Índice Superior Vai para o próximo: Capítulo 3
Arquivos de Impressão: Capítulo 2 em Tamanho A4, Capítulo 2 em Tamanho A5.
O câncer é uma doença crônica, degenerativa, em que quase todos os órgãos essenciais ficam envolvidos nos casos mais avançados: o metabolismo inteiro com o trato intestinal e suas partes acessórias, o fígado e o pâncreas, o aparelho circulatório (o suporte da troca celular), os rins e sistema biliar (como principais órgãos excretores), o sistema reticulo-endotelial e linfático (como aparelho defensivo), o sistema nervoso central e especialmente o sistema nervoso visceral para a maioria dos fins metabólicos e motores.
O Dr. Nichols foi provavelmente um dos primeiros em nosso tempo a reconhecer o "conceito de totalidade" aplicado à doença. Ele combinou as seguintes manifestações clínicas: emocional, nutricional, venenos, infeções, acidentes e genética como causas subjacentes para as doenças. "Não admira que todos estejamos doentes ... e a ciência deixa de ser ciência quando tenta violar a lei natural de Deus."13
Ele não mencionou doenças degenerativas em geral e não abordou o problema do câncer no seu artigo. No entanto, em muitos aspectos, sua ideia mostra progresso no conceito de doenças agudas e crônicas.
Alguns biólogos do câncer são da opinião que "o câncer é um fenômeno coexistente com os processos da vida", que "a célula cancerígena não é algo que viva exclusivamente fora do corpo", e que as células cancerígenas não são um especial "sistema isolado do organismo vivo". Elas estão unidas ao corpo inteiro e fazem parte dele. Aí, tudo está arranjado conforme as regras fundamentais da natureza, em que forças dinâmicas são combinadas e arranjadas em harmonia num corpo que funciona bem.
As vitaminas trabalham em conjunto com as enzimas; portanto, elas são chamadas de coenzimas. As enzimas funcionam somente quando as outras condições na célula estão normais e ativas. Elas são combinadas com hormonas reativadas e unidas com a composição mineral adequada.
Tem sido enfatizado antes que o câncer se desenvolve em um corpo que, em maior ou menor medida, perdeu as funções normais do metabolismo como consequência de um envenenamento crônico e diário acumulado especialmente no fígado.14 É importante perceber que no nosso corpo todos os processos íntimos trabalham em conjunto, dependem uns dos outros, e nas doenças ficarão desarranjados pelos outros. É por essa razão que, para fins de cura, todos conjuntamente têm que ser atacados na base e de modo combinado. Minhas experiências clínicas revelaram que esse é o caminho mais seguro para o êxito de uma terapia. Pode-se encontrar a maioria dos elementos do metabolismo geral concentrados no fígado. A própria função biológica do fígado, todavia, depende da atividade adequada e cooperação correta de muitos outros órgãos essenciais.
Descobri as ideias de totalidade mais profundamente desenvolvidas na antiga obra de Paracelso e em muitos outros médicos de há muito tempo.
Não é somente na biologia que a ideia de totalidade deve ser encarada como uma entidade dos processos naturais; essa também é a regra na arte, na filosofia, na música, na física, onde os mais eruditos catedráticos descobriram o conceito da totalidade vivo em seus campos de pesquisa e trabalho. Como alguns poucos exemplos, gostaria de mencionar primeiro Natural Law in the Spiritual World [N. T. - A lei natural no mundo espiritual], a obra filosófica de Henry Drumond de 1883. A base dela está expressa em suas palavras: "A continuidade do mundo físico para o espiritual". Isto significa a coerência dos poderes inorgânicos físicos enquanto são transferidos basicamente para o mundo orgânico das plantas e animais. No homem, existem as cargas elétricas se projetando na vida das células. Elas estão especialmente acumuladas no sistema nervoso, o qual é em última instância o nosso "órgão espiritual" capaz de criar progresso e grandiosas realizações.
Na física, a primeira grande obra de Albert Einstein foi Relatividade do tempo e do espaço. No começo, essa teoria foi considerada uma fantasia. Mais tarde, foi geralmente aceita. Os estudos avançados de Einstein lidavam com uma transformação da luz e o efeito fotoelétrico. Finalmente, sua "teoria da transformação" tentou incluir gravidade, magnetismo e eletricidade em um sistema físico básico, o qual ele chamou a Teoria do Campo Unificado - extremamente difícil de comprovar.
