Livro de Urantia

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Capítulo 6
Família Espiritualizada e Feliz

Diálogos baseados no
Livro de Urantia

Livro Um
uma apresentação de
religião, filosofia e ciência unificadas
de acordo com a revelação nos
Documentos de Urantia
Escrito a partir de 2012
Família Espiritualizada e Feliz
    6.1  O matrimônio e a vida familiar segundo o livro de urantia
    6.2  Trabalhando pelo amor, união e felicidade de nosso lar
        6.2.1  Vivendo felizes aqui e agora, no caminho ideal
        6.2.2  O ser humano primeiro vive e depois pensa sobre o seu viver
        6.2.3  Cuidando da vida e buscando a felicidade integral
        6.2.4  Conflitos naturais da nossa vida que se move de nossa origem animal-material para nosso destino divino-espiritual
        6.2.5  Vivendo na terra, guiados pelo espírito
        6.2.6  Conflitos psíquicos naturais do crescimento
        6.2.7  Conflitos da natureza humana
        6.2.8  Jesus, vida eterna e felicidade
        6.2.9  Espiritualidade, bondade e felicidade
        6.2.10  O budismo na época de Jesus
            6.2.10.1  Felicidade integral sem sofrimentos
        6.2.11  A felicidade das crianças guiadas pela Vontade de Deus
    6.3  A inefável experiência espiritual
    6.4  Síntese parcial deste diálogo
    6.5  Vida → lar → felicidade → prazer
        6.5.1  A diferença entre o amor de alma e a paixão carnal
        6.5.2  A alma eterna é o verdadeiro amor cristalizado
        6.5.3  Amando e conhecendo a alma em nós e no outro
        6.5.4  O problema da dissolução da família
        6.5.5  Família e psicologia do prazer
        6.5.6  Conselho prático para desenvolvimento integral da pessoalidade
        6.5.7  Ensinamentos de Jesus sobre os conflitos entre a carne e o espírito
        6.5.8  Diferença entre imaturidade e pecado
        6.5.9  Os perigos da autogratificação
    6.6  Passeio no parque e aniversário feliz

6.1  O matrimônio e a vida familiar segundo o livro de urantia

     Mãe: Qual o objetivo deste diálogo?

     Pai: Falar sobre a família de acordo com os pontos de vista de pais e mães dedicados, na luz da revelação do "livro de urantia".

     Mãe: O que este livro fala sobre a família?

     Pai: No livro de urantia existem três capítulos sobre o matrimônio e a família:

     Mãe: Mas o que dizem estes capítulos sobre a família?

     Pai: Veja como é inspirador o início do capítulo 84 deste livro revelado:

"Livro de Urantia", Capítulo 84:
O Matrimônio e a Vida Familiar

     A NECESSIDADE material fundou o matrimônio, o apetite sexual embelezou-o, a religião sancionou-o e exaltou-o, o estado exigiu-o e regulamentou-o; e em tempos mais recentes o amor evoluiu e começou até a justificar e glorificar o matrimônio como sendo o ancestral e o criador da instituição mais útil e sublime da civilização: o lar. A edificação do lar deveria, então, ser o centro e a essência de todo esforço educacional.

     O acasalamento é, sobretudo, um ato de autoperpetuação associado a vários graus de autogratificação; o matrimônio, com a edificação do lar em grande parte existe para automanutenção da espécie e implica a evolução da sociedade. A sociedade é, em si mesma, a estrutura que agrega as unidades familiares. Os indivíduos são muito temporários, como fatores planetários - são as famílias que promovem a continuidade da evolução social. A família é o canal através do qual flui o rio da cultura e do conhecimento, de uma geração a outra.

     O lar é, basicamente, uma instituição sociológica. O matrimônio cresceu da cooperação para a automanutenção e da associação para a autoperpetuação; nele, o elemento da autogratificação é bastante incidental. Entretanto, o lar abrange todas as três funções essenciais da existência humana; enquanto a propagação da vida faz dele a instituição humana fundamental, e o sexo torna-o distinto de todas as outras atividades sociais.

6.2  Trabalhando pelo amor, união e felicidade de nosso lar

     Mãe: Pelo que entendi, a família é a instituição humana fundamental da civilização. Se isto for verdade, é muito importante que trabalhemos juntos pelo amor, união e felicidade no seio da família ...

     Pai: Sim. E mesmo que não consigamos realizar isto na família presente, podemos colaborar para que os filhos, netos e descendentes, cresçam e formem famílias ideais. Tu és dedicada e trabalhadora, vamos colaborar para que as crianças desenvolvam um caráter leal e verdadeiro e se qualifiquem para formar famílias unidas e felizes. Desta forma, quando ressuscitarmos para vida eterna, pela graça de Deus, estaremos imbuídos de alegrias e de uma grande vontade de ascender até o Paraíso ao encontro de nosso Criador, O Pai de nossa Família Universal.

6.2.1  Vivendo felizes aqui e agora, no caminho ideal

     Mãe: Pois é na felicidade aqui e agora que eu penso. Creio que se cada um dos nossos passos for o melhor possível, nosso caminho será o ideal. De que adianta olharmos lá na frente se nossa casa está ardendo nas chamas do egoísmo, da desunião, da mentira e da deslealdade? Eu concordo com a fé em Deus bondoso, pleno de Amor por nossas almas, e capaz de nos conduzir ao Paraíso e a vida eterna. Mas sabemos que no momento isso é uma fé e esperança, destas coisas teremos certeza depois da ressurreição, ou antes, caso nossa alma imortal tenha sido suficientemente engrandecida, por nossas decisões humanas orientadas pelo espírito divino residente na mente de cada um de nós.

