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Realidades da Fé Viva
O Método da Religião do Espírito

Jaime Diaz

Sumário

Realidades da Fé viva
    1.1  Fé e crença
    1.2  Fé, lógica e razão
    1.3  Fé viva e religião do espírito
A vontade de Deus
Prece e adoração
Verdades para incentivar a consciência espiritual
Conclusão sobre a fé viva

1  Realidades da Fé viva

     Amados irmãos e irmãs, estudantes do Livro de Urântia, saudações afetuosas. Apresentaremos aqui uma seleção de textos sobre as realidades ou verdades da Fé viva religiosa, para compartilhá-la com todos vocês, com o propósito de motivar-nos espiritualmente para que essa fé surja em nós, ou cresça, se já a possuímos. A fé é, na realidade, o instrumento que Deus Pai nos dá para conhecer Ele na nossa vida interior, e assim conseguir a espiritualização iluminada da nossa alma e mente, para o alcance da sobrevivência.

     O conteúdo desta apresentação tem o propósito respeitoso de tentar impregnar as suas mentes, de melhor modo, com as realidades vivas da fé. A fé em Deus é indispensável para podermos contatar realmente Deus em nós próprios. É necessário nascer novamente para entrar de verdade no Reino de Deus, durante a nossa vida humana em Urântia.

1.1  Fé e crença

     Os Reveladores ensinam-nos que a aceitação de um ensinamento como verdadeiro não é fé; isso é crença. Que a crença atinge os níveis da apenas quando motiva e muda o nosso modo de viver, isto é, a nossa mente alcança os níveis da fé quando essa fé domina e modifica verdadeiramente a nossa forma de viver, levando-nos a fazer a vontade de Deus, dirigindo-nos à busca de Deus e ao encontro de Deus, à vida espiritual genuína e à retidão divina.

     A revelação nos diz que a fé e a crença são diferentes, pois a crença nos aprisiona e limita. No entanto, a fé libera-nos, expandindo-se e crescendo em nós. A fé religiosa viva é mais do que as crenças nobres da humanidade, é mais do que um sistema elevado de filosofia; na realidade, é uma experiência viva relacionada com os significados espirituais, os ideais divinos e os valores supremos; a fé viva é sabedora de Deus, ela nos conduz a conhecer Deus e servir os homens. As crenças podem pertencer a um grupo ou grupos de pessoas, mas a fé sempre deve ser PESSOAL. A fé surge e cresce unicamente no coração das pessoas que amam e procuram a Deus.

1.2  Fé, lógica e razão

     A FÉ é o MÉTODO da religião; a razão é o método da ciência; a lógica é a técnica com que a filosofia tenta lidar.

     O Deus filosófico da probabilidade transforma-se no Deus da certeza salvadora, graças à ação da fé viva na experiência religiosa pessoal daqueles que acreditam em Deus e o amam. A nossa razão humana sempre pode questionar a fé, mas a fé sempre pode suplementar tanto a razão quanto a lógica. É a razão humana que cria a probabilidade, a qual a fé viva pode transformar em uma certeza moral, e até mesmo em uma experiência espiritual real.

     O que o conhecimento e a razão não podem fazer por nós, permitamos que a nossa fé viva realize, por meio do discernimento religioso interior e da transformação espiritual da nossa mente e alma.

     É verdade que podemos alcançar uma convicção sobre Deus por meio de um sábio raciocínio, mas podemos tornar-nos conhecedores de Deus apenas pela fé viva, por meio da experiência pessoal. Ao contatarmos a realidade cósmica, podemos experienciar a certeza sobre Deus quando tais significados e valores divinos são abordados pela fé viva, os quais podemos perceber nos âmbitos mais interiores ou supramateriais da nossa experiência religiosa com Deus.

