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Um único café irlandês contém, em uma só
xícara, todos os quatro grupos de alimentos
essenciais: cafeína, álcool, açúcar e gordura.
- ALEX LEVINE, CITAÇÃO NO SAN FRANCISCO CHRONICLE
A não ser que você tenha se isolado em uma ilha deserta nos últimos anos, é provável que você tenha lido e ouvido todas as "boas notícias" sobre as bebidas alcoólicas - especialmente vinho tinto. Primeiro vieram vários estudos sugerindo que o vinho pode reduzir seu colesterol, aumentar o bom colesterol (HDL) e dissolver possíveis placas em suas artérias. Em seguida, a televisão apresentou-nos o chamado paradoxo francês: os franceses, amantes dos alimentos com alto teor de gordura, têm índices reduzidos de doenças cardíacas, talvez porque bebem vinho às refeições. Por fim, os cientistas revelaram a descoberta do resveratrol, uma substância fitoquímica contida no vinho que talvez ajude a proteger contra doenças cardíacas.
Ondas de êxtase percorreram a indústria do vinho. Seu ganha-pão, além de sofisticado e atual, também era saudável. Repentinamente, grandes consumidores ou consumidores moderados de todos os tipos de vinho tinham uma boa razão para justificar seu mau hábito. A culpa tornou-se coisa do passado. Era bom demais para ser verdade.
Os médicos, concentrando-se em uma pequena parte de um todo muito maior, pareceram esquecer toda a toxicologia e farmacologia que aprenderam na faculdade. Seduzidos pelo artefato estatístico e destituídos de todo bom senso (sem mencionar os fatos científicos), muitos médicos começaram a prescrever vinho - Spiritus medicamentosum - para combater as doenças cardíacas.
Não faltou apoio à idéia de que o vinho protege o coração. A mídia propagou que beber vinho regularmente reduz o risco de infarto, protegendo-nos inclusive de alimentos ameaçadores, como, por exemplo, ostras estragadas. Um pesquisador de vinhos e doenças cardíacas de uma universidade de Boston (apoiado pela indústria), aparentemente intoxicado pela idéia de que bebida alcoólica é saudável, rompeu a barreira da credibilidade quando proclamou que a abstenção de álcool é "um importante fator de risco para doença cardíaca coronariana".
Pura precipitação. Quase o suficiente - se ignorarmos a realidade contundente da disseminação de doenças relacionadas ao álcool - para nos ludibriar temporariamente, fazendo-nos acreditar que beber pode ser de fato uma boa idéia.
Difícil encontrar uma substância que cause mais tragédia entre os seres humanos do que o álcool. Segundo uma estimativa do Federal Office of Technology Assessment, o alcoolismo e o consumo excessivo de álcool custam só aos Estados Unidos cerca de 120 bilhões de dólares anualmente em perda de produtividade, descumprimento da lei, danos materiais, assistência médica e programas de tratamento do alcoolismo. Essa soma não reflete as perdas imensuráveis da dor e do sofrimento humanos. Mais de 100 mil mortes por ano podem ser diretamente atribuídas ao álcool. Depois do cigarro, o álcool é a segunda causa de morte que pode ser evitada nos Estados Unidos.
É claro que o consumo excessivo de álcool causa problemas graves. Mas e o consumo moderado? Como um ou dois copos de vinho ou algumas cervejas podem ameaçar a sua longevidade?
As pessoas que bebem certamente adorariam que seu hábito fosse saudável (e a redefinição do vinho como alimento saudável ajudou as vinícolas a aumentar seus asquerosos lucros), mas "beber como um hábito saudável" é uma idéia equivocada.
Primeiro, o álcool é uma toxina. Se você não acredita em mim, pergunte a qualquer aluno do primeiro ano de medicina que já observou ao microscópio como células saudáveis e vigorosas se debatem até morrer quando cai sobre elas uma gota de etanol.
O etanol é uma cardiotoxina, ou seja, afeta adversamente o coração. O consumo de álcool provoca acúmulo de gordura no músculo cardíaco, irregularidades no ritmo cardíaco, falência cardíaca e outros danos ao coração e ao sistema circulatório. Comparando hábitos relacionados ao álcool e fichas médicas de mais de 4 mil participantes do Framingham Heart Study, descobriu-se que uma pequena quantidade de álcool contribui para o aumento da principal bomba do coração. (O Framingham Heart Study, sob os auspícios do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, monitorou o estado de saúde dos habitantes de Framingham, Massachusetts, ao longo de várias décadas.)
O álcool afeta todo o corpo, e não apenas o coração. Afeta mais drasticamente o cérebro e o fígado, que é responsável pela desintoxicação do sangue. Nenhum dos sistemas orgânicos escapa dos efeitos adversos do álcool: ele provoca uma variedade de doenças, do câncer à cirrose. Portanto, mesmo que de alguma forma o álcool protegesse o coração (o que não é verdade), bebê-lo moderadamente ainda aumentaria seu risco de muitas outras doenças.
Beber moderadamente também gera radicais químicos livres que aceleram o envelhecimento, provocando estresse oxidativo maciço. Se você bebe mais de dois copos de vinho por dia, retire algumas amostras de sangue para um painel de estresse oxidativo. (Esse teste mede a extensão dos danos causados pelos radicais livres ao organismo.) Você ficará surpreso ao descobrir que o álcool efetivamente depauperou seu estoque de antioxidantes, porque aumentou a carga de radicais livres em seu organismo. A pequena quantidade de antioxidantes (resveratrol) provida pelo álcool não traz benefício significativo.
Mas talvez ainda mais revelador seja o fato de que estudos que supostamente mostraram que o álcool protege o coração observaram apenas pessoas que se empanturram com uma dieta tipicamente ocidental rica em gorduras, pobre em antioxidantes e substâncias fitoquímicas. Esses indivíduos malnutridos vivem em condições de extremo estresse oxidativo, e estão a caminho de um infarto. Três quartos deles poderão morrer de doença cardíaca ateroesclerótica. Eles têm tanta necessidade de suporte nutricional que, no seu caso, um pouco de resveratrol fará uma imensa diferença estatística - mesmo que ele venha dissolvido em toxina celular (etanol).
