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Capítulo 4
Os "Demônios"


Dianética:
A Ciência da Saúde Mental

Livro Dois
A Fonte das Doenças Mentais

L. Ron Hubbard
Ponte para liberdade dos engramas da mente reativa
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Os "Demônios"

     Deixemos de lado por um momento as coisas científicas, como as células, e consideremos mais alguns aspectos do problema da compreensão da mente humana.

     Durante largos milênios, as pessoas têm trabalhado em problemas relacionados com o comportamento humano. Os Hindus, os Egípcios, os Gregos, os Romanos e os nossos próprios filósofos e pesquisadores dos últimos séculos têm lutado contra uma superabundância de complexidade.

     A Dianética só pôde desenvolver-se através da compartimentação filosófica do problema nos seus elementos e da invenção de algumas dúzias de bitolas, como A Introdução de um Arbitrário, A Lei da Afinidade, A Dinâmica, A Equação da Solução Ótima, As Leis da Seleção de Importâncias, A Ciência de Organizar Ciências, Anulação pela Comparação de Autoridade com Autoridade e assim por diante. Tudo isto seria excelente matéria para um livro de filosofia, mas aqui será Dianética que é uma ciência. Contudo, deve-se mencionar que um dos primeiros passos dados não foi inventado, mas sim tomado de empréstimo e modificado: este foi o Cognoscível e o Incognoscível de Herbert Spencer.

     O absolutismo é um excelente caminho para a estagnação e não creio que Spencer tivesse a intenção de ser tão inteiramente absoluto a respeito do seu Cognoscível e Incognoscível. SOBREVIVER! é o ponto de demarcação entre aquelas coisas que podem ser experimentadas pelos sentidos (os nossos velhos amigos Hume e Locke) e aquelas coisas que não podem necessariamente ser conhecidas através dos sentidos, mas que talvez possam ser conhecidas, ainda que não seja necessário conhecê-las para resolver o problema.

     Entre as coisas que não era necessário conhecer (a versão de Dianética do Incognoscível) estavam os domínios do misticismo e da metafísica. Na evolução de Dianética, muitas coisas foram postas de lado unicamente porque não tinham produzido uma solução para mais ninguém. Por essa razão, o misticismo recebeu pouca atenção, apesar do autor o ter estudado, não nas fontes de segunda mão, pouco compreendidas e comummente usadas como autoridade por alguns cultos mentais do Ocidente, mas na Ásia, onde um místico que não possa fazer a sua "pessoa astral" sair do corpo e fazer recados por ele é, de fato, estritamente uma personagem de segunda categoria. Bastante ciente de que havia peças neste quebra-cabeças que eram cor-de-laranja com manchas amarelas e roxas com riscas carmesim, descobriu-se ser necessário tomar somente aquelas peças que eram pertinentes. Um dia aparecerá um grande número de peças - acerca de estrutura com todo o resto - e haverá respostas para a telepatia, a presciência e por aí fora. Compreenda que há um grande número de peças na construção de um universo filosófico. Mas verificou-se que nenhuma das peças místicas eram necessárias para a criação de uma ciência da mente uniformemente aplicável e capaz de resolver a aberração. Neste estágio de Dianética não será dada nenhuma opinião sobre fantasmas ou o truque indiano da corda, para além do fato de vermos que são peças multicolores e as únicas peças que nós queremos são as brancas. Temos a maior parte das peças brancas e estas formam uma brancura muito sólida onde antes havia negridão.

     Imagine, então, a consternação que se deve ter sentido quando se descobriram os "demônios". Lembra-se decerto que Sócrates tinha um demônio. Este não lhe dizia o que fazer, mas sim se tinha ou não tomado a decisão certa. Aqui estávamos nós a seguir um curso no universo finito que teria agradado ao próprio Hume pela sua tenacidade naquelas coisas que podiam ser sentidas. E então surgiram os "demônios".

     Um exame profundo de uma série de sujeitos (14) revelou que cada um tinha, aparentemente, algum tipo de "demônio". Estes eram sujeitos selecionados ao acaso de diferentes condições na sociedade. Por isso, este aspecto do "demônio" era muito alarmante. Contudo, ao contrário de alguns cultos (ou escolas, como eles se designam a si próprios), resistiu-se à tentação de aplicar rótulos românticos, inexplicáveis e confusos. Era preciso construir uma ponte sobre um abismo e os demônios são vigas realmente péssimas.

