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Capítulo 1
Drogas Psiquiátricas - Muito Mais Fácil de Começar do que de Parar


A Droga Psiquiátrica pode ser o Problema
Como e Por Que Parar de Tomar
Medicamentos Psiquiátricos
Edição revista e atualizada, 2007

Peter R. Breggin, M.D.
David Cohen, Ph.D.

Veja este livro em inglês-português
Drogas Psiquiátricas - Muito Mais Fácil de Começar do que de Parar
    1.1  Uns poucos minutos que podem se tornar uma vida inteira
    1.2  Razões para deixar de tomar drogas psiquiátricas
    1.3  Como este livro pode ajudar
    1.4  Mais razões para parar de tomar drogas psiquiátricas
    1.5  Se alguém importante para ti está tomando drogas psiquiátricas
    1.6  Uma decisão independente

     Nos últimos anos, o uso de drogas psiquiátricas continuou a aumentar entre todas as faixas etárias, homens e mulheres, e os membros de grupos minoritários. A sociedade está se tornando cada vez mais dependente da prescrição destas drogas para resolver os problemas psicológicos e sociais. Drogas tais como Ritalina e Paxil, são anunciadas diretamente ao consumidor através de revistas e jornais. Outros anúncios na mídia de massa exortam as pessoas a perguntar se elas estão sofrendo da desordem psiquiátrica popular mais recente, muitas vezes, as encorajando à pedir aos seus médicos uma medicação específica e, às vezes oferecendo uma amostra grátis. TV, jornais e revistas frequentemente pintam quadros cor de rosa da mais recente "droga milagrosa". Inúmeros livros continuam à ser escritos para as pessoas leigas exaltando as virtudes das drogas psiquiátricas para uma miríade de problemas psicológicos ou emocionais em crianças e adultos.

     Mesmo psicoterapeutas que são à favor da "terapia do diálogo", muitas vezes recomendam uma visita a um psiquiatra para medicação, às vezes, na esperança de que essas drogas irão facilitar o seus clientes à progredir, ou ajudá-los à lidar com emoções dolorosas e avassaladoras. De fato, muitos terapeutas têm sido levados a acreditar que as drogas psiquiátricas são necessárias como parte do tratamento de problemas emocionais, tais como "ansiedade" ou "depressão".

     As organizações de manutenção de saúde (OMSs), e seguradoras de cuidados de saúde, encorajam, e às vezes insistem, no uso de drogas psiquiátricas como uma alternativa supostamente mais barata do que a terapia do diálogo. Médicos de quase todas as especialidades - da cirurgia, obstetrícia e ginecologia até a pediatria e medicina de família - são rápidos em prescrever medicamentos psiquiátricos para problemas como insônia, ansiedade, depressão, obsessões e fobias, e até mesmo "estress".

1.1  Uns poucos minutos que podem se tornar uma vida inteira

     No ambiente pró-droga de hoje, um médico, muitas vezes leva apenas alguns minutos para fazer uma avaliação antes de prescrever um antidepressivo, antipsicótico, anticonvulsivo, ou um tranquilizante. Mas a sua decisão de aceitar medicação pode te levar à uma vida inteira usando estas drogas, incluindo exposição a efeitos nocivos de longo prazo. Além disso, enquanto é fácil encontrar um médico para introduzi-lo nas drogas psiquiátricas, pode ser muito difícil encontrar um que esteja disposto em ajudá-lo a parar de tomá-las.

     Quando você começa a tomar uma droga psiquiátrica, talvez não experimente quaisquer efeitos negativos sérios. Mas o que acontece quando você quer parar de tomá-la? Todas estas drogas podem causar problemas durante a retirada. Você também precisa estar ciente das circunstâncias incomuns, quando a interrupção abrupta de uma droga psiquiátrica pode produzir reações físicas ou psicológicas potencialmente perigosas.

1.2  Razões para deixar de tomar drogas psiquiátricas

     Mesmo que você e seu médico não percebam isso, as drogas psiquiátricas que você está tomando podem estar causando-lhe sérios danos mentais, emocionais ou físicos. O seu médico pode falhar em não reconhecer que alguns dos seus problemas estão sendo causados pela medicação prescrita e, ao contrário, erradamente aumentar a dose ou acrescentar outra droga para o seu regime. Este ciclo de prescrição - uma ocorrência comum - pode expor você a um aumento de riscos de efeitos adversos.

     Quando você reduzir ou ignorar a sua medicação, você pode experimentar reações emocionais ou físicas dolorosas a medida que os efeitos dela diminuem. Isto é devido à diminuição das drogas entre as diferentes doses. Mas se você não perceber que está passando por uma abstinência entre doses, poderá, erradamente, assumir que sempre se sentirá desconfortável se interromper a medicação. Similarmente o seu médico pode erroneamente insistir que seu desconforto é uma prova de que você precisa tomar mais da droga que atualmente utiliza ou tomar drogas adicionais para controlar o seu desconforto.

     Alguns de nós têm parentes que estão tomando drogas psiquiátricas. Muitas vezes, vemos com preocupação e frustração como nosso marido ou esposa, ou talvez nosso pai ou mãe, toma medicamentos que parecem estar fazendo mais mal do que bem. Enquanto isso, milhões de crianças estão recebendo receitas de drogas estimulantes como Ritalina e Adderall, e muitos outros jovens estão recebendo drogas psiquiátricas de adultos que nunca foram aprovadas para as crianças, como Paxil, Catapres, Tenex, ou Zyprexa. Aos pais muitas vezes é dito que essas drogas são muito seguras quando de fato elas podem ser extremamente perigosas para uma criança.

     Talvez você possa ver a si mesmo, um parente ou um amigo, em uma das histórias que se seguem.

