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É dito que a convivência gera o desprezo. Isso é uma meia verdade. É verdadeiro quando a pessoa, coisa ou conhecimento com que alguém se torna familiar for desprezível.
Certamente não se aplica ao cérebro humano, pelo menos ao longo caso de amor que vimos mantendo com o cérebro durante todos esses anos.
A equipe também lhe tem enorme reverência e este é um caso de amor que esperamos compartilhar com vocês.
Experimente isto se quiser começar a compartilhar da nossa reverência pelo cérebro. Se acontecer de você estar grávida neste momento, olhe para o seu relógio e conte exatamente 60 segundos.
Durante esse minuto, seu bebê, ainda por nascer, ganhou aproximadamente um quarto de milhão de novos neurônios. O que você acha disso?
É muito importante lembrar que, quando falamos do cérebro humano, estamos tratando do órgão propriamente dito, que ocupa o crânio humano e a coluna vertebral, e que pesa entre um quilo e meio e um quilo e oitocentas gramas.
Não estamos falando daquela coisa nebulosa chamada "mente" que é assunto constante ad infinitum e quase sempre ad nauseam entre psiquiatras e psicólogos.
Enquanto se fala interminavelmente sobre o assunto, muito pouco é realmente conhecido, e a maior parte permanece mero falatório, ora conhecido como "psicobobagem".
O problema é que existe uma confusão entre a muito discutida e pouco entendida "mente" e aquele órgão físico chamado "o cérebro" sobre o qual sabemos muito.
Os incas, os gregos, e os egípcios já praticavam neurocirurgias bem-sucedidas. Hipócrates mesmo estava fazendo neurocirurgias há 2.400 anos.
A sabedoria convencional afirma que muito pouco é sabido a respeito desse misterioso órgão, o cérebro humano, além do fato de que ele pesa entre um quilo e meio e um quilo e oitocentas gramas e que é responsável pela locomoção, fala, e, de certa maneira, pelo raciocínio. A mesma convenção afirma que a única coisa sabida é que ele não pode ser modificado.
Como é quase sempre o caso, a verdade é muito melhor do que a ficção.
O cérebro humano é um órgão superior, além da imaginação.
Muito tem sido dito a respeito dele por milhares de anos. De todos os órgãos do corpo humano é o mais capaz de transformar-se nas duas direções.
E, de fato, ele está sempre variando de forma física e funcional, tanto para melhor quanto para pior.
Em um pequeno grupo de pessoas as melhoras estão ocorrendo proposital e efetivamente. Na grande maioria de nós, o cérebro está sendo desperdiçado acidentalmente.
Se o que a ficção deseja propor é que reste muita coisa a ser aprendida sobre o cérebro humano, isso é provavelmente verdade.
Só que o que diz é que sabemos pouco sobre ele. Do ponto-de-vista anatômico, fisiológico e funcional, tal afirmação não faz sentido.
Nós podemos vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo e senti-lo na sala de operações. De maior importância é o fato que podemos influencia-lo (favorável ou desfavoravelmente). Podemos impedir, diminuir ou acelerar o seu crescimento.
O cérebro humano contém mais de um trilhão (1.000.000.000.000) de células.
O cérebro humano contém mais de dez bilhões de neurônios atuantes (10.000.000.000) numa estimativa conservadora.
Atualmente nós usamos uma pequena porcentagem desses dez bilhões de neurônios.
Existem muitas afirmativas simples neste livro que, se forem bem entendidas pelos leitores em relação a sua aplicação às criancas, terão valido a pena o preço do livro e o tempo exigido para lê-lo, mais de cem vezes. Uma dessas declarações é: A função determina a estrutura.
O fato de que a função determina a estrutura é uma lei muito conhecida na arquitetura, engenharia e crescimento humano, muito embora a sua aplicação ao crescimento humano tenha despertado bem pouca atenção.
Fica bastante evidente na arquitetura que a função determina a estrutura.
Se alguém pede a um arquiteto que construa um prédio com área total de 200 metros quadrados, a primeira coisa que ele vai perguntar é para que será usado. Será uma casa, um escritório, uma quitanda, uma garagem ou o quê?
Para construir um prédio apropriado, ele precisa saber para que será usado, porque a sua função irá determinar a estrutura.
