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Capítulo 12
Como Prevenir o Câncer


A Revolução Antienvelhecimento
Um Programa Radical de Rejuvenescimento
Evite Doenças Cardiovasculares
Aumente a Sua Energia a Cada Ano
Melhore Sua Capacidade Mental

Timothy J. Smith, M.D.
12  Como Prevenir o Câncer
    12.1  O Câncer Não É Inevitável
    12.2  Os Fatos, Nus e Crus
    12.3  Avaliando seu risco de câncer
    12.4  Mudando o Foco
    12.5  Como o Câncer Surge
    12.6  Radicais Químicos Livres Passeiam Livremente
    12.7  Seu Arsenal Contra o Câncer
        12.7.1  Defesas Antioxidantes
        12.7.2  Enzimas que Reparam o DNA
        12.7.3  Vigilância Imunológica
    12.8  Impedindo o Câncer antes que Ele Comece
    12.9  A Conexão entre Dieta e Câncer
    12.10  Culinária Cancerígena
    12.11  Esqueça as gorduras
        12.11.1  Frituras
        12.11.2  Carnes
        12.11.3  Laticínios
        12.11.4  Ovos
        12.11.5  Óleos de cozinha
        12.11.6  Molhos de salada
        12.11.7  Nozes e manteiga de nozes
        12.11.8  Salgadinhos
    12.12  Sua Mais Alta Prioridade: Reduzir a Gordura da Dieta
        12.12.1  A gordura gera radicais químicos livres
        12.12.2  A gordura depaupera os nutrientes antioxidantes
        12.12.3  A gordura eleva os níveis hormonais
        12.12.4  A gordura estimula a produção de bile
        12.12.5  Excesso de gordura é excesso de peso
        12.12.6  Diretrizes para combater a gordura
    12.13  O Bumerangue do Bioacúmulo
    12.14  Subtraindo Aditivos
    12.15  O Fungo que Vive entre Nós
    12.16  Cozinhando os Carcinógenos
    12.17  Outros Alimentos Prejudiciais
        12.17.1  Bebidas alcoólicas
        12.17.2  Bebidas cafeinadas
        12.17.3  Peixe
        12.17.4  Cogumelos
        12.17.5  Batatas
        12.17.6  Carnes processadas
        12.17.7  Refrigerantes
        12.17.8  Açúcar
    12.18  Um Futuro sem o Câncer
    12.19  Bibliografia do Capítulo 12

     Durante muito tempo, gastamos uma
fortuna pesquisando possíveis curas
para o câncer. Recorremos às mentes
de alguns de nossos melhores pesquisadores
para refletir sobre esses problemas
e simplesmente não adiantou nada.

     - JOHN BAILAR, PH.D., EX EDITOR-CHEFE DO JOURNAL OF THE NATIONAL CANCER INSTITUTE DOS EUA

     Tive dificuldade para escrever este capítulo. Sucessivos rascunhos pareciam sem vida. Eu sabia que alguma coisa estava errada, mas o quê?

     Foi então que descobri: meu pai, a quem sempre fui muito apegado, morreu de câncer pulmonar em 1977. Ainda sinto o profundo sentimento de perda - tanto que escrever sobre a doença que desestruturou minha família foi quase impossível.

     Sinto muito a falta de meu pai. Se ele não fosse vítima do câncer, ainda teríamos convivido muitos anos. Sei que ele concordaria em que, se as informações aqui apresentadas puderem ajudar pelo menos uma pessoa a evitar o câncer, o esforço terá valido a pena. Dedico a ele este capítulo.

     Nas páginas que se seguem, você saberá quais são as causas do câncer e por quê. Ao longo do capítulo, aprenderá o que deve fazer para se proteger dessa doença insidiosa.

     Parte do que você está prestes a ler talvez pareça monótona e desestimulante. Mas quero apresentar todos os fatos. A informação é a melhor arma contra o câncer - uma guerra que você pode vencer.

12.1  O Câncer Não É Inevitável

     Se você, assim como Benjamin Franklin, acredita que, tal como a morte e os impostos, o câncer é inevitável, saiba que não é o único. Isso simplesmente não é verdade.

     Quando o assunto é câncer, as pobres almas frustradas costumam dizer: "Tudo provoca câncer - a água que bebemos, a comida que comemos, o ar que respiramos. Por que devo abandonar as coisa boas da vida quando os especialistas não conseguem chegar a um acordo quanto ao que provoca e ao que não provoca câncer?"

     Eu costumava ficar muito irritado quando ouvia as pessoas dizerem esse tipo de coisa. Dizia a mim mesmo que elas deviam ser pessoas mal informadas ou que estavam tentando racionalizar seus próprios comportamentos autodestrutivos (por exemplo, "Tudo provoca câncer; portanto, tudo bem se eu pedir um cheeseburger com bacon.") Já me dediquei a longos discursos sobre como as coisas não funcionam para, em seguida, iniciar minha ladainha sobre o que realmente provoca e não provoca câncer. (Agora basta entregar a essas pessoas um exemplar deste livro.)

     Um outro argumento que ouço com frequência é mais ou menos assim: "Li sobre o componente genético do câncer e sei que tenho esses genes. Minha mãe, meu pai e meu avô morreram de câncer. Portanto, se eu tenho uma predisposição genética para a doença, por que devo me sacrificar e mudar meu estilo de vida?"

     Essas perguntas são razoáveis. É verdade, não podemos mudar nossa composição genética. Mas a hereditariedade não é tudo. O estilo de vida de cada um determina a manifestação ou não dos genes do câncer. Portanto, mesmo que o câncer "faça parte da família", a prevenção funciona. Você controla o resultado. Na verdade, uma atitude fatalista pode ser fatal, pois convence você a não tomar as devidas precauções.

     Confie em mim quando digo que quase todos os cânceres podem ser evitados. Por isso é tão importante conhecer as causas da doença e como preveni-las.

12.2  Os Fatos, Nus e Crus

     O mundo enfrenta uma epidemia de câncer. Nos Estados Unidos, um em cada três norte-americanos desenvolverá a doença. Um número impressionante de 1,2 milhão de casos de câncer é diagnosticado anualmente no país - e o número está crescendo, em vez de diminuir. Dessas pessoas, seis em dez morrerão em cinco anos. Uma de cada quatro mortes - cerca de 500 mil anualmente - pode ser atribuída ao câncer, e esse número está crescendo.