     Amanda começou a tomar Zoloft, quando ela ficou deprimida durante um período de conflitos no trabalho e em seu casamento. Depois de explicar que ela tinha um "desequilíbrio bioquímico" em seu cérebro, o psiquiatra de Amanda encorajou-a a tomar antidepressivos "indefinidamente". Mas depois de três anos tomando Zoloft, Amanda decidiu que não queria "tomar pílulas para sempre".

     Amanda passou dois dias sem Zoloft e teve uma "crise". Foi como cair em um buraco negro; ela queria morrer. Talvez desconhecendo que a retirada de antidepressivos pode causar depressão, o médico respondeu por escrito uma receita que dobrou sua dose original.

     Amanda queria encontrar um outro psiquiatra que podesse ajudá-la a retirar a medicação, mas cada novo médico enfatizava que ela deveria ficar com Zoloft ou iniciar outra medicação. Então, ela tomou a responsabilidade em suas próprias mãos e parou de tomar Zoloft durante um período de várias semanas, felizmente sem cair em depressão.

     Na medida que ela se libertou da droga psiquiátrica, Amanda percebeu o quão estagnada sua vida havia sido durante o tempo em que ela estava tomando a medicação. A dor emocional de seus conflitos no trabalho e em casa tinham sido sufocadas pelas drogas, mas as circunstâncias e a qualidade de sua vida não tinha melhorado. Ela encontrou um psicoterapeuta que lhe ajudou a iniciar o processo de tomar conta de sua vida sem drogas.

     Robert tomou drogas psiquiátricas por 10 anos, incluindo tranquilizantes como Xanax e Ativan, antidepressivos como Prozac e Paxil, e estabilizadores de humor como lítio e Depakote. Muitas vezes ele encontrou-se dizendo: "Eu não me sinto mais como eu mesmo". Robert nem tinha certeza de como ele seria se não estivesse nestas drogas. Sua experiência diária era de mexer com a sua bioquímica. Seus humores pareciam ir para cima e para baixo, dependendo de quanto tempo havia passado entre as doses. Embora o seu diagnóstico mudasse a cada ano ou dois, seu psiquiatra se mantinha certo de que Robert tinha uma desordem genética e biológica que o fazia ansioso e deprimido. Ele assegurou à Robert que ele iria precisar de medicamentos pelo resto da vida. Mas Robert não gostava da idéia de estar para sempre dependente de drogas. Ele desejava ter alguma orientação sobre como parar de tomá-las. Mas ele não conseguia decidir o que fazer.

     A indecisão de Robert se devia em parte aos próprios medicamentos. Desde o álcool até os estimulantes e antidepressivos, todos os medicamentos que afetam a mente tendem a prejudicar o julgamento, tornando difícil para as pessoas saber se elas estão sendo prejudicadas pela droga que estão tomando. A maioria das pessoas estão bem conscientes de que o álcool pode prejudicar o juízo. Eles sabem que os amigos que estão "bêbados" não podem julgar a sua habilidade para dirigir um carro com competência ou para controlar seu temperamento em uma situação de conflito.

     Eventualmente Robert procurou a ajuda de um psiquiatra conhecido por estar disposto a ajudar os pacientes a sair destas drogas. Enquanto Robert trabalhava com um psicoterapeuta que incluiu a sua família no tratamento, o psiquiatra lentamente retirou Robert das drogas que ele estava tomando. Devido ao fato de Robert estar usando drogas psiquiátricas por muitos anos, ele levou mais de um ano para completar a retirada. Mas com um cérebro e a mente livre destas drogas, Robert percebeu que suas suspeitas estavam corretas. Ele estava mais capaz de gerir sua vida e realizar seu potencial sem drogas que alteram a mente. Embora sua vida ainda tivesse seus altos e baixos, parecia maravilhoso saber que eles eram seus altos e baixos, em vez dos induzidos por drogas psiquiátricas.

     Pamela começou a tomar um antidepressivo, Elavil, há 30 anos, quando estava em sua adolescência. Ela tinha estado deprimida a tanto tempo quanto conseguia se lembrar e sempre faltou-lhe confiança em si mesma. Agora, ela suspeitava que os anos tomando antidepressivo tinha lhe custado parte de sua agudez mental, especialmente sua habilidade de focar e concentrar. Seu psiquiatra, a quem ela via todos os meses para renovar suas receitas, queria acrescentar Ritalina ao seu regime de drogas para o que ele considerava ser uma "Desordem de Déficit de Atenção (DDA) de adulto".

     Pamela suspeitou que suas crescentes dificuldades mentais eram devido aos anos tomando Elavil ao invés de uma "DDA de adulto", assim ela tentou por conta própria parar de tomar a droga. Dentro de 24 horas, ela sofreu o pior ataque de "gripe" de toda a sua vida. Ela foi subjugada por vômitos e diarréia, seu corpo doía, em sua cabeça sentia uma terrível sensação de morte iminente em cima dela.

     Pamela experimentou um alívio imediato após reiniciar o Elavil. Seu estômago e intestino se acalmaram, as dores musculares pararam, a dor de cabeça e sensação de terror foram embora. O que isso significa? Será que ela teve um caso maléfico de gripe? Ou será que ela precisava de Elavil para evitar que ficasse louca? Pamela telefonou para seu psiquiatra que lhe disse que ela provavelmente tinha contraído uma gripe viral. Ele alertou-a para continuar tomando Elavil. No dia seguinte Pamela pesquisou esta droga na Internet e descobriu que sintomas "tipo-gripe" e depressão são comumente associados com a abstinência de Elavil e muitos outros antidepressivos.

     Com a ajuda de um psicoterapeuta que não defendia drogas psiquiátricas, Pamela foi capaz de planejar uma retirada que terminou a sua dependência do antidepressivo que vinha tomando. Devido ao fato dela ter usado estas drogas por tantos anos, ela passou vários meses diminuindo aos poucos sua dose. Para seu alívio, sua agudez mental gradualmente retornou.

