Livro de Urantia

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Capítulo 9
Período Após a Impressão do Livro de Urantia


História dos Documentos de Urantia
De Larry Mullins
Com Meredith Justin Sprunger

Traduzido generosamente por
Francisco Santos de Oliveira
Período Após a Impressão do Livro de Urantia
    9.1  O destino da comissão de contato
    9.2  Em algum momento de 1956 Bill Sadler Jr. desposou Florine Seres
    9.3  A questão de continuar a orientação especial
    9.4  A segunda impressão do livro de urântia
    9.5  O que saiu errado?
    9.6  Foram todos os Curadores informados das alterações?
    9.7  Havia um problema "técnico" de impressão?
    9.8  Algo tinha que ser feito
    9.9  Revendo a questão original
    9.10  Devemos ser capazes de confiar nos escreventes
    9.11  A busca da verdade

     Chegamos agora a uma diferente linha de demarcação na história da Revelação de Urantia. Uma notável realização foi levada a cabo pelo pequeno grupo de urantianos que tinha de algum modo tido intercurso com os Reveladores invisíveis. Por meio de um árduo processo que abrangera cinco décadas, eles tinham cooperado com os esforços de seres celestiais que produziram e materializaram um manuscrito diferente de qualquer outro que jamais tenha existido antes no planeta.

     Os seis membros da Comissão de Contato tinham, até o máximo de suas habilidades, mantido seus juramentos sagrados de preservar o texto exatamente como fora recebido. A Dra. Lena Sadler tinha-se ido, ao tempo em que seus trabalhos produziram frutos. Os cinco membros remanescentes da Comissão de Contato podiam ter grande orgulho de suas contribuições humanas para preservar o texto original da Quinta Revelação de Época. Nenhuma intrusão humana deliberada tinha corrompido os Documentos de Urantia, e agora o imperfeito - mas sincero e intrépido - esforço para duplicar o texto original foi realizado com segurança e dez mil cópias foram impressas (três das quais eram para ser preservadas "perpetuamente").

     Sacrifícios importantes tinham sido feitos ao longo dos anos. A maior parte das vidas da Comissão de Contato tinham girado em torno de um corpo de Intermediários que tinha provido força e orientação a cada passo. E agora, depois de quase cinquenta anos, os mortais estavam por conta própria.

     Por um momento a emocionante realidade de cópias impressas do Urantia Book provocariam e sustentariam uma tremenda euforia. Urantia Books eram enviados pelo correio para pessoas proeminentes, para amigos, para a família. A Urantia Foundation e a Urantia Brotherhood foram lançadas. Uma escola da Urantia Brotherhood foi formada em 1956. A 17 de junho de 1956, a primeira Sociedade Urantia foi estabelecida em Chicago:

     "... e o Fórum, depois de 33 anos, entrou na história e a maioria dos seus membros tornaram-se os 156 membros iniciais da nova sociedade. Os intrépidos Membros do Fórum preparavam-se agora para partilhar The Urantia Book com o mundo"122.

     A escola da Urantia Brotherhood teve sua primeira reunião em setembro de 1956, com 71 estudantes. O Dr. Sadler tinha comprado uma propriedade em Pine Lodge na Beverly Shores, Indiana. A idéia era que os estudantes poderiam viver em chalés na propriedade, enquanto se preparavam para sair como professores e líderes da nova Revelação. Por volta de 1960, 14 estudantes tinham-se graduado e recebido Diplomas de Líderes Certificados123. Diplomas de Professores Ordenados também eram concedidos.

     Eventualmente as principais atividades da escola foram conduzidas para 533 Diversey, em Chicago, com classes sendo mantidas à noite. Alguns Urantianos tinham sentido que somente professores profissionais ou pessoas aposentadas poderiam devotar verões inteiros para o programa original de Pine Lodge, e as novas classes noturnas foram bem frequentadas. O Dr. Sprunger relata que um Reverendo David Schlundt viajava 120 milhas desde Goshen, Indiana, para frequentar as classes noturnas. Infelizmente, em 1975, o programa formal de treinamento de professores tinha perdido impulso. Oficinas de verão e seminários ainda são oferecidos pela Urantia Book Fellowship. Contudo o Currículo pleno dos Professores e o programa de treinamento intensivo do Dr. Sadler tinham sido abandonados. O urantiano José Manuel Rodriguez Vargas, de Bogotá, Colúmbia, está desenvolvendo um programa de treinamento formal segundo as linhas do original, com a idéia de graduar professores e líderes certificados. Outras escolas têm sido tentadas, tais como The Boulder School estabelecida por John Hay na metade dos anos oitenta (agora fechada), e a Escola de Significados e Valores, de Polly Friedman, em Los Angeles.

     O Dr. Sadler escreveu que o mandato para publicar o livro foi acompanhado por várias admoestações e sugestões. Essas incluíam o desenvolvimento de escolas para professores e líderes. Embora a Brotherhood tenha desenvolvido programas de estudo em profundidade, eles são uma sombra dos conceitos originais do Dr. Sadler e do Dr. Sprunger. Carolyn Kendall expressou pesar acerca da perda das escolas urantianas formais:

     "Se esse conselho é para ser levado a sério, seria imperativo considerar a re-instituição de escolas formais, situadas regionalmente, para encaminhar a matéria de treinamento em profundidade e a qualificação de professores do Urantia Book124."

     Todavia, a despeito de todas essas atividades, começou seguramente a alvorecer sobre os humanos: Uma Revelação com significado para uma Época foi colocada em nossas mãos, mas ninguém sabe como fazer andar uma Revelação. E - agora nós estamos por nossa conta. Não mais teremos comunicações e conselhos super-humanos sobre os quais apoiar-nos. Os Reveladores romperam sem cerimônia a conexão e "nem mesmo disseram adeus".

9.1  O destino da comissão de contato

     Dentro de oito anos, mais três membros da Comissão de Contato seguiriam a Dra. Lena Sadler na jornada pós-vida. A 31 de agosto de 1956, menos de um ano após a publicação do Urantia Book, Wilfred C. Kellogg morreu com a idade de 75. Sua esposa, Anna Bell Kellogg, morreu a 24 de fevereiro de 1960, com a idade 82125. Nesse entre tempo, Bill Sadler Jr. e o Dr. Sadler caíram em desentendimento.

     Bill e sua esposa Leone moravam no Diversey Parkway 533 com o Dr Sadler. Bill e Leone se divorciaram por volta da época da publicação. No dia seguinte ao Natal, em 1955, o filho de 19 anos de Bill e Leone estava tomando uma xícara de café depois de um jantar de Natal com sua mãe e o Dr. Sadler, quando caiu em coma e morreu. Sua saúde tinha sido deteriorada, possivelmente devido a um tumor cerebral. Ele tinha perdido a visão de um olho e a do outro estava se deteriorando.

9.2  Em algum momento de 1956 Bill Sadler Jr. desposou Florine Seres

     Bill fumava sem parar e também bebia pesado. No meio de toda a tragédia e infelicidade de sua vida, ele e seu pai estavam agora em aberta divergência, principalmente por causa de seu divórcio. Bill Sadler avançou para formar a Segunda Fundação Sociedade de Chicago. Durante esse período um grupo em Oklahoma descobriu o Urantia Book e, por conta própria, deu início a uma "Igreja de Urantia". Bill começou a fazer visitas regulares à Cidade de Oklahoma, onde sua sabedoria, discernimento filosófico e profundo conhecimento dos Documentos eram calorosamente apreciados. Como o primeiro "Representante de Campanha" da Urantia Brotherhood, Bill Sadler Jr. deu conferências sobre o livro por todos os Estados Unidos. Uma série de conferências em Pasadena e Malibu na Califórnia, em 1958-1959, estão preservadas em fita e disponíveis na Escola de Significados e Valores.

     Bill Sadler tinha escrito seu maravihoso A Study of the Master Universe [Estudo do Universo Mestre], e estava trabalhando num volume companheiro de Apêndices quando sua saúde começou a falhar. Um súbito ataque privou-o da fala. Ele estava tentando recuperar sua capacidade de falar quando foi hospitalizado com cirrose do fígado.

     Mais tarde, em 1963 ele estava outra vez hospitalizado com embolias em ambas as pernas. Poucos meses mais tarde, com a idade de 56, um ataque do coração encerrou sua vida na terra. A data foi 22 de novembro de 1963. Outro príncipe, astro de destino trágico, caiu naquele dia, John F. Kennedy. Clyde Bedell, que era um bom amigo de Bill Sadler Jr., escreveu dele:

     "Bill era um dos homens mais interessantes que conheci. Sua conversação fluía de um intelecto superior imensamente saboroso, colorido e sub-estruturado por um conhecimento e uma compreensão dos Documentos de Urantia simplesmente prodigiosos126."