     Mas isso é apenas o preâmbulo do que eu quero dizer. Talvez o objetivo desta nossa vida humana seja desenvolver um amor pela vida em si, desenvolver a vontade de viver, de ser, de existir. Se esta vontade pró-vida crescer e se além disso conseguirmos viver colaborativamente, com harmonia e respeito por nossos companheiros humanos, eu sei que a maioria de nós quando diante da opção pela vida eterna e ascensão até o Paraíso, irá dizer sim para nosso Criador, o Pai Espiritual de todas as pessoas eternas.

     Pai: Muito sábia e simples esta sua filosofia de vida. Realmente se vivermos o melhor possível aqui e agora, cada vez mais nos qualificaremos para um maior serviço e uma maior receptividade à vida mais plena do espírito. Vivamos lealmente ao nosso presente estado em cada momento, assim leais à nossa vida e todas as pessoas da família, cresceremos em harmonia e seremos bons pais e mães para as crianças. É muito pertinente a seguinte citação neste momento de nosso diálogo:

     "Livro de Urantia", parágrafo 100.1_4:  ...  As crianças impressionam-se permanentemente apenas pela lealdade dos seus companheiros adultos; os preceitos, ou o exemplo mesmo, não exercem influência duradoura. As pessoas leais são pessoas em crescimento, e o crescimento é uma realidade que causa forte impressão e que inspira. Vivei lealmente hoje - crescei - , e o amanhã responderá por si. A maneira mais rápida de um girino tornar-se uma rã é vivendo lealmente cada momento como um girino.

6.2.2  O ser humano primeiro vive e depois pensa sobre o seu viver

     Mãe: Então sigamos vivendo lealmente cada momento, leais ao estado presente de posição, significado e valor da nossa pessoalidade.

     Pai: Exatamente. Afinal, o ser humano primeiro vive e depois pensa sobre o seu viver. Não é sábio perder tempo com especulações infrutífera e conflitos desnecessários. Temos tantas coisas práticas para realizar de forma a conseguirmos espiritualizar mais completamente a nossa vida no cotidiano e desempenhar fielmente nossos deveres comuns da existência mortal rotineira.

6.2.3  Cuidando da vida e buscando a felicidade integral

     Mãe: Sim, então chegamos à um consenso: vamos cuidar da vida e buscar nossa felicidade aqui e agora. Agora eu lhe pergunto: como chegar à felicidade integral?

     Pai: Eu creio que a felicidade integral é a consciência de estarmos sendo e agindo da melhor forma possível. Esta plenitude acontece toda vez que nosso eu inteiro e unificado está de acordo em uma decisão, pensamento, palavra e ação. Quando nosso espírito, alma, mente e corpo vivo estão unificados harmonicamente na nossa pessoalidade, nos sentimos íntegros e plenos. Vivenciamos a felicidade de estarmos caminhando harmonicamente em direção ao nosso destino. Se não existe esta unificação e integridade, estaremos em conflito interior.

6.2.4  Conflitos naturais da nossa vida que se move de nossa origem animal-material para nosso destino divino-espiritual

     Mãe: Eu discordo que o conflito em si seja um mensurador da infelicidade. Um animal não tem conflitos interiores, embora não tenha um potencial espiritual como o ser humano. Talvez o conflito entre a carne e o espírito seja algo natural dos seres humanos, que caminham de uma origem animal, material e mortal para um destino divino, espiritual e eterno.

     Pai: Você tem razão. As vezes os conflitos são necessários para se elevar do estado dos prazeres mais imaturos e temporários até a maturidade de uma felicidade mais plena e eterna. Não temos conflitos quando vivemos uma vida totalmente na carne ou uma vida plena no reino do espírito. É na transição entre nossa origem animal-material e destino divino-espiritual, que surgem conflitos e indecisões naturais. Quando Jesus estava ensinando os instrutores e crentes ele mencionou estes conflitos naturais do amadurecimento, nas palavras do Mestre:

     "Livro de Urantia", parágrafo 159.3_7:  ...  Preveni a todos os crentes a respeito do nível de conflito que deve ser enfrentado por todos aqueles que passam da vida, como é vivida na carne, para a vida mais elevada, como é vivida no espírito. Para aqueles que vivem inteiramente dentro de qualquer dos reinos, há um pequeno conflito ou confusão, mas todos estão fadados a experimentar uma incerteza, maior ou menor, durante os tempos de transição entre os dois níveis de vida. ...

6.2.5  Vivendo na terra, guiados pelo espírito

     Mãe: Não seria mais normal viver nossa vida na terra mais conectados com nosso corpo carnal e se dedicar à vida no espírito depois da ressurreição de nossas almas?

     Pai: É preciso lembrar que a alma é edificada toda vez que agimos guiados pelo espírito. A alma é uma co-criação do espírito divino e da mente humana. Se nós vivermos totalmente voltados para os impulsos da carne, estaremos vivendo como animais. Perderemos a oportunidade de junto com o espírito divino edificar nossa própria alma. De que vale a um ser humano ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma?. Isto significa que se rejeitarmos o espírito divino doador da vida em nós, não edificaremos nossa alma imortal, e não sobreviveremos para vida eterna. É fundamental para nossa sobrevivência eterna, entender a origem e natureza de nossa própria alma. A seguinte citação é importantíssima para todo buscador sincero do Doador da Vida e da vida eterna:

     "Livro de Urantia", parágrafo 0.5_10:  ...  A alma do homem é uma aquisição experiencial. À medida que uma criatura mortal escolhe "cumprir a vontade do Pai dos céus", assim o espírito que reside no homem torna-se o pai de uma nova realidade na experiência humana. A mente mortal e material é a mãe dessa mesma realidade emergente. A substância dessa nova realidade não é nem material, nem espiritual - é moroncial. Essa é a alma emergente e imortal que está destinada a sobreviver à morte física e iniciar a ascensão ao Paraíso.