     Agora as boas notícias: Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos estima que 80% de todos os casos de câncer podem ser prevenidos. O mesmo percentual de casos está associado ao estilo de vida e/ou a fatores ambientais, segundo Margaret Heckler, ex-secretária de Saúde e Serviços Humanos norte-americana. As causas mais importantes de câncer podem ser controladas. Você pode reduzir voluntariamente seu risco de câncer de 35 para 5%; basta mudar seu estilo de vida.

     Em 1980, o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos patrocinou o Conselho Nacional de Pesquisa que pesquisou a relação entre dieta e câncer. A lista de participantes da mesa-redonda, todos membros da Academia Nacional de Ciências, é como um "quem é quem" da nutrição. O relatório gerado, Dieta, Nutrição e Câncer, afirma: "Os indícios analisados pelo comitê sugerem que os tipos de câncer que acometem os principais órgãos são influenciados por padrões 'alimentares." Nos anos subsequentes à divulgação do relatório, novos resultados surgiram e a conexão entre câncer e dieta tornou-se ainda mais forte.

     A alimentação provoca mais câncer do que qualquer outro fator de risco isolado, incluindo o cigarro. Excluindo-se os cânceres associados ao fumo, a dieta está relacionada a mais de 50% dos casos restantes de câncer. Excluindo-se os outros fatores de risco conhecidos - exposição excessiva ao sol, consumo de álcool, exposição profissional, poluição ambiental, infecção viral, medicamentos e procedimentos médicos - a dieta está associada a pelo menos 70% dos casos de câncer restantes.

12.3  Avaliando seu risco de câncer

     Os cientistas identificaram alguns fatores como causas potenciais ou fatores que podem contribuir para o câncer. Alguns não podem ser controlados, mas muitos podem. Esses são os itens-chave para a prevenção.

     Fatores Associados ao Estilo de Vida

     Fatores Associados à Saúde

     Fatores Associados à Alimentação

     Fatores Ambientais

12.4  Mudando o Foco

     Até o ano 2000, o câncer reinará como principal causa de morte nos Estados Unidos. Considerando-se as grandes somas gastas em pesquisas durante os últimos 25 anos, não vimos grande melhora nos índices de cura. Segundo Dr. John Bailar, Ph.D., pesquisador do Instituto Nacional do Câncer e ex-editor-chefe do Journal of the National Cancer Institute, "na verdade, o grau de melhora nas taxas de mortalidade gerais para os cânceres comuns que acometem os adultos é muito desanimador".

     Estamos perdendo a guerra contra o câncer porque estamos lutando no campo de batalha errado. Precisamos redirecionar nossa linha de frente para a prevenção. E isso exige educação da população.

     Infelizmente, a organização das pesquisas médicas e os órgãos de financiamento do governo são muito mais atraídos pelos novos medicamentos e pelas aventuras terapêuticas de alta tecnologia do que pelo ensino de estilos de vida preventivos. Por uma série de razões políticas e econômicas negativas, os esforços financiados pelo governo preferiram enfatizar a detecção precoce e o tratamento agressivo, em vez da verdadeira cura proporcionada pela prevenção. A indústria de alimentos não quer parar de colocar alimentos de origem animal, carregados de gordura, na mesa dos norte-americanos. A indústria química tem medo de perder os lucros que obtém com a venda de pesticidas e conservantes. A indústria farmacêutica faz um alvoroço a cada nova arma quimioterapêutica mais potente.

     O governo não rejeitará as influências poderosas e impulsionadas pelo dinheiro da indústria enquanto a população esclarecida e bem informada não enviar mensagens claras de que está tudo perdido. Enquanto isso, não haverá educação em massa sobre estilos de vida preventivos. E vai se gastar cada vez mais tempo, enquanto o câncer, esse inimigo terrível, continua a avançar.

     Evidentemente, quando o câncer dá o bote, a detecção precoce é absolutamente fundamental. As melhores técnicas de diagnóstico como mamografias, Papanicolaou e pesquisa de antígenos específicos da próstata, sigmoidoscopia (para o câncer de colo) e ressonância magnética conseguem identificar tumores muito antes que eles tenham a chance de crescer e se disseminar.

     Quanto a tratamento, medicamentos, radiação e cirurgia - a despeito de seu grande valor -, esses nunca passarão de expedientes paliativos, adotados quando já é tarde demais. Lembre-se: menos de metade dos pacientes que recebem o diagnóstico de câncer sobrevivem cinco anos.

     A prevenção é a solução definitiva para o quebra-cabeça do câncer. Nenhum regime de quimioterapia ou programa de pesquisa podem salvar tantas vidas quanto algumas mudanças simples na alimentação e no estilo de vida.

12.5  Como o Câncer Surge

     O câncer é um grupo de doenças que se caracterizam por um crescimento incontrolável de células anormais. Resulta do colapso imunológico maciço e é a doença degenerativa máxima. Se não for controlado, pode matar.

     O câncer começa quando uma célula saudável - cuidando de sua vida, executando suas tarefas normais - encontra uma dessas moléculas renegadas chamadas radicais químicos livres. O radical livre literalmente ataca e danifica o DNA da célula, iniciando a transformação da célula em uma célula neoplásica (formadora de tumor). O intruso carcinógeno literalmente reprograma o DNA da célula. Se o DNA não for prontamente corrigido, a célula jamais será a mesma.

     As células do câncer desobedecem às regras que regem as células normais. Por exemplo, as células normais são programadas para morrer no momento certo, em consequência de um processo chamado apoptose, que é necessário para abrir espaço para outras células. As células do câncer têm a audácia de se recusar a morrer. Tornam-se imortais, sobrevivendo enquanto seu hospedeiro sobrevive. E tornam-se glutonas, apossando-se de mais do que sua porção normal de comida, água e oxigênio.

     As células cancerígenas ignoram um outro ditado popular: a lei biológica universal da inibição por contato. Trata-se de uma proteção da natureza contra a falta de limites. As células normais param de se dividir quando se chocam com as células vizinhas. As células cancerígenas não respeitam essa lei nem qualquer outra. Empurram as células vizinhas e continuam crescendo.

     Mesmo assim, o câncer não acontece da noite para o dia. O câncer é um processo de várias etapas, compreendendo iniciação, promoção e progressão. Resultado cumulativo de múltiplas exposições aos carcinógenos, o câncer leva, em média, de uma a quatro décadas para se desenvolver.

