pessoa e põe-na doente. Ou entra e fala no seu lugar. Ou ela enlouquece porque tem um demônio dentro de si e anda a correr de um lado para o outro com o demônio aos gritos. Isto é demonologia em um sentido limitado. O xamã e o feiticeiro são pessoas que lidam muito com a demonologia (esta paga bem). Mas embora não fosse particularmente céptico, sempre me pareceu que os demônios poderiam ser explicados mais facilmente do que em termos de ectoplasma ou de algum outro material imperceptível. Encontrar "demônios" a viver dentro dos nossos compatriotas civilizados foi perturbador. Mas ali estavam eles. Pelo menos havia as manifestações que o xamã e o feiticeiro diziam ser causadas por demônios. Descobriu-se que estes "demônios" podiam ser catalogados. Havia "demônios comandantes", "demônios críticos", os usuais "demônios de digo-te o que hás-de dizer" e "demônios" que ficavam por perto e gritavam ou "demônios" que simplesmente ocluíam coisas, mantendo-as longe da vista. Estas não são todas as classes, mas estas abrangem o campo geral da "demonologia". Algumas experiências com sujeitos sob o efeito de droga mostraram que era possível instalar estes "demônios" conforme a nossa vontade. Era possível, inclusivamente, converter toda a mente analítica em um "demônio". Havia, portanto, alguma coisa errada na demonologia. Sem o ritual apropriado, através da simples comunicação verbal, podia-se levar novos demônios a aparecer nas pessoas. Sendo assim, não há demônios reais em Dianética. (Isso foi enfatizado para o caso de algum místico sair por aí a dizer às pessoas que uma nova ciência da mente acredita em demônios.) Em Dianética chama-se figuradamente de "demônio" um circuito parasita. Este tem uma ação na mente que se aproxima de uma entidade diferente do Eu. E deriva inteiramente de palavras contidas em engramas. Uma vez que se tenha examinado algum de perto, não é difícil compreender como é que este demônio aparece. Enquanto o bebê está inconsciente, o Papá grita para a Mamã que, por amor de Deus, ela tem de escutar o que ele diz e mais ninguém. O bebê recebe um engrama. Este faz key-in algures entre a infância e a morte. E depois, temos o circuito demônio em ação. Um engenheiro eletrotécnico pode montar demônios em um circuito de rádio a seu contento. Em termos humanos, isto é como se estendêssemos uma linha dos bancos padrão para o analisador, mas inseríssemos nesta, antes de lá chegar, um altofalante e um microfone, e depois continuássemos com a linha até ao plano de consciência. Entre o altofalante e o microfone estaria uma seção do analisador que era uma seção de funcionamento normal, mas separada do resto do analisador. O "Eu", em um plano consciente, quer dados. Estes deveriam vir diretamente do banco padrão, deveriam ser computados em um subnível e chegar apenas como dados. Não dados falados. Simplesmente dados. Com a porção do analisador separada em um compartimento, a instalação do altofalante e do microfone e o engrama contendo as palavras "Por amor de Deus, tens de me escutar" em restimulação crônica, acontece outra coisa. O "Eu", no nível superior das unidades de atenção, quer dados. Ele começa a explorar os bancos padrão com um subnível. Os dados chegam-lhe, falados. Como uma voz dentro da sua cabeça. Um Clear não tem nenhuma "voz mental"! Ele não pensa vocalmente. Pensa sem articular os seus pensamentos e estes não são em termos de voz. Isto será uma surpresa para muita gente. O demônio "escuta-me" é comum na sociedade; isto quer dizer que este engrama está largamente difundido. "Fica aí e escuta-me" fixa o engrama em tempo presente (e em certa medida, fixa o indivíduo no tempo do engrama). Depois de este ter feito key-in e daí em diante, o indivíduo pensa "em voz alta", isto é, ele põe os seus pensamentos na forma de linguagem. Isto é muito lento. A mente concebe soluções (num Clear) a tal velocidade que a corrente de consciência ficaria logo para trás. Isto foi muito fácil de provar. Ao clarear cada caso descobriu-se, sem exceção, um ou outro desses demônios. Alguns casos tinham três ou quatro. Outros tinham dez. Alguns tinham um. É seguro pressupor que quase todo o aberrado contêm um circuito demônio. O tipo de engrama que faz um "demônio crítico" é: "Estás sempre a criticar-me". Há dúzias de frases dessas contidas em engramas e qualquer uma delas fará um demônio crítico, tal como qualquer combinação de palavras que resulte numa exigência de escutar e obedecer a ordens fará um demônio comandante. Todos esses demônios são parasitas. Isto é, eles tomam uma parte do analisador e separam-na em um compartimento. Um demônio só consegue pensar tão bem como a mente da pessoa consegue pensar. Não existe qualquer poder extra. Não há benefício. É tudo perda. É possível montar o computador (analisador) inteiro como um circuito demônio e deixar o "Eu" numa prateleira pequena e abandonada. Superficialmente, este é um truque muito bom. Permite que a totalidade da mente analítica faça computações sem ser perturbada e transmita a resposta ao "Eu". Mas na prática, isto é péssimo, pois o "Eu" é a vontade, a força determinadora do organismo, a consciência. E ao fim de muito pouco tempo, o "Eu" torna-se tão dependente desse circuito que este começa a absorvê-lo. Qualquer circuito desses, para perdurar, teria de conter dor e ser crônico. Em suma, teria de ser um engrama. Por isso, teria de ser redutor do intelecto e vitimaria o seu possuidor, acabando por torná-lo doente de um modo ou de outro. De todos os circuitos demônio de engramas encontrados e removidos, aqueles que possuíam uma entidade exterior aparentemente todo-poderosa, que resolveria todos os problemas e responderia a todas as necessidades, eram os mais perigosos. À medida que o engrama fosse cada vez mais ativado e fosse constantemente restimulado, este acabaria por transformar o "Eu" numa marioneta sem caráter; devido a existência de outros engramas, a soma da redução tenderia para a insanidade de uma natureza séria. Se quiser um exemplo disto, basta imaginar o que precisaria de dizer a uma pessoa hipnotizada para fazê-la crer que ela estava nas mãos de um ser poderoso que lhe dava ordens e depois imaginar isto como a frase dita quando um indivíduo foi posto inconsciente de algum modo. Há uma outra grande classe de demônios, os "demônios de oclusão", os que obstruem as coisas. Não são propriamente demônios, porque estes não falam. Um demônio genuíno é aquele que dá voz aos pensamentos ou que faz eco da palavra falada interiormente e que dá todo o tipo de conselhos complicados como se fosse uma voz exterior, real e viva. (As pessoas que ouvem vozes têm circuitos demônio vocais exteriores: circuitos que enlearam os seus circuitos de imaginação.) O demônio de oclusão não tem nada para dizer. É aquilo que ele não permite que seja dito ou feito que provoca a perturbação mental. Pode existir um demônio de oclusão para uma só palavra. Por exemplo, uma criança recebe um engrama ao cair da bicicleta e perde a consciência; um polícia tenta ajudá-la; ela ainda está inconsciente, mas move-se e murmura que não se pode mover (um velho engrama em ação); o polícia diz alegremente: "Nunca digas não posso!" Mais tarde, ela tem uma experiência de nível consciente, tal como outra queda, mas sem ferimento. (Estamos sempre a mencionar este segundo passo necessário, o lock, porque este é a coisa que os antigos místicos pensavam ser a causa de toda a dificuldade: este é a "angústia mental".) Agora ela tem dificuldade em dizer "não posso". É perigoso em qualquer caso. O que aconteceria se ela tivesse aquela expressão engrâmica comum: "Nunca digas não!"? Os demônios de oclusão ocultam coisas do "Eu". É igualmente fácil mascarar muitas palavras. O indivíduo que tem um desses demônios depois omitirá, alterará, escreverá mal ou cometerá erros com essas palavras. O demônio não é a única razão pela qual as palavras são alteradas, mas é um caso especifico. Um demônio de oclusão pode ter muito mais força e amplitude. Pode ser criado com a frase: "Não fales!" ou "Nunca respondas aos mais velhos" ou "Tu não podes falar aqui. Quem disse que podias falar?" Qualquer uma destas frases poderá produzir um gago. Outras coisas, além da fala, podem ficar oclusas. Qualquer capacidade da mente pode ser inibida por um demônio especificamente concebido para obstruir essa capacidade. "Tu não podes ver!" provocará a oclusão da recordação visual. "Tu não podes ouvir! " provocará a oclusão da recordação auditiva. "Tu não podes sentir!" provocará a oclusão da recordação táctil e da dor (a língua é muito homonímica). Qualquer percepção pode ser ocluída na recordação. E sempre que fica oclusa na recordação, isso afeta a percepção real, bem como o órgão da percepção. "Tu não podes ver!" poderá reduzir não só a recordação, mas também a capacidade orgânica real dos olhos, como no astigmatismo ou miopia. Pode-se imaginar, com toda a nossa língua (ou em outras terras com outras línguas, qualquer idioma) susceptível de ser incluída nos engramas, o número das capacidades de operação da mente que podem ser ocluídas. Uma delas, extremamente comum, é: "Tu não podes pensar!" Até agora, tem sido usado o "tu" nas ilustrações e exemplos para manter a semelhança com os testes de hipnotismo ou com drogas. Na verdade, as frases que contêm "Eu" são mais destrutivas. "Eu não posso sentir nada", "Eu não posso pensar", "Eu não consigo lembrar-me". Estas e milhares de outras variações, quando ditas ao alcance dos ouvidos de uma pessoa "inconsciente", são aplicáveis a ela, quando o seu engrama fazer key-in no circuito. O "tu" tem vários efeitos. A frase "Tu não prestas", dita a uma pessoa desperta, talvez a faça sentir-se muito irritada quando ela tem um engrama nesse sentido. Dentro de si, ela sente, possivelmente, que as pessoas pensam que ela não presta. Ela poderá ter um demônio que lhe diz que ela não presta. E dramatizará isto, dizendo a outras pessoas que elas não prestam. Isto pode ser espalhado a outros ao ser dramatizado. Por exemplo, uma pessoa que tenha um engrama no sentido de que ela é sexualmente estéril, dirá aos outros que eles são sexualmente estéreis. ("Não faças o que eu faço, faz o que eu digo.") Se tem um engrama que diz: "Tu não prestas, tu tens de comer com a tua faca", ela poderá comer com a sua faca, mas fica nervosa com as pessoas que comem com as suas facas e ficará muito irritada se alguém lhe disser que ela comeu com a sua faca. Assim, há "demônios de compulsão" e "demônios de confusão" e por aí fora. O engrama tem um valor de comando. Na mente reativa é exercido um livre-arbítrio a respeito de quais os engramas que serão usados. Mas qualquer engrama, restimulado com força suficiente, virá à superfície para ser dramatizado. E se a dramatização for bloqueada, este voltar-se-á contra o indivíduo, temporária ou cronicamente. A literalidade desta mente reativa, na sua interpretação dos comandos, e a literalidade da sua ação dentro da pobre e atormentada mente analítica é, em si, uma coisa estranha. "Isto e demasiado horrível para ser concebido" poderia ser interpretado no sentido de que um bebê está em tão más condições que seria melhor não nascer. Em qualquer língua, há milhares de clichês que, quando tomados literalmente, significam exatamente o oposto daquilo que a pessoa quer dizer. O banco de engramas reativo toma-os, arquiva-os com a dor, a emoção, a "inconsciência" e, com uma literalidade idiota, apresenta-os para serem a lei e o comando para a mente analítica. E quando o pequeno idiota feliz que dirige o banco de engramas vê que é possível usar alguns dos circuitos da mente analítica com alguns desses malditos demônios, ele assim faz. Assim, pode-se ver a mente analítica a ser submetida a mais uma forma de desgaste. Os seus circuitos, cujo objetivo normalmente é computação suave e rápida, ficam absorvidos e sobrecarregados com enleios dos demônios. Os demônios são parasitas. São pedaços da mente analítica separados em compartimentos e negados a uma computação mais ampla. Será, então, motivo de grande espanto, quando esses demônios são apagados, que o QI suba em flecha como pode ser observado em um Clear? Acrescente os circuitos demônio ao aspecto de desligamento analítico da restimulação e pode ver que é verdade que as pessoas funcionam com cerca de um vigésimo do seu poder mental. A pesquisa e a tabulação científicas indicam que, eliminando o aspecto "inconsciência" e os circuitos demônio do banco de engramas e repondo os dados como experiência nos bancos padrão, onde estes deveriam estar, põe-se ao serviço do "Eu" cerca de quarenta e nove quinquagésimos da mente, que o indivíduo nunca pôde usar como aberrado. ****** Capítulo 5 Doença Psicossomática ****** As doenças psicossomáticas são as que têm origem mental mas que, não obstante, são orgânicas. Apesar do fato de, antes de Dianética, não existir nenhuma prova científica precisa sobre isto, havia uma forte crença na sua existência desde os tempos da Grécia e, em tempos recentes, foram elaboradas e vendidas várias drogas que deveriam curar essas doenças. Experimentou-se algum sucesso, o suficiente para justificar muito trabalho por parte dos pesquisadores. As úlceras péticas, por exemplo, cederam à persuasão e à alteração do ambiente. Uma droga recente chamada ACTH tem tido resultados surpreendentes, mas extremamente imprevisíveis. Descobriu-se que as alergias cedem, mais ou menos, a coisas que deprimem a histamina no corpo. O problema da doença psicossomática é inteiramente abrangido por Dianética e, através da técnica de Dianética, essa doença tem sido totalmente erradicada em todos os casos. Cerca de 70 por cento da atual lista médica de doenças cai na categoria de doença psicossomática. Quantas mais poderão ser classificadas como tal, depois de Dianética ter estado a ser praticada durante alguns anos, é difícil de prever, mas é certo que há mais doenças que são psicossomáticas do que as que foram classificadas como tal até à data. Que todas as doenças são psicossomáticas é, naturalmente, absurdo, pois afinal de contas, existem formas de vida chamadas germes que têm a sobrevivência como sua meta. A obra de Louis Pasteur formulou a teoria microbiana da doença. Com Dianética acrescenta-se a teoria não microbiana da doença. Estas duas, com a bioquímica, complementam-se para formar todo o campo da patologia, segundo o que se pode determinar nesta altura - desde que o vírus seja, é claro, incluído na teoria microbiana. Dianética acrescenta mais uma página à teoria microbiana, porque inclui a predisposição. Há três estágios de patologia: predisposição, pelo que se quer dizer os fatores que prepararam o corpo para a doença; precipitação, pelo que se quer dizer os fatores que fizeram com que a doença se manifestasse; e perpetuação, pelo que se quer dizer os fatores que causam a continuidade da doença. Há dois tipos de doença: ao primeiro pode chamar-se autogêneo, o que significa que a doença teve origem dentro do organismo e foi autogerada; e exogêneo, o que significa que a origem da doença foi exterior. Na realidade, embora isto seja boa medicina, não é tão exato como Dianética o desejaria. A própria doença mental é, na realidade, de origem exterior. Mas medicamente, consideramos que o corpo pode gerar as suas próprias doenças (autogêneas) ou que a doença pode vir de uma fonte exterior, como as bactérias (exogênea). A teoria microbiana de Pasteur seria a teoria da doença exogênea (gerada exteriormente). A doença psicossomática seria autogênea, gerada pelo próprio corpo. O tratamento do ferimento acidental, a cirurgia para várias coisas, tais como a deformação inerente ao corpo por causas genéticas e a ortopedia, que na realidade pode ser incluída em ambas as classes, permanecem apropriadamente fora do campo de Dianética - embora se possa mencionar que quase todos os acidentes podem ser rastreados à dramatização de engramas e que os Clears raramente têm acidentes. A palavra psico refere-se, naturalmente, à mente e somático refere-se ao corpo; o termo psicossomático significa que a mente faz o corpo adoecer ou doenças que foram criadas fisicamente dentro do corpo por perturbação da mente. É natural que, quando se resolve o problema da aberração humana, essas doenças tomam-se uniformemente susceptíveis de cura. Artrite, dermatite, alergias, asma, algumas dificuldades coronárias, problemas de visão, bursite, úlceras, sinusite, etc., formam uma seção muito pequena do catálogo psicossomático. Dores e padecimentos bizarros em várias porções do corpo são, geralmente, psicossomáticos. As enxaquecas são psicossomáticas e, como as outras, são uniformemente curadas pela terapia de Dianética. (E a palavra curada é usada no seu sentido mais lato.) Exatamente quantos erros físicos são psicossomáticos, depende de quantas condições o corpo pode gerar a partir dos fatores nos engramas. Descobriu-se, por exemplo, que a constipação comum é psicossomática. Os Clears não se constipam. Desconhece-se o papel, se existe algum, que o vírus tem na constipação comum, mas sabe-se que quando se removem os engramas sobre constipações estas não aparecem mais - o qual é um fato de laboratório que até agora não foi desmentido por 270 casos. A constipação comum surge, normalmente, de um engrama que a sugere e que é confirmado pelo muco real presente noutro engrama. Um número de doenças provocadas por germes é predisposto e perpetuado pelos engramas. A tuberculose é uma dessas doenças. O próprio engrama, como já se tratou, segue um ciclo de ação. O corpo é predisposto para a conduta e condições contidas no engrama logo quando este é recebido. Depois, uma experiência a nível consciente faz key-in do engrama e outra experiência, ou o conteúdo do próprio engrama, poderá torná-lo crônico. Isto é predisposição, precipitação e perpetuação no plano mental. Os engramas, as incapacidades herdadas, os acidentes e os germes são os quatro meios pelos quais um organismo pode ser fisicamente diminuído em relação ao seu estado ótimo. Muitas condições a que se têm chamado "incapacidades herdadas" são, na realidade, engrâmicas. Os engramas predispõem as pessoas para acidentes. Os engramas podem predispor e perpetuar infecções bacterianas. Por isso, o catálogo de doenças afetadas por Dianética é muito longo. Este não é um livro que dá uma lista de efeitos, mas sim um livro que expressa causas e, assim, pede-se ao leitor que use o seu próprio conhecimento ou consulte uma obra sobre medicina para compreender exatamente quantos milhares de condições resultam de engramas que perturbam ou desarranjam o corpo. Presentemente, prevê-se que a pesquisa de Dianética inclua o cancro e diabetes. Há uma série de razões para supor que estes poderão ser de origem engrâmica, especialmente o cancro maligno. Isto foi comentado para que se dê atenção a essa possibilidade; não se fez qualquer tipo de teste com pacientes cancerosos ou diabéticos, e este pensamento é pura teoria e não deve ser interpretado como qualquer espécie de declaração sobre uma cura do cancro. Contudo, as doenças acima catalogadas foram totalmente testadas e cederam uniforrnemente à terapia de Dianética. O mecanismo pelo qual a mente é capaz de causar uma incapacidade física ou predispor o corpo para uma doença e perpetuá-la é, na sua causa básica, uma coisa muito simples. A complexidade surge quando se começa a combinar todos os fatores possíveis - então pode-se escrever uma lista espantosa de doenças potenciais. Pode-se fazer uma série de testes simples em pacientes narcotizados ou hipnotizados que comprovarão clinicamente, noutros laboratórios, este mecanismo básico. Fez-se uma série desses testes durante a formulação de Dianética, com sucesso uniforme. Tomemos, primeiramente, uma coisa que é apenas ligeiramente psicossomática e que quase nem é uma doença. Um paciente é hipnotizado. É-lhe dada a sugestão positiva de que ele poderá ouvir muito mais intensamente. Isto é "ouvido amplificado". Tratando de evitar que ele obtenha dados por outros meios (incluindo meios de proteção contra a telepatia entre o operador e o sujeito), pode-se ver que o ouvido pode ser ampliado muitas vezes para além do normal. De fato, existem aberrados em toda a parte que têm "ouvido amplificado". Por sugestão, a potência do ouvido pode ser aumentada ou diminuída de modo que uma pessoa fique quase surda ou possa ouvir alfinetes caírem a uma grande distância. Quando a sugestão é removida, o ouvido do sujeito volta ao seu anterior estado normal. De modo similar, pode-se fazer experiências com os olhos, usando a sensibilidade à luz. A vista do paciente é aumentada ou diminuída, de modo que os seus olhos sejam muito mais ou muito menos sensíveis à luz do que é normal para ele. Isto é feito inteiramente com base na sugestão verbal, tal como: "A luz parecer-te-á muito, muito forte" ou "A luz parecerá tão fraca que tu terás dificuldade em ver". Com a primeira sugestão, pode-se fazer com que o paciente veja quase tão bem como um gato, embora outras pessoas possam pensar que é impossível ver objetos que o paciente aponta sem errar. Na segunda sugestão, o paciente pode ser posto sob uma luz quase ofuscante e, no entanto, pode ler através de um clarão com um conforto aparente. O sentido táctil pode igualmente ser aumentado ou diminuído por sugestão verbal até que o tato se torne dolorosamente aguçado ou tão embotado que mal se perceba. O mesmo acontece com os vários sentidos. Aqui temos apenas a palavra falada a penetrar na mente e a causar mudanças na função física. Vejamos agora o coração. Com a hipnose profunda ou drogas, pomos o paciente em transe amnésico, um estado de ser em que o "Eu" não está a controlar, mas em que o operador é o "Eu" (isto na verdade, é tudo o que há quanto à função da hipnose: a transferência do poder analítico, através da lei da afinidade, do sujeito para o operador, uma coisa que teve um desenvolvimento racial e valor de sobrevivência nos animais que viviam em alcateias). É preciso ter o cuidado de escolher um paciente que tenha um coração muito saudável e que não tenha antecedentes de doenças cardíacas para esta experiência que, mais do que qualquer outra experiência hipnótica, pode tornar um paciente muito doente se ele tiver antecedentes cardíacos. E nenhum destes testes hipnóticos devem ser realizados por alguém antes de ele ter terminado de ler este livro e saber como se fazem desaparecer as sugestões; pois a hipnose, como é praticada, é estritamente uma bomba com o rastilho aceso e o hipnotizador que não esteja familiarizado com Dianética é tão capaz de fazer desaparecer uma sugestão que ele tenha feito, como é capaz de descascar um átomo. Ele pensou que tinha a resposta, mas Dianética tem tratado de muitos antigos sujeitos hipnóticos que estavam totalmente "enleados", como dizem os engenheiros interessados em Dianética. Isto não é uma crítica à hipnose ou aos hipnotizadores, que muitas vezes são pessoas capazes, mas sim um comentário de que há mais coisas para saber a esse respeito. O coração, apenas por sugestão positiva, pode ser acelerado, abrandado ou excitado de outras maneiras. Aqui temos palavras, dirigidas às camadas profundas da mente, que causam ação físicas. Além disso, o fluxo sanguíneo pode ser inibido em algumas áreas do corpo por meio de uma simples sugestão. (Avisa-se que esta experiência sobrecarrega particularmente o coração.) Pode-se, por