6.2.6  Conflitos psíquicos naturais do crescimento

     Mãe: Então viver uma vida cada vez mais espiritualizada é uma questão de sobrevivência de nossa pessoa na ressurreição de nossa alma, filha do espírito divino em nossa mente. Neste caso devemos entender os conflitos naturais que surgirão na vida de todos os buscadores da vida eterna no espírito.

     Pai: Sim. Existe naturalmente um conflito advindo do crescimento e do desenvolvimento de nossa pessoalidade. De acordo com a revelação, a bíblia da terra, re-enfatizamos que:

     "Livro de Urantia", parágrafo 100.4_2:  ...  As perplexidades religiosas são inevitáveis; não pode haver nenhum crescimento sem conflito psíquico e sem agitação espiritual. A organização de um modelo filosófico de vida requer uma perturbação considerável nos domínios filosóficos da mente. A lealdade não é exercida em nome daquilo que é grande, bom, verdadeiro e nobre, sem uma batalha. O esforço é seguido do esclarecimento da visão espiritual e da ampliação do discernimento de visão cósmica. E o intelecto humano reluta contra ser desmamado da alimentação das energias não espirituais da existência temporal. A mente animal indolente rebela-se contra exercer o esforço exigido pela luta na solução dos problemas cósmicos.

6.2.7  Conflitos da natureza humana

     Mãe: Mas como poderemos ser felizes se vivemos com conflitos interiores?

     Pai: Na verdade os conflitos existem na transição entre a vida na carne e a vida no reino do espírito. A revelação apresenta o testemunho de um anjo serafim do destino sobre a natureza conflituosa do sujeito humano de sua ministração:

     "Livro de Urantia", parágrafo 111.7_5:  ... "Muito da minha dificuldade deveu-se ao conflito interminável entre as duas naturezas do meu sujeito: a urgência da ambição, em oposição à indolência animal; os ideais de um povo superior, trespassados pelos instintos de uma raça inferior; os altos propósitos de uma grande mente, antagonizados pelo impulso de uma hereditariedade primitiva; a visão ampla de um Monitor perspicaz, contrafeita pela visão estreita de uma criatura do tempo; os planos progressivos de um ser em ascensão, modificados pelos desejos e aspirações de uma natureza material; os lampejos da inteligência universal, cancelados pelos comandos da energia química da raça em evolução; o impulso angélico, em oposição às emoções de um animal; o aperfeiçoamento de um intelecto, anulado pelas tendências do instinto; a experiência do indivíduo, em oposição às propensões acumuladas da raça; as aspirações ao que há de melhor, sendo obliteradas pela inconstância do pior; o vôo do gênio, neutralizado pelo peso da mediocridade; o progresso do bom, retardado pela inércia do mau; a arte da beleza, manchada pela presença do mal; a pujança da saúde, neutralizada pela debilidade da doença; a fonte da fé, poluída pelos venenos do medo; o manancial da alegria, amargurado pelas águas da dor; a felicidade da antecipação, desiludida pela amargura da realização; as alegrias da vida, sempre ameaçadas pelas dores da morte. Tal é a vida neste planeta! E ainda assim, por causa da ajuda e do impulso sempre presente do Ajustador do Pensamento, essa alma alcançou um nível razoável de felicidade e êxito e ainda agora ascendeu aos salões de julgamento de mansônia".

6.2.8  Jesus, vida eterna e felicidade

     Mãe: Eu não sei o que dizer, eu queria simplesmente ser feliz. Gosto das coisas simples.

     Pai: Eu respeito a sua determinação em alcançar seus objetivos de valor. Nosso objetivo é a vida eterna e a felicidade de toda família. Podemos aprender muito sobre a felicidade interior entendendo a esclarecedora lição sobre o contentamento ministrada pelo Mestre. Esta lição é concluída mencionando-se a forma positiva como Jesus via a nossa vida neste mundo:

     "Livro de Urantia", parágrafo 149.5_5:  ...  Jesus dificilmente considerava este mundo um "vale de lágrimas". Ele o via mais como "o vale da edificação das almas", a esfera do nascimento dos espíritos eternos e imortais de ascensão ao Paraíso.

6.2.9  Espiritualidade, bondade e felicidade

     Mãe: Eu estou confusa, quero simplesmente ser feliz. O que faço?

     Pai: Busque à Deus em espírito. E lembre-se:

     "Livro de Urantia", parágrafo 149.5_5:  ... "`um bom ser humano tirará a satisfação de dentro de si'. `Um coração feliz faz uma fisionomia alegre e é uma festa contínua. Melhor é ter só um pouco, fazendo reverência ao Senhor, do que ter um grande tesouro e complicações junto a Deus".

     "Livro de Urantia", parágrafo 39.4_13:  ... "Não há nenhuma recompensa material para a vida na retidão, mas há a satisfação profunda - a consciência da realização - e isso transcende qualquer recompensa material concebível."

     "Livro de Urantia", parágrafo 131.3_3:  ...  A felicidade e a paz da mente seguem o pensamento puro e a vida virtuosa, como a sombra segue a substância das coisas materiais.

6.2.10  O budismo na época de Jesus

     Mãe: Creio que esta última citação sobre a felicidade, pertence aos ensinamentos budistas!?

     Pai: Sim, de acordo com o livro de urantia, com ajuda de Jesus, o indiano Ganid elaborou uma coleção dos ensinamentos das religiões do mundo sobre Deus e as suas relações com o homem mortal, inclusive da religião budista. E o budismo contemporâneo se apresenta como um remédio para cessar o sofrimento.

6.2.10.1  Felicidade integral sem sofrimentos

     Mãe: E cessar o sofrimento é a mesma coisa que felicidade?

