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Capítulo 8
Como Parar de Consumir Drogas Psiquiátricas


A Droga Psiquiátrica pode ser o Problema
Como e Por Que Parar de Tomar
Medicamentos Psiquiátricos
Edição revista e atualizada, 2007

Peter R. Breggin, M.D.
David Cohen, Ph.D.

Veja este livro em inglês-português
Como Parar de Consumir Drogas Psiquiátricas
    8.1  Redução gradual é a sua própria proteção
    8.2  Por que a retirada gradual é melhor do que a retirada súbita
    8.3  Remova as drogas uma de cada vez
    8.4  Que droga psiquiátrica deve ser retirada primeiro?
    8.5  Considerações especiais durante a abstinência
    8.6  Quão rápido você deve abster-se?
    8.7  Como dividir doses individuais

     Você pode se sentir apressado em parar de tomar drogas psiquiátricas. Talvez você esteja experimentando efeitos colaterais aflitivos ou sentindo-se "farto" de estar lento e emocionalmente entorpecido. Cuidado! Não é uma boa idéia parar abruptamente de tomar estas drogas sem antes se certificar de que não há perigo envolvido em fazê-lo. Em nossa opinião, é quase sempre melhor errar no sentido de ir mais devagar, e não mais rapidamente. Às vezes, o desenvolvimento de uma reação adversa severa pode exigir uma retirada imediata, mas se você estiver tendo uma reação séria à estas drogas farmacêuticas, você deve procurar ajuda de um clínico experiente.

     Uma vez que você tenha começado a parar de consumir drogas psiquiátricas, não deixe ninguém - nem mesmo o seu médico - apressá-lo. Especialmente se há uma chance de que você esteja indo rápido demais, preste muita atenção em como você se sente fisicamente e emocionalmente. Ao mesmo tempo, contudo, você deve levar em conta as advertências de profissionais, membros da família, ou amigos que acreditam que a abstinência está te causando mais problemas do que você percebe. Você pode não ser o melhor juiz de seu estado emocional enquanto você está parando de consumir estas drogas, assim, tu deves levar em consideração as preocupações das pessoas em quem você confia.

8.1  Redução gradual é a sua própria proteção

     Quando as pessoas consomem drogas psiquiátricas, suas faculdades de tomar decisões podem funcionar menos eficazmente. Os seus sentimentos estão embotados. Nesses momentos, se o seu pensamento foi expresso em palavras, é provável que tu tenhas comunicado apatia, indecisão ou confusão. Ou elas podem experimentar diferentes sentimentos em uma rápida sucessão, quase como se elas estivessem fora de controle. As pessoas são motivadas, a parar de tomar drogas psiquiátricas, porque elas geralmente querem pensar mais claramente, se "sentir plenas" de novo, e estar mais no controle de si mesmas.

     Sair das drogas psiquiátricas gradualmente, ajuda a "conter" a montanha-russa emocional e intelectual que às vezes acompanha a abstinência. De fato, uma diminuição lenta e gradual, impõe uma disciplina sobre o processo de abstinência. Por causa da negligência do tema da abstinência, ainda não existem procedimentos de diminuição claramente validados. Hoje contudo, quase todos os escritos clínicos sobre o tema, bem como as recomendações mais recentes que os fabricantes de drogas farmacêuticas estão começando a inserir nas bulas oficiais destas drogas, afirmam que a interrupção gradual é a rota preferida. Na ausência de um amigo ou aliado de confiança para prover realimentação sobre o seu progresso, na ausência de uma rede de suporte, a diminuição gradual é aparentemente a mais sábia estratégia - especialmente se você não tem certeza a respeito do quão rapidamente você deve proceder. Mesmo que um doutor em medicina ou outro profissional de saúde esteja te assistindo ou monitoramento a sua abstinência, uma diminuição gradual é usualmente a estratégia mais segura.

8.2  Por que a retirada gradual é melhor do que a retirada súbita

     No minuto no qual uma droga psiquiátrica entra na circulação sanguínea, o cérebro ativa mecanismos para compensar o impacto delas125. Estes mecanismos compensatórios se tornam embrenhados depois de operar continuamente em resposta à estas substâncias psiquiátricas. Se estas drogas são rapidamente removidas, os mecanismos não desaparecem de repente. Pelo contrário, eles têm total liberdade para reinar por algum tempo. Normalmente, estes mecanismos compensatórios causam distúrbios físicos, cognitivos e emocionais - que são referidos coletivamente como a síndrome de abstinência.