9.3  A questão de continuar a orientação especial

     Quando cessaram os Intermediários de comunicar-se com a Comissão de Contato? Foi literalmente em 1955, imediatamente depois da mensagem "Vocês estão agora por conta própria?" Ou continuaram os Intermediários a dar instruções verbais? No julgamento deste autor, a evidência e o peso de testemunhos indicam de forma esmagadora que as comunicações terminaram completamente em 1955.

     Como veremos a Urantia Foundation e muitos que apóiam suas políticas acreditam que continuaram orientações celestiais especiais até pelo menos 1982.

     Por causa da importância dessa questão, eu a tratarei em profundidade. Uma vez que tenho um admitido preconceito contra a noção de que continuou a haver orientação celestial especial, eu reuni quase toda a documentação de apoio para esta discussão, do material dos apoiadores da Fundação - ou da própria Urantia Foundation. Também apresentei separadamente a perspectiva filosófica ligeiramente diferente do Dr. Sprunger. Espera-se que leitores interessados possam ter agora uma base razoável para decidir essas questões e, baseados no que o conjunto de editores acreditam ser uma contribuição imparcial das informações disponíveis, pesar de forma completa as ramificações das respostas. O principal ponto crítico nos acontecimentos que impelem esta discussão podem ser estabelecidos ao tempo da preparação da segunda impressão que teve lugar em 1967 - 1968. A segunda impressão teve seu copyright em 1967 mas, de acordo com o cronograma do site da Fellowship, não foi realmente impressa até maio de 1968. Essa anomalia pode ser compreendida pelo exame do processo peculiar de preparação, que até agora não foi cuidadosamente explorado. Por causa da data do copyright, daqui por diante nos referiremos à segunda impressão como a impressão de 1967.

9.4  A segunda impressão do livro de urântia

     No momento em que a segunda impressão estava sendo preparada, só restavam da Comissão de Contato o Dr. Sadler , que estava com 92 anos de idade e sujeito a falhas, e Christy, 77. Muitos anos antes, o Dr. Sadler tinha deixado claro para Meredith Sprunger que depois que a conexão do sujeito adormecido cessou em 1955, não houve mais mensagens. Não temos idéia de quando o próprio sujeito adormecido possa ter morrido. A Comissão de Contato tinha sido previamente prevenida pelos Reveladores de que depois da publicação eles não deviam fazer qualquer comentário ou anúncio quanto a se o sujeito adormecido estava vivo ou tinha falecido127. Se o protocolo estabelecido para contatos permanecia válido, podemos razoavelmente presumir que ele estava vivo quando a mensagem final "Vocês estão agora por conta própria" foi recebida pela Comissão de Contato, pouco depois que o livro foi publicado em 1955.

     É claro que o Dr. Sadler não tinha acesso aos Reveladores quando ele respondeu às questões da carta do Reverendo Adams, a 17 de março de 1959. (Veja Capítulo 6. Veja também o Apêndice B para uma reprodução de sua carta). Leitores interessados notarão que o Dr. Sadler tem poucas respostas plenas para os vários pontos levantados pelo Erudito bíblico. Donald Green, um dos editores deste livro, fez a observação de que, se o Dr. Sadler tivesse como questionar os Reveladores a respeito dessas possíveis inconsistências no texto de 1959, ele seguramente o teria feito. Da mesma forma ele teria sido prudente para indagar dos Reveladores a melhor maneira de resolver as questões do texto. Quanto aos problemas mais difíceis apresentados pelo Reverendo Adams, o único comentário do Dr. Sadler foi que: "... nosso mandato proibiu-nos alterar de qualquer forma o texto do manuscrito".

     Por volta de 1967 o velho Dr. Sadler de 92 anos, que nunca fora um Curador, foi virtualmente afastado da liderança administrativa. Cada vez mais eram responsabilidades deferidas para Christy. Como Curadora da Urantia Foundation e Secretária, ela respondia à maioria da correspondência dos leitores, ou decidia quem estava melhor qualificado para fazê-lo. Muitas vezes ela telefonava para Meredith Sprunger para responder a cartas particularmente difíceis. Christy tinha de enfrentar sérias questões, como a necessidade de uma nova impressora de tear. Em acréscimo à coleção de erros que ela e Marian Rowley tinham obtido desde que as placas tinham sido feitas, problemas mais importantes com o texto estavam sendo relatados por leitores astutos, tais como o Dr. Adams. Era óbvio que, na próxima impressão do Urantia Book, certas inconsistências editoriais, ou inconsistências aparentes precisariam ser comunicadas pela Urantia Foundation.

     No documento de Carolyn Kendall de 1996, o PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação do Urantia Book], Carolyn explica sua compreensão do processo pelo qual erros e inconsistências presumidos eram catados e "corrigidos" na segunda edição de 1967 do Urantia Book. Ela escreve na página 5:

     "Nos anos posteriores à publicação, erros trazidos à atenção de Christy ou Marian eram bem-vindos. A Fundação queria que o livro fosse perfeito. Contudo - Christy era inflexível: nada de alterações arbitrárias. Entre 1955 e 1982, correções ou modificações propostas eram submetidas, por qualquer dos dois membros sobreviventes da Comissão de Contato, aos reveladores, para permissão".

     Essa declaração foi a que Carolyn relatou que Christy lhe disse. Não é claro o que Carolyn queria dizer dom o termo "reveladores". Muitos leitores Têm levantado questões filosóficas acerca do processo que Carolyn descreveu. Como afirmado antes, nem a Comissão de Intermediários nem a Comissão Reveladora estavam disponíveis, de acordo com o que o Dr. Sadler relatou para Meredith Sprunger e Clyde Bedell.

     Em 1958, num memorando interno, Bill Sadler Jr. referiu-se aos membros da Comissão de Contato como "extintos". Se, como Carolyn afirma, ou o Dr. Sadler ou Christy podia ter iniciado contato unilateralmente e "submetido" alterações propostas a inteligências super-humanas em 1967, isso claramente significava uma forma de comunicação totalmente diferente da que tinha existido durante o processo de Revelação. Carolyn não menciona a Personalidade de Contato nesse novo procedimento. O grupo de Intermediários tinha sempre estado presente aos contatos, mas nem a História Um, nem a Dois menciona que eles tenham se comunicado com membros individuais da Comissão de Contato senão na presença de outros membros. De fato, havia uma regra segundo a qual nenhuma comunicação seria feita a menos que dois ou mais membros da Comissão de Contato estivessem presentes128. Evidência abundante - a menor das quais não era a idade do Dr. Sadler e sua longamente estabelecida repugnância relativa às assim chamadas atividades "psíquicas" - indica que era Christy sozinha que estava presente nas supostas comunicações com "Intermediários" durante as preparações para a segunda impressão.

     O que Carolyn revela em seguida acerca do processo de "correção" é ainda mais notável:

     "Os Curadores da Urantia Foundation não tinham participação no processo de corrigir o texto do Urantia Book. Suas tarefas eram publicar o texto com quaisquer alterações que fossem autorizadas pelos intermediários. Eles deviam manter o texto inviolado, protegendo-o por copyright129." "Deve ser esclarecido aos leitores, pela Foundation, que as correções feitas depois de 1982, aparentemente foram feitas sem autorização dos intermediários130." "Confessadamente, ao publicar sua última edição, a Foundation está desfazendo as alterações feitas depois de 1982"131.

     Essa série de comentários que Carolyn publicou em 1996 representa de modo geral o ponto de vista daqueles leitores que acreditam que mensagens celestiais diretas, entregues através de Christy, continuaram a aconselhar e guiar os Curadores da Urantia Foundation, por quase três décadas após a impressão de 1955. Razoavelmente e com muita cautela, consideremos da perspectiva dos leitores que fazem objeção ao processo que Carolyn descreve acima, e que se opõem às implicações da noção de que tenha continuado a haver orientação celestial direta, essas informações e as fontes que Carolyn documenta.

     PRIMEIRO, Carolyn relata que seu marido, Tom Kendall, lhe disse:

     "Os Curadores da Urantia Foundation não participam no processo de correção do texto do Urantia Book".

     Todavia, lembremos que, de acordo com a Declaração de Custódia, o primeiro dever dos Curadores é, de acordo com o Artigo III, Deveres dos Curadores:

     "PRESERVAÇÃO DO TEXTO DE THE URANTIA BOOK: O dever primário dos Curadores será preservar inviolado o texto de THE URANTIA BOOK ... preservação e manutenção em segurança de cópias do texto original de THE URANTIA BOOK ... de perda, dano, ou destruição, e de alteração, modificação, revisão ou mudança de qualquer espécie ou tipo".