     Pai: Talvez não. Creio que a felicidade integral da qual falamos é inalienável da espiritualidade. A felicidade de nossa pessoa inteira se refere, no meu entendimento, a uma harmonia de toda nossa pessoalidade, principalmente o espírito e a alma. Muitos sofrimentos cessam com a saúde do corpo e uma mente ponderada e sábia, contudo a felicidade da alma é possível se estivermos sendo conduzidos pelo Pai de nossa própria alma, o espírito divino em cada um de nós, chamado de Ajustador de Pensamentos.

     Mãe: Você está dizendo que a cessação do sofrimento talvez seja algo mais no nível corpóreo e mental, e a felicidade integral advém destes níveis básicos satisfeitos, mas também depende da alma e do espírito. Eu me interesso pela meditação, e sei de sua importância na filosofia budista.

     Pai: Sim. Gautama Buda ensinou quatro verdades nobres que buscam um remédio para cessação dos sofrimentos. Ele entendeu que grande parte dos sofrimentos se devem aos desejos não realizados, e que a solução para isso é o Nirvana, a ausência de desejos efêmeros e desnecessários. Nas palavras da Bíblia (Livro) da Terra (Urantia):

     "Livro de Urantia", parágrafo 94.8_3  ...  O evangelho original de Gautama baseava-se nas quatro verdades nobres:

  1. As nobres verdades do sofrimento.
  2. As origens do sofrimento.
  3. A destruição do sofrimento.
  4. O caminho da destruição do sofrimento.

     Estreitamente ligada à doutrina sobre o sofrimento, e ao modo de escapar dele, estava a filosofia da Senda Óctupla: as visões certas, as aspirações justas, as palavras, as condutas, as vivências, o esforço, o raciocínio e a contemplação certos. A intenção de Gautama não foi tentar destruir todo esforço, o desejo e o afeto para escapar do sofrimento; o seu ensinamento era mais destinado a traçar, para o homem mortal, um quadro da futilidade que é colocar todas as esperanças e aspirações inteiramente em metas temporais e em objetivos materiais. Não se tratava tanto de evitar o amor do semelhante, mas de que o verdadeiro crente devesse também ver as realidades, para além das ligações desse mundo material, no futuro eterno.

     Eu adiciono à este ensinamento a seguinte ponderação: se a ausência de sofrimentos advém quando estamos vivendo com todos os nossos desejos realizados, nós teremos sempre duas soluções para evitar o sofrimento, a primeira é batalhar para realizar nossos desejos e a segunda é desejarmos o que temos. Esta segunda solução é interior, e a meditação pode ajudar muito.

6.2.11  A felicidade das crianças guiadas pela Vontade de Deus

     Mãe: Bem, corremos o risco de ficarmos parados e passivos se não desejarmos nada além do presente.

     Pai: Você tem razão. Os seguidores de Gautama negligenciaram o fato de que a mais alta felicidade está ligada à busca inteligente e entusiasta de metas dignas. Observe que:

     "Livro de Urantia", parágrafo 100.3_1:  ...  A religião não é a técnica para alcançar uma paz mental estática e abençoada; é um impulso para organizar a alma para o serviço dinâmico. ...

     Mas é possível você viver a bem-aventurança de ter tudo o que deseja aqui e agora e não estar parado.

     Mãe: Como é isso? Uma meditação dinâmica? Uma ação não-fruitiva que não busque ganhos futuros? Um fluir junto com o "rio da vida", no qual estamos parados dentro do movimento do todo, sem nadar contra correnteza?

     Pai: Também, mas é em resumo, fazer a Vontade de Deus com a devoção e felicidade de uma criança. Na Pessoa Infinita de nosso Criador, temos tudo que nossa alma deseja. Mas ao mesmo tempo ele irá, se quisermos, expressar sua Vontade de Boa Ação para todos. E por amor a Ele sobre todas as coisas, iremos nos ver servindo nossa família universal e amando à todos. Estaremos nos movendo por amor ao próximo, e nos perfeccionaremos com o espírito divino nos guiando a partir do íntimo de nossa alma.

6.3  A inefável experiência espiritual

     Mãe: Talvez isto seja de difícil compreensão para alguns. Acredito que temos que buscar a experiência destas realidades espirituais. Para quem experimentou, não precisamos dizer muito para comunicar estas coisas, contudo quem não experimentou a realidade do próprio espírito e alma, não compreenderá estas coisas, mesmo com um número infindável de palavras. Afinal, o conhecimento você prova, a sabedoria você adquire, mas a Verdade do Ser da Pessoa Eterna, temos que experimentar no Centro Espiritual de nosso próprio Eu Divino.

     No curso de meditação budista chamada Vipassana, ouvimos a respeito das etapas do aprendizado: 1 - audição; 2 - lógica; 3 - experiência.

     Primeiro ouvimos ou lemos sobre um assunto, depois analisamos a lógica e coerência do que foi dito, contudo é somente depois da experiência que podemos dizer que comprovamos, sabemos e vivenciamos a verdade.

     Pai: Eu concordo. A importância da experiência se aplica na espiritualidade e também na manutenção da nossa família humana, bem como da nossa família universal. Da minha experiência, afirmo que a orientação do espírito divino, no íntimo de cada um, é o fundamento de uma família eternamente unida no amor de alma.

     Contudo, embora espiritualidade e família estejam relacionados, talvez não consigamos convencer verbalmente o outro, sobre a importância do amor da família e do amor à Deus. No Livro da Verdade - "Truth Book" - aprendemos que:

     "Livro de Urantia", 103.8 Filosofia e Religião, parágrafo 103.8_3:  ...  Um homem bom e nobre pode amar de um modo consumado à sua esposa, mas pode ser totalmente incapaz de passar satisfatoriamente em um exame escrito sobre a psicologia do amor marital. Outro homem, tendo pouco ou nenhum amor pela sua esposa, poderia passar nesse exame de um modo bastante aceitável. A imperfeição do discernimento daquele que ama sobre a verdadeira natureza do ser amado em nada invalida, seja a realidade, seja a sinceridade do seu amor.