Na arte, como um exemplo desse conceito, existe a obra de Schaefer-Simmern, o qual levou a explicação de arte para fora das limitações estreitas dos velhos princípios racionais e demonstrou que a arte é um "poder criativo", inerente em nossas funções cerebrais, se desenvolvendo conforme o crescimento corporal, mental, emocional e a maturidade intelectual. Schaefer-Simmern disse que "as potencialidades criativas nos homens e mulheres, nos negócios e profissões, sempre estão presentes como uma entidade", unida com todos os outros poderes do corpo. Schaefer-Simmern usou a arte para "desdobrar a inerente capacidade artística na educação das crianças", uma vez que ela pode se tornar o fator decisivo no fundamento de uma cultura que se apoia na natureza criadora do homem.15
Norbert Wiener, Professor de Matemática no M.I.T., escreve: "Existem campos do trabalho científico que têm sido explorados a partir das perspectivas diferentes da matemática pura, estatística, engenharia elétrica e neurofisiologia, nos quais cada noção específica recebe um nome separado em cada grupo, e nos quais um trabalho importante foi triplicado ou quadruplicado; enquanto que outro trabalho também importante tem sido adiado pela inacessibilidade num campo de resultados que já se tornaram clássicos no campo ao lado".16
A ciência médica eliminou a totalidade das regras biológicas naturais no corpo humano, principalmente ao dividir pesquisa e tratamento em muitas especialidades. Ao se fazer trabalho intensivo e magistralmente especializado, foi esquecido que cada parte ainda é apenas uma peça do corpo inteiro.
Em todos os textos de estudo, descobrimos que processos biológicos únicos foram estudados e declarações sobrestimadas foram feitas sobre eles. Os sintomas de uma doença tornaram-se o problema principal para a pesquisa, o trabalho clínico e a terapia. Os métodos antigos que procuravam combinar todas as partes funcionais de um corpo em uma entidade biológica foram postos de lado, quase involuntariamente, na clínica e, especialmente, em instituições de fisiologia e patologia. Finalmente, essa ideia tornou-se muito remota no nosso pensamento e trabalho terapêutico. A opinião do melhor especialista em câncer é, como afirmado por Jessie Greenstein, que "a ênfase deve ser colocada num estudo direto no lado da própria enfermidade",17 a despeito do fato de que seu livro é uma excelente coleção de mudanças fisiológicas nos outros órgãos, especialmente o fígado. Em minha opinião, a aplicação do conceito de totalidade pode ajudar-nos a descobrir a verdadeira causa do câncer; ela poderia ser mais bem entendida em exemplos práticos, não em experimentos com animais em que cada pequeno sintoma é observado destacadamente (por si só).
No campo nutricional, observações de séculos demostraram que as pessoas que vivem segundo métodos naturais, em que plantas, animais e seres humanos são somente fragmentos do ciclo eterno da Natureza, não apanham câncer. Pelo contrário, as pessoas que aceitam métodos de nutrição moderna em escala crescente deparam com doenças degenerativas, incluindo câncer, num período relativamente curto.
Na história mais recente da medicina, o povo mais conhecido por estar livre do câncer foram os hunzas, os quais vivem nas encostas das montanhas do Himalaia e que apenas usam alimentos produzidos no seu país e fertilizados com estrume orgânico. É proibida a importação de alimentos. É muito semelhante à história dos etíopes, os quais também têm agricultura natural e hábitos de vida que parecem comprovar que este tipo de agricultura mantém as pessoas livres de câncer e da maioria das doenças degenerativas.
O dano que a civilização moderna traz às nossas vidas começa com o solo, no qual a fertilização artificial leva ao deslocamento dos conteúdos minerais e mudanças na flora de micróbios combinados ao êxodo das minhocas. Consequentemente, tem lugar a erosão frequente da terra arável. Estas alterações, no começo, criam uma irritação das plantas; posteriormente, causam sua degeneração. Regar com substâncias venenosas (inseticidas) aumenta os venenos no solo, e esses venenos são transferidos para plantas e frutas.
Dessas e muitas outras observações, temos que concluir que o solo e tudo o que nele cresce não é algo distante de nós, mas deve ser encarado como o nosso metabolismo externo, o qual produz as substâncias básicas para o nosso metabolismo interno. Portanto, o solo tem que ser adequadamente cuidado e não deve ser erodido ou contaminado; caso contrário, essas alterações resultarão em graves doenças degenerativas, aumentando rapidamente em animais e seres humanos. O solo precisa de atividade - o ciclo natural no crescimento e repouso - e fertilizantes naturais, já que temos que devolver a ele aquilo que é necessário para reabastecer as substâncias consumidas. Essa é a melhor proteção contra a erosão; isso também preserva a flora microbiana do solo, a produtividade e a vida. O alimento plantado e cultivado desta forma deve ser comido em parte como substâncias vivas e em parte preparado fresco, porque "a vida gera vida". São muito significativas as narrativas sobre os esquimós que contraem doenças degenerativas e câncer naquelas regiões do seu país em que comida enlatada e nutrição não orgânica foram introduzidas e aceitas.
