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Uma das perguntas mais comuns que ouço é: "Como posso motivar a minha criança?"
Estas são duas das minhas perguntas favoritas. Não, não cometemos um erro. Queremos mesmo dizer duas. Para realmente responder a esta pergunta temos que tratar de dois assuntos diametralmente opostos. Um é maravilhoso, chamado motivação, e o outro - testes ou desmotivação.
Vamos voltar a Matsumoto, e ver Suzuki ilustrar isto de forma magnífica.
A primeira pergunta é como foi possível ao Prof. Suzuki e seu povo escolher 100.000 esplêndidos violinistas aos dois anos de idade?
Essas crianças foram escolhidas por suas mães, cada uma tendo dito simplesmente: "Eu quero dar a meu filho a oportunidade de tocar violino."
A segunda pergunta, que parece ter sido feita interminavelmente, foi: "Como é que se força uma criança de dois anos a tocar violino?"
A resposta para esta é também muito simples.
Ninguém pode forçar uma criança de dois anos a fazer nada.
Nós adultos, mesmo aqueles que gostam muito de crianças, sempre nos esquecemos disso, se é que sabíamos.
De vez em quando eu vejo uma das nossas maravilhosas mães cometer o erro de tentar forçar seu filho a fazer algo que ele não quer.
Mãe e filho estão prestes a sair do meu escritório quando ela diz: "Beto, diga adeus a Glenn Doman."
Já aconteceu tantas vezes que eu posso ver o que está por vir e começo a ficar tenso.
A mãe diz: "Beto, diga adeus a Glenn Doman."
Eu estou muito tenso e agora a mãe está começando ficar também.
A mãe desejaria não ter começado isso, mas agora ou sente obrigada a ir até o fim. E com os dentes semicerrados diz: "Beto! Diga adeus a Glenn Doman."
Agora a tensão no meu escritório é tamanha que é possível cortá-la com uma faca.
A mãe está muito nervosa e eu também.
O Beto não poderia estar mais calmo. Ele simplesmente está sintonizado numa estação diferente.
Todas as crianças pequenas têm um aparelhinho como esses controles remotos usados para controlar a televisão. O aparelho das crianças é ativado por um certo tom de voz desagradável dos adultos e, clique! Aí está ele sintonizado em outro canal. A voz não entra por um ouvido e sai pelo outro. Ela simplesmente nem entra.
Um brilhante pai, há sessenta anos, disse que é impossível forçar a mente infantil a fazer coisas além das que lhe dão satisfação.
Portanto, o que você tem a fazer é providenciar para que sua criança se divirta. E isto não quer dizer brincar. Crianças não querem brincar, querem aprender.
Eles fazem exatamente o que fazemos, e sempre fizemos.
Eles providenciam para que a criança tenha sucesso.
Quando uma mãe nova chega com seu filho, ambos são calorosamente recepcionados pelas mães "antigas" e suas crianças.Aí as outras crianças tocam violino.
Agora, me digam - já observaram um menino de dois anos vendo outras crianças de sua idade com alguma coisa nas mãos que não diga: "Eu quero ter uma dessas coisas aí?"
Em poucos dias seu filho estará dizendo: "Eu quero uma coisa destas, seja lá o que for."
Então está pronto para a primeira lição.
Se cada pai e professora pudesse ver aquela primeira lição e entendê-la, o mundo mudaria da noite para o dia.
Imagine esta cena em sua cabeça:
Todos os pais e crianças estão sentados no auditório. O novo aluninho está prestes a ter a sua primeira lição.
Colocados sobre a mesa, no centro do auditório, estão um pequeno violino e um pequeno arco.
A criança desce pelo corredor em direção ao violino que ele tanto deseja. Ele anda até a mesa, pega o violino com uma das mãos e o arco com a outra. Vira-se para a platéia - e faz uma reverência.
A platéia aplaude entusiasticamente - e a sua primeira aula de violino está terminada.
Você quase pode ouvir ele dizendo a si próprio: "Foi essa a primeira aula? Quando é que eu posso ter a segunda? Se eu os deslumbrei em Matsumoto, imaginem o que não vai acontecer quando eu voltar à minha cidade?"
Estas podem não ser as suas exatas palavras, mas no você não achar que essa foi a mensagem que ele recebeu, então vai ter uma surpresa ao começar a ensiná-lo.
Suzuki e essas maravilhosas professoras têm feito exatamente o mesmo que nós.
Eles providenciam para que a criança saia vitoriosa.
Isso é o contrário do que o sistema educacional faz. As escolas providenciam para que as crianças saiam perdendo.
Nós temos muito a dizer sobre testes, mais adiante, neste livro.
O propósito dos testes não é, como as escolas têm afirmado, descobrir o que a criança sabe, mas sim determinar o que ela não sabe.
Todas as crianças adoram aprender, e todas detestam ser testadas. Quanto a isso elas se assemelham muito a todos os adultos.
Todos adoram aprender e todos detestam ser testados. Nós gostamos de nos autotestar - de maneira reservada.
Num ditado de 100 palavras, nós erramos uma e já levamos o grande e vermelho X que anuncia: "Não, burro! - Não é assim que se escreve."
O sistema escolar providencia para que a criança saia perdedora - e infelizmente, ela freqüentemente o faz.
Será que eu ainda ouço a voz estridente do vice-diretor dizendo: "O propósito dos testes é descobrir o que a criança não sabe para que possamos ter a certeza de que ela vai aprender. Estamos realmente testando a nós mesmos."