exemplo, negar sangue a uma das mãos, de modo que se você cortasse uma veia nessa mão, esta mal sangraria ou não sangraria nada. Um excelente truque de um swami, que impressionou muito o autor quando ele esteve na Índia, foi a inibição do fluxo sanguíneo pelo próprio indivíduo, enquanto desperto. Sob comando, um ferimento sangrava ou não sangrava. Isto parecia uma coisa fantástica e teve bastante publicidade que aqui estava um svvami que se tinha associado ao Nirvana de tal forma que ele controlava todas as coisas materiais. O espanto diminuiu quando o autor soube que ele, através da hipnose, podia fazer o seu próprio corpo fazer a mesma coisa, sem envolver nenhum Nirvana. O mecanismo desvanece rapidamente e, ao fim de poucos dias, precisa de ser renovado: o corpo tem a sua própria operação ótima e embora se possa manejar essa função "analiticamente", manter o sangue a circular na mão não é trabalho analítico de escalão superior. A questão aqui é que o fluxo sanguíneo pode ser interrompido por sugestão verbal. As palavras estabelecem uma conexão com o ser físico. Quanto ao modo como isto pode acontecer, nós não estamos tão interessados na estrutura como estamos na função, neste estágio da ciência da mente. Se, conhecendo apenas a função, nós podemos curar sempre as aberrações e as doenças psicossomáticas, por que não poderemos predizer novas doenças e condições e, em geral, "fazer milagres" como se chamava a estas ações no passado, antes de o ser humano saber alguma coisa sobre a mente? Os excretos estão entre as coisas mais fáceis de regular por sugestão. A prisão de ventre pode ser provocada ou curada por sugestão positiva, com extraordinária rapidez e facilidade. A urina também pode ser controlada desse modo. E o mesmo sucede com o sistema endócrino. É mais difícil fazer testes em algumas das funções endócrinas menos compreendidas. Atê agora, a pesquisa glandular não progrediu muito. Mas removendo engramas e observando o reequilíbrio do sistema endócrino, tornou-se óbvio que o sistema endócrino é uma parte do mecanismo de controle com que a mente maneja o corpo. As glândulas são facilmente influenciadas. Estes fluidos e secreções - testosterona, estrogênio, adrenalina, hormônios tireóideanos, hormônios paratireóideanos, pituitrina, etc. - são substâncias que a mente usa como um dos meios de controlar o corpo. Eles formam os circuitos de retransmissão, por assim dizer. Cada um tem a sua própria ação dentro do corpo. Esta experiência tende a provar a falácia de uma antiga suposição de que a mente era controlada pelas glândulas. Um aberrado recebe uma injeção de 25 mg de testosterona em óleo, duas vezes por semana. Poderá haver alguma melhoria no seu estado físico por um breve período - a sua voz poderá tornar-se mais grave e poderão crescer-lhe mais pêlos no peito. Agora, sem sugestão, simplesmente apagamos os engramas do seu banco reativo para que estes possam reformular-se como experiência no banco padrão. Antes de termos completado esta tarefa, o seu corpo começa a assimilar mais testosterona. A dose pode ser acentuadamente reduzida e, ainda assim, produzir mais benefícios do que anteriormente. Finalmente, a dose pode ser eliminada. À mesma experiência também foi feita com pessoas que não tinham sido capazes de receber qualquer benefício de substâncias glandulares, como a testosterona e o estrogênio, e com pessoas que ficaram doentes pela administração dessas hormônios. O apagamento dos engramas no banco reativo produziu uniformemente uma condição em que elas podiam receber o benefício das hormônios, mas em que essa administração artificial não era necessária, exceto em casos de idade muito avançada. O que isto significa para a gerontologia (o estudo da longevidade na vida) não pode ser avaliado atualmente, embora possa predizer-se, confiantemente, que a eliminação dos engramas no banco reativo tem uma influência marcante no prolongamento da vida. Daqui a uns cem anos estes dados estarão disponíveis, mas até agora nenhum Clear viveu tanto tempo. Neste momento, para o nosso propósito, é fácil demonstrar o efeito da sugestão positiva sobre o sistema endócrino e a falta de efeito das hormônios artificiais sobre os aberrados. Este tipo de engrama tem um efeito terrivelmente redutor sobre a produção de testosterona: "O sexo é horrível, é repugnante, detesto-o". Pode-se demonstrar que as partes do sistema nervoso autônomo (que se acreditava funcionar sem muita conexão com a mente) são influenciadas pela mente. Há um efeito de espiral descendente (note as linhas no gráfico de potencial de sobrevivência) em que o engrama inicia a disfunção no regulador da função vital; isto produz uma disfunção na mente que, por sua vez, tem um efeito maior sobre o regulador da função vital; isto, por sua vez, reduz a atividade física, e a mente, sendo parte do órgão e que, tanto quanto sabemos, também é orgânica, fica com o seu tom ainda mais reduzido. O tom mental faz com que o tom do corpo desça. Este, estando baixo, faz descer o tom mental. Isto é uma questão de progressão geométrica invertida. Um humano começa a ficar doente e, tendo engramas, fica ainda mais doente. Os Clears não estão sujeitos a esta espiral descendente. Na verdade, esta coisa horrível chamada doença psicossomática é tão inteiramente superficial, que esta é a primeira coisa a ceder e pode ser aliviada sem Clareamento. A razão pela qual os vários preparados farmacêuticos que procuram alterar a doença psicossomática têm um sucesso tão incerto reside no fato de que a mente, contendo esses engramas que são "sobrevivência" (um fulano precisa tanto disso como de um buraco na cabeça), controla o regulador da função vital para produzir doenças ativamente. Aparece algo para as retirar (mas elas são "sobrevivência" e essas malditas células insistem idiotamente nisso) e a mente tem de inverter rapidamente a atividade e repor a doença no lugar. Tente influenciar a mente reativa por meio da razão ou de agulhas e verá que ela não é mais fácil de convencer do que um humano enlouquecido por drogas, que está decidido a matar toda a gente em um bar. Ele também está a "sobreviver". Um preparado como o ACTH tem um efeito ligeiramente diferente. Este é demasiado exclusivo para se fazer qualquer pesquisa com isto, mas de acordo com os relatórios feitos sobre este preparado, o ACTH parece afetar os engramas no sentido do tempo. Isto é, ele altera a localização reativa do indivíduo no tempo, como veremos na parte sobre terapia. O ACTH e talvez muitos outros preparados da mesma categoria movem o indivíduo de um engrama crônico para outro. Isto é tão seguro como mudar os ditadores na Europa. O seguinte poderá ser duas vezes pior. Poderá até mesmo ser um maníaco e este é horrível, apesar da sua aparente "euforia". O tratamento por eletrochoque, os espancamentos de Bedlam e outras coisas dessa espécie, incluindo o tratamento cirúrgico de coisas de origem psicossomáticas, têm outro efeito, mas não muito diferente dos efeitos de drogas como o ACTH, na medida em que eles dão outro choque que transfere o padrão do engrama para outra parte do corpo e troca a posição das aberrações (quando essas coisas funcionam, é porque a nova aberração é menos violenta do que a antiga). Os choques, os golpes, a cirurgia e talvez mesmo coisas como o veneno de cobra mudam o efeito do banco de engramas sobre o corpo, não necessariamente para pior ou para melhor; mudam-no simplesmente. É como lançar os dados: às vezes acerta-se no sete. Depois há o tratamento de doenças psicossomáticas por remoção de tecidos. Este simplesmente remove a área que está ocupada a dramatizar ma linha física. Isto pode ser a remoção de um dedo do pé ou de um cérebro. Na época em que este livro está a ser escrito, estas coisas são de uso bastante comum. A remoção de um dedo do pé dirige-se a uma parte do conteúdo do engrama, o somático, e a remoção de partes do cérebro (como na leucotomia transorbital e na lobotomia pré-frontal ou qualquer outra coisa mais recente) dirige-se erroneamente à "remoção" da aberração psíquica. Também há um sistema de renúncia a funcionar nisto: o cirurgião ou o paciente tem uma aberração sobre "livrar-se disso" e, portanto, pedaços do corpo são cortados ou removidos. Alguns pacientes renunciam a partes anatômicas, por serem aconselhados a isso ou por sua própria insistência, tal como os antigos sangravam numa flebotomia. Há um paralelo direto entre sangrar um paciente para o curar e cortar partes dele para o curar. Ambos baseiam-se em um engrama de renúncia (livrar-se de) e nenhum deles é de maneira alguma eficaz. Espera-se que a medicina da bacia do barbeiro acabe por morrer, como morreram os seus pacientes. Estas são as cinco classes de doenças psicossomáticas: 1. As doenças resultantes da perturbação mentalmente causada ao fluxo de fluido físico, cuja classe se subdivide em: a. Inibição do flinco de fluidos. b. Aumento do flmro de fluidos. 2. As doenças resultantes da perturbação mentalmente causada ao crescimento físico, cuja classe se subdivide em: a. Inibição do crescimento. b. Aumento do crescimento. 3. As doenças resultantes da predisposição para a doença, resultante de uma dor psicossomática crônica numa área. 4. As doenças resultantes de perpetuação de uma doença devido a uma dor crônica numa área. 5. As doenças causadas pelo conteúdo dos comandos verbais dos engramas. A Classe 1a inclui coisas comuns como a prisão de ventre e coisas extraordinárias como a artrite. A artrite é um mecanismo complexo com uma causa simples e uma cura relativamente simples. Lembre-se que há duas coisas presentes em um engrama: dor física e comando verbal. Na artrite, ambas têm de estar presentes (como na maioria das doenças psicossomáticas). É preciso que tenha havido um acidente com a articulação ou a área afetada, e deve ter havido um comando durante a "inconsciência" que acompanhou o ferimento, que tornaria o engrama susceptível à restimulação crônica. (Comandos como "Isto é sempre assim" ou "Não para de doer" ou "Estou preso" produzirão resultados semelhantes.) Na existência deste engrama e tendo o mesmo feito key-in, há uma dor crônica na área do ferimento. Poderá ser mínima, mas não deixa de ser dor. (Pode haver uma dor, mas esta não ser sentida, se o engrama contêm um comando que seja anestésico, tal como "Ele nunca sentirá isto", que produz uma condição semelhante, mas torna a pessoa "inconsciente" à dor nessa área.) Essa dor no corpo provavelmente diz às células e ao sangue que essa área é perigosa. Por isso, ela é evitada. O comando permite que a mente influencie, digamos, a paratireóidc, que contêm o segredo do conteúdo de cálcio na circulação sanguínea. Um depósito mineral começa então a formar-se na região. Esse depósito mineral não é necessariamente a causa da dor, mas é um restimulador orgânico, de modo que quanto mais minerais houver, maior será a dor e mais o engrama faz key-in. Isto é a espiral descendente. E isto é a artrite em ação. Compreenda que a paratireóide e a negação de sangue à área são a causa teórica; o fato científico é que, quando se encontra e apaga um engrama sobre uma região que contêm artrite, a artrite desaparece e não volta, fato comprovado por chapas de raios X. Isto ocorre todas as vezes e não se deve a qualquer sugestão ou medicamento. Isto acontece porque um engrama é apanhado e rearquivado. Com a eliminação do engrama, a dor e a artrite desaparecem. Isto constitui toda uma classe de doenças, da qual a artrite é apenas uma. Os mecanismos que isto envolve variam ligeiramente. Podem ser todos incluídos sob o título de "perturbação física causada pela redução do fluxo de fluidos no corpo". A Classe 1b de doenças psicossomáticas, o aumento do fluxo de fluidos, contêm coisas como a tensão arterial alta, a diarreia, a sinusite, o priapismo (atividade excessiva das glândulas sexuais masculinas) ou qualquer outra condição física resultante de uma superabundância de fluido. A Classe 2a pode causar coisas como um braço atrofiado, um nariz chato, órgãos genitais subdesenvolvidos ou qualquer outro subdesenvolvimento de uma glândula que tenha a ver com o tamanho (que pertencerá também à classe 1a), a calvície (que, tal como o resto, também pode fazer parte do padrão genético e, portanto, inerente) e, em suma, a redução do tamanho de qualquer parte do corpo. A Classe 2b causa coisas como mãos excessivamente grandes, nariz comprido, orelhas excessivamente grandes, órgãos aumentados ou qualquer outra deformação física comum. (É possível que o cancro possa ser incluído sob este título como uma cura excessiva.) A Classe 3 incluiria a tuberculose (alguns casos), problemas de fígado, problemas nos rins, erupções cutâneas, constipações comuns, etc. (pertencendo igualmente a outras classes, como acontece com todas de um modo ou de outro). A Classe 4 incluiria aquelas doenças que, apesar de surgirem sem influência psicossomática, fixam-se por acidente numa área anteriormente ferida e, por restimulação, mantêm um engrama ativado naquela área de modo que a condição se torne crônica. A tuberculose podia ser incluída aqui. A conjuntivite, todas as feridas infectadas e qualquer condição que se recuse a sarar, etc. Esta quarta classe também incluiria todas as dores e doenças bizarras que parecem não ter patologia real. A Classe 5 inclui um catálogo extremamente amplo de condições, qualquer uma das quais poderá ser incluída nas outras classes ou poderá provir unicamente de engramas que ditam a presença ou a necessidade de uma doença. "Tu estás sempre constipado", "Tenho os pés doloridos", etc., anunciam uma doença psicossomática e os mecanismos do corpo podem fornecê-la. Qualquer doença pode ser precipitada por engramas. A doença poderá ter origem em germes; o indivíduo tem um engrama que diz que ele poderá ficar doente e, com base nessa generalização, adoece com qualquer mal que esteja à mão. Além disso, e de modo ainda mais geral, o engrama reduz a resistência física do corpo à doença. E quando o engrama entra em restimulação (talvez devido a uma discussão familiar, a um acidente ou alguma coisa parecida), a capacidade que o indivíduo tem de resistir à doença diminui automaticamente. Como será explicado, as crianças têm muito mais engramas do que se supunha. Quase todas as doenças de infância são precedidas de um distúrbio psíquico e se este distúrbio psíquico está presente - mantendo um engrama restimulado - essas doenças podem ser muito mais violentas do que deviam. O sarampo, por exemplo, pode ser apenas sarampo ou pode ser sarampo acompanhado de restimulação engrâmica, e neste caso pode ser quase ou inteiramente fatal. Um exame de muitos casos, neste assunto da doença de infância ser predisposta, precipitada e perpetuada por engramas, faz-nos pensar até que ponto as doenças em si serão realmente violentas. Elas nunca foram observadas numa criança Clareada e há motivo para investigar a possibilidade de as doenças de infância serem, em si mesmas, extremamente leves e só serem complicadas por um distúrbio psíquico, isto é, pela restimulação de engramas. De fato, poder-se-ia fazer esta pergunta sobre todo o campo da patologia: Qual é o efeito real da doença se lhe for subtraída a equação mental? Até que ponto é que as bactérias são perigosas? Até agora o campo da bacteriologia permaneceu sem princípios dinâmicos. A dinâmica, sobrevivência, é aplicável a todas as formas de vida e as "formas de vida" incluem os germes. O propósito do germe é sobreviver. Os seus problemas são o alimento, a proteção (ofensiva e defensiva) e a procriação. Para conseguir estas coisas, o germe sobrevive no seu nível de eficiência ótima. Sofre mutações, altera-se com a seleção natural e muda dinamicamente por necessidade de sobrevivência (este último passo é aquele que faltava na teoria da evolução) a fim de levar a cabo o máximo de sobrevivência possível. Comete erros ao matar os hospedeiros, mas ter um propósito de sobreviver não quer dizer necessariamente que uma forma sobreviva. Em patologia, o germe, empenhado no seu propósito, age como um supressor da dinâmica de sobrevivência da espécie humana. Ainda não se determinou qual é a gravidade desse supressor na ausência da supressão engrâmica no humano. Existem dados suficientes para indicar que um ser humano, com o seu potencial na quarta zona, não está, aparentemente, muito sujeito a doenças: a constipação comum, por exemplo, seja ou não um vírus, passa-lhe ao largo; não há infecções crônicas. Aquilo que os anticorpos têm a ver com isto ou o que é este fator, também é outra questão. Mas é certo que um Clear não adoece facilmente. No aberrado, a doença acompanha de perto a depressão mental (depressão do nível dinâmico). A aberração da mente e do corpo por engramas leva, então, não só à doenças psicossomáticas, mas também à patologia real - que até agora tem sido considerada como mais ou menos independente do estado mental. Como foi provado por pesquisa clínica, o clareamento de engramas faz mais do que remover a doença psicossomática - potencial, aguda ou crônica. O clareamento também tende a tornar o indivíduo imune à recepção da patologia: não se sabe ainda até que ponto, porque para estabelecer estas estatísticas é necessária uma visão tão ampla e a tão longo termo que o projeto exigirá milhares de casos e observações de médicos durante um longo período. A quantidade de aberração que uma pessoa manifesta, isto é, a posição que ela ocuparia numa escala de sanidade, tem pouco a ver com a doença psicossomática. Essas doenças só precisam de um ou dois engramas de uma natureza específica para se manifestarem. Esses engramas poderão não ser aberrativos de nenhuma outra forma, exceto por predisporem o indivíduo para a doença. Ter uma doença psicossomática não é a mesma coisa que ser "maluco" ou ter tendências hipocondríacas. O hipocondríaco pensa que tem doenças, um caso especial da Classe 5 dada acima. A perturbação cai nitidamente em duas categorias. A primeira é a perturbação mental, qualquer condição irracional que nós em Dianética chamamos aberração para evitar a constante catalogação de milhares ou milhões de manifestações que a irracionalidade pode ter. A outra perturbação do indivíduo é somática: isto aplica-se inteiramente ao seu ser físico e à sua capacidade e saúde físicas. Estas duas coisas estão presentes em todos os engramas: a aberração e o somático. Mas o engrama pode manifestar-se cronicamente como somático (aqui fez-se um substantivo de um adjetivo e este é comummente empregado em Dianética para evitar o uso da palavra dor, que não abrange tudo e que é restimulativa) ou como aberração, ou como as duas coisas ao mesmo tempo. Um engrama tem de conter dor física. Quando é restimulado na vida diária, essa dor física poderá ou não aparecer. Se não aparece como dor, mas sim como aberração, então o indivíduo está em outra valência que não a sua (a "necessidade de manifestar as suas hostilidades"). Se ele for suficientemente são para estar na sua própria valência, a dor física estará presente. Em Dianética, dizemos que o somático apareceu. Quando qualquer somático aparece, a menos que o indivíduo seja um preclear em terapia, parte da aberração também está a aparecer. Em suma, a aberração pode aparecer sozinha ou pode aparecer o somático com alguma parte da aberração. Quando uma pessoa dramatiza outra valência que não a sua, a aberração está presente; quando a dramatização, a repetição do engrama como se este fosse um disco fonográfico em uma ou em outra valência, é suprimida por qualquer outro fator, como a polícia ou uma pessoa mais forte ou mesmo pelo próprio indivíduo (tem-se chamado repressão a isto - o termo não é usado aqui por estar carregado de outros significados), o somático irá certamente aparecer à vista. O indivíduo está, então, aparentemente em "melhor situação", como as células queriam que estivesse, se ocupar o papel de sobrevivência no engrama, a valência vencedora, porque pelo menos ele não está doente. Mas quantas pessoas foram mortas, quantos bancos foram roubados, quantos cônjuges foram levados à loucura por essas dramatizações? Assim, a saúde de um indivíduo seria considerada pela sociedade, no seu esforço para proteger os seus membros, como um assunto secundário. Na verdade, a "sociedade" não tem tido conhecimento deste aspecto mecânico. O indivíduo que dramatiza a valência de sobrevivência nos seus engramas poderá fazer coisas violentas a outras pessoas. O indivíduo que não se permite tal dramatização, ou que é forçado a afastar-se desta dramatização pela sociedade, ficará certamente com doenças psicossomáticas. "Cara, ganho eu, coroa, perdes tu." A solução é aliviar ou apagar o engrama, pois o problema tem muitos aspectos adicionais: o ser humano que dramatiza os seus engramas, com ou sem a sociedade, não está apto para sobreviver; e se os dramatiza, está sujeito a quaisquer comentários insultuosos que tenham sido feitos à valência em que ele está, por outra valência contida nesse mesmo engrama. As combinações das classes e dos aspectos da doença psicossomática, aqui listadas e descritas, levam a algumas situações altamente complexas. É um fato científico que não existe nenhuma doença psicossomática sem uma aberração. E é verdade que não existe nenhuma aberração sem uma doença psicossomática potencial ou real. Uma das doenças psicossomáticas que menos se esperaria encontrar como um caso psicossomático é a doença da perversão sexual. O pervertido sexual (e neste termo Dianética, para ser breve, inclui todas as formas de anormalidades na Segunda Dinâmica, tais como a homossexualidade, o lesbianismo, o sadismo sexual, etc., e todas as incluídas no catálogo de Ellis e Krafft-Ebing) está, na realidade, bastante doente fisicamente. A perversão, como doença, tem tantas manifestações, que esta deve estar espalhada por toda a série de classes citadas acima desde (1) até (5). O desenvolvimento excessivo ou o subdesenvolvimento dos órgãos sexuais, a inibição ou exagero seminal, etc., encontram-se alguns em um pervertido e alguns noutro. E, em resumo, o pervertido é sempre uma pessoa muito doente, de um modo ou de outro, quer ele esteja consciente disso ou não. Ele está muito longe de ser culpado pela sua condição, mas também está tão longe de ser normal e é tão extremamente perigoso para a sociedade, que a tolerância da perversão é tão má para a sociedade como a sua punição. Por lhe terem faltado até agora os meios adequados, a sociedade foi apanhada entre a tolerância e a punição, e é claro que o problema da perversão não foi resolvido. Saímos aqui um pouco do assunto mas, quanto à perversão, pode-se comentar que a melhor explicação que antes havia para isto era alguma coisa acerca das meninas terem inveja do pênis do Papá ou de os meninos ficarem perturbados com aquela coisa terrível, a vulva, que a Mamã um dia teve o descuido de deixar ver. É preciso muito mais do que estes puros disparares para fazer um pervertido. Antes pelo contrário, seria preciso uma coisa como dar pontapés na cabeça de um bebê, passar-lhe por cima com um cilindro das estradas, cortá-lo em dois com uma faca enferrujada, fervê-lo em lisol e tudo isto enquanto pessoas loucas lhe gritam as coisas mais horríveis e obscenas. O ser humano é um personagem muito duro. Ele é tão duro que venceu todo o reino animal e pode fazer tremer as estrelas. E quando se trata de desequilibrar a sua