     Nas ilhas do Pacífico - no Bornéu, nas Filipinas - vi muita demonologia em ação. A demonologia é uma coisa fascinante. Um demônio entra numa pessoa e põe-na doente. Ou entra e fala no seu lugar. Ou ela enlouquece porque tem um demônio dentro de si e anda a correr de um lado para o outro com o demônio aos gritos. Isto é demonologia em um sentido limitado. O xamã e o feiticeiro são pessoas que lidam muito com a demonologia (esta paga bem). Mas embora não fosse particularmente céptico, sempre me pareceu que os demônios poderiam ser explicados mais facilmente do que em termos de ectoplasma ou de algum outro material imperceptível.

     Encontrar "demônios" a viver dentro dos nossos compatriotas civilizados foi perturbador. Mas ali estavam eles. Pelo menos havia as manifestações que o xamã e o feiticeiro diziam ser causadas por demônios. Descobriu-se que estes "demônios" podiam ser catalogados. Havia "demônios comandantes", "demônios críticos", os usuais "demônios de digo-te o que hás-de dizer" e "demônios" que ficavam por perto e gritavam ou "demônios" que simplesmente ocluíam coisas, mantendo-as longe da vista. Estas não são todas as classes, mas estas abrangem o campo geral da "demonologia".

     Algumas experiências com sujeitos sob o efeito de droga mostraram que era possível instalar estes "demônios" conforme a nossa vontade. Era possível, inclusivamente, converter toda a mente analítica em um "demônio". Havia, portanto, alguma coisa errada na demonologia. Sem o ritual apropriado, através da simples comunicação verbal, podia-se levar novos demônios a aparecer nas pessoas. Sendo assim, não há demônios reais em Dianética. (Isso foi enfatizado para o caso de algum místico sair por aí a dizer às pessoas que uma nova ciência da mente acredita em demônios.)

     Em Dianética chama-se figuradamente de "demônio" um circuito parasita. Este tem uma ação na mente que se aproxima de uma entidade diferente do Eu. E deriva inteiramente de palavras contidas em engramas.

     Uma vez que se tenha examinado algum de perto, não é difícil compreender como é que este demônio aparece. Enquanto o bebê está inconsciente, o Papá grita para a Mamã que, por amor de Deus, ela tem de escutar o que ele diz e mais ninguém. O bebê recebe um engrama. Este faz key-in algures entre a infância e a morte. E depois, temos o circuito demônio em ação.

     Um engenheiro eletrotécnico pode montar demônios em um circuito de rádio a seu contento. Em termos humanos, isto é como se estendêssemos uma linha dos bancos padrão para o analisador, mas inseríssemos nesta, antes de lá chegar, um altofalante e um microfone, e depois continuássemos com a linha até ao plano de consciência. Entre o altofalante e o microfone estaria uma seção do analisador que era uma seção de funcionamento normal, mas separada do resto do analisador. O "Eu", em um plano consciente, quer dados. Estes deveriam vir diretamente do banco padrão, deveriam ser computados em um subnível e chegar apenas como dados. Não dados falados. Simplesmente dados.

     Com a porção do analisador separada em um compartimento, a instalação do altofalante e do microfone e o engrama contendo as palavras "Por amor de Deus, tens de me escutar" em restimulação crônica, acontece outra coisa. O "Eu", no nível superior das unidades de atenção, quer dados. Ele começa a explorar os bancos padrão com um subnível. Os dados chegam-lhe, falados. Como uma voz dentro da sua cabeça.

     Um Clear não tem nenhuma "voz mental"! Ele não pensa vocalmente. Pensa sem articular os seus pensamentos e estes não são em termos de voz. Isto será uma surpresa para muita gente. O demônio "escuta-me" é comum na sociedade; isto quer dizer que este engrama está largamente difundido. "Fica aí e escuta-me" fixa o engrama em tempo presente (e em certa medida, fixa o indivíduo no tempo do engrama). Depois de este ter feito key-in e daí em diante, o indivíduo pensa "em voz alta", isto é, ele põe os seus pensamentos na forma de linguagem. Isto é muito lento. A mente concebe soluções (num Clear) a tal velocidade que a corrente de consciência ficaria logo para trás.

     Isto foi muito fácil de provar. Ao clarear cada caso descobriu-se, sem exceção, um ou outro desses demônios. Alguns casos tinham três ou quatro. Outros tinham dez. Alguns tinham um. É seguro pressupor que quase todo o aberrado contêm um circuito demônio.