     O nosso sentimento de segurança religiosa é mais do que um sentimento emocional, pois transcende à razão da mente e à lógica da filosofia. A religião não é produto da razão, a religião não se deriva da lógica da filosofia humana. A religião do espírito, nos homens religiosos sinceros, é fé, confiança e segurança espiritual.

1.3  Fé viva e religião do espírito

     A fé é um atributo vivo da genuína experiência pessoal religiosa do crente.

     Vejamos o que Cristo Miguel-Jesus nos diz a respeito dessa fé: "E mesmo essa fé salvadora não a tendes por vós próprios; ela é também um presente (uma dádiva) de Deus. E, se sois filhos dessa fé viva, não mais sois escravos do vosso ego, mas antes, donos triunfantes de vós próprios, sois os filhos libertados de Deus." E disse Jesus, em outra ocasião: "Agora venho eu proclamar a fé, a dádiva de Deus, como o preço da entrada no reino do céu."

     Um Melquisedeque de Nébadon confirma-nos esta verdade: "A fé-discernimento, ou intuição espiritual, é a dotação da mente cósmica em associação com o Ajustador do Pensamento."

     A fé no espírito (a adoração) é a realidade do pensamento sossegado, silencioso ou contemplativo, o esquecer a si próprio que Jesus denomina suprapensamento, que é o momento em que a nossa mente transcende o pensamento durante a contemplação do espiritual, a contemplação do Pai pela fé. Isso constitui a religião da realidade da experiência espiritual.

     A verdadeira religião é discernimento interior da realidade divina, é filha de fé dentro da consciência moral, não é um assentimento intelectual dado a algum corpo de doutrinas dogmáticas.

     Embora a nossa experiência religiosa seja uma questão pessoal, individual e espiritual, essa experiência requer a manifestação de uma ATITUDE POSITIVA E VIVENCIAL DE FÉ para com Deus Pai, que é a realidade mais elevada do Universo-Mestre.

     Somente a confiança religiosa - a fé viva em Deus - pode nos sustentar em meio aos problemas de insegurança por viver ligados a esse mundo material.

     O nosso amado Mestre Jesus disse que ele tinha vindo para proclamar a liberdade espiritual, para ensinar a verdade eterna e dar alento à fé viva. Jesus sempre nos exorta a exercer a fé experiencial, a fé viva focalizada no nosso espírito divino, e a não depender do conformismo intelectual e da simples credulidade.

     A fé salvadora nasce, no nosso coração, quando a nossa consciência moral compreende que os valores humanos podem ser elevados, na nossa experiência religiosa humana, do material para o espiritual, do humano para o divino, do tempo para a eternidade.

     Jesus requer que surja uma mudança na nossa mente por meio da fé - o novo nascimento -, como preço para a admissão no reino de Deus. A fé é o único requisito para entrarmos no reino do Pai. A fé é a porta aberta para a entrada no amor presente, perfeito e eterno do Pai divino. Jesus disse certa vez: Quando vos tornais, pela fé viva, divinamente conscientes de Deus, então nasceis do espírito tal como filhos da luz e da vida eterna.

     Em outra ocasião, Jesus ensinou que, uma vez que nos tornarmos conscientes da segurança da presença divina interior, essa fé expandirá a nossa mente, enobrecerá a nossa alma, reforçará a nossa personalidade, aumentará a nossa felicidade, aprofundará a nossa percepção espiritual e realçará o nosso poder de amar e ser amados.

     A fé é o preço que devemos pagar para entrar na família de Deus Pai. Todas as almas amantes da verdade, que têm fome e sede de viver na retidão de Deus, são admitidas, pela sua fé, no reino espiritual.

     Um homem que já conhece Deus, triunfou sobre os vários obstáculos que se encontram no caminho de encontrar Deus, e apesar deles alcançou as terras altas da experiência espiritual religiosa, por meio da sua fé viva em Deus.

