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- FRANCES M. LAPÉ, DIET FOR A SMALL PLANET
Você aplicaria sete gramas de pesticidas em seus alimentos todos os dias? Ou ingeriria 68 quilos de aditivos variados por ano? É claro que não. Mas, na verdade, é isso o que cada norte-americano médio - embora inconscientemente - está fazendo. No todo, a dose anual dessas substâncias químicas que ameaçam gravemente a vida chega assombrosamente a um bilhão de quilos ou mais de um milhão de toneladas.
Por serem incolores, inodoras e insípidas e por não o deixarem doente (pelo menos não imediatamente), essas substâncias não são muito notadas. A lentidão com que causam estragos dentro do nosso organismo faz com que não as rejeitemos. As doenças traiçoeiras geradas por esses contaminadores surgem lentamente - estamos falando de décadas - e somente depois que danos irreparáveis já tiverem ocorrido. Qualquer programa sério de antienvelhecimento deve incluir o compromisso de diminuir a exposição a esses agentes que encurtam a vida.
Em primeiro lugar, vamos dar uma olhada no pior desses vilões: os pesticidas. Depois passaremos para os onipresentes aditivos. Finalmente, discutiremos o que podemos fazer para nos proteger e proteger o nosso meio ambiente - e podemos fazer muito!
Suponhamos que você está jantando em um restaurante extravagante. Você está morrendo de fome e, quando o garçom finalmente traz a comida, mal pode esperar para começar a comer. Quando você levanta o garfo, o garçom se dirige ao seu prato olhando-o com aquela conhecida expressão "Posso ... ?" enquanto segura um moedor de pimenta sobre sua salada. Mas não é pimenta.
- O que é isso? - você pergunta.
- Nossa mistura especial de PCBs (bifenilas policloradas), EDB (dibromoetileno) e dieldrina, com um bocado de DDT, uma pitada de dioxina e alguns outros pesticidas variados - ele responde com ar negligente.
- Não, obrigado - diz você, balançando a cabeça.
- Mas senhor, eu insisto - diz ele.
- Não, obrigado! - você repete com firmeza.
Ousado, ele borrifa uma camada da mistura letal sobre toda a sua refeição. Depois, vira-se e vai embora sem sequer lhe dar tempo de se recompor para repreendê-lo.
Neste momento, você talvez esteja pensando que essa cena, embora assustadora, poderia acontecer na vida real. E provavelmente você tem razão. O problema é que essas toxinas, de qualquer maneira, estão presentes na sua comida - e ninguém jamais pediu sua permissão.
Mais de meio bilhão de quilos de pesticidas - ou aproximadamente 2 quilos por pessoa - são utilizados nos alimentos produzidos nos Estados Unidos a cada ano. Porém, os indícios científicos que condenam essa prática são claros.
Os pesticidas (incluindo os herbicidas, os inseticidas e os fungicidas) não são substâncias neutras nem inócuas, como os grandes agricultores fazem acreditar. Ao contrário: são substâncias químicas especialmente elaboradas para destruir a vida despedaçando sistemas biológicos. Como o organismo humano é um conjunto complexo de sistemas biológicos, é um absurdo sequer sugerir que os pesticidas não têm efeito destrutivo dentro dele.
Os pesticidas matam ervas daninhas, insetos, fungos e outras formas "indesejáveis" de vida, interferindo em vários aspectos do seu metabolismo. Os seres humanos são fundamentalmente semelhantes a esses organismos, no sentido de que todos são aglomerações complexas de células. No nível celular, não há diferença real na maneira como o veneno funciona. Nosso tamanho é o que nos salva. Somos maiores e mais diversificados, por isso resistimos aos efeitos tóxicos dos pesticidas por muito mais tempo do que uma pequenina planta ou inseto. Se nós, seres humanos, fôssemos do tamanho dos insetos, morreríamos tão rápido quanto eles.
Os pesticidas se acumulam em nosso organismo, enfraquecendo gradualmente nossos componentes celulares mais sensíveis - especialmente os dos sistemas endócrino (hormonal), reprodutor, circulatório, imunológico e do sistema nervoso central. Com o tempo, aumentam a probabilidade de doenças cardíacas, câncer e alergias; minam a resistência à organismos infecciosos; prejudicam a fertilidade e contribuem para abortos espontâneos e malformações congênitas. E nem é preciso dizer que fazem a longevidade despencar.
Na presença de pesticidas, o processo de Renovação fica abalado e acaba se desintegrando. Não admira que Rachel Carson, em seu produtivo livro Silent Spring, escrito em 1962, apelidou essas substâncias químicas de elixires da morte.
Devido à aplicação exagerada de pesticidas nos produtos agrícolas os alimentos são amplamente contaminados. Como menciona Frances Moore Lappé em seu livro Diet for a Small Planet: "Os pesticidas transformaram os produtos frescos, principal símbolo da saúde, em um risco para a saúde."
Mas se os produtos hortigranjeiros tornaram-se um risco para a saúde, os alimentos de origem animal poderiam ser definitivamente considerados letais. As substâncias químicas aplicadas nos alimentos concentram-se no organismo de animais e, por isso, são encontradas em quantidades muito maiores nas carnes, nas aves e nos laticínios. Enquanto as frutas, os vegetais e os grãos são responsáveis por 11% das exposições ao pesticida, as carnes e laticínios são responsáveis por 78%.
Mas o alimento não é a única fonte dessas bombas-relógio tóxicas (assim chamadas devido à manifestação tardia das doenças que desencadeiam). Os pesticidas envenenam nosso ar e nossa água, assim como nossos lares, escritórios, locais de férias e de diversão. Na verdade, enquanto muitas pessoas relacionam a agricultura ao uso de pesticidas, a concentração média de pesticidas é dez vezes mais elevada em lares norte-americanos típicos do que no campo. Essas toxinas também são usadas extensivamente em hospitais, escolas e escritórios.
Ao ar livre, os pesticidas são borrifados em gramados, lagos, florestas e parques. Através do escoamento das águas pluviais, dos esgotos, riachos e rios, os pesticidas chegam ao oceano, onde são responsáveis por mais de 90% da poluição da água. Uma pesquisa realizada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) revelou que 100 milhões de norte-americanos estão bebendo água de fontes contaminadas por pesticidas. Das amostras de água potável testadas em regiões intensamente agrícolas do país, 82% continham dois ou mais pesticidas. Uma pesquisa realizada pelo Serviço Geológico norte-americano das águas do rio Mississippi e seus afluentes revelou contaminação por herbicidas em quase todas as amostras coletadas.
