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O frango é apenas um rato com boa reputação.
- Do FILME STAYING TOGETHER (1989)
O consumo de carne de frango vem crescendo em diversos países, em grande parte graças à reputação do frango, cuidadosamente acalentada como alternativa saudável à carne de boi. A população captou a seguinte mensagem: para seguir uma alimentação nutritiva com baixo teor de gordura, a carne branca é infinitamente melhor que a carne vermelha.
Mas, assim como aqueles sofisticados anúncios de automóveis, essa mensagem deveria vir acompanhada de uma advertência. É verdade que determinados cortes de frango podem ter uma ligeira vantagem nutritiva sobre determinados cortes de carne de boi. Mas a carne de frango certamente não se qualifica como um alimento saudável, como o setor de aves gostaria que acreditássemos.
Na verdade, o frango em geral contém a mesma quantidade de gordura e colesterol que a carne vermelha. E é contaminado pela mesma caixa de Pandora de pesticidas, antibióticos, hormônios e conservantes. Dificilmente o que esperaríamos encontrar em um alimento saudável.
Os peitos, sobrecoxas e coxas tão bem embalados que vemos no balcão de aves dos supermercados disfarçam o processo tortuoso que os levou até ali. Essas partes em geral provêm de animais esgotados, doentes, cuja vida curta mais se assemelhou a um pesadelo.
O frango comercial (ou seja, não-orgânico) é criado em granjas sofisticadas, onde as aves são comprimidas em baias ínfimas e privadas de ar fresco e de exercícios. Obviamente, o objetivo dessas granjas não é oferecer conforto às aves, mas sim engordá-las e levá-las ao mercado o mais rápido possível.
Devido a suas péssimas condições de vida, os frangos comerciais recebem antibióticos e outras drogas cujo objetivo é mantê-los "saudáveis". A FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano que controla alimentos e medicamentos, aprovou a utilização de cerca de 2 mil substâncias químicas, inclusive remédios, na ração dos frangos. Mas não é só isso que a ração contém: misturam-se ao milho e à soja papelão, serragem, jornais usados e até fezes de animais recicladas.
Nem os medicamentos podem proteger as aves dos efeitos devastadores de uma alimentação pobre em nutrientes e um "estilo de vida" estressante e pouco natural. Um alto percentual dos frangos comerciais sofre de diversos problemas de saúde, inclusive câncer, danos cerebrais, danos renais, anemia, cegueira, interrupção do crescimento, deformidades físicas, fraqueza muscular, problemas no desenvolvimento sexual e letargia.
Todo ano, inacreditáveis 14 mil toneladas de aves são condenadas, especialmente por causa de tumores cancerosos. O que acontece com a carne que não se classifica como adequada? É processada, transformando-se em ração animal.
Quanto aos frangos que se qualificam para consumo, segundo o Departamento de Agricultura americano, sua carne retém resíduos de todo o lixo tóxico e não-tóxico ingerido pela ave ao longo da vida. E esses resíduos são transmitidos a você.
Ao comer frango, você ingere, sem saber, doses insalubres de antibióticos e hormônios que estimulam o crescimento. Sabe-se que essas duas substâncias suprimem o sistema imunológico humano. E um sistema imunológico enfraquecido, como você sabe, acelera o processo de envelhecimento.
A ingestão de frango também o expõe a pesticidas e fungicidas aplicados aos grãos que acabam indo parar na ração para aves. Você deve estar lembrado do Capítulo 6, quando dissemos que essas substâncias químicas concentram-se nos tecidos adiposos dos animais - uma vã e corajosa tentativa, por parte do organismo do animal, de se proteger dos seus efeitos tóxicos. Os venenos acabam penetrando no organismo através do sanduíche de frango grelhado que você come no almoço ou na massa com frango do jantar. Lá, eles se tornam ainda mais concentrados, à medida que seu organismo os armazena em seus próprios tecidos adiposos.
