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     1 CD

Capítulo 12
Considerações finais


O Amor do Espírito
na Hellinger Sciencia

Bert Hellinger
Re-formatação do
livro eletrônico original

12  Considerações finais
    12.1  Coloque sua casa em ordem!
    12.2  Vigiando
    12.3  A liberdade
    12.4  Chegamos
    12.5  A vida que fica
    12.6  A retirada
    12.7  A paz
    12.8  Basta
    12.9  Partida
    12.10  Epílogo

12.1  Coloque sua casa em ordem!

     O que significa: "Coloque sua casa em ordem?" Significa que você a arruma de um modo que possa partir sem que ninguém ainda fique esperando algo de você. Isso significa que está em ordem de tal forma que algo pode continuar depois de você, porque foi dado a outros, através de você. Então, arrume sua casa de um modo que esse presente possa ser conservado como presente, sem precisar de seu contínuo cuidado e atenção.

     "Coloque sua casa em ordem!" também significa que algo pode continuar sem você, sem que isso se torne um peso para ninguém, concedendo às outras pessoas a liberdade de assumir e levar adiante aquilo que é seu, de uma forma que possam reconhecer e dar continuidade a isso como algo próprio deles, em sintonia com aquilo com que foram presenteados e incumbidos.

     A casa que é colocada em ordem continua habitada e será novamente habitada. Existe porque está em ordem, porque foi colocada em ordem com amor, com uma visão de amor ao futuro, colocada em ordem a serviço da vida e do amor. Encontra-se arrumada e pronta para o novo, que precisa vir.

12.2  Vigiando

     Mantemos nossos olhos abertos por alguém que estamos esperando. Mantemos nossos olhos abertos para a felicidade, por um evento que nos alegra, para a realização de um antigo desejo. Mantemos nossos olhos abertos para a realização, para a realização de uma tarefa. Mantemos nossos olhos abertos principalmente para a realização de nossa vida.

     Independentemente de admitirmos ou não, é por essa realização que ansiamos profundamente, sobretudo mantemos nossos olhos abertos para esta realização. Pois sentimos, lá no fundo de nossa alma, que esta vida é somente uma transição em direção a algo que se encontra para além dela.

     Realização, neste sentido, significa exatamente o oposto de terminado e acabado. Nós já olhamos agora para além de nossa vida, em direção a algo que espera por nós depois que a nossa vida estiver terminada.

     Enquanto mantemos nossos olhos abertos, olhamos em direção àquilo que está vindo, somos atraídos para o mesmo e, nessa vigia, já estamos lá.

     O que acontece com a nossa vida quando vigiamos dessa maneira, quando nos encontramos centrados dessa maneira, quando centrados dessa maneira olhamos em direção ao último? Continuamos presentes nesse mundo?

     Estamos presentes de outra maneira, agora já realizados, estamos presentes de modo mais sereno, mais feliz.

12.3  A liberdade

     Sou livre enquanto olho para além do que se encontra próximo, em direção a algo que determina o que se encontra próximo e que lhe confere a sua existência. Isso vale especialmente para outras pessoas com as quais me sinto conectado através do amor e da gratidão ou por estar zangado com elas e preferir afastar-me.

     Enquanto eu foco naquilo que se encontra próximo, neste caso, principalmente nas pessoas próximas, elas se apoderam de mim e eu me apodero delas. Elas ocupam o lugar daquilo que é maior e que está por trás delas, capturam-me em seu lugar e me tornam prisioneiro.

     Eu me torno igualmente prisioneiro quando desejo livrar-me delas, imaginando estar livre, dessa maneira. Talvez continue ligado mais ainda do que antes a elas, e elas, a mim, sobretudo eu me torno menos através dessa liberdade e não mais.

     Quando, no entanto, olho para além delas em direção àquela força espiritual que me move assim como a elas e quando, por isso, me comporto de modo relativamente independente e livre, pois estou ligado a um outro lugar, elas perdem o poder sobre mim, poder esse que me vincula a elas e elas, a mim.

     Ao mesmo tempo estou ligado a elas de outro modo, de um modo mais livre. Encontro-me vinculado a partir daquele amor espiritual que nos envolve em um movimento, no qual nos experimentamos plenos e amplamente vinculados para além de nós mesmos. De que modo? Não-livres de boa vontade e, assim, verdadeiramente livres até o último, para o que há de essencial.

12.4  Chegamos

     Enfim, chegamos! Chegamos aonde? Lá para onde somos atraídos, desde sempre. Para onde somos atraídos? Para lá, onde podemos permanecer, onde podemos permanecer para sempre.

     Vamos sozinhos para tal lugar? Outros irão conosco? Chegaremos com outros em tal lugar? E lá, o que nos espera?

     Tudo nos espera? Tudo junto nos espera. De que modo? Permanentemente, pois permanece conosco, permanece pleno, conosco.