Segunda Dinâmica, aquilo que é preciso para isso é uma combinação de Dante e Sax Rohmer. Deste modo, o pervertido, contendo centenas e centenas de engramas malignos, tem tido pouca escolha entre estar morto e ser um pervertido. Mas com uma ciência eficaz para resolver o problema, uma sociedade que continue a tolerar a perversão e todos os seus efeitos tristes e sórdidos não merece sobreviver. A perversão pode ter outros aspectos. Em uma sociedade que foi examinada, essas aberrações tinham-se multiplicado tanto que surgiu um culto místico principal que sustentava que todas as doenças mentais tinham origem no sexo. Isto, naturalmente, deu um maior ímpeto às aberrações na Segunda Dinâmica (sexo), pois tal crença cultual deve ter sido originada por um indivíduo que tinha aberrações severas na Segunda Dinâmica. Esta crença de que o sexo era a única fonte da aberração e sofrimento humanos atraiu naturalmente, como praticantes, indivíduos que tinham padrões aberrativos semelhantes. E assim o culto reforçou ainda mais os fatores aberrativos existentes na sociedade, visto que toda a sua atividade visava fazer do sexo uma coisa horrenda e pavorosa, rotulando-o como a fonte primária das doenças mentais da sociedade. O profeta desse deus foi Maniqueu, um persa do século III, que ensinou que todas as coisas a respeito do corpo, sobretudo o sexo, eram diabólicas. O culto de Maniqueu prolongou-se por boa parte da Idade Média e depois desapareceu, para nunca mais perturbar o ser humano. Qualquer dinâmica pode ser bloqueada: a Dinâmica Pessoal, a Dinâmica do Sexo, a Dinâmica do Grupo ou a Dinâmica da Humanidade. Cada uma delas foi, em determinado período, alvo de um ou outro culto que procurava curar todos os males humanos e salvá-lo. Dianética não está interessada em salvar o ser humano, mas pode fazer muito no sentido de evitar que ele seja "salvo". Como um corpo organizado de conhecimento científico, Dianética apenas pode tirar as conclusões que observa no laboratório. Pode-se observar que a Igreja está totalmente correta em fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar a blasfêmia. A blasfêmia pode muitas vezes ser proferida durante a "inconsciência" de uma pessoa que foi agredida. Isto introduziria nomes sagrados e pragas nos engramas que, ao reagirem dentro do indivíduo, lhe dão um terror anormal e uma compulsão ou repulsão em relação a Deus. O que está mal não é a religião, mas sim a blasfêmia da religião. Esta blasfêmia cria o fanático louco e o ateu assassino, os quais a Igreja dispensaria com muito prazer. Na esfera da doença psicossomática, qualquer combinação da linguagem ê, em um engrama, um fator tão nocivo como qualquer outro. O raciocínio idiota da mente reativa, que considera tudo o que está em um engrama igual a tudo o que está em um engrama, também considera que tudo o que é semelhante ao engrama no mundo exterior (os restimuladores) é causa suficiente para pôr o engrama em ação. Por conseguinte, pode surgir a doença e a aberração. Há, contudo, uma peculiaridade nas doenças psicossomáticas que é crônica: a mente reativa do aberrado exerce um livre-arbítrio na medida em que só os engramas pró-sobrevivência se tornam crônicos. Em um nível reativo, pode-se dizer que o aberrado não se permitirá sofrer a doença dos seus engramas, a menos que essa doença tenha um valor de "sobrevivência". Isto é muito importante na terapia. As doenças psicossomáticas crônicas que um paciente apresenta são aquelas que têm um fundo de compaixão (pró-sobrevivência). Não é possível "estragar" uma criança com amor e afeição. Quem quer que tenha postulado que isso era possível, estava a postular com dados errôneos e sem nenhuma observação. Uma criança precisa de todo o amor e afeição que possa obter. Fez-se um teste em um hospital que tendia a mostrar que os bebês desenvolviam febres, quando eram deixados sem atenção. Quando eles recebiam atenção, as febres baixavam logo. O teste, conquanto não tenha sido pessoalmente observado pelo autor, parece ter sido conduzido com os controles apropriados, de acordo com o relatório. Se for verdade, isto postula no ser humano um mecanismo que usa a doença para conseguir afeição numa base genética. Não há nenhuma razão para que não seja assim; houve anos de engenharia mais do que suficientes - quase dois mil milhões - para incorporar tudo no plano genético. Esses bebês, em vários grupos, foram deixados no hospital para o teste, pelos seus pais; eles ficaram uniformemente doentes quando não receberam afeição. Se esses testes foram efetuados com exatidão, temos aqui a lei da afinidade em ação. O seu propósito não foi ajudar Dianética, mas mostrar que deixar um bebê em um hospital depois do nascimento, por causa de ele ter uma doença ligeira, agrava invariavelmente essa doença. Uma série de experiências de Dianética, severamente controladas, durante um período muito mais longo, demonstrou que a lei da afinidade, conforme é aplicável à doença psicossomática, era, com uma margem muito ampla, muito mais poderosa do que o medo e o antagonismo. É uma margem tão ampla que poderia ser comparada com a resistência de uma viga de aço em relação a uma palha. Descobriu-se, como se disse acima, que as doenças psicossomáticas crônicas só existiam quando havia por detrás delas um engrama de compaixão. A lei da afinidade pode ser interpretada como a lei da coesão; "afinidade" pode ser definida como "amor" em ambos os seus significados. A privação ou a ausência de afeição poderia ser considerada como uma violação da lei da afinidade. O humano precisa de estar em afinidade com o humano para sobreviver. O suicida normalmente comete o ato com base na computação de que a remoção da sua pessoa beneficiará, de algum modo, as outras pessoas - isto, a nível da mente reativa, é uma computação muito comum que deriva exclusivamente de engramas. O líder industrial violento, com o seu aspecto implacável, quando sofre de uma doença psicossomática, normalmente retira-a de um engrama de compaixão. O engrama de compaixão finge ser pró-sobrevivência. Como disse um preclear, um humano não é vitimado pelos seus inimigos, mas pelos seus amigos. Um engrama surge sempre de um momento maior ou menor de "inconsciência". Não existe engrama sem "inconsciência". É só quando o analisador está fora de circuito que o mundo exterior se pode tornar interior, irracional e trabalhar a partir de dentro. Assim que o analisador identifica um desses engramas como tal, esse engrama perde cerca de 20 por cento da sua capacidade de aberrar e, normalmente, 100 por cento da sua capacidade de causar uma doença psicossomática. A dor é extremamente perecível. O prazer é gravado em bronze. (Aqui não há poesia, mas ciência. A dor física apagar-se-á com uma breve atenção. Mas uma experiência agradável ou mesmo mediana está tão solidamente fixada na mente, que nenhum tratamento conhecido de Dianética poderá abalá-la e uma grande quantidade de esforço foi dedicado às gravações de prazer só para lhes testar a permanência. Elas são permanentes; a dor física é perecível. É uma pena, Schopenhauer, mas você estava totalmente enganado.) Expor um lock (um momento de "angústia mental") ao analisador uma vez que o engrama que lhe dava força tenha desaparecido, faz com que esse lock desapareça como poeira soprada pelo vento. O analisador funciona baseado na Doutrina do Dado Verdadeiro: não quer ter nada a ver com algo que ele descubra ser falso. A simples exposição de um engrama sem o aliviar tem algum valor terapêutico (20 por cento) e isto fez surgir a crença de que bastava uma pessoa conhecer os seus males para que estes desaparecessem. Seria bom se assim fosse. O engrama mais aberrativo é, então, aquele que é retido pelo conceito da mente reativa - essa idiota - de que este é necessário à sobrevivência do indivíduo. Este engrama de compaixão é aquele que aparece e permanece crônico como doença psicossomática. Há duas razões para isto: a pessoa normalmente está na sua própria valência quando recebe um engrama de compaixão; e a mente reativa da pessoa, conhecendo bem o valor da afinidade, apresenta a doença psicossomática para atrair afinidade. Aqui não há qualquer volição da parte do "Eu" analítico do indivíduo. Mas há toda a "volição" da parte da mente reativa. Um engrama de compaixão seria uma coisa como esta: um menino, muito vitimizado pelos pais, está extremamente doente. A avó cuida dele enquanto ele está a delirar, tranquiliza-o dizendo-lhe que cuidará dele, que ficará ali até que ele fique bom. Isto coloca um valor de "sobrevivência" muito alto em estar doente. Ele não se sente seguro junto dos pais; ele quer a presença da avó (ela é a valência vencedora porque manda nos pais dele) e ele agora tem um engrama. Sem o engrama não haveria doença psicossomática. Doença, "inconsciência" e dor física são essenciais para receber este engrama. Mas este não é um engrama de contra-sobrevivência. É um engrama de pró-sobrevivência. Pode ser dramatizado na valência da própria pessoa. A doença psicossomática, em um caso como este, seria um "bem precioso". O "Eu" nem conhece a computação, pois o analisador estava desligado quando o engrama foi recebido. Nada fará o analisador recordar-se desse engrama, exceto a terapia de Dianética. E o engrama não se limpará. Agora com esse engrama, nós temos um paciente com sinusite e uma predisposição para infecções pulmonares. Poderá ser que ele tenha tido a pouca sorte de casar com uma réplica da sua mãe ou da sua avó. A mente reativa não consegue diferenciar entre a avó ou a mãe e a esposa, se elas forem mesmo que vagamente semelhantes no modo de falar, tom de voz ou maneirismos. A esposa não é compassiva. Lá vem o engrama para exigir essa compaixão. E mesmo que a esposa pense que a sinusite e a infecção pulmonar são suficientemente repugnantes para levar ao divórcio, a mente reativa mantém o engrama ativado. Quanto mais ódio da parte da mulher, mais aquele engrama faz key-in. Pode-se matar um homem assim. O engrama acima é um engrama de compaixão típico. Quando um terapeuta tenta retirar esse engrama do paciente, a mente reativa recusa-se a perdê-lo. O "Eu" não o recusa. O analisador não o recusa. Esses estão esperançosos de que o engrama se solte. Mas a mente reativa mantém-no pregado, até que o Dianeticista lhe meta um pé-de-cabra por baixo. Depois o engrama vai-se. (Aliás, poder-se-á levantar locks suficientes para aliviar esta condição. Mas o paciente desenterrará outro engrama!) A resistência às terapias do passado resultou destes engramas de compaixão. E no entanto, eles estão ali mesmo à superfície, totalmente expostos como doenças psicossomáticas crônicas. Dar qualquer quantidade de medicamentos a um paciente com uma doença psicossomática apenas resulta em um alívio temporário. O "Eu" não quer a doença. O analisador não a quer. Mas o corpo a tem, e se alguém conseguir curá-la sem remover esse engrama, o corpo, sob o comando da mente reativa, encontrará outra coisa para substituir aquela doença ou desenvolverá uma "alergia" ao medicamento ou anulará totalmente o efeito do medicamento. Em Dianética, a aplicação da técnica para aliviar os engramas que causam esses males trouxe, invariavelmente, o alívio a todos os pacientes tratados, sem recaídas. Em suma, as doenças psicossomáticas podem agora ser curadas. Todas elas. ****** Capítulo 6 A Emoção e as Dinâmicas ****** A emoção é uma quantidade theta (theta), o que significa que ela está tão envolvida nas forçs vitais que Dianética, neste estágio, lida com ela com sucesso invariável, mas sem tentar apresentar mais do que uma teoria descritiva. É preciso fazer muita pesquisa sobre a emoção; mas desde que a terapia a abranja e a libere com sucesso, pode-se dispensar, até certo ponto, quaisquer dados adicionais. A emoção teria de ser nitidamente dividida em emoções negativas e emoções positivas. A emoção negativa teria um caráter de não-sobrevivência e a emoção positiva seria pró-sobrevivência. Não nos ocupamos aqui das emoções agradáveis ou aprazíveis. Acredita-se que toda a emoção é a mesma coisa. Mas nos seus aspectos acima da Zona 1, ela pode ser posta de lado por ser desnecessário explicá-la neste momento, para o propósito deste livro. Nas Zonas 1 e 0, a emoção torna-se muito importante para a terapia. Como se disse anteriormente, as Zonas 1 e 0 são as zonas de ira e apatia, respectivamente. Desde a morte até à fronteira entre a ira e o medo está a Zona 0. Desta fronteira até ao início do aborrecimento está a ira, Zona 1. É como se a dinâmica de sobrevivência, ao contrair-se para a Zona 1, começasse a exibir hostilidade. Depois, sob mais supressão na direção da morte, começou a exibir ira. Sob ainda mais supressão começou a exibir fúria, depois o medo como o nível imediatamente abaixo, depois o terror e, finalmente, logo acima da morte, apatia. E à medida que a dinâmica é suprimida, poder-se-ia dizer que as células reagem energicamente à ameaça, ao resistir a esta. O analisador resiste até à margem superior da Zona 1, mas com um controle sempre decrescente. Daí para baixo, as células, o organismo em si, resistem até à última trincheira. A mente reativa está em comando absoluto desde a margem superior da Zona 1 diretamente até à morte e à medida que a dinâmica é suprimida, o seu comando do organismo cresce continuamente. A emoção parece estar inextricavelmente ligada à própria força da vida. Nenhum engenheiro duvidaria de que existe uma força vital. O humano e a medicina usualmente observam o jarro e esquecem-se que este está ali apenas para conter o leite e que o leite é que é a quantidade importante. A força vital é o hélio que enche o balão livre. O hélio sai, o balão desce. Quando este tipo de energia for localizado e isolado - se for apenas um tipo de energia - então a medicina poderá começar a avançar a passos tão largos que estes farão todos os passos anteriores parecerem os de um humano numa corrida de sacos. Porque a medicina, pelo que se sabe, não tem nenhum hélio sobressalente. Não se sabe até que ponto essa força vital pode subir na escala da sobrevivência. Acima da Zona 3 está a área dos pontos de interrogação. Um Clear sobe para um nível de persistência, vigor, tenacidade, racionalidade e felicidade. Talvez algum dia um Clear alcance o brilho interior de que o autor costumava ouvir falar na Índia e que marcava o homem que era todo alma. Sabe-se, definitivamente, até que ponto a força vital pode descer. Um humano morre. Não se move nem pensa. Morre como organismo e em seguida morre como células. Há diferentes períodos de "vida após a morte" para as células e os biólogos comentam que as células dos cabelos e unhas sobrevivem durante meses. Assim sendo, há aqui um espectro de morte, primeiro o organismo e, depois, colônia por colônia, as células. Isso ocorre do fundo da Zona 0 para baixo. Mas aquilo que nos interessa é a área que vai desde a Zona 1 até ao fundo da Zona 0. Poderia ser postulado que a mente analítica tem a sua maior vitalidade contra o supressor, a sua máxima capacidade para cuidar do organismo, quando está na terceira zona. À medida que o supressor empurra para baixo, o analisador dentro da parte inferior da Zona 3 empurra na direção oposta com força. Isto é a necessidade em ação. O nível de necessidade pode subir, nesta ação, até um ponto que faz key-out de todos os engramas! Deve-se compreender que o analisador considera futuros supressores e está continuamente empenhado em computações que apresentam problemas do futuro que o analisador resolve: esta é uma das funções da imaginação. Deve-se compreender também que o analisador está empenhado em inúmeras computações sobre o presente: porque a mente analítica está continuamente a lidar com um número enorme de fatores que incluem o supressor do presente e o supressor do futuro. Computa, por exemplo, sobre as alianças com amigos e simbiotas, e consegue as suas maiores vitórias quando toma alguma parte do supressor e transforma-a em um fator de aliança. O indivíduo pode ser visualizado, no espectro da sobrevivência, como estando na ponta da dinâmica de sobrevivência. O supressor empurra para baixo, ou futuros supressores ameaçam um empurrão, e a mente analítica empurra para cima com soluções. O nível do indivíduo é determinado por quão bem esses supressores são aparentemente enfrentados. Falemos agora do Clear e, até nova menção, continuaremos a usar o Clear. O Clear é uma pessoa não-aberrada. Ele é racional porque forma as melhores soluções que pode com os dados de que dispõe e do seu ponto de vista. Obtém o máximo prazer para o organismo, presente e futuro, bem como para os temas ao longo das outras dinâmicas. O Clear não tem engramas que possam ser restimulados de modo a afetar a correção da computação através da introdução de dados ocultos e falsos. Não tem nenhuma aberração. É por essa razão que o usamos aqui como exemplo. A dinâmica de sobrevivência é alta, é mais do que suficiente para contrabalançar o supressor. Tome isto como uma primeira condição. Isso colocaria a dinâmica na Zona 3, Tom 3,9. Agora, aumente o supressor. A dinâmica é empurrada para o Tom 3,2. A necessidade sobe. O supressor é empurrado para trás. A dinâmica está mais uma vez no Tom 3,9. Poderia chamar-se a esta ação um ressurgimento entusiástico. O indivíduo ficou realmente "irado" - isto é, ele recorreu ao seu ser para que lhe fornecesse poder para o pensamento e ação. Mentalmente, ele recorre a tudo o que constitua energia mental. Fisicamente, se a supressão fosse física, ele recorreria à sua adrenalina. Este é o uso correto das glândulas endócrinas: usá-las para recuperar a posição em relação ao supressor. Toda e qualquer função corporal está sob o comando analítico (mas não é necessariamente regulado). Suponhamos agora que o supressor se lança contra a dinâmica e força a dinâmica a descer até 3,0. O nível de necessidade sobe. São tomadas ações. Toda a força do ser é lançada contra o supressor. Suponhamos agora que surge um novo fator no supressor que o torna muito mais forte. O indivíduo ainda tenta reerguer-se contra este. Mas o supressor exerce cada vez mais peso sobre ele. O indivíduo começa a esgotar as suas reservas de energia mental ou física (este supressor tanto pode estar em um nível mental como físico). Cansando-se, o indivíduo desce para 2,5. O supressor volta a tornar-se mais forte. O indivíduo tenta reerguer-se mais uma vez. Ele lança as últimas reservas de energia ou dados disponíveis. E surge outro fator no supressor que aumenta o seu peso. O indivíduo decai até 2,0. Exatamente neste ponto, após ter falhado, o analisador finalmente desliga-se. Aqui, ele entrou no topo da Zona 1. A hostilidade instala-se. O supressor está em baixo, a exercer pressão contra a sobrevivência celular. E este desce ainda mais. O indivíduo entra em ira, recrutando celularmente, mas não conscientemente, as últimas forças. Mais uma vez o supressor adquire novo peso. O indivíduo entra em fúria. O supressor desce mais uma vez. O indivíduo entra em medo, Tom 0,9. O supressor desce novamente, recrutando novos fatores. E o indivíduo é empurrado para baixo, até 0,6, onde está em terror. Mais uma vez o supressor cai com nova força. O indivíduo desliza até ficar paralisado de medo, 0,2. Vamos estabelecer um paralelo disto com um exemplo muito simples e dramático, para não termos de considerar um milhar de fatores sutis. Um Clear, inexperiente na caça, decide matar um urso pardo. Tem uma espingarda excelente. O urso parece ser uma presa fácil. O homem está em 3,9 ou acima. Ele sente-se bem. Ele vai apanhar esse urso porque este tem estado a ameaçar-lhe o gado. Um grande entusiasmo leva-o até ao antro do animal. Ele espera; finalmente vê o urso. Acima do homem há um penhasco que ele normalmente não poderia escalar. Mas para acertar no urso, antes que este desapareça, o homem precisa de escalar o penhasco. O fato de ver que estava em perigo de perder a caça fez o homem descer para 3,2. A necessidade leva-o pelo penhasco acima. Ele dispara, mas ao disparar cai do penhasco. O urso é ferido. Ele avança em direção ao homem. A necessidade aumenta. O homem recupera a arma e dispara novamente. No momento em que ele dispara, está em 3,0. Ele falha. Dispara outra vez, mas o fato de ter falhado, com o urso ainda a avançar, leva-o a descer para 2,5. Ele volta a disparar. O urso recebe a bala mas não para. O homem volta a disparar, mas subitamente compreende que a sua arma não vai deter este urso. O seu tom baixa para 2,0. Ele começa a resmungar e a manobrar a arma febrilmente. As suas balas erram o alvo. Ele experimenta uma fúria contra a arma, o urso, o mundo e atira a arma fora, pronto para enfrentar o urso, já quase em cima dele, com as mãos nuas. Subitamente o homem conhece o medo. O seu tom desce para 1,2. Sentindo o cheiro do urso nas suas narinas, o tom desce para 0,9. Ele sabe que o urso vai matá-lo. Ele volta-se, tenta escalar o penhasco e escapar, mas os seus esforços são frenéticos. Ele está em Tom 0,6, terror puro. O urso ataca-o e derruba-o do lado desse penhasco. O homem jaz imóvel, com a respiração quase suspensa, com o batimento cardíaco reduzido a praticamente nada. O urso atinge-o novamente e o homem permanece imóvel. Então o urso decide que ele está morto e afasta-se. Abalado, o homem acaba por voltar a si, subindo o seu tom gradualmente para 2,0, o ponto em que o analisador se desligou. Ele mexe-se mais um pouco e levanta-se. O seu tom está novamente em 2,5, analiticamente ele está com medo e cauteloso. Recupera a arma. Começa a abandonar o local. Ele sente uma grande necessidade de recuperar o seu amor-próprio e o seu tom sobe para 3,2. Ele afasta-se e chega a uma área segura. Subitamente, ocorre-lhe que pode pedir uma Mauser emprestada a um amigo. Começa a fazer planos para apanhar aquele urso. O seu entusiasmo sobe. Mas completamente à parte do engrama recebido quando o urso o derrubou, ele age de acordo com a sua experiência. Três dias mais tarde, ele mata o urso e o seu tom sobe para 4,0 durante o tempo em que contempla e conta a sua história, e depois a sua mente ocupa-se com novos assuntos. A vida é muito mais complicada do que a atividade de matar ursos pardos; normalmente é muito menos dramática, mas está sempre cheia de situações que provocam uma flutuação do supressor. A realização de todos os objetivos agradáveis - matar um urso, beijar uma mulher, um lugar na primeira fila da ópera, ganhar um amigo, roubar uma maçã - são passagens através dos vários níveis de tom. E geralmente um indivíduo está a levar a cabo três ou três mil computações ao mesmo tempo e há trinta ou trinta mil variáveis nas suas computações. Demasiadas incógnitas, demasiadas inclusões de fatores do tipo "não sabia que a arma estava carregada" podem atirar o analisador de uma situação em que está diretamente alinhado para uma dispersão desordenada em que não funciona. Pode-se considerar que o analisador se desliga quando atinge o Tom 2,0. De 2,5 para baixo, as computações que ele faz não são muito racionais - há demasiadas incógnitas, demasiados fatores inesperados, demasiadas descobertas de cálculos errados. Isto é viver numa base de "Clear". Quando foi atingido pelo urso, o nosso caçador recebeu um engrama. Este engrama, quando fizesse key-in, dar-lhe-ia medo, uma atitude de apatia, na presença de certos fatores: todos os percépticos presentes - o cheiro daquele