Depois de guardados em seu organismo, os pesticidas e herbicidas causam todos os tipos de dano. Essas substâncias químicas são tóxicas para todas as células e sistemas humanos; o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, o sistema hormonal endócrino e o sistema imunológico são os mais afetados. Na verdade, suprimindo a função imunológica, os venenos aumentam o risco de desenvolvimento de diversos problemas de saúde, desde alergias até o câncer. Além disso, aceleram o processo de envelhecimento e impedem a renovação.
Como se tudo isso não bastasse, prepare-se para outras más notícias a respeito das aves: apesar de ingerirem altas doses de antibióticos, os frangos comerciais apresentam altíssimo índice de contaminação por bactérias. Alguns especialistas estimam que até um terço de todas as aves está infectado, criando condições ideais para uma epidemia de envenenamento alimentar e talvez milhares de mortes anuais.
Segundo um relatório preparado pelo grupo Americans for Safe Foods, cientistas sustentam que as aves contaminadas são responsáveis por um grande percentual dos estimados quatro bilhões de casos de infecção por Salmonella e por Helicobacter pylori que ocorrem anualmente. A infecção por Salmonella produz sintomas como febre, diarréia e vômitos, enquanto a H. pylori causa gastrite - uma inflamação na parede estomacal - e úlcera. O grupo cita também um relatório do Centro para Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta que associa doenças decorrentes de alimentos a cerca de 9.000 mortes por ano.
"Tudo bem, então quer dizer o frango tem suas falhas", você diz. "Mas será que o frango não é melhor do que a carne de boi?"
Bem, certamente essa foi a mensagem transmitida. Campanhas publicitárias inteligentes e cativantes sugerem que, por ser mais clara que a carne de boi, a carne de frango contém naturalmente menos gordura e menos colesterol. Parece lógico. Mas, infelizmente isso não é verdade.
Compare os números: 42% das calorias de um bife de filé são provenientes da gordura, enquanto no caso de uma coxa de frango com pele 56% das calorias provêm da gordura. A eliminação da pele reduz um pouco o conteúdo de gordura, chegando a 47% das calorias. (A maior parte da gordura das aves concentra-se nos músculos, por isso a eliminação da pele não faz muita diferença.) A carne de frango continua sendo considerada um alimento com alto teor de gordura. E a carne de peru, caso você esteja se perguntando, contém apenas um pouco menos de gordura do que a de frango.
E mais: a gordura dos frangos - assim como a gordura de todos os alimentos de origem animal - é quase exclusivamente do tipo saturado, responsável pelos maiores danos às nossas artérias. Na verdade, um frango médio contém mais gordura saturada do que os cortes mais magros de carne de boi. E o frango tem a mesma quantidade de colesterol que a carne de boi e de porco: 25 miligramas em cerca de 30 gramas.
Para dar o toque final nesse pobre perfil nutricional, o frango tem muita proteína, mas nenhum carboidrato ou fibra. Se fôssemos eliminar toda a gordura do frango (o que, por acaso, seria impossível), restaria praticamente proteína pura. E a proteína, como vimos no Capítulo 10, esgota a massa muscular - um precursor da osteoporose - e sobrecarrega os rins.
A mensagem é clara: se quiser ter mais saúde e viver mais, se quiser apoiar a Renovação, em vez de impedi-la, você deve se esforçar ao máximo para parar de comer frango. Não, não é preciso parar de vez. Ao contrário, vá cortando aos poucos a porção de frango nas refeições, substituindo-a por feijões, uma fonte saudável de proteína, e por outros componentes dos Quatro Novos Grupos de Alimentos (cereais, feijões, frutas e hortaliças).
Para aqueles que simplesmente não podem imaginar a vida sem frango, um lembrete: quanto mais você seguir a Dieta Antienvelhecimento, mais se beneficiará dela. Opte pelo frango orgânico, em detrimento das aves comerciais. Em vez de fazer da carne de frango a parte mais importante da sua refeição, experimente misturar pequenos pedaços aos legumes e verduras. Ou troque o frango pelo peru. De todas as carnes de ave, o peito de peru é a que tem menos gordura.
Agora que já falamos do frango, voltaremos nossa atenção para os peixes. O próximo capítulo coloca os frutos do mar na berlinda da Renovação.