O mesmo acontece em relação ao corpo humano. O caso do homem que levanta pesos é um claro exemplo. Seus músculos e seu corpo crescem em exata relação ao levantamento de peso, ou seja, a sua função de levantador de pesos determina a sua estrutura (extraordinariamente muscular).
A pessoa que tem uma atividade física dentro da média tem um desenvolvimento médio. Aqueles que fazem pouco exercício físico têm pouca quantidade de desenvolvimento muscular.
É igualmente verdade que a falta de função resulta em estrutura pobre.
Enquanto sabemos que a estrutura do corpo em geral (alto, baixo, largo, estreito) é essencialmente determinada pela genética, pode, ainda assim, ser bastante afetada pela falta de função.
Isso acontece infelizmente, com certa freqüência, quando pais insanos acorrentam uma criança aos pés da cama no porão ou trancam um bebê dentro de um armário. Infelizmente isso tem acontecido repetidamente através do tempo em quase todos os países. A conseqüência disso é bastante trágica e o máximo em termos de abuso de crianças, somente comparável a matá-las.
Recentemente uma menina de nove anos, que havia sido mantida dentro de um armário, foi descoberta aqui nos Estados Unidos.
Seu corpo era do tamanho de uma criança de dois anos e meio e seu desenvolvimento cerebral era virtualmente nulo. Ela, é claro, não falava e era idiota. Não poderia ser de outro modo. O mesmo aconteceria com Leonardo, Shakespeare, Edison ou Pauling sob as mesmas circunstâncias.
A lesão cerebral, que por sua natureza impede ligeira ou gravemente as funções, dependendo da gravidade ou localização, produz corpos menores.
Neste caso é a lesão cerebral e não o meio ambiente (armário) que impede a função.
A grande maioria de crianças de cérebro severamente lesado é de pequena estatura quando as examinamos pela primeira vez nos Institutos. No que se refere à altura, perímetro toráxico, perímetro cefálico e peso, 78 por cento dos casos são significativamente inferiores à média; 51 por cento encontram-se entre os 10 por cento menores da população, por vezes pequenas demais até para este grupo.
No entanto, ao nascer (exceto as prematuras) elas tendem a estar dentro ou muito próximas da média. A medida que vão ficando mais velhas, vão se tornando cada vez menores em relação às de sua idade, já que a falta de função física resulta na falta de estrutura física.
Isto é o contrário do que acontece ao levantador de peso.
Quando tais crianças começam a fazer o programa de desenvolvimento cerebral, seu grau de crescimento se modifica de maneira dramática.
Com muita freqüência uma criança que vinha tendo um crescimento abaixo da norma começa repentinamente a crescer mais do que o normal para a sua idade. Ainda que tenha começado o programa com altura, perímetros cefálico e torácico e peso abaixo de 90 por cento da norma, é muito comum vê-la crescer 250 por cento do normal para sua idade.
Enquanto este fenômeno parece ser virtualmente desconhecido dos que lidam com crianças de cérebro lesado, é muito conhecido pelos antropólogos e tem até um nome. É chamado o fenômeno do alcance.
A regra diz que, se a criança ficar seriamente doente, por qualquer razão, seu desenvolvimento físico diminuirá ou até cessará dependendo da gravidade da doença. Aregra também afirma que, se a criança fica boa, por qualquer motivo, vai crescer mais depressa do que seus companheiros, a fim de alcança-los. Por essa razão, é claro, nós chamamos isso de fenomêno do alcance.
Nós presenciamos isto todos os dias aqui nos Institutos.
Nós também vemos, e isso é altamente surpreendente, que parece existir uma estreita correspondência entre o índice de sucesso e o índice de crescimento, assim como entre o máximo grau de crescimento e o máximo grau de sucesso.
Ou seja, crianças que não conseguem progredir não mudam a taxa de crescimento; as que conseguem pouco mas não completamente crescem dessa mesma maneira; e as que têm total sucesso, crescem totalmente.
Desde que essa regra, como outras que eu conheço, não seja invariável, quase sempre será assim.
Essa é simplesmente uma outra forma de dizer que a falta de função cria uma estrutura imatura e anormal, e que a função normal determina uma estrutura normal.
Todas as crianças de cérebro lesado nos Institutos (exceto as totalmente cegas), começam o programa com palavras de leitura feitas com letras muito grandes para que seu canal visual, ainda imaturo, seja capaz de distingui-las.
