Livro de Urantia

Grupo de Aprendizes da Informação Aberta

Contato

Índice Superior

Arquivos de Impressão: Tamanho A4 (pdf), Texto (txt).


Uma Síntese Parcial do
"Livro de Urantia"

João Frederico Abbott Galvão

Sumário

Uma Síntese Parcial do "Livro de Urantia"
    1.1  Introdução
    1.2  A Revelação
    1.3  O Ritmo da Assimilação
    1.4  A Teologia do Livro em Resumo
    1.5  Uma Explicação da Eternidade
    1.6  O Tempo-Espaço
    1.7  A Gênese da Matéria
    1.8  O Universo Local de Nébadon
    1.9  Os Filhos de Deus Descendentes e Ascendentes
    1.10  Os Seres Espirituais de Nébadon
    1.11  A Ascensão das Almas
    1.12  A Ressurreição
    1.13  A Capacitação Anímica
    1.14  A Cultura Moroncial
    1.15  A Cidadania em Jerusém
    1.16  A Cidadania em Edêntia
    1.17  A Cidadania em Sálvington e a 1a Etapa Espiritual
    1.18  A Chegada ao Paraíso
    1.19  A Ilha do Paraíso
    1.20  A Formação de Urantia e a Evolução da Vida
    1.21  A Implantação da Vida
    1.22  O Progresso da Atmosfera
    1.23  O Primeiro Casal Humano
    1.24  A Dispersão dos Andonitas
    1.25  A Cidade Planetária (verdadeira Atlântida?)
    1.26  Os Seres Intermediários
    1.27  A Organização dos "Cem de Caligástia"
    1.28  Os Sete Mandamentos Iniciais
    1.29  A Rebelião de Lúcifer
    1.30  A Destituição de Lúcifer
    1.31  A Secessão de Caligástia em Urantia
    1.32  A Determinante Lealdade de Van e Amadon
    1.33  A perda da imortalidade pelo séquito infiel
    1.34  A Destituição de Caligástia
    1.35  O Jardim do Éden
    1.36  A "Árvore da Vida"
    1.37  Adão e Eva
    1.38  A Partida de Van e dos Síndicos Melquisedeques
    1.39  A Educação no Éden
    1.40  A Insídia de Caligástia e o Erro de Eva
    1.41  A estória da Árvore do Bem e do Mal
    1.42  A Solidariedade de Adão
    1.43  A Saída do Éden e a Divisão da Família
    1.44  O Segundo Jardim
    1.45  Caim e Abel
    1.46  A Adaptação na Mesopotâmia
    1.47  A Mensagem Pessoal de Michael de Nébadon
    1.48  A Ascensão de Adão e Eva
    1.49  Conclusão
A Cidade Civilizadora e os Dois Jardins do Éden
    2.1  Origem da vida na Terra (Urantia)
    2.2  Os cem de Caligástia, o príncipe planetário
    2.3  A atividade civilizadora da cidade planetária
    2.4  A rebelião de Lúcifer e a queda de Caligástia
    2.5  Van e os fiéis à Deus contra os rebeldes na Terra
    2.6  Preparação para vinda de Adão e Eva
    2.7  O primeiro jardim do Éden e a árvore da vida
    2.8  A chegada de Adão e Eva
    2.9  A tentação e a "queda" de Eva e Adão
    2.10  A viagem para o segundo jardim do Éden
    2.11  A descendência de Adão e Eva
    2.12  A ascensão de Adão e Eva aos mundos celestiais
A Cosmologia do Livro de Urantia
    3.1  A Ilha do Paraíso e o Universo Central
    3.2  Os sete superuniversos e os quatro círculos do espaço exterior
    3.3  A Ilha do Paraíso
    3.4  Os 21 satélites da Ilha do Paraíso
    3.5  O Universo Central: Havona e seus 1 bilhão de mundos
    3.6  Os 7 super-universos e os trilhões de mundos habitados
    3.7  As capitais dos universos locais e super-universos
    3.8  As personalidades da Trindade administrando os 7 superuniversos

1  Uma Síntese Parcial do "Livro de Urantia"

1.1  Introdução

     A Criação Divina é muito mais grandiosa e bela do que já revelou qualquer uma de nossas religiões evolucionárias. E o passado de nossa civilização é também muito mais rico e heróico (embora às vezes trágico) do que já registraram nossos historiadores ou paleo antropólogos não-revelados.

     Enquanto a astronomia contemporânea perscruta os céus procurando saber se há outros no cosmos, nossa história data em 3.000 A.C. a mais antiga escrita da Terra (a suméria). Pois no "Livro de Urantia" (Urantia é a Terra), uma Revelação Divina de 1955, aprendemos que apenas no universo de Cristo Michael já havia 3.840.101 planetas habitados quando ele se encarnou como Jesus de Nazaré - "A casa de meu Pai tem muitas moradas". No Livro aprendemos também que há 500.000 anos (!) já estava sendo ensinado aos homens primitivos de então, na Mesopotâmia, o primeiro alfabeto de Urantia - o segundo foi há 38 mil anos, no Jardim do Éden. O 1o casal humano evolutivo surgiu no Oeste da Índia e ainda hoje buscamos explicar-nos como originários da África. Um bonito paralelo, contudo, é que começamos a explorar o espaço, enquanto o Pai já constrói no espaço exterior de Sua majestosa Criação e nos informa sobre isso.

     Nossa evolução como planeta normal foi complicada pela rebelião de Lúcifer, Satã, Belzebu e Caligástia (às vezes confundidos como um só, ou desconhecido como o último) e pela falha inicial de Adão e Eva, nossos Filhos Materiais Descendentes, ingratamente negados pelos que desconhecem seu heroísmo reabilitante na saga do Segundo Jardim, na Mesopotâmia, a partir do qual se desenvolveram as primeiras civilizações registradas na história.

1.2  A Revelação

     Com cerca de 2.100 páginas, essa Quinta Revelação de Época vem sendo nos Estados Unidos desde 1955. Ela foi redigida por 24 personalidades celestiais especialmente comissionadas. Em seus 196 documentos estão descritas a Divindade e a evolução de toda a Criação, desde a Ilha do Paraíso e os mundos perfeitos de Havona, até além dos 7 super-universos do tempo-espaço, cada um deles com 100.000 universos locais. No sétimo super-universo (Orvônton, uma elipse com 500 mil anos-luz de diâmetro maior) encontra-se o nosso Universo de Nébadon, governado por Cristo Michael (Filho Criador Michael de Nébadon) e pela Ministra Divina de Sálvington (filha do Espírito Infinito), com o auxílio de seu primogênito Gabriel de Sálvington. As 700 páginas finais do Livro relatam, ano a ano, a vida completa de Cristo entre nós (que não será sintetizada aqui), a religião viva.

     Os 196 documentos que compõem o Livro de Urantia foram transmitidos, "por métodos autorizados superiormente", a uma Comissão Humana de Contato com seis membros, que trabalharam com um grupo variável de 486 cidadãos de diversas profissões em Chicago, Illinois. A laboriosa compilação das transmissões, feita aos domingos e em sigilo, entre as décadas de 1920 e 1950, foi coordenada pelo Dr. William Samuel Sadler, por muitos considerado o pai da psiquiatria norte-americana. Constituída em 1950 para disseminar a Revelação, a Fundação Urantia já divulgou 600 mil cópias e tem ultimamente vendido a obra a um ritmo de 30.000 exemplares por ano - um terço em espanhol. Os editores pretendem tornar a Revelação acessível a todos os povos da Terra. Além da original em inglês já existem edições em coreano, espanhol, finlandês, francês, holandês e russo, que podem ser obtidas pela Internet (www.urantia.book ou www.urantia.org), ao preço de US$ 34.00. Estão adiantadas mais cinco traduções e nove outras iniciadas1. Um brasileiro fez em São Paulo a tradução para o português, que já está disponível em CD-ROM.

1.3  O Ritmo da Assimilação

     É política da Fundação Urantia evitar a publicidade aberta, de modo a deixar que o Livro lance raízes progressivamente. Isso porque as verdades nele contidas são válidas para os próximos séculos, não apenas para a nossa geração; e também porque a complexidade de seu conteúdo, no qual se descreve apenas a parte da Criação que nos concerne, está já no limite de nossas possibilidades de compreensão. Assim se explica o fato de informações tão essenciais e verdadeiras não estarem ainda observadamente incorporadas às nossas ciências, filosofias e religiões. Deus não tem pressa, pois o tempo inexiste no Paraíso e a eternidade dita o compasso de Suas ações. Depois de conhecê-Lo nessa Revelação, cada leitor utilizará seu livre-arbítrio para praticar individualmente a verdadeira religião, independente de rituais, dogmas, dízimos e dissensões. E diretamente com o Pai, graças a Cristo Michael e à Ministra Divina, que O representam a Ele, ao Filho e ao Espírito Infinito neste universo local. O escopo desta síntese parcial, após duas leituras (versões em espanhol e francês) é motivar os futuros Leitores a conhecerem no Livro o esplendor da Criação, seu possível destino espiritual, o verdadeiro passado da Humanidade e a real mensagem de Jesus. Pois nele se contêm todos os elementos necessários para guiar nossa progressão para a Era de Luz e Vida. Cada um de nós Leitores tem alguma responsabilidade nessa evolução do planeta.

1.4  A Teologia do Livro em Resumo

     Em relação à fé, para a salvação da alma não basta uma convicção lógica ou sagrada emoção: é necessária a sua prática na vida diária, amando-se a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo, por um lado se buscando a perfeição, como convida o Pai e por outro se tendo paciência, como recomenda Jesus. Todos que sinceramente desejarem a salvação nesses termos poderão consegui-la, pois "nosso Deus perdoa generosamente" e Jesus veio salvar todos que quiserem. O livre-arbítrio divino se manifesta no Plano-Mestre da Criação e na realidade que nos circunda. Mas Deus opera de tal forma que nenhuma personalidade celestial pode interferir no livre-arbítrio de cada um de nós, seja qual for o ato que pretendamos praticar. Quando tomamos uma decisão acertada, o Anjo Guardião do Destino tenta proporcionar-nos condições, no plano social, para sua concretização. O Monitor do Pensamento, por sua vez, a cada ciclo elabora um curso de ação ideal que nem sempre percorremos na etapa seguinte: ele é o espírito do Pai dentro de nós, que cria nossa alma no ventre de nossa mente. Muitas vezes contudo, distorcemos as inspirações deste fragmento de Deus que vive em nós e consoco co-cria nossa alma imortal. Em contrapartida à liberdade, nesta vida temos dois deveres principais: cumprir as obrigações terrenas de nosso tempo e lugar e construir o destino de nossas almas. Mesmo nas vidas adiante nos é dada a escolha de prosseguir no caminho da perfeição ou desistir.

     O Pai Universal Mais Que Espírito é a Primeira Fonte e Centro de todas as coisas. Vive na Ilha do Paraíso, a maior e única massa imóvel da Criação, de onde dirige todos os acontecimentos com o Filho Eterno e o Espírito Infinito. De lá não se pode Ele ausentar devido ao equilíbrio que irradia para todos os universos com suas energias mais-que-pessoais, não compartilhadas nem com o Filho. Ao atuar como Supremo, Último, Absoluto ou Sétuplo no tempo-espaço, o Pai evolui à medida que estende sua presença. Tanto no mundo físico em estabilização crescente, quanto na proporção da sintonia das criaturas com o seu pensamento. Nesse processo interativo os planetas, sistemas planetários, constelações e universos vão atingindo cada um dos quatro estágios de Luz e Vida. Estes são como o Céu na Terra: seres humanos se comportando de forma cada vez mais espiritual.

     O Criador nos contacta pelo seu Circuito de Personalidade - e está junto a cada um pelo Monitor do Pensamento, um fragmento pré-pessoal d'Ele mesmo ao lado de nossa mente material, que com ela constrói a alma moroncial durante esta primeira vida. Esse Monitor depois se fusiona com a alma e se aperfeiçoa ao longo de 670 vidas a caminho do Paraíso. Após morrer aqui, vamos do primeiro nível moroncial (anímico) até o sexto nível espiritual, em corpo progressivamente mais avançado. Desde que Jesus enviou o Espírito da Verdade em Pentecostes, todos os urantianos de mente normal recebem um Monitor Divino por volta dos seis anos de idade. Mesmo as crianças que morrem antes dessa idade, quando têm potencial de sobrevivência, são levadas para uma creche nos Mundos de Mansões (de aperfeiçoamento inicial da alma), onde esperam o pai e (ou) a mãe sobreviventes. O Filho Eterno nos contacta pelo Circuito Espiritual e o Espírito Infinito, pelo Circuito de Mente - sempre com o auxílio do Espírito da Verdade. São circuitos energéticos que nos enviam os melhores impulsos, nem sempre bem recebidos. O Pai é amor, o Filho, misericórdia e o Espírito Infinito, ministração.

1.5  Uma Explicação da Eternidade

     Para possibilitar-nos o entendimento de complexidade inacessível de outra maneira, os autores explicam que graças ao Filho Eterno, seu Verbo, o Pai superou as limitações de sua infinidade em eras tão remotas da eternidade que ainda não havia registros escritos na Ilha do Paraíso (uma pré-história, como a nossa). Em certo momento posterior em pensamento conjunto, o Pai e o Filho criaram o Espírito Infinito e estabeleceram a Trindade Suprema. Nessa era começaram os registros escritos e surgiu, em volta do Paraíso, o bilhão de mundos perfeitos de Havona governados pelos Eternos dos Dias, cada um dos quais com um estilo individual de perfeição. Foi nesses mundos perfeitos que Cristo, Filho Criador do Paraíso, da Primeira Ordem (Michael), no 611.121, completou sua capacitação para criar e dirigir o Universo Local de Nébadon, aonde se localiza a terra, conhecida no universo pelo nome de urantia. Pelo seu número na Ordem de Filhos Criadores de Universos podemos observar que ao seu nascimento faltavam iniciar-se, ou se estavam iniciando, 88.879 universos locais para o plano completo dos 7 super-universos.

1.6  O Tempo-Espaço

     A partir do Universo Perfeito Paraíso-Havona a Trindade Suprema começou a criar os 7 super-universos do tempo-espaço, que descrevem majestosas elipses concêntricas em torno da Ilha Central, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. Os setores maiores dos super-universos orbitam ao redor das 7 capitais super-universais; os setores menores giram em volta da sede de seu respectivo setor maior; e os universos locais gravitam em torno da capital de seu setor menor, harmoniosamente. As constelações, os sistemas planetários e os sistemas solares dos universos locais seguem o mesmo padrão. Neles o aperfeiçoamento dos seres materiais ascendentes como nós é um fenômeno lentamente progressivo. Até agora nenhum dos super-universos atingiu a Era de Luz e Vida em todos os seus universos locais, constelações, sistemas planetários e planetas, como estão destinados ao cabo de sua evolução. Enquanto isso a Criação avança ainda mais longe, nos três círculos do espaço exterior. Embora desabitados, tais círculos revelam a presença de "uma incrível ação energética que aumenta em volume e intensidade por mais de 25 milhões de anos-luz". No espaço exterior estariam os domínios do Deus "Absoluto Não-Qualificado" e a ele se destinam 95% da gravidade cósmica emitida pela Ilha do Paraíso.

     Cada super-universo tem um Espírito Reitor que lhe define a natureza e três Anciãos dos Dias que lhe determinam a administração (assim opera Deus o Sétuplo). Os Perfeições dos Dias, em grupos de três, presidem os governos dos setores maiores dos super-universos. Os Recentes dos Dias, da mesma maneira, dirigem os setores menores. Junto a cada Filho Criador se encontra um União dos Dias (como Emanuel, o "irmão mais velho" de quem falou Jesus), na condição de Representante da Trindade. Em cada constelação um Fiel dos Dias trinitário assessora seus dirigentes Vorondadeques. Já os sistemas planetários e esferas habitadas não contam com seres paradisíacos em missão permanente e "estão completamente sob a jurisdição dos seres nativos dos universos locais".

