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No capítulo anterior, nós descrevemos a atmosfera de intimidação dentro do campo da saúde mental que faz com que muitos psicoterapeutas fiquem temerosos de tratar seus clientes sem recorrer a drogas psiquiátricas. Também notamos que muitos terapeutas têm temido irrealisticamente que eles serão processados por não recomendar estas drogas.
Na realidade muitos bem sucedidos processos legais, devido a erro médico, são executados contra psiquiatras que prejudicaram seus pacientes com drogas psiquiátricas, enquanto um número relativamente pequeno destes processos são ações contra psicoterapeutas que falharam no tratamento158. Além disso, há poucos ou nenhum caso em que psicoterapeutas foram legalmente processados, com sucesso, por deixarem de recomendar medicação. Uma revisão recente das causas dos processos legais contra psiquiatras, que cometeram erro médico, nem sequer menciona a falha em prescrever medicação, embora este estudo liste muitos fatores de risco associados com a prescrição destas drogas psiquiátricas (Perlin, 1997).
Não há proteções asseguradas contra processos por imperícia médica ou outras recriminações de pacientes ou colegas; profissionais individuais devem lidar com essas preocupações legítimas de acordo com seus próprios valores e precauções. Contudo, se você é um terapeuta ou psiquiatra que não defende o uso de medicação, existem princípios éticos e diretrizes que podem ser úteis para você e seus clientes. Se você é um cliente cujo terapeuta ou psiquiatra está com medo, de não parar ou de não começar a medicação, você pode sugerir-lhe que leia este capítulo.
As diretrizes a seguir são apresentadas em forma concisa para propósitos de clareza, elas não devem ser interpretadas, como regras rígidas e rápidas, ou como padrões legais de cuidado. Em suma, elas são sugestões que intencionam estimular seu pensamento e apontar direções úteis.
Informe seus clientes sobre o ponto de vista predominante da psiquiatria materialista. Quando a questão da medicação surgir, deixe claro que hoje em dia a maioria dos psiquiatras prescrevem drogas de drogaria para quase todos os pacientes que eles vêem, incluindo aqueles com casos relativamente leves de ansiedade e depressão. Desta forma, você pode garantir que os seus clientes, compreenderam a ênfase atual na medicação da psiquiatria materialista, e que eles estão cientes da pronta disponibilidade destas drogas psiquiátricas, caso queiram obtê-las em outro lugar.
Esclareça as razões pelas quais você profissionalmente não concorda com, ou incentiva, o uso de medicação. De uma maneira que seja consistente com suas crenças particulares, explique a sua opinião e experiência profissional em relação aos medicamentos. Circunstancialmente, nós muitas vezes indicamos nossas crenças de que as drogas psiquiátricas são altamente superestimadas, que seus efeitos adversos são comumente subestimados, que muitas vezes elas fazem mais mal do que bem, e que estas drogas prejudicam muito as faculdades mentais necessárias para maximizar a psicoterapia.
Recomende consultas e leituras de ambos os pontos de vista. Explique que você apoia o direito dos seus clientes de procurar outras opiniões à qualquer momento durante a terapia, mas notifique que muitos ou mesmo a maioria dos psiquiatras irá manter uma opinião contrária à sua. Você também pode sugerir material de leitura de ambos os pontos de vista, mas mantenha em mente que a maioria dos clientes já terão sido inundados com exemplos do ponto de vista da psiquiatria materialista na publicidade, na mídia e nos livros.
Não pressione seus clientes a seguirem a sua filosofia particular de terapia. Lembre-se que o seu trabalho é, o de capacitá-los a tomarem decisões, e não o de tomar decisões por eles. Por exemplo, em vez de tentar falar para seu cliente parar de consumir drogas psiquiátricas, simplesmente afirme o seu próprio desejo de não encorajar estas drogas e explique suas razões de porquê evitá-las. Não fique pessoalmente investido em parar o consumo, de seus clientes, destas drogas de drogaria; isto é uma decisão deles.
Em adição a isso, reassegure seus clientes que você terá prazer em continuar a terapia mesmo se eles decidirem obter medicação de outro indivíduo ao mesmo tempo. Mas advirta-os antecipadamente que eles provavelmente serão pressionados, a tomar drogas farmacêuticas, por psiquiatras e outros doutores em medicina, assim eles poderão estar preparados para lidar com isto.
