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Preservar a saúde é uma obrigação.
Poucos estão conscientes da existência
de algo como a moralidade física.
- HERBERT SPENCER (1820-1903), FILÓSOFO INGLÊS
O fato de a Dieta de Prevenção do Câncer e a Dieta Antienvelhecimento serem idênticas não deveria causar espanto. Ambas enfatizam os Quatro Novos Grupos de Alimentos: cereais, feijões, frutas e hortaliças (legumes e verduras). Esses alimentos de origem vegetal fornecem enormes quantidades de nutrientes que combatem o câncer. Além disso, as duas dietas são ricas em fibras, pobres em gorduras e açúcar, e a maior parte de suas calorias vem de alimentos não-industrializados como feijão, milho, massa, batata, arroz, abóbora, trigo e aveia integrais.
Como expliquei no capítulo anterior, alguns alimentos promovem o câncer, enquanto muitos oferecem proteção contra ele. Adotando os últimos e evitando os primeiros e ingerindo suplementos vitamínicos, pode-se reduzir bastante o risco de câncer. E existe uma enorme variedade de alimentos saborosíssimos - alimentos que embelezam sua mesa e, ao mesmo tempo, fortalecem as defesas contra o câncer.
Dos milhares de moléculas químicas existentes nos alimentos, algumas nos defendem contra o câncer. Entre elas estão os nutrientes essenciais (vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e aminoácidos), além de uma grande quantidade de nutrientes não-essenciais denominados substâncias fitoquímicas. Esses compostos anticancerígenos se enquadram em três categorias, de acordo com o ponto em que interrompem o processo de formação do câncer. Muitos pertencem a mais de um grupo.
O primeiro grupo evita a formação de carcinógenos oriundos das moléculas precursoras. Por exemplo, a vitamina C evita que os nitratos se transformem em nitrosaminas cancerígenas.
O segundo grupo, denominado agentes bloqueadores, evita que os carcinógenos atinjam o ponto no qual iniciariam o câncer. Esses compostos ativam as enzimas que "mastigam" os carcinógenos, eliminando-os como pedaços inofensivos. Os flavonóides, a glutationa, os indóis, os fenóis, os terpenos e os tióis são exemplos de agentes bloqueadores.
O terceiro grupo, os agentes repressores, bloqueiam o avanço de um câncer após o seu início. Os agentes repressores incluem os retinóides (vitamina A e seus derivados), betacaroteno, inibidores da protease, selênio, cálcio, flavonóides, esteróis vegetais e deidroepiandrosterona (DHEA).
Apesar de uma enorme quantidade de pesquisas mostrar que esses e outros compostos derivados de vegetais oferecem, com certeza, proteção contra o câncer, só agora os pesquisadores da área de nutrição começam a revelar os segredos sobre a atuação desses compostos. Os estudos mostraram que os nutrientes anticancerígenos podem fazer o seguinte:
Entre os nutrientes essenciais, os que se relacionam a seguir destacam-se por suas fortes propriedades anticancerígenas. Junto com os compostos derivados de vegetais conhecidos como substâncias fitoquímicas, esses nutrientes fornecem uma proteção quase imbatível contra o câncer.
As substâncias fitoquímicas não são encontradas nos rótulos dos alimentos. Na verdade, isso pode ser bom. Com nomes como "antocianidinas", "glicosinolatos" e "isoflavonas", esses compostos soam ameaçadores. Mas, à medida que as pesquisas científicas são reveladas, centenas desses nutrientes naturais passam a ser conhecidos por sua capacidade de nos proteger não apenas contra o câncer, mas também contra a maioria das doenças associadas ao envelhecimento.
Um dos motivos do entusiasmo dos cientistas pelas substâncias fitoquímicas é a sua aparente capacidade de impedir a transformação da célula saudável em célula cancerígena. Embora ainda tenhamos muito que aprender sobre esses compostos (o que são e como funcionam), a verdade é que pessoas que se alimentam de grandes quantidades de frutas e vegetais correm menos risco de contrair câncer.
Qual é a diferença entre as substâncias fitoquímicas e outros nutrientes? Desde o início da era da ciência da nutrição (que eu prefiro definir arbitrariamente como a virada do século XX, quando Casimir Funk descobriu a primeira vitamina) até o final da década de 1980, os pesquisadores estabeleceram uma distinção clara entre nutrientes essenciais e nutrientes não-essenciais. Precisamos dos nutrientes essenciais para sobreviver. Os nutrientes não-essenciais podem proporcionar alguns benefícios à saúde, mas podemos viver sem eles.