1.7  A Gênese da Matéria

     A matéria se origina quando seres paradisíacos (os Organizadores da Força Decanos) induzem uma complexa alteração das freqüências de diferentes energias e forças em conjunto, em dado lugar do espaço, originando os gases primordiais. O tempo, por sua vez, passa a existir com o movimento da matéria assim criada por eles. Deste modo cria Deus o tempo-espaço. Os sóis depois formados se cercam de planetas e luas, em alguns dos quais as condições físicas pouco a pouco tornam possível a implantação do plasma vital do Pai por outras personalidades celestiais, os Portadores de Vida. Adiante dos três círculos do espaço exterior os autores acreditam que talvez haja uma criação adicional nem a eles revelada, "um universo possível, de infinidade em constante expansão". Os planetas em nosso estágio de amadurecimento normalmente conhecem o macro-cosmo apenas até o nível de sua constelação.

1.8  O Universo Local de Nébadon

     Vejamos então como se formou e foi povoado o nosso universo local; como se dá a ascensão das almas; como veio e evoluiu a vida na Terra (há 550 milhões de anos), com seres unicelulares em solução salina, até o aparecimento do primeiro casal humano ascendente - faz 1 milhão de anos; como foi a Cidade Planetária na Mesopotâmia (500 mil anos atrás); como se deu a rebelião de Lúcifer, Satã, Belzebu e Caligástia (há 200 mil anos); como foi o malogro, aqui, da Cidade Planetária e do Jardim do Éden (no Oriente do Mediterrâneo, há 40 mil anos), justamente os dois núcleos condutores do progresso em todos os planetas normais. O tradutor brasileiro, Luiz Carlos Dolabela Chagas, sintetizou em livro como foi a encarnação de Jesus neste planeta ("Jesus de Nazaré Segundo o 'Livro de Urantia' ", 300 páginas), onde Ele completou os sete auto-outorgamentos em diferentes ordens de suas criaturas. Ao completá-los começou a governar seu reino como Filho Criador Maior e estendeu a jurisdição de Deus o Supremo a todo Nébadon.

     "Um Filho Criador Menor passa a estruturar e povoar seu universo depois que os Organizadores da Força Decanos do Paraíso efetuam as manipulações iniciais da força espacial e das energias primordiais", provocando uma grande explosão - assim se confirma a teoria cosmológica do "Big Bang" como um fenômeno local genialmente descoberto por nossos cientistas, como se fosse a origem de tudo. No caso de Nébadon tal gênese começou há 875 bilhões de anos terrestres, após a seleção de "um setor do espaço onde as condições eram favoráveis". Setenta e cinco bilhões de anos mais tarde, quando "as energias emergentes reagiam diante da gravidade local e linear", começou o trabalho dos Diretores do Poder e dos Controladores Físicos Decanos nascidos em nosso super-universo de Orvônton. Eles mobilizaram aquelas energias para criar sóis e esferas materiais habitáveis com base nos gases ancestrais. Eles também produziram "o vasto complexo de linhas de comunicação, circuitos de energia e canais de força que ligam firmemente os múltiplos corpos espaciais do universo local em uma unidade administrativa integrada". O primeiro sol de Nébadon surgiu há 500 bilhões de anos - o nosso existe há 5 bilhões de anos, no centro deste sistema solar, que na revelação é chamado de Monmátia.

     Há 400 bilhões de anos o então Filho Criador Menor que viria a ser Jesus de Nazaré escolheu a Nebulosa de Andronover para formar seu universo. Quase de imediato foi iniciada a construção da esfera arquitetônica da capital Sálvington e seus satélites, bem como dos 100 grupos de mundos que formariam as capitais das constelações. Esse trabalho levou cerca de um milhão de anos - todas as capitais de super-universos, universos, constelações e sistemas planetários são construídas como obras de engenharia cósmica divina, devido à instabilidade do magma nos planetas geológicos. Por sua vez as capitais dos futuros 10.000 sistemas planetários de Nébadon (compostos de sistemas solares como o nosso de Monmátia) foram sendo construídas à medida que eles se definiam como tais, completando-se elas quando começava o nosso sistema solar, há 5 bilhões de anos.

     Cada universo local tem 100 constelações (a nossa é Norlatiadeque, capital Edêntia), compostas por 100 sistemas planetários - o nosso é Satânia, capital Jerusém. Cada sistema planetário é integrado por cerca de 1.000 mundos habitados, planetas e luas de diferentes sistemas solares - Urantia é o planeta no 606, dos 619 já habitados de Satânia. Cada universo é assim projetado para ter 10 milhões de esferas povoadas - havia 3.840.101 delas em Nébadon quando nasceu Jesus em Belém. No tempo-espaço, então, em que cada um dos sete super-universos terá 100.000 universos locais, divididos em Setores Maiores como o nosso Esplándon e Menores como Ensa, ao final haverá 7 trilhões (!) de mundos habitados. A singularidade da Terra nessa miríade é o fato de ter sido escolhida por Cristo para a 7a efusão dentre suas criaturas: uma vez que cada Filho Criador se outorga como humano em apenas um planeta de seu universo local, tornamo-nos especiais entre os 10 milhões de futuros mundos nebadonianos. Sabemos agora que o nosso Michael governa todos os outros humanos com base no que observou e sentiu na Terra.

1.9  Os Filhos de Deus Descendentes e Ascendentes

     Os filhos de Deus descendentes, são aqueles que como Cristo Miguel, nascem no Paraíso e descendem em direção aos mundos evolucionários como urantia (terra). Os filhos ascendentes de Deus são aqueles que como nós, nascem em mundos evolucionários do tempo e do espaço e ascendem até a ilha do Paraíso, no centro de todas as coisas, aonde habita Deus. Temos o potencial de nos tornar, filhos ascendentes de Deus. Isto acontece quando nós, criaturas humanas, nos fundimos com nosso Ajustador de Pensamentos, o fragmento de Deus que vive em nossas mentes.

     Nos planetas geológicos evoluem três categorias de seres materiais ascendentes: os que têm um cérebro - como aqueles que não respiram, em planetas sem atmosfera; os que têm dois cérebros - como nós, que entretanto os chamamos de hemisférios; e os que têm três cérebros - mais inteligentes e espirituais na primeira vida, além de terem melhor percepção sensorial. Os unicerebrados, por limitações em seu metabolismo, não se podem fusionar com um Monitor Divino e seguir o caminho do Paraíso. Seus sobreviventes, ao se imortalizarem, seguem carreiras de serviço no universo de origem, assim como aqueles de nós que, não entendendo o Filho, fusionam-se com um fragmento pré-pessoal do Espírito Infinito: sua carreira alcança até Sálvington e lhes dá um alto grau de especialização em assuntos locais. Quando a alma de um de nós, por não entender o Pai, se fusiona com uma dádiva individualizada do Filho Criador, prossegue até a capital do super-universo de Orvônton e em sua jurisdição permanece. Ambos atingem a perfeição nesses dois níveis e passam a integrar a população permanente das respectivas capitais em relevantes funções. Porém quando entendemos a Trindade e logramos a fusão com o Monitor Divino, a meio-caminho do Paraíso compensamos a diferença que nos separava dos tricerebrados e seguimos a carreira completa até o Pai em rigorosa igualdade de condições com eles. "Deus ama cada um dos seus filhos da mesma maneira".

     Adão e Eva, por sua vez, são Filhos Materiais (da raça violeta) descendentes diretos de Michael, que vieram como melhoradores biológicos das raças aqui evoluídas de Andon e Fonta, o primeiro casal humano evolutivo de Urantia. Nos planetas normais um casal imortal, como Adão e Eva teriam sido caso não houvessem caído em erro, detém o governo visível até o terceiro nível de Luz e Vida, ao lado de um Príncipe Planetário invisível para os humanos, que dirige o governo espiritual (na Era de Luz e Vida ele é perceptível no interior do Templo Moroncial). Vemos aqui que os evolucionistas e criacionistas diligentemente combateram por duas verdades conhecidas parcialmente: nós somos frutos da evolução de seres unicelulares, depois vegetais, animais, primatas e humanos, mais tarde ligeiramente aperfeiçoados pelo sangue adâmico. Devido à falta cometida por Eva, que em seguida teve a solidariedade de Adão (pai da mestiça Sansa, como ela foi de Caim), o processo de elevação biológica se alterou tão drasticamente que nenhum grupo ou indivíduo contemporâneo, mesmo entre os nórdicos, tem mais de 10% dos gens desse belo e bravo casal. Foi heróica sua epopéia no Segundo Jardim, com apenas um quarto dos 1.647 filhos, netos, bisnetos e trinetos puros, nascidos nos 117 anos do Jardim do Éden, mais os descendentes de Caim, de Sansa e de 1.570 filhos de Adão com mulheres selecionadas das tribos vizinhas.

1.10  Os Seres Espirituais de Nébadon

     "Há 300 bilhões de anos a nebulosa de Andronover obteve, do Governo de Uversa em Orvônton, reconhecimento físico como universo para habitação e ascensão mortal progressiva, recebendo o nome de Nébadon". Nessa época a equipe de Michael se instalou em Sálvington, enquanto prosseguia o amadurecimento astrofísico de seu reino, inercial ou induzido, conforme o caso. "Depois de instalado na capital, no exato centro da massa-energia de seu universo, o Filho Criador não pode deixar seu mundo-sede até que se estabilize a gravidade de seus domínios, equilibrando-se os distintos circuitos e sistemas pela atração material mútua, de acordo com o trabalho dos Diretores do Poder e dos Controladores Físicos Decanos do super-universo". Atingida a estabilidade, Michael e o Espírito Materno que até então o acompanhava em estado pré-pessoal (sem personalidade plena) projetaram e submeteram à aprovação superior o seu plano de criação da vida, dentre as opções oferecidas pelo Pai.

     Sua primeira ação criadora conjunta resultou na Brilhante Estrela Matutina, Gabriel de Sálvington, primogênito e Chefe Executivo de Nébadon, "em tudo assemelhado ao seu Pai em caráter, porém limitado nos atributos de divindade". "Começou então a chegar à existência um vasto grupo de criaturas espirituais diversas". Em seguida à Brilhante Estrela Matutina foi gerado o Pai Melquisedeque original, que em enlace com o Filho Criador e o Espírito Materno, seus pais, deu origem à ordem dos Filhos Melquisedeques, com mais de 10 milhões de integrantes. Na ausência de Gabriel o Pai Melquisedeque atua como chefe executivo de Nébadon. Os filhos desta ordem, por seu turno, operam como assessores de Gabriel ou instrutores dos humanos e anjos.

     A ordem seguinte é a dos Vorondadeques, filhos de Michael e da Ministra Divina, com l milhão de membros. São conhecidos como Pais das Constelações, porque três deles (os Altíssimos) estão sempre à frente do Governo de cada uma das 100 constelações de um universo local.

     A terceira ordem de filiação é a dos Lanonandeques, igualmente gerada por Michael e pelo Espírito Materno. São mais de 12 milhões. Atuam principalmente como Soberanos dos Sistemas ou Príncipes Planetários. Concebidos para estarem próximos dos humanos, eles são mais sujeitos a erro e por isso se envolveram em três rebeliões em Nébadon, das quais a terceira e mais extensa foi a de Lúcifer, há cerca de 200 mil anos.

     Os Portadores de Vida, com 100 milhões de integrantes, são uma ordem especial, gerada pelo Filho Criador e a Ministra Divina de Sálvington, em enlace com um Ancião dos Dias de Orvônton. Eles planejam e desenvolvem as formas de vida que levarão para as esferas geológicas, de acordo com os planos do Filho Criador. Também lhes cabe a supervisão, com os Controladores Físicos, do desenvolvimento das três formas básicas de vida, que produzem os três tipos humanos mencionados anteriormente. Ao surgir o primeiro ser volitivo com poder de decisão moral, termina o seu trabalho e começa o dos Sete Espíritos Auxiliares da Mente (mais circuitos do que personalidades), que desenvolvem nos humanos as seguintes importantes qualidades: intuição, compreensão, coragem, conhecimento, conselho, adoração e sabedoria.

     Os Ajudantes do Universo de Nébadon são: a Brilhante Estrela Matutina (Gabriel de Sálvington); as Estrelas Vespertinas; os Arcanjos; os Assistentes Altíssimos; os Altos Comissários; os Supervisores Celestiais e os Mestres dos Mundos de Mansões.

     Os Serafins, Querubins e Sanobins são os espíritos de Nébadon que ministram para os seres humanos, equivalentes aos Supernafins do Universo Central e aos Seconafins dos super-universos. Os Serafins são criados pelo Espírito Materno. Atuam tanto em nível espiritual quanto material, estando "estreitamente ligados às criaturas materiais em todas as fases de sua evolução". Os Querubins e Sanobins são positivos (os primeiros) ou negativos em energia, cumprindo em enlace as suas funções de auxiliares dos Serafins nas esferas geológicas ou de instrutores nos Mundos de Mansões.

     Os artistas e artesãos celestiais são personalidades espirituais e semi-espirituais que se ocupam do embelezamento e operacionalização moroncial e espiritual do tempo-espaço. Trabalham nas sedes dos super-universos, dos universos locais, das constelações e dos sistemas planetários, bem como nos planetas estabelecidos em Luz e Vida. São eles os músicos e artistas celestiais, os construtores divinos, os registradores do pensamento, os manipuladores da energia (que abrangem os conselheiros de transporte, os especialistas em comunicações e os mestres do descanso moroncial e espiritual), mais os embelezadores das percepções e sentimentos, e finalmente os trabalhadores da harmonia.

1.11  A Ascensão das Almas

     Contemplemos agora o esquema de ascensão das almas, que em sua evolução desfrutam das habilidades especiais dos artistas e artesãos acima em seu dia-a-dia e nos momentos de espairecimento e recreação, ou com eles trabalham por períodos de sua carreira ascensional.

     Depois da morte física de um ser humano em seu planeta de origem, o Monitor Divino normalmente segue para Divíninton (a esfera dos Monitores, em órbita do Paraíso) e lá espera, cumprindo outras missões, o momento da ressurreição da alma que ajudou a construir. Por sua vez o Anjo Guardião do Destino (individual ou de grupo) toma aquela alma sob sua responsabilidade até a dispensação dela - elevação milenar de época, ou especial, a qualquer tempo, "por motivos afetivos". Todas as almas com potencial de imortalidade ou necessidade de julgamento são, mais cedo ou mais tarde, levadas para as salas de ressurreição do Templo de Montagem da Personalidade, no primeiro de 7 Mundos das Mansões - daí vem a expressão "sétimo céu" como algo muito especial. Estes são satélites do Mundo no 1 em órbita de Jerusém, capital do nosso Sistema Planetário de Satânia.

1.12  A Ressurreição

     Ao ser feita a chamada de um nome em cada sala de ressurreição, apresenta-se o Monitor Divino correspondente, detentor da memória e da mente de espírito daquele mortal, juntamente com o Anjo Guardião de sua alma. Os Portadores de Vida e os Supervisores do Poder Moroncial constroem para aquela alma um corpo semelhante ao dos anjos e indicador de suas características de personalidade ("reconhecereis e sereis reconhecidos"). Se o Monitor do Pensamento não atende à chamada, normalmente o corpo não é feito e aquela alma se perde. O seu Guardião do Destino comparece então a um tribunal para provar que não teve culpa pela perda. Ocorrem casos em que o Monitor Divino abandona um ser humano ainda durante sua primeira vida, convencido da impossibilidade de sua sobrevivência, por indolência ou maldade incorrigível, por exemplo. No primeiro caso a alma nem é levada do planeta de origem: é um caso perdido, pelo desperdício do potencial que o Monitor havia reconhecido neste humano em sua infância, no momento em que o escolheu para a missão de elevá-lo à vida eterna. No segundo caso a alma é levada a julgamento, em processo não descrito no Livro, mas que pode chegar à desintegração.