solo, dos galhos, da respiração do urso, etc. Mas ele matou o urso. A probabilidade desse engrama fazer key-in é remota. Não por ele ter matado o urso, mas porque ele, afinal de contas, era um homem adulto. E sendo um Clear, ele poderia voltar atrás no pensamento e clarear todo o incidente por si próprio. Este é um ciclo completo da emoção. O entusiasmo e o grande prazer estão no topo extremo. O medo e a paralisia estão no fundo. No humano, a morte simulada está muito próxima da coisa real na Escala de Tom. É um mecanismo válido. Mas é uma apatia completa. Enquanto o analisador está a funcionar é impossível receber um engrama, pois é tudo arquivado nos bancos padrão. Assim que se passa a fronteira de 2,0, quando se desce, pode-se considerar que a "inconsciência" começou e que qualquer coisa registrada, acompanhada de dor ou emoção dolorosa, é um engrama. Isto não é uma mudança de definição. O analisador desliga-se, com anestésico cirúrgico, em 2,0. O anestésico poderá deprimir mais o nível de consciência. A dor poderá deprimi-lo ainda mais. Mas deprimir o nível de consciência não é, necessariamente, deprimir a emoção. Qual é a quantidade de perigo concebido ou de compaixão que está presente no ambiente? É isso que deprime a Escala de Tom. Pode haver um engrama reativo que contenha um Tom 4,0, um que contenha um 1,0 ou outro que contenha um 0,1. Esta emoção não é, portanto, inteiramente bidimensional. O nível de profundidade da consciência pode ser afetado pela emoção dolorosa, venenos ou outras coisas que deprimem o nível de consciência. Depois disso, é tudo engrama e os engramas têm a sua própria Escala de Tom que vai de 4,0 até 0,1. Pode-se ver agora que há duas coisas em ação. Primeiro é o estado de ser físico. É isto que desafina o analisador. Depois, há o estado de ser mental. É isto que desafina a Escala de Tom emocional. Lembre-se, porém, que nos engramas há outro fator presente: a valência. Assim que o seu próprio analisador se desliga, o corpo assumirá a avaliação ou condição emocional de qualquer outro analisador presente. Aqui temos a afinidade a funcionar a sério. "Inconsciente" na presença de outros seres, um indivíduo toma uma valência por cada ser presente. Algumas dessas valências são incidentais. Ele escolherá primeiro aquela valência que é mais compassiva, como um futuro amigo desejável (ou alguma pessoa semelhante). E escolherá a valência mais importante (de maior sobrevivência, o patrão, o vencedor) para a sua dramatização. Ele também tomará a valência da entidade vencedora (que o vence a ele ou aos outros) para o tom emocional. Se a valência vencedora for também a valência compassiva, o indivíduo terá um engrama que pode ser utilizado em toda a sua extensão. Vamos tomar este exemplo: um humano está sob o efeito de óxido nitroso (o anestésico mais nocivo alguma vez inventado, pois não é realmente um anestésico, mas sim um hipnótico) enquanto lhe estão a extrair alguns dentes. Como de costume, todos os que estão à volta do paciente "inconsciente" conversam e tagarelam sobre o paciente, o tempo, a estrela de cinema mais popular ou o basebol. O dentista é um sujeito rude, muito mandão para com a enfermeira, com tendência para irritar-se com coisas insignificantes; ele também é bastante compassivo para com o paciente. A enfermeira é uma loura de olhos azuis, sexualmente aberrada. O paciente, que na verdade está em agonia, ao receber um engrama de grande magnitude que poderá arruinar a sua vida (o óxido nitroso é uma coisa terrível; na verdade, causa um engrama sofisticado como qualquer Dianeticista pode atestar), não está analítico. Tudo o que lhe é dito, ou é dito à sua volta, é tomado literalmente. Ele toma a valência do dentista como a valência mais importante presente e como a valência de compaixão. Mas cada frase pronunciada é aberrativa e será interpretada por aquela idiota feliz, a mente reativa, da mesma maneira que o Simão simplório, quando lhe disseram que tomasse cuidado com meter os pés nas tartes, por isso, ele pisou-as com muito cuidado. Essas pessoas poderão estar a falar a respeito de outrem, mas cada "eu" ou "ele" ou "tu" pronunciado é engrâmico e será aplicado pelo paciente aos outros e a si próprio no sentido mais literal. "Ele não consegue lembrar-se de nada", diz o dentista. Muito bem. Quando o engrama fizer key-in, este paciente terá uma oclusão na memória em maior ou menor grau. "Ele não pode ver nem sentir isto": isto significa uma oclusão na vista, dor e tato. Se nesse momento o paciente tem os olhos a chorar em agonia (embora completamente "anestesiado"), ele poderá ficar com vista deficiente e com má recordação visual devido a esta experiência. Agora, metem-no nas mãos dessa enfermeira loura para que ele durma até que desapareça o efeito da droga e se recupere. Ela é uma aberrada de primeira. Sabe que os pacientes fazem coisas estranhas enquanto ainda estão "inconscientes", de modo que ela arranca-lhe informações sobre a sua vida. Ela sabe que ele está hipnotizado (sim, claro que ela sabe) e, por isso, dá-lhe algumas sugestões positivas. Como diversão. Ela diz que ele gostará dela. Que ela será boa para ele. E que fique ali por enquanto. Assim, o pobre paciente, a quem foram extraídos dois dentes do siso que estavam inclusos, tem uma dramatização completa de ira-compaixão. O tom geral que ele assume é aquele que o dentista mostrou aos outros na sala. O dentista estava zangado com a enfermeira. Com as suas recordações completamente confundidas, o paciente conhece, alguns anos mais tarde, uma mulher parecida com a enfermeira. A enfermeira deu-lhe compulsões em relação a ela. Aquela idiota tola, a mente reativa, vê nessa pessoa totalmente diferente uma semelhança suficiente para criar uma identidade entre a enfermeira e essa nova mulher. Assim, o paciente divorcia-se da mulher e casa-se com a pseudo-enfermeira. Só agora, que ele se casou com ela, é que o engrama dental começa a fazer key-in a sério. Ele adoece fisicamente: os dois molares, adjacentes ao local onde estavam os dois dentes do siso, desenvolvem grandes cavidades e começam a apodrecer (circulação cortada, dor na área, mas ele não a pode sentir, pois há um desligamento da recordação de dor). A sua memória desintegra-se. As suas recordações pioram. Ele começa a ter problemas de vista e uma conjuntivite estranha. Além disso (porque o dentista encostava-se ao seu peito e ao seu estômago de vez em quando, com um cotovelo pontiagudo), ele tem dores no peito e no estômago. O óxido nitroso magoou-lhe os pulmões e esta dor também está em restimulação crônica. Mas o mais horrível é: ele acredita que essa pseudo-enfermeira tomará conta dele e, até certo ponto, ele deixa de cuidar de si próprio sob todos os aspectos. A sua energia dissipa-se e analiticamente ele sabe que está tudo errado e que não está a ser ele próprio. Porque ele está agora fixado na valência do dentista que está zangado com a enfermeira e, portanto, bate na sua pseudo-enfermeira, porque sente que todos os males provêm dela. A rapariga com quem se casou não é, nem foi a enfermeira. Ela parece-se um pouco com a enfermeira e é loura. Ela tem os seus próprios engramas e reage. Tenta o suicídio. Então um dia, visto que este é um engrama entre muitos, o hospital de doentes mentais apanha o nosso paciente e os doutores decidem que tudo o que ele precisa é de uma boa série de eletrochoques para lhe dar cabo do cérebro e, se isso não funcionar, basta um bom picador de gelo metido em cada globo ocular depois e durante o eletrochoque, com o picador de gelo a descrever um arco amplo para cortar a mente analítica em pedaços. A sua mulher concorda. O nosso paciente não se pode defender: ele está insano e, como se sabe, os insanos não têm direitos. Só que, neste caso, a cavalaria chegou sob a forma de Dianética e Aclarou o paciente e a mulher, que hoje vivem felizes. Este é um engrama real e uma história de caso real. É um engrama de compaixão e pró-sobrevivência, no nível idiota da mente reativa. Isto é para mostrar o fluxo e refluxo de emoção dentro deste único engrama. O ser físico está inconsciente e em agonia. O ser mental recebe uma variedade de tons emocionais segundo o princípio do contágio. O tom emocional real do paciente, o seu próprio tom, foi reduzido a apatia; consequentemente, ele já não pode "ser ele próprio". A propósito, deve-se mencionar que só um silêncio absoluto, um silêncio total e um silêncio tumular, deve estar presente numa operação ou ferimento de qualquer tipo. Não há nada que possa ser dito ou dado como percéptico em qualquer momento de "inconsciência" que seja benéfico para o paciente. Nada! À luz destas pesquisas e descobertas científicas (que podem ser comprovadas rapidamente em qualquer outro laboratório ou grupo de pessoas), falar ou fazer ruído na vizinhança de uma pessoa "inconsciente" devia ser punido criminalmente porque, para quem conheça estes fatos, tal ato seria uma tentativa deliberada de destruir o intelecto ou equilíbrio mental de um indivíduo. Se o paciente é elogiado, como na hipnose ou durante um ferimento ou operação, forma-se um maníaco que lhe dará uma euforia temporária e que, por fim, o atirará para o estágio depressivo do ciclo{5}. A regra de ouro poderia ser alterada para o seguinte: se ama o seu próximo, mantenha a boca fechada quando ele estiver inconsciente. Pode-se ver, então, que a emoção existe em dois planos: o plano pessoal e o plano extravalência. Esta é comunicável em termos de pensamento idêntico. A fúria presente quando um indivíduo está "inconsciente" dar-lhe-á um engrama de Tom 1; este conterá fúria. A apatia presente na vizinhança de uma pessoa "inconsciente" dar-lhe-á um engrama de Tom 0. A felicidade presente durante um engrama não é muito aberrativa, mas dará um engrama de Tom 4. E assim por diante. Por outras palavras, a emoção das pessoas que estão próximas de um indivíduo "inconsciente" é comunicada a este como parte do seu engrama. Qualquer estado de ânimo pode ser comunicado desse modo. Na dramatização de um engrama, o aberrado assume sempre a valência vencedora e esta não é, naturalmente, ele mesmo. Se há apenas uma outra pessoa presente e ela está a falar em termos de apatia, então a apatia é o valor tonal do engrama. Quando um engrama de apatia é restimulado, o indivíduo, a menos que queira ser severamente magoado, fica apático e este tom, sendo o que está mais próximo da morte, é o mais perigoso para o indivíduo. A emoção de fúria, comunicada a uma pessoa "inconsciente", dá-lhe um engrama de fúria que ela pode dramatizar. Este é o mais nocivo para a sociedade. Um tom meramente hostil presente junto de uma pessoa "inconsciente" dá-lhe um engrama meramente hostil (hostilidade encoberta). Com duas pessoas presentes, cada uma com um ânimo diferente, a pessoa "inconsciente" recebe um engrama com duas valências, além da sua. Quando isto ocorre, a pessoa dramatizará primeiro a valência vencedora com o seu ânimo e, se forçada a sair desta, dramatizará a segunda valência com o respectivo ânimo. Expulsa desta em um engrama crônico, ela enlouquece. Nada do que se diz aqui deve ser interpretado no sentido de que uma pessoa só usa ou dramatiza engramas de compaixão. Isto está muito longe de ser o caso. O engrama de compaixão dá-lhe a doença psicossomática crônica. Ela pode dramatizar qualquer engrama que tenha quando este é restimulado. A emoção é, então, comunicação e uma condição pessoal. O nível celular de avaliação de uma situação depende de qualquer outro analisador presente, mesmo que esse analisador lhe seja completamente hostil. Na falta dessa avaliação, o indivíduo assume o seu próprio tom para aquele momento. Há uma outra condição de emoção que é de extremo interesse e utilidade para o terapeuta, uma vez que é a primeira coisa com que ele terá de lidar ao abrir um caso. Não é nossa intenção começar aqui a discutir terapia, mas sim descrever uma parte necessária da emoção. Uma grande perda e outras ações rápidas e severas do supressor represam a emoção em um engrama. A própria perda pode ser um choque que reduz o poder analítico. E um engrama é recebido. Se este for a perda de uma pessoa compassiva, de quem o indivíduo dependeu, o indivíduo tem a impressão de que a própria morte o espreita. Quando ocorre um tal efeito de supressor, é como se uma forte mola de aço tivesse sido comprimida dentro do engrama. Quando se solta, ela sai com um afluxo terrível de emoção (se essa descarga é, de fato, emoção, embora dificilmente conheçamos outro nome para lhe dar). A força vital fica, aparentemente, represada nesses pontos da vida. Poderá haver enormes quantidades dessa força vital disponíveis, mas parte dela fica suprimida em um engrama de perda. Depois disso, a pessoa parece não ter uma vitalidade tão fluida como antes. Isto poderá não ser emoção, mas sim a própria força vital. Deste modo, a mente tem abaixo dela, como em um quisto, uma grande quantidade de tristeza ou desespero. Quanto mais dessas cargas existirem nesse estado enquistado, menos livres serão as emoções do indivíduo. Isto poderá existir numa base de supressão, até um ponto em que não há nenhuma subida rápida. Parece que não há nada no futuro da pessoa que a faça subir para algum plano semelhante àqueles que ela ocupou anteriormente. A glória e a cor da infância desaparecem à medida que se avança nos anos. Mas o que é estranho nisso e que esse encanto, beleza e sensibilidade à vida não desapareceram. Estão enquistados. Uma das experiências mais extraordinárias que um Clear tem é descobrir, no processo da terapia, que está a recuperar a sua apreciação da beleza no mundo. As pessoas, à medida que se afastam da infância, sofrem perda após perda, e cada perda retira-lhes um pouco mais dessa quantidade theta que poderá ser, de fato, a própria força vital. Presa dentro dessas perdas, essa força é-lhes negada e, na realidade, reage contra elas. Só esse enquistamento emocional pode, por exemplo, compartimentar a mente de uma pessoa que é multivalente ou que não consegue ver ou ouvir o seu passado. A mente analítica, trabalhada pelo banco reativo, compartimenta-se e divide-se com perda após perda até que não resta mais nenhum fluxo livre. Então o corpo humano morre. Assim, podemos dizer que a emoção, ou o que se tem chamado a emoção, na realidade consiste em duas seções: primeiro, há o sistema endócrino que, controlado pela mente analítica nas duas zonas superiores ou pela mente reativa nas duas zonas inferiores, produz respostas emocionais de medo, entusiasmo, apatia, etc. Segundo, haveria a própria força vital a ser compartimentada por engramas e a ser selada, pouco a pouco, no banco reativo. É possível que se possa formular uma terapia que libertasse apenas essas várias cargas de força vital, criando com isso um Clear completo. Infelizmente, isso não foi possível até à data. O que é estranho na emoção é que seja tão comum ela basear-se no conteúdo de palavras dos engramas. Se um engrama diz "tenho medo", então o aberrado tem medo. Se um engrama diz "estou calmo", mesmo que o resto do engrama lhe dê tremores de lhe fazer bater os dentes, o aberrado mesmo assim tem de estar "calmo". O problema da emoção como equilíbrio endócrino e força vital tem outra complicação no fato de que a dor física contida em um engrama é muitas vezes confundida com uma determinada emoção mencionada no engrama. Por exemplo, o engrama pode dizer, no seu conteúdo verbal, que o indivíduo está "sexualmente excitado" e ter, como conteúdo de dor, uma dor nas pernas e ter ira como conteúdo emocional real (a valência que diz: "Estou sexualmente excitado"). Isto, para o aberrado que o dramatiza, é uma situação complexa. Quando está "sexualmente excitado" - ele tem uma idéia do que isto significa apenas como linguagem - ele também está em ira e tem uma dor nas pernas. Isto, na realidade, é muito divertido em muitos casos e tem dado origem a uma série padronizada de piadas clínicas, todas a começar por: "Sabe, eu sinto-me como toda a gente". Os Dianeticistas, tendo descoberto que as pessoas avaliam as emoções, crenças, inteligência e somáticos do mundo em termos das suas próprias reações engrâmicas, encantam-se ao descobrir novos conceitos de "emoção". "Sabes como as pessoas se sentem quando estão felizes; as orelhas ardem-lhes." "Eu sinto-me como toda a gente quando estou feliz; doem-me os pés e os olhos," "Claro que sei como as pessoas se sentem quando estão felizes, sentem formigueiro pelo corpo todo." "Não sei como é que as pessoas aguentam estar tão apaixonadas quando isso lhes faz doer tanto o nariz." "Claro que sei como as pessoas se sentem quando estão excitadas; elas têm de ir à casa de banho." Provavelmente todas as pessoas na Terra têm a sua própria definição peculiar para cada estado emocional, em termos de comando engrâmico. O comando, mais os somáticos e os percépticos formam aquilo a que elas chamam um "estado emocional". Então o problema, na realidade, deve ser definido em termos do Clear, que pode funcionar sem ordens engrâmicas da mente reativa. Assim definida, a emoção decompõe-se em termos do sistema endócrino e do nível variável de força vital disponível para se reerguer contra o supressor. Deve-se acrescentar que o riso, estritamente falando, não é uma emoção, mas um alívio da emoção. Os antigos italianos tinham uma idéia muito definida, representada nos seus contos populares, de que o riso tinha valor terapêutico. A melancolia era a única doença mental considerada nesses contos e o riso era a sua única cura. Em Dianética, temos muito a ver com o riso. Na terapia, os pacientes são variáveis na sua reação de riso, desde a risada leve às gargalhadas de alegria. Pode-se esperar que qualquer engrama, que se libere realmente, comece algures entre as lágrimas e o aborrecimento e termine em riso; quanto mais próximo o tom do engrama estiver das lágrimas ao primeiro contato, mais certo será o aparecimento do riso à medida que o engrama é aliviado. Há um estágio de terapia, que o preclear muitas vezes alcança, no qual todo o seu passado parece ser motivo de uma hilaridade incontrolável. Isto não quer dizer que ele seja Clear, mas sim que se drenou uma grande proporção das cargas enquistadas. Houve um preclear que se riu durante dois dias, quase sem cessar. A hebefrenia não é a mesma coisa que este riso. Porque o alívio do preclear, ao dar-se conta do aspecto sombrio e do caráter completamente conhecível dos seus medos e terrores passados, é genuíno. O riso desempenha um papel definido na terapia. É bastante divertido ver um preclear que estava a ser atormentado por um engrama, que continha uma grande carga emocional, aliviar subitamente esse engrama. Porque a situação, por mais horrível que tivesse sido, quando aliviada é, em todos os seus aspectos, um assunto de grande hilaridade. O riso esvai-se e ele desinteressa-se pelo assunto, podendo-se dizer que ele está no "Tom 3" em relação a isso. O riso é definitivamente o alívio da emoção dolorosa. ****** Capítulo 7 Experiência Pré-Natal e Nascimento ****** As anciãs, há menos de cem anos, falavam sabiamente sobre a "influência pré-natal" e o modo como uma mulher marcava o seu filho. Muitos desses pensamentos intuitivos são baseados, de fato, em dados observados. Pode ser observado que a criança nascida fora do casamento é, muitas vezes, uma criatura infeliz (numa sociedade que não veja tais comportamentos com bons olhos). Há muitos milênios que essas crenças são mantidas no mundo quotidiano. Só porque se têm mantido não é razão para que sejam verdadeiras, mas fornecem um excelente início para um capítulo sobre a experiência pré-natal e o nascimento. Se Dianética tivesse trabalhado com teorias obscuras, tais como as das anciãs ou dos místicos, que acreditam que as "delusões infantis" são capazes de aberrar uma criança, Dianética não seria uma ciência da mente. Mas não foi uma teoria obscura que proporcionou a descoberta do papel exato que a experiência pré-natal e o nascimento desempenham na aberração e nas doenças psicossomáticas. Muitas escolas de cura mental, desde o Asclépiade até ao hipnotizador moderno, foram estudadas depois da filosofia básica de Dianética ter sido postulada. Muitos dados foram acumulados, muitas experiências foram feitas. Os fundamentos sobre os engramas já tinham sido formulados e já se tinha descoberto que a "inconsciência" era um período de gravação real quando a teoria começou a predizer novos fenômenos que, até então, não tinham sido observados. Nos últimos anos, tem havido uma prática chamada "narcossíntese". Isto era, na realidade, um ramo da "hipnoanálise" e da "análise profunda". Não produziu Clears e nem sequer produziu alívio na maioria dos casos, mas descobriu-se que essa mesma prática era um fator aberrativo. Uma coisa que aberra poderá muito bem levar a uma coisa que remove aberrações, se for estudada cientificamente. Por esse motivo, a narcossíntese foi estudada. Examinaram-se vários casos em que a narcossíntese tinha sido empregada. Alguns destes casos tinham experimentado alívio com a narcossíntese. Outros tinham ficado muito pior. Trabalhando com a hipnoanálise, descobriu-se que se podia modificar a técnica até que ela realmente removesse a carga aberrativa contida em locks. No tratamento de esquizofrênicos com narcossíntese, descobriu-se que os locks (períodos de angustia mental que não incluem dor física nem "inconsciência") às vezes se soltavam (apagavam-se) e outras vezes não. Narcossíntese é um nome complicado para um processo muito antigo, bastante conhecido na Grécia e na Índia. É o hipnotismo através de drogas. É geralmente empregada pelos praticantes que não conhecem a hipnose ou nos pacientes que não cedem ao hipnotismo normal. Uma injeção intravenosa de pentotal sódico é dada ao paciente e pede-se-lhe que conte para trás. Ele em breve para de contar e, então, para-se também a injeção. O paciente está agora em um estado de "sono profundo". Que isto não é sono parece ter escapado tanto àqueles que aplicam a narcossíntese como aos hipnotizadores. Trata-se, na realidade, de um depressivo que atua sobre a consciência do indivíduo, para que aquelas unidades de atenção que permanecem atrás da cortina do seu banco reativo possam ser alcançadas diretamente. Essas unidades de atenção estão em contato com os bancos padrão. Os circuitos de derivação (circuitos demônio) que estão entre esses bancos e o "Eu' também foram contornados. Por outras palavras, foi exposta uma seção da mente analítica que não está aberrada. Não é muito poderosa nem muito inteligente, mas tem a vantagem de estar em contato direto com os bancos padrão. Esta é a personalidade básica. A intenção, propósito e persistência dessas poucas unidades de atenção têm a mesma qualidade e direção que teria toda a mente analítica, se esta fosse Clear. É um grupo cooperativo de unidades de atenção muito bom e é muito útil, pois a personalidade básica tem todas as recordações: sônico, áudio, táctil, cheiro, dor, etc. Pode alcançar qualquer coisa que esteja nos bancos, e isso inclui tudo o que foi percepcionado ou pensado no período de uma vida, minuto por minuto. Estas qualidades da personalidade básica têm sido muito mal descritas no hipnotismo e de fato é duvidoso, mesmo se fosse geralmente conhecido, que a percepção sônica fizesse parte do sistema de recordação revelado pelo hipnotismo profundo ou pelo hipnotismo por