Os pesticidas não estão apenas ao seu redor; estão também dentro de você. Todos os seus tecidos estão contaminados. Nós - como todos os norte-americanos - temos níveis mensuráveis de diclorodifeniltricloroetano (DDT), bifenilas policloradas (PCBs), dioxinas, heptacloro, clordano, aldrin, dieldrina e outros pesticidas em nossa corrente sanguínea. O fato assustador é que esses venenos saturaram seu meio interno, assim como seu meio externo.
Muitos pesticidas - talvez a maioria - são carcinógenos. Porém, apenas uma pequena quantidade (aproximadamente 10%) foi testada para ver se provocam riscos à saúde dos seres humanos antes de ser aprovada para utilização em alimentos. A inexistência de normas governamentais para substâncias extremamente perigosas é vergonhosa. A EPA avalia pesticidas da mesma forma como são aplicadas as regras da democracia. Pesticidas não são pessoas: devem ser considerados culpados até que provem sua inocência, e não ao contrário.
Os limites de tolerância para com os pesticidas não são estabelecidos levando-se em conta a saúde dos seres humanos. Ao contrário, refletem as concentrações de resíduos mais altas em uso normal na área, não no prato. O médico Richard Jackson, pediatra da Califórnia e co-autor do estudo "Pesticides in the Diets of Infants and Children", realizado em 1993 na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, compara esses níveis negligentes de tolerância com "estabelecer o limite de velocidade em 11 mil quilômetros por hora e depois se parabenizar quando ninguém o ultrapassa".
A única solução eficaz para o problema dos alimentos tóxicos é uma atitude protetora em nível individual. Isso significa comer apenas alimentos cultivados organicamente, sem pesticidas. (Maiores informações sobre esse assunto podem ser encontradas no final deste capítulo.)
Na maioria dos seres humanos, a exposição aos pesticidas a curto prazo não causará problemas de saúde perceptíveis. É o efeito cumulativo desses agentes diabólicos que realmente causa os danos. O organismo não os elimina de modo eficiente e, por isso, eles surgem nos tecidos desordenando o que vêem pela frente.
A seguir, apresento uma amostra dos pesticidas normalmente encontrados e seus efeitos adversos sobre a saúde.
Quando o sistema imunológico fica prejudicado, o organismo não pode lutar contra o câncer de modo eficaz. Todos os cinco pesticidas mais comuns - atrazina, alacloro, metalocloro, 1.3-dicloropropeno e 2.4-D estão associados a um maior risco de câncer. Estão associados também aos danos do aparelho reprodutor e a malformações congênitas.
No sistema reprodutor, muitos pesticidas podem prejudicar diretamente o feto, causando abortos, partos de natimortos, malformações congênitas e mutações genéticas. Mutações causadas por pesticidas podem ser transferidas para gerações seguintes, podendo, dessa maneira, afetar os netos ou bisnetos da pessoa que ficou exposta.
Outra advertência assustadora da penetração dessas substâncias químicas é o fato de que 99% do leite das mães nos Estados Unidos, por exemplo, contêm níveis perigosos de DDT. A contaminação do leite nas mães que comem carne é 35 vezes maior do que nas mães vegetarianas.
Hoje, sabemos que grande quantidade dos pesticidas mais amplamente utilizados - inclusive os mais antigos, penetrantes e difíceis de destruir (DDT, PCBs e dioxina), assim como seus primos mais novos (cuja toxicidade continua sendo uma questão de especulação) - imita hormônios estrogênicos produzidos naturalmente. Fazem isso ligando-se fortemente a locais receptores de hormônios no organismo, perturbando, assim, o balé altamente coreografado que o principal pesquisador da progesterona, o médico John Lee, de Sebastopol, Califórnia, apelidou adequadamente de Dança dos Esteróides. Pelo menos 50 dessas substâncias químicas sintéticas bloqueadoras de receptores de hormônios foram identificadas até hoje e muitas estão em observação.
Durante muito tempo, os pesquisadores da área souberam que coisas estranhas estavam ocorrendo, em termos endocrinológicos. Porém, só recentemente a ligação entre os pesticidas e a contaminação em locais receptores de hormônios se esclareceu.
Hormônios elaborados pela natureza agem como desencadeadores de diversas reações bioquímicas, por isso são eficazes em quantidades incrivelmente pequenas. Da mesma maneira, os impostores dos hormônios são eficazes em doses mínimas, causando o funcionamento anormal dos sistemas imunológico e reprodutor e do sistema nervoso central. Pesquisadores relacionaram uma série variada de distúrbios do sistema reprodutor e do desenvolvimento - incluindo endometriose, câncer de próstata e cérebros de tamanho menor - a esses impostores de hormônio. Alguns exemplos:
Talvez mais ameaçadores sejam os estranhos efeitos reprodutivos dos impostores de hormônios, que foram amplamente documentados tanto em animais de laboratório quanto em estudos com populações de seres humanos. Entre os homens norte-americanos, por exemplo, a incidência do câncer de testículo está crescendo. Enquanto isso, a fertilidade está caindo. Mais de 25% de estudantes universitários do sexo masculino nos Estados Unidos são estéreis, comparados com apenas 0,5% em 1950. E a contagem média de espermatozóides caiu 30% em três décadas.
As mulheres, que possuem mais estrogênio e mais receptores estrogênicos do que os homens, também são mais vulneráveis aos impostores dos hormônios. O câncer de mama, uma autêntica epidemia, é uma doença dependente de hormônios que afeta uma em cada dez mulheres nos Estados Unidos. Pesticidas que imitam hormônios são encontrados em altas concentrações no tecido da mama que se tornou canceroso. Um estudo realizado no Hartford Hospital, em Connecticut, revelou concentrações mais altas de DDT e de PCBs em tecidos cancerosos da mama do que em amostras de tecido de tumores de mama benignos.
É importante observar que, ao contrário de seus correspondentes naturais, os impostores de hormônios não são destruídos e excretados. Ao contrário, esses canalhas estruturalmente estáveis aparecem nos tecidos adiposos dos animais que os consomem. Assim, quando consumimos alimentos de origem animal, os impostores de hormônios passam para nós - estabelecendo, mais tarde, residência permanente em nossos tecidos adiposos.
Individualmente, os pesticidas que imitam os hormônios são bastante perigosos. Hoje, há indícios de que seus efeitos se multiplicam quando ocorrem juntos.
Quando John A. McLachlan, toxicologista do Center for Bioenvironmental Research na Tulane University e na Xavier University em Nova Orleans, combinou os pesticidas endossulfano e dieldrina, a atividade estrogênica do endossulfano foi 160 vezes maior e a do dieldrina foi 1.600 vezes maior. Quando McLachlan combinou o endossulfano com o clordano, a atividade estrogênica do endossulfano aumentou 100 vezes. Essa descoberta é ainda mais notável se levarmos em conta que o clordano, por si só, não tem absolutamente qualquer atividade estrogênica.