     Quando começa a ser detectado clinicamente, um tumor já percorreu cerca de 75% do caminho para se tornar um tumor letal. Já passou por pelo menos trinta duplicações, contém cerca de um bilhão de células, pesa cerca de um grama e ocupa um volume de aproximadamente um centímetro cúbico. Se já não gerou metástase, o risco é alto. Bastam mais dez duplicações para produzir um tumor claramente letal de um trilhão de células, um quilo de peso e mil centímetros cúbicos.

12.6  Radicais Químicos Livres Passeiam Livremente

     As células cancerígenas estão sendo continuamente criadas e (felizmente) destruídas em nosso organismo. A combinação de estresse oxidativo prolongado - ou seja, muitos radicais químicos livres e volume insuficiente de oxidantes - e falha nos mecanismos de proteção e reparo cria um ambiente interno que permite que as células cancerígenas proliferem a ponto de gerarem uma massa detectável. Quando é descoberto, o câncer já enfrentou e venceu vários níveis de proteção.

     Exames podem determinar se os seus radicais químicos livres estão vencendo seus antioxidantes, tornando você vulnerável ao câncer (e a outras doenças degenerativas). Sempre peço um painel de estresse oxidativo e um perfil de antioxidantes para os pacientes com alto risco de câncer (ver "Avaliando Seu Risco de Câncer" no parágrafo 12.3) ou pacientes com diagnóstico de câncer, independentemente de estarem em fase de tratamento ou remissão.

     O painel de estresse oxidativo fornece três medidas da atividade dos radicais químicos livres. A primeira é o nível de radicais hidroxila, um dos radicais livres mais prejudiciais. A segunda é o nível de gorduras oxidadas (ou peróxidos lipídicos séricos, cientificamente falando). Os radicais livres oxidam gorduras; portanto, quanto maior o volume de gorduras oxidadas, mais intensa a atividade dos radicais livres. A terceira é o nível de glutationa, a principal membrana que protege os antioxidantes. Se os níveis de radicais hidroxila e de gorduras oxidadas estão altos e o nível de glutationa está baixo, sei que, em termos de oxidação, o paciente está em apuros.

     O perfil de antioxidantes avalia os níveis dos principais antioxidantes protetores, incluindo a vitamina A, a vitamina C e a vitamina E (alfa- e gama-tocoferol), a coenzima Q10 a alfacaroteno, o betacaroteno e o licopeno. Esse exame identifica a localização bioquímica precisa das falhas no arsenal antioxidante do paciente. Por exemplo, os resultados de um paciente podem indicar níveis de vitamina C, vitamina E e betacaroteno adequados, mas deficiência de vitamina A, de coenzima Q10 e de alfacaroteno. Isso me indica onde os três radicais estão escapando dos defensores antioxidantes e provocando a doença. Em seguida, elaboro um programa de suplementos para repor os nutrientes deficientes. Os exames de acompanhamento depois de um ou dois meses determinam se os níveis voltaram às faixas normais. (Esse tipo de exame também pode ser usado por quem está interessado na melhor nutrição para reduzir o risco de doença degenerativa ou envelhecimento.)

12.7  Seu Arsenal Contra o Câncer

     Seus sistemas orgânicos de proteção contra o câncer funcionam de duas maneiras diferentes: ajudam a impedir que as células cancerígenas renegadas se formem e eliminam as células que escapam das defesas da linha de frente. Na verdade, seus sistemas de proteção contra o câncer são um obstáculo que seu organismo coloca no caminho de uma célula cancerígena. Esses sistemas incluem defesas antioxidantes, enzimas que reparam o DNA e a vigilância imunológica. Vamos analisar brevemente os três mecanismos.

12.7.1  Defesas Antioxidantes

     Já discutimos os sistemas de defesa antioxidante - os nutrientes, as enzimas e as células imunológicas que protegem você contra os radicais químicos livres. As células mutantes (pré-cancerosas) são criadas quando o DNA das células é submetido a intenso estresse oxidativo. Entretanto, não basta uma exposição a frango frito ou resíduos de pesticidas para provocar câncer. Ao contrário, é a exposição prolongada do nosso DNA, dia após dia, durante um longo espaço de tempo.

     Manter nossas defesas fortalecidas significa consumir muitos antioxidantes e fitoquímicos, componentes anticancerígenos derivados das plantas. Uma deficiência pode ser causada pelo consumo insuficiente ou pela perda muito rápida desses nutrientes. Em ambos os casos, quando seus sistemas de defesa antioxidante são comprometidos, perdem a capacidade de conter o crescimento das células cancerígenas.

12.7.2  Enzimas que Reparam o DNA

     Mesmo quando é danificado, o DNA pode ser reparado. No Capítulo 3, expliquei que a Renovação depende das enzimas que reparam o DNA, que recuperam a saúde das moléculas de DNA danificadas pelo ataque dos radicais químicos livres. Cada molécula de DNA em cada uma dos seus 100 trilhões de células sofre esse dano diariamente com uma frequência fantástica: cerca de 10 mil ataques diários de radicais livres. A maioria dessas lesões, embora nem todas elas, é corrigida pelas enzimas que reparam o DNA. Entretanto, se essas enzimas forem danificadas pelo excesso de radicais químicos livres, não poderão executar seu trabalho com eficiência. Portanto, enzimas de reparo danificadas podem aumentar a vulnerabilidade ao câncer.

     Se o DNA for reparado antes que a célula afetada se divida, o DNA transmitido às células filhas será normal e a saúde da linhagem de células é preservada. Mas se uma célula contendo DNA danificado se duplica antes de as enzimas repararem o dano, as células filhas conterão o código genético alterado como uma mutação, iniciando uma linhagem de células mutantes.

     De certo modo, os sistemas de cura do nosso organismo têm total consciência do desastre que poderia resultar da transmissão de uma mutação genética. Assim, temos proteínas especiais que são programadas para impedir que as células com DNA danificado se dividam. Esses guardas de tráfego molecular impedem temporariamente a divisão, enviando uma mensagem para uma célula danificada para que ela suspenda a divisão, até que o DNA seja reparado (é como quando alguém diz para você não ir trabalhar enquanto não estiver se sentindo bem) ou para que se auto destrua. Na verdade, esses mensageiros protéicos especiais dão à célula comprometida um intervalo para que as enzimas que reparam o DNA possam fazer o seu trabalho.