     Se vós realmente acreditais em Deus - se o amais e se o conheceis pela fé - , não permitais que a realidade dessa experiência seja, de nenhum modo, depreciada ou prejudicada pelas insinuações de dúvida vindas da ciência, da objeção capciosa da lógica, dos postulados da filosofia, ou das sugestões espertas de almas que, ainda que bem-intencionadas, querem criar uma religião sem Deus.

     A certeza que tem o religioso conhecedor de Deus não deveria ser perturbada pela incerteza do materialista que duvida; antes, a fé profunda e a certeza inabalável nas experiências do crente é que deveriam lançar um profundo desafio à incerteza dos descrentes.

6.4  Síntese parcial deste diálogo

     Mãe: Nós dialogamos sobre a importância da família, sobre a felicidade e sobre os conflitos filosóficos advindos do desenvolvimento da pessoalidade humana. Dialogamos sobre engrandecimento da alma e sobre os valores eternos. Dialogamos sobre o remédio do sofrimento, sobre o budismo e meditação, sobre o cristianismo e a ação social motivada pelo amor. Dialogamos sobre o fundamento experimental do conhecimento científico, da sabedoria filosófica e da verdade espiritual. Finalmente mencionamos o fato de que uma chuva de palavras exteriores não é suficiente para convencer um descrente da realidade de seu próprio espírito e alma. Contudo, qual o assunto central deste diálogo?

     Pai: O assunto central deste diálogo é a família. Vimos como a família, unida no amor, é o fundamento da civilização e o berço da felicidade humana. Aprendemos sobre os conflitos naturais que surgem à medida que o centro causal de nossa mente se desloca de nosso ego carnal para nosso Eu Divino. Ficou claro que a espiritualidade é uma questão de sobrevivência, pois quando nosso corpo falecer é nossa alma imortal que, pela graça de Deus, poderá ressuscitar nos mundos celestiais, culminando com a sobrevivência de nossa pessoa unificada em nosso espírito eterno. Esta é nossa fé e esperança!

     Contudo, paralelamente à isso, revimos as ponderações budistas sobre o sofrimento causado pelos desejos desregrados. E iríamos começar a falar sobre o fato de que a maioria dos desejos imaturos se baseiam no nosso corpo de origem animal, que busca o prazer e foge da dor. Contudo neste ponto do diálogo, chegamos à um consenso de que as palavras não são suficiente para convencer as pessoas, que ainda não viveram a experiência destas realidades espirituais do amor e da bondade.

6.5  Vida → lar → felicidade → prazer

     Mãe: Vamos ser práticos. Buscamos a vida e a felicidade. O que fazer?

     Pai: Em um lar unido teremos os três elementos básicos da felicidade humana: 1 - a manutenção da vida; 2 - a perpetuação dos pais nos filhos e 3 - a autogratificação e prazer.

6.5.1  A diferença entre o amor de alma e a paixão carnal

     Mãe: Talvez seja o momento de discernir entre o gostar e o amar. Roberto Carlos, após uma vida de amor e arte, após sua convivência marital com Maria Rita, após a composição do disco "Amor Infinito", disse conclusivamente:

     Eu descobri a diferença entre a paixão e o amor. A paixão é humana e temporária, o amor é da alma e eterno.

Roberto Carlos

     Pai: Perfeito. A paixão e o gostar se referem mais aos prazeres de nosso corpo. Podemos gostar de objetos, contudo creio que amamos as pessoas. E o amor verdadeiro e eterno conecta todas as partes das pessoas que se amam. Principalmente a alma eterna de cada um. Não acredito que seja correto chamar o desejo sexual de amor. O amor de alma existe entre pai e mãe, entre irmãos e irmãs, entre idosos e crianças.

6.5.2  A alma eterna é o verdadeiro amor cristalizado

     Mãe: Certa vez li a seguinte interpretação da palavra amor. A-mor é não-morte que é sinônimo de vida. Repare que associamos o a- de a-mor com a palavra não. É como na palavra a-pagar. A-pagar a luz significa não-pagar a luz.

     Pai: Sim. De acordo com esta interpretação amor significa vida. É um fato que a nossa vida começa no amor de nossos pais. Mas nem toda a intimidade entre homem e mulher gera vida. E nem toda vida das crianças gerada na comunhão sexual, é recebida no amor responsável, leal e fiel de uma família unida. Nesta linha de raciocínio podemos dizer que o verdadeiro amor é tudo aquilo que gera e mantêm a vida. Uma mãe que alimenta um filho, possibilita a vida, isto é amor vivificador.

     Considerando que a alma é a nossa parte viva imortal, o amor entre o espírito eterno e a criatura humana se cristaliza na alma, que é tecida pelo espírito residente na mente humana. A alma é a realização da religião, da religação entre o espírito de Deus e o ser humano. A alma é o mandamento cristalizado de amar à Deus. E o verdadeiro amor entre as pessoas humanas é o amor entre as almas destas pessoas.

     A verdade não é de um jeito hoje e outro jeito amanhã. A verdade é sempre a mesma, ontem, hoje e sempre. Por isso, o que é verdadeiro é eterno, como a Verdade. Sabendo que nosso espírito e nossa alma são, respectivamente, a parte eterna e imortal de nossa pessoa, concluímos que o amor verdadeiro e eterno entre os seres humanos é o amor entre suas almas e espíritos eternos. Concordo com Roberto Carlos em afirmar que: o verdadeiro amor é da alma eterna.

6.5.3  Amando e conhecendo a alma em nós e no outro

     Mãe: Mas como podemos amar a alma do outro se não conhecemos nossa própria alma? Observo ainda que: as coisas humanas devem ser conhecidas, para serem amadas, mas as coisas divinas devem ser amadas, para que sejam conhecidas. Considerando isso, eu pergunto, o que vem primeiro o amor ou o conhecimento da alma? Lembrando que a alma é filha do espírito divino e da mente humana.