     A maneira mais simples de reduzir a intensidade das reações de abstinência é diminuir as doses gradualmente em pequenos decrementos. Desta forma, você está dando a seu cérebro "tempo" e "espaço" adequados para recuperar o funcionamento normal. A menos, que seja claramente estabelecido que você esteja sofrendo uma aguda e perigosa reação tóxica induzida pela droga psiquiátrica, você deve prosseguir com uma diminuição lenta e gradual. Quanto maior o período de retirada destas drogas, mais chances você tem que minimizar a intensidade das reações de abstinência esperadas.

     É interessante que há alguma evidência de que "a interrupção gradual tende a encurtar a duração de qualquer síndrome de abstinência" (Noyes et al., 1991 [294], p. 1621). Em outras palavras, a duração efetiva, de todos os sintomas esperados da abstinência da droga psiquiátrica, será provavelmente mais curta se você parar lentamente do que se você parar abruptamente. Há também, entretanto, evidências, a maioria de histórias pessoais publicados na Internet por usuários de antidepressivos, que a retirada gradual, por vezes, não diminui a aflição das reações de abstinência. David Taylor, farmacêutico-chefe do Hospital de Maudsley, em Londres, descreveu a sua própria abstinência de antidepressivo IRSS [SSRI], afirmando:

     "Por seis semanas ou mais, eu sofri os sintomas que eram na melhor das hipóteses perturbadores e na pior delas torturadores. Isso ocorreu apesar de seguir um cronograma cauteloso de diminuição da dose" (Taylor, 1999 [361]).

     Contudo, uma diminuição lenta da dose tende a reduzir o risco de reações físicas severas, tais como convulsões ou flutuações de pressão sanguínea perigosas. Um estudo pesquisou 66 pacientes que recentemente interromperam um antidepressivo IRSS [SSRI]. Um quinto dessas pessoas abruptamente interromperam a droga psiquiátrica, e elas experimentaram exatamente duas vezes mais sintomas de abstinência do que aquelas que reduziram a dose gradualmente (van Geffen et al., 2005 [377]).

     Em um estudo inicial da abstinência de antidepressivos tricíclicos, 62 por cento daqueles que diminuiram a dose em menos de duas semanas experimentaram reações de abstinência, em comparação com apenas 17 por cento daqueles que diminuiram durante um longo período (Kramer et al., 1961 [236]). Uma diminuição gradual aumenta as suas chances de sucesso e de permanecer livre de drogas psiquiátricas, porque as reações de abstinência desagradáveis são uma das principais razões que podem ser uma tentação para abortar a sua retirada destas drogas farmacêuticas.

     Em adição a isso, parece que as pessoas que gradualmente reduzem o consumo de drogas psiquiátricas encontram um renovado vigor e energia que elas agora podem aprender a reinvestir. Em contraste com uma cessação súbita e não planejada, uma diminuição gradual da dose lhes permite encontrar formas construtivas para usar esta energia para apreciar a nova confiança nas suas habilidades que eles vão desenvolver, e consolidar os novos padrões emocionais e comportamentais que serão aprendidas no processo.

     Uma publicação descreve o caso de uma mulher que queria parar de consumir Paxil depois de tomar 20 mg por dia durante seis meses. Seu médico abruptamente diminuiu esta dose pela metade, para 10 mg por dia e deu-lhe a nova dose por um mês. Então, durante as duas semanas seguintes, ele lhe deu 10 mg em dias alternados. Nos dias em que não tomava a droga psiquiátrica, a mulher experimentava fortes dores de cabeça, náuseas severas, tontura e vertigem, boca seca e letargia. A dose foi reduzida para 5 mg por dia, mas, convencida de que isso só prolongou a sua agonia, ela parou abruptamente. Ela relatou ter experimentado duas semanas de vários sintomas de abstinência e depois ter se recuperado totalmente (Koopowitz e Berk, 1995 [235]).