     Quando Pamela saiu das drogas, ela começou a descobrir as fontes de sua depressão ao longo da vida. Como muitas pessoas persistentemente deprimidas e ansiosas, ela tinha sobrevivido de uma infância extremamente abusiva. Muitas memórias terríveis e sentimentos dolorosos vieram à tona na terapia, mas ela estava feliz por estar face à face com os abusos de sua história, tendo agora uma mente livre de drogas, focada e mais clara.

     Pamela também se juntou à um grupo de sobreviventes de incesto em sua igreja. No início, foi um ato de fé - acreditando que um grupo de sobreviventes poderia ajudar a encorajar e empoderá-la. Mas ela descobriu que compartilhar suas experiências com eles deu-lhe nova fé em si mesma e sua habilidade de crescer. Ao longo do tempo, Pamela ganhou grande apoio da comunidade da igreja e de sua reacesa fé em Deus.

     Marvin ficou deprimido durante o início de seu último ano do ensino médio. Ele não pensava que qualquer coisa em sua vida estivesse causando esses sentimentos negativos, por isso nunca procurou aconselhamento. Esperando ser medicado, ele foi à um psiquiatra que o diagnosticou como sofrendo de uma depressão "clínica" e "bioquímica", e por isso colocou-o para tomar Prozac. Dentro de poucos dias, Marvin sentiu uma "elevação" em seu humor. A droga realmente parecia funcionar.

     Dentro de mais umas poucas semanas, a personalidade de Marvin, um tanto tímida, começou a passar por uma transformação dramática. Ele agora se sentia "super melhor, mais do que nunca" e "muito extrovertido". Mas seus pais ficaram preocupados com as mudanças. Ele estava dormindo muito pouco, falando a mil por hora, vestindo roupas estranhas, e perdendo peso. Ele também parou de estudar e, totalmente diferente de si mesmo, faltava às aulas por um capricho.

     Embora os efeitos do Prozac sejam descritos na bula que vem com esta substância, bem como no livro "Referência de Mesa dos Médicos [Physicians' Desk Reference]" [308], o psiquiatra não se deu conta de que o Prozac poderia estar causando os sintomas de energia extrema e euforia em Marvin. Em vez disso, o médico mudou o diagnóstico de Marvin de "depressão clínica" para "depressão maníaca" ou "desordem bipolar" (mudanças bruscas de humor). Ele disse à Marvin e seus pais que Marvin estava sofrendo de uma desordem "genética" e "bioquímica". O médico acrescentou lítio ao Prozac e afirmou que Marvin teria que tomar ambas as drogas psiquiátricas pelo resto de sua vida.

     Durante seu primeiro ano de faculdade, Marvin começou a se sentir fraco e sem vida. Ele também começou a ter dificuldade para concentrar sua mente em seus estudos. Ele telefonou para seu psiquiatra e perguntou:

     "Será que o lítio ou Prozac podem estar me causando problemas?"

     "Não." disse o médico, "Uma vez que você tem um desequilíbrio bioquímico, as drogas melhoram o funcionamento de sua mente."

     Durante as férias de verão, Marvin procurou a ajuda de um outro psiquiatra que confirmou sua suspeita de que as drogas psiquiátricas poderiam estar suprimindo sua vitalidade e seus processos mentais, em vez de melhorá-los. O novo psiquiatra também informou à Marvin que seu episódio de "mania" durante o ensino médio foi provavelmente causado pelo Prozac. Marvin se sentiu traído por seu médico anterior, o qual nunca tinha mencionado essa possibilidade para ele ou para seus pais.

     Durante o verão, Marvin foi desacostumado de ambos: Prozac e lítio. Pela primeira vez desde que começou à tomar Prozac, Marvin se sentiu "como ele mesmo" novamente.

     Marvin também iniciou psicoterapia com o seu novo psiquiatra e rapidamente começou a partilhar experiências as quais tinha tido vergonha de contar para qualquer pessoa. Ele lembrou que na época que havia ficado deprimido no ensino médio, tinha repetidamente testemunhado discussões sérias e aos gritos entre seus pais que, geralmente, deixava sua mãe deprimida e em lágrimas. O psiquiatra de Marvin ajudou-o a entender como esses conflitos familiares tiveram um papel proeminente no desenvolvimento inicial de sua depressão. Mais recentemente várias sessões de terapia familiar com sua mãe e seu pai ajudaram Marvin à separar-se emocionalmente dos problemas de seus pais. Eles, por sua vez buscaram ajuda para si mesmos. Marvin foi bem emocionalmente e academicamente, sem drogas psiquiátricas, durante todo o restante da faculdade.

     Marjorie estava tendo problemas para lidar com o isolamento e o estresse de criar dois filhos, bem como com a extrema preocupação do seu marido em "conseguir dinheiro para o futuro das crianças". Ela se sentia tão solitária e deseperançosa com sua situação que tentava não pensar sobre isso durante o dia. Em vez disso, ela ficava acordada e preocupada à noite. Quando ela falou para seu médico de família sobre o seu "sono difícil", ele receitou o tranquilizante Klonopin antes de dormir a cada noite.

     Durante as primeiras poucas noites, Marjorie dormiu muito melhor. Mas dentro de umas poucas semanas, ela estava tendo mais dificuldade em cair no sono e experimentou um aumento do nervosismo e tensão ao acordar pelas manhãs. Ela tornou-se impaciente com suas crianças e quase violenta com seu marido. Ele por sua vez, temia que ela precisasse ir para um hospital mental, mas sabia que não podia pagar alguém para cuidar dos filhos em sua ausência. Nunca ocorreu a Marjorie ou seu marido que a "pílula para dormir" poderia estar causando ou contribuindo para seus altos e baixos emocionais durante o dia.