Evite fazer referências às drogas psiquiátricas, se você acredita que elas não serão de ajuda. Terapeutas, em nossa opinião, não são eticamente obrigados a fazer referendos para um serviço que eles não são favoráveis e que estão facilmente disponível através de outras fontes. Em vez disso, explique a seus clientes que, por conta própria, eles podem encontrar facilmente psiquiatras e outros médicos que prescrevem drogas psiquiátricas. Você pode indicar-lhes fontes potenciais de médicos, tais como a lista telefônica, a escola médica ou hospital psiquiátrico mais próximo, e o escritório local ou nacional da American Medical Association [Associação Médica Americana], ou da Associação de Psiquiatria Americana [American Psychiatric Association]. Mas você não tem que participar na busca de um profissional cuja abordagem você não defende.
A menos que os clientes tenham estado consumindo drogas psiquiátricas por um tempo muito curto, sempre alerte-os sobre os perigos de parar abruptamente qualquer medicação deste tipo. Exceto quando um paciente está sofrendo de uma reação, de abstinência destas drogas, potencialmente séria, é melhor errar do lado da cautela e defender a redução lenta da dose. Você não tem que ser um doutor em medicina para desenvolver habilidades em problemas de abstinência de droga psiquiátrica. Familiarize-se com as informações contidas neste livro e outras fontes sobre os perigos da redução destas drogas.
Se você tem conhecimento sobre os efeitos adversos de drogas psiquiátricas, compartilhe-o com seus clientes. Você não está "interferindo" se discute os efeitos adversos destas drogas que outro profissional esteja prescrevendo para o seu cliente ou paciente. Também, você não pode assumir que um médico prescritor tenha dado ao seu cliente uma imagem suficientemente completa desses efeitos adversos. Por exemplo, os folhetos escritos, que os médicos fornecem aos seus pacientes, são muitas vezes inadequados.
Se você estiver confortável em fazê-lo, use uma edição recente da Referência de Mesa dos Médicos [Physicians' Desk Reference], complementado por outras fontes, para rever com os seus clientes os efeitos adversos de qualquer droga psiquiátrica que foi prescrita para eles. Deixe claro que toda droga, deste tipo, tem tantos efeitos colaterais potenciais que você não pode descrever todos eles.
Certifique-se de não clamar mais experiência do que você tem de fato. Encoraje os seus clientes para obter informações, tanto quanto possível, por conta própria e de outros médicos.
Se você é um terapeuta, sem formação médica, com clientes que querem parar de consumir drogas psiquiátricas, considere referi-los a um médico. Terapeutas não-médicos, podem, e desenvolvem a competência para ajudar os seus clientes a abster-se da medicação, mas é geralmente uma boa idéia contar com a ajuda de um médico para supervisionar o processo de redução da dose do medicamento. Este indivíduo pode ser um médico de família, internista, ou neurologista, ao invés de um psiquiatra. Médicos que se consideram "holísticos" são prováveis fontes deste tipo de ajuda. Você poderá, claro, ter que educar o médico em métodos apropriados de redução da dose, para esse fim, o presente livro pode ser útil.
Alguns terapeutas não médicos, éticos e competentes, ajudam, com sucesso, seus pacientes a parar de consumir drogas psiquiátricas, com pouca ou nenhuma ajuda de médicos. No atual clima da medicina, dominada pela psiquiatria materialista, os terapeutas não médicos poderão ter que intervir para fornecer informações e conhecimentos específicos.
Se seus clientes estiverem favoravelmente inclinados, considere o envolvimento de suas famílias, amigos e outros recursos. Abster-se de drogas psiquiátricas pode ser uma tarefa muito difícil e dolorosa, ocasionalmente requerendo hospitalização para desintoxicação. Indivíduos diante de tais circunstâncias, muitas vezes beneficiam-se do apoio de familiares e amigos. Em uma consulta conjunta, com o cliente e o terapeuta, a família e os amigos podem ser alertados para sinais, de abstinência da droga, que o cliente pode não ser capaz de perceber ou reconhecer durante o período de redução da dose. Pode-se reassegurar a eles que as atribulações emocionais, e mudanças de personalidade, são geralmente de curta duração e limitadas ao processo de redução. E eles podem ajudar dialogando com o cliente sobre o que deve ser feito em momentos de instabilidade. Se um terapeuta envolve a família e amigos, este acordo deve ser feito com a concordância do cliente, de todo o coração - idealmente, na presença deste cliente e com a sua participação ativa. Também deve-se ser respeitoso com a autonomia última, e, direito à confidencialidade do cliente.