     Uma diminuição mais gradual, ao invés de uma redução abrupta de 50 por cento no início, poderia ter reduzido a gravidade do total de reações de abstinência da mulher. Além disso, como discutiremos adiante, tomar uma droga psiquiátrica a cada dois dias durante a retirada deve ser feito apenas no final do processo de diminuição da dose. Com permissão, muitos usuários de drogas psiquiátricas deixam de consumí-las de repente, sem experimentar qualquer dor significativa na abstinência. Nossa experiência, contudo, sugere-nos que a retirada abrupta é escolhido por pessoas que não estão devidamente informadas ou supervisionadas, que não podem tolerar suas disfunções induzidas por estas drogas, ou que agem impulsivamente porque elas percebem que ninguém está ouvindo-as ou entendendo seu sofrimento.

8.3  Remova as drogas uma de cada vez

     Muitas pessoas, talvez você entre elas, tomam várias drogas psiquiátricas simultaneamente. Hoje em dia a polifarmácia - a prática de prescrever mais de uma ou duas destas drogas farmacêuticas ao mesmo paciente, e ao mesmo tempo - é bastante comum e encorajada, sobretudo por médicos fazendo apresentações em simpósios patrocinados pelos fabricantes de drogas farmacêuticas. Frequentemente os pacientes recebem um antidepressivo e um tranquilizante, um estimulante e um tranquilizante, ou um antipsicótico e um anticonvulsivo. Já não é raro encontrar crianças e adultos para os quais se prescreveu, ao mesmo tempo, drogas de cada uma das classes principais das discutidas neste livro. Tal coquetel, se combinado com uma falha médica em reconhecer as reações de abstinência e monitorar cuidadosamente os pacientes, deixam estes pacientes vulneráveis a experimentar aflições severas. Tais coquetéis aumentam vastamente a toxicidade de cada droga e produzem reações adversas perigosas, e imprevisíveis, bem como reações de abstinência complicadas. Pacientes que tomam múltiplas drogas psiquiátricas, muitas vezes sofrem de um estado crônico de confusão mental, emoções entorpecidas e instáveis e problemas cognitivos, incluindo déficit de memória.

     Você pode abster-se de várias drogas psiquiátricas simultaneamente, mas esta é uma estratégia arriscada. Ela deve ser reservada para casos de toxicidade aguda e séria. Em adição a isso, desde que estas drogas tomadas em conjunto (como neurolépticos e antiparkinsonianos) muitas vezes têm efeitos semelhantes, retirá-las conjuntamente pode tornar piores as reações de abstinência. Além disso, como algumas drogas suprimem ou aumentam os níveis sanguíneos de outras, o seu profissional de saúde deve estar bem informado antes de fazer recomendações sobre decrementos simultâneos para mais de uma destas drogas. Se você intenciona abster-se simultaneamente de duas ou mais drogas psiquiátricas, você deve fazê-lo sob a supervisão ativa de um médico ou farmacêutico experiente.

     Quando você toma duas drogas psiquiátricas, o seu cérebro tenta compensar não apenas os efeitos de cada uma separadamente, mas também os efeitos de sua interação. O quadro fisiológico fica ainda mais complicado com cada droga adicional. A complexidade crescente vai muito além de nossa compreensão atual, criando riscos desconhecidos e imprevisíveis durante ambos os momentos, de uso e abstinência destas substâncias. Em casos de uso de múltiplas drogas farmacêuticas, a abstinência é como tentar desembaraçar um nó espesso composto de muitas linhas diferentes - sem cortar ou danificar qualquer uma das linhas. Nesta situação análoga, você teria que proceder com muito cuidado de fato, gradualmente desembaraçando uma linha e continuamente ajustando as outras em resposta à desintoxicação progressiva.

     Geralmente é melhor reduzir uma droga psiquiátrica, enquanto se continua a tomar as outras. O processo começa de novo, uma vez que você eliminou a primeira destas drogas completamente e se acostumou a viver sem ela.

8.4  Que droga psiquiátrica deve ser retirada primeiro?

     Se você quer parar de tomar mais de uma droga psiquiátrica, há algumas considerações para decidir qual destas drogas parar de tomar primeiro. Vamos dizer que você está tomando a droga "A" para neutralizar os efeitos colaterais da droga "B", neste caso, você deve provavelmente começar a abstinência com a droga "B". Por exemplo, se você está tomando uma pílula para a insônia causada pelo Prozac ou Ritalina, você pode querer adiar a abstinência da pílula para dormir até que você tenha começado a reduzir o Prozac ou Ritalina. Similarmente se você estiver tomando Cogentin ou Artane ou alguma outra droga para suprimir distúrbios de movimento causado pelos neurolépticos, você provavelmente deve primeiro reduzir seu neuroléptico antes de tentar abster-se do Cogentin ou Artane.