À medida que os pesquisadores descobriam mais compostos derivados dos vegetais que se adaptavam às duas definições, essa lógica de essencial/não-essencial foi ficando cada vez mais confusa. Por exemplo, algumas substâncias fitoquímicas eram classificadas como vitaminas: os flavonóides eram chamados de vitamina P, enquanto os glicosinólatos e os indóis presentes no repolho eram chamados de vitamina U (porque curavam as úlceras). Se não havia uma síndrome de deficiência bem definida associada a um nutriente, ele perdia sua designação de vitamina e era relegado às fileiras mais baixas dos nutrientes não-essenciais.
Certos nutrientes com um espectro de tipos moleculares - como os tocoferóis (vitamina E) e os carotenóides - escaparam desse destino. Mantiveram a condição de essenciais porque um de seus componentes parecia necessário à vida. Por exemplo, entre centenas de carotenóides, o betacaroteno - o que mais se assemelhava à vitamina A - recebeu, de maneira inapropriada, uma atenção especial porque se ajustava ao modelo.
Com o advento da revolução fitoquímica, a distinção entre nutrientes essenciais e não-essenciais tornou-se nebulosa para sempre. Embora não estejam associadas a síndromes de deficiência, as substâncias fitoquímicas são absolutamente indispensáveis para retardar o envelhecimento e evitar as doenças degenerativas crônicas, das quais o câncer é o exemplo perfeito.
Agora os cientistas estão percebendo que os alimentos contêm um vasto espectro de nutrientes, cada qual contribuindo de maneira única para a cura. Alguns são essenciais, outros não - a menos que se queira evitar o câncer (ou viver mais), caso em que todos são essenciais.
Dito isso, vamos examinar com mais cuidado algumas das principais categorias de substâncias fitoquímicas conhecidas, por ordem de importância.
As cores vermelha, azul e violeta da berinjela, da uva, da framboesa e do morango são fenóis. Esses compostos protegem o DNA em nossas células contra os carcinógenos.
Os compostos fenólicos do açafrão inibem o desenvolvimento do câncer e o aparecimento do tumor. Do mesmo modo, as catequinas do chá-verde são fenóis que inibem os tumores.
O tofu, o tempé, o leite de soja e outros produtos derivados da soja são ricos em isoflavonas, uma subclasse de fenóis capaz de deter o crescimento das células cancerígenas. Descobriu-se que a surpreendente genisteína, isoflavona da soja, impede o crescimento da maioria dos tipos de células cancerígenas, inclusive de mama, de pulmão, da próstata, do cólon, da pele e da leucemia. E, inibindo a angiogênese (o crescimento de 180 novos capilares em tumores), a genisteína bloqueia o avanço dos tumores malignos que já se formaram. (A eficácia da cartilagem de tubarão no tratamento do câncer também é atribuída ao seu efeito de antiangiogênese.)
Membros da família Allium (cebolinha, alho-poró, alho, cebola e cebolinha) e as hortaliças crucíferas (brócolis, repolho, couve-flor e nabo) contêm tióis. Esse conjunto de compostos que contêm enxofre tem propriedades anticancerígenas e antimutagênicas. Os tióis também inibem o crescimento de tumores e apóia a reação do sistema imunológico.
Esses compostos - um subgrupo dos flavonóides - servem como antioxidantes, neutralizando os radicais químicos livres e bloqueando os agentes causadores e promotores do câncer. As antocianidinas das cascas de pinheiro e das sementes de uva são famosas por serem as mais eficientes varredoras naturais de radicais livres que se conhecem. Varrem os radicais livres 5 vezes mais rápido do que a vitamina E. Outros alimentos ricos em antocianidina são: a maçã, o feijão, o mirtilo, a amora, a uva, o pêssego, a ameixa, a framboesa, o ruibarbo e o morango.
Essas poderosas substâncias fitoquímicas, encontradas em vegetais crucíferos como brócolis, repolho e couve-flor, regulam e coordenam as atividades das células imunológicas. Os glicosinatos são transformados em outros compostos anticancerígenos - destacando-se o sulforafano, que bloqueia as enzimas causadoras de tumores.
A genisteína e o daidzeína, outras isoflavonas do feijão-soja, são armas poderosas contra os radicais químicos livres. Estudos mostraram que as pessoas que comem soja com regularidade têm menos propensão a desenvolver câncer de mama, de pulmão, do estômago, do útero, da próstata, do cólon e do reto.
Por isso, os alimentos feitos de soja são a base da alimentação de minha família12 Colocando leite de soja em nosso cereal matinal, comendo sanduíches de tempé e hambúrguer de soja no almoço e alimentando-nos de deliciosos vegetais e de tofu ligeiramente cozidos no jantar, estamos colhendo os benefícios sem paralelo da maravilhosa soja.