droga, chamado narcossíntese. Um estudo da personalidade básica em um sujeito multivalente que tinha uma péssima memória, que não tinha boas recordações e que tinha uma imaginação fraca, revelou a informação de que a PB (as unidades de atenção chamadas personalidade básica) era mais capaz de selecionar dados do que a (personalidade básica representada pelo sujeito acordado). Descobriu-se, além disso, que a PA normalmente podia retornar melhor do que a PB no que respeita ao tempo-distância, mas que, quando a PA chegava ao ponto mais antigo, esta era incapaz de conseguir recordar. Mas se a PA fosse lá atrás e estabelecesse um contato vago com um incidente, o hipnotismo por droga ou o hipnotismo comum, usado no indivíduo quando ele estava em tempo presente (já não retornado), permitiria então que a PB retornasse. O hipnotismo por droga raramente foi capaz de abrir caminho muito para trás na vida do paciente. Mas ao fazer com que a força da PA fosse para trás e então usar a PB para recordar, foi possível alcançar alguns incidentes muito antigos. Este truque foi inventado para superar algumas das dificuldades que tornavam os resultados da hipnose por droga relativamente incertos. Descobriu-se, então, outro fator. Todos os pacientes que tinham sido tratados com narcossíntese tinham piorado todas as vezes que as pessoas que estavam a fazer o trabalho tinham tocado, mas deixado intacto (porque "toda a gente sabia" que uma pessoa "inconsciente" não gravava), um período de "inconsciência". Quando um desses períodos "inconscientes" era sondado desta maneira - por meio da hipnose por droga chamada narcossíntese - o paciente normalmente ficava pior, e não melhor. Sondando um pouco mais do que os praticantes usuais haviam sondado, a pesquisa de Dianética penetrou em alguns dos períodos "inconscientes" da vida mais recente e, com muito trabalho, pô-los a nu. Entretanto, toda a hipnose por droga, quer se chame narcossíntese ou uma visita do deus Asclépio, ainda é hipnose. Tudo o que for dito a um sujeito hipnotizado permanece como uma sugestão positiva, e estas sugestões positivas são simplesmente engramas com um efeito um pouco mais leve e de menor duração. Quando uma droga está presente, o hipnotismo é complicado pelo fato das drogas hipnóticas serem, afinal de contas, venenos; então, o corpo passa a possuir um somático permanente (pelo menos até à descoberta de Dianética) que acompanha a sugestão. O hipnotismo por droga cria invariavelmente um engrama. Qualquer coisa que o praticante diga a um sujeito narcotizado torna-se, até certo grau, engrâmica. Durante a pesquisa de Dianética supôs-se inicialmente, ao encontrar na mente dos pacientes a tagarelice descuidada dos clínicos, que estes pacientes tinham sido submetidos a hipnose por droga, que este descuido dos clínicos de dizerem tantas coisas aberrativas era responsável por alguns dos fracassos. Mas descobriu-se que isto era verdade em um sentido muito limitado. Depois verificou-se que quando se alcançavam os períodos "inconscientes" obtidos através da hipnose por droga, estes recusavam-se a levantar, mesmo quando o paciente os recontava dezenas de vezes. Culpou-se o caráter narcótico da hipnose por isso. Usou-se, então, o hipnotismo direto para alcançar esses períodos de "inconsciência" recentes e mesmo assim estes não se levantavam. Julgou-se, portanto, ser seguro continuar o uso de drogas nos paciente que recusavam a hipnose. Começou-se a empregar o truque da PA-PB alternadas. Descobriu-se, pela hipnose por droga, quando esta era necessária, e pela hipnose direta, quando esta era possível, que se podia fazer o "esquizofrênico" (o aberrado multivalente) alcançar períodos muito antigos em todos os casos. Descobriu-se, além disso, que um período antigo de "inconsciência" muitas vezes se levantava. As experiência ocasionaram um axioma científico: Quanto mais antigo for o período de "inconsciência", mais provável será que este se levante. Esse é um axioma fundamental da terapia de Dianética. Trabalhou-se com maníaco-depressivos que possuíam recordação sônica, a maioria por hipnose direta, e descobriu-se que eles também seguiam esta regra. Mas isto foi mais dramático no aberrado multivalente: pois quando um engrama não se levantava, este colidia com a sua mente analítica quando ele estava desperto e criava uma variação nas suas psicoses, trazendo também consigo as doenças psicossomáticas. Isto permitiu compreender a razão por que o aberrado multivalente, sob narcossíntese, piorava sempre que algum praticante deslizava (sem entrar, naturalmente) sobre um período de "inconsciência" mais recente. Agora surgira o problema de aplicar o axioma. Postulou-se que o engrama primário devia, de algum modo, suprimir engramas posteriores. Tomando em consideração os outros dados e postulados, esta era uma suposição inteiramente razoável. Quanto mais para trás se recuava na vida de um aberrado multivalente, menos probabilidades haviam de o restimular artificialmente. Muitas vezes, um engrama situado por volta dos dois ou três anos de idade levantava-se inteiramente, dando-lhe um grande alívio. O problema desta pesquisa estava muito longe de ser o mesmo problema enfrentado por aqueles que, desconhecendo a mente reativa e a "inconsciência", tentavam simplesmente encontrar fatores de computação em um nível racional, ou em incidentes da vida quotidiana, como fatores aberrativos em um paciente. Quando se toca um engrama, este oferece muita resistência, sobretudo acima da idade de dois anos. Além disso, todo o banco reativo estava profundamente enterrado sob camadas nebulosas de "inconsciência" e, além disso, este era salvaguardado por um mecanismo da mente analítica que tendia a proibi-la de tocar em dor ou em emoção dolorosa. O banco reativo esteve a proteger-se durante toda a pesquisa, mas este era obviamente a resposta. O problema era como conseguir o seu alívio, se é que este podia ser aliviado. Tendo provocado um enorme desconforto em várias personalidades multivalentes, atingiu-se um novo nível de necessidade que nos obrigava a fazer alguma coisa para resolver o problema. Mas havia esta esperança brilhante: o axioma mencionado acima. Era preciso construir uma ponte entre a insanidade e a sanidade, e ali, no axioma, tinha-se pelo menos o vislumbre de um plano. Quanto mais cedo a pessoa tinha experimentado essa névoa e dor, mais leves esses engramas pareciam ser. Então um dia, um paciente multivalente sob drogas retrocedeu ao nascimento. Ele sofreu a dor - e isso foi muito doloroso com esta técnica rude, pois Dianética ainda não se tinha aperfeiçoado até ser uma peça de maquinaria bem lubrificada - e ele debateu-se através do período de "inconsciência", lutou contra o médico que tinha tentado pôr-lhe gotas nos olhos e, de um modo geral, ressentiu-se com todo o procedimento. Primeiro, mandou-se a PA recuar no tempo e depois, sob drogas, a PB tinha contatado o incidente. Este pareceu ser um dia extraordinário para Dianética. Depois de vinte repasses através do nascimento, o paciente experimentou uma recessão de todos os somáticos, "inconsciência" e conteúdo aberrativo. Ele tinha tido asma. Parecia que esta asma tinha sido causada pelo entusiasmo do médico ao puxá-lo da mesa justamente quando ele lutava pela sua primeira respiração. Tinha tido conjuntivite. Essa veio das gotas para os olhos. Ele tinha tido sinusite. Essa veio das cotonetes para o nariz usadas pela enfermeira bonita. Houve regozijo, porque ele parecia um novo homem. Uma psicose primária acerca de ser "empurrado de um lado para o outro" tinha desaparecido. A realidade subjetiva deste incidente era intensa. A realidade objetiva não tinha importância, mas a mãe desse paciente estava por perto e a realidade objetiva foi estabelecida simplesmente ao retorná-la, em terapia, até ao nascimento dele. Eles não tinham comunicado a respeito do assunto em pormenor. O registro da sequência dela concordava com a do paciente, palavra por palavra, pormenor por pormenor, nome por nome. Mesmo que eles tivessem comunicado, a possibilidade de uma tal duplicação, fora da situação de Dianética, era matematicamente impossível. Ela tinha estado "inconsciente" durante o nascimento do paciente e sempre tinha suposto que as coisas tinham sido muito diferentes, e os dados do retorno deitaram abaixo a descrição que ela fazia da ocorrência, quando desperta, como sendo uma pura fábula. Para garantir que isto não era uma casualidade (pois o pesquisador que baseia as suas conclusões numa única experiência é bastante medíocre), dois maníaco-depressivos foram retornados aos seus nascimentos e ambos completaram a experiência. Mas um desses dois engramas de nascimento não queria levantar-se! O axioma postulado foi novamente posto em campo. Se fosse possível encontrar o engrama mais antigo, então os outros levantar-se-iam, cada um por sua vez. Esta era a esperança. O maníaco-depressivo, cujo nascimento não se tinha levantado, foi retornado a um período anterior ao nascimento, em um esforço para encontrar um engrama anterior. As teorias estruturais, carinhosamente mantidas durante séculos, já se tinham desmoronado completamente quando se penetrou na névoa "inconsciente" e na dor para descobrir o engrama como uma unidade aberrativa. Testes feitos tinham apoiado a descoberta de que todos os dados, com a pessoa desperta ou adormecida e "inconsciente", a partir do momento da concepção, eram sempre gravados em alguma parte da mente ou do corpo. A pequena questão da bainha de mielina foi descartada, uma vez que já tinha sido refutada pela pesquisa de laboratório que incluía alcançar o nascimento. A teoria de que não pode ocorrer nenhuma gravação na mente, até que os nervos estejam protegidos pela bainha, depende de um postulado teórico, nunca foi submetida à pesquisa científica e a sua existência depende unicamente da Autoridade - e uma "ciência" que depende apenas da Autoridade é um sopro na ventania da verdade e não é, portanto, uma ciência. Que os bebês não podem gravar até que a bainha de mielina esteja formada é, com base na investigação, tão verdade quanto o fato de que a inveja do pênis é a causa da homossexualidade feminina. Nenhuma dessas teorias, quando aplicada, funciona. Porque o bebê, afinal de contas, é composto de células e está agora provado por muita pesquisa que é a célula, não o órgão, que grava o engrama. Assim, não havia qualquer inibição quanto a procurar antes do nascimento por aquilo que Dianética já tinha começado a chamar básico-básico (o primeiro engrama da primeira cadeia de engramas). E alcançou-se um engrama anterior. Descobriu-se, desde então, que a criança faz uma grande quantidade de registros, enquanto no útero, que não são engrâmicos. Durante algum tempo, pensou-se que a criança no útero gravava com base no princípio do "ouvido amplificado", em que o ouvido afina-se na presença de perigo e particularmente durante a "inconsciência". Mas a primeira pesquisa descobriu que os engramas pré-natais são mais fáceis de alcançar quando contêm uma grande quantidade de dor. Há provas de que as células, não o indivíduo, registram a dor. E o banco reativo de engramas é composto apenas de células. Recorrer à natureza em vez de recorrer à Autoridade é a pedra angular da ciência moderna. Enquanto Galeno permaneceu como a Autoridade sobre o sangue, ninguém senão "loucos" como da Vinci, Shakespeare e William Harvey pensaram sequer em fazer experiências para descobrir qual era a verdadeira ação do sangue! Enquanto Aristóteles permaneceu como a Autoridade para Tudo, reinou a Idade das Trevas. O avanço surge das perguntas que uma mente livre faz à natureza, não de citar as obras e de pensar os pensamentos de tempos idos. O recurso ao precedente é uma asserção de que os mentores de ontem estavam mais bem informados do que os de hoje: uma asserção que se esvai perante a verdade de que o conhecimento é composto pelas experiências passadas, das quais temos, com toda a certeza, um maior número do que os mentores mais bem informados de outrora. Considerando que Dianética se baseava numa filosofia que usava a célula como o elemento construtivo básico, o fato de que a gravação dos engramas era feita pelas células foi recebido com menos surpresa do que poderia ter sido. O engrama não é uma memória; é um traço celular de gravações, profundamente impressas na própria estrutura do corpo. Já se tinha testado qual era a experiência de que as próprias células eram capazes. Já se tinha descoberto que uma monocélula não só dividia a sua substância, mas também dava toda a sua experiência às células que produzia, como um disco-mestre fará duplicatas. Esta é uma peculiaridade das monocélulas: elas sobrevivem como identidades. Cada uma é pessoalmente o seu antepassado. A Célula A divide-se numa primeira geração; esta geração também é a Célula A; a segunda geração, a segunda divisão, cria uma entidade que ainda é a Célula A. Faltando-lhe a necessidade de processos tão laboriosos como a construção, o nascimento e o crescimento antes da reprodução, a monocélula simplesmente divide-se. E pode-se postular que tudo o que ela aprendeu está contido na nova geração. A Célula A morre mas, através de gerações que partiram dela, a geração mais recente ainda é Célula A. A crença do ser humano de que ele viverá na sua progênie deriva possivelmente dessa identidade celular de procriação. Outra possibilidade interessante reside no fato de que até mesmo os neurônios existem em embrião no zigoto e os neurônios não se dividem, mas são como organismos (e poderão ter o vírus como o seu elemento construtivo básico). Contudo, Dianética, como um estudo da função e ciência da mente, não necessita de nenhum postulado relativo à estrutura. A única prova é se um fato funciona ou não. Se funciona e pode ser usado, é um fato científico. O engrama pré-natal é um fato científico. Foi testado e examinado quanto a realidade objetiva, e ainda permanece firme. Mas quanto à realidade subjetiva, somente a aceitação do engrama pré-natal como um fato funcional torna possível o Clear. Ao fim de uma série de 270 Clears e casos aliviados, escolheu-se uma curta série de cinco casos para finalmente arrumar o argumento. Não se permitiu que nenhum desses cinco casos admitisse algo antes do nascimento. Foram tratados com tudo o que Dianética, hipnotismo e outras terapêuticas podiam oferecer, e não se obteve nenhum Clear. Isto excluiu a "personalidade do operador" ou a "sugestão" ou a "fé" como fatores em Dianética. Esses cinco casos nunca tinham sido informados sobre engramas pré-natais. Cada um deles se desviou na direção desses engramas pré-natais, mas foram refreados sem serem informados de que havia engramas tão cedo. Os cinco foram aliviados quanto a algumas variedades de doenças psicossomáticas, mas estas foram apenas aliviadas, não se curaram completamente. As aberrações permaneceram sem grandes mudanças. Eles ficaram extremamente desapontados, uma vez que cada um deles tinha ouvido alguma coisa acerca dos "milagres que Dianética podia fazer". Antes deles, 270 casos tinham sido trabalhados e 270 casos tinham alcançado os engramas pré-natais. E 270 casos tinham sido Clareados ou aliviados, conforme a escolha do Dianeticista ou o tempo disponível. Todos poderiam ter sido Clareados com uma média de mais ou menos 100 horas, para cada uma das pessoas que foram aliviadas. Em suma, em casos escolhidos aleatoriamente - e em casos selecionados de modo a incluir no clareamento pelo menos dois de cada classificação de neurose ou psicose - foram obtidos resultados quando os engramas pré-natais e do nascimento foram considerados e usados em terapia. Quando esses fatores não foram tomados em consideração, os resultados não foram mais favoráveis do que aqueles conseguidos nos maiores sucessos das escolas passadas - o que não é suficientemente bom para uma ciência da mente. Os engramas pré-natais e de nascimento foram impostos a Dianética como fatos existentes na natureza das coisas. Que as escolas anteriores tenham passado por cima desses engramas e entrado na área pré-natal sem resultado, não significa que não se pudesse encontrar os pré-natais, nem significa que essas escolas anteriores dessem muito valor à experiência pré-natal quando chegavam sequer a considerá-la. O problema é um pouco mais complexo: a dificuldade residia em encontrar o banco reativo que estava ocluído pela "inconsciência", a qual nunca antes havia sido penetrada deliberadamente como "inconsciência". A descoberta desse banco reativo levou à descoberta dos engramas pré-natais, que são muito diferentes da "memória pré-natal". Depois de se ter examinado alguns casos quanto à sua realidade objetiva e subjetiva, Dianética foi obrigada a aceitar, se desejava um Clear, o fato de que as células do feto fazem registros. Mais alguns casos e um pouco mais de experiência descobriram que as células do embrião registram. E subitamente descobriu-se que a gravação começa nas células do zigoto, isto é, com a concepção. O fato de o corpo recordar a concepção, que é uma atividade de elevado nível de sobrevivência, tem pouco a ver com engramas. A maioria dos pacientes que tivemos até agora, mais cedo ou mais tarde, espanta-se quando dá por si a nadar por um canal acima ou à espera de ser conectado com algo. A gravação está ali. E de pouco serve discutir com um preclear que ele não pode recordar ser um espermatozóide, engrâmico ou não, conforme poderá ser o caso. Isto precisa de ser comentado, porque qualquer Dianeticista irá encontrá-lo. Qualquer pessoa que postule que "voltar ao útero" era uma ambição, devia ter examinado a vida no útero com um pouco mais de cuidado. Mesmo um cientista medíocre teria, pelo menos, tentado descobrir se alguém podia recordar-se dessa vida, antes de afirmar que havia uma memória desta. Mas a vida no útero não parece ser o Paraíso que tem sido poeticamente, se não cientificamente, representado. A realidade revela que três humanos e um cavalo dentro de uma cabina telefônica teriam só um pouco menos de espaço que um bebê que ainda não nasceu. O útero é húmido, desconfortável e desprotegido. A Mamã espirra e o bebê fica "inconsciente". A Mamã esbarra leve e descuidadamente numa mesa, e o bebê fica com a cabeça metida para dentro. A Mamã tem prisão de ventre e o bebê, no esforço ansioso, é espremido. O Papá torna-se apaixonado e o bebê tem a sensação de que foi metido numa máquina de lavar roupa em funcionamento. A Mamã fica histérica, o bebê recebe um engrama. O Papá bate na Mamã, o bebê recebe um engrama. O filho mais novo salta no colo da Mamã e o bebê recebe um engrama. E assim por diante. As pessoas têm dúzias de engramas pré-natais quando são normais. Podem ter mais de duzentos. Cada um deles é aberrativo. Cada engrama contêm dor e "inconsciência". Os engramas recebidos como zigoto são potencialmente os mais aberrativos, por serem totalmente reativos. Os que são recebidos como embrião são intensamente aberrativos. Os recebidos como feto são, por si sós, o suficiente para levarem as pessoas para os manicômios. Zigoto, embrião, feto, infante, criança, adulto: estes são todos a mesma pessoa. O tempo tem sido considerado como o Grande Curador. Isso pode ser arquivado com as coisas que "toda a gente sabia". Em um nível consciente, poderá ser verdade. Mas em um nível reativo, o tempo não é nada. O engrama, quando recebido, tem força em proporção com o grau em que é restimulado. O mecanismo de um engrama tem uma característica interessante. Este não é "raciocinado" ou analisado, nem tem significado algum até que lhe seja feito o key-in. Um bebê, antes de aprender a falar, pode ter um engrama em restimulação, mas o key-in desse engrama deve ter sido feito pelos dados analíticos que o bebê possui. A mente reativa rouba o significado à mente analítica. Um engrama é apenas um número de ondas gravadas até que faça key-in e essas gravações, através dessa restimulação, passam a agir sobre a mente analítica. Poderá ser que o engrama nunca tenha qualquer razão ou significado dentro de si, mas que apenas envie as suas ondas como coisas impensadas para o corpo e o analisador, e que o corpo e o analisador, através de mecanismos, lhes dêem significado. Por outras palavras, o engrama não é uma gravação senciente que contêm significados. É apenas uma série de impressões como as que uma agulha poderá fazer sobre a cera. Essas impressões não têm significado para o corpo até que o engrama faça key-in, e nessa altura ocorrem as aberrações e os psicossomáticos. Assim, pode-se compreender que a criança pré-natal não tem a menor idéia do que está a ser dito, em termos de palavras. Aprende, sendo um organismo, que certas coisas poderão significar certos perigos. Mas isto é o mais longe que ela vai com a gravação. A mente precisa ser mais ou menos formada por completo, antes que um engrama possa impor-se ao nível analítico. A criança pré-natal pode, naturalmente, experimentar terror. Quando os pais ou a abortadeira profissional começam a procurá-la e a enchem de buracos, ela conhece o medo e a dor. Essa criança pré-natal tem, contudo, uma vantagem na sua situação. Por estar rodeada de fluido amniótico e dependente da mãe para a nutrição, por estar em um estado de crescimento em que facilmente se recompõe fisicamente, ela pode reparar uma grande quantidade de danos, e assim faz. As qualidades de recuperação do corpo humano nunca são tão elevadas como antes do nascimento. Danos que aleijariam um bebê para o resto da vida ou que matariam um adulto podem ser facilmente resolvidos por uma criança pré-natal. Não é que esse dano não faça um engrama - pois com certeza que faz, completo com todos os dados, discurso e emoção - o importante aqui é que esse dano não mata com facilidade. A razão por que as pessoas tentam abortar filhos é um problema que só tem resposta na aberração, pois é muito difícil abortar uma criança Pode-se dizer que na tentativa, a própria mãe está em maior perigo de morte do que a criança, seja qual for o método usado. Uma sociedade que suprime o sexo como algo mau e que seja tão aberrada que qualquer um dos seus membros tentará um aborto, é uma sociedade que se está a condenar a uma insanidade crescente. Porque é um fato científico que as tentativas de aborto são o fator mais importante na aberração. A criança cujo aborto foi tentado está condenada a viver com assassinos, sabendo reativamente durante toda a sua infância, fraca e desprotegida, que eles são assassinos! Ela apega-se irracionalmente aos avós, tem reações de terror a qualquer punição, adoece facilmente e sofre durante muito tempo. E não há nenhum modo garantido de se abortar uma criança. Use anticoncepcionais, não uma agulha de tricô ou um irrigador, para controlar a população. Uma vez concebida a criança, por mais "vergonhosas" que sejam as circunstâncias, sejam quais forem os costumes, seja qual for o rendimento, o homem ou mulher que tente um aborto está a tentar um assassínio que raramente será bem-sucedido e está a lançar as bases de uma infância de doenças e desgostos. Qualquer pessoa que tente um aborto está a cometer um ato contra toda a sociedade e o futuro; qualquer juiz ou médico que recomende um aborto deve ser instantaneamente privado da sua posição e profissão, quaisquer que sejam as suas "razões". Se uma pessoa sabe que cometeu este crime contra uma criança que nasceu, ela deve fazer o possível