     A verdadeira religião, a nossa relação íntima com Deus Pai (o Ajustador), é uma experiência viva, uma fé religiosa dinâmica que não está sujeita a uma definição precisa. Se isolamos parte da vida e a chamamos de religião, então desintegramos a vida e distorcemos a religião. Por isso, o Deus da adoração pede-nos fidelidade total, ou nada.

     A fé religiosa está disponível tanto para os instruídos como para os ignorantes. A religião do espírito não depende de grande erudição, ou de uma lógica engenhosa, por que esta religião é discernimento espiritual interior que provém da comunhão real com Deus; e essa é a razão pela qual alguns dos maiores instrutores religiosos do mundo possuíam muito pouco da sabedoria do mundo.

     Por meio da fé espiritual genuína em Deus, a nossa alma revela-se e demonstra o potencial de divindade que está surgindo nela, induzindo-nos a reagir de forma positiva e persistente a diferentes situações intelectuais e sociais difíceis, por que essa fé produz uma sublime confiança na bondade de Deus, gera coragem e confiança perante as adversidades, apresenta equilíbrio e tranquilidade apesar das doenças, mantém equilíbrio e serenidade em face de maus-tratos e injustiça, contribui para a sobrevivência do altruísmo, a despeito do egoísmo humano, dos antagonismos sociais e dos desajustes políticos. Adere firmemente ao guiamento divino do Ajustador, apesar do mal e do pecado, e continua adorando a Deus a despeito de toda e qualquer coisa.

     Nosso Pai e Mestre Jesus exorta-nos a explorar as realidades da experiência religiosa espiritual, a conseguir a vitória da fé espiritual sobre as nossas dúvidas intelectuais, a não evitar as lutas espirituais e as incertezas mentais que acompanham as viagens ousadas da fé viva aos âmbitos inexplorados da Verdade, na busca das realidades espirituais que a nossa mente é capaz de descobrir e a nossa alma pode experimentar, na comunhão adoradora (oração-adoração).

     A religião do Espírito é a religião que, por meio da fé viva, faz o seu apelo principal, ou se dirige, ao espírito divino do nosso Pai Eterno, que reside na nossa mente humana. É uma religião que obtém a sua autoridade dos frutos espirituais que, muito certamente, aparecem na experiência viva e pessoal de todas as pessoas que se tornam crentes verdadeiros, sinceros, nessa comunhão espiritual mais elevada. Durante o desenvolvimento da nossa experiência religiosa espiritual de cada dia, devemos colocar a nossa atenção na presença espiritual divina do Pai que reside em nossa mente, na Centelha divina, dedicando um tempo à receptividade silenciosa que Jesus nos pede, para que o espírito do Pai fale à nossa alma.

     Cristo Miguel-Jesus nos convoca a entrar na luz transcendente de fazer a maior descoberta que é possível à alma humana realizar: a experiência superna de encontrar Deus para nós próprios, em nós próprios e por nós próprios, e de fazer tudo isso como um fato na nossa própria experiência religiosa espiritual pessoal. Assim alcançamos uma fé viva pessoal, por meio da nossa experiência real com o Pai Divino. Por meio disso, uma verdadeira religião do espírito é edificada na nossa alma, como um dote eterno.

     Jesus nos diz que a nossa religião não mais será uma mera crença intelectual, mas, antes, se tornará a experiência real da fé viva que é capaz de captar a realidade de Deus e tudo o que se relaciona ao espírito divino do Pai de Jesus e Pai nosso. Essa religião do espírito consiste na revelação progressiva de realidades divinas, de coisas de Deus, que nos permitirão alcançar realizações mais elevadas e mais santas, nos ideais espirituais e nas realidades eternas.

     O melhor modo de nos aproximar às zonas moronciais de contato com o nosso Ajustador divino é manter uma vida de constante fé viva em Deus Pai, adorando-o sinceramente, orando altruistamente de todo o coração, por que o triunfo da fé depende do nosso amor por nosso Pai divino, da nossa fome e sede de retidão pelas coisas divinas de Deus Pai. É verdade que, na medida que damos ao nosso Pai divino, nessa medida Ele nos dará.