12.7.3  Vigilância Imunológica

     Acima de tudo, o câncer - independentemente de local ou tipo - é uma doença na qual o sistema imunológico falha sob o peso do excesso de radicais químicos livres. Para que o câncer se inicie e continue crescendo, é preciso vencer os exércitos de nossas defesas imunológicas.

     O sistema imunológico é a nossa primeira e última defesa contra o câncer. Como nosso principal defensor contra o câncer em nossas células, desempenha vários papéis. Acompanha, identifica e destrói os radicais químicos livres carcinógenos antes que eles possam alterar o DNA. Também protege os "seguranças" do DNA, as enzimas que reparam o DNA. E protege suas próprias células do ataque dos radicais livres. É exatamente isso que ele deve fazer antes que as células do câncer apareçam.

     A expulsão dos radicais químicos livres e os mecanismos de reparo do DNA não são perfeitos; assim, as células de câncer se formam quase que continuamente. Seu sistema imunológico está programado para localizá-las e destruí-las e dispõe de uma variedade de armas para conseguir isso. Os linfócitos B fabricam anticorpos específicos para os tumores, que atacam e destroem as células do câncer. Vários tipos de linfócitos T (células assassinas naturais, linfócitos citotóxicos e outros) são programados para matar as células do tumor. Os linfócitos também fabricam substâncias químicas antitumor chamadas citosinas, inclusive o interferon, a interleucina e o fator de necrose do tumor.

     Dado o variado arsenal à disposição do nosso organismo, o fato de o câncer persistir apesar de tudo isso é impressionante. As pessoas com resposta imunológica danificada, independentemente da causa, são mais suscetíveis ao câncer porque seus arsenais estão comprometidos. Manter a saúde imunológica é tão crucial para a prevenção do câncer e a longevidade que, ao longo deste livro, enfatizo a importância de minimizar a exposição a fatores supressores da resposta imunológica, como uma alimentação rica em gordura, pesticidas e outros produtos químicos tóxicos, poluidores do ar e da água, radiação, hormônios sintéticos, antibióticos e drogas supressoras do sistema imunológico (a prednisona é uma delas). Se você proteger seu sistema imunológico, ele o protegerá.

12.8  Impedindo o Câncer antes que Ele Comece

     O termo displasia aplica-se a qualquer crescimento pré-canceroso que venceu todos os mecanismos de defesa e proteção descritos anteriormente e proliferou o suficiente para ser detectado. Displasia é um grupo de células pré-cancerosas que pode ser visto pelo patologista em uma biópsia, mas não invadiu tecidos locais nem provocou metástase para um local distante. Nesse estágio de desenvolvimento, a mudança do ambiente interno (com dieta e suplementos), em geral, pode proporcionar a força de que o sistema imunológico precisa para reverter essa condição.

     A experiência de uma de minhas pacientes, Alice Dobson, ilustra perfeitamente esse ponto. Alice, uma terapeuta de famílias, telefonou-me contando que um exame Papanicolaou de rotina feito pelo seu ginecologista revelara uma displasia do colo do útero - em geral, um precursor de câncer do colo do útero. Perguntou-me o que deveria fazer. Respondi-lhe que muitos estudos haviam mostrado que a nutrição poderia reverter um alto percentual de displasias do colo do útero. Ela resolveu tentar.

     Comecei administrando doses moderadas de vitamina A, complexo B (inclusive ácido fólico), ácidos graxos essenciais, aminoácidos, betacaroteno, fitoquímicos e outros antioxidantes. Ela eliminou todos os carcinógenos da alimentação, inclusive o frango, o peixe e o queijo que consumia diariamente. Adotou uma dieta vegetariana orgânica pobre em gordura, livre de aditivos, enfatizando alimentos que protegem contra o câncer (que apresentarei no próximo capítulo). Insisti para que abandonasse o açúcar e o álcool e, após certa resistência, ela concordou.

     Depois de quatro meses nesse programa, o Papanicolaou de acompanhamento de Alice deu negativo. Com o estímulo do sistema imunológico e os antioxidantes adicionais, a Renovação revertera o câncer incipiente. Alice ficou exultante, e eu também. Contendo meu entusiasmo, alertei para que não voltasse à dieta anterior agora que o susto havia passado.

12.9  A Conexão entre Dieta e Câncer

     Existem três associações fundamentais entre a alimentação e o câncer. Primeiro, muitos alimentos e produtos alimentares contêm carcinógenos. Alguns, como as gorduras e as aflatoxinas (produzidas pelo mofo que cresce em certas colheitas), existem naturalmente. Outros, como os óleos hidrogenados, os pesticidas e os pigmentos, são adicionados. Outros, ainda, são gerados quando se preparam os alimentos, por exemplo, dourando-os ou queimando-os. A boa notícia é que é possível e fácil evitar esses carcinógenos associados aos alimentos. Basta saber quais são e onde se encontram.

     Segundo, determinados alimentos estão repletos de substâncias que combatem o câncer. Portanto, alimentos específicos e adequadamente preparados podem ajudar a prevenir o câncer.

     Terceiro, a dieta padrão norte-americana é deficiente em nutrientes que protegem contra o câncer. Mas, quando administrados como suplementos, eles reduzem o risco de câncer.

     Essas informações nos levam a três poderosas opções de prevenção:

     O restante deste capítulo focaliza a primeira dessas estratégias contra o câncer. As outras duas serão abordadas no Capítulo 13.

12.10  Culinária Cancerígena

     A trágica ironia é que os alimentos de que mais gostamos são justamente os que têm menos probabilidade de melhorar nossa saúde. Essa linha de pensamento, temperada com uma pitada de cinismo, levanta a seguinte questão: que tipo de dieta uma pessoa adotaria se estivesse tentando provocar câncer? (Ao prosseguir na leitura, observe a semelhança entre essa dieta e a dieta padrão norte-americana.)

     Essa pessoa - vamos chamá-la de Norma - consumiria alimentos fritos, assados, tostados e defumados como filés, costeletas, hambúrgueres, carne de porco, frango frito, salsicha, bacon, batata frita, ovos e torradas. Devoraria indiscriminadamente outros alimentos ricos em gorduras como queijo, manteiga, molhos de salada e óleos. Em vez de comer grãos não-processados, feijões, hortaliças e frutas frescos, ela se afastaria o máximo possível desses alimentos vitais. Eles seriam relegados ao papel secundário de acompanhamentos, enquanto o papel principal seria desempenhado por laticínios e por comida de lanchonete.