     Em vez de explicar que Marjorie poderia estar experimentando uma "ansiedade de rebote", a medida que o efeito do Klonopin terminava a cada manhã, o médico ainda receitou um outro tranquilizante, Xanax, para sua aflição durante o dia. Ele instruiu Marjorie à tomar um ou dois comprimidos de Xanax três ou quatro vezes por dia para "ansiedade", dependendo de como ela se sentisse. Como muitos médicos, ele pode não ter considerado plenamente os perigos destas drogas psiquiátricas, incluindo a "ansiedade de rebote" entre as doses tomadas.

     Agora, Marjorie estava constantemente em um estado emocional instável. Pouco depois de tomar cada comprimido de Xanax, ela se sentia mais calma. Mas também sentia letargia e apatia por causa da sedação. Algumas vezes ela, sem querer, caia no sono no meio do dia, enquanto tentava cuidar de suas crianças. Então, a medida que o efeito da droga psiquiátrica terminava no final da tarde, ela se tornava "hiper" e agitada. Algumas vezes, ela tinha "ataques de pânico" entre as doses. Sua memória também foi afetada; em um "dia ruim", ela perdia o controle do número de comprimidos de Xanax que tinha tomado. Não importava quantas pílulas para dormir ela tomava, nunca tinha uma noite restauradora e nunca sentia-se renovada pela manhã.

     No momento em que Marjorie procurou ajuda para sair das drogas psiquiátricas, ela tinha perdido a fé em sua habilidade de manter sua vida sem medicação. O período em que foi se desacostumando dessas drogas, ao longo de vários meses, foi combinado com psicoterapia.

     Na terapia Marjorie aprendeu mais sobre o equilíbrio que ela precisava em sua vida entre criar os filhos e estar com outros adultos em atividades mais estimulantes intelectualmente. Ela se voluntariou na igreja e então foi para o trabalho e para a escola em tempo parcial.

     O marido de Marjorie eventualmente concordou em se juntar a ela no aconselhamento de casais. Ele soube que tinha sido uma parte muito importante dos problemas de Marjorie, pois ele tinha abandonado emocionalmente sua esposa e crianças em seus esforços para ganhar a vida.

     A mãe e o pai de Andy não queriam lhe dar Ritalina. Eles acreditavam que sua criança era normal e que, com disciplina apropriada e amor consistente, ele iria superar seus problemas de ajustamento à escola. Mas o psicólogo da escola falou que Andy sofria da desordem de hiperatividade e déficit de atenção (DHDA (TDAH)). Ele alertou que Andy precisaria de classes especiais, se não fosse à um médico para obter Ritalina.

     Depois de uma discussão de dez minutos com a mãe de Andy, o pediatra da família prescreveu duas doses de Ritalina por dia, uma antes da escola e outra no intervalo para o almoço à ser dada pela enfermeira da escola. Dentro de uma semana, a mãe percebeu que Andy estava mais "hiperativo" do que nunca, à noite. Como ninguém avisou-lhe que o cérebro de Andy poderia "rebater" na direção contrária do medicamento, resultando em uma maior hiperatividade no final do dia, ela pensou que a condição de seu filho deveria estar piorando.

     O pediatra poderia não saber que comumente a Ritalina e outros estimulantes tornam as crianças mais agitadas e tensas à medida que seus efeitos diminuem à noite. Em resposta à um breve telefonema da mãe de Andy, ele acrescentou uma dose de Ritalina no final da tarde totalizando três por dia.

     A terceira dose de Ritalina parecia funcionar. De acordo com a babá da tarde, quando Andy chegava em casa da escola, ele tomava sua Ritalina imediatamente e, em seguida, subia as escadas para assistir TV ou fazer sua lição de casa. Mas dentro de uma semana, os pais descobriram que Andy estava ficando acordado durante toda noite. Agora o médico adicionou Dalmane como um sonífero.

     Uma manhã, a mãe e o pai de Andy olharam com desânimo para seu filho na mesa do desejum. Seus corações afundaram com a visão do pequeno companheiro apático, de cara triste. Eles decidiram parar todas as suas medicações, mas não sabiam como fazê-lo. Após uma consulta com um segundo pediatra que queria colocar Andy tomando outro estimulante, Adderall, a mãe e o pai de Andy decidiram procurar ajuda de um médico que fosse crítico da prática de dar estimulantes para as crianças e que apoiasse os seus esforços para desacostumar Andy dos medicamentos prescritos.

     O novo pediatra explicou para ambos, Andy e seus pais, os vários efeitos da abstinência da Ritalina, encorajou-os a manterem um contato próximo, e diminuiu a Ritalina do menino. À medida que a dose foi sendo reduzida, Andy já não precisava de Dalmane para dormir. Dentro de algumas semanas, a mãe e o pai de Andy sentiram que sua criança tinha sido restaurada para eles.

     Em vez de enviar Andy de volta para a escola pública, seus pais o matricularam em uma pequena escola particular que se orgulhava em individualizar seus programas de acordo com as necessidades de seus estudantes. Para a sua alegria a criança que "precisava Ritalina" na escola pública foi muito bem na escola particular desde o primeiro dia de aula. Em retrospectiva, eles estavam apavorados com o quão perto tinham chegado de submeter sua criança à ser drogada por anos, de maneira a fazê-la se conformar com o sistema escolar local.