     Além do mais, na parte 3 da mesma seção, PRESERVAÇÃO E CONTROLE DA REPRODUÇÃO DE URANTIA BOOK, se declara:

     "Será dever dos Curadores reter absoluto e incondicional controle de todas as placas e outros meios para a impressão e reprodução de THE URANTIA BOOK ..."

     Esses deveres são logicamente complementares. Se os Curadores deviam ser responsáveis e sujeitos a prestar contas pela preservação do texto original, como definido no parágrafo 3.1 da Declaração de Custódia, seria necessário que lhes fosse concedida absoluta autoridade e controle da reprodução de The Urantia Book. Como poderia seguir-se então logicamente que os Curadores não estivessem envolvidos nas decisões e processos para "corrigir" a segunda impressão? Além disso, Carolyn escreve que seu marido, Tom Kendall, que era naquele momento um Curador, lhe disse que os Curadores "não participavam na correção dos textos de The Urantia Book". Isso é enigmático - e o senso comum exige sejam respondidas as seguintes questões: Uma vez que a própria Christy tinha ainda assento como um Curador da Fundação em 1967 (ela não se tornou Curador Emérito132 até 1971), como podia essa declaração ser plenamente correta? Christy e Tom Kendall, como Curadores, estavam ambos comprometidos por juramento a proteger o texto original de quaisquer alterações, fossem quais fossem. Com que autoridade e com que capacidade estava Christy agindo independente dos outros Curadores? E como soube Tom Kendall, ele próprio um Curador, que alterações estavam sendo autorizadas "pelos intermediários", como ele evidentemente relatou para Carolyn? Se Christy disse isso a Tom, não estava ele obrigado a informar todos os outros Curadores que estavam sendo feitas alterações ao texto da Revelação que estava sob suas vigilâncias?

     SEGUNDO, Carolyn relata que:

     "Suas tarefas eram publicar o texto com quaisquer alterações que fossem autorizadas pelos intermediários. Eles deviam manter o texto inviolado, protegendo-o por copyright".

     Contudo, a Declaração de Custódia da Urantia Foundation e o juramento prestado pelos Curadores jamais foi "para publicar o texto com quaisquer alterações que fossem autorizadas pelos intermediários", mas em vez disso para: "preservar o texto original de The Urantia Book" de "alteração, modificação, revisão, ou mudança de qualquer forma ou tipo". Nem os intermediários, nem o copyright são mencionados na Custódia. De uma perspectiva puramente técnica e legal, na Declaração de Custódia simplesmente não há qualquer dispositivo dando permissão para "corrigir" o texto da edição de 1955 de The Urantia Book. Tivessem os Reveladores desejado um tal dispositivo, podemos razoavelmente presumir que eles o teriam advogado claramente.

     TERCEIRO, na sentença seguinte, Carolyn nos diz que:

     "Deve ser esclarecido aos leitores, pela Fundação, que as correções feitas depois de 1982, aparentemente foram feitas sem autorização dos intermediários".

     1982 foi o ano em que Christy morreu. Carolyn permite concluir que as alterações até 1982, inclusive, foram feitas com autorização dos Intermediários. (Em suas notas finais ao PLANO PARA A REVELAÇÃO DE THE URANTIA BOOK Carolyn escreve que isso é sua opinião pessoal). Contudo, só dispomos da afirmação de Christy (como relatada por Carolyn) de que Christy obteve para si autorização dos "Intermediários" para fazer as alterações de palavras e números e supressões. Diferentemente das comunicações dos Intermediários para a Comissão de Contato, não havia outro humano verificador presente. Tais afirmações ou alegações acerca de "comunicações" são problemáticas e caem dentro do domínio dos fenômenos psíquicos inverificáveis porque não podiam ser validados nem refutados por meios empíricos, nem podiam jamais ser corroborados por outros. Além disso, alguns urantianos ficam perplexos com a noção de que os Reveladores e a Comissão de Contato tenham ido, por cinquenta anos, tão longe para evitar a descoberta da Personalidade de Contato - apenas para os Intermediários começarem conversações informais com Christy, que em seguida prontamente revela sua condição de "contato" para várias outras pessoas.

     QUARTO, O comentário final de Carolyn em seu documento de 1996, nos informa que:

     "Confessadamente, ao publicar sua última edição, a Fundação está desfazendo as alterações feitas depois de 1982."

     Ela dá como sua fonte Richard Keeler, Presidente da Urantia Foundation. A data de 1982 é quando Carolyn acredita que os "intermediários" cessaram de dar informações acerca de alterações, evidentemente porque Christy morreu em 1982. Alguns leitores podem estranhar que se a Urantia Foundation pode tão prontamente desfazer as "alterações feitas depois de 1982" em The Urantia Book, por que não podem desfazer as alterações feitas depois de 1955. Uma possível razão foi postada em 1999 no comentário "Setting the Record Straight" [Pondo os Registros em Ordem] do site da Urantia Foundation: (http://www.urantia.org/newsinfo/strs.htm). Em sua explicação das alterações feitas no texto original depois da primeira impressão (apontamento #7) a Urantia Foundation declara:

     "Conquanto não haja documentação oficial quanto às razões para algumas das alterações depois da primeira impressão de The Urantia Book, sabemos da análise dessas alterações (veja a brochura da Fundação: `Alterações do Texto') que a maioria dessas alterações eram de natureza datilográfica. Temos razões para acreditar que nenhuma das alterações mais significativas foram feitas sem a aprovação dos reveladores". (Ênfase minha).

     Devemos presumir dessa afirmação que a Urantia Foundation dá suporte à noção de que "Reveladores" estavam orientando alterações significativas do texto. Mas, como documentado previamente, não havia Reveladores disponíveis quando as alterações foram feitas. A celestial Comissão Reveladora de Urantia tinha sido substituída pela Comissão de Intermediários no começo dos anos cinquenta. Depois da feitura das placas, não foram feitas alterações de texto até 1967. Keeler, o Presidente da Fundação, testificou no litígio de Maaherra (1991 - 1999) que não tinha havido novos contatos depois de 1955. Não obstante, se a declaração da Fundação se refere a "Mensagens" de entidades anônimas que eram supostamente recebidas por Christy, isso pareceria elevar mensagens "canalizadas" acima do juramento dos Curadores da Urantia Foundation para honrar a Declaração de Custódia e desaparece rapidamente em face dos ensinamentos dos Documentos de Urantia.

     Numa análise final, as três "cópias autenticadas do texto original de THE URANTIA BOOK" que a Urantia Foundation está comprometida pela Custódia a manter e proteger de "perda, dano, ou destruição e de alteração, revisão ou mudança de qualquer espécie ou tipo" não mais correspondiam, palavra por palavra, seja com as placas seja com o que a Fundação imprimiu em 1967. Através das 16 impressões subsequentes de 1967 até 1999133, são diferentes e nenhuma delas casa com o texto original de 1955. (Veja Apêndice D) Seguramente, é razoável sugerir que essa contradição é um problema para todos os leitores, independentemente de se eles acreditam que as alterações pós-1955 foram ou não autorizadas pelos Intermediários. Como o Curador Emérito James C. Mills escreveu para Ken e Betty Glasziou na carta datada de 5 de março de 1991 (Veja Capítulo 7):

     "Parece que precisamos comparar cuidadosamente a presente impressão com a primeira impressão. Em minha opinião, só pode haver uma edição de The Urantia Book, a primeira".

9.5  O que saiu errado?

     Na opinião daqueles que estão de acordo com a noção de que a orientação celestial especial continuou, nada saiu errado. Eles acreditam que Christy estava em contato com "Intermediários". Contudo, aqueles de nós que não acreditamos que a orientação celestial ímpar se estendeu além de 1955, devemos confrontar-nos com a questão de exatamente o que aconteceu para motivar o Curador Christy a alterar o texto original (as placas) diante da Declaração de Custódia que proibia qualquer alteração, fosse qual fosse. Para nós, a explicação mais plausível é que Christy acreditava que obtivera a aprovação dos Intermediários para corrigir o considerável número de erros datilográficos e aparentes inconsistências editoriais que tinham sido coletados desde que elaboradas as placas do Urantia Book, em 1942-45. Não podemos saber exatamente qual o processo de pensamento de Christy, mas é muito provável que fosse similar às idéias que levaram ao trágico episódio de canalização de Vern Grimsley, que examinaremos no próximo capítulo. Vern veio a acreditar que estava ouvindo "Intermediários" conversando com ele.