1.13  A Capacitação Anímica

     Porém quando o Monitor responde à chamada na sala de ressurreição, a alma em questão desperta exatamente como estava no momento da morte material. Se estava desgastada pela senilidade, por exemplo, receberá primeiro um tratamento que a elevará de volta aos seus momentos de maior lucidez. Neste primeiro mundo de correção de deficiências, no qual algumas belas almas apenas permanecem em trânsito para o segundo ou até para o terceiro, são tratados principalmente os problemas emocionais, familiares, sexuais e de caráter. A capacitação dos ascendentes se faz nas faculdades do pensamento, do sentimento e da ação. Todos aqueles que nesta vida não foram pais ou mães de pelo menos 3 filhos, até a puberdade, deverão adquirir essa experiência nas creches dos Mundos de Mansões ou mais tarde, junto às famílias dos Filhos Materiais de Jerusém - o povo de Adão e Eva. Durante a vida moroncial se compensam igualitariamente todas as diferenças de meio-ambiente, de formação e de oportunidades na vida material. Mesmo sem cultura, uma boa alma tem a mesma chance da mais requintada. Não importa o que ela fez na vida material, mas como fez, eticamente. O Mundo no 2 cuida sobretudo da eliminação de conflitos intelectuais e da cura de todas as desarmonias mentais. Os ascendentes continuam, como no 1o Mundo, formando grupos de interesse entre seus contemporâneos e se comunicando ou visitando almas de sua afetividade nos outros Mundos de Mansões.

1.14  A Cultura Moroncial

     No 3o Mundo os sobreviventes começam verdadeiramente sua cultura moroncial progressiva e alcançam um "discernimento prático da metafísica da filosofia mota" que todos devem estudar, juntamente com o idioma de Nébadon. O 4o Mundo marca o início real da carreira moroncial ou anímica, passadas as fases de capacitação dos anteriores. Todo ascendente deve seguir aqui cada fase da programação, salvo alguns poucos que seguem diretamente para a capital do Sistema e lá estudam os idiomas e a filosofia mota. Apresenta-se "uma nova ordem social, baseada na compreensão e apreciação mútua do amor altruísta e do serviço recíproco, sob a forte motivação de se ter um destino comum e supremo - a meta paradisíaca de perfeição adoradora e divina". Antes de deixar este mundo os ascendentes já dominam o idioma nebadonês, com seu alfabeto de 48 letras, aprendido como se estuda aqui.

     O 5o Mundo de Mansões equivale ao nível dos planetas estabelecidos na fase inicial de Luz e Vida. Nele se começa a estudar a língua do super-universo de Orvônton (que tem 70 letras), de modo a bem conhecer ambos idiomas antes da cidadania em Jerusém. Tem início "a consciência de uma cidadania cósmica, um ponto de vista universal", que resulta em sincero entusiasmo pela ascensão a Havona. Para um católico, é como o fim do purgatório. "O estudo passa a ser voluntário, o serviço altruísta se torna natural e a adoração, espontânea". O Mundo em que Normalmente Ocorre a Fusão.

     O 6o Mundo de Mansões marca o início da preparação para a futura carreira espiritual, que se desdobrará após a graduação na capacitação moroncial do universo local. Também começa a instrução na técnica de administração universal. A fusão com o Monitor Divino, potencialmente viável (embora rara) desde a vida material, "como identidade real e funcional de personalidade", geralmente ocorre neste mundo. Ao se completar a fusão, uma cerimônia simples marca o ingresso na carreira eterna de serviço ao Paraíso. Ela pode, contudo, adiar-se às vezes até a chegada à capital do Sistema, ou mesmo da Constelação, quando a vida material é novamente estudada. Porém depois que ocorre a fusão não há mais dúvidas de que o ascendente prosseguirá até chegar ao Paraíso - seu livre-arbítrio já se fusionou com o do Pai, em perene sintonia.

     No 7o Mundo desaparecem todas as diferenças que havia entre os procedentes de planetas normais em Luz e Vida e os originários de mundos isolados e retardados como o nosso (o nosso QI médio de 100 equivale a 20 (!) em um planeta normal). Aqui se purgam, finalmente, todos os traços decorrentes de "um meio-ambiente insalubre e de tendências planetárias não-espirituais". Começa uma nova adoração, mais espiritual, do Pai Invisível.

1.15  A Cidadania em Jerusém

     Os seres ascendentes ganham afinal a cidadania em Jerusém, capital de Satânia, de onde governa o Lanonandeque Lanaforge, Soberano do Sistema que substituiu Lúcifer. Esfera arquitetônica como os mundos anteriores, ela também tem seu clima e iluminação controlados artificialmente. Durante três quartos do dia é iluminada por igual em toda superfície, com claridade equivalente à de 10 horas da manhã em Urantia. Nesse período a temperatura é de cerca de 20 graus centígrados. Nas horas de repouso o brilho do céu é semelhante ao de uma noite de lua-cheia e a temperatura cai um pouco abaixo de 10 graus positivos - o clima que qualquer urantiano pediria a Deus. A atmosfera se compõe de 3 gases básicos (um a mais do que a nossa), para permitir a respiração moroncial, sem contudo afetar a respiração material. O planeta está belamente ornamentado por vegetação e animais evoluídos e úteis, belos e inofensivos, bem como provido de construções materiais, moronciais e espirituais. Assim como já ocorria nos 7 Mundos de Mansões, o tempo dos progressores moronciais se divide entre trabalho, estudo e repouso, mais a periódica recreação e excursões para espairecimento, instrução e convivência.

     Em Jerusém o corpo docente Melquisedeque atesta a sabedoria moroncial dos ascendentes, o corpo examinador das Brilhantes Estrelas Vespertinas certifica seu discernimento espiritual e os 24 Conselheiros da capital do Sistema julgam seu progresso experiencial de socialização. Por fim os Filhos Materiais confirmam estar alcançada a personalidade mota. Se ainda verificar-se a impossibilidade de fusão com o Monitor do Pensamento nesse estágio, pode ocorrer a fusão com um fragmento pré-pessoal do Espírito Infinito ou prorrogar-se o prazo mais uma vez. Atingido o nível satisfatório, todos os ascendentes (fusionados ou não) se despedem de Jerusém e partem para seus estudos e trabalhos nos 70 Mundos de Capacitação de Edêntia, capital de nossa constelação de Norlatiadeque. São esferas arquitetônicas ainda mais belas e avançadas, no padrão crescente de perfeição a caminho da Ilha Central.

1.16  A Cidadania em Edêntia

     Essa temporada "será dedicada principalmente a dominar a ética de grupo, o segredo de uma interrelação agradável e produtiva entre as distintas ordens universais e super-universais de personalidades inteligentes". Ao se graduarem no mundo no 70 os mortais ascendentes se tornam residentes em Edêntia, de onde os Altíssimos Vorondadeques governam a Constelação. Estão agora justamente no meio de sua carreira "entre o animal evolucionário e o espírito ascendente" : "é um período de verdadeira e celestial felicidade para os progressores moronciais, uma das épocas mais bonitas e mais refrescantes da capacitação neste lado do Paraíso". No caso dos que não hajam conseguido até aí a fusão com o Monitor Divino, pode ocorrer a fusão com uma dádiva individualizada do espírito do Filho Criador e a continuação da carreira ascensional apenas até a capital do Super-Universo. Quando novamente julgados aptos a prosseguir, partem todos, indistintamente, em direção aos mundos de instrução de Sálvington, capital de Nébadon, onde quase todos completarão as últimas fases moronciais e se prepararão para a primeira das seis etapas espirituais adiante.

1.17  A Cidadania em Sálvington e a 1a Etapa Espiritual

     Após um período de trabalho, estudo, repouso, convivência e recreação em Sálvington, na própria esfera arquitetônica em que moram Michael de Nébadon, a Ministra Divina, Gabriel e o Pai Melquisedeque, com toda a beleza e progresso de uma capital de universo, os ascendentes fusionados com o Pai e com o Filho receberão de Michael em pessoa o salvo-conduto para deixar este universo em direção à capital de Ensa, Setor Menor do Super-Universo de Orvônton, já como espíritos da primeira etapa. Em Umenor o Terceiro prossegue o aperfeiçoamento, que mais tarde se desdobrará para Umaior o Quinto, capital do Setor Maior do super-universo. Daí partirá o ser ascendente para Uversa, capital super-universal, depois para os Mundos Perfeitos de Havona e finalmente para o Paraíso, como espírito da sexta etapa e integrante do Corpo da Finalidade da Criação. Está assim atingido o estágio ideal de todo o plano ascensional.

1.18  A Chegada ao Paraíso

     A chegada à Ilha de Deus é tão emocionante, mesmo para seres tão extensamente experientes e perfeitos, que algumas vezes têm eles de ser advertidos para se conterem em seus impulsos de adoração. Na proximidade do próprio Pai Eterno Mais que Espírito, do Filho Eterno do Paraíso e do Espírito Infinito, os ascendentes se dão conta de ter completado seu melhor destino evolutivo e atingido a perfeição requerida pelo Pai. "E quando um ser de origem animal chega à presença do Deus do Paraíso, como já o fizeram muitos, em número incontável, havendo ascendido das esferas humildes do espaço, esse logro representa a realidade de uma transformação espiritual que chega a tocar os limites da Supremacia." A partir desse ponto culminante de uma longuíssima e prazerosa carreira o ascendente poderá ter a condição de residente na Ilha Eterna, nela prestando serviços ou viajando em missões por todo o tempo-espaço. É também hora de despedida do Guardião Seráfico, pois apenas excepcionalmente é permitida a continuação da bem-sucedida parceria.

1.19  A Ilha do Paraíso

     "O Paraíso é o centro geográfico da infinidade ... Não há arquivos nem tradições a respeito da origem dessa Ilha nuclear de luz e vida ... O Pai projetou a realidade em duas fases: a pessoal (que eternizou o Filho) e a impessoal (que se concentrou no Paraíso). A tensão entre essas duas fases, frente à vontade de ação do Pai e do Filho, deu existência ao Ator Conjunto (o Espírito Infinito) e ao Universo Central de mundos materiais e seres espirituais." No Paraíso Superior se origina o tempo. Sua área central é a de Presença da Divindade; na Esfera Santíssima está uma realidade puramente espiritual, para adoração e trinitarização; na Área Santa, região residencial, estão as "Mansões Paradisíacas do Pai" para os cidadãos do Paraíso, os nativos de Havona em visita ou a serviço e para os originários dos sete super-universos. O espaço ocupado por personalidades na área residencial requer muito menos de 1% da extensão para esse fim destinada na Área Santa. "A Ilha é suficientemente grande para acolher as atividades de uma Criação quase infinita." No Paraíso Baixo se origina o espaço e se localizam as fontes de força e energia: a força matriz da Criação ingressa pelo sul e se expande pelo norte, em ciclos de um bilhão de anos terrestres. Toda energia dele emitida a ele volta, mais cedo ou mais tarde. "A forma da Ilha Central é definidamente elipsóide, sendo um sexto maior no diâmetro norte-sul do que no seu diâmetro leste-oeste" ... "É essencialmente plana e a distância da superfície superior para a inferior é um décimo do diâmetro leste-oeste". A maior concentração de energia no extremo norte possibilita uma orientação segura no tempo-espaço.

1.20  A Formação de Urantia e a Evolução da Vida

     Vista a trajetória das almas aqui desenvolvidas, passemos à formação de Urantia e à seqüência evolutiva da vida até nós. O sol de Monmátia, como vimos, formou-se há 5 bilhões de anos. A Terra, por sua vez, definiu-se como planeta há 2 bilhões de anos, com 1/10 de seu tamanho atual. A massa restante se completou pela acumulação de meteoros, até um bilhão de anos atrás.

1.21  A Implantação da Vida

     Há 550 milhões de anos, embora a atmosfera estivesse irrespirável para qualquer organismo, as águas já continham a salinidade essencial para o modelo de vida à base de cloreto de sódio escolhido pelos Portadores de Vida. Foi então implantado o plasma vital do Pai em 3 baías abrigadas existentes naquela era: a eurasiático-africana, a australasiática e a ocidental - englobando a Groenlândia e as Américas. Em 50 milhões de anos a flora marinha primitiva estava bem consolidada e dela se desenvolveu, como sempre ocorre, a vida animal mais primitiva e simples, como as amebas. Há 400 milhões de anos a vegetação começou a subir para a terra, adaptando-se bem à atmosfera rica em carbono e começando a oxigená-la. Por mutação apareceram na água os primeiros animais multicelulares e depois os trilobitas, os primeiros organismos de reprodução sexuada. Em 40 milhões de anos apareceram esponjas simples e crustáceos como camarões, caranguejos e lagostas.

1.22  O Progresso da Atmosfera

     Há 250 milhões de anos, enquanto a paisagem terrestre se cobria de verde, nos mares surgiam os peixes, primeiros vertebrados, evoluídos de artrópodes ou crustáceos, alguns com até 9 metros de comprimento - os tubarões são os únicos sobreviventes dessas espécies primordiais. Árvores sem folhas se estendiam amplamente pelos continentes, às vezes em bosques de 30 metros de altura, absorvendo o dióxido de carbono e preparando o terreno para os futuros animais atmosféricos.

     "Há 150 milhões de anos começaram os primeiros períodos de vida animal terrestre", principalmente anfíbios como a rã, que já trazia consigo o potencial para a evolução de seres humanos. Em mais 10 milhões de anos os répteis apareceram completos e deles evoluíram os dinossauros, espécie dominante por 20 milhões de anos. Extinguiram-se depois, mas um tipo deles, carnívoro, pequeno e ágil, por mutação daria origem aos primeiros mamíferos placentários, há 50 milhões de anos. Antes disso, há 90 milhões de anos, as plantas angiospermas haviam surgido no mar e em seguida invadiram os continentes, adiantando a melhora da atmosfera. Ainda antes, há 100 milhões de anos, estavam vivendo em terra as plantas floríferas e a fauna avícola.

     Os mamíferos placentários tinham a vantagem da agilidade e da capacidade cerebral superior para se adaptarem às mudanças ambientais. Eram pequenos cavalos, rinocerontes, tapires, esquilos e vários grupos de animais semelhantes aos macacos. Há 40 milhões de anos os mamíferos carnívoros, herbívoros e onívoros já dominavam o mundo inteiro. Há 30 milhões de anos os antepassados das baleias, golfinhos e focas se adaptaram de volta aos mares. "As formas atávicas da maior parte dos seres vivos já existiam naquela época".

1.23  O Primeiro Casal Humano

     Há 1 milhão e meio de anos surgiram de repente, no Oeste da Índia, os primeiros mamíferos proto-humanos, depois evoluídos para primatas. Em mais 500 mil anos, na mesma região, nasceram dentre os primatas "dois seres humanos primitivos, os verdadeiros antepassados da humanidade". Seu grupo havia sido o primeiro a lançar pedras e usar o tacape em suas lutas. Eram dois gêmeos, ele Andon, ela Fonta, que desenvolveram uma linguagem de 50 sinais e palavras que os outros de sua tribo não conseguiam aprender. Graças a eles Urantia foi, há exatamente 993.478 anos, registrada como mundo habitado no tempo-espaço. Foi esse engenhoso casal que inventou, após semanas de tentativas com vários materiais, a técnica de produção do fogo, inicialmente queimando um ninho de pássaros seco (idéia dela) com as fagulhas produzidas por dois blocos de sílex.

     Esse domínio do fogo seria essencial para sua sobrevivência, juntamente com as roupas de pele de animais que aprenderam a fazer para se protegerem do frio. Vendo-se diferentes dos demais e já habitados por Monitores do Pensamento, aos 11 anos de idade decidiram partir em direção ao Norte e ao frio, deixando seus parentes primitivos no aprazível clima da futura Índia. Dois anos depois lhes nasceu Sôntad, o 1o dos 19 filhos que teriam, os quais lhes deram quase 50 netos e 6 bisnetos antes de sua morte em um terremoto, aos 42 anos. As almas de Andon e Fonta seguiram o caminho dos Mundos de Mansões até a cidadania em Jerusém, fusionados com seus Monitores Divinos. "Estão agora servindo com as personalidades moronciais que recebem no 1o Mundo as almas ascendentes de Urantia".