     Hoje em dia as empresas de drogas psiquiátricas estão fazendo propaganda de toda uma série nova de drogas estimulantes de alívio imediato ou de ação prolongada (Ver Apêndice A). Embora atualmente Andy possa estar recebendo receitas de uma delas, talvez, Strattera, o resultado disto permanece inalterado. Todas as drogas estimulantes compartilham essencialmente os mesmos efeitos adversos. Elas funcionam à curto prazo produzindo uma supressão do comportamento espontâneo, combinado com um reforço do comportamento obsessivo-compulsivo, tudo isso é então confundido com uma melhora. Nenhuma das drogas psiquiátricas mostrou eficácia comprovada a longo prazo, mesmo no que diz respeito à supressão do comportamento. E não foi demostrado que alguma delas melhore a aprendizagem de uma criança, o trabalho escolar, a vida social ou o caráter psicológico (ver Capítulo 2). Em adição a isso, as preparações de ação prolongada tem duas desvantagens: Primeiro, elas tornam menos incômodo para os adultos de administrar estas drogas, assim incentivando ainda mais a sua utilização; e segundo, quando uma reação adversa se desenvolve, ela vai durar mais tempo porque o corpo não pode rapidamente livrar-se da droga. O leitor pode supor que estas reações negativas às drogas psiquiátricas são raras, mas, na realidade elas são bastante comuns. Além disso, o dano que causam muitas vezes passa despercebido ou é atribuído a outra coisa que não os medicamentos. As histórias que você acabou de ler ilustram vários problemas potencialmente sérios os quais eventualmente você fará face, se você ou um membro da família tomar medicamentos psiquiátricos;

     As histórias acima também ilustram alguns aspectos importantes do processo de retirada da droga psiquiátrica, que o seu médico pode falhar em comunicar para você:

1.3  Como este livro pode ajudar

     Se você estiver pensando em tomar uma droga psiquiátrica, mas permanece em dúvida sobre efetivamente fazer isso, este livro pode fornecer as informações que você necessita para decidir mais conscientemente. Na sua situação, você pode estar se perguntando se o uso de drogas que alteram a mente é o caminho errado para irmos se queremos lidar com o estresse, conflito ou problemas psicológicos. Você pode estar preocupado em se tornar dependente dessas drogas de uma forma que mina a sua auto-confiança. Ou você pode ter lido ou ouvido muitas coisas boas sobre as drogas psiquiátricas, mas pondera se essas alegações são exageradas ou se há um lado inferior escondido. Todas estas circunstâncias, e mais, são consideradas nos capítulos que se seguem.

     Este livro também pode ser útil se você estiver cogitando em parar de tomar drogas psiquiátricas. Mesmo que você sinta que os medicamentos melhoraram sua vida, você pode eventualmente querer ficar livre deles. Você pode se perguntar se a melhora que você sentiu depois de começar a tomar essas substâncias foi devido aos seus próprios esforços pessoais ao invés de qualquer efeito delas. Você pode sentir que existe um custo em tomar drogas psiquiátricas - um entorpecimento das suas emoções, uma desaceleração de seus processos de pensamento ou de memória, uma falta de brilho na atitude em relação à vida em geral.

     Talvez você também queira parar de tomar drogas psiquiátricas, a fim de se sentir no controle de si mesmo e não à mercê de um medicamento, para avaliar apropriadamente o seu estado mental, enquanto estiver livre de substâncias que alteram a mente, para contactar o seus recursos psicológicos mais profundos, e definir para si mesmo o tipo de vida que vale ser vivida e ir atrás dela com uma mente e cérebro mais claros. Você pode sentir que tomar drogas psicoativas não é consistente com o estilo de vida mais saudável, e menos artificial que você deseja. Este livro vai encorajá-lo a fazer as mudanças que você quer fazer.

     Sem atribuir seus problemas ao consumo dessas drogas, você pode estar sofrendo de um ou mais dos vários sintomas que são identificados no Capítulo 4 como sendo comumente causados por drogas psiquiátricas, incluindo memória ou concentração ruim, dores de cabeça, visão turva ou outras dificuldades com a leitura ou vista, insônia, dores de estômago, problemas com a bexiga ou a função intestinal, problemas sexuais, perda ou ganho excessivo de peso, fadiga e letargia, falta de coordenação, tremores ou falta de jeito, irritabilidade, impaciência, ansiedade e depressão. Alternativamente, você pode ter desenvolvido um tique facial ou contração muscular que pode piorar e tornar-se permanente.

     Talvez você queira entender por que tem se sentido pior em alguns aspectos, desde que começou a tomar algum tipo de droga psiquiátrica. Poderiam ser as próprias drogas que estão te tornando emocionalmente embotado, hipersensível, desinteressado em sexo ou outros prazeres, afastado de seus entes queridos, ou estressado? De fato, muitos efeitos adversos dessas drogas são difíceis de distinguir de problemas emocionais. Este livro pode ajudar você a decidir se as drogas, ao invés de suas dificuldades psicológicas, são responsáveis por fazer você se sentir pior.

     Ou talvez seu médico queira que você fique tomando certos medicamentos enquanto tenta elevar as doses ou receitar novas combinações, mas você suspeita que parar de ingerir essas substâncias é a única maneira de descobrir se elas estão fazendo mais mal do que bem. De fato, parar tomar as drogas psiquiátricas muitas vezes é a única maneira de descobrir que elas têm sido a fonte de seus sintomas persistentes. Este livro pode ajudar você e seu médico à chegar em uma decisão de sair destas drogas, a fim de avaliar com mais acuidade os seus efeitos.

     Você pode ter tentado parar de tomar drogas psiquiátricas no passado e falhou por causa da sua resposta emocional ou física, nos dias, semanas ou mesmo meses depois da tentativa. Você vai aprender neste livro que suas reações podem ter sido causadas por abstinência dessas drogas e não devido aos seus problemas psiquiátricos ou psicológicos.