Essa síndrome do coquetel de substâncias químicas é de interesse muito mais que acadêmico. Na vida real, somos continuamente bombardeados por uma série de combinações de pesticidas. Combinações múltiplas podem produzir uma atividade estrogênica exponencialmente combinada.
A EPA e a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos dividem a responsabilidade de proteger a população dos pesticidas. Embora deva monitorar resíduos de pesticida no abastecimento de alimentos nos Estados Unidos, a FDA extrai amostras de menos de 1% dos alimentos. Além disso, 60% dos pesticidas não podem ser detectados pelos atuais testes da FDA. São necessários métodos de laboratório mais novos e diferentes para identificar aproximadamente metade dos pesticidas mais utilizados hoje. Na verdade, nem metade dos pesticidas possivelmente presentes nos alimentos chega a ser testada.
Mesmo assim, a FDA descobriu resíduos de pesticidas em 48% das frutas e vegetais consumidos com mais frequência. Por exemplo, 99% das maçãs vendidas no comércio são tratadas com pesticidas. (Será que essas maçãs evitam nossa visita ao médico ou acabam tornando-a necessária?) Mais de 95% das plantações de milho recebem herbicidas.
Lembre-se: como os testes da FDA não detectam mais do que metade dos pesticidas que podem estar presentes nos alimentos, os verdadeiros percentuais de contaminação devem ser substancialmente maiores. Leve em consideração também que existe aqui um efeito cumulativo, uma vez que ingerimos várias porções desses alimentos por dia.
Em seu livro Silent Spring, Rachel Carson levantou "uma questão que não é apenas científica, mas moral. A questão é: uma civilização pode travar uma guerra implacável contra a vida sem se destruir e sem perder o direito de ser chamada civilizada?"
Se nossa guerra contra as ervas daninhas, insetos e fungos está lentamente nos destruindo também, devemos perguntar: "Por que estamos fazendo isso conosco?" A resposta pode ser encontrada pesquisando-se o panorama político.
Em 1987, a prestigiosa Academia de Ciências dos Estados Unidos divulgou um relatório estimando que os pesticidas presentes nos alimentos seriam responsáveis por um milhão de casos de câncer nos Estados Unidos. Contudo, desde então, o governo recusou-se veementemente a tornar prioridade nacional proteger os norte-americanos dos pesticidas.
Enquanto isso, os norte-americanos são tratados como cobaias humanas, na medida em que a maior parte dos pesticidas vem sendo aplicada nos alimentos sem absolutamente qualquer teste. Na verdade, muitos pesticidas foram aprovados pela EPA antes de passarem pelas análises das condições de saúde e de segurança. Dos poucos que foram adequadamente avaliados, quase todos apresentaram algum grau de toxicidade. Ainda assim, padrões governamentais frouxos permitem que esses pesticidas permaneçam no mercado. O resultado desse experimento diabólico já é visível entre nós: milhares de casos de câncer hoje e milhares de casos previstos.
Até a EPA reconhece que 30% de todos os inseticidas e de 60 a 90% de todos os outros pesticidas poderiam causar câncer. Apesar disso, dos cerca de 400 produtos pesticidas em uso atualmente, o potencial carcinogênico de cerca de 85% não foi testado.
Para obter um dos exemplos mais notórios de como a política influencia o plano de ação público dos pesticidas, basta olhar o desastre causado pelo Alar. O Alar (também conhecido como diaminozida) é um regulador do crescimento dos vegetais borrifado em certas frutas e vegetais para lhes conferir uma coloração bem vermelha. Em meados da década de 1970, pesquisas revelaram que o Alar nas maçãs causa câncer. A EPA só propôs uma interdição em 1985 - e, mesmo assim, o Science Advisory Panel da agência rejeitou a proposta. Mais tarde, dois senadores norte-americanos revelaram que sete dos oito membros do conselho atuaram como consultores do setor químico, ao mesmo tempo que permitiam o uso contínuo do Alar.
Esse comportamento escandaloso levanta um problema enorme e constante: existe uma porta giratória gigante através da qual os principais executivos do setor químico são indicados para posições regulamentadoras do governo americano, executam uma tarefa e depois voltam para o setor. Quem fala em nome do povo que quer parar de ser envenenado?
Os políticos em geral têm o poder para cessar com a carnificina. Mas, sem um movimento popular destinado a instituir mudanças, as empresas químicas, agrícolas e de processamento de alimentos, ricas e poderosas, continuarão atuando.
Mais de 2 milhões de toneladas de pesticidas são produzidos só nos Estados Unidos a cada ano. Um quinto dessa quantidade é exportado para os países do Terceiro Mundo, onde o uso indiscriminado teve consequências de proporções desastrosas. Reações tóxicas agudas e crônicas a pesticidas ocorrem com uma regularidade alarmante.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ocorrem anualmente no mundo 500 mil envenenamentos agudos por pesticidas e 5 mil mortes relacionadas com o pesticida. Os motivos são múltiplos. Por exemplo, produtos pesticidas muitas vezes são mal utilizados. Os governos dos países em desenvolvimento raramente dispõem de normas locais para controlar a aplicação de pesticidas. E de que servem os rótulos de advertência para quem não sabe ler?
Outro perigo inerente aos pesticidas exportados é que, muitas vezes, o feitiço acaba virando contra o feiticeiro. Em um escândalo chocante de proporções globais, pesticidas como o DDT - que foram banidos nos Estados Unidos por serem perigosos - estão sendo exportados em grande escala para países do Terceiro Mundo. Lá, são utilizados em plantações de café, banana e em carnes, produtos importados e consumidos pelos Estados Unidos. O círculo vicioso foi apelidado de Círculo do Veneno pelos jornalistas David Weir e Mark Schapiro, no livro Circle of Poison.
Há vários anos, durante uma viagem à China, a convite do governo daquele país, visitei uma fazenda popular perto de Suchow. Nossos anfitriões nos serviram um sofisticado almoço no salão dos convidados da comunidade, cujas janelas proporcionavam uma vista panorâmica das grandes planícies da fazenda que se alongavam até sumir de vista. Enquanto almoçávamos e recebíamos as explicações, eu olhava atentamente para os campos. Lá longe, observei vários trabalhadores mergulhando grandes conchas de madeira em baldes e, em seguida, espalhando um pó branco e encaroçado sobre as plantações. O que quer que fosse, não estava sendo aplicado de maneira uniforme. Algumas plantas recebiam grandes porções, enquanto outras não recebiam.