     Os andonitas tinham olhos negros e pele morena, como os esquimós de hoje, e um pouco mais de pelos no corpo do que o homem moderno. Adotaram para a chefia do clã os primogênitos varões dos descendentes diretos de Sôntad. Quando faltou um descendente masculino na linha direta, dois rivais empreenderam uma luta bem humana pelo poder. Mais tarde houve novos conflitos entre os diversos clãs, que provocaram a "perda irreparável" de bons potenciais e chegaram a ameaçar de extinção a sua civilização primitiva.

1.24  A Dispersão dos Andonitas

     Porém a dispersão ocorrida a partir da 20a geração serviu de mecanismo atenuador dos instintos agressivos herdados dos animais. Antes que o gelo da 3a glaciação avançasse sobre a França e a Inglaterra, os andonitas haviam estabelecido mais de 1.000 assentamentos separados ao longo dos grandes rios que desembocavam no Mar do Norte, de temperatura amena nessa época. Viviam em grutas às margens dos rios ou em casas de pedra e eram quase exclusivamente carnívoros. Usavam lanças e arpões, bem como elaborados artefatos de pedra. A dispersão foi reduzindo a qualidade cultural e espiritual dos clãs, até que 20 mil anos depois se afirmou a liderança de Ônagar. Ele semeou a paz entre os diversos grupos, guiou-os à adoração de "Aquele que dá o alento aos homens e animais" e enviou os primeiros missionários com a sua mensagem religiosa. Ônagar "instituiu um governo tribal eficaz, que não teve paralelo entre as sucessivas gerações durante muitos milênios", até a chegada do Príncipe Planetário.

1.25  A Cidade Planetária (verdadeira Atlântida?)

     Quando chegou a Urantia o Príncipe Planetário Caligástia, há cerca de 500.000 anos, havia no planeta quase 500 milhões de seres humanos primitivos e estavam surgindo as seis raças de cor que sempre aparecem nas esferas geológicas. As raças primárias são a vermelha, a amarela e a azul; e as secundárias são a alaranjada, a verde e a negra, assim denominadas pela cor da pele, "quando exposta ao sol". Aqui a alaranjada e a verde se extinguiram (parcialmente incorporadas à população indiana e africana), a amarela se concentrou na Ásia, a vermelha nas Américas e a negra na África. A azul, por sua vez, deu origem aos povos brancos de hoje, em parte combinada com o sangue adâmico e nodita. A raça amarela (sobretudo a do norte da China) também recebeu pequena mas potente infusão da raça violeta.

     A sede central do Príncipe, que teria inspirado o mito da Atlântida, estabeleceu-se na zona da futura Mesopotâmia - no Iraque de hoje. O pouco conhecido Caligástia era um Filho Lanonandeque da ordem secundária, com grande experiência e dotado de mente original e brilhante. Ele veio acompanhado do também Lanonandeque Daligástia, de grande grupo de anjos e de muitos outros seres celestiais, para promover os interesses e o bem-estar das raças humanas. Com estes também vieram 100 seres materiais (50 homens e 50 mulheres), os "Cem de Caligástia", cidadãos ascendentes de Jerusém originários de 100 planetas diferentes de Satânia (seria ótimo conhecer seus fenótipos, para nossa identidade racial). Para eles foram construídos corpos de carne e osso, com o plasma vital de 100 humanos descendentes de Andon e Fonta. Os doadores do plasma receberam modificações em seu metabolismo, de forma a se tornarem imortais para sua longa missão terrestre. Sua imortalidade (e a dos "Cem de Caligástia") era mantida pela ligação aos circuitos vitais do sistema e pelo consumo dos frutos e folhas da "Árvore da Vida", um arbusto trazido de Edêntia, capital da Constelação de Norlatiadeque.

1.26  Os Seres Intermediários

     Algum tempo depois da chegada, os integrantes corpóreos do séquito do Príncipe descobriram que podiam gerar seres intermediários entre os humanos e os anjos, com alta versatilidade e utilidade prática. Cada um dos 50 casais produziu 1.000 de tais seres e em seguida perdeu a capacidade reprodutiva. Dessa forma surgiram as 50.000 Criaturas Intermediários Primários - as Secundários serão netos de Ádanson , o primogênito de Adão e Eva.

     A Cidade do Príncipe era simples mas muito bela, cercada por uma muralha de 12 metros de altura e localizada mais ou menos ao centro da população da época. Chamou-se Dalamátia em homenagem a Daligástia, lugar-tenente de Caligástia - à maneira de Satânia, que me parece inspirada em Satã, lugar-tenente de Lúcifer. O templo do Pai Invisível, no centro, tinha três pavimentos; as sedes dos dez conselhos do Príncipe tinham dois andares. Todos os demais prédios eram térreos e igualmente construídos com os materiais mais disponíveis: sobretudo tijolos de cerâmica e pouca madeira ou pedra. A cidade era belamente arborizada e decorada com obras de produção local. O clima de então era muito aprazível e abundantes as frutas e nozes nas quais se baseava a dieta dos "Cem de Caligástia", que não consumiam carne alguma.

1.27  A Organização dos "Cem de Caligástia"

     Os cem integrantes do séquito corpóreo do Príncipe (e seus cem associados humanos) se organizaram em dez conselhos autônomos, cada um com dez membros:

  1. conselho de alimentação e bem-estar material;
  2. junta de domesticação dos animais;
  3. assessores para o controle dos animais selvagens;
  4. corpo docente para a difusão do conhecimento;
  5. comissão de indústria e comércio;
  6. colégio da religião revelada;
  7. guardiães da saúde e da vida;
  8. conselho planetário das artes e ciências;
  9. governadores das relações tribais avançadas; e
  10. tribunal supremo de coordenação tribal e cooperação racial.

     Tais conselhos ensinaram às tribos circunvizinhas a tecelagem, o tratamento das peles de animais, o cozimento da comida, a defumação e salgamento das carnes, a pecuária e a domesticação dos animais, a escavação de poços, a produção de manteiga e queijo, a utilização da roda, o combate aos animais ferozes, a construção de moradias, o uso de um alfabeto de 25 letras na escrita, algumas manufaturas, rudimentos de religião, medidas preventivas de higiene, a química e a física elementares, a confecção da cerâmica e as artes decorativas, bem como a metalurgia que de início os apavorava.

     O modo de atuação dos 100 graduados dos Mundos de Mansões era "atrair os melhores intelectos das tribos circundantes e, depois de tê-los preparado, enviá-los de volta ao seu povo respectivo como emissários da elevação social". Os jovens eram levados por volta dos 13 a 15 anos para viver na Cidade Planetária, em famílias de 10 "filhos" (como as Aldeias SOS de hoje), com cada um dos 50 casais instrutores. Aos 16 ou 17 anos voltavam eles aos seus povos, para o casamento e a atuação como emissários do Príncipe, aplicando os conhecimentos adquiridos. Buscava-se "o progresso mediante a evolução e não a revolução", conforme o Plano-Mestre do Pai.

1.28  Os Sete Mandamentos Iniciais

     O código moral da Cidade, ou "Caminho do Pai", constava dos seguintes mandamentos:

  1. não temas nem sirvas a outro Deus que não seja o Pai de tudo;
  2. não desobedeças ao Filho do Pai, o Governante Mundial, nem faltes ao respeito com seus associados supra-humanos;
  3. não mintas perante os juízes do povo;
  4. não mates homens, mulheres ou crianças;
  5. não roubes os bens nem o gado de teu próximo;
  6. não toques a esposa de teu amigo; e
  7. não faltes ao respeito com teus pais nem com os anciãos da tribo.

     A Cidade Planetária funcionou normalmente durante 300 mil anos, com população de entre 20 e 60.000 mil habitantes. Sua atuação civilizadora se estendeu por um raio de 160 quilômetros à sua volta, pouco a pouco elevando o homem primitivo de sistemático caçador a sedentário agricultor e pecuarista. Os descendentes primários de Andon e Fonta (os andonitas) e todas as seis raças de cor tiveram a oportunidade de beneficiar-se dos ensinamentos dos "Cem de Caligástia" - de tão longe vieram a cerâmica maia e marajoara e os têxteis ameríndios, para dar apenas dois exemplos. Aprenderam o valor da família e da residência unifamiliar estável, com o importante conhecimento de que "o homem selvagem ama seus filhos, mas o homem civilizado ama também os seus netos". Há 200 mil anos, lamentavelmente, o Príncipe Planetário de Urantia se uniu à rebelião de Lúcifer e "a catástrofe de engano e sedição de Caligástia aniquilou quase todos os descobrimentos maravilhosos dos humanos daqueles dias".

1.29  A Rebelião de Lúcifer

     No universo de Nébadon existem 10 mil sistemas planetários como o nosso de Satânia, programados para terem cerca de 1.000 mundos habitados cada um. Em toda a história deste universo houve apenas três rebeliões de Soberanos de Sistemas (acima desse nível jamais ocorreu algo semelhante); a de Lúcifer foi a última e mais grave delas, envolvendo 37 planetas habitados. Filho Lanonandeque primário, Lúcifer era uma das cem personalidades mais hábeis e brilhantes dentre os 709.841 de sua Ordem. Ele era o chefe executivo dos então 607 mundos habitados de Satânia, ao lado de seu assistente Satã, havendo governado normalmente por mais de 500 mil anos em Jerusém.

     Há mais ou menos 200 mil anos Lúcifer manifestou, durante reunião anual em Jerusém, uma Declaração de Liberdade na qual em essência afirmava:

  1. que o Pai Universal não existia (!), sendo Ele "um mito inventado pelos Filhos Paradisíacos, com o objetivo de reter o governo dos universos";
  2. que aceitava Michael de Nébadon como seu Pai Criador, mas não como seu Deus e governante;
  3. "que se gastava demasiado tempo e energia no esquema de capacitar" os mortais ascendentes.

     Na ocasião prometeu ele aos Príncipes Planetários que seriam os executivos supremos em cada um de seus mundos, ao mesmo tempo advogando que os poderes legislativo e judiciário ficassem sediados na capital de cada sistema planetário e não na capital da Constelação e do Universo, respectivamente. Começou então a organizar sua própria assembléia legislativa e seus tribunais, sob a supervisão de Satã. Todo o seu gabinete administrativo lhe prestou juramento de fidelidade. Michael preferiu não interferir e deixar que cada personalidade local tomasse sua decisão. Gabriel de Sálvington, que estava presente, anunciou que no devido tempo falaria em nome de seu Pai. Declarou ainda que "o governo dos Filhos em nome do Pai só desejava lealdade e devoção voluntárias, sinceras e à prova de sofismas".

1.30  A Destituição de Lúcifer

     Transcorreram cerca de sete anos até que Lúcifer fosse destituído do poder, mas logo depois do início da rebelião a capital do Sistema foi isolada dos circuitos de comunicação e de transporte que a ligavam à Constelação e à sede do Universo, bem como aos planetas integrantes de Satânia. As forças leais contavam com o auxílio emergencial das linhas de comunicação do vizinho sistema planetário de Rantúlia.

     Enquanto durou a rebelião ativa Gabriel se manteve no Mundo do Pai, em órbita de Jerusém, liderando as forças fiéis a Michael. As personalidades em dúvida sobre que posição adotar deslocavam-se entre o anfiteatro planetário onde Lúcifer permaneceu e o Mundo do Pai, ouvindo os argumentos de Gabriel. Mesmo assim, houve mais comprometidos com esta rebelião do que com as outras duas anteriores juntas. O pecado havia atingido até dois outros sistemas planetários vizinhos, ameaçando a Constelação. Mas os residentes ascendentes foram 100% fiéis! Ao cabo de sete anos o Lanonandeque Primário Lanaforge foi empossado como Soberano do Sistema e Lúcifer destituído de seu cargo de confiança, embora deixado em liberdade para circular por todo o Sistema, juntamente com seus seguidores. Satã foi temporariamente autorizado a servir como interlocutor junto aos 37 Príncipes Planetários rebeldes. Assim esteve operando o Sistema de Satânia, com os rebeldes livres embora fora do poder, durante pouco menos de 200 mil anos, enquanto os tribunais da capital do Super-Universo deliberavam sobre as medidas a tomar. Antes do sétimo auto-outorgamento entre suas criaturas, o Cristo Michael ainda não detinha todo o poder de Filho Criador Maior sobre Nébadon, como detém desde o fim de sua encarnação em Urantia, e na ocasião preferiu não intervir, como havia feito em relação às duas rebeliões anteriores, até que todos os envolvidos adotassem posições segundo seu melhor convencimento.

1.31  A Secessão de Caligástia em Urantia

     Enquanto Lúcifer ainda planejava sua rebelião, Satã esteve em Urantia e obteve a promessa de apoio de Caligástia para a ocasião em que eclodisse o movimento. Assim sendo, quando Lúcifer divulgou sua estapafúrdia "Declaração de Liberdade", Caligástia imediatamente se alinhou entre seus seguidores e convocou reunião extraordinária dos dez Conselhos da Cidade Planetária. Comunicou que estava para proclamar-se soberano absoluto do planeta e pediu que todos os grupos administrativos renunciassem às suas funções, para a organização de novo governo. O jurista e administrador Van, presidente do Conselho Supremo de Coordenação, sem as informações macro-políticas, pediu a todos os presentes que se abstivessem de qualquer decisão enquanto não se recebesse do Soberano do Sistema uma confirmação da proposta do Príncipe Planetário rebelde. Feita a consulta, a resposta de Lúcifer não tardou a chegar, exigindo absoluta e incondicional lealdade às ordens de Caligástia e confirmando sua designação como soberano supremo. Seu assistente Daligástia o proclamou "Deus de Urantia". Convém esclarecer que os Filhos Criadores e os Espíritos Maternos associados têm estado de divindade, por representarem, Eles o Pai e o Filho, Elas o Espírito Infinito. Nenhuma personalidade abaixo deles o pode ter.

1.32  A Determinante Lealdade de Van e Amadon

     Mesmo diante dessa comunicação o fiel e nobre Van se recusou a obedecer, acusando Caligástia e Lúcifer de completo desacato à soberania do Universo. Após discurso de sete horas pediu aos Altíssimos da Constelação, uma instância acima, que explicassem aquela confusa situação. Nesse meio-tempo foram cortados todos os circuitos de comunicação e transporte para o nosso planeta, de modo que não chegou a ser recebida a comunicação de Edêntia que confirmava o são entendimento de Van. Começava a quarentena de Urantia e dos outros 37 planetas, que se estendeu até o início deste ano.

     Movido por clarividente lealdade e pelo maior bom-senso, o intrépido Van liderou em Urantia, durante os sete anos da "Guerra nos Céus", todas as personalidades leais a Michael de Nébadon, mesmo sem ter recebido instruções formais. As perdas, contudo, foram muito grandes: 80% dos Seres Intermediários Primários (liderados por Belzebu) se somaram à rebelião, assim como o chefe dos serafins administradores, com quase metade dos seus comandados e grande número de querubins e sanobins. Também se aliaram aos rebeldes 60 dos "Cem de Caligástia". De seus associados humanos modificados, 56 permaneceram fiéis a Michael. Deles o mais destacado foi Amadon, o associado de Van, que se tornou o herói humano da rebelião em Urantia, admirado como exemplo por todas as personalidades extra-planetárias que acompanhavam os acontecimentos daqui.

1.33  A perda da imortalidade pelo séquito infiel

     Os 60 ascendentes rebeldes e 44 associados locais logo descobriram que se haviam tornado mortais, ao serem desligados dos circuitos vitais do sistema e privados do consumo da "Árvore da Vida". Pois os serafins leais a Michael haviam levado a árvore para o acampamento de Van nas montanhas fora da Cidade Planetária. Nod, chefe dos 60 rebeldes ascendentes, determinou então que recorressem à reprodução sexual para fazer frente à sua mortalidade. A procura que fizeram aqueles seres superiores por urantianos com quem se acasalarem deu origem às lendas antigas de que "deuses desceram à Terra para se reproduzirem com humanos".