     Podem as pessoas realmente se iludirem ao ponto de acreditarem de fato que estão ouvindo "vozes" conversando com elas? Sim, podem. Num relato de 1984 sobre a canalização de Grimsley, Hoite Caston, um antigo Curador, citou o Dr. Julian Jaynes, autor do famoso livro The Origin of Consciousness and the Breakdown of the Bicameral Mind. [A Origem da Consciência e a Irrupção da Mente Bicameral] O Dr. Jaynes observou:

     "Qualquer que seja a área do cérebro utilizada, é absolutamente certo que tais vozes existem e a experiência de ouvi-las é exatamente como ouvir sons reais ... Elas são ouvidas em graus variados por muitas pessoas completamente normais. Com frequência, é numa ocasião de stress, que a confortante voz de um dos pais é ouvida".

     Que circunstância poderia ter feito surgir tal stress em Christy? Certamente o peso da responsabilidade por uma revelação de época seria suficiente. O Dr. Sadler, como indiquei, estava com 92 e se deteriorando rapidamente. Todos os membros da Comissão de Contato tinham-se ido. Christy estava virtualmente só; decisões muito sérias precisavam ser tomadas, e só havia a sabedoria humana sobre a qual se apoiar. A Comissão de Intermediários há muito partira. Alguns têm postulado que Christy acreditou sinceramente que tinha sido escolhida para "corrigir" e "aperfeiçoar" o texto, não obstante essa missão violasse seu juramento como um Curador. Admitindo a situação, o que teria empurrado além dos limites essa mulher, sob outros aspectos normal, fazendo-a imaginar que os Intermediários tinham voltado para ajudá-la?

     Voltamos outra vez ao relato de Mr. Caston sobre Vern Grimsley. Como veremos, Grimsley estava muito próximo de Christy, e ele acreditava que ela recebia mensagens dos Intermediários. Ela confidenciou a Grimsley que lhe "tinham dito" que ele era "um reserva do destino". [Refere-se a The Urantia Book, páginas 1257-1258]. Apenas meses depois da morte de Christy em 1982, Vern teve uma crise emocional muito séria. Agora Christy se fora, e Vern acreditava que ele mesmo era um "líder espiritual" do Movimento de Urantia. Grimsley estava projetando a compra de uma propriedade muito dispendiosa na Califórnia para sua organização da Família de Deus. De pé sob uma árvore, ele olhava para a propriedade de 25 acres lá embaixo e o espaçoso edifício de 75 quartos. Os Apêndices do relato de Caston reproduzem uma carta do Dr. Paul Knott, que examinou informalmente Vern. O Dr. Knott relata:

     "Vern, nesse estado de consternação, se pôs a peregrinar por conta própria e de repente `vinda do azul' (palavras de Vern) uma voz acima e à sua direita fala imperiosamente (e lhe diz o que ele quer ouvir). `É isso'. A difícil decisão foi assim tomada por ele, sua ansiedade foi aliviada e a compra foi subsequentemente feita".

     Hoite Caston acrescenta o seguinte comentário:

     "Um `amigo invisível', um dos únicos conselheiros no planeta que Vern podia inquestionavelmente acreditar que possuiria a sabedoria para aconselhá-lo, tinha aparentemente lhe `falado' ".

     Voltando para o dilema de Christy, um cenário semelhante é possível. Em companhia de outros membros da Comissão de Contato, ela tinha ouvido os Intermediários falarem, e tivera a experiência de vozes sem corpo. Agora ela se sentia só e com necessidade desesperada de conselho. Ela "escuta" uma "voz" dizer-lhe para "corrigir" o texto, e seu problema está resolvido. Parece que Carolyn e Tom Kendall acreditaram que Christy tinha uma "conexão" especial com os seres celestiais. Talvez tal apoio tenha encorajado Christy a acreditar que ela tinha um status especial, e ao resolver as inconsistências aparentes ela estivesse "restaurando" o texto original. Há evidência de que ela acreditava nisso. Numa carta ao erudito urantiano James Johnson datada de 4 de setembro de 1981, Christy respondeu a uma lista de indagações e aparentes erros datilográficos que JJ lhe tinha submetido para esclarecimento. JJ não esperava que suas indagações fossem tomadas como sugestões para alterar o texto do Livro. Contudo, numa breve carta que acompanhava a lista de indagações, Christy surpreendeu JJ com a informação de que duas de suas indagações seriam aceitas e corrigidas. (veja exhibits, página 206-207):

     "Caro `J.J',

     Sei que você teve um imenso trabalho caçando esses erros, mas nós temos ordens estritas de deixar o texto inviolado. Portanto, não alteramos erros salvo datilográficos, de soletração ou de pontuação. Nem você nem eu podemos re-escrever a Revelação de URANTIA. O texto é, tão próximo quanto podemos fazê-lo, uma cópia idêntica ao trabalho dos Intermediários. Mantenhamos isso em mente, em todos os momentos."

     Um Pós-escrito a mão foi acrescentado por Christy ao pé da carta:

     "Não recebemos sua carta em tempo de fazer qualquer alteração na Sétima Impressão mas as correções necessárias serão feitas na Oitava".

     Essa dicotômica resposta deixou JJ perplexo. Por um lado, Christy lhe disse que ela estava sob ordens estritas para deixar o texto original inviolado. JJ concordava com isso completamente e nunca tinha defendido ou mesmo sugerido que se mudasse o que quer que fosse. Por outro lado, Christy declarou que ela "corrigiria" dois dos itens que ele descobrira (um dos quais alterava o significado de uma frase) na próxima impressão. Christy morreu no ano seguinte e as alterações nunca foram feitas.

     Todavia, permanece a questão: como foi que nenhum Curador desafiou Christy? Como veremos, é muito provável que apenas aqueles Curadores simpáticos para com as supostas "mensagens canalizadas" soubessem que um número substancial de placas tinham sido repostas por substitutas alteradas, e as originais destruídas.

9.6  Foram todos os Curadores informados das alterações?

     Muitos leitores têm dificuldade de acreditar que todos os outros Curadores não foram informados das alterações. Ainda assim, há evidência muito forte de que não o foram. Consideremos as declarações documentadas de James C. Mills, Ph. D. que foi selecionado para substituir Christy como um Curador, em outubro de1971. O Dr. Mills era um antigo presidente da Urantia Brotherhood, e servira muitos anos como um Curador Emérito. Nessa Qualidade ele respondia "oficialmente" a muita correspondência da Fundação.

     O que o Dr. Mills escreveu, a 5 de março de 1991, em resposta a uma indagação do Dr. Kenneth & Betty Glasziou da Austrália, indica que ele não estava a par do objetivo e do número de alterações editoriais que Christy tinha feito sob suas vistas como Curador:

     "Eu só tive uma experiência com uma alteração textual sendo feita entre impressões. E lhe falei a esse respeito durante sua visita em Pensacola. Isso se deveu à diligência de um professor secundário de ciência que tinha um BS em ciência e tinha lido num jornal científico que um número específico dado no Urantia Book expressando a relação entre a massa do núcleo e o elétron planetário no átomo de hidrogênio tinha um dígito de diferença. Ele foi capaz de persuadir as pessoas do 533 a alterar isso na segunda impressão. Naquela época eu tinha me mudado para Wisconsin e o homem instituindo a alteração tinha-me seguido como presidente da Brotherhood. Completamente por acidente, a alteração foi-me trazida à atenção por uma jovem estudante que estava inflamada com a intromissão óbvia com o que ela firmemente e com acerto acreditava que seria negligenciado por mãos humanas. Eu obtive um belo tumulto com o assunto e tudo voltou à situação original na próxima impressão. Desde aquela ocasião, com exceção do período de 1973-1975, eu não tenho residido em Chicago e não fui informado de qualquer outra discrepância aparente entre impressões, até sua carta de 20 de novembro. Vou discutir esse assunto com a Foundation imediatamente." [Veja Apêndice B para o texto completo da carta. Deve-se notar que a alteração referida pelo Dr. Mills não foi desfeita em edições posteriores, ao contrário do que ele tinha presumido].

     Certamente, os Curadores eram indivíduos inteligentes, honrados, que estavam cientes de suas solenes Custódias e responsabilidades. Um problema era que a maioria dos Curadores apenas periodicamente se defrontavam com a realidade prática do Diversey Parkway 533, enquanto Christy vivia e trabalhava lá em tempo integral. Enquanto os Curadores se tornavam gradualmente distanciados do real envolvimento com o texto, a cultura do 533 girava mais energicamente em torno da personalidade dominante de Christy.

     Parece que a declaração de Carolyn de que os Curadores não participavam do "processo" de "correção" do Urantia Book é válida, no sentido de que todos os Curadores não estavam cientes de que o texto de 1967 estava sendo alterado por Christy com a "aprovação" do que ela percebia como sendo as vozes dos Intermediários. 12 E talvez, como indicado, Christy acreditasse que ela estava "restaurando" o texto para sua forma própria, por meio das "correções" do que ela julgava que fossem erros humanos de cópia. Ao mesmo tempo, alguns urantianos estão perplexos acerca dessa alegação porque o manuscrito original já não estava disponível. Que método empírico usou Christy para verificar "erros de cópia"?

