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Sem dúvida, para a filosofia, o vocabulário é de máxima importância e, sobretudo, o elemento etimológico da composição dos têrmos. Como, na ortografia atual, são dispensadas certas consoantes, mudas, entretanto, na linguagem de hoje, nós a conservamos apenas quando contribuem para apontar étimos que facilitem a melhor compreensão da formação histórica do têrmo empregado, e apenas quando julgamos conveniente chamar a atenção do leitor para êles. Fazemos esta observação sòmente para evitar a estranheza que possa causar a conservação de tal grafia.
Os volumes subseqüentes serão oportunamente anunciados.
- "O Homem que foi um Campo de Batalha." - Prólogo de "Vontade de Potência", de Nietzsche - Esgotada
- "Curso de Oratória e Retórica" - 8a ed.
- "O Homem que Nasceu Póstumo" - (Temas niestzscheanos)
- "Assim Falava Zaratustra" - Texto de Nietzsche, com análise simbólica - 3a ed.
- "Técnica do Discurso Moderno" - 5a ed.
- "Se a Esfinge Falasse ..." - Com o pseudônimo de Dan Andersen - Esgotado
- "Realidade do Homem" - Com o pseudônimo de Dan Andersen - Esgotado
- "Análise Dialéctica do Marxismo" - Esgotada
- "Curso de Integração Pessoal" - (Estudos caracterológicos) - 5a ed.
- "Práticas de Oratória" - 2a ed.
- "Assim Deus Falou aos Homens" - 2a ed.
- "A Casa das Paredes Geladas" - 2a ed.
- "A Luta dos Contrários" - 2a ed.
- "Certas Subtilezas Humanas" - 2a ed.
- "Convite à Psicologia Prática"
- "Dicionário de Símbolos e Sinais"
- "Obras Completas de Platão" - comentadas - 12 vols.
- "Obras Completas de Aristóteles" - comentadas - 10 vols.
- "A Origem dos Grandes Erros Filosóficos"
- "Vontade de Potência", de Nietzsche
- "Além do Bem e do Mal", de Nietzsche
- "Saudação ao Mundo", de Walt Whitman
A Primeira Operação do Espírito 29
Das Categorias (A Substância) 57
A Segunda Operação do Espírito - Das Proposições 69
Exame Dialéctico das Relações Entre o Sujeito e o Predicado 81
Exame Dialéctico dos Conceitos Universais 124
Da Terceira Operação do Espírito do Raciocínio 163
Do Silogismo - Exame Sintético 166
Exame Analítico do Silogismo 173
Reducção à Primeira Figura 191
Métodos Práticos do Silogismo 193
Alguns Silogismos Defeituosos Quanto à Forma 204
Das Conversões das Proposições (Juízos) 211
Reducção Indirecta ao Impossível 217
Dos Silogismos Hipotéticos 226
Os Chamados Silogismos Disjuntivos 235
Exemplo do Método Heurístico 243
Esta obra nasceu da convicção de uma necessidade peculiar à nossa época. Ninguém pode negar, ao examinar o espetáculo moderno, que a inteligência humana afunda-se nas brumas da confusão que invade todos os sectores. Nunca se pensou de modo tão heterogêneo e tão vário, nunca as idéias mais opostas estiveram tão vivas em face umas de outras, e também nunca opiniões tão descabeladas conseguiram impor-se a vastos círculos intelectuais, como se verifica em nossos dias.
Na verdade, se observarmos com cuidado as causas de factos que tanto entristecem os que desejam uma humanidade mais sã, temos que debitar tal estado de coisas a fraca maneira de pensar do homem modemo, que fàcilmente se enleia nas teias de aranha de abstrusas ou de falsas idéias, e acaba por perder o norte, e desviar-se por caminhos que cada vez mais o afastam do que desejaria alcançar. Êsse estado de crise intelectual, que delineamos em "Filosofia da Crise", é a causa, sem dúvida, do desespêro que domina muitas consciências.
O surgimento desta obra tem, entre muitos, o intuito de contribuir, dentro das nossas fôrças, para sanear o pensamento e os modos de pensar, a fim de permitir que cada um possa guiar a si mesmo na busca do que há de mais elevado, e que tanto lhe oprime o coração e desafia a inteligência.
Esta obra, que é simultâneamente de Lógica e de Dialéctica, de Lógica porque examina o que há de positivo na velha lógica clássica, e de Dialéctica, porque traz as mais sólidas contribuições que o raciocinar de nossos dias construiu, tem a finalidade, também, de permitir a construcção de um raciocinar concreto, mas fundado na solidez do que de maior a humanidade já conquistou. Tratamos, nela, dos conceitos, dos juízos, do raciocinar discursivo, das oposições, tão importantes na Lógica, das relações que se formam entre os métodos lógico-formais e as dialécticos-ontológicos, sempre com o intuito de fornecer ao leitor os meios já condensados, seleccionados para um uso mais fácil, dentro, naturalmente, dos limites que o raciocinar humano permite.
Demoramo-nos, sobretudo, no estudo das distinções, que tanto celebrizaram os escolásticos, e o fizemos por razões ponderáveis.
É sem dúvida o uso das distinções uma das grandes conquistas da lógica escolástica e pertence ao cabedal das grandes realizações filosóficas do ocidente. Não há a menor dúvida de que o emprêgo das distinções exige uma acuidade capaz das mais profundas e raras subtilezas. A verdade é que todo saber, como tôda ciência, é um hábito que se adquire, e o exercício continuado permite que a acuidade seja constantemente despertada e desenvolvida, favorecendo a capacidade de distinção. Aquêles que são dotados de mente filosófica têm naturalmente maior facilidade para ver distintamente onde outros vêem confusão. Contudo, essa capacidade, que parece inata, pode ser alcançada também através do esfôrço pessoal.