por Aclará-la tão cedo quanto possível após a idade de oito anos e, entretanto, tratá-la com toda a decência e cortesia possíveis, para evitar a restimulação do engrama. Porque, caso contrário, ela poderá mandar essa criança para um manicômio. Uma grande proporção das crianças que são, alegadamente, débeis mentais são de fato casos de tentativa de aborto cujos engramas as colocam numa paralisia de medo ou numa paralisia regressiva e lhes ordenam que não cresçam, mas que fiquem onde estão para sempre. Os muitos milhares de milhões que os Estados Unidos gastam anualmente em manicômios para os loucos e em cadeias para os criminosos, são gastos sobretudo devido a tentativas de aborto feitas por alguma mãe com bloqueios sexuais, para quem as crianças são uma maldição e não uma bênção de Deus. A antipatia para com as crianças significa uma Segunda Dinâmica bloqueada. O exame fisiológico de qualquer pessoa com esse bloqueio mostrará uma perturbação física dos órgãos genitais ou das glândulas. A terapia de Dianética demonstraria uma tentativa de aborto ou uma existência pré-natal igualmente abominável e Clarearia o indivíduo. O caso da criança que, enquanto isto está a ser lido, ainda não nasceu, mas que sofreu uma tentativa de aborto, não está perdido. Se for tratada com decência depois de nascer e se não for restimulada ao presenciar discussões, ela crescerá e engordará até à idade dos oito anos, altura em que pode ser Clareada e provavelmente ficará muito espantada por saber a verdade. Mas esse espanto e qualquer antagonismo incluído nisso desaparecerá ao tornar-se Clear e o seu amor pelos pais será maior do que antes. Todas estas coisas são fatos científicos, testados e reexaminados repetidamente. E com eles pode-se produzir um Clear, de quem depende o futuro da nossa raça. ****** Capítulo 8 O Contágio da Aberração ****** A doença é contagiosa. Os germes, viajando de um indivíduo para outro, passeiam através de uma sociedade inteira, sem respeitar ninguém até que são detidos por coisas como a sulfamida ou a penicilina. As aberrações são contagiosas. Tal como os germes, estas não respeitam ninguém e prosseguem em frente, de indivíduo para indivíduo, de pais para filhos, sem respeitar ninguém, até que são detidas por Dianética. As pessoas de outrora supunham que devia existir insanidade genética, pois podia observar-se que os filhos de pais aberrados muitas vezes também eram aberrados. Existe insanidade genética, mas esta limita-se ao caso em que realmente faltam partes. Uma pequena percentagem da insanidade pertence a essa categoria e a sua manifestação é a obtusidade mental ou falta de coordenação, e, para além disso, estas não têm absolutamente nenhuma qualidade aberrativa (tais pessoas recebem engramas que complicam os seus casos). O princípio do contágio da aberração é demasiado simples para que seja tratado aqui com demasiada minúcia. Em Dianética, nós aprendemos que somente os momentos de "inconsciência", breves ou longos e de maior ou menor profundidade, podem conter engramas. Quando uma pessoa fica "inconsciente", as pessoas na sua vizinhança reagem mais ou menos aos comandos dos seus próprios engramas: de fato, a "inconsciência" é normalmente causada pela dramatização de alguém. Um Clear poderia, então, ser posto inconsciente por um aberrado que esteja a dramatizar e a dramatização do engrama desse aberrado entraria no Clear como um engrama. As mecânicas são simples. As pessoas sob tensão, se aberradas, dramatizam engramas. Essas dramatizações poderão incluir ferir outra pessoa, pondo-a mais ou menos "inconsciente". A pessoa "inconsciente" depois recebe a dramatização como engrama. Essa não é a única maneira de haver contágio da aberração. As pessoas nas mesas de operação, sob anestesia, estão sujeitas à conversa mais ou menos aberrada dos presentes. Essa conversa entra na pessoa "inconsciente" como engrama. De modo similar, no local de um acidente, a natureza de emergência da experiência poderá incitar as pessoas a ter dramatizações e se uma pessoa está "inconsciente" devido ao acidente, ela recebe um engrama. Os pais aberrados vão com certeza infectar os seus filhos com engramas. O pai e a mãe, ao dramatizarem os seus próprios engramas perto de crianças doentes ou feridas, transmitem esses engramas tal como se fossem bactérias. Isto não quer dizer que todo o banco reativo de uma criança seja composto apenas pelos engramas dos pais, pois existem muitas influências exteriores ao lar que podem entrar na criança quando ela está "inconsciente". E isto não quer dizer que a criança vá reagir aos mesmos engramas do mesmo modo que qualquer dos progenitores reagiria, pois a criança, afinal de contas, é um indivíduo com uma personalidade inerente, um livre-arbítrio e um padrão de experiência diferente. Mas isto quer dizer que é absolutamente inevitável que os pais aberrados irão, de algum modo, aberrar os seus filhos. Os conceitos errôneos e os dados deficientes na cultura de uma sociedade tornam-se engramas, porque nem toda a conduta à volta de uma pessoa "inconsciente" é dramatização. Se uma determinada sociedade acreditasse que comer peixe provoca lepra, seria quase certa que esse dado falso entraria em engramas e, mais cedo ou mais tarde, alguém desenvolveria uma doença semelhante à lepra depois de ter comido peixe. As sociedades primitivas, estando sujeitas a ser muito maltratadas pelos elementos, têm muito mais ocasiões em que podem sofrer ferimentos do que as sociedades civilizadas. Além disso, essas sociedades primitivas estão a fervilhar de dados falsos. Ademais, a sua prática de medicina e o tratamento mental está, por si só, em um nível bastante aberrativo. O número de engramas em um primitivo seria espantoso. Retirando-o da sua área restimulativa e ensinando-lhe inglês, ele escaparia à punição de grande parte dos seus dados reativos. Mas no seu ambiente natural, o primitivo só está fora das grades de um manicômio porque a sua tribo não dispõe de manicômios. É uma estimativa segura dizer que os primitivos são muito mais aberrados do que os povos civilizados, e essa estimativa está baseada em mais experiência do que geralmente está disponível para aqueles que baseiam as suas conclusões sobre o "humano moderno" no estudo de raças primitivas. A sua selvajaria, a sua falta de progresso, a incidência de doenças provêm todas dos seus padrões reativos, não das suas personalidades inerentes. Não é provável que comparar um grupo de aberrados com outro grupo de aberrados conduza a muitos dados. E o contágio da aberração, sendo muito maior numa tribo primitiva, e a falsidade dos dados supersticiosos contidos nos engramas dessa tribo levam ambos a uma conclusão que, observada no local, é corroborada pela realidade. O contágio da aberração é muito fácil de estudar no processo de clarear qualquer aberrado cujos pais brigavam. A mãe, por exemplo, podia ser relativamente pouco aberrada no começo da vida conjugal. Se for espancada pelo marido que, afinal de contas, está a dramatizar, ela começará a assimilar as aberrações dele como parte do seu próprio padrão reativo. Isto é particularmente observável quando se está a clarear uma pessoa que foi concebida pouco depois ou antes do casamento dos pais. O papá poderá começar com uma certa dramatização que inclui espancar uma esposa. Qualquer coisa que ele diga durante essa dramatização, mais cedo ou mais tarde, começará a afetar a esposa e ela própria poderá - a não ser que seja extraordinariamente bem equilibrada - começar a dramatizar essas coisas. Por fim, quando o filho nascer, ela começará a dramatizar no filho, colocandoo assim em um estado contínuo de restimulação. O nascimento é um dos engramas mais extraordinários em termos de contágio. Aqui, a mãe e a criança recebem ambas o mesmo engrama, que difere apenas na localização da dor e na profundidade da "inconsciência". Qualquer coisa que os médicos, as enfermeiras e outras pessoas associadas ao parto digam à mãe durante o parto, o nascimento e imediatamente a seguir, antes de retirarem a criança da sala, é registrada no banco reativo, formando um engrama idêntico tanto na mãe como no filho. Este engrama é extraordinariamente destrutivo de várias maneiras. A voz da mãe pode restimular o engrama do nascimento na criança e a presença da criança pode restimular o engrama do parto na mãe. Assim, elas são mutuamente restimulativas. Considerando o fato de que elas também têm todos os outros restimuladores em comum, uma situação posterior na vida pode fazer com que elas sofram simultaneamente do engrama. Se o nascimento incluiu uma janela a bater, uma janela a bater poderá acionar a dramatização do nascimento em ambas, simultaneamente, com as consequentes hostilidades ou apatias. Se um médico ficar muito zangado ou desesperado, o tom emocional do nascimento pode ser severo. Se o médico disser alguma coisa, a conversa assume todo o seu significado reativo literal, tanto para a mãe como para a criança. Foram Clareados muitos casos em que tanto a mãe como a criança estavam disponíveis. Um desses casos encontrou a mãe (conforme a filha ouviu no processo de clareamento de Dianética) a gemer repetidamente: "Estou tão envergonhada, estou tão envergonhada". A criança tinha uma neurose acerca da vergonha. Quando se Aclarou a mãe, descobriu-se que a mãe dela também gemera no parto: "Estou tão envergonhada, estou tão envergonhada". Pode-se presumir que isto tivesse vindo a ocorrer, por contágio, desde que Quéops construiu o seu túmulo. Na esfera mais alargada da sociedade, o contágio da aberração é extremamente perigoso e só pode ser considerado um fator vital que está a minar a saúde dessa sociedade. O corpo social comporta-se de modo semelhante a um organismo, visto que há aberrações sociais que existem dentro da sociedade. Esta cresce e poderá desaparecer como um organismo composto de pessoas, em vez de células. Quando o chefe da sociedade inflige dor a qualquer dos seus membros, inicia-se uma fonte de aberração que será contagiosa. As razões contra a punição corporal não são "humanitárias", são práticas. Uma sociedade que pratique qualquer tipo de punição contra qualquer dos seus membros está a levar por diante um contágio de aberração. A sociedade tem um engrama social, do tamanho da sociedade, que diz que a punição é necessária. A punição é aplicada. As cadeias e manicômios enchem-se. Então, um dia, alguma porção da sociedade, deprimida para a Zona 1 pela liberdade de um governo com engramas governamentais, ergue-se e elimina o governo. Forma-se, assim, um novo conjunto de aberrações proveniente da violência que acompanha a destruição. As revoluções violentas nunca são bem-sucedidas, porque elas iniciam este ciclo de aberração. Uma sociedade cheia de aberrados poderá achar que é necessário punir. Não tem havido outro remédio além da punição. A provisão de um remédio, pelos membros do grupo, para a conduta anti-social tem um interesse mais do que passageiro para um governo, de modo que este possa dar continuidade às suas próprias práticas corporais; acrescentar esses remédios às aberrações continuadas do passado deprime seriamente o potencial de sobrevivência desse governo e algum dia causará a sua queda. Depois de muitos governos caírem dessa maneira, o seu povo também desaparecerá desta Terra. O contágio da aberração nunca é mais visível do que na insanidade social chamada guerra. As guerras nunca resolvem a necessidade de guerras. Lute para salvar o mundo para a democracia ou para o salvar do Confucionismo e essa luta será, inevitavelmente, perdida por todos. No passado, a guerra foi associada à competição, acreditando-se portanto, por uma lógica enganosa, que a guerra era necessária. Uma sociedade que avança para uma guerra como solução dos seus problemas, só conseguirá deprimir o seu próprio potencial de sobrevivência. Nunca se permitiu que um governo entrasse numa guerra sem que isso custasse ao seu povo algumas das suas liberdades. O produto final é a apatia de um sacerdócio dirigente, em que só o mistério e a superstição podem unir os insanos que sobraram de um povo. Isto é demasiado fácil de observar na história do passado, não sendo preciso, portanto, desenvolver mais o assunto. Uma democracia que se envolva numa guerra perde sempre alguns dos seus direitos democráticos. A medida que se envolve em cada vez mais guerras, esta acaba por cair sob o comando de um ditador (governo de um só engrama). O ditador, forçando o seu domínio, aumenta as aberrações através da sua atividade contra as minorias. Iniciam-se revoltas atrás de revoltas. Os sacerdócios florescem. A apatia espreita. E depois da apatia vem a morte. Foi isso que ocorreu com a Grécia e com Roma. Assim sucede com a Inglaterra. É o que se sucede com a Rússia. O mesmo sucede com os Estados Unidos e, com eles, vai a Humanidade. O governo pela força é uma violação da lei da afinidade, pois a força gera força. O governo pela força reduz o autodeterminismo dos indivíduos de uma sociedade e, portanto, o autodeterminismo da própria sociedade. O contágio da aberração espalha-se como as chamas numa floresta. Engramas geram engramas. E a menos que a espiral descendente seja interrompida por novas terras e raças mestiças que se escapam aos seus ambientes aberrativos, ou pelo aparecimento de um meio para quebrar o contágio da aberração com o clareamento de indivíduos, uma raça descerá até ao fim do ciclo: a Zona 0. Uma raça tem tanta grandeza quanto os seus membros individuais sejam autodeterminados. No âmbito mais pequeno da família, tal como nos cenários nacionais, o contágio da aberração produz uma interrupção da sobrevivência ótima. Só com autodeterminismo é que se pode construir um computador que dê respostas racionais. Manter a tecla 7 pressionada numa máquina de adição, faz com que ela dê respostas erradas. Introduzir respostas fixas e que não-devem-ser-racionalizadas em qualquer ser humano fará com que ele compute respostas erradas. A sobrevivência depende das respostas certas. Os engramas entram, a partir do mundo exterior, para dentro dos recessos ocultos abaixo do pensamento racional e impedem que se obtenham respostas racionais. Isto é determinismo-exterior. Qualquer interferência no autodeterminismo só pode levar a computações erradas. Considerando que o Clear é cooperativo, uma sociedade de Clears cooperaria. Isto poderá ser um sonho idílico, utópico e poderá não vir a ser. Em uma família de Clears observa-se harmonia e cooperação. Um Clear pode reconhecer uma computação superior quando a vê. Ele não precisa de ser agredido, agarrado e levado a obedecer, para fazê-lo pôr ombros a alguma coisa. Se ele for obrigado a obedecer, independentemente do seu pensamento, o seu autodeterminismo é interrompido até um ponto em que ele não consegue obter respostas certas; a sociedade que o mantém penalizou a capacidade dele para pensar e agir racionalmente. O único modo de um Clear poder ser forçado dessa maneira seria dando-lhe engramas ou deixando um neurocirurgião à solta no seu cérebro. Mas um Clear não precisa de ser forçado, pois se o trabalho for suficientemente importante para se fazer em termos de necessidade geral, sem dúvida que ele o fará, de acordo com a sua inteligência e tão bem quanto possível. Nunca se vê o indivíduo forçado a fazer bem um trabalho, tal como nunca se vê uma sociedade forçada a superar uma sociedade livre e igualmente próspera. Uma família que funcione segundo o plano do chefe divino, em que alguém deve ser obedecido sem discussão, nunca é uma família feliz. A sua prosperidade poderá estar presente em alguns aspectos materiais, mas a sua sobrevivência aparente como unidade é superficial. Os grupos forçados são invariavelmente menos eficientes do que os grupos livres que trabalham para o bem comum. Mas é provável que qualquer grupo, que contenha membros aberrados, se torne inteiramente aberrado como grupo, através do contágio. O esforço para restringir os membros aberrados de um grupo restringe inevitavelmente o grupo como um todo e leva a cada vez mais restrições. Clarear um membro de uma família de aberrados raramente é suficiente para resolver os problemas dessa família. Se o marido foi aberrado, ele terá aberrado ou restimulado a mulher e os filhos de um modo ou de outro, mesmo quando não usou qualquer violência física sobre eles. Os pais implantam as suas aberrações mútuas nos filhos e estes, sendo potencialmente unidades autodeterminadas, revoltam-se e agitam as aberrações dos pais. Considerando que muitas dessas aberrações, por contágio, se tornaram mútuas e são mantidas em comum por toda a família, a felicidade desta está severamente minada. O castigo corporal das crianças é apenas outra faceta do problema do grupo forçado. Se alguém quiser discutir a necessidade de castigar crianças, ele que examine a fonte do mau comportamento dessas mesmas crianças. O menino que é aberrado talvez não tenha os seus engramas totalmente ativados. Talvez tenha de esperar até se casar e ter filhos ou uma mulher grávida, para ter restimuladores suficientes para o tornarem, subitamente, uma dessas coisas a que chamam um "adulto maduro", cego à beleza do mundo e oprimido por todas as suas tristezas. Não obstante, o menino está aberrado e tem muitas dramatizações. Ele está numa situação muito infeliz, pois tem consigo dois dos restimuladores mais poderosos: a mãe e o pai. Estes assumem o poder de o castigar fisicamente. Para ele, os pais são gigantes. Ele é um pigmeu. E ele tem de depender dos pais para ter alimento, roupa e abrigo. Pode-se falar muito eloquentemente sobre as "delusões de infância", até que se conheça o passado engrâmico da maioria das crianças. A criança está no ponto de recepção cruel de todas as dramatizações dos pais. Uma criança Clareada é a coisa mais extraordinária que se pode observar: ela é humana! Sem usar mais do que a afinidade, ela pode sair de qualquer apuro. A criança mimada é aquela cujas decisões foram continuamente interrompidas e cuja independência foi roubada. A afeição tem tanto poder para estragar uma criança como um balde de gasolina tem para apagar o sol. O começo e o fim da "psicologia infantil" é que uma criança é um ser humano, com direito à sua dignidade e autodeterminismo. O filho de pais aberrados é um problema devido ao contágio da aberração e porque lhe é negado qualquer direito de dramatizar ou replicar. O que é extraordinário não é que as crianças sejam um problema, mas que sejam sãs em qualquer ação. Porque através do contágio, punição e negação do autodeterminismo, tem sido negado às crianças de hoje todas as coisas necessárias para criar uma vida racional. E estas são a família futura e a raça futura. Contudo, este trabalho não é uma dissertação sobre crianças nem sobre política, mas sim um capítulo sobre o contágio da aberração. Dianética abrange o pensamento humano e este é um campo amplo. Quando se contempla as potencialidades inerentes ao mecanismo do contágio, o respeito pela estabilidade humana inerente só pode aumentar. Nenhum "animal selvagem", reagindo com "tendências anti-sociais" inerentes, poderia ter construído Nínive ou a Boulder Dam. Trazendo conosco o mecanismo do contágio, como algum Velho do Mar, ainda assim chegamos longe. Agora que o conhecemos, talvez cheguemos realmente às estrelas. ****** Capítulo 9 Key-In do Engrama ****** A única fonte de doença mental inorgânica e de doença psicossomática orgânica é o banco de engramas reativo. A mente reativa impinge estes engramas à mente analítica e ao organismo, sempre que eles são restimulados depois de lhes terem feito key-in. Numa vida, há muitos incidentes conhecidos que, aparentemente, têm uma influência profunda sobre a felicidade e a condição mental do indivíduo. O indivíduo lembra-se destes e atribui-lhes as suas dificuldades. Até certo ponto, ele tem razão: pelo menos está a olhar para incidentes passados que são mantidos no lugar por engramas. Ele não vê os engramas. De fato, a menos que conheça Dianética, ele não sabe que os engramas estão ali. E mesmo então, ele desconhecerá os seus conteúdos até que se tenha submetido a terapia. Pode-se demonstrar facilmente que nenhum momento de infelicidade de "nível consciente" contendo grande tensão ou emoção é responsável por causar a aberração e a doença psicossomática. É claro que esses momentos desempenharam um papel no assunto: eles foram os key-ins. O processo de fazer key-in de um engrama não é muito complexo. O engrama 105, por exemplo, foi um momento de "inconsciência" quando a criança pré-natal levou uma pancada do pai através da mãe. O pai, consciente da criança ou não, disse as palavras: "Maldita sejas, rameira imunda; tu não prestas!" Este engrama ficou onde foi gravado, no banco reativo. Agora este poderá ficar ali durante setenta anos e nunca sofrer um key-in. Este engrama contêm uma dor de cabeça, a queda de um corpo, o ranger de dentes e os sons dos intestinos da mãe. Qualquer um desses sons, após o nascimento, poderá estar presente em grandes quantidades sem fazer o key-in deste engrama. Mas um dia, o pai exaspera-se com o filho. A criança está cansada e febril - isto é, a sua mente analítica poderá não estar no seu nível mais alto de atividade. O pai tem um certo conjunto de engramas que dramatiza e um desses engramas e o incidente acima. Ele esbofeteia a criança, dizendo: "Maldito sejas; tu não prestas!" A criança chora. Naquela noite, ela tem uma dor de cabeça e está muito pior fisicamente. Sente tanto um ódio intenso como um medo do pai. O engrama fez key-in. Agora o som da queda de um corpo, o ranger de dentes ou qualquer vestígio de ira na voz do pai, fará a criança ficar nervosa. A sua saúde física sofrerá. Ela começará a ter dores de cabeça. Se tomarmos essa criança, que agora é um adulto, e examinarmos o seu passado, descobriremos (embora este possa estar ocluso) um lock semelhante ao key-in acima mencionado. E, agora não é somente o key-in; poderemos descobrir cinquenta ou quinhentos desses locks apenas sobre este único assunto. Dir-se-ia, a menos que se conhecesse Dianética, que essa criança foi arruinada após o nascimento ao ser espancada pelo pai e poder-se-ia tentar pôr a mente do paciente em melhor condição através da remoção desses locks. Há literalmente milhares, dezenas de milhares de locks numa vida média. Retirar todos esses locks seria uma tarefa para Hércules. Cada engrama que a pessoa tem, se sofreu um key-in, poderá ter centenas de locks. Se o condicionamento existisse como um mecanismo de dor e tensão, a Humanidade estaria em péssimas condições. Felizmente, esse condicionamento não existe. Parece existir, mas a aparência não é o fato. Poder-se-ia pensar que, se uma criança fosse empurrada de um lado para outro e injuriada diariamente, ela acabaria por ser condicionada a acreditar que a vida era assim e que o melhor seria virar-se contra esta. Contudo, o condicionamento não existe. Pavlov poderá ter sido capaz de enlouquecer cães através de experiências repetidas: isso foi simplesmente uma má observação da parte do observador. Os cães poderão ser treinados para fazer isto ou aquilo. Mas isso não é condicionamento. Os cães enlouqueciam porque recebiam engramas, se e quando de fato enlouqueciam. Uma série dessas experiências, adequadamente conduzida e observada, comprova esta afirmação. O menino a quem se dizia diariamente que ele não prestava e que, aparentemente, entrou