     Jesus disse que "aqueles que tomarem o reino em poder espiritual e por meio dos assaltos perseverantes da fé viva, virão do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste. E que muitos que são os primeiros serão os últimos, e aqueles que são os últimos muitas vezes serão os primeiros".

     A fé viva em Deus sempre triunfa sobre a dúvida e alcança a certeza espiritual, pois a fé é positiva e viva. O positivo tem sempre vantagem sobre o negativo, a verdade sobre o erro, a experiência sobre a teoria, as realidades espirituais sobre os fatos isolados do tempo e do espaço. Os frutos sociais do espírito, os quais os crentes plenos de fé produzem como resultado da sua experiência espiritual genuína com Deus, são a evidência ou prova convincente dessa certeza espiritual. Disse Jesus que se amamos os nossos semelhantes como ele nos ama, então todos os homens saberão que somos seus discípulos. Para a religião do espírito, Deus é uma certeza, uma realidade da experiência religiosa pessoal de cada crente de fé.

     A religião do espírito consiste em experimentarmos Deus na nossa consciência moral evolucionária. Isso significa ter uma verdadeira experiência com as realidades eternas e divinas, que são: o Espírito do Pai, o Ajustador do Pensamento; o espírito do Filho, o Espírito da Verdade; o espírito do Espírito Criativo, o Espírito Santo, obtendo assim satisfações espirituais durante a nossa vida humana nesse mundo. Esse processo nunca é automático. Como crentes, devemos procurar Deus pela fé, na nossa intimidade espiritual por meio da técnica conjunta ensinada por Jesus: a oração e a adoração. Assim, a nossa experiência humana-divina será real.

     Os seres humanos têm capacidade igual para receber as bênçãos materiais, por isso o Pai divino concede-nos as coisas físicas sem discriminação. Porém, quando se trata de outorgar-nos as dádivas espirituais, o Pai está limitado pela nossa capacidade para receber esses dons divinos. Embora nosso Pai não faça acepção de pessoas, na outorga dos dons divinos Ele está limitado pela nossa fé e pela nossa disposição a agir sempre conforme a vontade do Pai. Por essas razões, Cristo Miguel-Jesus nos insta a realizar constantemente o exercício da fé experiencial, a fé viva em Deus, para ampliar a nossa capacidade espiritual e poder assim receber os dons divinos que estão sempre à nossa disposição. Procurando com constância a comunhão adoradora com Deus Pai, por meio da fé viva, ampliamos a capacidade de recepção espiritual da nossa alma para receber as bênçãos celestes. A nossa fé viva em Deus consegue para nós o favor divino e a sobrevivência eterna da alma.

     Jesus adverte-nos: se as nossas aspirações religiosas são unicamente materiais, o progresso da ciência pode privar-nos da nossa fé em Deus. Mas, se as nossas aspirações religiosas são verdadeiramente espirituais, o progresso da ciência física nunca perturbará a nossa fé nas realidades eternas e nos valores divinos. A fé viva em Deus fomenta em nós uma vitalidade espiritual crescente e uma retidão fecunda; desse modo, a cada dia que vivemos acharemos mais fácil fazer a coisa certa.

     Por meio do poder da presença da fé viva, e da guia e iluminação do Ajustador do Pensamento, conseguimos a libertação dos males que atraímos por ter vivido distantes de Deus. Por esse caminho, a nossa mente tornar-se nobre, bela, verdadeira e boa, enobrecendo-se e espiritualizando-se progressivamente a nossa alma. Isso e muito mais obtemos como seres que conhecem a Deus. Assim crescemos na graça de Deus e no conhecimento da verdade que o Pai nos pede.

     O Pai Universal exige que todos nós, seus filhos do tempo, cresçamos na graça e no conhecimento da verdade divina. Podemos alcançar essas realizações fazendo a vontade do Pai, aproximando-nos dele por meio da prece e da adoração de fé viva.