9.7  Havia um problema "técnico" de impressão?

     Em outra parte de sua carta para o Dr. Kenneth Glasziou, o Dr. Mills parece ter estado sob a impressão de que o livro todo tinha de ser recomposto em 1967, devido a uma mudança na tecnologia de impressão, e isso teria resultado em muitos erros de datilografia e de cópia:

     "Nos doze anos de intervalo entre a primeira e a segunda impressão novas técnicas fotográficas e maior velocidade dos prelos tornaram as placas originais obsoletas e tiveram que ser produzidas novas placas. Como as placas originais tinham sido planejadas para fornecer um milhão de impressões, isso foi um verdadeiro golpe."

     Contudo, não foi esse o caso. As placas originais foram usadas para a impressão de 1967 do Urantia Book, com a exceção de pelo menos 48 páginas que foram substituídas por novas placas com texto alterado. Além disso, o que tinha mudado fora a tecnologia usada para fazer placas. O Boletim da Urantia Brotherhood relatou, em sua edição de Inverno e Primavera de 1979, página 2, que: "[As primeiras] cinco impressões tinham sido realizadas no mesmo prelo". Isso está de acordo com dois empregados de R. R. Donneley, agora aposentados, que na época estavam lá. Mr. Bart Paddock , o gerente do departamento de placas, e Mr. Krohn, que era um supervisor de impressão em 1967, concordam que um prelo M-1000 abrigado no prédio da Donneley em Crawfordsville, Indiana, teria sido usado para ambas as impressões de 1955 e de 1967. Esse prelo podia ainda acomodar as placas originais em 1967. O Boletim da Urantia Brotherhood também relatava que: "O texto do Urantia Book era o mesmo com correções gramaticais menores. Isso, como muitos leitores sabem, é um dos propósitos principais da Urantia Foundation, proteger o texto do Urantia Book e impedi-lo de ser modificado".

     Sabemos agora que as alterações foram além dessa auto-contraditória e eufemística descrição. Para conseguir alterações editoriais na segunda impressão, é claro que alguém decidiu que o procedimento mais simples era alterar as placas, substituindo as chamadas páginas problemas por pelo menos 48 páginas novamente estampadas. Como declarado, o uso das placas originais em 1967 não constituiria um problema técnico para o prelo M-1000, a não ser pela idade das próprias placas134. Ambas as impressões de 1955 e 1967 mostram evidência de deterioração das placas. Contudo, depois de examinar a impressão de 1955 e a de 1967, podemos estar virtualmente certos de que as placas originais foram primeiro alteradas, e em seguida usadas na impressão de 1967. As páginas que "requeriam" alterações de palavras e de números e supressões foram removidas fisicamente e substituídas por páginas novamente estampadas e fundidas. [Veja os Adendos que se seguem às notas finais deste capítulo para a evidência que Merritt Horn e eu coletamos e que nos levou a essa conclusão].

     Podemos estar razoavelmente certos de que, além do Dr. Mills, outros líderes altamente respeitados não foram diretamente informados de que várias alterações editoriais tinham sido feitas pela alteração de placas. Clyde Bedell escreveu em 1976:

     "Cada palavra dos Documentos de Urantia, até mesmo o uso dos mais altos conceitos humanos existentes, foram colocados nos Documentos de URANTIA pelos Reveladores. Nada foi inserido por qualquer ser humano, seja o que for. Eu arriscaria minha vida quanto a isso"135.

     Observe-se que Clyde usa os termos Documentos de Urantia, e não Urantia Book. Por causa de seu extenso trabalho com seu Concordex, Clyde estava ciente em 1976 de que havia problemas datilográficos com várias impressões do texto136. Contudo, se ele tivesse sabido que o texto original tinha sido deliberadamente alterado, com base em estranhas novas "mensagens celestiais", estou certo de que ele teria, para por isso em termos moderados, feito vigorosas exceções ao processo. As presumidas mensagens "canalizadas" não eram levadas a sério por todos no Diversey Parkway 533137. Não foi senão depois da morte do Dr. Sadler que rumores de mensagens "canalizadas" por Christy começaram a vir à tona além das estruturas de poder interno da Urantia Foundation e Urantia Brotherhood. Gradualmente, estórias de suposta orientação especial da Foundation começaram a circular entre os urantianos. Em 1981, Clyde Bedell publicou uma clara avaliação das alegadas mensagens "secretas" e "orientação celestial" especial que tinha continuado a ser transmitida depois da morte do Dr. Sadler:

     "Eu não creio que os Curadores sejam mais divinamente orientados do que você é ou eu o sou. As palavras que ouvimos repetidas em toda parte, alegadamente comunicadas ao Fórum quando o Livro foi publicado em 1955: `Vocês estão agora por conta própria', eu creio que sejam verdadeiras e que foram ditas para valer. Nós estamos por nós mesmos e deveríamos considerar nosso privilégio e nossa responsabilidade mais seriamente do que fazemos ..."

     "Sim, eu ouvi em várias ocasiões as tagarelices sussurradas e resmungadas: `Os Curadores devem estar certos. Eles são tão aplicados em suas políticas que devem estar recebendo orientação, comunicações'. Examine essa idéia, que, quando expressa, é usualmente em tom lamentoso acerca dos [copyright] temas que tenho estado discutindo neste Documento. Qualquer leitor que acredita nisso, está com efeito dizendo que os ensinamentos de nossa vasta e grande Revelação, The Urantia Book, já estão sendo substituídos por comunicações secretas para um punhado de humanos, servidores nominais do Movimento de Urantia ... . Eu creio que o Urantia Book não será substituído, até uma data muito distante de agora, e então por outra Revelação de Época, e não por espíritos anônimos, passando secretamente pequenos `faça e não faça' para Curadores falíveis"138.

9.8  Algo tinha que ser feito

     Retornando ao dilema de Christy imediatamente antes da impressão de 1967 - certamente algo tinha que ser feito. Uma conclusão final parece auto-evidente: As decisões para alterar o próprio texto mediante a secreta alteração das placas, em vez de fazê-lo abertamente, indicando as inconsistências aparentes através de notas ao pé da página ou ao final, criou problemas novos. O texto supostamente "corrigido" já não estava em concordância seja com as placas originais seja com a impressão de 1955. É também autoevidente que não se pode ter múltiplos e diferentes conjuntos de reproduções invioladas do mesmo texto original. Além disso, jamais houve um sincero e completo esclarecimento para os leitores. Muito poucos compradores das impressões posteriores de The Urantia Book tinham sido informados de que o livro que ele estava comprando não guardava perfeita conformidade com o texto original de 1955. É razoável que os leitores devam ser os juízes da importância das alterações que foram feitas, e sejam capazes de pesar suas decisões de compra de acordo com isso.

     Nas poucas páginas seguintes, o Dr. Sprunger revisa a situação que acabo de descrever, pesa seu significado e sugere uma solução. Sua perspectiva difere ligeiramente da do autor, e é apresentada aqui para a consideração do leitor:

     O Dr. Meredith Sprunger revisa as ambiguidades associadas com a publicação dos Documentos de Urantia

     "A maioria dos estudantes de The Urantia Book consideram geralmente que os Documentos foram produzidos por personalidades super-mortais e que, exceto por alterações de soletração, pontuação e uso de maiúsculas, não foram alterados por qualquer ser humano. Os Documentos de Urantia foram publicados exatamente como recebidos dos Reveladores."

     "Uma vez que os Documentos foram datilografados numerosas vezes e compostos tipograficamente por R. R. Donneley & Sons, é óbvio que erros de cópia podiam acontecer, e provavelmente aconteceram. Os Intermediários provavelmente estavam cientes desses erros e inconsistências, mas não os consideravam sérios o bastante para interromper a publicação."

     "Em meu julgamento, o grande erro que os fundamentalistas religiosos cometem é suas crenças na inspiração literal, na infalibilidade das escrituras. O propósito básico da revelação é ampliar o discernimento espiritual pela expansão do paradigma espiritual."

     "Nos anos que se seguiram à publicação de The Urantia Book em 1955, muitos desses possíveis erros e inconsistências foram apontados e algo tinha que ser feito a respeito deles na impressão de 1967. Alguém decidiu tentar corrigir essas áreas problemas do texto mediante a alteração das placas. Numa compreensão tardia, o grande erro que a Fundação cometeu foi não listar essas alterações, juntamente com as respectivas razões, em notas ao final do livro."