     Passado algum tempo da execução do plano de Caligástia, de induzir o progresso pela revolução e não mais pela evolução, ocorreu o inevitável: as tribos semi-selvagens, exaltadas pelas novas liberdades concedidas prematuramente, atacaram e tomaram a própria Cidade Planetária, expulsando os noditas para o Norte da Mesopotâmia, que ficaria conhecido como a Terra de Nod, para onde foi Caim tomar esposa, como está na Bíblia.

1.34  A Destituição de Caligástia

     Após os 7 anos da Guerra nos Céus, Caligástia foi apeado do poder e substituído por uma comissão de 12 síndicos Melquisedeques de emergência. Van e seus seguidores imortais cuidaram de preservar os conhecimentos e as técnicas desenvolvidas na Cidade Planetária e levaram a cabo o trabalho de elevação cultural e biológica das tribos amigas, em paralelo aos noditas infiéis, mas humanos também. Os chefes destes foram morrendo pouco a pouco, porém Caligástia continuava aqui ... E durante mais de 150 mil anos os rebeldes não-humanos estiveram soltos em Urantia, ainda que sem poderes oficiais e isolados dos circuitos de comunicação e de transporte. Os leais já contavam, creio, com um circuito especial dos Arcanjos.

     Como vimos, Lúcifer foi aprisionado durante a vida de Jesus entre nós; Satã foi igualmente preso ao realizar-se a primeira audiência do processo Gabriel versus Lúcifer nos tribunais de Uversa, antes de 1934. Os partidários de Caligástia em Urantia, ou aceitaram o perdão oferecido por Michael e seguiram um programa de reabilitação, ou foram para o mundo de prisão em órbita de Jerusém. O fato é que não existiu mais sobre a Terra qualquer "diabo" desde a prisão de Satã, a não ser o deposto príncipe Caligástia e seu lugar-tenente, enquanto seguia o processo nas cortes de Orvônton. Caligástia explicava estar em liberdade porque o seu ato teria sido qualificado como "secessão" e não "rebelião". Os autores do Livro de Urantia dizem que ele sofreu de "loucura cósmica", não tendo recuperado a normalidade desde a secessão. Os Reveladores não tinham dúvidas de que Caligástia também seria punido pelos tribunais de Orvônton. Isso ocorreu no outono de 1985, quando ele, Lúcifer e Satã foram condenados à desintegração e executados por ordem da Corte de Uversa (veja Cronologia, primeira página, Anúncio do Julgamento e a transcrição de Bertrand em 22.07.92: "Posso dizer-lhes que foi no outono de 1985, em termos gerais. Devido às diferenças de tempo universais, é difícil estabelecer uma data específica").

1.35  O Jardim do Éden

     Todos os planetas geológicos de ascensão mortal contam com dois centros de governo: uma Cidade Planetária que civiliza os seres humanos evolutivos e mais tarde um Jardim do Éden, cujos moradores (seres materiais descendentes) continuam o processo civilizatório e procedem à elevação biológica das raças de cor ao se miscigenarem com elas. Se Urantia houvesse seguido os padrões normais ainda teríamos hoje um governo espiritual dirigido pelo Príncipe Planetário residente e um governo material conduzido por Adão e Eva. Porém os planos divinos foram descumpridos pela traição de Caligástia e pela falha inicial de nossos Filhos Materiais. Além de nossa categoria de planeta decimal (onde se realizam experimentos de aperfeiçoamento da vida), ficamos também em estado agondonteiro, isto é, desprovidos do contato direto das personalidades celestiais com as nossas populações desde o falecimento de Adão e Eva, o que é incomum.

     Apesar da "decadência cultural e da pobreza espiritual" decorrentes da secessão e da presença perturbadora dos rebeldes, por mais de 150 mil anos a evolução orgânica dos seres humanos continuou até que, há cerca de 40.000 anos, atingiu seu apogeu "de um ponto de vista puramente biológico". Os Portadores de Vida e os Síndicos Melquisedeques solicitaram o envio de um Filho e uma Filha Materiais. Em seguida a uma visita de inspeção feita por Tabamântia, Supervisor Soberano dos Mundos Experimentais, foi autorizada a vinda de Adão e Eva, selecionados pelos examinadores Melquisedeques de Jerusém e aprovados pelos Altíssimos da Constelação, depois que todos de sua Ordem se apresentaram como voluntários. Ao saber que o casal viria, Van começou a anunciar sua próxima chegada e a preparar um jardim para sua morada, com 83 anos de antecedência - o Jardim do Éden não foi feito por milagre. Ele e Amadon recrutaram mais de 3 mil trabalhadores entusiastas, dentre os amadonitas (descendentes do séquito corpóreo fiel), andonitas e mesmo alguns noditas descendentes do séquito infiel. Apesar de desprovidos de poder, Caligástia e Daligástia tentaram impedir aqueles trabalhos, sem êxito porque Van e Ámadón foram incansável e eficientemente apoiados pelos 10 mil Seres Intermediários leais em minoria.

     O local escolhido para a construção do Jardim foi uma península então existente nas ribeiras orientais do Mediterrâneo. Levou dois anos a transferência da sede da cultura mundial (inclusive a "Árvore da Vida"), antes situada às margens do Lago Van, no território da Armênia atual. O primeiro trabalho da grande equipe foi erigir com tijolos a dupla muralha protetora de 43 quilômetros de extensão, com 12 portões de acesso ao Éden. Este nome, a propósito, provém do fato de que a área residencial dos Filhos Materiais sempre enfatiza, em cada planeta geológico, uma beleza botânica semelhante à dos magníficos jardins de Edêntia, capital da Constelação de Norlatiadeque. Dentro da muralha se praticava a horticultura e a agricultura. No continente ficavam as terras dedicadas ao pastoreio e à pecuária, que proporcionavam a carne para os trabalhadores: "No Jardim jamais se mataram animais".

     "No centro da península do Éden estava o belo templo de pedra do Pai Universal, o santuário sagrado do Jardim". Ao norte ficavam os prédios administrativos e ao sul as casas dos trabalhadores e suas famílias. A oeste foram mais tarde construídas as escolas. No "Leste do Éden" foram edificados os domicílios do Filho Material e de seus descendentes imediatos. "Os planos arquitetônicos reservavam casas e terras suficientes para um milhão de seres humanos". Em cerca de 80 anos de formidável trabalho, Van e Amadon já haviam completado os 25% essenciais dos planos, com milhares de quilômetros de canais de irrigação e drenagem, quase 20 mil quilômetros de passagens e caminhos pavimentados, mais de 5 mil construções de tijolos nos diversos setores e um número incontável de árvores e plantas. Deixaram os restantes três quartos para concluir na presença mesma dos Filhos Materiais. "Jamais, antes nem depois, abrigou Urantia uma exibição tão bela e completa de horticultura e agricultura".

1.36  A "Árvore da Vida"

     A "Árvore da Vida" que havia prolongado a existência de Van, Amadon e seus associados por mais de 150 mil anos foi plantada no centro do Templo do Pai, pois Adão e Eva também necessitariam de seus frutos e folhas para a imortalidade física. Originária da capital da Constelação, ela cresce também nas capitais dos universos locais e super-universos, bem como nos Mundos Perfeitos de Havona, mas não existe nas capitais dos sistemas planetários. "Esta super-planta armazena certas energias espaciais que servem de antídoto contra os elementos que produzem o envelhecimento na existência animal". Para os seres humanos evolutivos e para os rebeldes desligados dos circuitos vitais do sistema seu efeito era nulo. Quando Adão e Eva deixaram o Jardim não lhes foi permitido levar mudas da árvore, pois haviam descido à condição de humanos mortais.

1.37  Adão e Eva

     Adão e Eva chegaram a Urantia há cerca de 38.000 anos, por transporte seráfico. Pousaram suavemente e sem aviso ao lado do Templo do Pai Universal, dentro do qual se desenvolveu durante dez dias o processo de materialização de seus corpos de natureza humana dual, programados para a imortalidade. Seu número de ordem era 14.311, da Terceira Série Física de Jerusém e tinham 2,5 metros de altura com perfeitas proporções. Haviam sido professores na escola de cidadania da capital de Satânia e também lá, nos 15 mil anos anteriores, haviam dirigido a Divisão de Aplicação da Energia Experimental para a Modificação das Formas de Vida. Já tinham 100 descendentes ao deixar Jerusém, todos prestando serviços à Criação.

     Ao despertarem no Templo do Pai, receberam as boas-vindas de Van e Amadon, heróis que conheciam pelo renome, e de uma "imponente multidão reunida para recebê-los". O idioma do Jardim era o dialeto andônico falado por Amadon, que juntamente com Van havia criado um novo alfabeto de 24 letras. Adão e Eva falavam e escreviam perfeitamente esse dialeto, estudado ainda em Jerusém. Era grande o júbilo no Éden, após tantos anos de trabalho árduo e ansiosa expectativa por esse momento. Os pombos-correio de centenas de colônias fiéis haviam sido soltos para levar a grande notícia, depois de criados por anos a fio para essa ocasião.

     Ao meio-dia de seu primeiro dia após despertarem, Adão e Eva receberam, em cerimônia solene, a chefia do Governo da Terra, antes a cargo de Van e dos Síndicos Melquisedeques. Prestaram juramento de fidelidade a Michael de Nebadón e aos Altíssimos de Norlatiadeque. "Em seguida se escutou a proclamação dos Arcanjos e a voz de Gabriel decretou, por transmissão, o segundo julgamento de Urantia e a ressurreição dos sobreviventes adormecidos da segunda dispensação de graça e perdão no planeta 606 de Satânia."

1.38  A Partida de Van e dos Síndicos Melquisedeques

     Milhares de membros das tribos vizinhas em pouco tempo passaram a aceitar os ensinamentos de Van e Amadon e vieram ao Éden para dar boas-vindas ao casal e prestar homenagem ao Pai Invisível. Depois de sete anos Van, Amadon e os Síndicos Melquisedeques partiram para Jerusém e deixaram a condução dos assuntos planetários exclusivamente com o casal, durante 117 anos antes da falta. Nesse período lhes nasceram 32 filhas mais 31 filhos, cujos descendentes em três gerações perfizeram com eles o total de 1.649 moradores do Éden de pura raça violeta. Todos eles se alimentavam uma vez por dia, pouco depois do meio-dia, de frutas, nozes e cereais sem cozimento.

     Os corpos do casal (e apenas os deles) irradiavam à noite uma luz trêmula que muito impressionava os nativos. Vestidos com uma capa feita dos têxteis confeccionados desde os tempos de Dalamátia (técnica preservada por Van e Amadon), restava apenas o brilho em volta de suas cabeças. Daí vem a explicação para a auréola que se costuma acrescentar em volta das cabeças de santos e anjos na tradição religiosa ocidental, iniciada por Adansón.

1.39  A Educação no Éden

     Seus filhos, netos, bisnetos e trinetos estudavam pelos métodos educacionais de Jerusém adaptados à realidade local. Recebiam instrução sobre:

  1. a saúde e o cuidado do corpo;
  2. as normas do trato social;
  3. a relação dos direitos do indivíduo com os do grupo e as obrigações comunitárias;
  4. a história e a cultura das diversas raças da Terra;
  5. os métodos para avançar e melhorar o comércio mundial;
  6. a coordenação de deveres e emoções contrapostos; e
  7. o cultivo dos jogos, do humor e alternativas competitivas à luta física.

     A educação religiosa e sexual incumbia apenas aos pais.

     As leis do Éden foram promulgadas de acordo com os códigos mais antigos de Dalamátia, inclusive os "sete mandamentos do regime moral supremo". Ao meio-dia se praticava uma adoração pública e ao entardecer, a familiar. Adão ensinou que "a oração efetiva tem de ser totalmente pessoal e tem de ser o desejo da alma". Porém os edenitas continuaram a usar as fórmulas herdadas da Cidade Planetária. Ele também tentou substituir os sacrifícios animais por oferendas de frutos da terra, mas tampouco conseguiu muito progresso nesse campo.

1.40  A Insídia de Caligástia e o Erro de Eva

     A falta de Adão e Eva foi em parte causada pela tentação de Caligástia, o Príncipe Planetário rebelde. Passado mais de um século, os Filhos Materiais se sentiam isolados e desalentados pela dificuldade enorme de sua missão e pelo que lhes parecia pouco progresso em tanto tempo: "às vezes quase lhes faltava a fé". No plano mais importante da elevação biológica, defrontavam-se com um problema que lhes parecia insolúvel: as centenas e centenas de tribos que falavam igual número de dialetos não haviam procedido à eliminação dos anormais e degenerados das raças humanas, e não eram receptivos a essa prática. Em condições normais, seu primeiro trabalho teria sido a coordenação e combinação dos espécimes com potencial de sobrevivência. Mas a realidade era que "jamais nenhum Adão do serviço planetário havia recebido um mundo mais difícil".

     Para complicar a situação, o Príncipe Planetário rebelde continuava em Urantia, opondo-se aos seus propósitos de fidelidade no cumprimento de tão alta missão. Apesar de reiteradas visitas ao Jardim, Caligástia não conseguiu qualquer simpatia de Adão e Eva ou de seus descendentes para as idéias que lhes apresentava. Por esse motivo decidiu atacar indiretamente, aproveitando-se das boas intenções do dirigente nodita Serapatátia, líder da "mais poderosa e inteligente das tribos vizinhas". Este se aproximou de Eva e lhe conquistou a amizade e a confiança em visitas "cada vez mais íntimas e confidenciais". Em paralelo, também cativou Adão ao propor um programa de cooperação de sua grande tribo de noditas sírios, com vistas a obter o apoio de outros grupos. Durante mais de cinco anos o honesto Serapatátia ponderou a Eva que o mundo se beneficiaria muito com o nascimento de um filho mestiço da raça violeta, para conduzir seu povo em estreita cooperação com o Jardim do Éden. Esse projeto se foi desenvolvendo em segredo, entre ele e Eva, até o momento em que Eva concordou em avistar-se com o belo e entusiasta Cano, líder religioso dos noditas amistosos. Antes de se dar conta da gravidade do que fazia (a poligamia era corrente entre os noditas), Eva incorreu no erro fatídico de cometer adultério contra Adão (o mandamento correspondente dizia apenas, creio eu, "não tocarás a mulher de teu amigo") e conceber Caim.

     Percebendo que algo estava seriamente errado, Adão chamou Eva para uma área afastada do Éden e ouviu, sob a lua que brilhava, a história completa do grande erro dela. A "voz do Jardim" que lhes falou então, dizendo que haviam transgredido o pacto, desobedecido às instruções e faltado ao seu juramento, foi do Anjo Solônia, que revelou quatro dos 196 documentos do "Livro de Urantia".

1.41  A estória da Árvore do Bem e do Mal

     A estória da árvore do bem e do mal, contida na Bíblia, vem do fato de que, cada vez que os Filhos Materiais comiam da "Árvore da Vida", o Arcanjo guardião da planta os advertia a não seguirem "as sugestões de Caligástia no sentido de combinarem o bem e o mal". A advertência exata era a seguinte: "No dia em que misturardes o bem e o mal, vós sem dúvida vos convertereis em mortais do reino; seguramente morrereis".

1.42  A Solidariedade de Adão

     As instruções recebidas pelo atribulado casal rezavam que deveriam gerar 500 mil descendentes antes de começarem o processo de miscigenação com as raças locais. Foi a impaciência de Eva e Serapatátia que provocou a falta e suas repercussões, apesar da honestidade de ambos e de Cano. Nenhum deles tinha real consciência do que estavam a fazer. Adão "não abrigava senão compaixão e lástima por sua consorte desencaminhada". Ele amava Eva com "afeto supra-mortal" e desejava seguir o mesmo destino dela. Por esse motivo procurou, no dia seguinte, a talentosa nodita Laota, encarregada das escolas do Éden, e "cometeu o mesmo desatino que Eva". A professora então concebeu Sansa.