O Dr. Albert Schweitzer, que há quarenta anos construiu um hospital em Lambarene, África Central, relatou o seguinte em suas cartas de outubro de 1954:
"Muitos nativos, especialmente aqueles que vivem em comunidades maiores, não vivem agora do mesmo modo que antes - eles costumavam viver quase que exclusivamente de frutas e legumes, bananas, mandioca, inhame, taro, batata doce e outras frutas. Eles agora nutrem-se de leite condensado, manteiga pasteurizada, conservas de carne e peixe e pão." O Dr. Schweitzer, em 1954, observou a primeira operação ao apêndice em um nativo desta região. "... A data do aparecimento do câncer e outras doenças da civilização não pode ser rastreada na nossa região com a mesma certeza quanto a da apendicite, porque os exames microscópicos só existem há poucos anos aqui ... É óbvio haver ligação entre o fato do aumento do câncer com o aumento do uso de sal pelos nativos ... Curiosamente, antes nunca tivemos casos de câncer nos nossos hospitais."
O Dr. Salisbury relatou, relativamente aos índios navajos, que em vinte e oito anos, e com a admissão de 35 mil índios ao hospital, teve apenas 66 casos de câncer. O índice de morte entre estes índios é de 1 em 1.000, enquanto que cerca 1 em 500 entre os índios aceitou parte da nutrição da civilização moderna.
A população bantu da África do Sul tem 20% de cânceres do fígado primários. Sua dieta, de muito baixo padrão, consiste essencialmente de carboidratos baratos, milho e refeições de farináceos. Raramente eles têm leite de vaca fermentado. Comem carne somente em cerimônias. Dois médicos, os Drs. Gilbert e Gilman, estudaram seus hábitos de nutrição em experimentos com animais e colocaram ênfase na dieta dos bantus como uma causa de câncer. O resultado foi que em quase todos os animais o fígado foi afetado e 20% desenvolveram mais tarde uma cirrose do fígado. Quando um extrato do fígado de um homem bantu foi pintado no dorso de ratos, desenvolveram-se tumores benignos ou malignos.
Na conclusão deste capítulo, o leitor bem pode perguntar: "O que eu deveria fazer com a ideia do conceito de totalidade para o entendimento do problema e tratamento do câncer?" A resposta é: o "dano pré-mórbido" atinge até os processos vitais básicos ao se envenenar o metabolismo inteiro, como foi reconhecido na Alemanha, no Congresso Internacional para Ganzheitsbehandlung der Geschwulsterkrankungern.18 O Professor Siegmund, da Universidade de Muenster, explicou que este envenenamento ocorre como uma condição constitucional geral que é causada pela civilização moderna e que não somente é uma fase pré-neoplásica, mas também uma condição geral pré-mórbida do corpo humano.19
Portanto, o tratamento também tem que penetrar profundamente para corrigir todos os processos vitais. Quando o metabolismo geral é corrigido, podemos novamente influenciar o funcionamento retrospectivo de todos os outros órgãos, tecidos e células por meio dele. Isto significa que deveria haver um tratamento aplicado que irá cumprir a tarefa da totalidade em todos os aspectos, cuidando das funções do corpo inteiro em todas as suas diferentes partes, restaurando assim a harmonia de todos os sistemas biológicos. O tratamento que resolverá este problema complexo é descrito mais tarde em detalhes. Aqui deveria meramente ser enfatizado que o tratamento tem que satisfazer duas componentes fundamentais. A primeira componente é a desintoxicação do corpo inteiro, a qual tem que ser executada ao longo de um dilatado período de tempo, até que todos os tumores sejam absorvidos e os órgãos essenciais do corpo estejam tão restaurados que consigam assumir esta importante "função higienizadora" por eles mesmos. Se isso não for efetuado no grau necessário, o corpo inteiro torna-se a vítima de um crescente envenenamento contínuo de consequências terríveis (coma hepático). Segundo, o trato intestinal inteiro tem que ser restaurado em simultâneo; com a restauração do trato intestinal, as funções secretoras mais importantes serão reparadas, assim como sua circulação e motilidade serão reguladas pelo sistema nervoso visceral. Dessa maneira, junto com outras funções, podemos ativar a defesa, a imunidade e o poder curador no corpo. A imunidade, aqui, não significa que o corpo esteja protegido contra uma bactéria específica; assim como numa doença infecciosa, isso significa que nenhuma célula anormal pode crescer ou se desenvolver em um corpo com metabolismo normal. Para esse fim, o grau de restauração do fígado desempenha um papel decisivo. Não devemos esquecer que um corpo constantemente desintoxicado por meio do fígado e a melhor nutrição podem manter um metabolismo ativo com a ajuda do fígado. Assim, o conceito de totalidade será obedecido na medicina, como está ativo em outros processos viventes e não viventes da natureza. O mesmo é verdadeiro no campo da nutrição.