     Jesus nos diz: "Crescei na graça, por meio da fé viva que é capaz de compreender o fato de que sois filhos de Deus enquanto, ao mesmo tempo, reconhece cada homem como um irmão."

     "A entrada no Reino do Pai é totalmente livre, mas o progresso - o crescimento na graça - é essencial para permanecer nele."

     "Assegurai-vos de que a verdade esteja nas vossas vidas; e que diariamente ireis crescer em graça."

     "As transformações da graça se produzem em resposta à fé viva daqueles que são os seus beneficiários."

     Cristo Miguel-Jesus nos ensina que os seres humanos nunca poderão possuir a verdade sem o exercício da fé em Deus. Isso acontece porque os nossos pensamentos, sabedoria, ética e ideais nunca se elevarão mais alto do que a nossa fé, a nossa esperança sublime.

2  A vontade de Deus

     Para alcançar essas realidades divinas que o Pai Universal e Cristo Miguel-Jesus nos pedem devemos, por meio da fé viva, fazer a vontade de Deus, praticando durante a nossa vida a técnica da oração e da adoração, para alcançar nessa comunhão com Deus (o nosso espírito Ajustador) a recepção das bênçãos celestes que transformam a nossa alma e mente.

     NOTA: Amados irmãos e irmãs, A VONTADE DE DEUS é muito ampla na sua criação universal, tanto para as suas criaturas celestes quanto para nós, seus filhos mortais. Quanto a nós, a vontade de Deus requer darmos cumprimento a certas atividades espirituais para o nosso desenvolvimento e crescimento espiritual, para o alcance da sobrevivência eterna da alma; por exemplo, a vontade do nosso Pai divino é:

  1. Sermos perfeitos, assim como Ele é perfeito.
  2. Estarmos em comunhão pessoal com Ele.
  3. Nascermos do Espírito.
  4. Assemelharmo-nos a Ele.
  5. Voluntariamente reconhecer, amar e adorar ao Pai.
  6. Crescermos na graça e no conhecimento da Verdade divina.
  7. Produzirmos muitos frutos espirituais.
  8. Conhecermos a sua vontade divina.
  9. Enobrecer a nossa alma.
  10. Sermos cada vez mais capazes de sentir a sua presença divina.
  11. Obtermos discernimento espiritual.
  12. Amar ao próximo como a nós próprios.
  13. Servir de modo altruísta ao nosso próximo.
  14. Orar para obter uma revelação maior da sua vontade divina.

     Nessa apresentação, ao falar da vontade de Deus, referimo-nos ao fato de, voluntariamente, pela fé, reconhecer, amar e adorar a Deus Pai. Quando fazemos isso, vamos cumprindo, ao mesmo tempo, outros requerimentos espirituais, e isso acelera o nosso crescimento espiritual.

     Diz Jesus: "Embora este evangelho do reino nunca deixe de trazer uma grande paz à alma do indivíduo crente, ele não trará paz à Terra até que o homem esteja disposto a crer de todo o coração no meu ensinamento, e a estabelecer a prática de fazer a vontade do Pai como o propósito principal, ao viver a sua vida mortal". 1951.2

     Jesus nos ensina que devemos exercer a fé à nossa disposição para adquirir discernimento espiritual para a mente, orando constantemente para ter uma revelação mais plena da vontade do Pai. A grandeza espiritual consiste em um amor compreensivo, como é o amor de Deus, a todos nossos irmãos, e não no prazer de exercer o poder material para a exaltação do nosso ego. Jesus esclarece que não poderemos realizar uma obra espiritual em ausência de poder espiritual. E que não poderemos fazer nenhuma dessas duas coisas, ainda que o seu potencial esteja presente, sem a existência do terceiro fator humano essencial, a experiência pessoal da posse da fé viva.