em declínio apenas por isso, entrou em declínio somente devido ao engrama. Isto é uma circunstância feliz. Talvez o engrama leve algum tempo a localizar - algumas horas - mas quando for aliviado ou rearquivado nos bancos de memória padrão, tudo o que se tinha prendido a este também é rearquivado. As pessoas que não sabiam nada sobre engramas e que tentavam ajudar os outros a resolver as suas aberrações, estavam a trabalhar com muito poucas hipóteses de ter algum sucesso. Em primeiro lugar, os próprios locks poderão desaparecer para dentro do banco reativo. Assim, temos um paciente que diz: "Ah! O meu pai não era assim tão mau. Ele era muito boa pessoa". E descobrimos, e o paciente descobre, quando se solta um engrama que era costume encontrar-se o pai a dramatizar. Aquilo que o paciente sabe a respeito do seu passado, antes de os engramas serem soltos, não merece ser catalogado. No outro caso poderemos encontrar um paciente a dizer: "Oh, eu tive uma infância terrível, uma infância terrível! Era espancado violentamente". E descobrimos, quando os engramas são rearquivados, que os pais desse paciente nunca lhe tocaram para o punir ou o atacaram com ira, em toda a sua vida. Um engrama poderá acompanhar a pessoa durante décadas sem fazer key-in. Um dos tipos de caso mais extraordinários foi um que passou toda a juventude sem apresentar nenhuma aberração. Então, subitamente, aos vinte e seis anos de idade, encontramo-lo tão aberrado, tão repentinamente, que parecia que ele tinha sido embruxado. Talvez a maioria dos seus engramas tivesse a ver com o ato de se casar e ter filhos. Ele nunca se tinha casado antes. A primeira vez que ele fica fatigado ou doente e compreende que tem uma mulher nas suas mãos, o primeiro engrama faz key-in. Então, a espiral descendente começa a entrar em ação. Este engrama desliga o analisador o suficiente para que outros engramas possam sofrer um key-in. Por fim, poderemos encontrá-lo em um manicômio. A jovem que foi feliz e despreocupada até aos treze anos de idade e, então, de repente entra em declínio, não recebeu um engrama naquele momento. Teve o key-in de um engrama, que permitiu o key-in de outro. Reação de fissão. Este key-in poderá não ter requerido mais do que a descoberta de que ela estava a sangrar da vagina. Ela tem um engrama emocional a esse respeito; fica frenética. Os outros engramas, à medida que os dias passam, poderão colocar-se em posição de a afetar. E assim, ela adoece. A primeira experiência sexual poderá ser aquela que faz o key-in de um engrama. Isto é tão típico, que o sexo adquiriu a má reputação de ser, em si, um fator aberrativo. O sexo não é, nem nunca foi, aberrativo. A dor física e a emoção, que por acaso contenham sexo como assunto, são os fatores aberrativos. Poderá ser que uma paciente insista veementemente que o pai a violou aos nove anos de idade e que isso é a causa de toda a sua desgraça. Grandes números de pacientes insanos afirmam isto. E é totalmente verdade. O pai realmente violou-a, mas isso aconteceu nove dias após a concepção. A pressão e a perturbação do coito são muito desconfortáveis para a criança e, normalmente, é de esperar que isto lhe dê um engrama que terá como conteúdo o ato sexual e tudo o que foi dito. A hipnose por droga e perigosa quando se está a tentar tratar psicóticos, tal como já foi mencionado. E há outras razões pelas quais é perigosa. Qualquer operação sob anestesia ou qualquer narcotização de um paciente poderá causar o key-in de engramas. Aqui o analisador está desligado, o banco reativo está aberto para ser agitado por qualquer comentário que as pessoas façam na proximidade do sujeito narcotizado. O próprio hipnotismo é uma condição em que engramas, que nunca foram restimulados antes, poderão fazer key-in. O olhar vidrado da pessoa que foi "hipnotizada vezes de mais", a falta de vontade que se nota nas pessoas que foram hipnotizadas vezes de mais, a dependência do sujeito em relação ao operador hipnótico - todas estas coisas provêm do key-in de engramas. Sempre que o corpo seja posto "inconsciente" sem dor física, por mais ligeiro que seja o grau de `inconsciência", mesmo que seja apenas um ligeiro cansaço, um engrama poderá fazer key-in. E quando a "inconsciência" é complicada por uma nova dor física, forma-se um novo engrama que poderá juntar a si um monte de engramas velhos que, até à data, não tinham feito key-in. Um engrama tão tardio seria um engrama cruzado, por este cruzar cadeias de engramas. E se tal engrama resultou numa perda de sanidade, este chamar-se-ia um engrama de quebra. Há alguns aspectos das várias "inconsciências" causadas por drogas que foram bastante desconcertantes no passado. É frequente que as mulheres psicóticas afirmem que foram violentadas, depois de serem acordadas de um sono narcotizado (e às vezes de um sono hipnótico). Por vezes, há homens que afirmam que o operador tentou praticar um ato homossexual com eles, enquanto estavam narcotizados. Embora ocasionalmente aconteça que as pessoas são violadas depois de narcotizadas, o maior número dessas asserções é meramente um aspecto do mecanismo de key-in. Quase todas as crianças passaram pelo desconforto do coito antes de nascerem. Muitas vezes houve emoção violenta que não era paixão. Tal engrama poderá permanecer fora de circuito durante anos, até que a "inconsciência" por droga ou alguma coisa parecida lhe faça key-in. O paciente adormece sem ter um engrama ativado; acorda com um. Ele tenta justificar as estranhas sensações que tem (e os engramas são coisas intemporais, a menos que estejam adequadamente arrumados na linha do tempo) e sai-se com a "solução" de que deve ter sido violado. As violações na infância são muito raramente a causa responsável pela aberração sexual. Elas são o key-in. Quando se olha para os locks do nível consciente, vê-se tristeza, angústia mental e infortúnio. Algumas dessas experiências parecem ser tão terríveis que devem, certamente, causar aberração. Mas não é assim. O humano é uma criatura dura e resiliente. Essas experiências a nível consciente são, na melhor das hipóteses, apenas postes de sinalização que apontam para o centro real das dificuldades, do qual o indivíduo não tem um conhecimento detalhado. O engrama nunca é "computado". Um exemplo disso, em um nível ligeiramente aberrativo, pode ser encontrado em um castigo de uma criança. Se examinarmos uma infância em que os castigos tenham sido corporais e frequentes, começamos a compreender a total futilidade da teoria do estímulo pela dor. De fato, a punição literal e enfaticamente, não faz bem absolutamente nenhum, mas faz exatamente o oposto, porque esta causa uma revolta reativa contra a fonte de punição e é capaz de causar não só a desintegração de uma mente, mas também uma atormentação contínua da fonte de punição. O humano reage de modo a combater as fontes de dor. Quando para de as combater, é porque está mentalmente quebrado, sendo de pouca utilidade para os outros e muito menos para si próprio. Consideremos o caso de um menino em quem batiam com uma escova de cabelo, todas as vezes que era "mau". Ao pesquisar esse caso, o inquérito mais minucioso não conseguiu revelar qualquer recordação clara do motivo por que estava a ser castigado, mas somente que ele era castigado. O incidente desenrolava-se mais ou menos assim: atividade mais ou menos racional, medo perante a ameaça de ser punido, punição, tristeza pela punição, atividade renovada. As mecânicas do caso revelaram que a pessoa se tinha dedicado a alguma atividade que, quer os outros a considerassem como tal quer não, era, contudo, uma atividade de sobrevivência para ela, dando-lhe prazer ou ganhos reais ou mesmo a asserção de que poderia e iria sobreviver. No momento em que há ameaça de punição, as punições anteriores entram em restimulação como engramas menores, apoiando-se normalmente em engramas maiores. Isto desliga o poder analítico até certo ponto e a gravação agora é feita em um nível reativo. A punição é levada a cabo, submergindo a consciência analítica de modo que a punição seja registrada somente no banco de engramas; a tristeza que se segue está ainda no período de desligamento analítico; o analisador liga-se gradualmente; a consciência total retorna e então é possível retomar a atividade em um plano analítico. Todos os castigos corporais percorrem esta sequência completa e todos os outros castigos são, quando muito, locks que seguem este mesmo padrão, faltando-lhes somente o desligamento completo resultante da dor. Se o analisador quiser esses dados para computação, eles não estão disponíveis. Há uma reação na mente reativa quando este se aproxima do assunto. Mas há cinco rumos que a mente reativa pode tomar com esses dados! E não há, entre o Céu e a Terra, qualquer garantia ou método de saber que rumo é que a mente reativa tomará com os dados, exceto conhecendo-se todo o banco de engramas - e se este fosse conhecido, a pessoa poderia ser Clareada com mais algumas horas de trabalho e não necessitaria de punição. Essas cinco formas de tratar os dados fazem do castigo corporal uma coisa instável e que não merece confiança. Existe uma proporção que pode ser testada e comprovada na experiência de qualquer humano: um humano é mau na razão direta da ação destrutiva que foi dirigida contra ele. Um indivíduo (incluindo aqueles que a sociedade é capaz de esquecer como indivíduos: as crianças) reage contra as fontes de punição, sejam elas os pais ou o governo. Qualquer coisa que avance contra um indivíduo como fonte de punição será considerada, em maior ou menor grau (conforme os benefícios), como um alvo para as reações do indivíduo. Os pequenos acidentes dos copos de leite derramados pelas crianças, o barulho que ocorre acidentalmente no pátio onde elas estão a brincar, os pequenos estragos acidentais do chapéu do Papá ou do tapete da Mamã são, muitas vezes, ações frias e calculistas da mente reativa contra as fontes de dor. A mente analítica poderá contemporizar com o amor e afeto e a necessidade de três refeições completas. A mente reativa põe em ação as lições que aprendeu e manda as refeições para o diabo. Se soltássemos um idiota numa máquina de adição, deixando-o fazer a auditoria dos livros da empresa e permitindo-lhe que proíba o auditor de tocar no equipamento e nos dados de que ele precisa para obter as respostas certas, pouco se obteria em termos de respostas corretas. E se continuássemos a alimentar o idiota, engordando-o e tornando-o poderoso, a firma, mais cedo ou mais tarde, iria à falência. A mente reativa é o idiota, o auditor é o "Eu" e a firma é o organismo. A punição alimenta o idiota. O espanto impotente da polícia a respeito do "criminoso inveterado" (e a crença da polícia no "tipo criminoso" e na "mente criminosa") ocorre através desse ciclo. A polícia, por uma ou outra razão, como os governos, identificou-se com a sociedade. Tome qualquer um desses "criminosos", Aclare-o e a sociedade recupera um ser racional, algo de que irá sempre precisar. Mantenha o ciclo da punição e as prisões tornar-se-ão cada vez mais numerosas e estarão cada vez mais cheias. O problema da criança que se vira contra os pais por meio da "negação" e o problema do Jaime Caudilho que liquida o guarda de um banco em um assalto à mão armada provêm ambos do mesmo mecanismo. A criança, examinada no "nível consciente", não tem consciência das suas causas, mas apresentará várias justificações para a sua conduta. O Jaime Caudilho, que está à espera que esta sociedade-tão-senciente o amarre à cadeira elétrica e lhe dê uma terapia de eletrochoques que o leve a parar e desistir para sempre, ao ser examinado quanto aos seus motivos, apresentará justificações para explicar a sua vida e conduta. A mente humana é uma máquina de computação maravilhosa. As razões que ela pode desenvolver para atos irracionais têm espantado todos, sobretudo os assistentes sociais. Sem conhecer a causa e o mecanismo, as probabilidades de se chegar a uma conclusão correta através da comparação de todas as condutas disponíveis, são tão remotas como vencer um chinês no fantã. Por isso, as punições têm permanecido como a resposta confusa para uma sociedade muito confundida. Há cinco maneiras de um ser humano reagir a uma fonte de perigo. Elas são também os cinco rumos que ele pode tomar perante qualquer problema. Pode-se dizer que esta é uma ação de cinco valores. A parábola da pantera negra{6} é aplicável aqui. Suponhamos que uma pantera negra, particularmente mal-humorada, está sentada na escada e que um homem chamado Gil está sentado na sala. O Gil quer ir para a cama. Mas há a pantera negra. O problema é chegar ao andar de cima. Há cinco coisas que o Gil pode fazer a respeito desta pantera: 1. Ele pode atacar a pantera negra. 2. Ele pode sair de casa fugir da pantera negra. 3. Ele pode usar as escadas do fundo e evitar a pantera negra. 4. Ele pode ignorar a pantera negra. 5. Ele pode sucumbir à pantera negra. Estes são os cinco mecanismos: atacar, fugir, evitar, ignorar ou sucumbir. Todas as ações parecem seguir estes rumos. E todas as ações são visíveis na vida. No caso de uma fonte de punição, a mente reativa pode sucumbir, ignorar, evitar, fugir ou atacá-la. A ação é ditada por uma complexidade de engramas e depende de qual deles entra em restimulação. Contudo, esse turbilhão de reações geralmente resolve-se a si mesmo, com um dos cinco rumos. Se uma criança é punida e obedece daí em diante, pode-se considerar que ela sucumbiu. E o valor de um miúdo que sucumbe à punição é tão insignificante que os Espartanos já o teriam afogado há muito tempo, porque isto quer dizer que ele afundou-se na apatia, a menos que aconteça que ele próprio tenha computado a idéia, pondo de parte toda a reação, de que a coisa pela qual foi punido não era inteligente (ele não pode ser ajudado nessa computação se a punição for introduzida na mente reativa pela fonte que o tenta auxiliar). Ele pode fugir da fonte de punição, o que pelo menos não é apatia, mas meramente uma covardia, segundo o julgamento popular. Ele pode negligenciar completamente o assunto e ignorar a fonte de punição - e os antigos ter-lhe-iam chamado um estóico, mas os amigos poderão meramente dizer que ele é lento de raciocínio. Ele pode evitar a fonte de punição, o que lhe poderia dar o elogio dúbio de ser astuto, manhoso ou dissimulado. Ou ele pode atacar a fonte de punição por ação direta ou perturbando ou obstruindo a pessoa ou as posses da fonte - e no caso de ação direta chamar-lhe-iam um tolo valente, quando se toma em consideração o tamanho do pai ou da mãe; ou, no caso de um modo menos direto, poderiam chamar-lhe "encobertamente hostil" ou poderiam dizer que ele estava a "negar". Enquanto um ser humano atacar como reação a uma ameaça válida, pode-se dizer que ele está em bastante boa condição mental - "normal" - e no caso de uma criança diz-se que ela está "a agir como qualquer criança normal". Introduza a punição na computação e ela deixa de computar. No caso da "experiência" isto é inteiramente diferente. A vida tem muita experiência penosa à espera de qualquer ser humano, sem que seja preciso outros seres humanos para complicarem os fatos da situação. Uma pessoa que ainda tenha as suas dinâmicas desbloqueadas ou que tenha sido desbloqueada por Dianética pode absorver uma quantidade espantosa de pancadas na atividade da vida. Aqui, mesmo quando a mente reativa recebe engramas como resultado de alguma desta experiência, a mente analítica pode continuar a fazer face à situação sem se tornar aberrada de modo nenhum. O humano é um personagem rijo, resiliente e competente. Mas quando a lei da afinidade começa a ser quebrada e essa quebra de afinidade entra no banco reativo, os seres humanos, como fontes antagonistas de não-sobrevivência, tornam-se uma fonte de punição. Se não houver engramas contra-sobrevivência que envolvam seres humanos no conteúdo mais antigo (antes dos cinco anos) do banco de engramas, os engramas pró-sobrevivência são tomados como uma coisa natural e não são severamente aberrativos. Por outras palavras, é a quebra de afinidade com os seus semelhantes a um nível engrâmico que bloqueia as dinâmicas com mais solidez. A afinidade humana pelo humano é muito mais um fato científico do que é uma idéia poética ou idílica. Assim, é fácil deduzir qual é o ciclo de vida que será "normal" (estado médio atual) ou psicótico. Este começa com um grande número de engramas antes do nascimento; este acumula mais engramas na condição dependente e bastante indefesa depois do nascimento. Vários tipos de punição, que agora entram como locks, fazem key-in dos engramas. Entram novos engramas que vão envolver os mais antigos. Acumulam-se novos locks. A doença e a ação aberrada aparecem com a maior certeza por volta dos quarenta ou cinquenta anos de idade. E segue-se a morte algum tempo depois. Na falta da solução ótima de eliminar os engramas, há várias coisas que se podem fazer acerca da aberração e das doenças psicossomáticas. Que estes métodos sejam incertos e tenham apenas um valor limitado não quer dizer que eles ocasionalmente não apresentem alguns resultados espantosamente benéficos. Esses métodos podem ser classificados sob os títulos de mudança de ambiente, educação e tratamento físico. Retirar fatores do ambiente do aberrado ou retirar o aberrado do ambiente em que é infeliz ou ineficaz, pode produzir algumas recuperações espantosamente rápidas: esta terapia é válida; esta afasta os restimuladores do indivíduo ou afasta o indivíduo da presença dos restimuladores. Normalmente, isto é uma questão de sorte, falha mais vezes do que acerta e nunca removerá até nove décimos todos os restimuladores, uma vez que o próprio indivíduo traz consigo a maior parte destes ou é compelido a contatá-los. Isto faz lembrar um caso que sofria de asma severa. Ele recebeu-a em um engrama de nascimento bastante severo; os seus pais, frenéticos, levaram-no a todas as estâncias de montanha para o tratamento de asma que lhes eram sugeridas e gastaram dezenas de milhares de dólares nessas viagens. Quando esse paciente foi Clareado e o engrama rearquivado, descobriu-se que o restimulador da sua asma era o ar frio e puro! A única coisa certa na abordagem da mudança de ambiente é que uma criança doentia recuperará quando é afastada de pais restimulativos e levada para onde se sinta amada e segura - pois a sua doença é o resultado inevitável da restimulação de engramas pré-natais por um ou o outro ou ambos os progenitores. Algures pelo caminho há, provavelmente, um marido ou uma esposa que depois do casamento desceu cronicamente para as duas primeiras zonas, após ter casado com uma pseudomãe ou pseudopai ou pseudo-abortadeira. No campo educacional, novos dados ou entusiasmos poderão muito possivelmente fazer o key-out de engramas, ao desestabilizar a mente reativa à luz de um novo surto analítico. Se um humano puder simplesmente ser convencido que ele tem andado a lutar contra sombras ou puder ser persuadido a atribuir os seus temores a alguma causa indicada, seja esta verdadeira ou não, ele pode ter benefícios. Às vezes ele pode ser "educado" numa fé forte em alguma divindade ou culto que o faça sentir-se tão invulnerável que ele suba acima dos seus engramas. Elevar o seu potencial de sobrevivência, de qualquer maneira, elevará o seu tom geral até um ponto em que ele deixará de estar em um nível de igualdade com o banco reativo. Proporcionar-lhe uma educação em engenharia ou música, com a qual ele possa obter um nível mais alto de estima, frequentemente defendê-lo-á dos seus restimuladores. Na realidade, a subida para uma posição de estima é uma mudança de ambiente, mas também é educacional, visto que agora ensinam-lhe que ele é valioso. Se for possível ocupar um humano em um trabalho ou passatempo, por meio de educação pessoal ou exterior que lhe seja benéfica, surge outro mecanismo: a mente analítica torna-se tão absorta que toma para si cada vez mais energia para a sua atividade e começa a alinhar-se com um novo propósito. O tratamento físico, de que resulte uma condição física melhorada, proporcionará esperança ou alterará as reações de um humano ao mudar a sua posição na linha do tempo. Isso poderá fazer o key-out de engramas. Estes métodos são terapias válidas: são também, inversamente, as coisas que fazem com que as aberrações se manifestem. Há maneiras erradas de agir, coisas que é errado fazer e maneiras erradas de tratar os humanos que, à luz dos nossos conhecimentos atuais, são criminosas. Lançar um humano em um ambiente que o restimula e mantê-lo lá é, em parte, um assassínio. Fazê-lo manter um sócio que seja restimulativo é mau; fazer um homem ou uma mulher continuar com um cônjuge restimulativo é um costume que não funciona, a menos que se use a terapia de Dianética; fazer uma criança ficar em um lar restimulativo é com toda a certeza inibidor, não só da sua felicidade, mas também do seu desenvolvimento mental e físico - a criança deveria ter muitos mais direitos sobre essas coisas, mais lugares para onde ir. No nível da terapia física, qualquer coisa tão violenta como a cirurgia ou a extração de dentes, no plano psicossomático, é puro barbarismo à luz de Dianética. A "dor de dentes" é normalmente psicossomática. Muitas doenças orgânicas, em número suficiente para encher vários catálogos, são psicossomáticas. Não se deve recorrer a qualquer tipo de cirurgia, até se ter certeza de que o mal não é psicossomático ou que a doença não diminuirá sozinha, se a potência da mente reativa for reduzida. A terapia físico-mental, tendo agora a fonte da aberração como uma ciência, é demasiado ridícula para ser mencionada seriamente. Porque nenhum médico ou psiquiatra racional que possua esta informação voltaria a tocar em um eletrodo para a terapia de eletrochoque ou olharia sequer para um bisturi ou picador de gelo para fazer uma operação nos lóbulos pré-frontais do cérebro, a menos que esse médico ou psiquiatra seja tão aberrado que o ato surja, não de um desejo de curar, mas sim do sadismo mais absoluto e covarde a que os engramas podem levar um humano. ****** Capítulo 10 Dianética Preventiva ****** Há muitos ramos em Dianética. Esta na realidade é uma família de ciências abrangidas por um único conjunto de axiomas. Há, por exemplo, a Dianética Educacional, que contêm o corpo de conhecimento organizado necessário para treinar mentes até um nível ótimo de eficiência, perícia e conhecimento nos vários ramos de trabalho humano. Há a Dianética Política, que abrange o campo da atividade e organização de grupos para estabelecer as condições e processos ótimos de liderança e relações entre grupos. Há, ainda, a Dianética Médica. Há a Dianética Social. Há muitas destas subdivisões que são ciências independentes, orientadas pelos seus próprios axiomas. Neste volume estamos, de fato, a lidar com Dianética básica e a terapia de Dianética como esta é aplicada ao indivíduo. Esta é a que tem a importância mais imediata e é a mais valiosa para o indivíduo. Mas nenhum livro sobre a terapia de Dianética estaria completo se não mencionasse um ramo de Dianética que, no dizer de alguns, é ainda mais importante para a raça do que a terapia. Trata-se de Dianética Preventiva. Se conhecemos a causa de uma coisa, normalmente podemos evitar que a causa entre em ação. A descoberta e a prova de Ronald Ross, de que o