Se alguém um dia estudar os efeitos do consumo do álcool sobre a saúde de vegetarianos que consomem baixo teor de gordura - cuja ingestão de antioxidantes é naturalmente alta e cujas artérias são limpas e claras -, veremos que a bebida alcoólica não traz contribuição alguma para beneficiar o coração. Beber e continuar saudável? Não creio que seja possível.
O que confere ao vinho tinto seus supostos efeitos protetores - e o responsável pelo paradoxo francês - são substâncias chamadas fenóis. Essas substâncias fitoquímicas antioxidantes, na verdade, protegem contra doenças cardíacas e outras doenças degenerativas, neutralizando os radicais químicos livres e inibindo a oxidação do colesterol LDL, o colesterol "ruim".
Mas por que você desejaria ingerir antioxidantes dissolvidos em etanol quando pode ingeri-los em sua forma muito mais potente de fontes não-tóxicas? As frutas, os legumes e as verduras contêm fenol em abundância. E o suplemento de extrato de semente de uva (que contém proantocianidinas) e o extrato de casca de pinheiro (que contém picnogenol) são as substâncias que contêm o fenol mais poderoso.
Em algum momento da discussão, os proponentes do hábito de beber com moderação sempre citam o importante estudo (publicado no British Medical Journal) que mostrou que o próprio etanol - e não o vinho tinto propriamente dito - exerce um efeito protetor. Eles argumentam que o etanol aumenta os níveis de colesterol HDL, que varre os depósitos de gordura das artérias e reduz a viscosidade das plaquetas, as pequenas células do sangue que aderem aos depósitos de gordura nas artérias formando coágulos. Isso significa que todos os tipos de álcool podem ajudar a manter as artérias desobstruídas, embora o vinho tinto possa ter um efeito mais acentuado, pois contém o maior volume de substâncias fitoquímicas antioxidantes.
Então, está tudo muito bem. Mas, uma vez mais devo lembrar que todos esses estudos concentraram-se em países desenvolvidos, onde a dieta básica é rica em gordura, altamente processada e provoca doença coronariana. Nesses países, as pessoas são mais propensas a se beneficiar de um antídoto do "dia seguinte" para os efeitos destrutivos de seus hábitos alimentares.
Se você tem propensão a doença coronariana, o álcool pode ajudá-lo a diluir a gordura do sangue e impedir a formação de coágulos que podem ameaçar sua vida. Mas se está seguindo uma dieta antienvelhecimento, rica em antioxidantes, substâncias fitoquímicas e desobstruidores naturais de artérias e substâncias que combatem a formação de coágulos, a bebida lhe fará mais mal do que bem.
Um estudo realizado durante onze anos pela Universidade de Harvard com 22 mil homens determinou que o índice ideal de consumo de álcool para desfrutar de seus benefícios cardiovasculares é de dois a quatro drinques por semana. Para os que consomem mais de um drinque por dia, os efeitos associados à proteção do coração desaparecem e o risco de outros problemas induzidos pelo álcool decola. Para os que consomem dois ou mais drinques por dia, o índice de mortalidade foi 63% superior em relação aos abstêmios.
Os defensores do "hábito saudável de beber" ignoram o fato muito bem-documentado de que o álcool afeta outros sistemas do organismo além do coração. É uma toxina que age sobre os tecidos e um carcinógeno conhecido. Afeta o cérebro envenenando as células nervosas.
Mais de dois copos de vinho (ou de qualquer outra bebida alcoólica) por dia aumentam drasticamente o risco de morte associada a várias outras doenças, como, por exemplo, cirrose hepática, câncer e derrame, segundo Eric Rim, M.D., pesquisador da Universidade de Harvard considerado um dos principais especialistas na relação entre álcool e morte. Quando foram comparados os hábitos relacionados a bebidas alcoólicas e a taxa de mortalidade em 21 países, as mortes prematuras associadas a essas outras doenças relacionadas ao álcool superaram o número de mortes por doença coronariana evitado pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Para interpretar corretamente os dados que sugerem que as bebidas alcoólicas protegem o coração, é preciso analisar em detalhes a constituição da população estudada. Primeiro, essas pessoas realmente corriam menos risco de doença cardíaca? Definitivamente, não. Os benefícios estatísticos que o vinho parece conferir resultaram exclusivamente de estudos de populações de risco significativo de doença cardíaca. Infelizmente, isso inclui mais de 90% dos adultos nos países ocidentais industrializados. Três quartos dessas pessoas vão morrer de doença cardíaca porque consomem uma dieta rica em gordura, altamente processada, pobre em fibras e quimicamente envenenada, composta sobretudo de alimentos cardiotóxicos não-naturais. Estou falando de alimentos de origem animal, açúcar, farinha branca e óleos hidrogenados. Para as pessoas que minam sua saúde com essa dieta, o vinho é uma droga fantástica para o "dia seguinte".
Ninguém jamais analisou os efeitos do álcool em pessoas que adotam uma dieta saudável e têm risco mínimo de doença cardíaca, como os vegetarianos. Não é à toa que os únicos grupos que desfrutaram dos benefícios coronarianos do álcool são os que correm alto risco de doença cardíaca.
Portanto, beba se quiser, mas não se iluda pensando que isso vai curar ou evitar qualquer-doença. Não vai.
A idéia de médicos prescrevendo "alguns copos de vinho para proteger o coração" é especialmente inconveniente. Considere o caso de Alfonso, 48 anos, doença coronariana em estágio inicial e índice de colesterol elevado. Ele come poucas frutas, legumes e verduras, raramente se exercita e enfrenta altos níveis de estresse no trabalho. O conselho do médico de Alfonso foi o de sempre: "Cuidado com a alimentação, faça mais exercícios e tome um ou dois copos de vinho ao jantar".