     "Neste ponto, devíamos reexaminar as evidências quanto a quem tomou a decisão de fazer as alterações. Carolyn Kendall nos diz, de informação fornecida por Tom Kendal, que os Curadores da Urantia Foundation não participavam no processo de `corrigir' o texto de The Urantia Book. Isso indicaria que as alterações eram feitas por Christy tanto na impressão de 1967, quanto nas subsequentes, até sua morte em 1982. Essa hipótese é aparentemente confirmada por Scott Forsythe, Assistente Administrativo para a Urantia Foundation, quando ele escreveu para JJ Johnson, `A relação de Christy com o texto do Urantia Book era sem par'." (Veja Apêndice B)

     "Carolyn Kendall e Tom Kendall acreditavam que essas alterações eram aprovadas pela Comissão de Intermediários. Essa suposição, por certo, é desafiada pela declaração que o Dr. Sadler me fez, de que todos os contatos com os reveladores super-humanos tinham cessado, e algumas questões acerca da natureza e autenticidade dos alegados contatos de Christy com os Intermediários foram suscitadas por algumas das estruturas de poder da Brotherhood."

     "Em meu julgamento, a menos que você seja um fundamentalista de The Urantia Book, acreditando na `inspiração literal', na absoluta verdade de cada palavra em The Urantia Book, de um ponto de vista pragmático faz pouca diferença se essas alterações foram aprovadas pela Comissão de Intermediários ou não. Essas alterações não afetam a autenticidade da revelação da Quinta Revelação de Época. Em qualquer caso, não há meio objetivo de provar definitivamente se essas alterações foram aprovadas pelos Intermediários ou não."

     "Talvez a melhor solução para essa infeliz confusão fosse listar todas as alterações feitas depois da edição de 1955, juntamente com as respectivas razões, e permitir a cada indivíduo tomar sua decisão quanto ao texto original dos reveladores. Esperamos que os Curadores da Fundação façam isso colocando notas finais nas futuras impressões".

9.9  Revendo a questão original

     As precauções do Dr. Sprunger acerca do Fundamentalismo Urantiano são oportunas mas não creio que aquela questão estivesse em discussão. Conquanto, de um ponto de vista pragmático, possa ser dito que as alterações no texto até esta data têm sido de menor importância e não afetam nossos destinos espirituais, acredito que deveríamos considerar cuidadosamente futuros leitores e o bem-estar geral da Revelação daqui a cem, trezentos ou quinhentos anos. Se o fizermos, importa se essas alterações "foram feitas pela Comissão de Intermediários ou não". A questão de orientação celestial especial depois de 1955 não pode ser evitada, suas ramificações são demasiado significativas para serem ignoradas.

     Minhas razões para acreditar que a viabilidade de longo prazo e integridade da Revelação estão em jogo são quádruplas:

     1. Há necessidade de uma sequência confiável de sucessivas impressões com o texto original de 1955 como uma pedra de toque para futuros eruditos.

     2. É ilógico, dissimulado e filosoficamente inconsistente para a Urantia Foundation "preservar" um texto original enquanto imprimindo e vendendo para o público vários textos diferentes, deixando supor que cada um é uma réplica "inviolada" do texto original.

     3. A letra e o espírito da Declaração de Custódia proíbe quaisquer alterações do texto, sejam quais forem. Isso deveria ser honrado tanto de fato quanto de direito.

     4. O questionável processo pelo qual as alterações eram originalmente feitas pode ser classificado entre as atividades "psíquicas" clássicas, que os próprios Documentos refutam. A natureza da política que por tanto tempo os conciliou é repugnante para muitos urantianos. E a recusa da Urantia Foundation em atenuar o problema causa divisão e trás danos à comunidade de Urantia.

     Quanto ao primeiro ponto, eruditos precisam de acurada pedra de toque pela qual verificar suas avaliações da Revelação. A sabedoria dos Reveladores em tornar obrigatório o princípio de imprimir e preservar um texto original não comprometido parece óbvio para muitos eruditos dos Documentos. O Dr. Mark McMenamin, um professor de geologia no Mount Holyoke College, respondeu a uma carta de JJ Johnson com esses comentários:

     "Se isto foi escrito em 1955, partes dele estão notavelmente à frente do seu tempo. Só pude localizar a edição de 1984; pode você confirmar que as páginas 664-671 apareceram como na edição de 1955?"

     Por causa da persistência e dos esforços e de JJ, O Dr. McMenamin incluiu comentários muito favoráveis acerca do Urantia Book em seu próprio livro, The Garden of Ediacara [O Jardim de Ediacara], publicado pela Columbia University Press em 1998. (Veja Apêndice C). JJ escreveu-me mais tarde:

     "Deve ser evidente que isto vai dar cada vez mais colheita ... quanto mais depressa nós expusermos isso ... mais cedo cientistas como Mark não terão que fazer essas perguntas e hesitar em incluí-las em suas pesquisas, seus livros e outros trabalhos".

     JJ destaca que, se em 1998 , um erudito tem dificuldade de encontrar uma edição de 1955, imagine quão difícil será daqui a cem ou duzentos anos. Na verdade, que valor têm três (3) cópias do texto original de The Urantia Book, se elas são preservadas em uma localização desconhecida, onde ninguém consegue vê-las e a Fundação está imprimindo textos diferentes?

     O segundo ponto é auto-evidente, ou deveria ser: Não pode haver duas ou mais versões do texto, dizendo-se que cada uma delas é uma reprodução inviolada do original. O Presidente da Fundação Urantia, Richard Keeler, me falou em 1998 que a Fundação mantêm a Declaração da parte do mandato de Custódia do "Patrimônio Substantiva" de "não mais de três (3) cópias impressas" do "texto original do THE URANTIA BOOK", que foi impresso das placas originais. Mr. Keeler acredita que isto cumpre o juramento dos Curadores de preservar o texto original inviolado. Desafortunadamente, como mencionado previamente, as várias versões "inviolada" do texto do Livro de Urantia que a Fundação Urantia tem impresso e vendido por décadas, são diferentes das três (3) cópias impressas do texto original do Livro de Urantia que os Curadores presumivelmente estão mantendo tão cuidadosamente preservados.

     Alguns Urantianos acreditam que a política da Fundação Urantia coloca o próprio texto original em risco. Dr. Sadler faleceu 29 de Abril de 1969, com a idade de 93. Logo após a terceira impressão, dia 6 de Maio de 1971, a Fundação Urantia ordenou R. R. Donnelley & Sons em Crawfordsville para completar a destruição das aproximadamente "duas mil e duzentas (2.200) placas niqueladas de esteriotipia com espessura de base patenteada para a impressão e reprodução de tal livro". É quase certo que a Donnelley Company também destruiu as fitas de papel originais das quais os tipos foram compostos e os negativos dos quais as placas foram feitas. Estas fitas e negativos eram rotineiramente mantidas de forma a re-fundir as placas que se tornaram gastas devido a impressão. A destruição das placas originais conduz ao terceiro ponto.

     O terceiro ponto é que a Declaração de Custódia expressamente proíbe qualquer alteração do texto. Isto também é auto-evidente, ou deveria ser. Aparte do princípio de impressão bem como a preservação inviolada do texto original, existe um argumento legal pragmático de que a Declaração de Custódia foi designada e intencionava proteger o texto da Revelação das tolices humana. Carolyn nos fala que os parâmetros claros da Custódia foram suplantados por esta aspiração humana: "A Fundação quer que o livro seja perfeito". Este desejo humano bem-intencionado, em 1967, resultou na violação dupla das instruções diretas dos Reveladores e das restrições da Declaração de Custódia.

     Parece claro que em 1967 foi tomada a decisão de destruir uma porção dos Bens Substantivos em detrimento da Declaração de Custódia. É um fato que a Urantia Foundation decidiu em maio de 1971 completar a destruição das placas históricas, depois de apenas 10.000 cópias do texto original terem sido tiradas. Para muitos urantianos as placas originais não eram simplesmente uma curiosidade a mais, como os manuscritos datilográficos originais eram uma curiosidade. As placas eram o "texto original" de The Urantia Book como definido na Declaração de Custódia. E as placas eram também a primeira das duas partes dos Bens Substantivos descritos no parágrafo quatro do documento de Custódia, elas tinham sido provadas, fundidas, e sancionadas quando os Reveladores estavam em contato. Tudo o que resta agora dos Bens Substantivos totais são três livros impressos, uma geração depois das placas originais (como as placas originais eram uma geração depois dos manuscritos datilográficos). Porque esses livros não foram impressos em papel livre de ácido, eles devem eventualmente ficar deteriorados. Uma vez que o texto original não mais está sendo impresso, alguns leitores não estão satisfeitos com a realidade de que os últimos vestígios do processo de revelação digno de fé sejam três cópias de papel e tecido da impressão do Livro de 1955. Muitos leitores e crentes estão inquietos, mesmo que os correntemente designados "guardiões do texto original" assegurem aos urantianos que esses três livros, impressos a partir das placas originais, estão sendo preservados, armazenados em algum lugar.