1.4  Mais razões para parar de tomar drogas psiquiátricas

     O seu médico pode ter ouvido ou lido que tomar drogas psiquiátricas é supostamente uma ajuda na psicoterapia, tornando mais fácil para os pacientes se comunicarem e lidarem com seus sentimentos. A experiência dos autores é muito diferente. Nós descobrimos que as drogas psiquiátricas suprimem sentimentos e afastam as pessoas de si mesmas. Isso torna mais difícil explorar, identificar e canalizar as emoções. Desacostumar-se das drogas psiquiátricas pode melhorar a sua habilidade de se beneficiar de qualquer relacionamento pessoal ou educacional, incluindo a terapia.

     Você pode estar tomando essas drogas por um longo tempo e já não pode dizer se elas estão fazendo muito bem. Poucos estudos mostram um efeito positivo das drogas psiquiátricas para além de quatro a seis semanas de duração. Importantes estudos recentes revistos na introdução de David Cohen revelam que menos de um terço das pessoas recebendo tratamentos com drogas para a depressão, esquizofrenia, ou desordem bipolar experimentam remissões sustentadas mesmo depois de dois anos de tratamento. Além disso, há muito pouca informação disponível sobre os perigos de longo prazo dessas drogas14.

     Mesmo se você não planeja parar completamente de tomar drogas psiquiátricas, você pode querer reduzir para uma dose mínima eficaz no seu caso. Drogas psiquiátricas são muitas vezes dadas em doses que excedem os níveis recomendados ou aprovados, assim, substancialmente aumentando seus perigos. Da mesma forma, você pode querer reduzir o número de tipos destas drogas que você está a tomando. Muitas vezes os médicos prescrevem drogas psiquiátricas em combinações perigosas. E uma vez que muito poucas dessas drogas foram testadas ou aprovadas para uso em combinação com outras, você se torna essencialmente um cobaia experimental quando recebe duas ou mais drogas psiquiátricas ao mesmo tempo. Enquanto isso, é comum para os pacientes ficarem pior e pior, enquanto um número crescente de drogas vão sendo prescritas, sem qualquer questionamento de seus médicos sobre a possibilidade das drogas em si mesmas terem se tornado o problema.

     Os médicos frequentemente dizem aos pacientes para não se preocupar com os efeitos adversos das drogas psiquiátricas, porque elas estão sendo receitadas em "doses pequenas". Mas tenha em mente que as pessoas variam enormemente em termos de sua sensibilidade aos efeitos destas substâncias. Assim você pode ter uma reação séria, até mesmo com risco de vida após a uma dose relativamente pequena de uma droga.

     Embora você possa ter, muitas vezes querido parar de tomar drogas psiquiátricas, você pode perceber que podem haver perigos envolvidos em fazê-lo. Evidências sugerem que todas essas drogas podem produzir reações de abstinência. Algumas delas podem ser bastante aflitivas ou mesmo desabilitadoras. Na maioria dos casos, as drogas psiquiátricas devem ser retiradas lentamente, de preferência sob a supervisão clínica de profissionais experientes e, principalmente, com cuidadosa atenção em como você está se sentindo e reagindo à mudança.

     Durante a gravidez e aleitamento, as mulheres devem fazer todos os esforços possíveis para parar de tomar drogas psiquiátricas, a fim de evitar danos ao feto ou bebê. Todas essas drogas têm a capacidade de atravessar a que é chamada barreira sanguínea-cerebral, a fim de entrar no cérebro. A mesma capacidade permite à essas substâncias atravessarem a placenta a circular na corrente sanguínea do feto e, de lá, entrar no cérebro do infante não nascido. Similarmente as drogas psiquiátricas entram no leite materno e, portanto, também afetam o cérebro dos lactentes. Além disso, os antidepressivos causam distintas reações de abstinência e aflitivas em recém-nascidos cujas mães foram medicadas durante o último trimestre da gravidez. De forma concordante, todas as drogas psiquiátricas podem desparear a função cerebral de ambos: o feto e o lactente. Embora poucos estudos tentaram medir quaisquer efeitos potenciais duradouros no cérebro, que podem resultar dessa exposição à droga no início da vida, o suficiente é conhecido no campo da neurotoxicidade no desenvolvimento que justifique avisar os pais para evitar tomar drogas psiquiátricas durante a gravidez e durante a amamentação (Vitiello, 1998).

     Em adição à isso, algumas drogas psiquiátricas são conhecidas por causar anormalidades físicas óbvias, como resultado da exposição fetal. Por exemplo, mulheres que tomam lítio ou Depakote durante a gravidez expõem seus infantes a um aumento da taxa de defeitos cardíacos. Informações sobre defeitos de nascimento conhecidos, causados por drogas psiquiátricas individuais, podem ser encontradas em muitas fontes padronizadas, incluindo a "Referência de Mesa dos Médicos [Physicians' Desk Reference]".

     Este livro fornece uma revisão das reações de abstinência associadas com drogas psiquiátricas individuais e descreve métodos para sair delas da forma mais segura possível.

1.5  Se alguém importante para ti está tomando drogas psiquiátricas

     Você pode inicialmente ter incentivado seu marido ou esposa a tomar drogas psiquiátricas para combater um problema psicológico ou emocional. Talvez o seu médico tenha dito que o lítio ou Depakote iria "suavizar" o humor do seu cônjugue e fazer ele ou ela mais fácil de se conviver. Ou talvez você chegou a receber receitas de estimulantes para controlar o comportamento de sua criança. Mas, então, depois de algumas semanas ou meses de aparente melhora, você começou a notar mudanças negativas no comportamento destes indivíduos.

     As drogas podem parecer estar tornando o indivíduo querido menos sensível, menos em contato, menos interessado em desfrutar da companhia de amigos e familiares até mesmo menos amoroso. Ele ou ela pode parecer mais irritadiço ou distante. Em algumas instâncias, especialmente quando a supervisão médica tem sido inadequada, pessoas desenvolveram psicoses tóxicas - estados de disfunção cerebral severos, induzidos pela droga, com perda de contato com a realidade e comportamento bizarro.