Bastante difundido no reino vegetal, os terpenos (dos quais os mais de 600 membros da família carotenóide são apenas um exemplo) são poderosos compostos antioxidantes. Protegem contra os danos provocados pelos radicais químicos livres que causam e desenvolvem o câncer. Os terpenos são encontrados em grãos, vegetais verdes e soja.
Todos os alimentos de origem vegetal fornecem substâncias fitoquímicas. Mas alguns têm concentrações bem altas desses compostos anticancerígenos. Os alimentos a seguir aparecem com destaque na Dieta de Prevenção do Câncer. Aparecem em ordem de importância.
Nenhum outro alimento tem tantas propriedades saudáveis quanto o alho. Saiam da frente brócolis, cenoura, soja e tomate: vocês são especiais, mas o alho não é apenas um alimento, é também um poderoso remédio natural. Ajuda a evitar o câncer, fortalece o sistema vascular, estimula o sistema imunológico e é um poderoso antibiótico natural.
O alho contém um verdadeiro arsenal de fortes compostos sulfúricos que varrem os radicais químicos livres, aumentam as enzimas que decompõem os carcinógenos e fornecem a energia extra para as células imunológicas que combatem o câncer. Um desses compostos, o dissulfeto de dialila, está entre os mais potentes bloqueadores do crescimento de tumores conhecidos. (A cebolinha, o alho-poró e a cebola contêm versões parecidas, mas menos potentes, dos constituintes anticancerígenos do alho.)
Faça do alho um ritual diário. Ingira-o cru, preparado no vapor ou no microondas. Use-o para temperar quase todos os pratos feitos de vegetais ou feijão. Corte ou pique e jogue-o sobre saladas e frituras ligeiras.
Não se deixe intimidar pela força do alho ou pela controvérsia da remoção, ou não, da sua pele. Descobri que levando alguns dentes de alho ao microondas por 5 a 10 segundos cada, ambos os problemas se resolvem: o alho solta a casca com facilidade e seu sabor suaviza-se. Minha filha de oito anos não gosta de alho cru, mas adora comê-lo dessa maneira - e ela teve poucos resfriados desde que começou a comê-lo.
Se você não gosta do odor ou do sabor do alho, pode optar pelas cápsulas revestidas. O Capítulo 28 traz mais informações sobre o alho, com recomendações de dosagem.
Quase todas as hortaliças têm efeitos anticancerígenos. Mas as crucíferas, que várias vezes deram prova de suas poderosas propriedades no combate ao câncer, são simplesmente as melhores. Os membros mais conhecidos da família das crucíferas são os brócolis, a couve-de-bruxelas, o repolho e a couve-flor. Os menos conhecidos mas igualmente importantes são a couve-chinesa, o repolho chinês, a couve, a couve-rábano, as folhas de mostarda, a couve-nabo, as folhas de nabo e o agrião.
Chamadas assim por terem as folhas em forma de cruz, as crucíferas contêm muita vitamina A e C, betacaroteno e fibras. Também são ricas em indóis, isotiocianatos e sulforafano, poderosas substâncias fitoquímicas bloqueadoras do câncer.
Embora seus mecanismos continuem sendo um mistério, aparentemente esses compostos empregam vários meios para impedir o crescimento dos tumores. Em experiências feitas com camundongos, os indóis bloquearam o crescimento do câncer induzido experimentalmente nos pulmões e no estômago. Várias outras pesquisas mostraram, sem sombra de dúvida, as propriedades da família das crucíferas na prevenção do câncer.
A hortaliça crucífera mais potente são os brócolis, cujas flores concentram fontes do composto anticancerígeno sulforafano. O sulforofano é sensível ao calor: prepará-lo no microondas elimina metade de suas substâncias fitoquímicas; cozinhá-lo ou fazê-lo no vapor retira mais ainda. Os brócolis congelados não têm sulforafano. O melhor é comê-los crus.
Quanto às outras crucíferas, você pode prepará-las no vapor ou no microondas. Sirva-as com arroz, com feijão ou puras.
A soja, um produto originário dos países asiáticos, só foi descoberta no Ocidente na virada do século XX. A soja é o único grão - e o único alimento de origem vegetal - que ostenta uma proteína completa.
Os alimentos feitos de soja oferecem o que é, sem dúvida, a melhor proteção disponível contra o câncer. Essa leguminosa contém várias categorias de compostos anticancerígenos, entre eles as isoflavonas, os fitatos e inibidores da protease.
As isoflavonas, das quais a genisteína é a mais conhecida, podem evitar quase todos os tipos de câncer. E o mais surpreendente é que elas podem ordenar que as células cancerígenas voltem ao normal.
Outro grupo de isoflavonas, os fitoestrogênios, bloqueiam os pontos receptores de estrogênio nas células. Com isso, evitam que os hormônios causadores do câncer "atraquem" nas células, onde fazem seu trabalho sujo.