Alfonso precisava ouvir do seu médico que a sua dieta de hambúrgueres e batata frita, frango e queijo era fatal, e que ele poderia se beneficiar de um programa de exercícios. Mas não precisava ouvir que beber é um hábito saudável.
Alfonso, que antes bebia socialmente, com o sinal verde do médico, passou a beber todas as noites. Seguindo a prescrição do médico, dois copos de vinho toda noite, Alfonso está encurtando sua vida e aumentando o risco de desenvolver praticamente todas as grandes doenças degenerativaso O que há de errado com essa situação?
O drinque que ele bebe é tóxico para o cérebro e para o sistema nervoso central. Doses reduzidas comprometem a sua consciência. Grandes doses provocam confusão e delírio. O álcool destrói cerca de mil células cerebrais por drinque, acelerando a chegada do declínio cognitivo relacionado à idade.
Repletos de radicais químicos livres, os dois copos de vinho que Alfonso bebe todas as noites depauperam seu já deficiente suprimento de antioxidantes e danificam seu sistema imunológico. A imunidade comprometida, além de reduzir o tempo de vida de Alfonso, aumenta seu risco de desenvolver câncer em todos os tecidos e órgãos com os quais o álcool entra em contato quando percorre seu corpo. Seus dois drinques por dia aumentam o risco de câncer de boca, garganta, esôfago, estômago, fígado, pâncreas, cólon e reto.
Não obstante seu conteúdo fenólico, o álcool é um agente que endurece a parede arterial por excelência. Além de acelerar o avanço da doença coronariana de Alfonso, aumenta seu risco de hipertensão arterial, disritmias cardíacas, cardiomiopatia (dano do músculo cardíaco) e falência cardíaca.
O conselho do seu médico poderia ter sido especialmente trágico se Alfonso e sua esposa, Allison, estivessem tentando ter mais um filho. Segundo o Instituto Nacional do Consumo Abusivo de Álcool e Alcoolismo, o álcool é diretamente tóxico para os testículos, prejudicando a mobilidade dos espermatozóides, reduzindo os níveis de testosterona e causando impotência e atrofia testicular.
E se Allison acompanhar seu marido em seu ritual noturno de bebida aprovado pelo médico, as consequências serão especialmente graves. Além de todas essas doenças que o álcool provoca nos homens, as mulheres correm o risco de infertilidade, redução da resposta sexual e risco significativamente aumentado de câncer de mama. O álcool aumenta os níveis de estradiol na circulação, o hormônio implicado na indução do câncer de mama. Se, por acaso, Allison for uma das 25% das mulheres em terapia de reposição de estrogênio pós-menopausa, seus níveis de estradiol poderão chegar a 300% do normal cerca de uma hora após o consumo de álcool. E permanece nesses níveis elevados durante várias horas. Um estudo revelou que basta um drinque por dia para aumentar em 50% o risco de câncer de mama.
Como médico dedicado à nutrição, preocupo-me com a falta de nutrientes essenciais e antioxidantes de modo geral. A bebida destrói as vitaminas, especialmente as vitaminas do complexo B, eliminando minerais e impedindo que os ácidos graxos essenciais cumpram sua função vital.
Os médicos deveriam prescrever álcool? Será que essa é a mensagem que devemos transmitir? Será que perdemos o bom senso?
Em uma carta ao New York Times escrita há alguns anos, o Dr. Nicholas Pace, professor auxiliar de clínica médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, expressou a indignação que muitos médicos sentem: "É extremamente perigoso propagar a idéia de que o consumo de álcool é uma prática saudável. Deve-se ter em mente o incrível número de complicações médicas que o álcool, mesmo em quantidades moderadas, pode causar. Por exemplo, uma das principais causas de arritmias é o álcool; a pior coisa que se pode prescrever para um coração com problemas é o álcool, independentemente da dose ... Com 24 mil mortos e 500 mil feridos anualmente nas estradas devido ao consumo de álcool, a sugestão de que beber é uma prática saudável é um absurdo."
E o resveratrol, a substância fitoquímica fenólica antioxidante contida no vinho tinto, que foi colocado em um pedestal artificial (principalmente pelos pesquisadores cujos nomes na folha de pagamento das vinícolas)? Em estudos laboratoriais, o resveratrol protege o mau colesterol da oxidação e previne os coágulos. Mas ainda existem sérias dúvidas quanto à sua eficácia. O resveratrol é absorvido em quantidades significativas pelos seres humanos? Não sabemos. O vinho contém apenas quantidades diminutas de resveratrol. Segundo o Dr. Rim, seria preciso beber quantidades copiosas de vinho para obter a mesma proteção antioxidante que se obtém com algumas porções diárias de frutas, legumes e verduras.
"Nos últimos anos, testemunhamos intensa pesquisa dedicada a medir a quantidade de resveratrol e os fatores que poderiam promover o enriquecimento dessa substância no vinho. Até o momento, ainda não há indícios conclusivos da sua absorção pelos seres humanos em quantidades biologicamente significativas, e é questionável (embora ainda não excluído) que seu poder e seu benefício em atividades in vitro se reproduzam como uma consequência do consumo contínuo de quantidades moderadas de vinho tinto", escreveram os pesquisadores da Universidade de Toronto, em artigo no Journal of Biochemistry.
Sabemos que, quando é dado a coelhos que têm altos níveis de colesterol, o resveratrol acelera a aterosclerose, em vez de revertê-la. Antioxidantes realmente poderosos como o resveratrol são necessários, mas em um amplo espectro. E não é preciso consumir bebidas alcoólicas para obtê-los. Uma salada colorida, com uma variedade de legumes e verduras, às vezes fornece mais substâncias fitoquímicas do que um copo de vinho. E se você não conseguir viver sem um pouco de resveratrol, tempere sua salada com um molho de vinagre de vinho tinto.