     Muitas vezes os médicos descartam sinais de alerta, tais como comunicados da família de que o paciente "não está agindo certo", "parece mais irritado e impaciente", ou está "ficando quieto e retirado". Falhas em interromper a droga psiquiátrica ofensora, nos primeiros sinais de uma reação emocional adversa, podem levar a consequências desastrosas tais como: uma mudança de personalidade, ou psicose severa, induzida por essas substâncias. Drogas como Paxil, Prozac, Effexor, Zoloft, Xanax, Strattera, e Ritalina têm estado implicadas em muitos casos, na produção ou agravamento de depressão, ideação suicida e comportamento agressivo15.

     Talvez você seja um professor escolar cujos estudantes tem tomado Ritalina ou outras drogas estimulantes. Existem políticas escolares que encorajam que se recomende que as crianças difíceis sejam encaminhadas para uma avaliação com possível medicação. Apesar de que, com os medicamentos, algumas das crianças fiquem mais quietas e mais fáceis de administrar, o "brilho" de seus olhos parece ter desaparecido. Elas parecem vazias ou entorpecidas. O que está sendo sacrificado para a conveniência da escola? Você precisa de mais fatos a respeito do que as drogas psiquiátricas estão realmente fazendo com essas crianças.

     Alternativamente, você pode ser um profissional de saúde, como um pediatra ou um psicólogo, que tem estado envolvido em diagnosticar ou receitar drogas psiquiátricas para crianças ou adultos. Você sempre tem dado como garantido o que leu ou ouviu sobre o quão seguro e eficaz elas são, mas sua própria experiência clínica está levantando dúvidas. Será que você pode ter sido enganado pelas empresas de drogas farmacêuticas e pelos "especialistas"? Você gostaria de obter mais informações sobre os efeitos adversos e técnicas para ajudar seus pacientes ou clientes a retirarem a medicação. Com a possível exceção de drogas psíquicas notoriamente mais viciantes, como os tranquilizantes Xanax e Valium, mesmo os médicos raramente aprendem muito sobre como ajudar seus pacientes a sair das drogas psiquiátricas.

     Fontes que defendem o uso de drogas psiquiátricas estão prontamente disponíveis em bibliotecas e livrarias, por isso não devemos ocupar espaço aqui, repetindo os argumentos padronizados em favor delas. Pelo contrário, acreditamos que os benefícios dessas drogas são muito exagerados, que as suas desvantagens são muitas vezes minimizadas, e que há muito pouca informação sobre como parar de tomá-las. Este livro é, de fato, o primeiro e único a se focalizar, sobre tudo, no problema do porquê e como parar de tomar medicamentos psiquiátricos. Nós não estamos, contudo, tentando convencer ninguém a não tomar drogas receitadas. Nós estamos simplesmente fornecendo um ponto de vista mais crítico do que o disponível já pronto. Para críticas mais bem documentadas da psiquiatria materialista e das drogas psiquiátricas, consulte o seguinte: Breggin (1991 [49], 1997a [55], 1998a [57]); Breggin & Breggin (1994 [53]); Cohen (1990 [117], 1994 [111], 1997a [92]); Fisher & Greenberg (1989 [153], 1997 [156]); Jacobs, 1995 [211]; Mender, 1994 [275], e Mosher & Burti, 1994 [290].

1.6  Uma decisão independente

     Escolher entre não tomar ou tomar drogas psiquiátricas deve ser uma decisão independente e pessoal. A lei e a ética apoiam o direito dos adultos competentes de fazer tal decisão.

     Nos últimos anos, as virtudes das drogas psiquiátricas têm sido amplamente exaltadas, mas uma decisão informada só pode ser feita quando as pessoas também têm acesso a uma visão mais crítica dessas drogas e uma análise franca de seus riscos. A lei também apóia o direito das pessoas de serem plenamente informadas sobre os perigos potenciais antes de concordar com a recomendação de um médico de tomar uma droga.

     Idealmente, a retirada deve ser um esforço colaborativo envolvendo o indivíduo que deseja interromper a medicação, um consultor competente ou terapeuta, e a família ou amigos quando necessário. É claro, que muitos pacientes param de tomar drogas psiquiátricas por conta própria. De fato, enquanto muitos médicos encorajam os pacientes a tomar essas drogas por períodos de tempo aparentemente intermináveis, a maioria dos pacientes para por conta própria. Muitas vezes eles o fazem sem qualquer dificuldade. Mas às vezes se deparam com problemas sérios de abstinência.

     Pode ser difícil prever quem vai conseguir facilmente e quem poderá experimentar aflição profunda durante a abstinência da droga psiquiátrica. Contudo, a experiência clínica confirma que quanto maior as doses e quanto mais longa a exposição a droga, mais aflições você poderá esperar durante a abstinência.

     Parar o uso de longo prazo de drogas "antipsicóticas" como Risperdal e Zyprexa pode ser emocionalmente e fisicamente difícil e deve ser feito muito lentamente, com uma grande quantidade de suporte social. Parar o uso de longo prazo do lítio pode levar a reações emocionais severas, incluindo mania. Parar o uso de curto prazo de tranquilizantes menores, tais como Xanax, Klonopin, Valium e Ativan, pode causar agitação ansiosa, insônia, ou até mesmo convulsões. E parar quase todos os antidepressivos, incluindo os mais novos, pode levar à depressão e até sentimentos suicidas.

     Este livro revê os perigos das drogas psiquiátricas em geral, examina as reações de abstinência potenciais da maioria das classes dessas drogas em uso atualmente, e faz sugestões específicas sobre como parar de tomas estas substâncias da forma mais segura possível. Conclui com uma discussão de como você e seu terapeuta podem lidar com as crises emocionais, sem recorrer a drogas.