Os grãos de soja, o óleo de soja e o tofu também são excelentes fontes dos ácidos graxos essenciais ômega 3 e ômega 6 que estimulam o sistema imunológico e evitam o câncer.
Todas essas informações sugerem que se devem incorporar porções generosas de soja a qualquer programa de tratamento do câncer. Embora a soja signifique apenas tofu para muitas pessoas, esse antigo grão tem, literalmente, várias formas. Hoje em dia, há tantos produtos interessantes feitos de soja em lojas de produtos naturais que é facílimo incluir a soja em nossa alimentação diária. Hambúrguer de soja, cachorro-quente de tofu são perfeitos para refeições ligeiras preparadas no microondas. E não esqueça do queijo de soja, do leite de soja e das nozes de soja.
E é claro que há o simples tofu (queijo de soja), cujos benefícios à saúde se igualam à sua versatilidade. Retire-o da embalagem e utilize-o puro ou faça marinado em molho de soja com gengibre e/ou alho. Use em saladas, frituras ligeiras e sopas. Prepare-o no vapor com legumes. Coloque-o em sanduíches. As possibilidades são infinitas.
Outras maneiras de se experimentarem os abundantes benefícios que a soja traz à saúde são através do tempé, do missô, do tamari e até mesmo dos grãos integrais de soja, que podem ser cozidos em sopas e em pratos de forno.
Tal como seus irmãos, os grãos de soja, os grãos-de-bico e os feijões-de-lima contêm isoflavonas, fitatos e inibidores da protease que evitam o câncer. Podem ser comprados secos, mas as versões enlatadas cozinham mais rápido e com mais facilidade. Misture-os com feijão comum e vagem para fazer uma salada. Ou faça o hummus, uma pasta de grão-de-bico que fica deliciosa no sanduíche ou com qualquer legume em um pão árabe. Espalhe o hummus sobre uma tortilla quente feita de trigo integral, junte algumas hortaliças picadas (brócolis, alface e tomate), enrole-as, e aí está - você tem uma refeição ligeira e nutritiva.
Por mais batido que pareça o ditado, uma maçã por dia realmente mantém o médico a distância. Ou, para modernizar esse velho ditado, uma maçã mantém o oncologista a distância.
As maçãs contêm várias substâncias fitoquímicas: antocianidinas, biflavanos, catequinas, flavanonas, flavonas e flavonóis (inclusive quercertina). Contêm também doses abundantes de pectina e outras fibras, que também evitam o câncer.
Sou um médico que come uma maçã quase todos os dias. Moro no condado de Sonoma, Califórnia, perto da Gravenstein Highway, onde as maçãs fazem parte da vida rural há muitos anos. Muitos dos meus vizinhos cultivam maçãs e toda primavera participamos do Festival da Maçã que é promovido na região.
Além de maçãs frescas, também como molho de maçã. Às vezes, coloco suco de maçã no cereal matinal, em vez de leite de soja e leite de arroz. Duas das minhas receitas favoritas são: Maçã crocante à Sebastopol e Maçã assada com canela (veja as receitas nos parágrafos 0.3.2_3).
Entre os mais de 700 carotenóides encontrados em frutas e hortaliças, os três mais abundantes no organismo humano são o alfacaroteno, o betacaroteno e o licopeno. Embora todos os três sejam poderosos destruidores de radicais químicos livres, o licopeno é uma das substâncias fitoquímicas anticancerígenas mais importantes. É duas vezes mais eficaz que o betacaroteno na neutralização do oxigênio singleto, o pior radical livre causador do câncer que existe.
O licopeno é o pigmento que confere ao tomate e à melancia a cor avermelhada e ao grapefruit a cor rosada. É encontrado também em pequenas quantidades no damasco e na goiaba. De fato, muito poucas espécies de plantas contêm quantidades significativas dessa poderosa arma nutricional anticancerígena. O tomate é a melhor fonte, pois contém as mais altas concentrações e é encontrado com mais facilidade.
Cultivado pela primeira vez nos Andes pelos incas, existem hoje mais de 2.000 variedades de tomate. Ficamos imaginando se os franceses, ao apelidarem os tomates de pommes d'amours ("pomos do amor"), desconfiavam que as mais altas concentrações de licopeno do organismo humano estão na glândula da próstata. (Os homens com mais de 50 anos, que têm 30% de chance de desenvolver câncer de próstata, fariam bem se incluíssem um ou dois tomates em sua alimentação diária.)
Um exame denominado perfil de antioxidante calcula os níveis sanguíneos de licopeno, bem como de outros importantes nutrientes antioxidantes (vitamina C, vitamina E, coenzima Q10 alfacaroteno e betacaroteno). Os resultados do exame indicam o estado de suas defesas antioxidantes na proteção contra os radicais químicos livres. Isso, por sua vez, serve como uma medida importante do seu ritmo de envelhecimento. (O Capítulo 12 traz maiores informações sobre o perfil antioxidante.)