3  Prece e adoração

     Contatamos a realidade de Deus por meio do caminho da prece e da adoração, que são inseparáveis. Uma prece genuína e sincera sempre nos conduzirá à verdadeira adoração ao Pai Divino.

     A prece, de fato, é parte da nossa experiência religiosa, mas tem sido erradamente enfatizada pelas religiões modernas, em grande parte pelo descuido da comunhão da adoração, que é mais essencial. É importante tomarmos consciência dessa verdade, por que por meio da adoração a Deus aprofundamos e ampliamos os poderes mentais que possuímos, como o discernimento espiritual e a escolha da verdade, poderes que nos tornam pessoas morais dotadas com responsabilidade espiritual e potencial de sobrevivência eterna. A prece pode enriquecer a nossa vida, mas a adoração ilumina o nosso destino espiritual e eterno.

     Devemos compreender que, quando os reveladores e Cristo Miguel-Jesus falam da prece, esta inclui a realização da adoração a Deus; desse modo, a prece está completa.

     Lembremos que a prece e a adoração são associadas, são companheiras. A prece sincera dirigida a Deus Pai nos conduz à comunhão da verdadeira adoração. A capacidade espiritual de receptividade da nossa alma determina a quantidade de bênçãos celestes de que podemos apropriar-nos pessoalmente, e compreender conscientemente, como resposta à nossa prece. Orando pedimos a Deus, adorando recebemos de Deus. Disse Jesus: "Pedi e vos será dado; buscai e encontrareis".

     Quanto mais comunguemos com o nosso Pai Celeste, maior será a capacidade de receptividade espiritual da nossa alma para receber as bênçãos espirituais de Deus Pai.