     A dieta causadora de câncer de Norma é processada, preservada e repleta de pesticidas. Contém alimentos cultivados pelos métodos convencionais, em vez de alimentos cultivados orgânicamente, sem produtos químicos. É deficiente em fibra, que protege contra o câncer. Inclui cachorroquente, salsicha, frios e outras carnes processadas e carregadas de nitratos. Além disso tudo, Norma consome copiosas quantidades de álcool, café e refrigerantes.

     Obviamente, essa dieta fatal é pobre em nutrientes que protegem contra o câncer, nas vitaminas, nos minerais, nos ácidos graxos essenciais, nos fitonutrientes e nas fibras necessários para impedir o câncer. É claro que Norma nem pensaria na possibilidade de tomar suplementos.

12.11  Esqueça as gorduras

     Na luta contra o câncer, a estratégia mais inteligente é reduzir a ingestão de gorduras. A gordura na dieta está associada a mais casos de câncer do que o cigarro. Para emagrecer sua dieta, fique longe dos seguintes alimentos:

12.11.1  Frituras

     Fritura e gordura são uma combinação tóxica. Juntas, elas geram uma cascata de radicais químicos livres. Elimine as frituras, da simples batata frita ao exótico falafel.

12.11.2  Carnes

     Como todos os alimentos de origem animal, as carnes têm alto teor de gordura. As mulheres que comem carne diariamente têm quatro vezes mais câncer de mama do que as que comem carne menos de uma vez por semana. E os homens que consomem carne ou qualquer outro alimento de origem animal diariamente são 3,6 vezes mais propensos ao câncer de próstata fatal do que os que consomem esses alimentos moderadamente ou não os consomem. Elimine todas as carnes da sua dieta, inclusive bacon, frango, pato, presunto, hambúrguer, carneiro, porco, carnes processadas, salames, salsicha, filé, peru e vitela.

12.11.3  Laticínios

     Eles são de origem animal; portanto, estão repletos de gorduras, de pesticidas e de outras toxinas. Nessa lista incluem-se todos os tipos de manteiga, queijo e iogurte, inclusive os que se dizem com baixo teor de gordura ou os que não contêm gordura.

     Elimine também os substitutos da manteiga. A margarina e outras misturas parcialmente hidrogenadas contêm grandes quantidades de gorduras do tipo trans ou "gorduras feias".

12.11.4  Ovos

     Além de conter um alto teor de gordura saturada, também contêm colesterol.

12.11.5  Óleos de cozinha

     Use a menor quantidade possível. Para o fogão, azeite de oliva e óleo de soja toleram melhor as altas temperaturas. Para o forno, azeite de oliva, óleo de soja e óleo de nozes são opções melhores.

12.11.6  Molhos de salada

     Os molhos padrões, inclusive as variedades light, costumam ter alto teor de gordura. Existem atualmente vários molhos gostosos e sem gordura. Melhor ainda, faça seu próprio molho. Comece com vinagre (eu gosto do balsâmico ou dos vinagres gourmet) ou suco de limão, ervas e temperos. Para acentuar o sabor (e acrescentar ácidos graxos essenciais anticâncer), adicione óleo de linhaça, de soja ou de nozes. Para fazer um molho cremoso, use iogurte de soja ou tofu misturado em um processador de alimentos.

12.11.7  Nozes e manteiga de nozes

     Uma colher de sopa de manteiga de amendoim contém 100 calorias, noventa das quais provenientes de gordura. Uma dieta de 2 mil calorias com 10% de gordura permite apenas 200 calorias de gordura por dia. Assim, bastam duas colheres de manteiga de amendoim para atingir sua cota diária de gordura.

     Devido ao seu teor de gordura, as nozes e a manteiga de nozes devem ser consumidas em quantidades muito pequenas. A manteiga de amêndoas é melhor que a manteiga de amendoim. Se você usa manteiga de amendoim, certifique-se de que seja orgânica e não contenha aflatoxinas. (Aflatoxina é um carcinógeno originário do mofo, especialmente comum no amendoim.) Jogue fora o óleo quando abrir a embalagem.

12.11.8  Salgadinhos

     Em termos de nutrição, eles são lixo - além de alto teor de gordura, são feitos com óleo de caroço de algodão, de palma ou de amendoim. Como são repletos de gorduras saturadas e "gorduras feias", pertencem ao domínio dos realmente tóxicos.

     Para beliscar, prefira frutas frescas como maçã, uva, laranja e pêra; compota de maçã e nozes (apenas algumas); pipoca (sem manteiga), biscoitos de milho e de arroz e outros sem gordura.

12.12  Sua Mais Alta Prioridade: Reduzir a Gordura da Dieta

     No que se refere ao potencial cancerígeno, nada em sua dieta se iguala à gordura. Como já discutimos detalhadamente nos capítulos anteriores, uma dieta rica em gorduras aumenta drasticamente o risco de câncer. Não se trata de especulação: pesquisas em animais e seres humanos comprovaram essa verdade acima de qualquer suspeita. Nas comunidades de pesquisa médica e do câncer, a afirmação "Gordura provoca câncer" é aceita como fato.

     Em estudos realizados em animais, os pesquisadores descobriram consistentemente que uma dieta rica em gorduras acelera a frequência e a velocidade de crescimento do câncer. E em pesquisas realizadas em seres humanos, três dos quatro cânceres mais comuns - de mama, do cólon e da próstata - estão intimamente associados à alta ingestão de gorduras. Até o câncer pulmonar, o quarto tipo mais comum, é mais provável em fumantes que também ingerem uma dieta rica em gorduras. Os cânceres do útero, de ovário e do pâncreas também estão na lista dos associados a uma dieta rica em gorduras.

     A gordura provoca câncer de várias maneiras insidiosas.

12.12.1  A gordura gera radicais químicos livres

     Rancificação é apenas um outro termo para oxidação, que é o mesmo que ataque de radicais químicos livres. Todas as gorduras, incluindo as que seu próprio corpo fabrica, podem criar ranço.

     Quando as moléculas de gordura são oxidadas, a cadeia de reações resultante produz cascatas de radicais químicos livres. Esses radicais livres podem destruir qualquer célula do seu organismo, criando um orifício em sua parede externa ou membrana celular. O conteúdo da célula vaza e a célula morre.