     Não há regras rígidas e rápidas sobre que doses reduzir em primeiro lugar. Em geral, contudo, você deve considerar inicialmente a redução da dose que está causando a maioria dos efeitos colaterais, tais como a dose da tarde que o faz ficar muito sonolento ou a dose da noite que te super estimula e causa insônia. Por outro lado, você pode querer esperar, até a última etapa, para reduzir ou parar a dose que parece estar te ajudando mais, tal como a dose da noite de um tranquilizante se você tiver insônia. Muitas pessoas estão preocupadas com a dificuldade para dormir, caso elas parem com a dose da noite de um tranquilizante que estão tomando várias vezes ao dia e, nesse caso, será sábio começar a reduzir a dose que é dada no início do dia.

     Às vezes, haverá outras razões óbvias para escolher reduzir primeiro a dose da manhã ou a da noite. Quando se toma tranquilizantes tais como Xanax ou Klonopin, por exemplo, muitas pessoas acham que elas despertaram pela manhã em um estado de ansiedade ou agitação devido à retirada da dose anterior. Portanto, elas podem se sentir mais confortáveis começando com uma redução da dose noturna. Outros podem achar que eles ficaram excessivamente sonolentos na parte da tarde. Eles podem querer começar a reduzir esta dose.

8.5  Considerações especiais durante a abstinência

     Hoje em dia os pacientes são muitas vezes tratados com múltiplas drogas psiquiátricas ao mesmo tempo. Em casos extremos, eles podem receber uma ou mais de cada uma das categorias principais: estimulantes, antidepressivos, tranquilizantes e pílulas para dormir, estabilizadores de humor e agentes antipsicóticos. Se possível, tentar resolver os agentes antipsicóticos primeiro porque eles representam riscos severos, incluindo discinesia tardia, a potencialmente letal síndrome neuroléptica maligna, diabetes e pancreatite. Contudo, se a exposição aos antipsicóticos durou vários anos, pode levar muitos meses para retira-los e, portanto, torna-se mais prático começar com uma outra droga que é mais fácil de parar. Mas tenha em mente que o risco de contrair discinesia tardia destas drogas antipsicóticas é alto e que o risco aumenta com o tempo, por isso é uma boa idéia parar de consumir estas drogas o mais rapidamente possível. Também mantenha em mente que você provavelmente precisará de um forte sistema de apoio quando estiver retirando as drogas antipsicóticas.

     Devido ao motivo dos tranquilizantes benzodiazepínicos muitas vezes provocarem reações de abstinência desagradáveis, prolongadas e potencialmente perigosas, algumas pessoas escolhem abster-se de seu uso por último, depois de terem experimentado a abstinência de outras drogas, fortalecido sua resolução, e ganhado confiança.

     Se interações perigosas, de drogas psiquiátricas, estão presentes, tais como duas ou mais drogas que estimulam a serotonina, pode ser importante abster-se de um delas no início. E, claro, se o indivíduo já está sofrendo de uma reação adversa potencialmente severa, tais como movimentos anormais causados por uma droga antipsicótica ou sobre-estimulação e outras anomalias mentais causadas por um estimulante ou antidepressivo, é necessário considerar uma retirada tão rápida quanto for possível mantendo a segurança.

     Em geral, a abstinência de múltiplas drogas psiquiátricas requer a supervisão por um médico clínico especialmente experiente.

8.6  Quão rápido você deve abster-se?

     Quão rapidamente parar de tomar a medicação é uma das questões mais críticas e difíceis de responder e o processo deve ser adaptado às necessidades individuais. Em casos complicados, o paciente e o profissional de saúde devem prever que passarão juntos o tempo suficiente para compartilhar suas opiniões e traçar um plano geral. Eles também devem estar preparados para re-avaliar o plano em uma base regular. Os obstáculos não devem ser muito altos sob nenhuma circunstância, para que o indivíduo não falhe e fique desmoralizado durante a abstinência.