     Ao saberem do ocorrido com Eva, os habitantes do Jardim se enfureceram, atacaram de surpresa o povo nodita vizinho e não deixaram vivo um só homem, mulher ou criança. Cano foi morto nessa ocasião. Informado do massacre, Serapatátia se suicidou. Adão, por sua vez, aturdido pelos terríveis acontecimentos, vagou sem rumo por um mês inteiro, correndo grave perigo, enquanto seus filhos procuravam reconfortar a mãe desesperada pelo massacre e pelo desaparecimento do marido. Ela não se recuperou completamente do enorme trauma enquanto viveu na Terra. Porém Adão recobrou o auto-controle e voltou ao Éden para planejar o que salvar da missão tão tristemente fracassada. Sua degradação ficou patente em 70 dias, quando chegaram os Síndicos Melquisedeques para assumir o controle dos assuntos mundiais. O quadro se agravou quando lhes veio a informação de que uma coalizão de noditas se preparava para atacar o Éden, em vingança pela tribo chacinada. Ao procurar aconselhar-se com os Melquisedeques, Adão soube que eles estavam proibidos de interferir em seus planos pessoais, embora pudessem cooperar de bom grado com o procedimento que ele escolhesse. Ele e Eva teriam de prosseguir a missão do casal à sua própria maneira.

     Depois de perdido, o Jardim do Éden foi ocupado por noditas e outros grupos étnicos durante mais de 4.000 anos, até ser coberto pelas águas do Mediterrâneo, que avançaram progressivamente por séculos, em processo estritamente natural.

1.43  A Saída do Éden e a Divisão da Família

     "Adão não era amante da guerra, por conseguinte optou por deixar o primeiro jardim aos noditas, sem oposição". Levou consigo 1.200 seguidores leais, além de seus descendentes, com animais e mudas de plantas, à procura de um segundo jardim. Ao terceiro dia a caravana foi interceptada por transportes seráficos de Jerusém que tinham a missão de levar todos os seus descendentes menores de 20 anos, mais aqueles dentre os maiores que desejassem seguir para Edêntia, como pupilos dos Altíssimos, pois a capital do Sistema ainda apresentava problemas decorrentes dos danos provocados pela rebelião. Apenas um terço dos maiores decidiu ficar com os pais e enfrentar os difíceis dias que viriam, entre eles o primogênito Ádanson, sem esposa nem filhos (!).

     "Ninguém poderia observar a dolorosa despedida desse Filho e Filha materiais de seus próprios filhos, sem se dar conta de que o caminho do transgressor é duro." Gabriel apareceu para pronunciar sua sentença: Adão e Eva haviam violado o pacto de seu cargo de confiança, mas não foram declarados culpados de rebelião. Caíram de seu estado superior para o de mortais humanos, devendo enfrentar as vicissitudes dessa nova condição. Estariam desligados dos circuitos vitais do sistema e proibidos de comerem da "Árvore da Vida". Apesar de tudo, suas qualidades especiais os farão realizar no Segundo Jardim a heróica (embora ainda desconhecida) missão reabilitante que trouxe a humanidade para o patamar em que hoje se encontra.

1.44  O Segundo Jardim

     A grande caravana havia deixado o Éden em direção ao Leste, começando uma viagem de mais de um ano até a Mesopotâmia em que havia submergido a Cidade Planetária, e aonde se instalariam no segundo jardim. Caim e Sansa nasceram durante a viagem: Eva teve um parto laborioso, que talvez lhe tenha enfraquecido o coração; Laota, contudo, faleceu durante o nascimento de Sansa, que foi então criada como se fosse gêmea de Caim. Esta filha de Adão "Casou-se com Sargán, chefe das raças azuis do norte e contribuiu para o progresso dos homens azuis daqueles tempos".

     Quando souberam que se aproximava o Sumo Sacerdote do Jardim do Éden, as tribos que moravam entre o Tigre e o Eufrates fugiram para as montanhas ao Leste. Dessa forma se fez pacificamente a instalação dos novos moradores, que trataram de construir suas casas e organizar um 3o centro mundial de cultura e religião. Adão e sua família tiveram de adotar métodos rudimentares de vida ao começarem o Segundo Jardim "com o suor de sua fronte". Mas a sua previdência lhes assegurou as melhores condições possíveis.

1.45  Caim e Abel

     "Menos de dois anos depois de Caim nasceu Abel, o primeiro filho de Adão e Eva que veio à luz no segundo jardim". Abel era pastor e oferecia aos sacerdotes animais de sua criação. Caim era agricultor e ofertava frutos da terra. As oferendas de Abel eram preferidas, o que provocou a inveja do irmão mais velho. Os dois brigavam sempre e Abel insistia em lembrar que Caim não era filho de seu pai. Quando tinham 20 e 18 anos, respectivamente, Abel em certa ocasião provocou o irmão a ponto de enfurecê-lo e foi então morto por ele.

     Caim havia sempre rejeitado a disciplina e desprezado a religião, porém depois de matar Abel se arrependeu e pediu a Eva uma orientação espiritual. Ao desejar honestamente a ajuda divina, ganhou um Ajustador do Pensamento e, aconselhado a deixar o Jardim, dirigiu-se ao Oeste, à terra de Nod, onde se casou com Remona, sua prima distante pela família do sacerdote Cano. "Seu primogênito Enoc chegou a ser chefe dos noditas elamitas, que por centenas de anos mantiveram boas relações com os adamitas."

1.46  A Adaptação na Mesopotâmia

     Adão viveu mais 415 anos e Eva 396, depois de enfrentarem "com graça e integridade" a nova situação. A prioridade para os dois, sabendo-se mortais, foi ensinar aos filhos e companheiros destes "o que sabiam sobre administração, educação e religião". Passados os primeiros anos mais duros, todos foram esquecendo os dias de glória no Éden e cuidando com afinco de seu dia-a-dia, cientes da essencialidade do que faziam para as futuras gerações.

     Como haviam levado consigo grandes rebanhos e alguns animais domesticados, mais centenas de bulbos e sementes de plantas e cereais, tinham grande vantagem sobre as tribos vizinhas. Criaram o terceiro alfabeto de Urantia e "lançaram as bases do que viria a ser a arte, a ciência e a literatura modernas ... Mantiveram a escrita, a metalurgia, a cerâmica e a tecelagem, e produziram uma espécie de arquitetura que não foi superada durante milhares de anos".

     Adão preocupou-se em deixar tanta descendência quanto possível, de acordo com o seu principal dever, a elevação biológica. Para esse fim criou uma comissão de 12 membros, chefiada por Eva, para selecionar mulheres das tribos vizinhas que gerassem filhos seus. Um total de 1570 delas tiveram filhos e filhas que sobreviveram até a maturidade. Esses pequenos foram todos criados nas tribos de suas mães e muito contribuíram para o aperfeiçoamento genético de seus povos, fazendo parte da poderosa raça andita.

1.47  A Mensagem Pessoal de Michael de Nébadon

     Pouco após a chegada à Mesopotâmia os Filhos Materiais foram informados sobre sua nova situação espiritual. Ambos haviam recebido Monitores do Pensamento e ao morrerem poderiam seguir a carreira ao Paraíso, como os humanos da Terra. Esse fato muito os encorajou na dura transição. Receberam mensagem pessoal de Michael de Nébadon, que entre expressões de amizade e consolo dizia: "Considerei as circunstâncias de vossa falta, e recordei-me de que o desejo de vossos corações sempre foi leal à vontade de meu Pai, e sereis chamados do abraço do sono mortal quando eu chegue a Urantia, caso os Filhos subordinados de meu reino não os chamem antes desse momento".

     Embora tivesse dúvidas quanto ao seu entendimento, Adão passou a comentar com os seus mais próximos que Urantia poderia tornar-se o mais privilegiado mundo de Nebadón, ao ser escolhida por Michael para sua única encarnação humana em todo o universo local. Aos menos íntimos sempre transmitia a certeza de que viria mais tarde um Filho Paradisíaco para acelerar o progresso do planeta, possivelmente um Filho Instrutor Avonal. Não soube ele, até morrer, que "o mal e o pecado em Urantia ofereceram ao Filho Criador um ambiente mais espetacular para revelar o amor, a misericórdia e a paciência sem par do Pai Paradisíaco".

1.48  A Ascensão de Adão e Eva

     Ao terceiro dia da morte de Adão foi emitido um mandado de ressurreição dos sobreviventes de sua missão: foi assim feita uma dispensação de 1316 de seus associados no Jardim do Éden, que juntamente com ele e Eva foram repersonalizados nos Mundos de Mansões de Jerusém. O casal passou rapidamente pelos 7 mundos descritos anteriormente e novamente alcançou a cidadania da capital do Sistema, desta vez na condição de mortais ascendentes. Passado algum tempo, foram designados para trabalhar com os 24 conselheiros do órgão de assessoria e controle de Urantia, onde permanecem.

     Como Adão havia prudentemente instruído seus filhos sobre todos os assuntos do jardim, a transição administrativa se fez sem contratempos ao sobrevir-lhe a morte, por velhice - Eva tinha falecido após problemas cardíacos, 19 anos antes. "Os governantes civis dos adamitas foram, por herança, os filhos do primeiro jardim." Adansón, após alguns anos na Mesopotâmia, havia partido para fundar no que viria a ser o Turquestão um centro secundário da raça violeta, que mais tarde originou as civilizações cretense e grega. Casado com Ratta, a última descendente de pura cepa (segundo ela) dos noditas, ele também daria origem aos quase 2.000 Seres Intermediários Secundários. O segundo filho de Adão e Eva no Éden, Évason, que havia sido o principal assistente de seu pai até falecer antes dele, foi o pai de Jansad, o primeiro chefe do Segundo Jardim após a morte de seu incomparável fundador. Sua atuação e a de seus sucessores explicam também o surgimento das "primeiras" sociedades mesopotâmicas da história, apesar da falta de registro histórico, pois "não foi possível que essa civilização tão avançada sobrevivesse na esteira da diluição prematura e submersão ulterior da herança adâmica".

     O sacerdócio do Segundo Jardim começou com Set, o mais velho dos sobreviventes nascidos já na Mesopotâmia. Seu filho Enós fundou uma nova ordem de adoração, que se expandiu fortemente quando o seu neto Cainán "instituiu o serviço exterior de missionários para as tribos circunvizinhas próximas e distantes". O sacerdócio setita englobava religião, saúde e educação. Seus ministros estenderam a evangelização até à Europa e ao interior da África, à China e ao Japão - de onde saiu um bravo grupo de pouco mais de cem anditas. Viajando de ilha em ilha pelo Pacífico, em barcos pequenos, esse grupo deixou monumentos na Ilha da Páscoa e chegou ao Peru. Lá se miscigenou com os nativos e deu origem às dinastias Incas. Isso esclarece as dúvidas acadêmicas sobre diferenças genéticas no estudo das populações ameríndias, com uma aparente contradição de milhares de anos entre duas origens analisadas.

1.49  Conclusão

     A partir da morte de Adão, a população humana se foi desenvolvendo progressivamente, sobretudo liderada pelos povos anditas, que combinaram o sangue adamita (do povo violeta, de olhos azuis e cabelos loiros, ruivos ou castanhos) com o nodita (que compreendia os descendentes do séquito corpóreo infiel do Príncipe Planetário) e o amadonita (do séquito fiel), mais os andonitas (descendentes de Andon e Fonta, inclusive as seis raças de cor). Essa evolução demográfica da Terra é uma admirável saga magistralmente descrita em três documentos do "Livro de Urantia" (no 78,79 e 80). O relato da missão de Maquiventa Melquisedeque em Salém, nos tempos de Abraão, permite entender a evolução religiosa da Terra (docs. 93, 94 e 95). A Revelação contém todos os elementos para a adequada compreensão das identidades raciais e religiosas de hoje. É verdade que muito nos falta para o ideal dos planetas normais da Criação, que também se destinam à Era de Luz e Vida com uma só raça, uma só língua e uma só religião. Porém no Livro estão todas as verdades instrumentais para nos entendermos bem e vivermos em paz permanente.

     Os valores mais importantes que devemos procurar compreender, por serem os que Deus mais valoriza, são a verdade, a beleza e a bondade: "A verdade é a base da ciência e da filosofia, e oferece o cimento intelectual para a religião. A beleza patrocina a arte, a música e os ritmos significativos de toda experiência humana. A bondade (amor) compreende o sentido da ética, da moralidade e da religião - o desejo de perfeição experiencial."

     31 de julho de 2004

     Esta síntese contém trechos do "Livro de Urantia", sob custódia da Urantia Foundation, 533 Diversey Parkway, Chicago, Illinois 60614, U.S.A . Telefone (001) (312) 248-4767 e fax (001) (312) 525-7739. Site na Internet - www.urantia.org. As opiniões aqui expressadas são do autor, que é membro da Associação Urantia do Brasil, em sincera sintonia com o escopo da Revelação.

     2006 Teaching Mission Archives.

2  A Cidade Civilizadora e os Dois Jardins do Éden

     Nesta palestra vamos tratar de duas importantes experiências civilizadoras que ocorrem em todos os planetas habitados do tempo-espaço. São elas a Cidade do Príncipe Planetário e o Jardim do Éden. Se houvéssemos tido na Terra uma evolução normal, estariam hoje vivendo entre nós o Príncipe Planetário Caligástia e o casal Adão e Eva. Mas as duas experiências vindas do Alto malograram aqui, devido à rebelião de Lúcifer, e ficamos sem personalidades celestiais em contato direto conosco. Não há registro histórico de Dalamátia (há 500 mil anos) ou do Jardim do Éden (há 37 mil). Restou-nos o enevoado mito da Atlântida, que logicamente deve provir dessas duas experiências malogradas.

     O objetivo de cada Cidade Planetária é civilizar o homem primitivo a partir de certo ponto de sua evolução (seis raças de cor oriundas de um primeiro casal evolutivo, aqui surgido há um milhão de anos). Em nosso caso a Cidade Civilizadora foi construída após 500 mil anos de evolução biológica dos descendentes de Andon e Fonta). O Jardim do Éden, que por sua vez se instalou bem mais adiante na caminhada humana de nosso mundo, tinha o propósito de elevar biologicamente, pela miscigenação, aquelas seis raças já parcialmente civilizadas pelo séquito de um Príncipe Planetário que as havia retirado do estado selvagem de desenvolvimento autóctone. Adão e Eva, Filhos Materiais, chegaram à Terra há cerca de 37 mil anos. Andon e Fonta, convém relembrar, haviam evoluído um milhão de anos antes.

2.1  Origem da vida na Terra (Urantia)

     Vimos na palestra anterior que a vida unicelular foi trazida à Terra (Urantia) pelos Portadores de Vida, há 550 milhões de anos. A partir do plasma primordial do Pai, implantado por eles na água, em três baías abrigadas do oceano primordial, desenvolveram-se seres vegetais dos quais evoluíram os primeiros animais na forma de amebas, depois multicelulares como as esponjas e os crustáceos. Os românticos trilobitas foram os pioneiros na reprodução sexual. Em seguida vieram os peixes (primeiros vertebrados) e os anfíbios como a rã, os répteis, os dinossauros, os mamíferos e os primatas. Dentre os primatas surgiu, há um milhão de anos, o primeiro casal humano, Andon e Fonta. Em meio milhão de anos os seus descendentes já eram 500 milhões sobre a Terra, divididos em seis raças de cor.

2.2  Os cem de Caligástia, o príncipe planetário

     Foi nessa época, há cerca de 500 mil anos, que chegou o Príncipe Planetário de Urantia. Caligástia era um brilhante e experiente Filho Lanonandeque e veio acompanhado por um corpo de assessores, Daligástia e grande número de anjos e outros seres celestiais, "para promover o bem-estar das raças humanas". Para levar adiante o trabalho direto de civilizar os humanos então espalhados pela Europa, Ásia e África, vieram também cem humanos ascendentes de Jerusém, 50 homens e 50 mulheres, procedentes de 100 planetas diferentes do universo de Nébadon, governado por Cristo Michael e pelo Espírito Materno.

     Trazidos por transporte seráfico, os Cem de Caligástia receberam corpos materiais especiais para sua prolongada missão civilizatória, construídos com o material genético de 100 dos melhores espécimes descendentes de Andon e Fonta. Os doadores do material também foram feitos imortais, para acompanhar os Cem de Caligástia em suas atividades de tão longo prazo. A imortalidade de ambos os grupos era mantida pelos circuitos energéticos vitais (energias cósmicas) e pelo consumo dos frutos e folhas da "árvore da vida", planta trazida de Edêntia, capital da Constelação de Norlatiadeque.