     Pai: Vamos com c-alma, vamos com-aalma. Não podemos amar no outro o que não amamos em nós mesmos. Primeiro temos que amar o espírito vivo no núcleo absoluto do Ajustador da pessoalidade humana. Desta forma, cada vez mais conhecemos o espírito pré-pessoal em nós. Então com fé e amor à Deus, co-criamos com este espírito divino, a nossa própria alma. Na medida que nossa alma é engrandecida, na nossa experiência de vida, orientada pelo espírito eterno em nós, cada vez mais discernimos algo vivo, imortal, de valor eterno e sem fim, crescendo dentro de nós. Já não sofremos com os medos animais de morrer, pois cada vez mais descobrimos em nós algo que nunca morre: nosso espírito e alma. Então experimentamos em nós mesmos a realidade de nosso espírito eterno e nossa alma imortal.

     Descobrimos, o valor de todos os seres humanos, ao descobrir o valor de nossa própria alma. Jesus amou tanto os homens porque atribuía a eles um valor muito elevado. Assim, amando e conhecendo a pessoa divina em nosso próprio interior, vamos com fé e esperança conhecendo e amando a pessoa divina no outro. Amamos e conhecemos à Deus e conhecemos e amamos às outras pessoas.

6.5.4  O problema da dissolução da família

     Mãe: Sinto-me iluminada com estes diálogos sobre o amor de alma. Mas gostaria de entender melhor os desejos e prazeres do corpo. Gostaria de uma solução para os conflitos que surgem quando as ações inspiradas pelo nosso espírito e alma são diferentes dos impulsos de nosso corpo biológico de origem animal. Antevejo a importância da amplitude de assuntos deste nosso diálogo sobre a família. Afinal, o desejo de prazer sexual e o individualismo egocêntrico, levam muitos pais e mães de família, à optarem pela dissolução do lar, e uma formação precária dos filhos. As escrituras védicas alertam que:

     Da irreligiosidade vem a promiscuidade, da promiscuidade vem a prole indesejada, da prole indesejada vem a má educação e da má educação vem a ruína do mundo.

     Pai: Realmente este é um enorme problema da civilização moderna. Do ponto de vista jurídico eu observo que a lei avançou na equalização dos direitos e deveres dos homens e das mulheres. Contudo as decisões judiciais das varas de família, frequentemente desrespeitam os direitos fundamentais das crianças. O direito fundamental natural de todo ser humano que nasce é o direito de ter pai e mãe. Atualmente os juízes as vezes demoram anos para decidir sobre os bens materiais nos divórcios e heranças, por outro lado com impetuosas medidas cautelares eles separam as crianças do pai ou da mãe.

6.5.5  Família e psicologia do prazer

     Mãe: Depois de analisar o amor de alma e os aspectos espirituais do lar, antes de nos aprofundarmos no aspecto jurídico das famílias, creio que é importante entendermos um pouco de psicologia e da mente humana. Afinal, as famílias são formadas por pessoas humanas, indivíduos íntegros são capazes de formar famílias unidas. Em uma pessoalidade unificada a alma e o espírito divino estão unidos à mente e ao corpo humano. Pessoas equilibradas e centradas no seu Eu Divino, certamente agirão de uma forma mais madura, que honre o trabalho de criar os filhos em uma família movida pelo amor de alma. Entendendo o alto valor das pessoas humanas, os pais e as mães tomarão decisões mais acertadas quando isto afetar a formação da pessoalidade de seus filhos e filhas. O que você tem à dizer sobre o aspecto psicológico, sobre a psique e a mente dos seres humanos?

     Pai: Nosso corpo humano possui um conjunto de necessidades vitais. Quando satisfazemos um ciclo de vida, fisiologicamente secretamos em nosso sangue substâncias que reforçam e enfraquecem as conexões sinápticas entre os neurônios. A mente material aprende e se modifica no sentido de tornar mais provável aqueles comportamentos que antecedem o prazer. De forma oposta, quando sofremos traumas, a aprendizagem faz diminuir as probabilidades de pensar, falar e agir da mesma forma que fizemos antes de eventos traumáticos de dor física e emocional. O corpo busca a vida biológica e foge da morte física.

     Isso significa, que as substâncias neuro-moduladoras secretadas em nosso sangue à medida que temos experiências vitais, alteram nosso cérebro. Existe uma sabedoria psicológica em anteceder com uma oração, e pensamentos elevados, os ciclos de vida da alimentação, do sono e da reprodução. Afinal, se o prazer de satisfazer os ciclos de vida irá reforçar os comportamentos e consciência anterior, nada mais sábio que pensar em Deus antes dos momentos agradáveis e prazerosos da vida. É sábio elevar os pensamentos à Fonte da Vida, adorar, agradecer e orar, antes das refeições, de dormir e da comunhão de pai e mãe no leito humanamente sagrado da família. Assim, na nossa mente humana, iremos associar o prazer, a felicidade e a vida com o espírito divino em cada um de nós.

     De forma oposta, se uma pessoa mente, engana e trai para ter prazer sexual, o prazer irá reforçar este comportamento iníquo e esta dessacralização do ser humano. Devemos ficar atentos aos pensamentos que acalentamos durante os momentos de prazer sexual. Caso contrário, poderemos nos habituar à cometer erros e até maldades contra as pessoas mais importantes de nossa vida e família eterna. É preciso ter sabedoria, é preciso saber viver.

6.5.6  Conselho prático para desenvolvimento integral da pessoalidade

     Mãe: Puxa, talvez eu não entenda tão profundamente destas coisas psicológicas e neurológicas. Mas eu pergunto: O que devemos fazer em termos práticos para cada vez mais agirmos corretamente, adquirirmos hábitos limpos, desenvolvermos um bom caráter e nos tornarmos uma pessoa íntegra e equilibrada?