     É importante parar gradualmente o suficiente para evitar ameaças à vida do corpo físico, devido às reações de abstinência, tais como convulsões e picos de pressão arterial. Se você levar um mês para parar gradualmente de consumir qualquer droga psicoativa, provavelmente você vai evitar as mais severas reações físicas de abstinência, tais como convulsões devido aos benzodiazepínicos ou picos perigosos de pressão arterial devido a clonidina (Catapres). No caso de grandes e prolongadas doses de tranquilizantes, mais de um mês deve ser normalmente exigido. Por outro lado, no caso de Catapres, a abstinência pode ser limitada à um período de uma semana quando abstendo-se de doses rotineiras.

     Ao levar a cabo uma redução gradual de um mês, o procedimento mais simples é o de reduzir a dose em um quarto (25 por cento) a cada semana. Contudo, o plano não deve ser rígido. No final de uma semana, se os sintomas de abstinência permanecem desconfortáveis, então, a dose pode ser ligeiramente aumentada novamente, ou o tempo da dose pode ser estendido conforme a necessidade. Uma redução planejada de um mês pode acabar durando vários meses.

     Se um indivíduo tem estado tomando uma droga psiquiátrica por mais de um ano, não será incomum planejar um mês de redução da dose para cada ano que a droga tenha sido tomada. Por este método, um indivíduo que tenha sido exposto à antidepressivos ou tranquilizantes por cinco anos, poderia requerer pelo menos cinco meses de redução da droga. Se o indivíduo tem estado tomando a ambos os tipos de drogas por cinco anos, isso pode requerer dois períodos de redução separados de cinco meses reduzindo cada uma das duas drogas; mas à esperanças que o processo possa ser mais curto.

     Se uma retirada longa está prevista, pode ser útil começar com uma redução mais perto de 10 por cento para a primeira redução da dose. É uma questão de "testar as águas". Se esta pequena redução acaba por ser relativamente indolor, então uma redução maior da dose, como 25 por cento, poderia ser tentada na próxima vez. Se, contudo, mesmo uma pequena redução é difícil, então não "force mais". A questão toda é se certificar de que a redução não ocorra rápido demais e permaneça na zona de conforto do indivíduo.

     Desafortunadamente, não há como determinar antecipadamente o quão gradual, você precisa reduzir a droga psiquiátrica, ou quanto tempo você levará reduzindo a dose, a fim de evitar o conjunto de reações emocionais e neurológicos potencialmente aflitivas, tais como dores de cabeça, irritabilidade, fadiga, e alterações de humor, enquanto se está retirando os antidepressivos IRSS [SSRI]; ou insônia ansiosa, instabilidade emocional e dores musculares, enquanto se está reduzindo a dose de tranquilizantes benzodiazepínicos. Algumas pessoas experimentam apenas reações leves durante toda a sua redução e conclue a retirada da droga em poucas semanas. Outras vão experimentar reações aflitivas que vão forçá-las a proceder muito mais lentamente, excedendo vários meses, enquanto seu corpo leva um tempo para se adaptar a cada diminuição, antes de começar a redução seguinte da dose (Glenmullen, 2005 [180]). Normalmente, você saberá dentro das primeiras poucas semanas, se a redução está indo bem, no seu passo corrente.

     Se você tem tomado os medicamentos por um longo tempo ou se você está preocupado com a abstinência, por qualquer razão, tu podes testar a sua sensibilidade à reação de abstinência, começando com uma redução da dose relativamente pequena e conveniente. Por exemplo, se você está tomando quatro pílulas por dia quebre uma delas pela metade. Esta é uma redução conveniente de aproximadamente 12,5 por cento. Se fazendo isso você se sente bem após uma semana ou mais, em seguida, retire outra metade de uma pílula. Agora você reduziu a dose em 25 por cento. Você pode querer perguntar ao seu médico ou farmacêutico qual o menor tamanho de pílulas para que você possa de forma mais conveniente fazer pequenas reduções.

     Em relação aos novos antidepressivos, como Paxil e os tranquilizantes como Xanax, algumas pessoas descobrem que eles devem proceder de forma extremamente lenta, tomando pequenas frações de uma pílula no final da redução gradual. Se a droga psiquiátrica vem em forma líquida, como Paxil, algumas pessoas acabam usando um conta-gotas para medir pequenas reduções do líquido da droga no final da redução (Pacheco, 2002 [299]).