E só para constar: o suco de uva preta contém mais resveratrol do que a mesma quantidade de vinho tinto. (Se bem que, se estiver seguindo a Dieta Antienvelhecimento, você também não vai precisar de suco de uva.)
Antes que você me condene como a reencarnação de Carry Nation, o defensor da abstinência, posso lhe garantir que não sou contra a bebida. Vivo em meio aos vinhedos pitorescos da Califórnia, rodeado pelas melhores vinícolas do mundo. Durante muitos anos, bebi um copo ou dois (geralmente dois) de cabernet sauvignon durante o jantar. Mas nos últimos anos, depois que descobri a importância de reduzir os radicais químicos livres e o estresse oxidante, restringi meu consumo aos eventos especiais. Em casa, nunca bebemos durante o jantar. Quando saímos para comer fora, às vezes dividimos um copo do cabernet Sonoma County. Quando jantamos com amigos ou parentes, às vezes bebemos vinho.
Um copo de vinho ocasionalmente, em eventos sociais, não é motivo de preocupação. Embora eu sugira um consumo máximo de três copos por semana, talvez até um copo por dia não vá lhe causar mal algum. O consumo mais intenso, entretanto, não é coerente com a busca da saúde ideal e da longevidade máxima.
Por falar em dilemas, adoro o sabor do café e o efeito estimulante que a cafeína exerce sobre meu cérebro. Para a maioria dos adultos, a maravilhosa sensação de bem-estar associada a uma xícara de café quente é extremamente familiar. Por outro lado, certamente posso viver sem o alto índice de colesterol, a fragilidade óssea, a anemia e a exaustão da glândula suprarenal associados ao consumo de cafeína. Embora saiba que seria mais saudável se eu abandonasse totalmente o café, gosto dele demais para ser tão radical.
A cafeína é um estimulante (quimicamente, a metilxantina) com efeitos poderosos sobre o sistema nervoso central e sobre a glândula supra-renal. Seu lado positivo é produzir clareza mental e aliviar temporariamente a fadiga. Seu lado negativo é precipitar a liberação de adrenalina, aumentar o índice metabólico, provocar nervosidade, aumentar a produção de ácido gástrico e elevar o colesterol e a pressão arterial.
A maior parte da cafeína consumida nos Estados Unidos vem do café - dos grãos de Coffea arabica da América Central ou América do Sul ou dos grãos de Coffea robusta da África ou da Indonésia. A noz-de-cola é a fonte de cafeína das colas, e o grão de cacau é a fonte de cafeína no chocolate. A cafeína também é encontrada no chá e nos produtos para emagrecer, nos analgésicos e nos remédios para resfriados.
O apetite de café dos americanos é voraz. Mais de 500 milhões de xícaras são consumidos diariamente. O norte-americano médio bebe 95 litros de café por ano.
As mulheres parecem correr maior risco de ter problemas de saúde associados ao consumo de cafeína. As pesquisas mostraram que a cafeína potencializa a síndrome pré-menstrual e provoca doença fibrocística da mama, uma condição pré-cancerosa bastante dolorosa. (É interessante observar que a doença fibrocística da mama desaparece sozinha quando a cafeína e outras metilxantinas são eliminadas da alimentação da mulher.)
A cafeína também foi associada a um aumento na incidência de malformações congênitas, fetos prematuros e abortos. Ela tem o poder de atravessar a placenta e atingir o feto e, em animais, comprovou-se que provoca malformação fetal. Segundo um estudo, as mulheres que bebem mais de uma xícara de café por dia apresentaram metade da probabilidade de engravidar das mulheres que consomem quantidades menores. Por essas razões, as mulheres grávidas ou que estão tentando engravidar devem evitar todos os produtos que contêm cafeína.
O café acarreta arteriosclerose? Provavelmente, apenas nas pessoas que o utilizam com muita frequência. Uma análise de oito estudos de pessoas que tomavam mais de cinco xícaras de café por dia indicou que seu risco de desenvolver doenças cardíacas era 60% maior. Diversos outros estudos mostraram que as pessoas que consomem mais de cinco xícaras de café por dia correm mais risco de morte por ataques cardíacos. Existe também uma correlação entre a alta ingestão de café e altos níveis de colesterol total e de colesterol LDL. Quando as pessoas que têm nível de colesterol alto param de tomar café, o nível cai cerca de 10%.
É interessante observar que quem toma café fervido apresenta níveis de colesterol mais altos do que quem toma café coado. Os filtros ajudam a eliminar as substâncias que aumentam o colesterol, várias das quais já foram identificadas.
A cafeína certamente tem efeitos negativos sobre o seu organismo. Porém, não se comprovou a ligação entre a baixa ingestão de cafeína - digamos, de 100 a 200 miligramas de cafeína ou uma ou duas xícaras de café por dia - e doenças. Muitos estudos analisaram a cafeína e o café. Se houvesse um risco importante de desenvolvimento de doenças, a essa altura já saberíamos.
Com uma ingestão mais alta - 500 miligramas de café ou cinco ou mais xícaras de café por dia - a situação muda. Nesse nível, certamente existe maior risco de diversas doenças sérias.
Algumas pessoas deveriam evitar totalmente cafeína e café. Se você sofrer de arritmia cardíaca, hipertensão arterial, doença do pânico ou doença fibrocística da mama, deve se abster de tomar café. O mesmo se aplica a gestantes ou mulheres que estejam tentando engravidar.
Para o resto de nós, evitar café e cafeína também é uma boa idéia. Mas se você é como eu e não consegue largar de vez o café, lembre-se de manter sua ingestão diária de café abaixo de 200 miligramas. (Isso equivale a cerca de uma ou duas xícaras de café filtrado ou duas xícaras de café expresso por dia.) Faça isso e você ficará bem. Tenho confiança de que, enquanto eu mantiver uma ingestão baixa, a cafeína não comprometerá minha boa saúde nem encurtará minha vida.