Isso despertou minha curiosidade. Esperei pelo momento oportuno para perguntar ao rapaz (que agora respondia a perguntas sobre a comunidade) o que aqueles trabalhadores no campo estavam fazendo. A resposta veio através de um intérprete: "Estão aplicando um pesticida - o DDT - nas plantações." Fugindo habilmente de posteriores perguntas que pudessem ser constrangedoras, o rapaz logo mudou de assunto.
De início, fiquei atordoado, depois ofendido. Porém, meu senso de decoro evitou que eu fizesse um estardalhaço porque os trabalhadores estavam visivelmente se envenenando. Será que não sabiam que o DDT era extremamente tóxico e cancerígeno - e que havia sido banido no meu país? (Na época, não percebi, mas o DDT deles certamente vinha dos Estados Unidos.)
Sentindo uma necessidade desesperada de discutir esse assunto com alguém, cerquei nosso guia depois do encontro e perguntei-lhe por que esse procedimento bárbaro não havia acabado. Ele estava bem consciente dos perigos do DDT. Mas, como explicou, as comunidades tinham cotas a serem cumpridas e o governo central impunha multas para quem não as cumprisse. Utilizar o DDT aumentava a produção.
Fiquei horrorizado - e deprimido. Claramente, os perigos do DDT estavam sendo minimizados pelos funcionários do governo e os camponeses não conheciam os verdadeiros riscos impostos à sua saúde.
O norte-americano médio, por exemplo, consome, aproximadamente, 700 quilos de alimento por ano. Dessa quantidade, 10% - cerca de 70 quilos - são aditivos.
A FDA aprovou mais de 3.000 tipos de aditivos para uso em alimentos nos Estados Unidos. A grande maioria desses compostos tem propriedades que corroem a saúde e encurtam a vida. Esse envenenamento comum do povo norte-americano é, no mínimo, uma calamidade nacional.
Praticamente todos os alimentos embalados e vendidos em supermercados contêm aditivos. Alguns desses alimentos têm tantos ingredientes artificiais - coisas como emulsificantes, conservantes e estabilizantes -, que suas embalagens parecem livros de química. Estão tão corrompidos que nem parecem de verdade.
Por que os fabricantes insistem em adicionar essas substâncias que literalmente causam doenças a alimentos que, de outro modo, seriam saudáveis? Basicamente, por três motivos: para facilitar o processamento; ressaltar a cor, a textura e o sabor; e - talvez o mais importante - para aumentar sua durabilidade.
Transportar alimentos frescos e inteiros até o mercado e estocá-los sem estragos têm um custo alto. Ao encher os produtos de conservantes e de outros aditivos, os fabricantes e fornecedores de alimentos economizam bilhões de dólares por ano somente em custos de estocagem e carregamento. Eles podem estocar os produtos em depósitos e em prateleiras de armazéns durante semanas, até meses. E não têm que se preocupar com o estrago dos alimentos.
Certamente, o setor de alimentos faz uma enorme economia ao aumentar a durabilidade do alimento. Mas o consumidor paga um preço alto em termos de saúde e de longevidade.
Devido à comprovada toxicidade a longo prazo de muitos aditivos alimentares, você deve estar imaginando por que a FDA continua a aprovar seu uso. Em 1959, a FDA lançou o que ficou conhecida como lista GRAS - que significa geralmente reconhecido como seguro (generally recognized as safe). A lista isenta certos aditivos das normas da FDA. Uma das normas é a cláusula Delaney, que proíbe a adição ou aplicação de carcinógenos conhecidos nos alimentos.
De acordo com a FDA, cada um dos aditivos da lista GRAS tem histórico limpo ou é comprovadamente seguro em termos científicos. Contudo, na época em que a lista foi feita, um grande número de substâncias recebeu a posição de GRAS sem que fossem realizados os testes adequados. (Haviam recebido aprovação do governo antes de 1959, e foram, assim, apadrinhados na lista.)
A FDA reavalia periodicamente a lista GRAS, acrescentando e eliminando substâncias, à medida que chegam novas informações. Mesmo assim, muitos aditivos permanecem na lista muito depois de terem sua toxicidade comprovada. Por exemplo, os nitritos e a sacarina mantêm sua posição na lista GRAS, embora suas propriedades causadoras de câncer estejam bem evidentes. Sem dúvida, outros estudos mostrarão ainda mais aditivos tão "seguros" quanto os venenos.
A FDA, de sua parte, parece ter adotado a posição de que uma substância é inocente até que se prove o contrário - muito além da dúvida razoável. Assim sendo, a lista GRAS veio condensar o que o ex-senador norte-americano George McGovern certa vez descreveu como "a terra do nunca da falta de normas".
Obviamente, os próprios fabricantes de alimentos não têm interesse em descobrir o perigo de uma substância. Podem acabar gastando muito para retirar de uso o aditivo nocivo e adotar algo seguro.
Ler os rótulos também não o protegerá necessariamente de alimentos "contaminados". As normas que regem a divulgação dos ingredientes são cheias de subterfúgios. Por exemplo, um determinado aditivo pode ser identificado em alguns rótulos mas não em outros. Legumes enlatados que contenham glutamato monossódico (MSG) devem tê-lo na lista de ingredientes. Esse requisito não se aplica à maionese, aos molhos de saladas e a diversos outros alimentos. Imagine só.
Além disso, os próprios ingredientes dos alimentos prontos podem conter aditivos entre seus ingredientes. Por exemplo, o conservante butil-hidroxitolueno (BHT) é, em geral, adicionado ao óleo vegetal para evitar que fique rançoso. O óleo pode fazer parte dos molhos de saladas, produtos de padaria e outros alimentos preparados e processados. E você nunca saberá que eles contêm BHT; pois o rótulo não os menciona.
Alimentos cheios de aditivos não podem fazer parte de uma alimentação que beneficie a Renovação. As toxinas presentes nesses alimentos destroem o processo de Renovação, minando a saúde e a longevidade no âmbito celular.
Pesquisas mostraram que os aditivos acarretam distúrbios no desempenho mental, no humor e no comportamento. Os cientistas sabem que as toxinas prejudicam células cerebrais saudáveis e misturam as mensagens transmitidas entre elas.
Quando o conselho educacional da cidade de Nova York decidiu cortar todos os alimentos que continham certos corantes do seu programa de lanche escolar, descobriu algo notável. As pontuações dos estudantes em um teste de escolaridade nacional padronizado subiram do desolador 39o percentil (o que significava que 61% dos alunos de escolas públicas do país tinham pontuações mais altas) para o 47o percentil. Intrigado, o conselho resolveu eliminar dos lanches das escolas todos os corantes e aromatizantes sintéticos. Dessa vez, as pontuações dos testes dos alunos atingiram o 51o percentil.