Quando crianças cegas chegam aos Institutos, o primeiro passo é proporcionar-lhes a visão de contorno.
Assim que esta etapa é alcançada, a criança começa o seu programa de leitura.
Existem, como resultado disso, algumas centenas de crianças de cérebro lesado de dois, três e quatro anos, que podem ler para os outros algumas palavras, ou até muitos e muitos livros, com total compreensão.
Nós conhecemos muitas crianças de cérebro lesado de três anos que lêem vários idiomas com total entendimento.
Ainda que o mundo de forma geral acredite que crianças abaixo de cinco anos não podem ler porque sua visão é ainda imatura, e seu cérebro não está suficientemente desenvolvido, existem centenas de crianças de dois, três e quatro anos que estão lendo de fato.
Mais do que isso, elas têm lesão cerebral, e sua visão é agora muito mais desenvolvida do que a visão daquelas mais velhas, semlesão cerebral, e que ainda assim não podem ler.
Certamente que não pode ser explicado com base naidade, já que elas são mais novas e não mais velhas do que as de seis anos que ainda não aprenderam a ler.
Do mesmo modo, não podemos explicar isso como superioridade natural. Longe de serem superiores, essas crianças têm o cérebro lesado e foram previamente diagnosticadas como sendo mentalmente retardadas.
Eu não conheço ninguém que acredite que é bom ter lesão cerebral.
Só pode ser explicado com base no fato do que essas crianças tiveram oportunidades que as outras não tiveram. Essas oportunidades possibilitaram funções que, por sua vez, criaram canais visuais mais maduros, uma vez que a estrutura é determinada pela função.
E assim, já que a função determina a estrutura, o corpo da criança cresce com o uso ou não cresce com o desuso.
Só que os canais visuais estão no cérebro e fazem parte dele.
O cérebro cresce através do uso.
Este é o princípio mais importante do desenvolvimento cerebral infantil.
Como podemos ter certeza de que o cérebro cresce concretamente pelo uso?
Nós já vimos como uma criança torna-se incapaz de funcionar, porque ficou confinada, e quase mio cresce.
Também já vimos que crianças de cérebro lesmle, cujas funções foram marcadamente reduzidas, crescem mais devagar até recuperar suas funções. A partir daí, progridem acima da média para alcançar as outras.
Nós também observamos que o tamanho de suas cabeças cresce bastante para compensar. O crânio cresce para acomodar o cérebro que aumentou de tamanho.
Isso demonstra que o cérebro cresce através de uso.
Eu raramente conheci um ser humano preocupado com crianças que tivesse conhecimento desse fato tão importante. Eu devo dizer, a bem da verdade, que quase sempre essas pessoas ficam bastante entusiasmadas e contentes quando descobrem isso.
Por outro lado, eu jamais conheci um neurofisiólogo que não soubesse que o cérebro cresce através do uso.
O problema é que neurofisiólogos raramente lidam com crianças ou com pessoas que lidem com crianças.
Os neurofisiólogos lidam quase que exclusivamente com ratos, gatinhos, macacos, cachorrinhos e outros animais.
Vamos ver agora as experiências com animais.
Primeiramente há a obra do brilhante neurocirurgião e neurofisiólogo Boris N. Klosovskii, chefe de Neurocirurgia da Academia de Ciências Médicas da U.R.S.S.
Dr. Klosovskii tinha dividido ninhadas de cãezinhos e gatos em dois grupos. O primeiro era chamado experimental; e o segundo, grupo de controle.
No grupo experimental, ele colocava uma gata, e no grupo de controle uma irmã da mesma ninhada. Então fazia a mesma coisa com cada um dos gatos de cada ninhada, e depois dividia os cachorrinhos da mesma forma até ter dois grupos perfeitamente combinados, cada um contendo gatinhos ou cachorrinhos de cada ninhada.
Os gatinhos e cachorrinhos do grupo de controle podiam crescer de maneira igual a seus semelhantes.
Os do grupo experimental, por sua vez, eram colocados numambiente vagarosamente rotativo.
Essa plataforma giratória era como esses restaurantes que ficam rodando no alto de edifícios em grandes cidades. É claro que eles giram muito devagar para que o freguês não tenha que botar para fora o que comeu.