O licopeno tem a grande vantagem de ser relativamente estável no calor. Enquanto a maioria das substâncias fitoquímicas (como o sulforafano dos brócolis) deve ser consumida pouco cozida, o licopeno aguenta bem o calor. Assim você pode saborear o suco e o extrato de tomate em massas, pratos de forno, sopas, ensopados e até na pizza.
A sabedoria de aumentar o consumo de tomate como estratégia de combate ao câncer é reforçada por inúmeros estudos que mostram que as pessoas que comem muito tomate correm metade do risco de contrair câncer do que as que não comem.
Da próxima vez que for ao supermercado ou a uma loja de produtos naturais, lembre-se de adquirir os alimentos listados a seguir - as matérias-primas da Dieta de Prevenção do Câncer. Eles fornecem uma mistura saudável de nutrientes para um vasto espectro de proteção contra o câncer.
Além das substâncias fitoquímicas, outros nutrientes aparecem com destaque na Dieta de Prevenção do Câncer. Você desejará ter a certeza de que está consumindo quantidades ideais das seguintes vitaminas através dos alimentos e também dos suplementos vitaminícos.
A vitamina A e o betacaroteno são os membros mais conhecidos e mais importantes da família dos retinóides. Os retinóides - formas ativas da vitamina A - foram os primeiros nutrientes a causarem sensação entre os pesquisadores da área do câncer. Eles protegem contra a maioria dos tipos de câncer, incluindo os mais comuns: de mama, da próstata, do cólon, do reto, de pele, da bexiga, da laringe e do esôfago. Os carotenóides são sobretudo fortes protetores contra o câncer de pulmão, de estômago e do colo do útero.
Os retinóides parecem ter a capacidade não apenas de retardar o crescimento de tumores existentes, mas também de reverter o câncer em seus estágios iniciais. Junto com as vitaminas C e E, seus companheiros sinérgicos varredores de radicais químicos livres, os carotenóides capturam e destroem com extrema eficiência as substâncias químicas que causam o câncer.
Diversos estudos confirmaram a ligação entre níveis baixos de carotenóides e alta incidência de câncer. Examinando pessoas com baixa ingestão e baixos níveis de vitamina A e de betacaroteno, os pesquisadores descobriram taxas de câncer bastante altas. Da mesma maneira, ao serem privados desses nutrientes, os animais de laboratório apresentaram taxas de câncer elevadas.
Felizmente, os carotenóides existem em todo o mundo vegetal, onde protegem os delicados tecidos das plantas dos danos provocados pelos radicais químicos livres transmitidos pelos raios solares. Alguns dos betacarotenos encontrados nos alimentos de origem vegetal que consumimos são transformados em retinóis ou em vitamina A - a forma de que nós, humanos, necessitamos. Uma molécula de betacaroteno é semelhante a duas moléculas de vitamina A coladas. O organismo, com sua sabedoria, sabe bem qual a quantidade de vitamina A necessária. Ele produz apenas essa quantidade, nada mais. O betacaroteno remanescente é acrescentado ao conjunto de substâncias fitoquímicas antioxidantes do organismo.
A saúde do seu sistema imunológico depende das quantidades adequadas de vitamina A e de outros retinóides. Como a vitamina A desencadeia o funcionamento do sistema imunológico? Como varredora por excelência de radicais químicos livres, ela neutraliza as substâncias químicas cancerígenas antes que elas possam causar algum mal. Ambos, a vitamina A e o betacaroteno, ajudam a manter altos os níveis de anticorpos e a contagem de linfócitos T. Isso é fundamental, porque os anticorpos desativam os carcinógenos e os linfócitos T matam as células cancerígenas quando são formadas.
A vitamina A também é essencial para o correto crescimento e a saúde de todos os tecidos epiteliais do organismo - o revestimento da pele e dos órgãos. A maioria dos tipos de câncer começa nessas estruturas. Com a exposição crônica aos carcinógenos e sem proteção contra os antioxidantes, eles ficam muito vulneráveis.
Como mencionei anteriormente, qualquer betacaroteno que reste depois que a vitamina A cumpre seu papel é absorvido sem modificações pela corrente sanguínea. Ali, as moléculas circulam através do organismo como milhões de miniaturas das armas do filme Guerra nas Estrelas, procurando e neutralizando trilhões de radicais químicos livres. O beta-caroteno é bastante eficiente nisso, destruindo com facilidade até mesmo as espécies mais detestáveis de radicais (oxigênio singleto).