Calculando a importância desse fato, membros do conselho concordaram em que não deveriam mais servir, nas escolas municipais, qualquer alimento que tivesse BHT ou o seu "irmão", o conservante butil-hidroxianisol (BHA). Mais uma vez, as pontuações dos estudantes subiram rapidamente, dessa vez para o 55o percentil. (Antes da experiência do conselho, as pontuações nunca haviam aumentado mais de 1% de um ano para outro.)
Visivelmente, os aditivos alimentares suprimiam, de alguma maneira, o processo mental dos estudantes. Imagine só quanto as suas pontuações melhorariam se seus pais instituíssem, em casa, uma proibição de aditivos semelhante.
Ao adotar os alimentos frescos e cultivados organicamente da Dieta Antienvelhecimento, você jamais se preocupará com aditivos. Só nos expomos a essas toxinas quando ingerimos alimentos processados e embalados.
A seguir, apresento os aditivos utilizados por fabricantes de alimentos que têm efeitos tóxicos comprovados no organismo humano. No mínimo, você deve evitar essas substâncias o máximo que puder.
Os fabricantes usam o alumínio para evitar o endurecimento em misturas para bolos, fermento em pó, sal e semelhantes. (A maioria dos antiácidos e dos desodorantes também contém alumínio;) O aditivo foi apontado como fator causador da doença de Alzheimer9.
Ao lermos "FD&C" em uma lista de ingredientes, podemos presumir que o alimento contém algum tipo de corante artificial.
(A abreviação significa apropriadamente corante e cor de alimentos.) Desses, os que têm efeitos mais devastadores na saúde são:
O aspartame recebeu o prêmio duvidoso de ter gerado mais reclamações para a FDA do que qualquer outra substância. O adoçante artificial contém fenilalanina, que serve como precursor para a substância química cerebral norepinefrina. Como tal, a fenilalanina pode alterar a química do cérebro e causar mudanças no comportamento.
Em estudos realizados antes de o aspartame obter aprovação da FDA, o aditivo causou tumores cerebrais e ataques epilépticos em ratos de laboratório. Seres humanos relataram uma ampla variedade de sintomas, incluindo dores de cabeça, fadiga, prisão de ventre, irregularidades menstruais e depressão.
Pequenas doses ocasionais de aspartame provavelmente não causarão problemas à maioria das pessoas. Mas consumir grandes quantidades do adoçante diariamente, tendência das pessoas que tentam perder peso, pode gerar sintomas como os mencionados anteriormente. Por ironia, pesquisadores sugerem que o aspartame e outros substitutos do açúcar fazem pouca diferença na "luta contra a balança". Apesar do consumo muito comum de adoçantes artificiais nos Estados Unidos, a epidemia de obesidade no país continua invencível.
As gestantes devem evitar o aspartame no período da gravidez, pois os efeitos dos adoçantes sobre o feto em desenvolvimento são incertos. Além disso, o aspartame não deve ser exposto ao calor ou usado em cozimentos. Altas temperaturas fazem com que o adoçante se decomponha em álcool metílico, o que pode contribuir para cegueira e danos cerebrais.
Esses conservantes são usados há mais de 70 anos para inibir o crescimento de microrganismos em sucos de frutas, picles e refrigerantes. Embora se acredite amplamente que sejam benignas, as duas substâncias apresentaram propriedades cancerígenas em estudos feitos na Rússia. Além disso, o benzoato de sódio inibiu o desenvolvimento neurológico, tolheu o crescimento e encurtou o tempo de vida de ratos de laboratório. Em uma pesquisa publicada no periódico médico britânico Lancet, o ácido benzóico produziu uma profunda hiperatividade em 79% das crianças que o ingeriram.
Óleos e outras gorduras tornam-se rançosos com o tempo e com a exposição constante ao ar. Tanto o BHA quanto o BHT bloqueiam esse processo, varrendo radicais químicos livres, à medida eles que se formam.
Mas não confunda esses conservantes com os nutrientes antioxidantes como as vitaminas A, C e E. Em estudos realizados com animais, o BHA e o BHT causaram danos ao fígado, calvície, anormalidades fetais e retardo no crescimento. Parecem também afetar o sono, o apetite e outros comportamentos.
Pesquisadores que alimentaram ratas prenhas observaram mudanças nas enzimas cerebrais de seus filhotes. Especificamente, o conservante diminuiu a produção de colinesterase, responsável pela reciclagem da acetilcolina, neurotransmissor cerebral. (Em seres humanos, a acetilcolina desempenha um papel na concentração e na memória de curto prazo.) Outros pesquisadores descobriram que o BHT promove a formação de tumores cancerosos em ratos.
Dúvidas persistentes sobre a segurança do BHA e do BHT convenceram as autoridades na Austrália e na Suécia a proibirem os aditivos e, no Reino Unido, a restringi-los rigidamente. Entretanto, nos Estados Unidos, os dois conservantes mantêm sua posição na lista GRAS. E por serem acrescentados, em geral, a alimentos que são utilizados como ingredientes em outros alimentos, o BHA e o BHT raramente aparecem nos rótulos.
Surpreende-me constatar que alguns "especialistas" em antienvelhecimento realmente defenderem altas doses de BHA e BHT, devido às suas propriedades antioxidantes. Temos acesso a muitos antioxidantes seguros e naturais que agem em harmonia com o nosso organismo. Por que então devemos correr o risco de câncer e outros problemas de saúde que encurtam a vida ingerindo toxinas produzidas pelo homem como o BHA e o BHT?
Os fabricantes usam o óleo vegetal bromado para evitar que o produto fique turvo e também como emulsificante. O aditivo aparece ainda em alguns refrigerantes vendidos em lata, pois evita a formação de anéis onde o líquido entra em contato com o ar.
Como o próprio nome indica, o óleo vegetal bromado é produzido através de um processo conhecido como bromação. A bromação é bem semelhante à hidrogenação. Uma diferença crucial: a bromação utiliza o elemento venenoso bromo, em vez do relativamente inócuo hidrogênio.
Estudos mostraram que bastariam 85 gramas de uma solução a 2% de óleo vegetal bromado para envenenar crianças. Em adultos, o aditivo reduz as defesas imunológicas e esgota a histamina, estimulando, assim, reações alérgicas. Contudo, por motivos que devem estar mais claros para a FDA do que para mim, não se exige que os fabricantes especifiquem a substância nos rótulos de alimentos.
Esses dois aditivos parecem ser relativamente atóxicos. Mesmo assim, podem causar enxaquecas e outras reações alérgicas em pessoas sensíveis a eles.