     Podemos arcar com a perda de algumas células, aqui e acolá. Os problemas realmente sérios começam quando os radicais químicos livres atacam as moléculas de DNA das células, fazendo com que se reproduzam incorretamente. Ou quando os radicais livres danificam as células imunológicas, interferindo em seus poderes de proteção contra o câncer. (Sei que já expliquei tudo isso, mas só quero lembrar que o excesso de gordura na dieta aumenta a carga de carcinógenos.)

     As gorduras do tipo trans são radicais químicos livres especialmente agressivos que têm imenso prazer em danificar o DNA e sabotar os delicados mecanismos de vigilância contra o câncer do sistema imunológico, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de tumor. As gorduras do tipo trans são moléculas de gordura alteradas pela hidrogenação, pelo processamento ou pela exposição a altas temperaturas. Estão presentes em produtos vegetais, em óleos vegetais processados e na margarina.

12.12.2  A gordura depaupera os nutrientes antioxidantes

     A saúde do sistema imunológico é extremamente sensível à alimentação e à disponibilidade de nutrientes. A alimentação inadequada enfraquece a habilidade do sistema imunológico de afastar o câncer. De modo contrário, manter níveis consistentemente altos de nutrientes antioxidantes oferece uma proteção inacreditavelmente poderosa contra o câncer.

     Os heróis nutrientes antioxidantes que defendem valorosamente o organismo são as vitaminas A, C e E, os minerais selênio e zinco, os ácidos graxos essenciais, a glutationa, a carnitina, a N-acetilcisteína, o betacaroteno e uma variedade de fitoquímicos. Se seu suprimento desses nutrientes tão importantes para garantir o funcionamento do sistema imunológico está depauperado, não é possível combater todos os radicais químicos livres e seu organismo está sujeito ao câncer.

     Uma dieta com alto teor de gordura, além de eliminar esses nutrientes protetores a uma velocidade incomum, impede a sua reposição. Além disso, os nutrientes necessários para metabolizar a gordura alimentar - vitaminas do complexo B, especialmente B12 biotina, niacina, ácido pantotênico e riboflavina - não estão suficientemente disponíveis em uma dieta com alto teor de alimentos de origem animal ricos em gorduras, resultando em deficiência de nutrientes.

12.12.3  A gordura eleva os níveis hormonais

     Uma dieta rica em gorduras contém altos teores de xenoestrogênios (ou seja, estrogênios diferentes dos fabricados pelo próprio organismo) e induz a produção de estradiol e estrona, tipos de estrogênios pré-cancerígenos. Altos níveis desses hormônios podem precipitar o câncer nos tecidos hormonalmente sensíveis das mamas e de outros órgãos reprodutores (útero, ovário e próstata). Os não-vegetarianos também ingerem os hormônios que estimulam o crescimento que são dados às vacas e às galinhas. Essas substâncias confundem e perturbam o equipamento de produção de hormônios do próprio organismo (o sistema endócrino), abrindo a porta ao câncer e a outras doenças.

12.12.4  A gordura estimula a produção de bile

     Todas as gorduras, especialmente as gorduras saturadas, aumentam a produção de bile no fígado. A bile é liberada através dos canais biliares no trato intestinal, onde estimulam as bactérias intestinais a produzir substâncias químicas causadoras do câncer. Menos gordura na dieta significa menos bile, o que, em contrapartida, significa redução do risco de câncer.

     O excesso de bile também pode irritar diretamente a parede intestinal, podendo iniciar o crescimento de células tumorais. Uma dieta com alto teor de fibra protege contra essa irritação diluindo a bile e os carcinógenos que ela gera e eliminando-os antes que eles provoquem dano.

12.12.5  Excesso de gordura é excesso de peso

     O excesso de peso corporal é cancerígeno. Por quê? Quanto maior o número de moléculas de gordura no organismo, mais radicais químicos livres são gerados e maior o potencial de câncer. Essas são razões persuasivas para se minimizar a ingestão de gorduras e perder peso. E, como o excesso de todos os tipos de calorias pode ser transformado e armazenado em forma de gordura, essas são razões definitivas para se reduzir também a ingestão total de calorias.

12.12.6  Diretrizes para combater a gordura

     Nem todas as gorduras provocam câncer. Na verdade, algumas podem até ajudar a preveni-lo. Você quer maximizar as gorduras benéficas, minimizando, ao mesmo tempo, as gorduras prejudiciais? Aqui estão os seis mandamentos a serem seguidos:

  1. Eliminar todas as gorduras de origem animal.
  2. Evitar todas as gorduras que contêm óleos vegetais parcialmente hidrogenados.
  3. Cozinhar gorduras e óleos à temperatura mais baixa possível. Assar, ferver, preparar no microondas ou no vapor - nunca fritar.
  4. Cortar todas as gorduras e os óleos vegetais, exceto os que têm alto teor de ácidos graxos essenciais (óleos de linhaça, de semente de abóbora, de soja e de nozes).
  5. Ingerir 2.000 a 10.000 miligramas de suplemento de óleo de linhaça, um ácido graxo ômega 3, diariamente.
  6. Ingerir diariamente 200 a 250 miligramas de suplemento de óleo de borragem, um ácido graxo ômega 6.

12.13  O Bumerangue do Bioacúmulo

     O suprimento de alimentos nos Estados Unidos está contaminado de maneira disseminada. Desde a década de 1950, a Food and Drug Administration e outros órgãos do governo permitiram que o setor bilionário de alimentos contaminasse o suprimento de alimentos com centenas de substâncias cuja segurança é questionável. As consequências da exposição prolongada a essas substâncias químicas, muitas das quais são reconhecidas como cancerígenas, são incertas. Mas atualmente muitos especialistas acreditam que a ingestão prolongada desempenha papel importante como causa de comprometimento da imunidade e de câncer.

     Em uma tentativa desesperada para proteger-se dessas toxinas, nosso organismo as armazena nos tecidos gordurosos. Isso é equivalente a tentar se livrar de um veneno ingerindo-o. Se essa abordagem parece idiota, lembre-se de que as toxinas são lipossolúveis, e não hidrossolúveis, portanto não podem simplesmente ser eliminadas na urina. Essa fermentação nociva também não permanece inócua nas células de gordura. Ela danifica o DNA local, provocando lentamente mudanças que podem levar ao câncer.