     A cidade do Príncipe Planetário foi construída na futura Mesopotâmia, entre o Tibre e o Eufrates, hoje território iraquiano, mais ou menos ao centro das populações da época. Simples, mas muito bela, a cidade de Dalamátia era cercada por muralha de 12 metros de altura. O Templo do Pai Invisível, no centro, tinha três pavimentos. As sedes dos 10 conselhos do Príncipe tinham dois andares. Todos os outros prédios eram térreos e também construídos com tijolos, pedra e madeira. O clima de então era muito aprazível e a cidade, belamente arborizada. Eram abundantes os frutos e nozes em que se baseava a dieta dos Cem de Caligástia, que não consumiam carne alguma.

2.3  A atividade civilizadora da cidade planetária

     O modo de atuação do séquito do Príncipe era levar a viver na Cidade Planetária os melhores jovens entre 13 e 15 anos, prepará-los durante alguns anos e enviá-los de volta ao seu povo, como "emissários da elevação social". Os jovens viviam em famílias de 10 "filhos" (como nas Aldeias SOS de hoje), com cada um dos 50 casais instrutores.

     Durante sua permanência na Cidade os jovens aprendiam a tecelagem, o tratamento das peles de animais, o cozimento da comida, a defumação e salga das carnes, a pecuária e a domesticação dos animais, a escavação de poços, a produção de manteiga e queijo, a utilização da roda, o combate aos animais ferozes, a construção de moradias, o uso de um alfabeto de 25 letras na escrita, algumas manufaturas, rudimentos de religião, higiene, química e física, a confecção de cerâmica e as artes decorativas, bem como a metalurgia.

     O código moral da cidade, ou "Caminho do Pai", constava de sete mandamentos:

  1. não temas nem sirvas a outro Deus que não seja o Pai de tudo;
  2. não desobedeças ao Filho do Pai, o governante mundial, nem faltes ao respeito com seus associados supra-humanos;
  3. não mintas perante os juízes do povo;
  4. não mates homens, mulheres ou crianças;
  5. não roubes os bens nem o gado de teu próximo;
  6. não toques a esposa de teu amigo; e
  7. não faltes ao respeito com teus pais nem com os anciães da tribo.

     Dalamátia funcionou normalmente durante 300 mil anos, com população entre 20.000 e 60.000 habitantes. Durante esse período a atuação civilizadora se estendeu por um raio de 160 quilômetros à sua volta e elevou o homem primitivo, de sistemático caçador nômade a sedentário agricultor e pecuarista. A Cidade Planetária ensinou o valor da família e da residência unifamiliar estável, com o conhecimento de que o homem selvagem ama seus filhos, mas o homem civilizado ama também os seus netos.

2.4  A rebelião de Lúcifer e a queda de Caligástia

     Há 200 mil anos, entretanto, ocorreu a rebelião de Lúcifer, que desfez os planos amorosamente feitos para a Terra quando Caligástia, o diabo local, uniu-se aos revoltosos e aniquilou a maior parte dos progressos humanos feitos até então.

     Lúcifer era o Soberano do Sistema Planetário de Satânia, que na época contava com 607 mundos habitados na Constelação de Norlatiadeque, uma das 100 constelações do Universo Local de Nébadon. Durante uma reunião anual em Jerusém, capital do Sistema, Lúcifer manifestou sua estranha "Declaração de Liberdade", que negava a existência do Pai Eterno, rejeitava a divindade de Cristo Michael e criticava o plano de ascensão das almas dos mortais, desde seus mundos de origem até o destino final do Paraíso. Todo o seu gabinete lhe jurou fidelidade e 37 dos 607 Príncipes Planetários do Sistema de Satânia se associaram à rebelião, entre eles o nosso Caligástia de Urantia. Para cortar o perigoso contágio, a capital do Sistema rebelde e os 37 planetas sublevados foram logo postos em quarentena e cortados dos circuitos de comunicação e transporte que os ligavam à Constelação de Norlatiadeque e à sede do nosso Universo de Nébadon, a esfera de Sálvington.

     Ao cabo de sete anos, Lúcifer foi destituído de seu cargo de confiança, mas deixado em liberdade para circular pelo Sistema Planetário que antes governava. A situação perdurou até a encarnação de Jesus, há dois mil anos. Nesse meio-tempo os tribunais do Super-Universo, com jurisdição sobre 100 mil universos locais, deliberavam sobre as medidas a tomar, no processo Gabriel versus Lúcifer. Satã, assistente de Lúcifer na capital do Sistema Planetário, esteve na Terra algumas vezes, para contactar o Príncipe Caligástia.

2.5  Van e os fiéis à Deus contra os rebeldes na Terra

     Em Urantia, Caligástia apoiou a rebelião desde o início. Mas aqui a equipe dirigente se dividiu, diferentemente do que ocorrera com a unanimidade dos assistentes de Lúcifer. Quando o Príncipe Planetário anunciou que estava para proclamar-se soberano absoluto e Deus de Urantia, o jurista e administrador Van se opôs de imediato. Van presidia o Conselho Supremo de Coordenação de Dalamátia (a Cidade Civilizadora) e acusou Caligástia de completo desacato à soberania do Universo. Mesmo assim, as perdas foram muito grandes: também se rebelaram o chefe dos serafins administradores e quase metade de seus comandados, juntamente com grande número de querubins e sanobins. Sessenta dos Cem de Caligástia e 44 dos humanos modificados tomaram o partido de Caligástia.

     Mas os partidários de Van contra a secessão de Caligástia levaram vantagem, embora estivessem em minoria. Pois os serafins leais a Cristo Michael levaram a "Árvore da Vida" para o acampamento nas montanhas, fora da Cidade Planetária, e os rebeldes perderam a imortalidade. Nod, chefe dos 60 rebeldes descendentes, determinou então que eles e os humanos ascendentes modificados recorressem à reprodução sexual, para fazer frente à sua nova condição de mortais.

     Passado algum tempo da execução do Plano de Caligástia, de induzir o progresso pela revolução e não pela evolução natural, como determina a vontade do Pai, ocorreu o inevitável: as tribos ainda semi-selvagens, exaltadas por suas prematuras liberdades, atacaram e tomaram dos noditas a própria Cidade Planetária, expulsando-os para o Norte da Mesopotâmia. Essa era a Terra de Nod, mencionada na Bíblia, onde Caim foi tomar esposa.

     Após os 7 anos da Guerra nos Céus (em Jerusém, capital de Satânia e nos 37 planetas rebeldes), Caligástia foi destituído em Urantia e substituído por 12 Síndicos Melquisedeques de emergência, mas permaneceu em liberdade até ser aprisionado no século passado. Van, Amadón e seus seguidores cuidaram de preservar, como possível, os conhecimentos e técnicas desenvolvidos em Dalamátia e levaram a cabo o trabalho de elevação cultural e biológica das tribos amigas, em paralelo aos noditas infiéis, mas humanos também, que seguiam proliferando sua descendência.

2.6  Preparação para vinda de Adão e Eva

     Por mais de 150 mil anos a evolução orgânica dos seres humanos continuou, até que há cerca de 37 mil anos, atingiu seu apogeu, "de um ponto de vista puramente biológico". Os Síndicos Melquisedeques então solicitaram o envio de um Filho e uma Filha Materiais, isto é, um Adão e uma Eva, como habitualmente ocorre nesse ponto da evolução dos mundos habitados por humanos no tempo-espaço. Depois que todos os casais se apresentaram como voluntários em Jerusém, Adão e Eva foram escolhidos como os melhores dentre os seus irmãos e irmãs da raça violeta.

     Ao saber que Adão e Eva viriam, Van começou a anunciar sua chegada e a construir um jardim para a morada deles, com 83 anos de antecedência. Ele e Amadón recrutaram mais de 3.000 trabalhadores entusiastas, dentre descendentes de Andon e Fonta, amadonitas e mesmo alguns noditas descendentes do séquito infiel. Apesar de desprovidos de poder, Caligástia e Daligástia (seu lugar-tenente) tentaram impedir os trabalhos de construção do Éden. Não tiveram êxito, porque Van e Amadón foram eficientemente apoiados pelos seres fiéis. O local escolhido para o Jardim foi uma península então existente nas ribeiras orientais do Mediterrâneo, perto de onde hoje está a Ilha de Chipre. O nome Jardim do Éden provém do fato de que a área residencial dos Filhos Materiais sempre enfatiza, em cada planeta, uma beleza botânica semelhante à dos magníficos jardins de Edêntia, capital de nossa Constelação de Norlatiadeque.

2.7  O primeiro jardim do Éden e a árvore da vida

     Dentro da muralha se praticava a horticultura e a agricultura. O pastoreio e a pecuária eram praticados no continente, além da muralha de 43 quilômetros de extensão. "No Jardim jamais se mataram animais". O belo templo de pedra do Pai Universal ficava ao centro da península do Éden. Ao Leste ficavam os domicílios do Filho Material e de seus descendentes imediatos. Havia casas e terras suficientes para um milhão de seres humanos.

     Ao chegarem, Adão e Eva encontraram prontos os 25% essenciais dos planos do Jardim, com milhares de quilômetros de canais de irrigação e drenagem, 20 mil quilômetros de passagens e caminhos pavimentados e mais de 5 mil construções de tijolos, cercadas por número incontável de árvores e plantas. Estava lá também a mais bela e completa exibição de horticultura e agricultura da história do planeta.

     A "Árvore da Vida", que havia prolongado a vida de Van, Amadón e seus associados por mais de 150 mil anos, foi plantada no centro do Templo do Pai, para proporcionar a imortalidade também para Adão e Eva, quando chegassem. "Esta super-planta originária da capital da Constelação armazena certas energias espaciais que servem de antídoto contra o envelhecimento". Para os seres humanos não ligados aos circuitos vitais do universo, o seu efeito era nulo.

2.8  A chegada de Adão e Eva

     Os Adão e Eva chegaram a Urantia há cerca de 38 mil anos, por transporte seráfico e sem prévio aviso. Dentro do Templo do Pai Universal, em operação que durou dez dias, foram materializados seus corpos de natureza dual, programados para a imortalidade. Ambos tinham cerca de 2 metros e meio de estatura, com perfeitas proporções. Possuíam larga experiência na escola de cidadania de Jerusém e depois na Divisão de Aplicação da Energia Experimental para a Modificação das Formas de Vida, naquela capital do sistema planetário de Satânia. Já tinham 100 filhos jerusenianos ao partirem para a missão aqui na Terra, todos prestando serviços à Criação.

     Ao despertarem no Templo do Pai, receberam as boas-vindas de Van e Amadón, heróis da luta contra a secessão de Caligástia, e de uma imponente multidão. Passaram a comunicar-se no idioma do Jardim, baseado no dialeto andônico falado por Amadón, que havia criado com Van um novo alfabeto de 24 letras. Adão e Eva falavam e escreviam perfeitamente esse dialeto, estudado ainda em Jerusém.

     No mesmo dia de seu despertar, em cerimônia solene, Adão e Eva receberam a chefia do governo da Terra, antes a cargo de Van e dos Síndicos Melquisedeques. Após 7 anos da chegada do casal, Van, Amadón e os síndicos melquisedeques partiram para Jerusém e deixaram o governo da Terra com o casal, que do Primeiro Jardim governou por mais 117 anos. Durante esses 124 anos lhes nasceram 32 filhas e 31 filhos, cujos descendentes em 5 gerações chegaram ano número de 1.649 moradores do Éden de pura raça violeta. Todos eles faziam uma só refeição diária, pouco depois do meio-dia, constante de frutas, nozes e cereais sem cozimento. Os filhos, netos, bisnetos e trinetos de Adão e Eva estudavam pelos métodos educacionais de Jerusém, adaptados à realidade local. A educação religiosa e sexual ficava a cargo apenas dos pais, em família.

2.9  A tentação e a "queda" de Eva e Adão

     Passado mais de um século, Adão e Eva se sentiam isolados e desalentados pela dificuldade enorme de sua missão, que lhes parecia ter feito pouco progresso em tanto tempo. O Livro de Urantia afirma que "jamais nenhum Adão do serviço planetário havia recebido um mundo mais difícil". Para complicar, continuava na Terra o Príncipe Planetário rebelde, conspirando contra o trabalho deles. Mesmo depois de muitas visitas ao Jardim, Caligástia não conseguiu qualquer simpatia dos Filhos Materiais ou de seus descendentes, para as idéias estranhas que lhes apresentava.

     Por esse motivo o ex-Príncipe Planetário decidiu atacar indiretamente, com a ajuda do dirigente nodita Serapatátia, líder da mais poderosa e inteligente das tribos vizinhas ao Jardim. Serapatátia conquistou a amizade de Eva após numerosas visitas "cada vez mais íntimas e confidenciais". Também cativou Adão ao propor a cooperação de sua grande tribo de noditas sírios, de forma a obter o apoio dos outros grupos humanos.

     Durante cinco anos Serapatátia ponderou a Eva que o mundo se beneficiaria com o nascimento de um filho mestiço da raça violeta, que poderia conduzir seu povo em estreita colaboração com o Jardim do Éden. Eva finalmente concordou em encontrar-se com o belo e entusiasta sacerdote Cano, da tribo de Serapatátia. Ela então cometeu adultério contra Adão e concebeu Caim. Essa foi sua falta grave, pois as instruções do casal eram para começar o programa de miscigenação apenas depois que tivessem 500 mil descendentes.

     Em certo momento, percebendo que algo estava seriamente errado, Adão pediu a Eva que lhe contasse a verdade e ouviu a história completa do grande erro dela. O nobre Adão "só abrigava compaixão e lástima pela sua consorte desencaminhada". Desejando seguir o mesmo destino dela, no dia seguinte procurou a talentosa Laotta, nodita que dirigia as escolas do Éden, cometeu o mesmo erro de Eva e engravidou a professora.

     Ao saberem do que havia ocorrido com Eva, os habitantes do Jardim se enfureceram e massacraram o sacerdote Cano, juntamente com todos os homens, mulheres e crianças de sua tribo. Informado do massacre, Serapatátia se suicidou. Adão ficou aturdido pelos terríveis acontecimentos e vagou sem rumo por um mês inteiro fora do Jardim, correndo grave perigo. Os filhos, nesse meio-tempo, tentavam reconfortar a mãe desesperada pela tragédia da tribo e pelo desaparecimento do marido.

     Quando recuperou o auto-controle, Adão voltou ao Éden para ver o que se poderia salvar da missão tão tristemente fracassada. Setenta dias depois chegaram os Síndicos Melquisedeques para assumirem novamente o governo mundial. Como vingança pela tribo chacinada, uma coalizão de noditas se preparava para atacar o Éden. Ao procurar aconselhar-se com os Melquisedeques, Adão ficou sabendo que eles estavam proibidos de interferir em seus planos pessoais, embora pudessem cooperar nas decisões que ele adotasse.

2.10  A viagem para o segundo jardim do Éden

     Para evitar uma guerra sangrenta com a coalizão que se aproximava, Adão decidiu deixar o Jardim para os noditas e outros grupos étnicos, que o ocuparam por mais de 4.000 anos, até ser ele coberto pelas águas do Mediterrâneo.

     Adão deixou o Éden em direção à Mesopotâmia, acompanhado por seus 1.647 descendentes e 1.200 seguidores leais. Levavam grande número de animais, sementes e mudas de plantas, mais equipamentos e instruções de produção. A viagem levaria mais de um ano, mas ao terceiro dia a caravana foi interceptada por transportes seráficos de Jerusém, que tinham a missão de levar todos os descendentes do casal com menos de 20 anos, acompanhados de todos os maiores que desejassem seguir para Edêntia, capital da Constelação. Apenas um terço dos seus descendentes maiores resolveu ficar com os pais e enfrentar os difíceis dias que viriam. Entre eles estava Adamsón, sem a esposa nem os filhos, que decidiram seguir para Edêntia.