4  Verdades para incentivar a consciência espiritual

  1. Jesus ensinou que uma fé simples, como a de uma criança, é a chave da porta do Reino, e que, tendo entrado pela porta, há os degraus progressivos da retidão, que devemos ascender para crescer até a plena estatura dos robustos filhos de Deus. Também Maquiventa Melquisedeque, 1 973 anos antes de Jesus, introduziu o ensinamento do Deus único e de uma fé simples.
  2. A fé de Jesus atingiu a pureza da confiança de uma criança. No seu intelecto extraordinário, a fé de uma criança reinou suprema, nas questões relacionadas à consciência religiosa.
  3. Toda a vida do nosso Mestre Jesus esteve persistentemente condicionada por essa fé viva, por essa experiência religiosa sublime. Essa atitude espiritual dominou os seus pensamentos e os seus sentimentos, a sua crença e a sua oração, o seu ensinamento e a sua pregação.
  4. A fé viva de Jesus visualizava que todos os valores espirituais se encontravam no Reino de Deus (o Espírito). Por isso ele disse: "Buscai primeiro o reino de Deus". Jesus concebia que o reino incluía a vontade de Deus, por isso disse: "Que venha o teu reino; que seja feita a tua vontade".
  5. A fé viva de Jesus produziu os frutos transcendentais do espírito divino. O Pai celeste pede a nós que, como filhos da fé viva, produzamos muitos frutos do Espírito.
  6. A fé é para a religião o que as velas são para um barco: ela é um aumento do poder espiritual, não uma carga adicional da vida. A fé viva leva-nos às alturas divinas, até a real presença de Deus que reside em nossa mente.
  7. A nossa fé viva em Deus Pai atua para liberar as atividades supra-humanas da Centelha divina na nossa alma, o germe imortal que vive na nossa mente e que é o potencial da sobrevivência da nossa alma. A fé viva impregnada de amor verdadeiro a Deus Pai, consegue para a nossa alma a dádiva divina das bênçãos celestes que asseguram a nossa sobrevivência.
  8. Pela fé viva em Deus, podemos possuir todas as coisas essenciais para alcançar a salvação da nossa alma.
  9. Ver Deus - por meio da fé viva - significa adquirir verdadeiro discernimento espiritual. O discernimento espiritual aumenta a guia do nosso Ajustador divino, e a união do discernimento espiritual e da guia divina aumentam em nós a CONSCIÊNCIA DE DEUS. Desse modo, a nossa alma e mente se assemelham cada vez mais a Deus Pai.
  10. A fé viva em Deus vitaliza a nossa religião pessoal, por que nos compele a viver heroicamente a regra de ouro: amando o nosso próximo como a nós próprios.
  11. A única contribuição que podemos realizar para obter verdadeiro crescimento espiritual é mobilizar os poderes totais da nossa personalidade - A FÉ VIVA EM AÇÃO PERANTE DEUS. 1097.4
  12. Uma prece verdadeira de fé alcança as realidades divinas, porque a prece é uma técnica para progredirmos espiritualmente, por meio da utilização das correntes espirituais ascendentes do universo.
  13. Uma prece genuína sempre aumentará o nosso crescimento espiritual, pois modifica as nossas atitudes e produz em nós a grande satisfação que provém da comunhão com a nossa divindade (adoração). É uma irrupção espontânea da CONSCIÊNCIA DE DEUS em nós.
  14. Procuremos alcançar as condições para uma prece eficiente, possuindo vigor cósmico. Entreguemos todo desejo da nossa mente, e todo anelo da nossa alma, ao abraço transformador do crescimento espiritual. Escolhamos, de todo o coração, fazer a vontade divina de um modo dinâmico. Eliminemos o ponto morto da indecisão. Reconheçamos a vontade do Pai divino e cumpramo-la. Que a nossa prece seja dirigida exclusivamente a obter sabedoria divina para resolver os problemas encontrados na nossa ascensão ao Paraíso, para o alcance da perfeição divina. E tenhamos fé: FÉ VIVA, em Deus e em nós.
  15. Devemos ter fé viva em Deus, até o fim dos nossos dias em Urântia. Jesus nos diz que não esqueçamos que, sendo filhos de Deus pela fé viva, todo trabalho honesto do Reino é sagrado. Nada que um filho de Deus pela fé fizer, pode ser comum.
  16. Jesus ensina que a prece (a qual inclui a adoração) é um fator na expansão da capacidade da nossa alma para receber a presença do Espírito Divino, isto é, receber as bênçãos celestes do Pai na nossa alma. Jesus nos pede uma devoção consagrada, orar em espírito e em verdade, ou seja, orar ao Pai divino com toda a sinceridade e de acordo com o próprio esclarecimento, orar de todo o coração, com toda honestidade, seriedade e constância, e que não negligenciemos a nossa adoração diária. Lembro aos meus irmãos de fé que Jesus nos ensina também por meio do que ele ensinou aos seus apóstolos.
  17. Os seres intermediários dizem-nos que a prece, muito frequentemente, cava canais mais amplos e mais profundos pelos quais as dádivas divinas podem fluir até os corações e as almas dos crentes que se lembram de manter uma comunhão ininterrupta com o seu Pai Criador, por meio da prece sincera e da adoração verdadeira. Essas palavras transmitem-nos a importância de, como crentes no evangelho de Jesus, fazer a vontade do Pai, realizando a nossa oração-adoração de forma permanente durante a nossa vida, honrando e glorificando o Pai Divino que mora em nós. Isso é em verdade praticar a fé viva, fazendo-a crescer.
    A comunhão ininterrupta não significa passar o dia inteiro orando, mas sim dispor de um tempo a cada dia para orar e adorar o nosso Senhor, para reconhecê-lo, honrá-lo, glorificá-lo e comungar com Ele, entregando-lhe o nosso amor e gratidão com devoção, esperando dele o alimento divino para o crescimento espiritual da nossa alma.
  18. Diz Jesus: Não podeis permanecer passivos nos assuntos do reino eterno. Uma alma estagnada é uma alma moribunda. E não pode existir sem o pensamento moral e a atividade espiritual.