Se você toma mais de duas xícaras de café por dia, é dependente de cafeína. Tente reduzir aos poucos a quantidade, até tomar apenas uma xícara ocasionalmente. Parar de tomar de uma vez pode gerar fortes dores de cabeça, por isso é melhor ir reduzindo o consumo pouco a pouco. Tome vitaminas do complexo B, sobretudo ácido pantotênico (500 miligramas duas vezes ao dia); vitamina C (1.000 miligramas quatro vezes ao dia); e ginseng para ajudar a supra-renal. Seguir a Dieta Antienvelhecimento, rica em nutrientes, também poderá ajudá-lo.
Se está pensando em passar a tomar café descafeinado, o que tenho a dizer: talvez o faça mudar de idéia. Ao ser descafeinado, parte das substâncias químicas utilizadas para extrair a cafeína ficam nele. O tricloroetileno é um agente cancerígeno particularmente devastador (a FDA permite até 10 partes por milhão no café instantâneo e 25 partes por milhão no café descafeinado moído e torrado). No entanto, outras substâncias químicas usadas com frequência - o tricloroetano, o acetato de etila e o cloreto de metileno - também são poderosos carcinógenos.
O norte-americano consome, em média, 59 quilos de açúcar por ano - o que equivale a 40 colheres de chá (cerca de 150 gramas) por dia. Como país, os Estados Unidos ingerem seu peso coletivo por ano. É muito açúcar.
De onde vem todo esse açúcar? A maior parte, cerca de 75%, vem de alimentos processados. Na verdade, o açúcar é o aditivo alimentar mais usado.
As duas maiores fontes de açúcar são os refrigerantes e os cereais, que por acaso também são dois dos alimentos mais vendidos nos Estados Unidos (o terceiro é a carne bovina). Entre outras importantes fontes de açúcar estão balas, sorvete, produtos de padaria e sobremesas.
As nove colheres de chá de açúcar presentes em uma única lata de refrigerante fornecem 180 calorias, cerca de 10% das necessidades calóricas diárias de um adulto. O açúcar é responsável por uma média de 640 calorias por dia, ou 24% das calorias totais, mais de metade do conteúdo de carboidratos da alimentação norte-americana típica.
Muitos cereais matinais contêm mais açúcar do que grãos. Mesmo a granola aparentemente saudável pode conter até um terço de açúcar (e, em geral, tem alto teor de gordura).
O açúcar com certeza parece inocente. No entanto, pesquisas associaram seu consumo excessivo a diversas doenças, entre elas:
O açúcar assume diversas formas. A sacarose, que inclui açúcar mascavo, açúcar bruto e açúcar branco, é um dissacarídio (ou seja, duas moléculas de açúcar conectadas por uma ligação química) derivado da cana-de-açúcar e da beterraba. As enzimas presentes no trato digestivo decompõem a sacarose em partes iguais de glicose e frutose. Esses açúcares simples podem ser então absorvidos pela corrente sanguínea.
Os açúcares mascavo, cristal, bruto e turbinado são ligeiramente menos refinados que o açúcar branco. No mais, são idênticos.
A frutose é o açúcar das frutas. Ocorre naturalmente nas frutas, mas também pode ser produzido a partir do milho e de outros grãos. O mel é uma combinação de tipos de açúcar: frutose, glicose, maltose (um açúcar simples) e sacarose.
Os alimentos que se diz serem "sem açúcar" muitas vezes contêm sorbitol, manitol ou xilitol. Esses álcoois de açúcar que ocorrem naturalmente têm o mesmo número de calorias que o açúcar branco. Sua absorção, porém, é um pouco mais lenta do que a da glicose ou da sacarose. Embora não causem cáries, provocam diarréia em algumas pessoas. Bastam 10 gramas de sorbitol, quantidade presente em cerca de cinco balas, para causar problemas.
Ao contrário dos alimentos, o açúcar fornece apenas calorias vazias. Não tem fibras, nem vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais, antioxidantes ou substâncias fitoquímicas. Todos os tipos de açúcar são destituídos de valor nutricional.
Para piorar ainda mais as coisas, para processar o açúcar, o organismo precisa recorrer ao seu precioso suprimento de nutrientes essenciais. Assim, as calorias vazias do açúcar dobram seu déficit de nutrientes.
O açúcar impõe um perigo particularmente sério à saúde das crianças. Como consomem grandes quantidades de refrigerantes, cereais matinais e outros doces, as crianças não se abastecem das vitaminas e minerais tão necessários ao crescimento saudável.
Devido à função do açúcar na desnutrição e à quantidade de açúcar que os norte-americanos consomem, a proliferação de problemas de saúde associados ao consumo excessivo de açúcar não deve surpreender. Doenças cardíacas e circulatórias, hipertensão arterial, câncer, diabetes, obesidade, osteoporose, diverticulose e deficiências imunológicas são apenas algumas das doenças que atingiram proporções epidêmicas graças, em parte, à sobrecarga de açúcar.
Em experimentos de laboratório, animais alimentados com açúcar morrem bem antes dos animais alimentados com o mesmo número de calorias em forma de carboidratos complexos, como grãos integrais e feijões.
Não que nós não precisemos de açúcar. O organismo depende do suprimento constante de açúcar, em forma de glicose, para abastecer a produção de energia celular. (A célula gera energia queimando glicose na presença do oxigênio que obtemos do ar.) A glicose é produzida a partir dos carboidratos, proteínas e gorduras fornecidos pela alimentação. Queimamos glicose dia e noite, por isso precisamos de um suprimento constante. Diversos mecanismos altamente sintonizados mantêm estáveis os níveis de glicose no sangue.