Se a terapia não está indo bem, e não pode ser corrigida, encaminhe o cliente para outro terapeuta ao invés de incentivar o uso de drogas psiquiátricas. Nós enfatizamos aos clientes para verem a terapia como um relacionamento, e decidirem contra serem drogados quando o relacionamento está falhando. Similarmente, os terapeutas devem evitar recomendar estas drogas simplesmente porque eles sentem-se incapazes de ajudar um cliente em particular sem elas. Em vez disso, se a terapia não puder ser melhorada, o terapeuta deve discutir abertamente os problemas da terapia com o cliente, mantendo em mente o objetivo potencial de fazer um encaminhamento para uma consulta ou uma nova tentativa na terapia.
Há, é claro, o perigo de que um cliente vá se sentir rejeitado ou abandonado quando seu terapeuta sugerir-lhe que consulte ou procure outro terapeuta. Contudo, a sugestão pode ser feita com muito tato, com ênfase nos próprios limites dos terapeutas e as afirmações de insatisfação do cliente. E o encaminhamento pode ser feito, como uma consulta a um profissional adicional, para ver se uma nova abordagem pode ser útil, ou se novas visões interiores podem ser geradas. Enquanto isso, o terapeuta pode enfatizar a falta de progresso sem, de maneira nenhuma, indicar qualquer inadequação por parte do cliente. Tenha em mente que, mesmo que a sugestão de procurar ajuda adicional ou alternativa levante questões de rejeição, o resultado é preferível do que o surgimento, da parte do cliente, de questionamentos falsos e desmoralizante tais como: "Qual é o problema com o meu cérebro?" ou "Não posso gerir a minha vida sem as drogas?"
Durante a transição, o terapeuta deve expressar preferência em continuar as sessões até que o cliente se convença sobre uma mudança. Se o cliente parecer temeroso ou instável, o terapeuta - com o consentimento do cliente - pode decidir participar ativamente no processo de transição.
Faça anotações, em seu livro de registros de terapia, para indicar que você já teve conversas com seus clientes sobre as drogas psiquiátricas. Certifique-se que você dialogou com os seus clientes sobre a alternativa de procurar tratamento, com estas drogas, de algum outro indivíduo. Se for relevante, também verifique seus diálogos sobre quaisquer avisos para não parar de consumir, este tipo de drogas, de forma abrupta e sem supervisão. Se os seus clientes tiverem lido a sua opinião por escrito ou te ouvido falar em público sobre elas, confira que eles foram informados sobre a polêmica, e, sobre seu próprio posicionamento profissional. No futuro, este registro escrito pode ajudar você e seus clientes a se lembrarem de seus diálogos. Também pode ser útil se os seus clientes ou suas famílias fizerem erroneamente uma reclamação contra você por não informá-los totalmente. Contudo, essa eventualidade é remota, se você tiver sido ponderado e respeitoso no trato com seus clientes.
Se você é um terapeuta, nós esperamos que você vá se juntar ao crescente número de nossos colegas que estão tomando uma posição em favor de abordagens psicológicas, sociais e espirituais para ajudar as pessoas. Muitos estão criticando abertamente o ponto de vista da psiquiatria materialista. Nossos colegas estão fazendo isso não só para sua própria satisfação e identidade profissional, mas por causa da busca da verdade e do bem-estar de seus pacientes e clientes. Muitos deles também se familiarizaram com, ou juntaram-se ao, Centro Internacional para o Estudo da Psiquiatria e Psicologia (www.icspp.org, ver apêndice C), ou a Aliança para a Proteção de Pesquisa Humana (www.ahrp.org, ver apêndice D) .
Se você é um cliente, espere o melhor de seu terapeuta. Encoraje-o a confiar em você, e trabalhar na direção da meta de te capacitar para viver uma vida responsável, amorosa e criativa, sem recurso de medicamentos que alterem a mente. Nós esperamos que você também seja inspirado a se juntar ao Centro Internacional para o Estudo de Psiquiatria e Psicologia ou A Aliança para a Proteção de Pesquisa com Seres Humanos.
O capítulo 13 deste livro descreve alguns dos princípios psicológicos essenciais envolvidos em lidar com crises emocionais e o sofrimento extremo, sem recorrer a drogas. Estes princípios devem ser úteis para terapeutas e clientes, e para todos os indivíduos que querem melhorar sua capacidade de auto-ajuda ou para ajudar os outros.