A única diferença então, entre o que acontecia em cada um dos grupos, é que os do grupo experimental via.m o mundo girando, enquanto os animais dos grupos de controle viam o que outros gatinhos e cachorrinhos normalmente vêem.
Ao atingirem dez dias de vida, Klosovskii começava a sacrificar pares combinados de gatinhos e cachorrinhos e a extrair seus cérebros. Ele sacrificava o último deles no décimo nono dia de vida.
O que Klosovoskii descobriu no cérebro dos seus animais experimentais devia ser leitura obrigatória para todos os pais de crianças pequenas.
Os animais do grupo experimental tiveram de 22,8 a 35 por cento a mais de crescimento nas áreas vestibulares do cérebro do que os do grupo de controle.
Para dizer a mesma coisa em linguagem simples, entre dez e dezenove dias de exposição a um mundo em movimento, os gatinhos e cachorrinhos do grupo experimental tinham quase que um terço a mais de crescimento cerebral do que seus irmãos e irmãs, que não haviam experimentado esse mundo giratório.
Isso é ainda mais fantástico quando se considera que um gatinho ou cãozinho de dez dias (ou até o de dezenove dias) ainda não é muito de um cachorro ou gato. Mesmo assim, os animais que viram o mundo em movimento tiveram quase que um terço a mais de crescimento cerebral (alguns até mais do que um terço).
O que significa um maior crescimento? Será que Klosovskii viu um terço a mais do número de células no seu microscópio? De jeito nenhum, ele viu o mesmo número de células cerebrais, só que um terço maiores e um terço mais maduras.
Quando consideramos os animais de controle, eu penso nas crianças médias de três a quatro anos e, quando penso no grupo experimental com um terço a mais de crescimento cerebral, eu penso nas nossas crianças de cérebro lesado que estão lendo. Então eu tenho que imaginar o que aconteceria se Klosovskii tivesse selecionado um terceiro grupo de gatinhos e cachorrinhos, e os tivesse colocado em escuridão total. Será que eles teriam tido um terço a menos de crescimento cerebral? Isto é o que virtualmente acontece aos bebês do Xingu, que vivem em tendas escuras em Mato Grosso, Brasil, durante quase todo o seu primeiro ano de vida.
Ocorre que Klosovskii não utilizou este terceiro grupo de animais, e portanto não podemos saber o que aconteceria.
Talvez possamos deduzir o que teria acontecido com o terceiro grupo de Klosovskii indo até o outro lado do mundo para conhecer o gênio David Krech, cujo brilhante trabalho de equipe em Berkeley nós dá o segundo exemplo.
Dr. Krech não era somente um cientista com grande conhecimento técnico, cujas conclusões impecáveis estão acima de quaisquer dúvidas, era também muito sábio.
Essa era uma combinação maravilhosa, porque a ciência nem sempre é sábia e nem toda a sabedoria científica. Como eu desejaria que aquele gentil e espirituoso David Krech pudesse ser ouvido por todos os pais e não somente por aqueles que lêem publicações científicas.
Dr. Krech passou uma importante parte de sua vida repetindo uma experiência com pequenas modificações de cada vez. Começou criando dois grupos de ratos recém-nascidos. Um dos grupos vivia em ambiente de privação sensorial, ou seja, pouco a ser visto, ouvido e sentido. Os outros ratos eram criados em ambiente rico em estímulos sensoriais com muito para ser visto, ouvido e sentido.
Ele então testava a inteligência dos ratos colocando sua comida em labirintos. Os ratos do ambiente sem estímulos não conseguiam achar a comida ou encontravam-na com grande dificuldade. Os ratos do ambiente rico em estimulação encontravam o alimento rápida e facilmente.
A essa altura ele sacrificava os ratos e examinava seus cérebros.
"Ratos que haviam sido criados recebendo pouca estimulação sensorial", dizia ele, "tinham cérebros obtusos, pequenos e sub desenvolvidos, enquanto ratos criados em ambiente rico em estimulação tinham cérebros grandes, inteligentes e superdesenvolvidos".
Então ele chegou à sua conclusão científica imaculada, própria a um neurofisiólogo de renome internacional:
"Seria cientificamente injustificável", disse o Dr. Krech, "concluir que se isso ocorre com ratos, ocorrerá igualmente com seres humanos".
"E seria socialmente criminoso deduzir que não acontece em relação às pessoas".