A ingestão de alimentos doces detona a produção excessiva de insulina. Isso sabota o equipamento de controle de açúcar no sangue, impondo uma carga extraordinária ao pâncreas (que tem que produzir insulina adicional para limpar o excesso de açúcar na corrente sanguínea), ao fígado (que precisa transformar açúcar em glicogênio para armazená-lo) e à glândula supra-renal (que é estimulada a aumentar a produção de adrenalina).
Todos os açúcares são rapidamente digeridos, absorvidos e - a não ser que sejam imediatamente queimados pela prática de exercícios - transformados em gordura. Você já conhece a diferença entre as gorduras boas e as gorduras ruins. Não seria útil se o açúcar gerasse ácidos graxos essenciais? Mas não é o que acontece.
Infelizmente, os açúcares geram moléculas de gordura saturada, a gordura ruim. As coisas funcionam da seguinte maneira: no processo de geração de energia, o organismo decompõe as moléculas de açúcar, transformando-as em acetatos, fragmentos que contêm dois átomos de carbono. Os acetatos são os blocos básicos que formam tanto o colesterol quanto os ácidos graxos saturados. Quanto mais açúcar (ou farinha branca e outros carboidratos refinados) você consumir, mais moléculas de acetato terá em seu sistema. Isso empurra a química do corpo na direção da produção de gordura saturada e colesterol adicionais. O açúcar torna-se, literalmente, gordura. Ainda não se avaliou com precisão até que ponto essa gordura gerada pelo açúcar contribui para o enrijecimento das artérias e para ataques cardíacos. (Voltarei ao assunto mais adiante.)
É interessante observar que, por serem queimados mais lentamente, os carboidratos complexos não desencadeiam a produção de gordura.
A Renovação depende de um sistema imunológico saudável. Os doces afetam nossa capacidade de resistir a doenças infecciosas, a alergias e até ao câncer. São imunossupressores, ou sejam, impedem o funcionamento normal do sistema imunológico. Especificamente, os doces impedem a fagocitose, a capacidade das células brancas do sangue de destruírem bactérias e outros invasores.
Em um estudo, voluntários saudáveis desenvolveram um índice fagocítico (que mede a capacidade das células brancas de destruir invasores externos) significativamente reduzido após a ingestão de diversos tipos de açúcar, entre eles a glicose, a frutose, a sacarose, o mel e os sucos de laranjas e de outras frutas adoçados. A redução máxima de atividade fagocítica ocorreu entre 1 e 2 horas após a ingestão do açúcar e os níveis continuaram abaixo do normal durante 15 horas. A ingestão de amido não teve o mesmo efeito.
Outro estudo mostrou veementemente que o açúcar prejudica a produção de anticorpos, as proteínas imunológicas que atacam os invasores. As dietas de camundongos foram progressivamente diluídas com açúcar (exatamente o que acontece quando os seres humanos ingerem alimentos que contêm açúcar). A produção de anticorpos diminui na mesma proporção em que o conteúdo de açúcar da dieta aumentou e a qualidade nutricional diminuiu.
O açúcar destrói a produção de ácidos graxos essenciais de duas maneiras. Primeiro, bloqueia a liberação do ácido linoléico pelas áreas de armazenamento dos tecidos, causando uma deficiência. Segundo, destrói a delta-6-dessaturase, o delicado sistema de enzimas necessário à transformação de ácidos graxos essenciais em prostaglandinas e em membranas celulares.
Como mencionei anteriormente, as calorias vazias do açúcar induzem a desnutrição generalizada. Determinados nutrientes sofrem mais.
O consumo excessivo de açúcar ocasiona a depleção do cromo, um mineral essencial que aumentou o tempo de vida de animais de laboratório. Devido à importância para o metabolismo de açúcar, o cromo é conhecido também como fator de tolerância à glicose. Dos 43 nutrientes essenciais, o cromo é o que apresenta maior probabilidade de deficiência em pessoas que seguem a alimentação norte-americana típica, carregada de açúcar. A deficiência de cromo é um fator de risco para a doença cardíaca aterosclerótica: quase sempre as vítimas de ataques cardíacos apresentam deficiência de cromo.
As pessoas que consideram difícil ou impossível eliminar os doces da alimentação podem obter proteção módica contra a depleção de cromo (e o menor tempo de vida associado a ela) aumentando a ingestão de cromo para 400 a 800 microgramas por dia. (Essa faixa está acima dos 200 microgramas recomendados no Programa de Suplementos Antienvelhecimento, descrito no Capítulo 23.) A suplementação de cromo na verdade diminuirá a vontade de comer açúcar e ajudará o organismo na perda de peso.
Além disso, o açúcar ocasiona a depleção de cálcio e de outros minerais necessários a ossos fortes. Assim, aumenta o risco de osteoporose.
O açúcar também tem um efeito profundo, embora indireto, sobre as fibras alimentares. Precisamos de fibras para impedir o desenvolvimento de diversas doenças. Sempre que alimentos doces processados substituem os alimentos integrais, não-processados, a ingestão de fibras diminui.
Em 1953, Ancel Keys, Ph.D., professor emérito de saúde pública da Universidade de Minnesota em Mineápolis, descobriu e divulgou a alta correlação entre o consumo de gordura e a coronariopatia. A revelação precipitou inúmeras pesquisas sobre colesterol, gordura e doenças cardíacas e levou milhões de pessoas a modificarem seus hábitos alimentares de modo a consumir menos colesterol e menos gordura.
Mais recentemente, o Dr. John Yudkin, professor emérito de nutrição do Queen Elizabeth College da London University, propôs uma visão ligeiramente diferente. Ele concluiu que a gordura dos alimentos talvez não seja tão responsável pelo problema do colesterol quanto o açúcar. Argumentou que existe uma correlação muito mais forte entre o consumo de açúcar e o índice de doenças cardíacas. Observando que "ninguém jamais comprovou diferenças no consumo de gordura entre pessoas com e sem coronariopatia", o Dr. Yudkin revelou que as pessoas que ingeriam grandes quantidades de açúcar corriam maior risco de desenvolver doenças cardíacas.