     Os PCBs (bifenilas policloradas), o DDT (diclorodifeniltricloroetano) e outros pesticidas armazenados no tecido mamário das mulheres foram associados ao câncer de mama. Os pesquisadores analisaram a quantidade de dois carcinógenos em quarenta amostras de tecido mamário - vinte benignas e vinte malignas. Suas descobertas foram claras: as amostras malignas continham duas vezes mais PCBs e duas vezes mais diclorodifeniltricloroetano (um subproduto do DDT) do que as amostras benignas.

     Para os carnívoros, o bioacúmulo - ou seja, o movimento de pesticidas e de outras toxinas lipossolúveis subindo a cadeia alimentar - tem um efeito duplamente cancerígeno. A coisa funciona assim: exatamente como nos seres humanos, o organismo das vacas e das galinhas acumula pesticidas (que são rotineiramente espalhados na ração desses animais) em tecidos gordurosos, numa tentativa de eliminá-los. Quando você come um hambúrguer ou uma coxa de frango, você ingere todo esse pesticida que já passou por um processo de concentração. Então seu corpo armazena a toxina; portanto, ela se torna duplamente concentrada.

12.14  Subtraindo Aditivos

     Os aditivos criam alguns problemas sérios para quem se alimenta consciente dos riscos de câncer. Milhares de aditivos são utilizados no suprimento alimentar norte-americano, a maioria dos quais é perigosa por uma ou por outra razão; entretanto, apenas alguns deles aparecem nos rótulos. A única maneira sistemática de evitá-los é comer alimentos frescos, não-processados, de preferência comprados em lojas de produtos naturais.

     Aqui está uma amostra de alguns dos aditivos cancerígenos mais comumente encontrados.

12.15  O Fungo que Vive entre Nós

     O fungo Aspergillus flavus - que cresce em várias colheitas - produz aflatoxina, um dos mais poderosos carcinógenos conhecidos. Estudos realizados em animais mostraram que a aflatoxina é um agente cancerígeno mesmo quando ingerida em níveis extremamente reduzidos.

     Os pesquisadores alimentaram ratos com alimentos contaminados pela aflatoxina na concentração incrivelmente diminuta de 15 partes por bilhão (o equivalente a 15 centavos em $10 milhões); todos esses ratos tiveram câncer. Por comparação, o "limite seguro" de aflatoxina estabelecido pela Food and Drug Administration é 20 partes por bilhão.

     A aflatoxina é o mais poderoso carcinógeno hepático conhecido. Estudos realizados em Moçambique, onde a contaminação pela aflatoxina e o câncer de fígado são expressivos, demonstram contundentemente uma conexão entre ambos. Na China, em Taiwan e na Tailândia, estudos associaram alimentos contaminados pela aflatoxina ao câncer hepático.

     O mofo que produz a aflatoxina existe em várias colheitas. Favorece especialmente as que são mal armazenadas ou foram afetadas pela seca ou por insetos. Entre as mais atingidas estão as amêndoas, o milho, o amendoim, a noz e o pistache. Muitas outras colheitas - principalmente grãos e sementes - são afetadas, em geral em grau reduzido.

     Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration e a indústria de alimentos consideram a aflatoxina um risco significativo, mas inevitável. O monitoramento é difícil, o controle é ineficaz e, na melhor das hipóteses, irregular.

     Para minimizar sua exposição pessoal à aflatoxina, recomendo o seguinte:

12.16  Cozinhando os Carcinógenos

     Você se lembra do cheiro maravilhoso de bacon frito entrando em seu quarto, convidando você a sair da cama? Ou do cheiro gostoso de churrasco - carne, costeleta e hambúrgueres?

     Infelizmente, esses alimentos estão entre os mais tóxicos que se conhecem. O cozimento a alta temperatura (acima de 115oC) gera imensas quantidades de carcinógenos que danificam o DNA, destruindo, ao mesmo tempo, nutrientes essenciais e fitoquímicos.

     A carne exposta a altas temperaturas se transforma em substâncias químicas cancerígenas como benzopirinas e outros hidrocarbonetos aromáticos polinucleares. Os resíduos acumulados nas superfícies tostadas são carcinógenos concentrados. Quanto mais gordurosa a carne e quanto maior o teor de gordura, mais intensa a formação de toxinas. Na verdade, o fato de nós, seres humanos, nos sentirmos atraídos pelo aroma desses carcinógenos parece um perverso golpe da natureza.

     Da mesma maneira, os ácidos graxos essenciais presentes nos óleos ferventes são transformados em substâncias quimicamente semelhantes mas fisicamente destrutivas, as "gorduras feias" ou gorduras do tipo trans. O processo gera incontáveis radicais químicos livres.

     Esses vários insultos fisiológicos não vão matá-lo, mas podem corromper seu DNA, estressar o seu sistema imunológico e acelerar seu envelhecimento.

     A ingestão de alimentos tostados não é uma idéia saudável pela mesmas razões que inalar fumo queimado também não é uma idéia saudável. Em termos fisiológicos, não existe diferença real entre manchar a superfície do seu trato respiratório ou manchar a superfície de seu trato intestinal com carcinógenos queimados. Ambos comprometem o DNA local antes de serem absorvidos pela corrente sanguínea, distribuídos pelo corpo e finalmente eliminados pelos órgãos excretores. Na verdade, o consumo regular de alimentos fritos e grelhados pode gerar a ingestão de um volume maior de material cancerígeno do que o hábito de fumar. Os pesquisadores descobriram os mesmos tipos de substâncias altamente cancerígenas na urina de pessoas que comem bacon e carne de porco e na urina de fumantes.

     Solucionar os problemas causados pelo cozimento a altas temperaturas é muito simples.

     Você deve jogar sua torradeira no lixo? Não. Basta reduzir a temperatura e retirar sua torrada antes que comece a dourar.

12.17  Outros Alimentos Prejudiciais

     Outros alimentos também têm propriedades cancerígenas. Você pode reduzir significativamente suas chances de desenvolver câncer afastando-se dos seguintes alimentos.

12.17.1  Bebidas alcoólicas

     Todas as bebidas alcoólicas, inclusive o vinho, a cerveja e os destilados, enfraquecem o sistema imunológico. O etanol, a substância que produz o efeito da bebida, é um carcinógeno poderoso. Foi diretamente associado aos cânceres da boca, da faringe, da laringe, do esôfago, da mama, do estômago, do pâncreas, do fígado, do cólon e do reto. As bebidas alcoólicas contêm três outros carcinógenos químicos extremamente prejudiciais: acetaldeído, nitrosaminas e uretanos.