     O quarto ponto é a maneira clandestina pela qual foram feitas as alterações, as implicações da política que as aceita. Na página 24 de Birth of a Revelation [O Nascimento de uma Revelação] (segunda edição) Mark Kulieke expressa de forma não intencional o paradoxo resultante:

     "Tanto o Dr. Sadler quanto Christy indicaram que os Documentos de Urantia foram publicados exatamente como recebidos, exceto por erros de cópia, a maioria dos quais foram subsequentemente identificados e corrigidos. A Comissão de Contato estava limitada a fazer alterações na soletração, no uso de maiúsculas e na pontuação".

     Há umas poucas dúzias de declarações documentadas de Christy e do Dr. Sadler, assim como de muitos Curadores e membros do Fórum, assim como ambas as Histórias, no sentido de que "os Documentos de Urantia foram publicados exatamente como recebidos". Contudo, não consegui encontrar nem uma só que acrescentasse: "exceto por erros de cópia, a maioria dos quais foram subsequentemente identificados e corrigidos". Ainda mais, a declaração: "A Comissão de Contato estava limitada a fazer alterações na soletração, no uso de maiúsculas e na pontuação" conduz a outras questões: 1. Não foi The Urantia Book publicado pela Urantia Foundation, e não pela Comissão de Contato? A Comissão de Contato estava há muito extinta em 1967. 2. Não tinham as placas, definidas na Declaração de Custódia como o texto original do Urantia Book, sido transferidas para a Urantia Foundation em 11 de janeiro de 1950? 3. Christy era um Curador empossado em 1967. Por que, não obstante seus sinceros motivos, foi-lhe permitido, independente dos outros Curadores, fazer alterações nas placas, uma ação proibida pela Declaração de Custódia e excedendo de muito a autoridade da Comissão de Contato?

     Uma carta de Scott M. Forsythe, Assistente Administrativo para a Urantia Foundation, claramente confidencia para JJ Johnson em 1988, que Christy na verdade tinha assumido uma relação "sem par" com o texto de The Urantia Book. Forsythe escreveu em resposta a uma indagação de JJ acerca de certas questões que ele tinha proposto. Christy tinha escrito a JJ que ela tinha decidido fazer duas alterações na próxima impressão. Como já indicado, Christy morreu pouco depois de sua carta de 1981 para JJ e as alterações jamais foram feitas. Forsythe escreve:

     "... Como você está bem ciente, a relação de Christy com o texto de The URANTIA Book era "sem par" ...

     É bastante provável que o atual Quadro de Curadores não sinta que eles tenham o mesmo relacionamento com o texto do livro que é desfrutado por Christy. Em outras palavras, os Curadores podem não sentir que eles podem exercer as mesmas prerrogativas que estão disponíveis para Christy nesses assuntos ... Por óbvias razões, um assunto como este é um tema de proporções delicadas e sensíveis, e o quadro pode não desejar expandir o registro escrito deste assunto". [Veja o Apêndice B, para o texto completo desta carta].

     Essa reação naturalmente deixou JJ perplexo. Se a relação de Christy com os Documentos de Urantia era considerada autenticamente "sem par" pelos Curadores, por que não conseguiram eles por em prática as "correções" finais que ela fazia? Diferente dessa carta um tanto cândida, expressando o desconforto dos Curadores, uma política de polido mas resoluto silêncio e conciliação continuou a estar em vigor até a proclamação de apoio, pela Urantia Foundation, às alterações de 1999, em seu site, sob o título: Setting the Record Strait [Pondo os Registros em Ordem]. Independentemente de como uma pessoa possa ver os comentários acima, somos confrontados com um fato indiscutível: Pelo menos a partir de 1994, todos os Curadores estavam cientes das alterações que tinham sido feitas, e de suas implicações. Até o momento, não houve movimento no sentido de corrigir o problema. Embora uma "lista de correções" tenha sido publicada pela Urantia Foundation em 1994, ela não estava anotada e nenhum aviso foi colocado nos livros publicados para informar os compradores das alterações e de que seria disponibilizada uma lista de "correções" até 1999. Tais meias-medidas, em qualquer hipótese, são inadequadas para a maioria dos urantianos, que desejam reproduções confiáveis do texto original a ser publicado e que seja honrada a Declaração de Custódia.

9.10  Devemos ser capazes de confiar nos escreventes

     Além de: 1. a necessidade de uma sequência confiável de reproduções fiéis do texto original como uma pedra de toque para futuros eruditos e 2. A falácia filosófica de preservar um texto e imprimir outro, e 3. A letra e o espírito da Declaração de Custódia que proíbe a Urantia Foundation de fazer qualquer alteração de qualquer espécie ao texto, e 4. O questionável processo pelo qual as alterações eram originalmentes feitas - e a indefinida política que há muito as tem conciliado - há um quinto argumento que se impõe.

     Esse argumento para imprimir o texto original foi descrito sucintamente por Eric Schaveland: "devemos ser capazes de confiar no escrevente". O fato inescapável é que ninguém - inclusive os Curadores - realmente sabe quanto as impressões correntes de The Urantia Book diferem do texto original da edição de 1955. Não saberemos até que sigamos o conselho do Dr. Mills e, resoluta e destemidamente, usemos a tecnologia disponível para comparar o texto corrente com o original de 1955. Pode ser que descubramos que o texto corrente está razoavelmente próximo da impressão de 1955. Por certo, a Declaração de Custódia não sugere que "razoavelmente próximo" seja suficientemente bom. Contudo, ponhamos de lado for um instante o argumento do "razoavelmente próximo".

     Seguramente, os Intermediários tinham boas razões para não ter deixado em mãos humanas qualquer liberdade de ação com respeito ao texto do Urantia Book. A Declaração de Custódia foi projetada pela Comissão de Contato para proteger o texto original da insensatez humana. A despeito dessa salvaguarda, sabemos que a porta foi aberta em 1967, e tiveram lugar alterações do texto sob as vistas da Urantia Foundation. Esse precedente encorajou uma política de permissibilidade humana pela Urantia Foundation. - uma oligarquia de cinco indivíduos auto-indicados. A Urantia Foundation continuou a fazer "correções" no texto a cada impressão, a partir da segunda. Muitos Curadores subsequentes evidentemente não estavam cientes da medida em que essas liberdades tinham afetado o texto. Contudo, como indiquei, todos os Curadores estão agora cientes das alterações do texto, ainda que individual e coletivamente eles se tenham recusado a enfrentar o problema. Um Curador, Morris (Mo) Siegel, disse-me em 1998 que ele era indiferente à questão do texto, porque da perspectiva da promoção comercial ele percebia que "muito poucos leitores dão importância" às alterações no texto original. Ainda assim , a Declaração de Custódia foi supostamente projetada para isolar os Curadores das marés mutantes da opinião popular.

     O erudito urantiano David Kantor acredita que, se a tropa dos urantianos permanecer calada e dócil a respeito de sua Revelação, os futuros Curadores operando em contextos sociais que não podemos hoje antever, podem facilmente seguir esse curso de descontrolada e desorientada lassitude, e optar por tomar liberdades adicionais com o texto. Nós sabemos, das declarações de Carolyn Kendall e do que Richard Keeler admitiu, que continuaram as alterações do texto depois de 1982. Se a descrição de Carolyn é acurada, Mr. Keeler prometeu desfazer as alterações posteriores a 1982. A pesquisa de Merritt Horn indica que essas alterações não foram desfeitas nas impressões correntes, como prometido. (Veja Apêndice D). Seguramente, ninguém pode predizer para onde um dia conduzirá a filosofia atual de permitir a uma oligarquia de cinco indivíduos tolerar alterações com relação ao texto da Revelação de Urantia. Sem um "mantenedor do texto" fidedigno, a pedra de toque de uma versão impressa do texto original autenticamente inviolada, e o estabelecimento de uma linhagem de retorno à impressão original, tanto o espírito quanto a letra da Declaração de Custódia da Urantia Foundation foram, efetivamente, desonrados.

9.11  A busca da verdade

     A informação e os argumentos acima são apresentados no espírito de uma busca da verdade. A Revelação pertence às pessoas e elas devem ser responsáveis pelo destino que lhe der. Os Reveladores nos deram uma grande, enobrecedora e criativa tarefa; a Urantia Foundation foi estabelecida para servir-nos. Ao escolher os meios pelos quais nos esforçamos para realizar a tarefa diante de nós, não devemos adiar nossa busca pela verdade. Pois a verdade é um dos constituintes da tríade de preciosos valores centrais que formam o próprio objetivo.