A última vez que eu tive a oportunidade de ver o Dr. Krech, perguntei-lhe se ele esperava fazer alguma coisa em relação às pessoas.
Seus olhos brilharam à medida que respondia: "Eu não dediquei a minha vida à pesquisa com o propósito de criar ratos mais inteligentes".
Qual é a vantagem de fazer o cérebro crescer através do uso e assim ter células maiores e mais maduras? É precisamente a mesma vantagem no sentido intelectual que a ginasta olímpica Nadia Comaneci tinha no sentido físico quando realizou aquelas maravilhosas rotinas com tanta graça e beleza.
Além disso, quanto mais fazia, mais a sua coordenação e músculos cresciam tornando assim muito mais graciosos e belos os seus movimentos.
Porque os movimentos físicos são controlados inteiramente pelo cérebro, quanto mais bela e bem-sucedidamente ela fazia essas coisas, mais seu cérebro crescia e aumentava a sua inteligência em termos de mobilidade. Ela era claramente um gênio em matéria de mobilidade.
Do mesmo modo, a inteligência visual e auditiva de uma criança cresce bastante quando ela tem a oportunidade de aprender um grande número de fatos em tenra idade. Tenham eles a forma de informações enciclopédicas, palavras ou números, a inteligência da criança irá crescer em proporção à quantidade de fatos recebidos.
E o que é mais, seu cérebro crescerá fisicamente como conseqüência disso.
Talvez a coisa mais importante de todas seja que, desde que crianças de um, dois e três anos preferem aprender mais que tudo no mundo, tanto elas quanto suas mães irão divertir-se bastante durante esse processo.
Por natureza, o processo da mãe ensinar seu bebê de maneira honesta e direta é um processo de amor e respeito mútuo que faz crescer o cérebro.
Todo o significativo crescimento cerebral está terminado aos seis anos de idade.
A natureza planejou com superioridade o seu melhor invento, o cérebro humano, para que nesses tão importantes seis primeiros anos de vida possa receber informações com a velocidade da luz. A criança vai ter este depósito de conhecimentos (veremos em breve a enorme extensão desse depósito) por toda a sua vida. Esses fatos serão a base sobre a qual o conhecimento e a sabedoria irão crescer e progredir.
Aquilo que não é usado acaba sendo perdido.
A premissa de que aquilo que não é usado acaba perdido é bastante conhecida e é quase axiomática em relação a praticamente tudo, desde o bíceps até a álgebra e não requer aqui maior expansão.
Saber que o cérebro cresce através do uso durante os seis primeiros anos de vida, e que podemos fazer crescer esse cérebro propositadamente não é só uma informação valiosa, é inestimável.
Toda a metade posterior do cérebro e a coluna espinal (a coluna espinal é o antigo cérebro e o precursor da ponte de varólio, mesencéfalo, e córtex) é inteiramente composta das cinco vias sensoriais de entrada.
Nós podemos literalmente fazê-la crescer dando à criança informações visuais, auditivas, táteis, olfativas e gustativas com maior freqüência, intensidade e duração. Essas são as vias através das quais recebemos toda a nossa informação. Use-as e elas crescerão e tornar-se-ão mais maduras e competentes. Deixe de usá-las durante esses seis anos, e elas não irão crescer ou progredir.
A metade anterior do cérebro e da coluna espinal é composta das vias motoras de saída, que são responsáveis pelas respostas às informações sensoriais de entrada.
Nos seres humanos, essas vias produzem competência motora, de linguagem e manual. Essas vias crescem através do uso.
Essas dois tipos de vias são o cérebro. Elas se tornam maiores e mais competentes através do uso.
Não é verdade que usamos somente um décimo do nosso cérebro. Nós não vivemos o bastante para usar nem um milésimo do potencial de nosso cérebro.
Talvez Leonardo tenha chegado perto de usar um milésimo do potencial de seu cérebro, e por isso foi Leonardo.
O cérebro humano tem capacidade para armazenar cento e vinte cinco trilhões e quinhentos milhões (125.500.000.000.000) de informações.