Derivado de uma alga marinha (Chondrus crispus), a carragena (também conhecido como musgo-irlandês) serve como estabilizante e espessante. Em geral, é acrescentada a alimentos de baixa caloria para lhes conferir volume e para mascarar o gosto final dos adoçantes artificiais. Engrossa e melhora o paladar de molhos, ketchups, mostardas, recheios de torras, pudins, condimentos, molhos para saladas, temperos, refrigerantes e sopas. Evita que o chocolate se separe em leites achocolatados e outras bebidas. Diminui o endurecimento na superfície dos produtos e melhora a consistência de queijos cremosos, queijos processados e requeijões.
A carragena é também utilizada para aumentar a textura de uma variedade de produtos de padaria industrializados, incluindo pães, bolos e roscas. Além disso, é um ingrediente comum em balas, marshmallows e gelatinas, pois evita que o açúcar se cristalize.
Apesar do extenso currículo no ramo da preparação de alimentos, a carragena raramente é mencionada nos rótulos dos alimentos. Melhor seria se fosse. Em animais de laboratório, o aditivo produziu lesões do tamanho da cabeça de um alfinete no intestino grosso, além de fezes com sangue e cheias de muco. Os dois sintomas são típicos de uma doença humana conhecida como colite ulcerativa. Outros animais desenvolveram tumores, úlceras e lesões semelhantes à cirrose hepática.
No ramo da nutrição, o EDTA tem uma reputação semelhante à do médico e o monstro. Agente de ligação, ele capta íons de metais pesados como o cádmio, o cobalto e o chumbo, desarmando essas possíveis toxinas. Porém, nesse processo, rouba dos alimentos minerais essenciais como cromo, cobre, ferro e zinco. Encontramos o EDTA na margarina, na maionese, nos molhos para saladas e nas pastas para sanduíches.
O consumo de água fluoretada pode ser a causa de mais de 10 mil mortes por câncer só nos Estados Unidos por ano. O fluoreto também enfraquece o sistema imunológico, contribui para malformações congênitas e rouba a vitamina C do organismo.
Nos Estados Unidos, muitas comunidades colocam fluoreto na água a fim de evitar as cáries. Entretanto, na Europa, 10 países proíbem hoje qualquer uso de fluoreto. Meu conselho: se a água de sua comunidade contiver fluoreto, beba água filtrada - engarrafada ou do seu próprio filtro.
Os dois aditivos podem causar reações alérgicas em pessoas sensíveis a eles.
O etilparabeno inibe a formação de mofo em geléias e sobremesas congeladas. Pesquisas relacionaram o aditivo a malformações congênitas.
"Proteína vegetal" pode parecer bastante benigna. Na verdade, esse aditivo impede o crescimento das crianças.10 Contém também MSG, que discutirei em breve.
Por si só, o amido alimentar não é tão ruim. O que causa problemas é a modificação. O processo pode envolver o uso de substâncias químicas como o sulfato de alumínio, o óxido de propileno e o anidrido 1-octilsuccínico, toxinas existentes no aditivo que passam para os alimentos.
Esses aditivos bloqueiam a absorção dos ácidos graxos essenciais, necessários ao bom desenvolvimento das células e a um sistema imunológico saudável. Em estudos realizados com animais, os monoglicerídeos e os diglicerídeos estão associados a fígados e rins inchados, órgãos reprodutores doentes e alta mortalidade.
Aproximadamente 20 milhões de quilos de MSG são infiltrados nos alimentos norte-americanos a cada ano. Sem dúvida, trata-se do aromatizante mais ubíquo de todos os aditivos alimentares.
A maioria das pessoas associa o MSG à culinária chinesa. Mas é possível encontrá-lo também na maior parte dos alimentos embalados, incluindo refeições congeladas, legumes e hortaliças congelados e enlatados, frutos do mar processados, carnes processadas, a maioria das sopas e misturas para sopas, molhos para saladas, condimentos e temperos, produtos de padaria e balas. Até comidas prontas para bebês costumavam ter MSG, antes que os protestos do público forçassem os fabricantes a interromper a prática.
Pessoas sensíveis ao MSG apresentam sintomas da chamada síndrome do restaurante chinês: dor de cabeça, queimação atrás do pescoço e nos antebraços, aperto no tórax, palpitações cardíacas, sudorese, fraqueza e debilitação. A FDA recomendou mais investigações sobre possíveis efeitos adversos desse aditivo no sistema reprodutor humano e do seu papel na mutação da célula humana.
Enquanto isso, o MSG mantém sua posição na lista GRAS. E, como tantos outros aditivos, nem sempre está relacionado nos rótulos dos alimentos. Para ficar menos exposto a ele, prepare suas próprias refeições - utilizando apenas ingredientes frescos - com a maior frequência possível.
Quando for comer fora, tenha um cuidado especial ao escolher a refeição em restaurantes chineses e asiáticos. Os garçons nem sempre sabem se há MSG em determinados pratos. Talvez seja necessário perguntar ao chef ou até ao dono. Não se sinta constrangido de fazê-lo. Afinal, sua saúde está em jogo.
Minha esposa, Dellie, e eu passamos por uma experiência terrível em um restaurante na Tailândia. Na época, Dellie estava grávida de quatro meses e saímos para jantar com outro casal. Quando o garçom se aproximou de nossa mesa, percebi que quase não falava inglês. Tudo o que eu disse foi "sem MSG". O garçom deu uma resposta vaga, e eu então repeti "sem MSG". Nesse momento, o garçom chamou o maître. Mais uma vez, repeti meu pedido, ao qual o maître respondeu: "Sem problemas".
Aproximadamente meia hora depois que saímos do restaurante, nós quatro começamos a ter sintomas da síndrome do restaurante chinês. Não é preciso dizer que ficamos furiosos - e Dellie e eu ficamos com medo de que nosso bebê pudesse ser afetado. Mais tarde, reclamamos com o dono do restaurante, que reconheceu que nossa comida havia sido contaminada pelo MSG.
Esses dois conservantes são rotineiramente adicionados aos produtos de carne processada como bacon, carne em salmoura, presunto, cachorro-quente, frios e salsicha. Evitam o crescimento de bactérias e, como "bônus", conferem à carne uma coloração rosada, que proporciona enganosamente uma aparência saudável.
Porém, depois que chegam ao estômago, esses componentes transformam-se em agentes causadores do câncer chamados nitrosaminas. Por isso, para ajudar a evitar o câncer, abstenha-se de todos os alimentos que contenham esses conservantes.
Refrigerantes do tipo "cola" não têm absolutamente qualquer valor nutricional. Contêm ácido fosfórico, agente aromatizante e acidulante que causa sérios problemas à saúde.
Depois que está no organismo, o ácido fosfórico se liga ao magnésio, removendo-o. A deficiência de magnésio resultante é considerada fator de risco para a hipertensão arterial e doenças cardíacas.