germe da malária era transmitido pelo mosquito, permite impedir a doença de provocar os estragos que provocou no passado, à custa da Humanidade. De modo similar, quando se conhece a causa da aberração e da doença psicossomática, pode-se fazer muito para as evitar. Ainda que Dianética Preventiva seja um tema amplo, infiltrando-se nos campos da indústria, agricultura e outras atividades humanas especializadas, o seu princípio básico é o fato científico de que se pode limitar os engramas a um conteúdo mínimo ou evitá-los totalmente, com grandes benefícios para a saúde mental e bem-estar físico, bem como para o ajustamento social. Na realidade, o engrama é uma coisa muito simples: é um momento em que a mente analítica está desligada pela dor física, drogas ou outros meios, e o banco reativo está aberto para receber uma gravação. Quando essa gravação tem um conteúdo verbal, torna-se severamente aberrativa. Quando contêm antagonismo em um nível emocional, tornasse muito destrutiva. Quando o seu conteúdo é intensamente pró-sobrevivência, é quase certo que este é capaz de perturbar completamente uma vida. O engrama, entre outras coisas, determina o destino. O engrama diz que um humano tem de falhar para sobreviver e, portanto, ele arranja numerosas formas de falhar. O engrama ordena que ele só pode experimentar prazer entre os membros de outra raça e, portanto, ele vai para junto deles, abandonando os seus. O engrama ordena que ele tem de matar para viver e, portanto, ele mata. E muito mais sutilmente, o engrama vai serpenteando de incidente em incidente para provocar a catástrofe que ele próprio está a ditar. Um caso recente tinha planejado fazer todo o possível para partir o braço, pois com um brço partido, ele recebia a compaixão sem a qual o engrama dizia que ele não poderia viver. O plano abrangeu três anos e meia centena de incidentes aparentemente inocentes que, quando reunidos, contaram a história. A pessoa propensa a acidentes é um caso em que a mente reativa ordena acidentes. Ela é uma ameaça séria em qualquer sociedade, pois os seus acidentes são reativamente intencionais e incluem a destruição de outras pessoas que são inocentes. Os condutores com vários acidentes na sua folha são geralmente propensos a acidentes. Possuem engramas que os mandam ter acidentes. Depois de ter trabalhado um caso, apenas um, verá como essa coisa idiota, a mente reativa, pode ser tão mal-intencionada em relação a tais coisas. Os condutores Clareados só poderiam ter acidentes por duas causas: (a) falha mecânica e, mais importante, (b) por causa de pessoas propensas a acidentes. A taxa de mortalidade terrível e impressionante, provocada pelo nosso transporte automóvel, é quase toda atribuível à condução feita pela mente reativa, em vez da condução feita por respostas aprendidas. A apatia desta sociedade mede-se pelo fato de não agir severamente para evitar todos os acidentes de viação; um só para-brisas partido já é de mais: agora que se dispõe de uma resposta, pode-se tomar ações. O aberrado complica a vida dos outros de mil maneiras. Dianética Preventiva permite isolar o aberrado que é propenso a acidentes e excluí-lo de atividades que possam ameaçar outros. Este é um dos aspectos gerais de Dianética Preventiva. Que os aberrados assim isolados podem ser Clareados, é outro tipo de problema. O outro aspecto geral de Dianética Preventiva, e o mais importante, é a prevenção de engramas e a modificação de conteúdo, tanto à escala social como individual. Na escala social, consistiria em eliminar da sociedade as causas de aberração nessa sociedade, como se se estivesse a eliminar os engramas do indivíduo. Do mesmo modo, poder-se-ia começar, logo de partida, por impedir que ocorressem as causas sociais. No indivíduo, a prevenção de engramas é um assunto muito fácil. Uma vez conhecida a fonte de aberração e doença, pode-se evitar que essa fonte entre numa vida. Quando se tem conhecimento de que a fonte entrou na vida, pode-se evitar o próximo passo, o key-in. Claro que a resposta final em tudo isto é aplicar a terapia até ao Clareamento, mas há um aspecto da fonte que não se resolve desse modo. A criança não pode ser Clareada com segurança até que atinja, pelo menos, os cinco anos de idade e a prática corrente é situar esta idade por volta dos oito anos. Uma melhor abordagem ao problema poderá reduzir esse número, mas este não pode descer abaixo da idade da fala, a menos que alguém no futuro invente um catalisador que simplesmente esvazie a mente reativa sem qualquer tratamento adicional (não é tão absurdo como poderá parecer). Mas de momento, e provavelmente durante muito tempo, a criança continuará a ser um problema para Dianética. As doenças de infância derivam sobretudo de engramas. É provável que sejam mais graves antes da idade da fala e o número de mortes dentro do primeiro ano de vida, embora a medicina possa reduzi-lo, ainda é uma coisa séria. A Dianética Preventiva trata desse problema em duas fases: primeiro, a prevenção de engramas; e segundo, a prevenção do key-in. Começando pelo key-in, há duas coisas que se podem fazer para o evitar. Pode-se proporcionar à criança uma atmosfera calma e harmoniosa, que não seja restimulativa ou, se a criança parecer restimulada apesar de ser tratada bondosamente, ela pode ser removida para outro ambiente que não tenha as duas fontes mais certas, o seu pai e a sua mãe, mas que ainda contenha uma fonte de afeição. O teste para saber se a criança está ou não restimulada, antes ou depois de chegar à idade da fala, é muito simples. Ela é susceptível a doenças? Come bem? É nervosa? Poderá haver coisas fisicamente erradas com a criança, mas estas são rapidamente determinadas por um médico e pertencem à categoria de perturbação física. Discussões que a criança possa ouvir, barulhos altos, conduta frenética, uma compaixão exagerada quando ela está doente ou magoada, estas são algumas das coisas do catálogo de key-in. Estas tornam a criança fisicamente doente e mentalmente aberrada ao fazer key-in dos seus engramas. E ninguém sabe dizer quantos é que ela tem! A fonte primária da prevenção, por estranho que pareça, encontra-se no campo da consideração que ela tem por outra pessoa: a sua mãe. Não é o "amor biológico" que faz a mãe ter um papel tão grande na vida de um ser humano. É a simples verdade mecânica de que a mãe é o denominador comum de todos os pré-natais da criança. O engrama pré-natal é muito mais sério do que o pós-natal. Qualquer engrama desses que uma pessoa tenha contêm a sua mãe ou a sua mãe e outra pessoa, mas contêm sempre a mãe. Sendo assim, a sua voz, as coisas que ela diz e faz, têm um efeito enorme e vasto sobre o nascituro. Não é verdade que a emoção entre na criança através do cordão umbilical, como muitos supõem sempre que ouvem falar de pré-natais. A emoção vem noutro tipo de onda (mais elétrica do que física) - de que tipo será, é um problema de estrutura. Deste modo, qualquer pessoa que se mostre emocional perto de uma mulher grávida está a comunicar essa emoção diretamente à criança. E a emoção da mãe também é conduzida, do mesmo modo, à sua mente reativa. Se o nascituro é, ou não é, "analítico" nada tem a ver com a sua susceptibilidade aos engramas. O engrama pré-natal é só mais um engrama. Somente quando a criança é realmente atingida ou ferida por tensão arterial alta, orgasmos ou outras fontes de ferimento é que ela fica "inconsciente". Quando fica "inconsciente", ela recebe todos os perceptos e palavras na área da mãe como engramas. O poder analítico nada tem a ver com engramas. O fato de a criança ser "não-analítica" não lhe dá uma predisposição para ter engramas. Mas se a criança está "inconsciente" ou ferida, haverá essa predisposição. A presença ou ausência de "poder analítico" nada tem a ver com o recebimento ou não recebimento de engramas. O enjoo matinal, a tosse, todos os monólogos (a mãe a falar sozinha), os barulhos na rua, os barulhos da casa, etc., são todos comunicados à criança "inconsciente" quando ela é ferida. E a criança é muito fácil de ferir. Não está protegida por ossos já formados e não tem qualquer mobilidade. Ela está ali, quando algo a atinge ou pressiona, as suas células e órgãos são feridos. Uma experiência simples, para demonstrar como a mobilidade tem influência nisto, consiste em deitar-se numa cama e colocar a cabeça em cima de um travesseiro. Em seguida, faça alguém apoiar a mão sobre a sua testa. Como não há mobilidade, a pressão da mão é muito mais forte do que seria se fosse colocada na testa quando você estivesse de pé. O tecido e a água que rodeiam a criança são amortecedores muito fracos. Em um ferimento, o fluido amniótico, sendo um meio incompressível, pressiona o bebê, visto que o líquido não se pode comprimir. A situação da criança está longe de estar blindada. Até o ato de a mãe apertar os cordões dos sapatos, nos últimos estágios da gravidez, poderá ser severo para a criança. O esforço que a mãe faz, ao levantar objetos pesados, é particularmente danoso. E quando a mãe colide com objetos, como a quina de uma mesa, poderá esmagar a cabeça do bebê. Os meios de reparação do nascituro, como já se mencionou, estão muito acima de qualquer coisa jamais descoberta. Pode-se esmagar a cabeça da criança, mas o plano e os materiais de construção continuam lá e a reparação pode ser feita. Por isso, não se trata de a criança estar "bem" só porque ela pode sobreviver a quase tudo. Mas trata-se de se esses danos vão ter ou não um valor aberrativo elevado como engramas. As tentativas de aborto são muito comuns - e é extraordinariamente raro que tenham êxito. A mãe, cada vez que fere a criança de uma maneira tão maligna, está de fato a punir-se. O enjoo matinal é totalmente engrâmico, tanto quanto se pôde descobrir, uma vez que as Clears não o têm experimentado até agora durante a sua gravidez. E o ato de vomitar, devido à gravidez, ocorre através do contágio da aberração. As doenças reais geralmente resultam apenas quando a mãe esteve a interferir com a criança através de irrigações, agulhas de tricotar ou qualquer outra coisa. Essas interferências fazem a mãe adoecer e, do ponto de vista físico real, é pior para a mãe do que para a criança. É evidente que o enjoo matinal entra numa sociedade devido a essas interferências, tais como as tentativas de aborto e, naturalmente, os ferimentos. As células sabem quando ocorre a gravidez. A mente reativa está consciente do fato, antes do analisador, através do processo de sensação orgânica, uma vez que o sistema endócrino é alterado. É por isso que o fato de a mãe descobrir que está grávida tem pouco a ver com o fato de ela estar ou não enjoada antes da descoberta. Todo este campo tem sido alvo de uma pesquisa considerável em Dianética. É preciso fazer muito mais pesquisa. Estas conclusões são provisórias. Mas a conclusão de que o engrama é recebido e que é tão violento quanto o seu conteúdo, ao invés da sua dor real, é um fato científico e não é de modo algum uma teoria. É uma descoberta tão real como a gravidade. Evitar esses engramas é a primeira consideração. A segunda é evitar que estes tenham qualquer conteúdo. As mulheres que levam uma vida rural, fazendo trabalho pesado, estão sujeitas a todos os tipos de acidentes. Talvez esses acidentes não possam ser evitados por causa do papel que essas mulheres desempenham na sociedade. Mas quando se sabe que qualquer ferimento na mãe pode criar um engrama no nascituro, manter um silêncio absoluto e total deveria ser a preocupação de todas as pessoas presentes durante o acidente, incluindo a mãe. Qualquer comentário é aberrativo em um engrama. Mesmo uma afirmação do tipo: "Você pode lembrar-se disso quando receber terapia de Dianética", feita a um nascituro, instala um engrama de modo que cada palavra nessa afirmação significa uma dor física exatamente onde ele a recebeu naquele momento e, no futuro, a "terapia de Dianética" será restimulativa para ele. O médico, ao apalpar e bater para descobrir se a mãe está grávida, poderá dizer: "Bem, é difícil dizer assim tão cedo". O paciente, anos mais tarde, na terapia de Dianética, retornará até estar próximo deste incidente, mas não conseguirá ver nada até que o Dianeticista adivinhe subitamente o conteúdo, a partir do modo como o paciente descreve as suas reações. Se o médico é muito rude e diz: "O melhor é tomar muito cuidado consigo, Sra. Silva. Se não, ficará muito doente!", a criança, "inconsciente" devido ao exame, por mais leve que este seja, terá uma pequena hipocondria quando o engrama fizer key-in e preocupar-se-á bastante com a sua saúde. Se o marido falar durante o coito, cada palavra que ele disser será engrâmica. Se a mãe for espancada por ele, essa sova e tudo o que ele diz e o que ela diz tornar-se-á parte do engrama. Se ela não quiser a criança e ele quiser, a criança mais tarde reagirá como se ele fosse um aliado e talvez tenha um esgotamento nervoso quando o pai morrer. Se ela quiser a criança e ele não, a computação de aliado é invertida. Isto é verdade quando há uma ameaça ou tentativa de aborto, contanto que a ameaça esteja contida em um engrama. Se a mãe se ferir e o pai for extremamente solícito, o engrama terá isto como conteúdo e a criança terá um engrama de compaixão. O modo de sobreviver é, então, causar pena quando ferido e até mesmo fazer com que se seja ferido. Uma mulher grávida deve receber toda a consideração de uma sociedade que tenha qualquer sentimento pelas suas futuras gerações. Se ela cair, deve ser auxiliada - mas em silêncio. Não se deve deixá-la carregar objetos pesados. E não deve ser forçada a praticar o coito. Porque cada experiência de coito, durante a gravidez, é um engrama na criança. Deve ocorrer um número espantoso de casos de gravidez que nunca são detectados. A violência do coito, o uso de irrigações e geleias (porque a mulher ainda está a usar anticoncepcionais sem saber que já está grávida), movimentos excessivos dos intestinos, quedas e acidentes são responsáveis por um grande número de abortos que ocorrem por volta do primeiro período após a concepção, pois as formas de zigoto e embrião da criança têm uma ligação bastante frágil à existência e são severamente feridas por coisas que a mãe considera insignificantes. Uma vez passada a primeira falta de menstruação, as possibilidades de aborto espontâneo diminuem rapidamente e só quando a criança é uma monstruosidade genética ou quando há tentativas de aborto é que se pode esperar a ocorrência de um aborto espontâneo. A percentagem de monstruosidades é tão diminuta que estas são negligenciáveis como possibilidade. O saco amniótico pode ser perfurado muitas vezes e repetidamente, esvaziado de toda a água depois da primeira falta da menstruação e, mesmo assim, a criança pode sobreviver. Não são raras vinte ou trinta tentativas de aborto em um aberrado e em cada tentativa o corpo ou o cérebro da criança pode ter sido perfurado. Antes do nascimento, as percepções da criança não dependem dos sentidos normais. Os engramas não são memórias, mas gravações a nível celular. Assirn sendo, a criança não necessita de tímpanos para gravar um engrama. Temos casos em que qualquer mecanismo auditivo que o nascituro tivesse deve ter sido temporariamente destruído por uma tentativa de aborto. E o engrama ainda assim foi gravado. As células reconstruíram o aparelho que seria a fonte de som nos bancos padrão e arquivaram os seus próprios dados no banco reativo. A eliminação desses engramas representa uma restauração da racionalidade do indivíduo para um nível muito acima da norma corrente, e uma estabilidade e bem-estar maior do que o ser humano jamais pensou possuir. Estes engramas foram confirmados ao retirar os dados de uma criança, da mãe e do pai, e todos os dados se encaixavam. Assim, estamos a lidar aqui com fatos científicos que, por mais espantosos que sejam, não deixam de ser verdade. A mãe deve agir, então, com extrema moderação em relação a si mesma durante a gravidez e aqueles que a rodeiam devem estar totalmente informados da necessidade de silêncio após qualquer abalo ou ferimento. E visto que não é possível dizer quando é que uma mulher ficou grávida e dada a elevada potencialidade de aberração nos engramas do zigoto e do embrião, é óbvio que a sociedade deve melhorar os seus costumes em relação às mulheres, se quiser preservar a saúde futura da criança. A mulher, até certo ponto, passou a ser considerada menos valiosa nesta sociedade do que em outras sociedades e tempos. Espera-se que ela entre em competição com o homem. Isto é uma estupidez. Uma mulher tem um plano de atividade tão elevado quanto o homem. Ele não pode competir com ela, tal como ela não pode competir com ele nos campos da estrutura e da atividade vigorosa. Grande parte do turbilhão social que agora existe tem como centro o fracasso em reconhecer o papel importante da mulher, como mulher, e a separação dos campos das mulheres e dos homens. Não é necessário insistir aqui nas mudanças que ocorrerão nos próximos vinte anos. Mas com as recentes descobertas na fotossíntese, que devem assegurar comida suficiente para alimentar o ser humano de uma maneira melhor e mais barata, a importância do controle da natalidade diminui. Os padrões de moralidade já mudaram, independentemente do que os moralistas façam para tentar bloquear a mudança. E portanto, a mulher pode ser libertada de muitas das suas correntes indesejáveis. O mundo atual e a sua atividade e estrutura estão sob a custódia do homem. O cuidado da pessoa humana e dos seus filhos está a cargo da mulher. Por ser quase a única guardiã da geração de amanhã, ela tem direito a muito mais respeito do que aquele que o período de semovente do passado lhe proporcionou. Não é, portanto, um pensamento utópico louco que a mulher possa ser colocada acima do nível que ocupou até agora. E é aí que ela deve ser colocada, se quisermos que a infância da geração de amanhã alcance um alto nível, que os lares sejam pacíficos e tranquilos e que a sociedade progrida. Dianética Preventiva, no âmbito do lar, deve dar ênfase à mulher, de modo a salvaguardar a criança. Como primeiro passo, uma mãe deve ser Clareada, pois qualquer mãe que tente o aborto está bloqueada em toda a Segunda Dinâmica e qualquer bloqueio ameaça a sua saúde, bem como a sua felicidade. Tem-se verificado que a aberração sexual é acompanhada de uma antipatia por crianças. Sendo assim, ao nível do indivíduo, a Dianética Preventiva pede pais Clareados e, depois, precauções para evitar a aberração da criança, e precauções adicionais para evitar o key-in de qualquer aberração que a criança possa ter recebido. Isto é muito fácil de fazer. Mantenha silêncio na presença de qualquer ferimento. Faça o que tem de ser feito pelo ferido ou doente e faça-o em silêncio. Mantenha silêncio durante o parto, para preservar a sanidade da mãe e da criança e salvaguardar o lar para onde elas irão. E manter o silêncio não significa uma salva de "psius", pois isso produz gagos. Num campo mais amplo, manter o silêncio perto de qualquer pessoa "inconsciente" ou ferida só é menos importante do que uma coisa: evitar a "inconsciência" em primeiro lugar. Não diga nada nem faça nenhum barulho perto de uma pessoa "inconsciente" ou ferida. Falar, não importa aquilo que é dito, é ameaçar a sanidade dela. Não diga nada enquanto uma pessoa está a ser submetida a uma operação. Não diga nada quando há um acidente na rua. Não fale! Não diga nada perto de uma criança doente ou ferida. Sorria, mostre calma, mas não diga nada. As ações não falam mais alto do que as palavras, mas as ações são tudo o que se pode fazer perto dos doentes e feridos, a menos que se tenha um desejo ativo de os levar à neurose ou insanidade ou, na melhor das hipóteses, de lhes causar uma doença futura. E acima de tudo, não diga nada junto de uma mulher que tenha sido golpeada ou abalada de qualquer modo. Ajude-a. Se ela falar, não responda. Ajude-a apenas. Você não sabe se ela está grávida ou não. E é um fato extraordinário, um fato científico, que as crianças mais saudáveis são fruto das mulheres mais felizes. Por alguma razão, o parto é uma coisa muito simples para uma mãe Clareada. Só os engramas de parto na mãe é que o tornam difícil. Uma mãe Clareada não necessita de anestésicos. E isso é bom, porque o anestésico deixa uma criança atordoada e o engrama, quando reage, dá-lhe a aparência de uma criança obtusa. Uma mulher feliz tem muito poucas dificuldades. E mesmo alguns engramas, que aconteçam apesar das precauções, não têm importância se o tom geral da mãe for feliz. Mulher, você tem o direito e uma razão para exigir ser bem tratada. =============================================================================== **** Notas de Rodapé: **** {1} "Inconsciência", neste livro, significa uma maior ou menor redução da consciência por parte do "Eu" - uma atenuação do poder funcional da mente analítica. {2} Aqui vai uma advertência: estes são testes. Foram feitos em pessoas que podiam ser hipnotizadas e em pessoas que não podiam ser, mas que foram narcotizadas. Estes testes trouxeram dados valiosos a Dianética. Estes apenas podem ser duplicados quando conhecemos Dianética, a não ser que realmente queira tornar alguém insano acidentalmente, pois estas sugestões nem sempre desaparecem. O hipnotismo é uma variável aleatória. É perigoso e pertence tanto à sala de visitas como uma bomba atômica. {3} A palavra engrama em Dianética é usada no seu sentido rigorosamente preciso como um traço definido e permanente deixado por um estímulo no protoplasma de um tecido. É considerado como um grupo unitário de estímulos que se impingiram exclusivamente no ser celular. {4} Em Dianética, considera-se que uma memória é qualquer conceito de percepções armazenado nos bancos de memória padrão, que é potencialmente recordável pelo "Eu". Uma cena vista pelos olhos e percepcionada pelos outros sentidos, torna-se um registro nos bancos de memória padrão e poderá ser relembrada posteriormente pelo "Eu", como referência. {5} O autor está bem ciente de que muitos médicos, ao usarem a anestesia, por vezes colocam os pacientes em períodos de "inconsciência". Eles então consideram que nesses períodos, o paciente "inconsciente" não é afetado pelo que é dito ao redor. Em um experimento de Dianética feito diante de dois médicos, que eram cépticos, alguns pacientes foram anestesiados até a "inconsciência". Enquanto estavam anestesiados, foram ditas algumas palavras, a respeito das quais o Dianeticista nada sabia. Os médicos mediram a tensão arterial, respiração, etc., para se assegurar que o paciente estava "inconsciente". Eles murmuraram várias palavras à medida que faziam estes testes. As palavras murmuradas foram recuperadas na sua totalidade em cada um dos casos e para cada condição de "inconsciência". Dois pacientes ficaram, durante algum tempo, severamente aberrados por comentários descuidados dos médicos anestesistas e examinadores. Acrescentamos esta nota para avisar aqueles que tentarem essa experiência no futuro. Esta é a forma através da qual se provoca a insanidade. Tenha cuidado com isto quando estiver a lidar com pacientes. {6} Em Dianética, os pacientes e Dianeticistas desenvolveram uma gíria considerável e eles chamam à negligência de um problema o "mecanismo da pantera negra". Supõe-se que isto provém da absurdidade de morder panteras negras.