Mesmo que a equipe dos Institutos tenha sabido que a capacidade do cérebro humano é imensa, quase além da crença, a total extensão de sua capacidade só ficou evidente depois que os laborátorios técnicos avançados da R.C.A. Corporation publicaram o seguinte quadro:
COMO AS CAPACIDADES DE MEMÓRIA SE COMPARAM | |
Dispositivo de memória | Capacidade de |
armazenamento | |
(milhões de caracteres) | |
Cérebro humano | 125.500.000 |
Arquivo Nacional | 12.500.000 |
Fita Magnética IBM 3850 | 250.000 |
Enciclopédia Britânica | 12.500 |
Disco de memória óptica | 12.500 |
Disco magnético ("hard disk") | 313 |
"Floppy disk" | 2,5 |
Livro | 1,3 |
Fonte: Laboratórios de Tecnologia Avançada da | |
RCA Corporation |
Dez vezes a capacidade do arquivo nacional dos Estados Unidos da América:
O cérebro humano que pesa um quilo e oitocentas gramas.
Vocês começam a compartilhar da nossa admiração pelo cérebro humano?
Se o seu bebê tivesse somente um décimo da capacidade de seu cérebro ele estaria reduzido à mesma que o arquivo nacional americano possui.
Vocês ainda têm medo de usá-lo inteiramente?
Ou agora temem que possa ser desperdiçado?
O cérebro humano é o único recipiente cuja característica é: quanto mais se coloca, mais cabe.
Está claro que ser humano algum na história jamais chegou próximo a esgotá-lo. Também está evidente que ele cresce pelo uso, e portanto, quanto mais informações receber, melhor será o seu desempenho e mais interconexões será capaz de efetuar.
Quando se aprimora uma das funções do cérebro melhora-se todas as outras de uma certa maneira.
Existem seis funções do cérebro humano que diferenciam os homens de todas as outras criaturas. São exclusivas das pessoas, porque são funções do singular córtex humano. Somente pessoas têm essas seis funções. Três delas são de natureza motora e as outras três de natureza sensorial.
Essas três atividades motoras, únicas do homem, são baseadas em três outras habilidades sensoriais.
Estas seis funções são o teste de Humanidade.
O teste de normalidade neurológica é ser competente nessas seis coisas.
Essas seis coisas são o teste de normalidade usado pelas escolas.
Essas seis coisas são usadas pela sociedade para testar a normalidade:
Uma criança que possa fazer essas coisas melhor que os seus companheiros está acima da média.
Uma pessoa que faça essas seis coisas em absoluta igualdade a seus semelhantes é chamada média.
Um indivíduo que faça essas coisas melhor que os outros é superior à média no exato grau da sua superioridade sobre seus companheiros.
A inteligência resulta do pensamento.
Por muito tempo o mundo tinha idéia de que o pensamento resultava da inteligência. O que veio primeiro o ovo ou a galinha?
Faz diferença o que veio primeiro?
Se os homens como um grupo ou indivíduos recebessem uma inteligência predestinada, então não faria diferença. Só que este não é o caso.
Se você e o Einstein tivessem sido trancados dentro de um armário, ao nascer, e tivessem permanecido lá por treze anos, ele seria um idiota e você não estaria lendo esse livro.
Os homens, ao nascer, recebem o mesmo potencial de inteligência do Homo Sapiens, e esse é de uma grandeza sem limites. Está claro que os homens usam muito deste potencial virtualmente ilimitado de forma acidental, tanto boa quanto má.
Se ele não puder pensar porque lhe faltam informações, não poderá desenvolver a sua inteligência.
Podemos assim concluir que a inteligência resulta do raciocínio.
Os homens são inteligentes porque utilizam o seu cérebro.
O cérebro de nossos filhos cresce o quanto lhe permitimos crescer.
Nós permitimos que isso ocorra dando-lhes uma grande quantidade de fatos claros. Fazemos isso antes de seis anos de idade, durante o tempo em que eles aprendem com uma rapidez incrível. Além disso fazemos isso quando o cérebro está crescendo mais rápido do que nunca.
Esses fatos tem a forma de palavras, números, e informações enciclopédicas que rapidamente viram frases, cálculos matemáticos e leis da natureza e da humanidade.
Nossos filhos são tão inteligentes quanto lhes permitimos ser.
Isto é especialmente verdade durante os seis primeiros anos de vida.
A inteligência é inteiramente um produto do cérebro humano.
A inteligência dos homens é produto do córtex humano. Somente os homens possuem um córtex, e somente eles precisam de um.