     O tipo de engrama que faz um "demônio crítico" é: "Estás sempre a criticar-me". Há dúzias de frases dessas contidas em engramas e qualquer uma delas fará um demônio crítico, tal como qualquer combinação de palavras que resulte numa exigência de escutar e obedecer a ordens fará um demônio comandante.

     Todos esses demônios são parasitas. Isto é, eles tomam uma parte do analisador e separam-na em um compartimento. Um demônio só consegue pensar tão bem como a mente da pessoa consegue pensar. Não existe qualquer poder extra. Não há benefício. É tudo perda.

     É possível montar o computador (analisador) inteiro como um circuito demônio e deixar o "Eu" numa prateleira pequena e abandonada. Superficialmente, este é um truque muito bom. Permite que a totalidade da mente analítica faça computações sem ser perturbada e transmita a resposta ao "Eu". Mas na prática, isto é péssimo, pois o "Eu" é a vontade, a força determinadora do organismo, a consciência. E ao fim de muito pouco tempo, o "Eu" torna-se tão dependente desse circuito que este começa a absorvê-lo. Qualquer circuito desses, para perdurar, teria de conter dor e ser crônico. Em suma, teria de ser um engrama. Por isso, teria de ser redutor do intelecto e vitimaria o seu possuidor, acabando por torná-lo doente de um modo ou de outro.

     De todos os circuitos demônio de engramas encontrados e removidos, aqueles que possuíam uma entidade exterior aparentemente todo-poderosa, que resolveria todos os problemas e responderia a todas as necessidades, eram os mais perigosos. À medida que o engrama fosse cada vez mais ativado e fosse constantemente restimulado, este acabaria por transformar o "Eu" numa marioneta sem caráter; devido a existência de outros engramas, a soma da redução tenderia para a insanidade de uma natureza séria. Se quiser um exemplo disto, basta imaginar o que precisaria de dizer a uma pessoa hipnotizada para fazê-la crer que ela estava nas mãos de um ser poderoso que lhe dava ordens e depois imaginar isto como a frase dita quando um indivíduo foi posto inconsciente de algum modo.

     Há uma outra grande classe de demônios, os "demônios de oclusão", os que obstruem as coisas. Não são propriamente demônios, porque estes não falam. Um demônio genuíno é aquele que dá voz aos pensamentos ou que faz eco da palavra falada interiormente e que dá todo o tipo de conselhos complicados como se fosse uma voz exterior, real e viva. (As pessoas que ouvem vozes têm circuitos demônio vocais exteriores: circuitos que enlearam os seus circuitos de imaginação.) O demônio de oclusão não tem nada para dizer. É aquilo que ele não permite que seja dito ou feito que provoca a perturbação mental.

     Pode existir um demônio de oclusão para uma só palavra. Por exemplo, uma criança recebe um engrama ao cair da bicicleta e perde a consciência; um polícia tenta ajudá-la; ela ainda está inconsciente, mas move-se e murmura que não se pode mover (um velho engrama em ação); o polícia diz alegremente: "Nunca digas não posso!" Mais tarde, ela tem uma experiência de nível consciente, tal como outra queda, mas sem ferimento. (Estamos sempre a mencionar este segundo passo necessário, o lock, porque este é a coisa que os antigos místicos pensavam ser a causa de toda a dificuldade: este é a "angústia mental".) Agora ela tem dificuldade em dizer "não posso". É perigoso em qualquer caso. O que aconteceria se ela tivesse aquela expressão engrâmica comum: "Nunca digas não!"?

     Os demônios de oclusão ocultam coisas do "Eu". É igualmente fácil mascarar muitas palavras. O indivíduo que tem um desses demônios depois omitirá, alterará, escreverá mal ou cometerá erros com essas palavras. O demônio não é a única razão pela qual as palavras são alteradas, mas é um caso especifico. Um demônio de oclusão pode ter muito mais força e amplitude. Pode ser criado com a frase: "Não fales!" ou "Nunca respondas aos mais velhos" ou "Tu não podes falar aqui. Quem disse que podias falar?" Qualquer uma destas frases poderá produzir um gago.

     Outras coisas, além da fala, podem ficar oclusas. Qualquer capacidade da mente pode ser inibida por um demônio especificamente concebido para obstruir essa capacidade. "Tu não podes ver!" provocará a oclusão da recordação visual. "Tu não podes ouvir! " provocará a oclusão da recordação auditiva. "Tu não podes sentir!" provocará a oclusão da recordação táctil e da dor (a língua é muito homonímica).