Segundo um relatório no terceiro Congresso Internacional de Bioquímica, "um conhecimento das inter-relações entre nutrientes em uma dieta é essencial para um entendimento de suas necessidades quantitativas para os animais. A utilização de um nutriente pode ser profundamente afetada pela presença ou ausência de outro. Por exemplo, sob certas circunstâncias, a toxicidade do zinco em ratos pode ser corrigida com cobre, a presença tanto de molibdênio quanto de zinco em qualquer dieta pode resultar num crescimento significativamente mais pobre do que o causado pela adição desses elementos separadamente (20). O envenenamento por selênio pode ser reduzido pelo arsênico (7); o envenenamento por molibdênio em gado pode ser corrigido pelo cobre (12). A metionina administrada intravenosamente preveniu a toxicidade de doses elevadas de cobalto (21). Há menos absorção de ferro no trato gastrointestinal de ratos deficientes em cobre do que em ratos supridos com cobre (22)".
"Estas observações e muitas outras reafirmam o achado de que uma condição anormal do animal pode não refletir meramente um nível alto ou baixo do essencial dietético, mas um excesso ou insuficiência de um ou mais nutrientes que interfiram com o metabolismo normal de constituintes dietéticos essenciais."
"Um dos exemplos deste tipo mais impactantes diz respeito à assimilação e retenção de cobre nas ovelhas (23). Na Austrália foi descoberto que a adição de sulfato ferroso à dieta diminuía a acumulação de cobre esperada no fígado em 75%. O zinco administrado em uma quantidade de 100 mg por dia teve um efeito significativo ao nível de 5%, mas quando acrescentado em quantidades menores àquelas que estariam disponíveis nos pastos caprinos normais ele não teve qualquer efeito na retenção de cobre."
"Descobriu-se que o molibdênio dado na forma de molibdato de amônio tinha um efeito gravemente limitante, mas esse efeito apenas foi observado quando a dieta também continha uma quantidade suficiente de sulfato inorgânico."
"A natureza da inter-relação de um microelemento com outro e com outros constituintes alimentares ainda é imperfeitamente ou até nada entendido. É minha opinião que é dentro do âmbito dos maiores deveres dos bioquímicos e nutricionistas esclarecerem a obscuridade neste domínio o mais cedo possível."20
Esses exemplos são escolhidos para ilustrar o fato biológico de que nenhum fator isoladamente ou uma combinação de fatores simples seja decisivo, mas o que é decisivo é como eles influenciam o corpo inteiro, mente e alma em sua integridade.
À grande complexidade das funções biológicas do corpo pertence também sua capacidade de adaptação. Um corpo saudável pode se adaptar a diferentes tipos de nutrição. Ele reabsorve os necessários minerais, vitaminas e enzimas, como sabemos a partir de experiências para determinar o tempo para o aparecimento clínico de uma ou outra deficiência vitamínica. Um corpo doente perdeu sua capacidade. Isso também é verdadeiro no câncer, como demonstrado por observações clínicas.
Câncer, o grande assassino, será prevenido e pode ser curado se aprendemos a entender as leis eternas da totalidade na natureza e em nosso corpo. Ambos estão combinados e têm que ser unificados num tratamento do câncer efetivo; dessa maneira podemos aprender a curar o câncer em uma proporção mais elevada, mesmo em casos avançados. As limitações da totalidade das funções do corpo inteiro, no entanto, também entram em ação aqui. A totalidade das funções fica perdida se um ou outro órgão vital estiver demasiado prejudicado. Em diversos pacientes, eu vi tumores no abdômen absorvidos, e, em outros, centenas de nódulos e tumores na pele e alguns na base do cérebro eliminados, mas os pacientes morriam de cirrose do fígado em um período de um a três anos e meio depois.