     Pai: Certamente devemos decidir, pensar, falar e agir de acordo com a Vontade do espírito divino que vive no centro de nossa alma. Se fizermos isso cada vez mais seremos orientados à decisões de bom caráter, assim nos habituaremos à fazer tudo corretamente. Desta forma todos os prazeres de viver reforçarão nossas boas ações guiadas pelo Ajustador de Pensamentos, o espírito imortal em cada um de nós.

6.5.7  Ensinamentos de Jesus sobre os conflitos entre a carne e o espírito

     Mãe: Espero que este diálogo possa se reverter em uma vida melhor e mais feliz. Será que o livro de urantia revela algum ensinamento de Jesus sobre este assunto dos conflitos humanos entre nossa origem animal-material e nosso destino divino-espiritual?

     Pai: Sim. Veja a mestria de Jesus e a simplicidade e correção de seu ensinamento:

"Livro de Urantia", Item 156.5:
O Ensinamento de Jesus em Tiro

     Nessa quarta-feira à tarde, durante o seu sermão, Jesus antes contou aos seus seguidores a história do lírio branco que levanta a sua cabeça, pura como a neve, à luz do sol, enquanto as suas raízes estão enterradas no lodo e no esterco do solo escuro. Disse ele: "Conquanto o homem mortal tenha as suas raízes de origem e de ser no solo animal da natureza humana, ele pode, ainda assim, pela fé, elevar a sua natureza espiritual até a luz do sol da verdade celeste e conceber, mesmo, os frutos nobres do espírito".

     "Parágrafo 156.5_2":  ... "A vossa natureza espiritual - a alma, conjuntamente criada - é um desenvolvimento vivo, mas a mente e a moral do indivíduo são o solo a partir do qual essas manifestações mais elevadas, do desenvolvimento humano e do destino divino, devem florescer. O solo da alma em evolução é humano e material, mas o destino dessa criatura combinada, de mente e de espírito, é espiritual e divino".

     "Parágrafos 156.5_4-5":  ... "Sabeis que os homens, muito frequentemente, são levados à tentação pelos desejos do seu próprio egoísmo e os impulsos da sua natureza animal. Quando sois tentados desse modo, eu vos recomendo que, ao mesmo tempo em que reconheçais a tentação, honesta e sinceramente, exatamente pelo que ela é, que redirijais inteligentemente as energias do espírito, da mente e do corpo, que estão buscando expressão, para canais mais elevados e para metas mais idealistas. Desse modo vós podeis transformar as vossas tentações nos tipos mais elevados de ministração mortal edificante, ao mesmo tempo em que evitais quase inteiramente esses conflitos desgastantes e enfraquecedores entre a natureza animal e a natureza espiritual."

     "Quero prevenir-vos, todavia, contra a loucura que é o afã de superar a tentação por meio do esforço de suplantar um desejo, adotando um outro desejo supostamente superior, e fazendo uso da mera força da vontade humana. Se quiserdes ser verdadeiramente triunfantes sobre as tentações da natureza inferior, deveis alcançar aquela posição de vantagem espiritual por meio da qual, real e verdadeiramente, desenvolvestes um interesse e um amor real pelas formas mais elevadas e idealistas, na conduta que a vossa mente deseja colocar no lugar daqueles hábitos inferiores e menos idealistas de comportamento e que reconheceis como sendo tentações. Desse modo, sereis libertados por meio da transformação espiritual, mais do que sobrecarregados cada vez mais com a supressão enganosa dos desejos mortais. O que é velho e inferior será esquecido no amor do novo e superior. A beleza sempre triunfa sobre a fealdade, nos corações de todos aqueles que são iluminados pelo amor da verdade. Há um forte poder de eliminação na energia de uma afeição espiritual nova e sincera. E de novo eu vos digo, não vos deixeis vencer pelo mal, mas antes triunfai junto com o bem, sobre o mal".

6.5.8  Diferença entre imaturidade e pecado

     Mãe: Olhando tudo isso me sinto um pouco envergonhada dos meus erros passados para com a família.

     Pai: Como você olharia uma criança que come doces com compulsão, mesmo sabendo que o excesso faz mal para saúde? Talvez tudo isso seja mais uma imaturidade do que um pecado. A medida que amadurecemos vamos enxergando cada vez mais longe as consequências de nossas decisões e atos. Uma criança as vezes só antevê os acontecimentos de um dia. Ela basicamente se preocupa com o que vai comer e onde vai dormir. No período escolar começamos a planejar os meses e anos, passamos a estudar para as provas e agimos para passar de ano na escola. No ensino superior e no início da vida profissional enxergamos anos adiante e planejamos a aquisição de imóveis e a constituição de um patrimônio. Quando amadurecemos mais ainda podemos fazer um plano de uma vida humana inteira e planejamos edificar um lar para receber as crianças. E todos sabemos o que é necessário para um lar unido. Finalmente, se nossa fé e decisões nos conduziu para uma espiritualização de nossa mente e um consequente engrandecimento da alma, começamos a olhar as pessoas na eternidade e passamos a ver com mais leveza todas as tribulações da vida humana, nos levamos menos a sério e vivemos aqui e agora com uma paz e uma certeza cada vez maior na vida eterna!

     Mãe: O que será, que a mais recente apresentação da verdade para os mortais da terra, fala sobre esta imaturidade dos seres humanos, que leva à busca irresponsável do prazer?

     Pai: Além da citação anterior com os ensinamentos de Jesus, eu considero muito útil a seguinte passagem da revelação:

     "Livro de Urantia", parágrafo 100.1-1:  ...  Uma criança avalia uma experiência de acordo com o seu conteúdo de prazer; a maturidade é proporcional à substituição do prazer pessoal pelos significados mais elevados, e mesmo pela lealdade aos conceitos mais elevados das situações diversificadas da vida e das relações cósmicas.