Além disso, o ácido fosfórico dissolve o alumínio dentro das latas de refrigerante. O alumínio mistura-se ao refrigerante e é ingerido. Como mencionei antes, indícios científicos implicam o alumínio como fator que contribui para o desenvolvimento do mal de Alzheimer.
Outros alimentos - inclusive produtos de padaria, cereais, queijos e leite em pó - contêm fosfatos, que são formas de ácido fosfórico. O consumo excessivo de fosfatos bloqueia a absorção do cálcio e retira esse mineral dos ossos, abrindo caminho para a osteoporose, a doença dos ossos frágeis.
Antioxidante como o BHA e o BHT, o galato de propila estende o prazo de validade de óleos e outras gorduras. É um ingrediente comum em chicletes, caldo de sopa de galinha e carnes. Pelo menos um estudo de longo prazo sugeriu que o galato de propila tem propriedades causadoras de câncer.
Em 1977, a FDA pensou em proibir o uso da sacarina, pois numerosos estudos com animais mostraram que o adoçante artificial é um potente cancerígeno. Porém, quando estudos subsequentes não conseguiram estabelecer uma relação entre a sacarina e os cânceres humanos, a proposta da proibição foi por água abaixo.
Até o momento, muitos especialistas em nutrição questionam a segurança da sacarina. O substituto do açúcar continua sendo um ingrediente comum em alimentos prontos, sobretudo em alimentos "diet", de baixa caloria.
Pequenas quantidades de sal (ou cloreto de sódio, como dizem alguns rótulos) raramente causam problemas. Por outro lado, ingerir muito sal - quando ingerimos sempre alimentos processados - pode causar hipertensão arterial. E a hipertensão abre caminho para ataques cardíacos e derrames.
Se você gosta do sabor do sal, experimente acrescentar uma pitada de sal marinho ou molho de soja à sua refeição. Seja como for, afaste-se de alimentos processados com alto teor de sal.
O açúcar - um termo que abrange o açúcar branco refinado, assim como o açúcar mascavo, o xarope de glicose, a frutose, o mel, o melado e a maior parte dos outros adoçantes - literalmente satura a alimentação. O norte-americano médio, por exemplo, consome 58 quilos de açúcar por ano, ou mais de 150 gramas por dia.
Sozinho, o açúcar não tem qualquer valor nutricional. E por tomar o lugar dos nutrientes na alimentação, ele contribui para deficiências. Pior ainda é que quantidades excessivas de açúcar no organismo são convertidas em gordura saturada, que é então armazenada.
Por todos esses motivos (e por alguns outros), o alto consumo de açúcar é considerado fator de predisposição às doenças cardíacas, ao câncer, ao diabetes, à osteoporose, à obesidade e a outras numerosas doenças que encurtam a vida. (Você aprenderá mais sobre as implicações do açúcar para a saúde no Capítulo 17.)
Em alimentos embalados, os sulfitos podem aparecer em nomes como bissulfito de potássio, metabissulfito de potássio, bissulfito de sódio, metabissulfito de sódio e anidrido sulfuroso. São utilizados como conservantes em sucos de uva, vinagres e vinhos. Em restaurantes, podem ser aplicados em frutas e em legumes e hortaliças picados servidos em saladas e em bufês de saladas para evitar descoloração.
Os sulfitos causaram reações alérgicas fatais, incluindo choque anafilático e crises de asma em pessoas sensíveis a eles. Embora eles mesmos não sejam causadores de câncer, estimulam os vírus, bactérias e fungos a se tomarem cancerígenos. Os sulfitos também destroem a tiamina (vitamina B1) dos alimentos.
Apesar de tudo, alguns aditivos da lista GRAS da FDA são seguros. Uma quantidade relativamente pequena chega a ser benéfica para nós. Essas substâncias, em virtude da sua estrutura molecular, atuam junto com a bioquímica humana em vez de ir contra ela. Ao fazê-lo, promovem a saúde, em vez de a destruírem.
Por exemplo, alguns alimentos processados contêm doses extras dos nutrientes antioxidantes betacaroteno, vitamina C (em forma de ácido ascórbico) e a vitamina E (em forma de uma mistura de tocoferol). Outros alimentos contêm citrato, ácido cítrico, glicerina, ácido láctico e lecitina substâncias que o nosso organismo produz sozinho. Outros alimentos ainda contêm aditivos inócuos como caseína, gluconato ferroso, ácido fumárico e goma-guar.
Entretanto, a idéia de que os aditivos são bons pode ser enganosa. Tome-se o pão como exemplo. A maioria dos pães que vemos no supermercado foi feita com farinha enriquecida, uma farinha refinada que teve as fibras, a proteína, as vitaminas e os minerais eliminados. Enriquecer o pão com niacina, tiamina e outras vitaminas do complexo B lhe confere algum valor nutricional. Assim, esses nutrientes aparecem na lista de ingredientes do pão, gerando uma falsa impressão de alimento saudável.
As vitaminas na lista de ingredientes de um pão indicam que o mesmo não é autenticamente saudável. Devolva o pão e procure uma variedade de pão integral.
É claro que, geralmente, podemos evitar esses campos minados de supermercado escolhendo apenas alimentos com o rótulo "orgânico" (ou "biodinâmico"). Essa maneira prática de proceder na hora da compra aplica-se aos alimentos processados, assim como aos alimentos frescos.
A maioria das pessoas imagina que os alimentos orgânicos são alimentos cultivados sem a ajuda de pesticidas e fertilizantes sintéticos ou de outras substâncias químicas possivelmente tóxicas. O conceito de orgânico, porém, pelo menos quando aplicado aos alimentos processados, também significa que eles não contêm aditivos ou outros ingredientes artificiais.
A opção por alimentos orgânicos reduz amplamente a sua exposição às toxinas vindas de alimentos de todos os tipos. Um número cada vez maior de pessoas está mudando. Os norte-americanos, por exemplo, gastam o valor estimado de 1,5 bilhão de dólares por ano somente com produtos orgânicos. E em uma pesquisa de opinião pública da Louis Harris, 84% dos norte-americanos disseram que prefeririam comprar alimentos orgânicos e não variedades quimicamente alteradas.
Certamente, optar por alimentos orgânicos pode fazer um mundo de diferenças em termos de saúde e longevidade. Ao mesmo tempo, isso não deve virar seu mundo de cabeça para baixo. A seguir, apresento alguns conselhos para facilitar a transição - e apoiar o movimento orgânico.
À medida que o movimento orgânico ganhou ímpeto, os alimentos orgânicos tornaram-se mais amplamente disponíveis. Vários supermercados passaram a vender também alimentos orgânicos. Se o armazém do seu bairro ainda não seguiu essa tendência, utilize a caixa de sugestões da loja ou - melhor ainda - fale com o gerente. (E se a loja já estoca alimentos orgânicos, incentive o gerente a oferecer ainda mais produtos.)