Levando-se em conta a grande quantidade de indícios científicos que sustentam o papel dos carotenóides publicados e analisados - sem mencionar a segurança total dos nutrientes -, seria de se imaginar que a sua suplementação fosse recomendada oficialmente. Mas não é.
A vitamina A e o betacaroteno têm efeitos semelhantes mas não idênticos no organismo, portanto ambos são necessários. Infelizmente, as melhores fontes de vitamina A nos alimentos - as carnes vermelhas, o fígado e o leite - conflitam com a prevenção contra o câncer. (Todos têm altos níveis de gordura e proteína e baixo teor de fibra.) Sendo assim, recomendo a ingestão de uma dose pequena (5 mil a 10 mil unidades internacionais) de vitamina A suplementar por dia, junto com betacaroteno e carotenóides misturados. Mais uma vez, caso considere necessário, seu organismo pode usar o betacaroteno para fabricar mais vitamina A. Com doses acima de 5 mil unidades internacionais por dia, a vitamina provoca uma toxicidade reversível em algumas pessoas. Sendo assim, mantenha sempre sua dose diária bem abaixo desse número.
Quanto ao betacaroteno, os vegetais verdes e amarelos - verduras folhosas, cenoura e batata-doce - são fontes excelentes entre os alimentos. Porém, como as falhas nutricionais na alimentação são comuns, você deve levar também em conta a suplementação. Os suplementos de betacaroteno são bastante seguros e bem tolerados, mesmo em doses muito altas.
Durante mais de 10 anos, tomei 10 mil unidades internacionais de betacaroteno por dia. Com as recentes pesquisas realçando os benefícios adicionais de um espectro de antioxidantes, sobretudo dos betacarotenos, continuo tomando 5 mil unidades internacionais de betacaroteno e 10 mil unidades internacionais de vitamina A todos os dias. Em também como uma salada feita com verduras folhosas, cenoura e tomate.
O betacaroteno é um poderoso destruidor de radical livre. Quando entra em nosso organismo, transforma-se em vitamina A, uma poderosa protetora do sistema imunológico. Juntos, esses nutrientes dão um golpe certeiro nos carcinógenos. Para aumentar a ingestão de betacaroteno (e de vitamina A), encha seu prato com os seguintes alimentos.
Todas as vitaminas do complexo B - incluindo-se a tiamina, a riboflavina, a niacina, o ácido fólico, o ácido pantotênico B6 e B12 - têm funções importantes na manutenção de um sistema imunológico forte e saudável. A maioria das pesquisas mais recentes se concentrou na vitamina B6 e no ácido fólico.
A vitamina B6 encontrada na maçã, na banana, no feijão, na cenoura, nos grãos, nas verduras folhosas e na batata-doce tem um lugar importante na manutenção da imunidade ideal. A deficiência de vitamina B6 cria uma predisposição ao câncer ao danificar os dois braços do sistema imunológico: o humoral (linfócitos B, que criam os anticorpos) e o mediado por células (linfócitos T, que cercam e destroem as células cancerígenas).
A vitamina B6 também ajuda a manter a saúde imunológica, fortalecendo as membranas mucosas que revestem os aparelhos respiratório e gastrintestinal. No mundo real, pagam-se enormes dividendos pelo fortalecimento da integridade dessas barreiras naturais entre nós e os carcinógenos.
A vitamina B6 parece ser competente sobretudo na proteção e até na reversão do câncer do colo do útero. Para colher os benefícios anticancerígenos dos nutrientes, são necessários de ***25 a 25 miligramas por dia.
O ácido fólico, outra vitamina do complexo B, participa da divisão e da maturação das células, bem como da síntese de RNA e DNA. A deficiência do ácido fólico pode causar a displasia do colo do útero (um sinal inicial do câncer do colo do útero) nas mulheres. Em estudos, suplementos de 10 miligramas diários impedem que as células cervicais anormais se espalhem e, em algumas mulheres, até voltem ao normal.
O ácido fólico é encontrado nas frutas cítricas, nas hortaliças folhosas verde-escuras, no espinafre, nos brócolis, na couve-de-bruxelas, na alfafa, no feijão-soja, no grão-de-bico, na lentilha, no trigo, na aveia, na cevada, no arroz integral e nas nozes. Tome de 800 a 2 mil microgramas por dia.
A vitamina C atua em vários níveis, evitando e até ajudando a curar o câncer. Vários estudos documentaram a conexão entre o maior consumo de vitamina C e o risco reduzido da maioria dos tipos de câncer, como os da boca, do esôfago, da laringe, de pulmão, do estômago, do pâncreas, do reto, de mama, do colo do útero e de pele.