Um estudo realizado em 15 países apontou outros indícios incriminando o açúcar como causa do enrijecimento das artérias por excelência. O estudo mostrou que as taxas de mortalidade por doença cardíaca eram cinco vezes maiores entre pessoas que consomem 54 quilos de açúcar por ano (abaixo da média norte-americana) comparadas a pessoas que consomem apenas nove quilos de açúcar por ano (uma carga ainda bastante pesada se o seu objetivo for viver mais).
E os adoçantes que utilizam frutose, que parecem estar por toda parte nos dias de hoje, causam ainda mais malefícios às artérias do que o açúcar branco (que contém apenas 50% de frutose). Quando aumentaram a quantidade de frutose na dieta dos participantes do estudo, os pesquisadores observaram aumentos significativos no colesterol LDL, nos triglicerídeos e em outras gorduras associadas ao maior risco de enrijecimento das artérias.
Você deve estar se perguntando como a sacarose (o açúcar branco) e a frutose elevam os níveis de gordura e de colesterol, estimulando as doenças cardíacas. A sacarose é um dissacarídio que o organismo decompõem em duas partes: glicose e frutose. A parte de glicose é usada pelo corpo para produzir energia para o metabolismo celular. A parte da frutose é transformada em acetatos, as unidades de dois carbonos usadas como matéria-prima para a montagem das moléculas de colesterol e gordura saturada. Desse modo, a frutose aumenta os níveis do colesterol ruim que, como se sabe, promove enrijecimento arterial, doença cardíaca, derrame e hipertensão arterial.
Por ser um monossacarídeo - em outras palavras, não contém glicose -, a frutose gera duas vezes mais acetato do que a sacarina. Por esse motivo, os adoçantes à base de frutose têm ainda mais poder de provocar doenças cardíacas. Infelizmente, a alimentação norte-americana vem sendo invadida por quantidades cada vez maiores de frutose, na medida em que os fabricantes aumentam a utilização de adoçantes à base de frutose em alimentos e bebidas embalados e processados. Isso significa que o nosso organismo está recebendo cada vez mais matéria-prima para a produção de colesterol e gordura saturada.
Quase todos os refrigerantes, por exemplo, utilizam hoje exclusivamente adoçantes à base de frutose (nove colheres de chá em cada garrafa média de Coca ou Pepsi). Milhões de toneladas desses adoçantes são consumidos anualmente no mundo inteiro.
Seja a causa a gordura, o açúcar ou ambos, nenhum especialista questiona a conexão entre os altos níveis de colesterol no sangue e o maior risco de doenças cardíacas. A redução do colesterol sanguíneo por meio da diminuição da ingestão de sacarose e frutose (e também de gordura) certamente reduzirá o risco de doenças cardíacas e promoverá a longevidade.
Um estudo realizado na Universidade de Auckland, Nova Zelândia, relacionou a formação de cálculos biliares em jovens com a ingestão de açúcar (em refrigerantes e doces) e com o consumo elevado de gorduras. Como o açúcar estimula a síntese de colesterol, não surpreende que também aumente a probabilidade de cálculos biliares de colesterol.
Sim, açúcar é gostoso. Mas quando começa a atuar sobre o nosso organismo, ele interrompe o processo de Renovação, reduzindo nossas chances de conseguir a saúde ideal e a máxima longevidade. Seus métodos são sutis, mas, como sugere a lista a seguir, as consequências são graves. O açúcar:
O fungo ou levedura Candida albicans habita normalmente a pele e as membranas mucosas na parede dos tratos respiratório, digestivo e vaginal (nas mulheres). O crescimento excessivo dos fungos é uma condição comum na qual o sistema imunológico, por uma série de razões, se enfraquece e não consegue manter esses organismos sob controle.
Milhões de pessoas, a maioria mulheres, sofrem de candidíase (ou síndrome da hipersensibilidade a Candida albicans). Os sintomas dessa doença não são causados pela infecção em si, mas por uma reação alérgica sistêmica aos produtos absorvidos de bilhões de fungos, que vivem e morrem no trato digestivo.
O açúcar provoca ou exacerba o crescimento excessivo de fungos, atuando como alimento para esses microrganismos e estimulando-os a colonizar agressivamente o trato digestivo. Os sintomas da candidíase incluem fadiga, fraqueza, depressão, dor de cabeça, desejo de açúcar, disfunção gastrintestinal (indigestão, cólica, gases, prisão de ventre, diarréia, fezes com odor fétido), incapacidade de concentração, problemas de memória, perturbação do sono, síndrome pré-menstrual, dores, reações alérgicas exacerbadas, infecções recorrentes e temperatura corporal baixa.
Embora todos os açúcares provoquem excesso de crescimento de fungos, outros fatores também afetam esse crescimento. Os antibióticos destroem a flora intestinal, que disputa com os fungos alimento e espaço. Os anticoncepcionais orais e outros hormônios esteróides criam um ambiente mais hospitaleiro para a Candida albicans, enfraquecendo a resposta imunológica. Outros fatores que aumentam essa predisposição são uma dieta rica em alimentos refinados e processados, deficiências de vitaminas, sais minerais e ácidos graxos essenciais, infecções recorrentes, alergias, cigarro e exposição a drogas e outras substâncias químicas.
Os fungos proliferam em ambientes quentes e úmidos. Embora sobrevivam quando dispõem de outros alimentos, os fungos adoram açúcar, e o consumo excessivo de doces faz com que floresçam. As pessoas que sofrem de candidíase em geral sentem forte desejo de comer doces. Na verdade, o vício de comer doces é muitas vezes um sintoma de candidíase.