     A verdade não partirá por matarmos o mensageiro. O sistema adversário é tão necessário para a história como o é para a ciência e a lei. Nem a verdade partirá simplesmente porque evitamos expandir "os registros escritos deste assunto" Ela não partirá se usarmos de sofismas para redefinir o termo "inviolado". Interessar-se pelas alterações não é fazer "do texto, um fetiche". Pelo contrário, pode ser a série clandestina interminável de alterações, de impressão para impressão, por um comitê de cinco humanos num inatingível esforço para "tornar o livro perfeito" que está fazendo "do texto, um fetiche".

     A mais séria consequência de transferir a responsabilidade pela Revelação para uma oligarquia não é necessariamente uma questão da qualidade dos Curadores Individuais. O filósofo Mortimer Adler expressou a mais séria influência de uma oligarquia desta forma:

     "Admitindo que tais homens [superiores] possam ser encontrados, o problema é que, deixá-los governar, com sabedoria e benevolência, reduz o resto da população à perpétua infância ..."139

     A questão de publicar e ao mesmo tempo preservar o texto original permanece, até hoje, "um assunto de proporções delicadas e sensíveis". Ainda assim, eu proponho que é precisamente pelas mesmas razões que as tornam delicadas e sensíveis que elas requerem a corajosa investigação dos urantianos. Não pode ser repetido com demasiada frequência: a Revelação foi uma dádiva às pessoas deste planeta; as pessoas são responsáveis pela Revelação que receberam.

     Eu permaneço cautelosamente otimista quanto ao resultado desse delicado e sensível assunto. Pois enquanto nós urantianos debatermos criativamente essa questão, com tolerância e respeito, ainda não teremos descido inteiramente para o torpor da orgulhosa utopia pelo bem da "unidade". Unidade a qualquer preço tem assinalado historicamente o impulso de muitos empreendimentos mortais gloriosos para o esquecimento cósmico.

     Por ocasião da morte do Dr. Sadler, o palco estava montado. Um círculo interior dentro de outro círculo interior tinha sido formado. Esse círculo ultra-interior tinha recolocado os Curadores como a entidade encarregada do texto da Revelação. O que aconteceu nas décadas que se seguiram viria a ser adequadamente descrito pelo Dr. Sprunger como o lançamento da Revelação sobre os "incômodos e turbulentos mares do conflito evolucionário".


Notas de Rodapé:

122 BIRTH OF A REVELATION [O Nascimento de uma Revelação], por Mark Kulieke, segunda edição, 1992, página 24. Contudo, o Fórum tinha passado à história muito antes, a 31 de maio de 1942, quando eles foram informados de que não mais seriam acolhidas questões. (Veja História Um, página 6, e História Dois, página 10). O Fórum ressurgiu em seguida como um Grupo de Estudos dos domingos.
123 HISTORY OF THE URANTIA MOVEMENT ONE, "por um grupo de Pioneiros de Urantia, assistidos por membros da Comissão de Contato, 1960", página 13. Em seu "Relato a um Comitê Ad Hoc" Carolyn Kendall fornece a informação de que havia 71 estudantes. Ela acredita que havia 17 estudantes diplomados em 1960. A História Um declara que havia 14.
124 Abril de 1992, documento intitulado AD HOC COMMITTEE ON RESEARCH: PRINCIPLES, PATTERNS, AND STRUCTURES IN THE URANTIA BOOK AND RELATED SOURCES [Comitê ad hoc de Pesquisas : Princípios, Padrões e Estruturas em The Urantia Book e Fontes Relacionadas] por Caroly Kendall, página 29.
125 URANTIA, The Great Cult Mystery [Urantia, o Grande Mistério Religioso], por Martin Gardner, Prometheus Books, Nova York, 1995, páginas 98 e 100.
126 IBID., página 40-43. Também, Meredith Sprunger forneceu algumas informações de segundo plano. A citação de Clyde Bedell foi retirada de THE PLANETARY PRINTS, Primavera de 1985, página 35.
127 História Dois, preparada por um Membro da Comissão de Contato, sem data, página 21.
128 Memorando interno de Bill Sadler Jr. foi citado por Carolyn e Tom Kendal em seu documento RESPONSE TO URANTIA FOUNDATION'S REPORT TO READERS OF THE URANTIA BOOK [Resposta ao Relato da Urantia Foundation para os Leitores de The Urantia Book], 21 de junho de 1990, página 2. Como já anotado, Christy disse a David Kantor que uma das regras do processo de revelação era que pelo menos dois Membros da Comissão de Contato tinham de estar presentes para qualquer comunicação ter lugar.
129 O PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação de The Urantia Book], por Caroyn B. Kendall, Documento distribuído a 18 de janeiro de 1996, página 5. Ela dá como fonte desses comentários seu marido Thomas Kendall, que foi um Curador da Urantia Foundation de 1963 a 1983, e seu Presidente de 1973 a 1983.
130 IBID., página 5. Carolyn diz que essa declaração é sua opinião pessoal.
131 IBID., página 5. Carolyn dá como sua fonte Richard Keeler, Curador e Presidente da Urantia Foundation. Merritt Horn relata que essa providência não foi tomada. (Veja o Apêndice B).
132 De acordo com a Declaração de Custódia: "Um Curador Emérito não deve ter direitos, deveres ou poderes comuns, mas aquela denominação deve der dada a uma determinada pessoa apenas como uma expressão de seus passados serviços como um Curador". Contudo, os deveres e a ascendência de Christy aparentemente não eram reduzidos por essa estipulação. (Veja o Apêndice F).
133 Foi algum tempo antes de a Urantia Foundation parecer ter despertado para o fato de que tais alterações eram feitas. Foi declarado no Urantian News, novembro, 1991: "De tempos em tempos os Curadores têm autorizado alterações que corrigiram soletração, erros de gramática ou de impressão. Os Curadores atuais também estão cientes de umas poucas alterações do texto empreendidas na segunda impressão. Essas eram alterações que se tornaram necessárias devido a provas incompletas da primeira impressão". Contudo, na realidade os "Curadores" não parecem funcionar como um grupo coeso ao fazer observações e tomar decisões acerca do texto. Eu tive conversas pessoais com três Curadores atuais em 1998, e nenhum deles pareceu exatamente ciente de que alterações tinham sido feitas no texto. Eles pareciam confusos acerca de como devem eles policiar o conteúdo do Livro, quando eles estão, para todos os propósitos práticos, isolados do processo de impressão. Além do mais, eles expressaram pouco interesse no problema. Não obstante os deveres dos Curadores, seu juramento, e a Declaração de Custódia, parece ainda prevalecer a cultura do 533, que estabeleceu nos últimos anos da década de sessenta o círculo interior residente dentro do círculo interior. Os Curadores, em geral, são personagens titulares e nunca tinham tido um relacionamento direto com a preservação do texto original depois de 1955. Os Curadores geralmente permanecem passivos acerca do conteúdo das várias versões do Urantia Book que estão sendo impressas. Por ocasião do presente escrito, estão sendo publicadas pela Urantia Foundation não menos do que três diferentes versões supostamente "invioladas" do texto original, nenhuma das quais concorda com o texto original de 1955 que a Fundação está supostamente "preservando".
134 Essa informação foi obtida de uma conversa telefônica que tive com Mr. Krohn e Mr. Paddock, em 26 de outubro de 1999. Ambos esses cavalheiros estão agora aposentados, e vivem em Crawfordsville, Indiana.
135 A RESPONSE TO A THINLY DISGUISED ATTACK ON THE URANTIA BOOK [Resposta a um Ataque Mal Disfarçado ao Urantia Book] por Clyde Bedell, documento datado de 5 de setembro de 1976, página 13.
136 Numa carta a JJ Johnson datada de 11 de maio de 1976, Clyde expressou conhecimento de problemas datilográficos específicos entre a impressão de 1955 e impressões posteriores. Numa nota posterior (outubro de 1977) para JJ, ele sugeriu modos de obter uma impressão de 1955, da qual já estava ficando difícil encontrar uma cópia.
137 Meredith Sprunger revelou pessoalmente essa observação para mim.
138 A MONOGRAPH ON A VITAL ISSUE CONCERNING THE URANTIA BOOK AND MOVEMENT [Monografia Sobre um Tema Vital relativo ao Livro e ao Movimento de Urantia] por Clyde Bedell, março de 1981, página 18-19. [Ênfase do original].
139 HAVES AND HAVE NOTS por Mortimer J. Adler, Macmillan Publishing Company, Nova York, 1991, página 116-17.