Muitos pesquisadores estudaram o poderoso efeito anticancerígeno da vitamina C. Linus Pauling, Ph.D, duas vezes ganhador do Prêmio Nobel, talvez seja o mais conhecido. Seu livro Cancer and Vitamin C focaliza as propriedades preventivas e terapêuticas do nutriente.
A vitamina C combate o câncer através de diferentes mecanismos. Em a primeiro lugar, é um poderoso antioxidante. Neutraliza uma vasta série de carcinógenos, inclusive os nitratos e as nitrosaminas, os hidrocarbonetos, os pesticidas, as substâncias químicas industriais e os poluentes do ar.
Em segundo lugar, a vitamina C fortalece o "cimento intercelular" - a rede de colágenos e fibras que literalmente cola uma célula na outra. Na verdade, o organismo usa a vitamina C para fabricar o colágeno, que protege o organismo contra o câncer.
Em terceiro lugar, a vitamina C ajuda a evitar o câncer neutralizando e espalhando a hialuronidase, uma enzima fabricada pelas células cancerígenas para ajudá-las a formar metástases.
Em quarto lugar, a vitamina C melhora o funcionamento do sistema imunológico, fortalecendo os linfócitos T, as células imunológicas que matam as células cancerígenas. Um sistema imunológico forte é uma das melhores defesas contra o câncer.
Para fazer tudo isso, são necessárias doses de vitamina C maiores do que as que podem ser obtidas apenas pela alimentação. Recomendo os suplementos - 675 a 3000 miligramas por dia em forma de éster C.
Poucos nutrientes podem competir com a versatilidade da vitamina C na luta contra o câncer. Ele atua em todas as frentes, neutralizando os radicais químicos livres e estimulando a imunidade. Você pode aumentar a ingestão de vitamina C com os seguintes hortaliças e frutas:
Também conhecida como tocoferol, a vitamina E é um poderoso antioxidante que ajuda a evitar o câncer, bloqueando a peroxidação dos lipídios, a oxidação das gorduras poliinsaturadas em radicais químicos livres. A peroxidação dos lipídios é potencialmente importante em todos os tipos de câncer, mas é significativa principalmente como uma causa do câncer de mama e do cólon.
A vitamina E também exerce papel decisivo no funcionamento do sistema imunológico. Um nível baixo da vitamina leva à produção de anticorpos deteriorados, à incapacidade de fabricar os linfócitos T e B e à redução da resistência ao câncer e a infecções.
A vitamina E funciona de maneira sinergética com as vitaminas A e C e com o mineral selênio, com o qual tem uma afinidade especial. O selênio e a vitamina E combinados dão um golpe certeiro no câncer. Como não é possível obterem-se quantidades idealmente protetoras da vitamina E apenas por meio da alimentação, recomendo suplementos de 400 a 1.600 unidades internacionais por dia.
Observação: quem toma medicamentos para afinar o sangue deve consultar o médico antes de ingerir suplementos de vitamina E.
O selênio é um mineral essencial que exerce papel inestimável na prevenção do câncer. Comprovou-se que a deficiência de selênio na alimentação é um risco para o surgimento do câncer. Os níveis sanguíneos do mineral são muito mais baixos em pessoas com câncer do que em pessoas saudáveis.
Um número cada vez maior de estudos relaciona a baixa ingestão de selênio com o câncer. A incidência de câncer é mais elevada em pessoas que ingerem alimentos cultivados em solo deficiente de selênio. Rapid City, em Dakota do Norte, por exemplo, tem a menor incidência de câncer entre as cidades norte-americanas. Seus habitantes também ostentam os maiores níveis de selênio no sangue. Na outra extremidade do espectro, os níveis de câncer em Lima, Ohio, são o dobro dos de Rapid City. Seus cidadãos têm apenas 60% de selênio correndo nas veias.
Em um levantamento realizado em 27 países, as taxas de óbito pelos tipos mais comuns de câncer (mama, ovário, próstata, cólon e reto e leucemia) foram inversamente proporcionais à ingestão de selênio por meio da alimentação. Em outras palavras, quanto mais baixa a ingestão de selênio, maior a taxa de óbito por câncer, e vice-versa.
Um exame detalhado das propriedades do selênio revela alguns motivos para os poderes de prevenção do câncer do mineral. Para começar, o selênio é um componente essencial da peroxidação da glutationa, uma enzima muito importante que combate o câncer. E mais: o selênio aumenta os efeitos da vitamina E, um antioxidante que, como já vimos, tem propriedades anticancerígenas próprias.
O selênio protege-nos contra os efeitos venenosos de vários poluentes, inclusive o arsênico de metais pesados, o cádmio e o mercúrio. Desintoxica os carcinógenos e mutagênicos, defende-nos contra os radicais químicos livres e a radiação, protege o fígado e sustenta o metabolismo da gordura. Torna inofensivas substâncias químicas que provocam o câncer, como os carcinógenos que ocorrem naturalmente, os pesticidas e as toxinas concentrados nos tecidos graxos.