     Não deixe que ninguém te pressione para iniciar ou continuar tomando drogas psiquiátricas. Como um adulto competente, você tem o direito ético e legal para tomar suas próprias decisões sobre tomar ou não essas drogas. Você também tem o direito legal de ser completamente informados com antecedência sobre os perigos de qualquer droga psiquiátrica, incluindo os efeitos na sua abstinência.

     Não importa quantos médicos favoreçam uma ou outra droga psiquiátrica, você pode e deve decidir por si mesmo. Suas decisões sobre tomar ou rejeitar as drogas precisam ser feitas sem pressão coerciva dos médicos e, na ausência de exagero, desinformação e engano.

     Da mesma forma, não deixe ninguém induzí-lo a parar de tomar drogas psiquiátricas antes de estar pronto. Esta decisão, também, tem que ser sua. Se você já começou a sair dessas drogas, não deixe ninguém te apressar. Você é o melhor juiz do quanto pode manusear durante a retirada da droga psíquica, e você tem o direito de ir no seu próprio passo.

Referências Bibliográficas

[57]
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Breggin, P.R. (1991). Toxic Psychiatry: Why Therapy, Empathy and Love Must Replace the Drugs, Electroshock and Biochemical Theories of the `New Psychiatry' [Psiquiatria Tóxica: Por Que a Terapia, Empatia e Amor Devem Substituir as Drogas, Eletrochoque e as Teorias Bioquímicas da `Nova Psiquiatria']. New York: St. Martins Press.
[53]
Breggin, P.R. (1994, 17-19 de outubro). Testimony in Joyce Fentress et al. v. Shea Communications et al. ("The Wesbecker Case") [Testemunho em Joyce Fentress et al. v. Shea Communications et al. ("O Caso Wesbecker")]. Jefferson Circuit Court, Division One, Louisville, Kentucky No 90-CI-06033, Vol. 16.
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Breggin, P.R. (1997a). Brain-Disabling Treatments in Psychiatry: Drugs, Electroshock, and the Role of the FDA [Tratamentos em Psiquiatria Desabilitadores do Cérebro: Drogas, Eletrochoque, e o Papel da FDA]. New York: Springer.
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Cohen, D. (1997a). A Critique of The Use of Neuroleptic Drugs in Psychiatry in S. Fisher & R.P. Greenberg (Eds.), From Placebo To Panacea: Putting Psychotropic Drugs To The Test [Uma Crítica do Uso de Drogas Neurolépticas na Psiquiatria em S. Fisher & R.P. Greenberg (Eds.), Do Placebo à Panacéia: Colocando em Teste as Drogas Psicotrópicas] (pp. 173-228). New York: John Wiley & Sons.
[117]
Cohen, D. (Ed.) (1990). Challenging The Therapeutic State: Critical Perspectives on Psychiatry and The Mental Health System [Desafiando o Estado Terapêutico: Perspectivas Críticas em Psiquiatria e do Sistema de Saúde Mental] [Special Issue]. Journal of Mind and Behavior [Jornal da Mente e do Comportamento], 11 (3 & 4).
[111]
Cohen, D. (1994). Challenging The Therapeutic State, Part II: Further Disquisitions on The Mental Health System [Desafiando o Estado Terapêutico, Parte II: Dissertações Adicionais sobre o Sistema de Saúde Mental] [Special Issue]. Journal of Mind and Behavior [Jornal da Mente e do Comportamento], 15 (1 & 2).
[153]
Fisher, S., & Greenberg, R. (Eds.). (1989). The Limits of Biological Treatments for Psychological Distress: Comparisons With Psychotherapy and Placebo [Os Limites dos Tratamentos Biológicos para a Aflição Psicológica: Comparações Com a Psicoterapia e Placebo]. Hillsdale, N.J.: Lawrence Erlbaum.
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Fisher, S., & Greenberg, R. (1997). From Placebo To Panacea: Putting Psychiatric Drugs To The Test [Do Placebo até a Panacéia: Colocando em Teste as Drogas Psiquiátricas]. New York: Wiley.
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Jacobs, D. (1995). Psychiatric drugging: Forty years of pseudo-science, self-interest, and indifference to harm [Drogas psiquiátricas: Quarenta anos de pseudo-ciência, interesse egoísta, e indiferença aos danos na saúde]. Journal of Mind and Behavior [Jornal da Mente e do Comportamento], 16, 421-470.
[275]
Mender, D. (1994). The Myth of Neuropsychiatry: A Look At Paradoxes, Physics, and The Human Brain [O Mito da Neuropsiquiatria: Um Olhar sobre Paradoxos, Física, e o Cérebro Humano]. New York: Plenum Press.
[290]
Mosher, L.R., & Burti, L. (1994). Community Mental Health: Principles and Practice [Saúde Mental Comunitária: Princípios e Prática]. New York: Norton.
[308]
Physicians' Desk Reference [Referência de Mesa dos Médicos] (2007). Montvale, N.J.: Thomson PDR,

Notas de Rodapé:

14 A curta duração dos estudos envolvendo drogas psiquiátricas, e a escassez de estudos de longo prazo dos efeitos adversos, são discutidos em Breggin (1991 [49], 1997a [55], 1998a [57]) e Breggin & Breggin (1994 [53]).
15 Casos de violência e suicídio relacionados aos efeitos de drogas psiquiátricas são descritos em Breggin & Breggin (1994 [53]) e Breggin (1997a [55]). Além disso, Peter Breggin testemunhou em inúmeros casos judiciais envolvendo reações comportamentais, nocivas ou perigosas, associadas com drogas como Prozac, Zoloft, Xanax, Klonopin e Ritalina. Exemplos de casos legais estão listados em www.breggin.com.