O papel do fígado no câncer, segundo Ewing, é visto no fato de que há cerca de 85% de hepatomas primários e 50% de colangiocarcinomas primários associados a cirrose do fígado. A maioria dos autores pensa que estas alterações no fígado surgiram independentemente do crescimento do neoplasma e provavelmente antes, já que as mudanças são difusas e bem afastadas do tumor local. O Dr. Ewing afirma, além disso, que há um processo gradual uniforme entre a hiperplasia nodular do fígado, múltiplos adenomas e múltiplos carcinomas. O progresso habitual de adenoma a carcinoma é abundantemente suprido na literatura. Essas observações foram verificadas num trabalho experimental com carcinógenos que levaram de uma aparente progressão de tecido regenerativo do fígado a hiperplasia e, finalmente, a neoplasia. Ratos alimentados uma dieta de arroz com "amarelo manteiga" [N.T.: Amarelo de metilo, usado como aditivo alimentar] exibiram cirrose do fígado em sessenta dias e colangiocarcinomas e hepatomas benignos em noventa dias, e, em 150 dias, carcinomas em quase todos os ratos, danificando especialmente o fígado, produzindo elevada glicose anaeróbica, fosfatase alcalina e outras anormalidades. O efeito protetor de uma dieta, consistindo de vitaminas B e caseína em formações de carcinoma hepático experimental, pode permitir alguma comparação com a doença humana. Foi descoberto, contudo, que todos estes resultados variamente grandemente com o tipo de animal e também se os tumores foram induzidos ou apareceram como hepatomas espontâneos, e variam ainda mais nos hepatomas humanos. Portanto, tornou-se possível encontrar um fator decisivo na vasta literatura da produção destas enfermidades, à medida que os médicos procuravam, e ainda procuram, por um fator único específico. A solução é que não se trata de um único fator, mas geralmente um de muitos fatores ou uma acumulação de um envenenando por um longo período de tempo, como demonstrado pelos experimentos de Itchikawa e Yamagiva. Eles precisaram primeiro de cerca de nove meses para danificar o fígado, rins, etc. - outra prova de reações em sua totalidade. Que um veneno muito forte possa danificar o fígado em poucos dias e produzir um hepatoma em dez dias, não contraria isso. Tal não pode ser comparado com a deterioração lentamente progressiva em nosso sistema causada pela civilização moderna.
A partir do trabalho em nossa clínica, sabemos que muitas doenças não surgem independentemente umas das outras, mas mais como "entidades" nosológicas. Alguns exemplos: (A) a sinusite está frequentemente ligada a bronquite crônica ou bronquiectasia, igualmente a laringite, nefrite e outras infecções distantes. (B) Cistite crônica está frequentemente unida com apendicite. Seguramente, a cistite está associada a uma combinação de distúrbios nos órgãos digestivos. (C) Doenças da bexiga, maioritariamente combinadas com alterações no fígado, aparecem junto com mudanças miocárdicas e mais tarde causam cirrose do fígado. Consequentemente, onde a defesa do corpo está essencialmente reduzida existem muitas vezes infecções bacterianas de um ou vários órgãos. Estas descobertas clínicas levam-nos à conclusão de que diversos tipos diferentes de mudanças patológicas podem ocorrer como a consequência de uma causa geral profunda no corpo que pode ser subordinada a uma ideia condutora, a lei da totalidade, ou a perda ou diminuição do nível de "poder curador" num sentido mais clínico. Apesar do nosso grande progresso na bioquímica moderna, não podemos nos afastar da velha doutrina hipocrática da observação clínica direta e objetiva: coordená-las sob um único quadro clínico. Em doenças infecciosas, não haveria transmissões para órgãos distantes ou vizinhos, em enfermidades não haveria metástases, caso suficiente poder curador estivesse presente. Assim, o desenvolvimento da doença, seu curso e processo de cura, não dependem tanto do tipo de tecido ou órgão envolvido, mas mais do poder curador geral do organismo inteiro, unido ou centralizado em todos os seus processos metabólicos, em sua maioria concentrados no fígado.
Contrário a este conceito, nossos textos de estudo e revistas separaram doenças diferentes e até mesmo cânceres como tumores malignos do nariz e sinusites paranasais, enfermidades do estômago ou rim, câncer dos pulmões, etc., mas a ideia básica tem que ser mantida de que a defesa e poder curador é parte essencial do corpo inteiro e tem que ser restaurado, qualquer que seja o órgão ou órgãos que possam estar envolvidos ou independente da causa que a enfermidade possa ter. Repito: em geral, a recuperação de uma enfermidade significa a restauração do corpo inteiro de um tipo de degeneração. Em alguns casos de cânceres externos - pele e mama - o tratamento local pode ser suficiente, mas o conceito de totalidade é uma abordagem superior e de maior alcance, como indicam os fatos em casos listados neste volume. (Ver a Parte II)