     O fato de a fé estar envolvida apenas com a posse de valores ideais e divinos, é demonstrado pela definição do Novo Testamento, a qual declara que a fé é a substância das coisas que se esperam, e a evidência das coisas que não se veem.

5  Conclusão sobre a fé viva

     Finalmente, podemos concluir que a Fé Viva:

  1. É o método da religião do espírito.
  2. Suplementa à razão e à lógica da filosofia.
  3. É discernimento religioso espiritual interior.
  4. É o fator que nos permite nascer do espírito, o segundo nascimento.
  5. É um atributo vivo da experiência religiosa espiritual e pessoal.
  6. É liberadora, se expande e cresce em nós.
  7. É pessoal.
  8. É um dom ou presente de Deus.
  9. Nos conduz à contemplação espiritual do Pai divino.
  10. É um sustento espiritual em face dos problemas de incerteza do mundo material.
  11. Nos introduz no reino de Deus, durante a vida humana.
  12. Nos leva, com toda a certeza, a experimentar e conhecer Deus na alma.
  13. Nos dá acesso aos significados e aos valores divinos supremos.
  14. Nos induz a orar e adorar a Deus, com devoção suprema.
  15. Nos leva à comunhão com a divindade, com Deus Pai.
  16. Nos leva a descobrir as realidades espirituais e a experimentá-las na alma.
  17. Facilita a revelação progressiva das verdades divinas.
  18. Triunfa sobre as dúvidas intelectuais e proporciona certezas espirituais reais.
  19. Nos ajuda a obter vitalidade espiritual e retidão divina.
  20. Nos ajuda a fortalecer e enobrecer a alma.
  21. Nos abre o caminho para crescer na graça e no conhecimento da verdade.
  22. Nos ajuda a compreender realmente que somos filhos de Deus.
  23. Nos leva a viver na verdade divina.
  24. Nos possibilita obter poder espiritual e fazer obra espiritual
  25. Nos ajuda a aumentar a capacidade de recepção espiritual da alma.
  26. Possibilita a produção dos frutos do espírito.
  27. Age para que o espírito divino efunda os seus dons divinos na nossa alma.
  28. Nos ajuda a obter as coisas essenciais para a salvação da nossa alma.
  29. Nos ajuda a adquirir verdadeiro discernimento da realidade espiritual.
  30. Nos conduz a viver a regra de ouro com alegria.
  31. Nos ajuda a aumentar a CONSCIÊNCIA DE DEUS em nós.
  32. Nos ajuda a tornar-nos oradores eficazes.
  33. Nos ajuda muito a fazer a vontade de Deus, alcançando várias realizações espirituais.

     Os crentes que, pela fé viva, decidem fazer a vontade de Deus na sua vida humana, (oração-adoração), confirmam tudo o exposto aqui, e descobrem por si próprios muitas outras coisas, reservadas para eles pelo Pai Divino, coisas que Deus Pai prepara para os filhos que o amam e procuram de todo o coração.

     Muito amados irmãos e irmãs, agradeço a amável atenção dispensada a esta apresentação relativa às realidades da Fé Viva, ao Método da Religião e à Religião do Espírito. Espero que estes conceitos espirituais sejam úteis a todos os que amam a Deus e têm fome e sede das verdades do Pai divino. Desejo de todo o coração que todos nós sejamos levados a descobrir Deus Pai na nossa experiência religiosa pessoal, obtendo a certeza real da sua presença na nossa própria alma, desfrutando do prazer inexprimível que essa experiência espiritual produz na nossa alma e mente, vivificando a nossa fé para alcançar maiores consecuções espirituais, guiados pelo nosso Ajustador divino, que é Deus Pai em nós.

     Recebam todos um caloroso abraço fraterno do seu irmão Jaime.

FONTE: O Livro de Urântia. www.urantia.org/pt