Lembre-se, os supermercados concorrem uns com os outros vendendo para você. Eles sabem que os clientes podem desertá-los rapidamente em favor da concorrência. E avisam a seus atacadistas, produtores e outros fornecedores que os clientes querem melhores opções de alimentos orgânicos.
Se estiver preocupado com os preços do alimento orgânico, você ficará satisfeito ao saber que eles estão muito menos caros do que antes. Técnicas aperfeiçoadas de cultivo e processamento, combinadas a uma maior concorrência entre produtores e fabricantes, fizeram os preços caírem. E devem continuar a cair com o passar do tempo. Produtos orgânicos mais baratos também podem ser encontrados nos mercados dos produtores.
Leia os rótulos. Como já mencionei antes, normas federais norte-americanas não exigem uma divulgação completa nos rótulos dos produtos. Assim, nunca há certeza de que um alimento embalado é 100% livre de aditivos. Mesmo assim, podemos aprender muito sobre a conveniência - ou inconveniência - do produto apenas lendo com atenção a lista de ingredientes.
Sempre leia a lista de ingredientes, mesmo que no rótulo esteja escrito "orgânico" ou "biodinâmico". Alguns alimentos identificados como orgânicos na verdade podem conter ingredientes artificiais. De acordo com o decreto norte-americano da produção de alimentos orgânicos, um alimento processado deve seguir dois critérios para ter o rótulo de alimento orgânico: pelo menos 50% dos ingredientes do alimento devem ser cultivados e produzidos organicamente, e pelo menos 95% do próprio alimento devem ser produzidos organicamente. Assim, por definição, um alimento orgânico ainda pode conter aditivos e outras substâncias químicas indesejáveis, mesmo que em quantidades ínfimas.
No caso específico dos Estados Unidos, uma vez que o governo estabeleceu normas oficiais para o uso da palavra "orgânico" nos rótulos, alguns fabricantes recorreram à identificação de seus alimentos como "naturais". Querem gerar uma imagem de alimento saudável, associada ao alimento orgânico pelos consumidores. Preste atenção: natural não significa necessariamente nutritivo ou sem pesticidas ou aditivos.
Por exemplo, pães "naturais" podem ser feitos com farinha branca, açúcar, óleos hidrogenados e conservantes. Os cereais "naturais" podem conter mais açúcar do que as variedades processadas. O sorvete "natural" pode estar carregado de cores artificiais, gomas vegetais, monoglicerídeos e diglicerídeos. Carnes "naturais" podem conter pesticidas, antibióticos e hormônios.
Além disso, cuidado com os produtos que ostentam aquela aparência de perfeição. Frutas, legumes e hortaliças impecáveis significam, em geral, que os pesticidas foram usados unicamente com o objetivo de melhorar a aparência. Mais de 50% dos pesticidas usados em tomates e mais de 70% dos pesticidas usados em frutas cítricas são aplicados exclusivamente com objetivos cosméticos.
Ao dar uma olhada no corredor dos hortifrutigranjeiros, você pode observar que certas frutas e hortaliças parecem muito mais brilhantes do que outras. O brilho vem das ceras, como as derivadas do azeite-de-dendê, as parafinas, os vernizes e as resinas sintéticas, os mesmos ingredientes dos produtos utilizados para polir carros e móveis.
Como outros aditivos, as ceras aumentam a aparência dos hortifrutigranjeiros. Mantêm a umidade, o que deixa a fruta ou a hortaliça com aparência fresca e prolonga sua durabilidade. Infelizmente, também fixam qualquer pesticida que tenha sido aplicado no alimento. (Algumas ceras também contêm fungicidas.)
Por mais que você esfregue, não conseguirá remover a cera que cobre o produto. Dentro do organismo, a cera cobre o aparelho intestinal, bloqueando eficazmente a absorção de nutrientes. Descascar uma fruta ou hortaliça antes de comer pode ajudar, mas, mesmo assim, ainda estamos ingerindo doses insalubres dos pesticidas e de outras toxinas que ficaram retidas no produto.
Em geral, é possível reconhecer a capa de cera em certos produtos, como maçã, pepino e pimentão verde, vermelho e amarelo. Devemos ter cuidado com outras frutas e hortaliças, inclusive abacate, melão cantalupo, berinjela, grapefruit, lima, limão, melão, laranja, pastinaga, maracujá, pêssego, abóbora-moranga, couve-nabo, abóbora, batata-doce, tomate e nabo. (Obviamente, se comprarmos apenas produtos orgânicos, nunca teremos que nos preocupar com a cera.)
Se é difícil encontrar produtos orgânicos por perto, você pode sempre tentar cultivar os seus. Basta um pequeno pedaço de terra e um pouquinho de tempo. Alfaces, tomates e abobrinhas são boas plantações para se começar - são bem resistentes e, em geral, desenvolvem-se bem com uma manutenção mínima.
Caso você desconfie que o solo do seu jardim foi contaminado por pesticidas, retire uns 30 centímetros de terra da superfície substituindo-o por solo orgânico, composto e fertilizante. Jardineiros das redondezas podem fornecer todos os suprimentos necessários e esclarecer a qualquer dúvida que você venha a ter.
Sem uma ação política popular, o público em geral não tem a chance de lutar contra os setores responsáveis pelo envenenamento dos nossos alimentos e do nosso planeta. Nos Estados Unidos, vários grupos de consumidores e ambientalistas levaram a briga por alimentos seguros até a sede do Congresso norte-americano, em Washington. Entre eles estão:
Inicialmente, a utilização de alimentos exclusivamente orgânicos talvez exija tempo e esforço. Mas esses pequenos investimentos prometem enormes compensações. Você se sentirá melhor, ficará mais saudável e ganhará mais "tempo de qualidade" nesse planeta.
E quando gasta seu dinheiro com alimentos orgânicos, está mandando a mensagem de que quer um fornecimento de alimentos limpo e seguro. Assim agindo, você incentiva o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo e processamento que protegem e não envenenam alimentos de todos os tipos.
A natureza lhe dá apenas um corpo. A maneira como você cuida dele determina quanto tempo ele vai durar. Dê ao seu organismo alimentos orgânicos, livres de toxina, e ele terá as melhores chances de permanecer jovem e livre de doenças por toda a vida.
As toxinas provenientes de alimentos têm um papel marcante no desenvolvimento do câncer. Mas não são os únicos fatores causadores da doença. No próximo capítulo, examinaremos exatamente como essa doença traiçoeira inicia sua destruição lenta e silenciosa do organismo humano - e o que podemos fazer para detê-la.