     A regra mais importante é respeitar seus próprios sentimentos e evitar reduzir a dose mais rápido do que você acha suportável. Permaneça dentro de sua própria zona de conforto quando estiver determinando a velocidade da redução. Tenha em mente que quanto mais tempo você tomou a droga psiquiátrica, e quanto maior a dose, mais gradual deverá ser esta redução. Mais uma vez, não é incomum que se requeira um mês de redução da dose para cada ano de exposição à ela.

     Se você tem estado a tomar uma droga psiquiátrica com reconhecido potencial de abuso, como os estimulantes ou benzodiazepínicos, em casos severos, tu podes obter ajuda de um programa de reabilitação ambulatorial ou de internação.

     Se em algum momento os sintomas de abstinência se tornarem intoleráveis, a abordagem mais simples é retornar à dose anterior que você estava tomando. Então, se tu decidires continuar o processo de redução, poderás fazê-lo de forma mais gradual. Sempre que possível, faça uso da supervisão clínica especializada e uma rede de forte apoio social e da família. No geral, a maioria das pessoas são capazes de cuidadosamente e de forma segura parar de consumir drogas psiquiátricas.

     Novamente, tenha em mente que estes métodos de redução são apenas diretrizes e não regras absolutas. Aplicá-las depende do quão rápido você se sente confortável para proceder e em quanto desconforto que você experimenta e pode suportar entre as reduções da dose.

8.7  Como dividir doses individuais

     Para seguir os passos acima, você pode ter que usar doses menores do que aquelas disponíveis em pílulas individuais. Drogas psiquiátricas geralmente vêm em pílulas de doses variadas. Como já mencionado, o seu médico ou farmacêutico pode te fornecer a menor pílula disponível, a fim de facilitar os seus ajustes da dose. Contudo, a menor pílula disponível pode não ser pequena o suficiente para aliviar o desconforto da abstinência. Por exemplo, Lexapro vem em tabletes de 5, 10 e 20 miligramas (mg), mas algumas pessoas podem necessitar de 2,5 mg para sua última série de doses.

     A maioria das pílulas tem uma fenda que lhes permite ser divididas ao meio facilmente; você também pode comprar com baixo custo, na maioria das farmácias, um pequeno dispositivo para cortar pílulas e tabletes. Pílulas que são de liberação lenta (ação de longa duração) geralmente não podem ser divididas com segurança. Consulte o seu farmacêutico ou profissional de saúde sobre a segurança de dividir as pílulas que você está usando.

     Também é possível tomar a maioria das drogas a cada dois dias durante a redução da dose. Contudo, isto não deve ser feito no início da redução. Tomar drogas psiquiátricas a cada dois dias, em doses do tamanho rotineiramente prescrito, pode ser muito estressante para o cérebro. Tomar estas drogas a cada dois dias deve ser feito apenas no final da redução da dose quando tu tiveres atingido a menor pílula disponível. Você pode então tentar reduzir a menor pílula tomando-a a cada dois dias, e depois a cada três dias, até que você se sinta confortável em parar. Em adição a isso, como já descrito, algumas drogas como Paxil vem na forma líquida e podem ser consumidas com um conta-gotas nos estágios finais da retirada.

     Em suma, ao abster-se de muitas drogas psiquiátricas, não é incomum ter dificuldades em parar de tomar a menor dose disponível. Nestes casos, é possível partir a pílula na metade ou mesmo em quatro partes aproximadamente. No fim da redução da dose, também é possível tomar a menor pílula disponível a cada dois dias e depois a cada três dias, antes de parar completamente. Em relação aos antidepressivos e tranquilizantes, algumas pessoas acham que é muito difícil abster-se das pequenas doses no final e podem requerer semanas ou meses para terminar o processo.

     Este capítulo se focalizou na mecânica da redução das doses de drogas psiquiátricas. Mas os aspectos mais difíceis da redução, muitas vezes têm há ver com os temores de deixar de consumir estas drogas, bem como o ressurgimento de emoções dolorosas e questões psicológicas que foram submersas em uma depressão mental induzida por elas. Antes de submeter a redução da droga, sempre avalie sua necessidade de aconselhamento, bem como sua necessidade de uma situação segura em casa e uma rede de apoio social. Quando esses passos básicos são tomados antes de iniciar a retirada das drogas psiquiátricas, a grande maioria das pessoas pode com segurança parar de tomar estas substâncias.

Referências Bibliográficas

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Notas de Rodapé:

125 Breggin (1991 [49], 1997a [55], 1998a [57]); Breggin e Breggin (1994 [53]).