     Mãe: Como você entende isso?

     Pai: Percebo que o amadurecimento do ser humano ocorre pelo crescimento do eu espiritual e moroncial, no ventre do eu intelectual e material. O espírito descende e se expande a partir do centro causal da alma, no centro da mente, no seio do corpo. Quando somos crianças nosso corpo de origem animal e nossa mente em desenvolvimento estão mais aparentes. Por isso, na infância, nos voltamos mais para o prazer de satisfazer as necessidades vitais básicas. A medida que espiritualizamos nossa vida, nosso eu espiritual reina mais e mais. A visão mais ampla do espírito divino passa a preponderar. Observe que:

     "Livro de Urantia", parágrafo 107_7:  ...  Nos mundos evolucionários, as criaturas volitivas passam por três estágios de desenvolvimento do ser: em Urantia, desde a chegada do Ajustador até um crescimento relativamente completo, perto dos vinte anos de idade, quando os Monitores são algumas vezes designados Mutadores do Pensamento. Dessa idade, até atingir a idade do discernimento, que se dá aos quarenta anos, os Monitores Misteriosos são chamados de Ajustador dos Pensamentos. Depois de atingir a idade do discernimento até a libertação da carne, eles são, muitas vezes, chamados de Controladores do Pensamento. ...

6.5.9  Os perigos da autogratificação

     Mãe: Estou cansada. Gostaria de concluir esta etapa deste diálogo e conversar mais em outras oportunidades. Você gostaria de fazer mais alguma colocação antes de concluirmos?

     Pai: Ao admitirmos que a família unida no amor é o ideal humano de felicidade, é muito importante a compreensão dos motivos que levam a dissolução da família.

     Mãe: E qual você crê que é o maior perigo contra a família?

     Pai: A busca pouco sábia do prazer e da autogratificação em detrimento da manutenção do lar e da boa educação dos filhos. De acordo com a revelação:

"Livro de Urantia", Item 84.8:
Os Perigos da Autogratificação

     A grande ameaça contra a vida familiar é a inquietante maré montante de autogratificação, a mania moderna do prazer. O incentivo primordial ao matrimônio costumava ser econômico; a atração sexual era secundária. O matrimônio, baseado na automanutenção, conduziu à autopreservação e, concomitantemente, trouxe uma das formas mais desejáveis de autogratificação. É a única instituição da sociedade humana que engloba todos os três grandes incentivos da vida.

     Originalmente, a propriedade era a instituição básica da automanutenção, enquanto o matrimônio funcionava como a singular instituição de autoperpetuação. Apesar de a satisfação trazida pela comida, jogos e humor, e o deleite do sexo periódico, serem todos meios de autogratificação, continua sendo um fato que os costumes em evolução hajam fracassado em edificar qualquer outra instituição de autogratificação. E é devido a tal fracasso, de fazer evoluir técnicas especializadas de desfrutes agradáveis, que todas as instituições humanas estão completamente impregnadas dessa busca do prazer. A acumulação de propriedades está-se tornando um instrumento para aumentar todas as formas de autogratificação e, ao mesmo tempo, o matrimônio muitas vezes é visto apenas como um meio para o prazer. E essa indulgência excessiva, essa mania de prazer, tão amplamente disseminada, constitui hoje a maior ameaça jamais dirigida à instituição evolucionária social da vida familiar: o lar.

...

     "Parágrafos 84.8_4-6":  ...  Há um perigo real na combinação da inquietação, da curiosidade, da aventura e do abandono ao prazer, característicos das raças pós-anditas. A fome da alma não pode ser satisfeita por meio dos prazeres físicos; o amor do lar e das crianças não aumenta com uma busca pouco sábia do prazer. Embora possais exaurir os recursos da arte, da cor, do som, do ritmo, da música e dos adornos pessoais; não podeis, com isso, esperar elevar a alma ou nutrir o espírito. A vaidade e a moda nada podem conferir à edificação do lar e à educação dos filhos; o orgulho e a rivalidade são impotentes para elevar as qualidades de sobrevivência das gerações que se sucedem.

     Todos os seres celestes em avanço desfrutam do repouso e da ministração dos diretores da reversão. Todos os esforços para obter diversões sadias e praticar jogos que elevam são saudáveis; o sono restaurador, o repouso, a recreação e todos os passatempos que evitam o enfado da monotonia valem a pena. Os jogos competitivos, as narrativas de histórias e mesmo o gosto da boa comida podem-se constituir em formas de autogratificação. ...

     Que o ser humano goze a vida; que a raça humana encontre o prazer de mil e uma maneiras; que a humanidade evolucionária explore todas as formas de legítima autogratificação, fruto da longa luta biológica de elevação. O ser humano fez por onde ganhar alguns dos seus júbilos e prazeres atuais. Prestai, porém, muita atenção à meta do destino! Os prazeres são suicidas, de fato, se tiverem êxito em destruir a propriedade que se tornou a instituição da automanutenção; e as autogratificações terão de fato custado um preço fatal, se acarretarem o colapso do matrimônio, a decadência da vida familiar e a destruição do lar - a aquisição evolucionária suprema do ser humano, e a única esperança de sobrevivência da civilização.

6.6  Passeio no parque e aniversário feliz

     Mãe: Puxa, qualquer um que ler e entender isso ficará preocupado com o estado atual do mundo.

     Pai: Bom, talvez o importante seja a solução para o problema da separação da família. Repare que a ausência de técnicas especializadas de desfrutes agradáveis é uma das causas da busca de prazer pouco sábia que em alguns casos provoca a dissolução do lar.

     Mãe: Que atitudes você sugere para termos momentos de prazer agradáveis que unifiquem a família.

     Pai: Passeio aos domingos no parque da cidade e feliz aniversário!

     Mãe: Boa idéia! Grata.