A pouca familiaridade do homem moderno, pretenciosamente culto, com a escolástica, é a causa, sem dúvida alguma, do pensar ser tão deficiente, e de alguns se julgarem outros colombos, quando, na verdade, são apenas descobridores de velhas formas, já valorizadas pela ancianidade.
As chamadas contribuições modernas à Lógica não têm o valor exagerado que lhes emprestam seus autores. E encontramos maior segurança, maior âmbito e maior firmeza no emprêgo do velho modo de pensar, que em muitos métodos modernos, que não podem sequer prescindir dêles. Contudo, não queremos negar certa contribuição moderna. Inegàvelmente, a Dialéctica, como é entendida hoje, tem oferecido meios para evitar o raciocinar abstractista, e permitir um mais sólido raciocinar concreto. Mas, tais contribuições vêm envolvidas com muitos erros, com muitas falsas proposições, e métodos deficitários e insuficientes, que foram superados, com antecedência, por métodos que o tempo guarda em seu passado, e que a ignorância de muitos não permite dêles tomar conhecimento, nem sequer saber usá-los.
Êste livro surgiu com a finalidade de oferecer ao estudioso moderno o que havia de mais sólido e aproveitável para o recto pensar. Sabemos que o homem de hoje, ante o frenético de sua vida, não dispõe do tempo de que dispunham os antigos para dedicar-se a um estudo mais demorado dos métodos de raciocinar, de reflectir. Esta a razão por que julgamos que seria de bom alvitre reunir, numa obra manuseável, o máximo das regras úteis, procurando, sempre que possível, a demonstração imediata, a fim de favorecer a realização de um desejo que anima vivamente a todos.
Por outro lado, não é de admirar a ignorância que exibem muitos sôbre as grandes contribuições do passado. Basta que se examine a França, que é um país tido como imensamente culto, e por alguns até como o mais culto do mundo. Pois bem, aí, cêrca de 90% dos professores das escolas superiores são ateus declarados. Como tais, afastam-se sistemàticamente do estudo da obra dos medievalistas, com um gesto despectivo e de suma auto-suficiência. A maior parte, ante a impossibilidade de conseguir qualquer fundamento para as suas afirmações, falhos de um exame mais sólido do que constitui o campo do saber, tornam-se agnósticos, ou cépticos, e insuflam na juventude um cepticismo que já está dando seus frutos. Essa juventude sem firmeza em suas idéias é prêsa fácil de qualquer barbarismo cultural (perdoem a aparente contradição), e sem fé, nem confiança em si mesma, entrega-se ao imediatismo mais torpe e, o que é mais deplorável, torna-se inapta a realizar obras superiores. Não é, pois, de admirar que mais de duzentos anos de pregação céptica e agnóstica tenham de alcançar o estado a que assistimos: um deserto que cresce cada vez mais, dentro dos homens e à sua volta, uma ausência quase completa das obras de valor que enobreceram o passado. Nunca houve tantas universidades, tantas escolas; nunca se publicaram tantos livros, também nunca uma literatura foi tão frágil, tão sem expressão como a de nossos dias. Desapareceram do cenário da filosofia os gigantes que ponteavam os caminhos do passado. Alguns, deficitários, atiçam-se numa luta sem quartel contra a Filosofia, negando-lhe valor, porque não lhes dá ela o conhecimento da verdade integral, expressão que anda em tantos lábios. Antes de falarem na verdade integral, deviam êles perguntar a si mesmos que entendem por verdade. E o mais espantoso, em tudo isso, é que se tal pergunta lhes é feita, logo respondem que não sabem o que é, e alguns, para revelar maior talento, aproveitam a passagem do Novo Testamento, quando Pilatos perguntou a Cristo o que era verdade. Cristo não respondeu, nem poderia responder. A pergunta de Pilatos denunciava-o. Quem faz tal pergunta, revela, desde logo, ignorância. A melhor resposta só poderia ser o silêncio e o volver do rosto. Foi o que Cristo fêz.
O que temos de fazer hoje é construir. Na realidade, o espírito destructivo, o demoníaco, vence em quase todos os sectores dêste período histórico que vivemos e, sobretudo, nêste século, que talvez será cognominado pelos vindouros "século da técnica e da ignorância", porque se há nêle um aspecto positivo, que é o progresso da técnica, que chega até as raias da destruição, a ignorância aumenta desesperadoramente, alcançando limites que a imaginação humana nem de leve poderia prever. Mas, o que é mais assombroso é a auto-suficiência do ignorante, o pedantismo da falsa cultura, a erudição sem profundidade, a valorização da memória mecânica, do saber de requintes superficiais, a improvisação das soluções já refutadas, a revivescência de velhos erros rebatidos e apresentados com novas roupagens. Tudo isso é de espantar.
Por essa razão estamos certos de que nossa obra cumpre um papel: a de oferecer meios aos bem-intencionados para que possam seguir, pelos caminhos mais seguros, em busca de conhecimentos mais sérios, e para que possam mais fàcilmente encontrar melhores soluções para os problemas intelectuais que os afligem. E êsses meios constituem, constructivamente, o que chamamos de dialéctica concreta.1