Que tal deixar a criança demonstrar o que ela sabe?
A verdade trágica é que é muito mais eficaz descobrir o que a criança não sabe e dar uma nota do que arranjar tempo e energia para permitir à criança mostrar aos professores o que sabe.
E, é claro, quando se descobre que ela está atrasada, não é a mestra que vai ter que enfrentar a zombaria dos colegas, mas sim a própria criança.
O nosso papel, tenhamos ou não consciência dele, é instigar na criança o amor pela aprendizagem, que permanecerá nela por toda a sua vida. Já que todas as crianças nascem com desejo de aprender, o mínimo que podemos fazer é não impedi-las.
Será que somos contra testar crianças pequenas em escolas?
Nós somos a favor, desde que, se a criança for mal, ela possa criticar a professora e não o contrário.
Nós seríamos a favor de testes nas escolas desde que a professora fosse demitida se muitas crianças fossem mal na prova.
Nesse caso, o castigo seria proporcional ao crime.
Vamos ver o que Sir Winston Churchill disse acerca de testes e o seu oposto - motivação.
... Eu mal tinha completado o meu décimo segundo aniversário quando ingressei na inospitaleira região das provas, na qual eu estava destinado a passar os próximos sete anos. Esses exames foram uma grande provação para mim. As matérias de que os examinadores mais gostavam eram as que eu menos apreciava. Os examinadores, por outro lado, eram propensos ao latim e à matemática. E a sua vontade prevalecia. Além do mais, as perguntas que faziam eram aquelas que eu não conseguia responder satisfatoriamente para eles. Eu gostaria de ter sido testado nas matérias que eu sabia. Eles sempre me perguntavam o que eu não sabia. Quando eu teria alegremente mostrado o meu conhecimento, eles acharam por bem que eu demonstrasse a minha ignorância. Este tipo de tratamento só teve um resultado: eu nunca fui bem nos exames. - "My Early Life", Sir Winston Churchill (Manor Books, 1972).
Ser testado não ajuda a criança a aprender. Muito pelo contrário, uma dieta constante de testes vai destruir na criança o seu amor pelo saber.
O papel da professora é ensinar e não testar.
O papel da criança é aprender.
Antes de deixar o Dr. Suzuki e Matsumoto, vamos resumir ligeiramente e acrescentar um ponto.
O que nós e o Dr. Suzuki fazemos é providenciar para que a criança saia vencedora. Vencer honestamente, é claro, mas vencer.
Por que isto é tão importante?
Normalmente acredita-se que o sucesso é o resultado de alta motivação e que o fracasso é o resultado da falta de motivação.
Nós descobrimos que a verdade é exatamente o contrário.
Nós propomos que a alta motivação é um produto do sucesso e a baixa motivação resultado do fracasso.
Eu sou de muitas maneiras como as crianças. Por exemplo, há certas coisas que eu nunca consegui fazer bem na vida e outras que faço até muito bem.
Eu não posso cantarolar, o que eu adoraria poder fazer, e não sou capaz de jogar tênis, o que não me incomoda nem um pouco.
Eu sei que deveria me esforçar mais nestas coisas para me tornar melhor. Eu sei que deveria, mas não faço. Detesto admitir, mas dizer a verdade é ainda pior; Eu os evito assiduamente.
É uma confissão difícil, mas me sinto melhor ao fazê-la. Eu evito apaixonadamente as coisas que faço mal. Por outro lado, existem coisas que faço bem. Eu descobri que quando faço uma dessas coisas em que sou bom, meus amigos me dão os parabéns.
"Parabéns, Glenn, você fez isso esplendidamente."
"Sim, não foi nada mal, não é? Quer me ver fazer de novo?"
Aí está. As coisas que faço mal eu evito fazer. As que faço bem quero fazê-las sempre.
Se você quiser que seu bebê não goste de alguma coisa, chame a atenção para todas as vezes em que ele ficou aquém da perfeição.
Se quiser vê-lo adorar fazer algo (e fazê-lo repetidamente paralhe mostrar) então diga-lhe todas as coisas maravilhosas a respeito do que acabou de fazer.
Se quiser destruir a sua motivação totalmente, continue a testá-lo e a apontar as suas imperfeições.
Se desejar aumentar a sua motivação, descubra o que está fazendo certo e fale sobre isso com muito entusiasmo.
Embora Winston Churchill não tenha ido bem nos exames da escola, ele se saiu muitíssimo bem no verdadeiro teste da vida.
Certamente ele foi um dos maiores gênios na arte da motivação, deste século.
Ele nunca mentiu para o povo inglês. Ele lhe contou a verdade absoluta (assim como não mentimos para as crianças).
Nos dias sombrios da Segunda Guerra, ele disse aos ingleses:
"Eu não tenho nada a oferecer-lhes além de sangue, suor e lágrimas?"
"Vamos sempre agir de tal modo que, se o império britânico durar mil anos, os homens possam dizer: esta foi a sua melhor época."
Ele não disse aos ingleses o quanto estavam pobres, mas o quanto eram grandiosos e quanto melhor ainda ficariam.
O locutor de rádio americano Edward Murrow disse acerca de Churchill:
"Ele comandou a língua inglesa - e a lançou numa batalha."
De fato, ele o fez, porque era tudo o que ele tinha para lançar.
Dizer aos ingleses o quanto eles eram importantes provou ser o bastante.
Diga para a sua criança o quanto ela é sensacional e quanto você a ama.
Ainda que seja tudo o que você tenha para lhe dar - será o bastante.