     Podemos imaginar que essa foi a mais dolorosa despedida em toda a história do planeta. Adão e Eva foram considerados culpados de descumprir as obrigações de seu cargo de confiança, mas não de rebelião. Caíram para o estado de mortais humanos, desligados dos circuitos vitais do universo e proibidos de comerem da Árvore da Vida. Adão viveria mais 415 anos e Eva, 396. Também receberam Ajustadores do Pensamento.

     A grande caravana havia deixado o Éden em direção ao Leste, até a mesma Mesopotâmia em que havia submergido a Cidade Planetária. Os dois filhos proibidos nasceram durante a viagem. Eva teve Caim após um parto laborioso e Laotta, a professora, faleceu ao nascer sua filha com Adão, que ganhou o nome de Sansa.

     Quando se completou a viagem, as tribos que moravam entre o Tigre e o Eufrates fugiram para as montanhas ao saberem que se aproximava o Sumo Sacerdote do Jardim do Éden. Desta forma se fez pacificamente a instalação da caravana no Segundo Jardim.

2.11  A descendência de Adão e Eva

     Adão e Eva tiveram de adotar métodos rudimentares ao começarem a nova vida na Mesopotâmia, no que foi o terceiro centro mundial de cultura e religião. O casal enfrentou com "graça e integridade" a nova situação. Sabendo-se agora mortais, trataram de ensinar aos filhos e seguidores tudo que sabiam sobre administração, educação e religião.

     Passados os primeiros anos mais duros, todos foram esquecendo os dias de glória no Éden e cuidando com afinco de seu dia-a-dia. Sabiam ser essencial o que fizessem, para todas as futuras gerações de Urantia.

     Eles levavam grande vantagem sobre as tribos vizinhas, graças aos animais, sementes e bulbos de plantas que haviam trazido do Primeiro Jardim. Criaram o terceiro alfabeto da Terra e "lançaram as bases do que viria a ser a arte, a ciência e a literatura modernas ... Mantiveram a escrita, a metalurgia, a cerâmica e a tecelagem, e produziram uma arquitetura que não foi superada por milhares de anos".

     Cioso de seu papel na elevação biológica de Urantia, Adão se preocupou em deixar tanta descendência quanto possível. Uma comissão chefiada por Eva selecionou mulheres das tribos vizinhas para gerarem filhos dele. Um total de 1.570 delas tiveram filhos e filhas que sobreviveram até a maturidade. Criados nas tribos de suas mães, esses pequenos muito contribuíram para o aperfeiçoamento genético de seus povos, integrando a poderosa raça andita.

     Adansón, o primogênito de Adão e Eva, após os primeiros anos na Mesopotâmia, havia partido para fundar no futuro Turquestão um centro secundário da raça violeta. Casado com Ratta, de pura cepa nodita, Adansón deixou grande descendência, que viria a fundar as civilizações cretense e grega, bem como originar os Seres Intermediários Secundários.

2.12  A ascensão de Adão e Eva aos mundos celestiais

     Quando Adão faleceu, por falência múltipla de órgãos, a transição administrativa se efetuou sem contratempos. Eva tinha falecido 19 anos antes, em decorrência de problemas cardíacos. O primeiro governante do Segundo Jardim foi Jansad, filho de Evasón, morto antes de Adão. Sua atuação e a de seus sucessores explicam o surgimento das "primeiras" sociedades mesopotâmicas em nossa história, a partir dos Sumérios. Estes foram, na verdade, os últimos anditas. Não ficou registro histórico do Segundo Jardim, porque, como explica o Livro de Urantia, "não foi possível que essa civilização tão avançada sobrevivesse na esteira da diluição prematura e submersão posterior da herança adâmica".

     Ao terceiro dia da morte de Adão, ele, Eva e 1.316 de seus associados no Jardim do Éden foram levados aos Mundos de Mansões (de aperfeiçoamento da alma). O casal passou rapidamente pelos 7 mundos de mansões e novamente alcançou a cidadania de Jerusém, agora na condição de mortais ascendentes. Eles hoje trabalham na capital de nosso Sistema Planetário, no Conselho dos Anciães que tratam dos assuntos de Urantia.

     Atualizado em 03 de maio de 2010.

3  A Cosmologia do Livro de Urantia

     O Livro de Urantia nos revela uma Criação bela e equilibrada, monumentalmente grande mas aparentemente finita. O tempo da Criação, a eternidade, é infinito. Mas o seu espaço não seria infinito. Ele começa ao redor da Ilha do Paraíso e se estende até o quarto nível do espaço exterior.

3.1  A Ilha do Paraíso e o Universo Central

     No centro de tudo que existe se encontra a Ilha Eterna do Paraíso, a mais gigantesca massa do universo de universos, feita de matéria nem viva nem morta chamada de absolutum, que existe apenas lá. Na Ilha Central não existe o tempo, e o Paraíso tampouco é espacial: suas áreas são absolutas e por conseguinte úteis de muitas maneiras, além do conceito da mente mortal.

     Na órbita ao redor da Ilha do Paraíso estão 21 esferas sagradas, 7 do Pai, 7 do Filho e 7 do Espírito Infinito. Mais adiante se encontra o bilhão de Mundos Perfeitos de Havona, em 7 circuitos orbitais concêntricos. Depois de Havona estão dois enormes cinturões de corpos escuros de gravidade, que ocultam o Universo Central de qualquer observação exterior e mantêm um perfeito equilíbrio astronômico. Este é o sistema eterno Paraíso-Havona, o Universo Central.

3.2  Os sete superuniversos e os quatro círculos do espaço exterior

     Além do 7o circuito dos Mundos de Havona se concentram os sete super-universos do tempo-espaço. São sete enormes massas de forma elíptica que seguem majestosas órbitas igualmente elípticas, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. No sétimo deles se encontra o nosso universo local de Nébadon, governado pelo Filho Criador Cristo Michael.

     A 400 mil anos-luz dos 7 super-universos começam os quatro círculos do espaço exterior. No primeiro deles são observáveis enormes presenças de energias que aumentam até 25 milhões de anos-luz de distância. No 2o nível do espaço exterior se realizam atividades ainda maiores, até mais de 50 milhões de anos-luz depois do 1o nível. O 3o e o 4o níveis não são observáveis, mas convém observar que 95% da gravidade cósmica emitida pela Ilha Central estão dirigidos ao espaço exterior. Os autores do Livro de Urantia especulam que além do 4o círculo poderia estar uma Criação nem a eles revelada, de infinidade em constante expansão.

     Essa foi uma visão esquemática da Criação Divina. Passemos agora ao seu detalhamento.

3.3  A Ilha do Paraíso

     Não existem registros nem tradições a respeito da Ilha do Paraíso, que é simplesmente eterna e sempre lá esteve, no centro de todas as coisas. Ela está dividida em Paraíso Superior, Periférico e Baixo. No Paraíso Superior estão 3 círculos: a Presença da Deidade, a Esfera Santíssima e a Área Santa. Na esfera de presença da Deidade estão o Pai Eterno Mais que Espírito, o Filho Eterno do Paraíso e o Espírito Infinito, em áreas de padrão concêntrico. Na Esfera Santíssima se desenvolvem funções de adoração, trinitarização e altas realizações espirituais. Na região exterior, a Área Santa, estão as mansões paradisíacas do Pai, divididas em 7 zonas, destinadas aos cidadãos do Paraíso e aos nativos de Havona que lá se encontram, bem como a todas as categorias de filiação dos nativos dos 7 super-universos.

     O Paraíso Periférico está em parte ocupado pelos campos de embarque e desembarque dos transportes de personalidades. Também estão aqui grandes áreas destinadas às realizações e projeções dos universos locais do tempo-espaço.

     No Baixo Paraíso se originam todos os circuitos da energia física e da força cósmica. A força motriz da Criação parece entrar pelo Sul e sair pelo Norte. E o espaço respira: quando se expande horizontalmente, contrai-se verticalmente, e vice-versa. O espaço vertical é um depósito, uma reserva, e o horizontal é o universo. O espaço em volta do Paraíso é como uma cruz de Malta, da qual os braços horizontais são o espaço ocupado e os verticais são o espaço livre. Em termos físicos a gravidade material absoluta (cósmica) procede do Baixo Paraíso; a gravidade local ou linear que conhecemos pertence à etapa elétrica da energia ou da matéria. Mas a gravidade universal que se espalha pela Criação compreende também a gravidade de personalidade do Pai Universal, a gravidade espiritual do Filho Eterno e a gravidade mental do Espírito Infinito.

3.4  Os 21 satélites da Ilha do Paraíso

     Entre a Ilha Central e os Mundos Perfeitos de Havona estão as 21 Esferas Sagradas do Paraíso, divididas em 7 do Pai, 7 do Filho Eterno e 7 do Espírito Infinito. Os 7 Mundos Sagrados do Pai são Divínington (dos Ajustadores do Pensamento), Sonárington (dos Filhos descendentes), Spíritington (dos 7 Espíritos Reitores dos super-universos), Vicegérington (de representantes da Trindade), Solitárington (dos Mensageiros Solitários), Seráfington (dos Anjos) e Ascéndington (das criaturas ascendentes do espaço). Os Mundos Sagrados do Filho representam as 7 fases da existência do espírito puro e são habitados por seres não-pessoais: jamais esteve aqui qualquer personalidade. Os Mundos do Espírito Infinito pertencem a cada um dos Espíritos Reitores dos Super-Universos, que de lá comandam as ações referentes à sua natureza, embora não cuidem de sua administração.

3.5  O Universo Central: Havona e seus 1 bilhão de mundos

     Os Mundos de Havona se dividem em 7 circuitos orbitais concêntricos, com 35 milhões de mundos no circuito interior e mais de 245 milhões no circuito exterior, totalizando exatamente um bilhão de mundos. Eles refletem mil milhões de aspectos diferentes da perfeição do Paraíso, cada um deles sob o governo de um Eterno dos Dias. O dia-padrão do Paraíso-Havona corresponde ao tempo de uma revolução do circuito mais interior de Havona ao redor da Ilha Central, cerca de mil anos de Urantia. Daí vem a expressão bíblica de que um dia no Paraíso é como mil dias na Terra. Esse tempo-padrão se aplica aos 7 super-universos também, embora cada um tenha sua unidade de tempo. Esses Mundos Perfeitos de Havona servem para a capacitação dos Filhos Criadores de universos (Michael) e das Ministras Divinas suas consortes (filhas do Espírito Infinito) e de várias ordens de Filhos Paradisíacos, bem como para todos os seres ascendentes do tempo-espaço, que por eles devem passar, a caminho do Paraíso.

3.6  Os 7 super-universos e os trilhões de mundos habitados

     Os Sete Super-Universos estão divididos em sistemas planetários, constelações, universos locais, setores menores e setores maiores. Um sistema planetário completo tem 1.000 mundos habitáveis; uma constelação tem 100 sistemas planetários; um universo local tem 100 constelações; um setor menor tem 100 universos locais; um setor maior tem 100 setores menores; e um super-universo tem 10 setores maiores. São assim previstos um trilhão (!) de mundos habitados para cada super-universo. Pois se um sistema planetário tem mil mundos, uma constelação tem 100.000, um universo tem 10 milhões, um setor menor 1 bilhão e um setor maior 100 bilhões!

     Os sistemas planetários giram em torno da capital de sua constelação; as constelações orbitam em volta da capital de seu universo local; os universos locais gravitam ao redor da capital do super-universo; os setores menores e maiores seguem o mesmo padrão. Diferentemente do que pensa a cosmologia contemporânea, esses movimentos são parte inerciais, parte induzidos pelos Diretores do Poder e Controladores da Força. Eles estendem circuitos especiais entre os corpos celestes, para mantê-los em harmonia e evitar catástrofes e colisões. O dia-padrão do super-universo equivale a cerca de 30 dias de Urantia, e o ano corresponde a mais ou menos 3.000 dias urantianos.

3.7  As capitais dos universos locais e super-universos

     Todas as capitais do tempo-espaço estão sediadas em esferas arquitetônicas, mundos construídos especificamente para esse fim, devido à instabilidade do magma nos planetas geológicos. As esferas arqutetônicas são obras de engenharia cósmica divina, onde o clima é controlado artificialmente. Durante as horas de trabalho apresentam temperatura de 20o centígrados e a luminosidade de 10 horas da manhã em Urantia. Nas horas de repouso a temperatura cai para 10o centígrados e a luminosidade é como de uma noite de lua-cheia na Terra. Elas têm rios, lagos e colinas, mas não têm montanhas ou mares como os conhecemos aqui. Estão ornamentadas por belas flores, plantas e árvores, bem como por animais belos, evoluídos e úteis. Em vez do verde da clorofila, as plantas e árvores moronciais têm como cor básica belos tons de violeta. A atmosfera tem 3 gases principais, um a mais do que a nossa, para permitir a respiração material e moroncial.

     As esferas arquitetônicas que nos interessam mais de perto são as que se seguem. Jerusém (pág. 174), capital do sistema planetário de Satânia. Previsto para ter 1.000 mundos habitados, Satânia já tem 619, dos quais Urantia é um dos mais recentes, com o no 606. Em órbita de Jerusém estão os Sete Mundos de Transição, ou Mundos de Mansões, para o aperfeiçoamento inicial das almas. Edêntia é a capital de nossa constelação de Norlatiadeque, com 70 satélites de socialização cultural e capacitação, também esferas arquitetônicas. Sálvington é a capital do nosso universo local de Nébadon, governado por Cristo Michael como Filho Criador Maior. Em sua órbita estão 10 grupos de 49 mundos cada um, onde as almas ascendentes atingem a primeira etapa espiritual. Umenor o Terceiro é a capital de Ensa, nosso setor menor do super-universo, cercada por 7 grupos de satélites dedicados aos estudos físicos mais elevados da vida ascendente (LU, pág. 174). Umaior o Quinto contém a capital de Esplándon, setor maior de Orvônton: está rodeada por 70 esferas de capacitação intelectual avançada. Uversa, finalmente, é a capital de nosso super-universo de Orvônton. Em sua órbita se encontram 7 grupos de 70 mundos cada um, para a capacitação espiritual avançada dos seres ascendentes. Os graduados nessa capital seguem diretamente para os Mundos Perfeitos de Havona (LU, pág. 175). Uversa será a sede central de cerca de 1 trilhão de mundos habitados, quando estiver completo o super-universo.

3.8  As personalidades da Trindade administrando os 7 superuniversos

     As personalidades supremas da Trindade no tempo-espaço são: os Anciães dos Dias, primeiras personalidades criadas, não-eternas, que administram os sete super-universos, em grupos de 3 para cada um; os Perfeições dos Dias governam dos setores maiores dos super-universos, como o nosso Esplándon; os Recentes dos Dias gerem os setores menores, como Ensa; os Uniões dos Dias acompanham os Filhos Criadores de Universos Locais, como em Nébadon Emanuel, o irmão mais experiente de que falou Jesus na Bíblia. Ele era o Embaixador da Trindade junto a Cristo Michael antes de sua plena soberania. Finalmente, os Fiéis dos Dias representam a Trindade junto às capitais das constelações. Abaixo do nível de constelação não há Filhos Paradisíacos em missão permanente.

     Em conclusão, podemos lembrar que a Criação Divina é finita, mas pode ainda crescer quase indefinidamente. As áreas do Paraíso reservadas para os seres do tempo-espaço estão ocupadas em apenas 1% até agora! Os espaços destinados às realizações dos super-universos não têm mais de 4% de ocupação. Assim sendo há lugar suficiente para uma Criação quase infinita. Pelo visto estamos apenas no começo do tempo-espaço: pois o Corpo da Finalidade da Criação, ao qual se destinam nossas almas, só começará suas atividades precípuas quando estiverem habitados os mundos hoje em construção no espaço exterior. Nesse meio-tempo estaremos nos aperfeiçoando, em nossas carreiras a caminho do Pai.

     28 de julho de 2004

     2006 Teaching Mission Archives.


Notas de Rodapé:

1 Esta "Síntese Parcial do Livro de Urantia" foi escrita em 2004. Hoje em dia já temos uma tradução para o português que pode ser obtida nas melhores livrarias