     Qualquer percepção pode ser ocluída na recordação. E sempre que fica oclusa na recordação, isso afeta a percepção real, bem como o órgão da percepção. "Tu não podes ver!" poderá reduzir não só a recordação, mas também a capacidade orgânica real dos olhos, como no astigmatismo ou miopia.

     Pode-se imaginar, com toda a nossa língua (ou em outras terras com outras línguas, qualquer idioma) susceptível de ser incluída nos engramas, o número das capacidades de operação da mente que podem ser ocluídas. Uma delas, extremamente comum, é: "Tu não podes pensar!"

     Até agora, tem sido usado o "tu" nas ilustrações e exemplos para manter a semelhança com os testes de hipnotismo ou com drogas. Na verdade, as frases que contêm "Eu" são mais destrutivas. "Eu não posso sentir nada", "Eu não posso pensar", "Eu não consigo lembrar-me". Estas e milhares de outras variações, quando ditas ao alcance dos ouvidos de uma pessoa "inconsciente", são aplicáveis a ela, quando o seu engrama fazer key-in no circuito.

     O "tu" tem vários efeitos. A frase "Tu não prestas", dita a uma pessoa desperta, talvez a faça sentir-se muito irritada quando ela tem um engrama nesse sentido. Dentro de si, ela sente, possivelmente, que as pessoas pensam que ela não presta. Ela poderá ter um demônio que lhe diz que ela não presta. E dramatizará isto, dizendo a outras pessoas que elas não prestam. Isto pode ser espalhado a outros ao ser dramatizado. Por exemplo, uma pessoa que tenha um engrama no sentido de que ela é sexualmente estéril, dirá aos outros que eles são sexualmente estéreis.

     ("Não faças o que eu faço, faz o que eu digo.") Se tem um engrama que diz: "Tu não prestas, tu tens de comer com a tua faca", ela poderá comer com a sua faca, mas fica nervosa com as pessoas que comem com as suas facas e ficará muito irritada se alguém lhe disser que ela comeu com a sua faca.

     Assim, há "demônios de compulsão" e "demônios de confusão" e por aí fora.

     O engrama tem um valor de comando. Na mente reativa é exercido um livre-arbítrio a respeito de quais os engramas que serão usados. Mas qualquer engrama, restimulado com força suficiente, virá à superfície para ser dramatizado. E se a dramatização for bloqueada, este voltar-se-á contra o indivíduo, temporária ou cronicamente.

     A literalidade desta mente reativa, na sua interpretação dos comandos, e a literalidade da sua ação dentro da pobre e atormentada mente analítica é, em si, uma coisa estranha. "Isto e demasiado horrível para ser concebido" poderia ser interpretado no sentido de que um bebê está em tão más condições que seria melhor não nascer. Em qualquer língua, há milhares de clichês que, quando tomados literalmente, significam exatamente o oposto daquilo que a pessoa quer dizer.

     O banco de engramas reativo toma-os, arquiva-os com a dor, a emoção, a "inconsciência" e, com uma literalidade idiota, apresenta-os para serem a lei e o comando para a mente analítica. E quando o pequeno idiota feliz que dirige o banco de engramas vê que é possível usar alguns dos circuitos da mente analítica com alguns desses malditos demônios, ele assim faz.

     Assim, pode-se ver a mente analítica a ser submetida a mais uma forma de desgaste. Os seus circuitos, cujo objetivo normalmente é computação suave e rápida, ficam absorvidos e sobrecarregados com enleios dos demônios. Os demônios são parasitas. São pedaços da mente analítica separados em compartimentos e negados a uma computação mais ampla.

     Será, então, motivo de grande espanto, quando esses demônios são apagados, que o QI suba em flecha como pode ser observado em um Clear? Acrescente os circuitos demônio ao aspecto de desligamento analítico da restimulação e pode ver que é verdade que as pessoas funcionam com cerca de um vigésimo do seu poder mental. A pesquisa e a tabulação científicas indicam que, eliminando o aspecto "inconsciência" e os circuitos demônio do banco de engramas e repondo os dados como experiência nos bancos padrão, onde estes deveriam estar, põe-se ao serviço do "Eu" cerca de quarenta e nove quinquagésimos da mente, que o indivíduo nunca pôde usar como aberrado.