O consumo periódico de doces em geral alivia temporariamente os sintomas da síndrome, pois permite que os organismos cresçam e parem, pelo menos temporariamente, de liberar na corrente sanguínea as toxinas que provocam os sintomas. Infelizmente, o resultado a longo prazo do consumo de açúcar é produzir cada vez mais fungos, potencializando o problema.
A cura da candidíase exige que o paciente siga um regime rigoroso durante vários meses. Mais importante: todos os alimentos que contêm açúcar e farinha branca devem ser eliminados da dieta. Isso é essencial para o sucesso de qualquer programa de tratamento. Os carboidratos amiláceos complexos - arroz integral e outros grãos integrais, batata, abóbora e feijão - são permitidos; portanto, você pode consumi-los na quantidade que desejar.
A combinação de uma dieta rica em carboidratos complexos e a administração prolongada de medicamentos antifúngicos, como o extrato de sementes de quotas cítricas, o ácido caprílico, o fluconazol ou a nistatina, suprimem gradativamente o crescimento do fungo. O alho, com suas poderosas propriedades antifúngicas, também pode ajudar a suprimir seu crescimento. Geralmente incluo o alho nos programas de tratamento dos meus pacientes. A renovação da flora intestinal com um suplemento acidófilo e a eliminação de toxinas com um suplemento de fibras são importantes terapias auxiliares.
Em geral, os médicos desconhecem os problemas provocados pelos fungos. Lembram-se apenas do que aprenderam na faculdade, que a Candida albicans, o microrganismo responsável, prolifera em indivíduos cujo sistema imunológico esteja altamente comprometido, como pacientes terminais de câncer. Esses médicos pensam na candidíase como uma simples infecção, e não como um indício de que o equilíbrio ecológico do corpo foi alterado, provocando sintomas de enfraquecimento imunológico geral - inclusive, além da infecção, reações alérgicas disseminadas. Em geral esses médicos não fazem o diagnóstico correto, sugerindo muitas vezes que os sintomas de candidíase são "psicológicos".
Médicos alternativos ou ecologicamente conscientes entendem melhor a candidíase. Esses profissionais estão mais bem preparados para diagnosticá-la e tratá-la.
O açúcar e seus equivalentes camuflados estão em toda parte. Mascarados como ingredientes inofensivos, eles se encontram em uma ampla variedade de alimentos processados, desde biscoitos até ketchup. Portanto, é muito importante ler os rótulos.
Os ingredientes contidos em um alimento processado aparecem listados no rótulo em ordem decrescente de quantidade. Os fabricantes podem aumentar o teor de açúcar de um alimento sem aumentá-lo nos ingredientes que constituem esse alimento, acrescentando outras formas de açúcar - dextrose, frutose, maltose, sacarose, concentrados de fruta, mel, cevada, melaço e sorgo - ao mesmo produto. Já vi cinco ou seis equivalentes do açúcar listados no mesmo rótulo. Muitos produtos que, aparentemente, têm baixo teor de açúcar na verdade contêm mais açúcar do que todos os outros ingredientes juntos.
Como mencionei anteriormente, as bebidas gasosas podem disfarçar o açúcar como "frutose" ou como "adoçante de milho com alto teor de frutose". Isso soa muito mais saudável do que "açúcar" - quase como se você estivesse comendo uma fruta. Não se deixe enganar. Seu corpo responde basicamente da mesma maneira a todos esses açúcares. Eles contêm muitas calorias, depauperam nutrientes, precipitam a liberação de insulina, aumentam o colesterol e a gordura saturada, aumentam o estresse oxidativo e enfraquecem o sistema imunológico.
Optar pelo consumo de adoçantes artificiais pode ser pior para a sua saúde do que consumir açúcar. A despeito do que se acredita, os alimentos que contêm esses substitutos do açúcar (bem como os que levam a expressão "não contém açúcar" no rótulo) não têm necessariamente menos calorias. Embora muitas pessoas tenham tentado, ninguém conseguiu comprovar que os adoçantes artificiais realmente ajudam a controlar o peso.
Há outros problemas associados aos adoçantes artificiais. O aspartame é o adoçante artificial mais usado nos Estados Unidos. Sabe-se que provoca a formação de nitrosaminas altamente cancerígenas. O aspartame pode provocar enxaqueca em pessoas sensíveis ao produto.
A sacarina também é cancerígena. Pesquisas mostraram que o adoçante provoca câncer de bexiga em ratos. O fato de os produtos que contêm sacarina continuarem no mercado é fruto da demanda de adoçantes artificiais no setor alimentar, e não do bom senso da Food and Drug Administration, que aprova o produto.
A maioria de nós adora açúcar. Para satisfazer ao seu desejo, coma frutas frescas (especialmente cultivadas por métodos orgânicos) todos os dias. Coma maçã, banana, morango, toranja, kiwi, melão, nectarina, laranja, pêssego, pêra, tangerina - as opções são infinitas. Esses alimentos contêm quantidades diminutas de frutose (além de uma enorme variedade de nutrientes) portanto, são totalmente inofensivos.
Outras sugestões: experimente compota de maçã sem açúcar. Use purês ou conservas de frutas na torrada ou para adoçar sobremesas. Beba sucos de frutas frescas não adulterados e evite os chamados "concentrados". Faça pastas de frutas. Para beliscar, prefira tâmaras, frutas secas (somente as não-sulfuradas), figos e passas (apenas as orgânicas). Substitua o açúcar das receitas por pequenas quantidades de mel ou de concentrado de frutas.
Finalmente - e talvez o mais importante -, aprenda todos os pseudônimos do açúcar e preste atenção aos rótulos. Fique o mais longe possível dos alimentos que contêm adoçantes.
Agora que você já sabe o que deve e o que não deve comer para estimular a Renovação, pode usar o que aprendeu para começar a reformular seus próprios hábitos alimentares. Para ajudá-lo, o próximo capítulo descreve os Quatro Novos Grupos de Alimentos - cereais, feijões, frutas e hortaliças - que constituem a base da Dieta Antienvelhecimento.