Conseguir uma quantidade ideal de selênio apenas com alimentação é difícil, senão impossível. É preciso ingerir mais de 500 gramas de peixe, a melhor fonte do mineral, todos os dias para se conseguir o bastante. Os suplementos são melhores de qualquer maneira, porque todo esse peixe geraria risco de ingerir gordura saturada em excesso, de contaminação por microrganismos, envenenamento por mercúrio e outras intoxicações químicas. Meu conselho: tome 100 a 300 microgramas de selênio por dia em forma de suplementos.
Enquanto os nutrientes descritos anteriormente podem ser superastros da luta contra câncer, muitos outros têm um papel coadjuvante indispensável. Nesses se incluem minerais como o cálcio e o zinco, os aminoácidos cisteína e metionina e os ácidos graxos essenciais. Embora não sejam tecnicamente um nutriente, as fibras ajudam a livrar seu corpo dos carcinógenos antes que eles possam causar algum mal.
O fornecimento de quantidades ideais de todas essas substâncias às suas células aumentará sua proteção contra o câncer. Mas você não conseguirá obter quantidade ideais apenas com a alimentação - mesmo seguindo a Dieta Antienvelhecimento altamente saudável. Comer alimentos para obter o bastante de apenas um nutriente acarretaria um consumo enorme e desnecessário de calorias. Para conseguir somente 1.000 miligramas de vitamina C, por exemplo, você precisaria comer um alqueire de laranjas - o equivalente ao suprimento de cinco dias de calorias.
Discuto a suplementação em mais detalhes nas Partes III e IV deste livro. Por enquanto, lembre-se apenas de que os alimentos e suplementos devem ser sócios igualitários no seu programa anticâncer e antienvelhecimento.
Nenhum alimento por si só contém todos os (ou mesmo uma fração pequena dos) nutrientes anticancerígenos. Para colher os benefícios desse enorme tesouro nutricional descoberto, você deve variar suas escolhas alimentares. A diversidade é a base tanto da Dieta de Prevenção do Câncer quanto da Dieta Antienvelhecimento.
Para reduzir sua exposição aos pesticidas cancerígenos e a outros aditivos químicos, opte, sempre que possível, por alimentos cultivados organicamente. Estudos recentes mostraram que esses alimentos são melhores não apenas por não terem carcinógenos, mas também por conterem níveis muito mais significativos de nutrientes anticancerígenos do que os alimentos cultivados de maneira convencional.
A Dieta de Prevenção contra o Câncer exclui todos os alimentos, substâncias químicas e aditivos conhecidos por fomentar as malignidades. Não contém, sobretudo, qualquer alimento de origem animal. Esses alimentos não fornecem substâncias fitoquímicas ou outros nutrientes anticancerígenos e eliminam os alimentos que o fazem. Além disso, reúnem uma enorme dose de carcinógenos.
Eis aqui uma receita fácil com sabor especial. Seus ingredientes têm um enorme valor anticancerígeno.
1 colher de chá de óleo de soja
1 dente de alho picado
1/4 de xícara de água
45% de tofu cortado em cubos de 2,5 cm
2 xícaras de verduras variadas (tais como couve-chinesa, brócolis, repolho e couve-flor)
1 colher de chá de molho de soja ou tamari
Caril e gengibre (opcionais)
Cubra a superfície de uma frigideira grande com o óleo e esquente em fogo alto. Acrescente o alho e 2 colheres de chá de água até amolecê-lo. Acrescente o tofu, as verduras variadas e o molho de soja ou tamari. Tampe e cozinhe, mexendo de vez em quando durante 5 minutos ou até ficar levemente tostado. Se necessário, acrescente as 2 colheres de água remanescentes, para evitar que os vegetais endureçam. Acrescente o caril ou gengibre (se estiver usando). Sirva sobre arroz integral cozido no vapor.
Por porção: 186 calorias, 11,1% de gordura, 19,1% de proteína, 7,3% de carboidratos, 2,5% de fibra, O mg de colesterol, 111 mg de sódio.
Para ajudá-lo a usar os nutrientes anticancerígenos de maneira vantajosa, ao mesmo tempo em que você se afasta de uma alimentação indesejável, desenvolvi a pequena lista de substituições e sugestões de alimentos a seguir. Para ter mais idéias, veja o plano de cardápio e receitas no início do parágrafo 0.3.2_3.
Se você é como muitas pessoas, já deve ter reduzido seu consumo de carne vermelha por causa do alto teor de gordura. Isso é bom. Porque, como o próximo capítulo explica; carne vermelha e Renovação não se combinam.