     O álcool também irrita e inflama a parede do trato digestivo. Isso pode resultar na "síndrome do vazamento no trato digestivo", na qual grandes moléculas de alimento não totalmente digeridas passam pela parede intestinal enfraquecida e entram diretamente na corrente sanguínea. O sistema imunológico identifica essas partículas de alimento como invasoras externas e inicia um combate contra elas.

     O negócio é o seguinte: se você deseja viver muito, beba pouco. Ou, melhor ainda, não beba.

12.17.2  Bebidas cafeinadas

     Em graus variados, todas as bebidas cafeinadas provocam câncer. O café, feito de grãos torrados, contém uma grande quantidade de material queimado altamente cancerígeno. O hábito de beber mais do que quatro xícaras de café por dia está associado a um aumento na incidência de câncer. Reduzir o hábito presumivelmente diminui o risco de câncer, mas nada melhor do que abandoná-lo para sempre.

     E o café descafeinado? Ele pode conter resíduos de cloreto de metileno, um poderoso carcinógeno usado para eliminar a cafeína do café. A Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos Estados Unidos, por exemplo, determinou que o cloreto de metileno é um produto químico perigoso, classificando o risco de câncer associado a esse componente "entre os maiores já calculados para substâncias químicas em produtos de consumo". Se você bebe café descafeinado, certifique-se de que a cafeína foi removida usando água, e não através de um processo que inclui substâncias químicas.

     Minha sugestão: beba chá. O chá-preto tem cerca de metade da cafeína e não é torrado. Os chás de ervas sem cafeína são ainda melhores: os chás-pretos e os verdes contêm polifenol, que protege contra o câncer. Como ex-viciado em capuccino duplo, ainda gosto de uma xícara de café de vez em quando, mas tornei-me um aficionado do chá de gengibre-vermelho.

12.17.3  Peixe

     Os peixes, e especialmente os mariscos, estão frequentemente contaminados por carcinógenos que eles adquirem na água onde vivem. Devem ser evitados. (Você saberá mais sobre peixes no Capítulo 16.)

12.17.4  Cogumelos

     Alguns cogumelos - especialmente o tipo branco vendido na maioria dos supermercados - contêm uma variedade de carcinógenos naturais e de outras toxinas. Principalmente, são ricos em hidrazinas, poderosos componentes naturais que - acredite se quiser - foram usados como combustível de foguetes. Esses cogumelos devem ser eliminados de qualquer dieta saudável.

     Por outro lado, os cogumelos orientais como enoki, ostra ou shiitake são preciosos para o combate ao câncer. Têm propriedades imunológicas e antivirais e foram utilizados no tratamento do câncer, de infecções e da artrite, do lúpus e de outras doenças auto-imunes.

12.17.5  Batatas

     Um alimento excepcionalmente completo em termos nutritivos, a batata deve constar em qualquer dieta vegetariana. Observe, entretanto, que as partes tocadas e machucadas contêm substâncias químicas nocivas. Elimine essas partes antes de cozinhar as batatas11

12.17.6  Carnes processadas

     O nitrito, um poderoso carcinógeno, é usado como preservativo no bacon, na charque, no cachorro-quente, na salsicha e em outros produtos da carne industrializada. Você deve eliminá-los da sua dieta porque têm alto teor de gordura. Se você adora esse tipo de comida, experimente o cachorro-quente de tofu, um substituto gostoso e que não contém nitrito.

12.17.7  Refrigerantes

     Muitas bebidas gasosas populares contêm ingredientes associados ao câncer: óleos bromados, cafeína, corante de caramelo e ácido fosfórico. Leia o rótulo e afaste-se dos produtos que contêm essas substâncias como ingredientes.

     Todas as bebidas adoçadas com açúcar devem ser eliminadas. As variedades adoçadas com sucos de fruta podem ser mantidas. Certifique-se apenas de que são feitas com suco de fruta verdadeiro - e não com a frutose ou "concentrados", um eufemismo para frutose.

     Como alternativa aos refrigerantes, experimente o chá de ervas com sabor de fruta. Ou faça seu próprio refrigerante, misturando uma parte de água gasosa com uma parte de suco orgânico. Meus favoritos são maçã, damasco, cereja, uva, toranja, goiaba e morango.

12.17.8  Açúcar

     Todo excesso de açúcar que você consome se transforma em gordura saturada, que aumenta a carga de carcinógenos do seu organismo. O açúcar também contribui para o câncer de outro modo: suprime a resposta imunológica, impedindo a produção de anticorpos, prejudicando a eficácia dos linfócitos e reduzindo a fagocitose (a capacidade das células vermelhas do sangue de matar as células do câncer).

     Em um estudo, voluntários saudáveis consumiram uma variedade de açúcares, inclusive frutose, glicose, mel, suco de laranja e sacarose. A capacidade de seus fagócitos de matar bactérias (uma medida da função imunológica) diminuiu significativamente durante várias horas após a ingestão. Os amidos - milho, batata e arroz - não têm o mesmo efeito.

     Em outro estudo, ratas alimentadas com uma dieta com alto teor de açúcar apresentaram um índice muito superior de câncer de mama em relação a ratas que receberam uma dieta baseada em amidos.

12.18  Um Futuro sem o Câncer

     Aderindo às sugestões descritas linhas atrás, você pode reduzir drasticamente seu risco de câncer. Mas nem todas essas mudanças ocorrem facilmente. Pense nessas sugestões da seguinte maneira: você está tomando uma decisão consciente para viver com saúde, sem risco de câncer. Isso é muito melhor do que ter de escolher entre quimioterapia, radiação ou cirurgia em algum momento de sua vida.

     À medida que a má orientação e a futilidade das abordagens curativas do câncer tornam-se cada vez mais evidentes, os esforços de pesquisa patrocinados pelo governo redirecionarão seu foco para a prevenção. Mais informações serão disponibilizadas sobre nutrientes e componentes alimentares específicos para o combate ao câncer.

****

     Agora que você conhece os alimentos que provocam câncer, o próximo capítulo descreve os alimentos (e suplementos) que podem ajudar a evitá-lo. Sua dieta antienvelhecimento deve conter quantidades consideráveis desses alimentos para que possa protegê-lo contra o câncer.

12.19  Bibliografia do Capítulo 12

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Notas de Rodapé:

11 As batatas expostas à luz ficam verdes e começam a brotar, tornando-se imprestáveis para o consumo, pois as partes verdes são altamente tóxicas para o ser humano. (N.R.T.)