     Como podemos imaginá-lo? Tudo retorna para sua origem. Como seres humanos, retornamos de modo ciente a essa origem, cientes de que de lá obtemos a nossa existência. Retornamos com a nossa existência, da forma que foi, com tudo que experimentamos a partir dela, porém sem algo que nos seja próprio. Trazemos de volta a nossa existência tal como algo emprestado e a trazemos como uma oferenda. De que modo? À medida que nos encontramos presentes com ele, apenas presentes, completamente presentes.

     Continuaremos ainda sendo os mesmos que fomos no início? Tornamo-nos diferentes? Trazemos algo conosco quando chegamos?

     Trazemos aquilo que sucedeu. Trazemos outras pessoas, pessoas que entraram em nossas vidas e em cujas vidas entramos. Trazemos de volta a existência plena. Plena através de quê? Através de algo nosso? Plena através de algo que nos foi dado, através de algo com o qual fomos incumbidos e presenteados. Também isso oferendamos, nós o oferendamos juntamente conosco.

     Que efeito isso terá sobre nós? Tornamo-nos puros, puros pois tudo retorna para onde veio.

     De que modo permanecemos lá após termos chegado de forma pura? Nós ficamos lá, presentes, presentes em espírito, permanecemos embaixo e presentes, juntamente com todos.

12.5  A vida que fica

     Falamos sobre a vida que passa. Pois é essa a nossa experiência: a vida que conhecemos termina após um tempo. Porém termina de um modo que, ao mesmo tempo, seguirá adiante e renovada, dessa forma segue adiante infinitamente. Passa e fica, ao mesmo tempo.

     Porém, de onde vem essa vida? Encontra-se vinculada a algo material, a algo claramente definido? Mas os movimentos que a geram chegam de um mundo exterior, sobretudo porque na base desses movimentos da vida estão um plano e uma ordem preestabelecida. Preestabelecida a partir de onde? Esse plano pode vir da dimensão material? Ou será que aqui se revela que a dimensão material segue determinadas leis que a movimentam e dirigem a partir de algo que se encontra para além do plano material, de modo tal que comece a viver? Que a vida começa a se propagar e, por se propagar, apenas a dimensão material se dissolve, porém não a vida que tem sua origem em outro lugar? Que a vida se revela tal como uma vida que sobrevive ao indivíduo e que se encontra para além da dimensão material?

     Em outras palavras, a vida se revela como algo espiritual. Não pode ser finalizada nem apagada através da dimensão material. Sobrevive àquilo que é transitório, pois vem de outro lugar, onde permanece, permanece eternamente.

     O que ocorre nesse sentido conosco, seres humanos, com a nossa vida? Nós nos experimentamos espirituais. Experimentamo-nos como algo que vai para além da dimensão material, vinculados a algo e movidos por algo de origem espiritual. Experimentamo-nos espirituais na dimensão material: movidos de modo espiritual, guiados de modo espiritual, mantidos de modo espiritual, unidos de modo espiritual com uma consciência, que já agora, nessa vida nos leva consigo em direção a algo que fica. Leva-nos consigo em direção a algo espiritual, independente da dimensão material, apesar de aqui experimentarmos a dimensão material a cada instante como algo espiritual, movida pelo espírito, desejada pelo espírito e animada pelo espírito.

     Portanto, experimentamos a dimensão espiritual primeiramente a partir da dimensão material, na nossa existência física, na nossa experiência material, pois a dimensão material também não pode existir sem o espírito, não da forma que existe. Mesmo assim experimentamos a dimensão espiritual como sendo independente e livre da dimensão material, atuando para além dela, atuando eternamente para além dela. Já agora, na nossa vida atual, ela nos conduz para esse espaço espiritual, nos conduz para dentro dele, poderosamente.

     Nesse âmbito espiritual possuímos a vida que permanece, que permanece para além dessa vida, que permanece para além do nosso morrer, para além de nossa consciência atual.

     Como experimentamos essa permanência, desde agora? Nós a experimentamos como permanente no centramento profundo e na contemplação espiritual. Mas esse centramento e essa contemplação espiritual vêm de nós? Podemos alcançá-los a partir de nós?

     Eles nos são presenteados. Quando nós os experimentamos, experimentamos como um presente. Nós os experimentamos como uma existência com que fomos presenteados, como uma existência espiritual com que fomos presenteados, como uma vida com que fomos presenteados, uma vida que permanece.

12.6  A retirada

     No âmbito espiritual a retirada mais nos aproxima do que afasta. Conduz-nos até a força que tudo sustenta, pois move tudo da forma que é. Portanto, a retirada nos conecta com tudo do qual havíamos nos afastado, que acreditávamos termos ultrapassado e superado. A partir da retirada reencontramos aquilo que permanece, aquilo que não precisa mais ir adiante, pois repousa de modo pleno em si mesmo.

     A retirada nos conduz de volta à fonte de nossa força, à origem que permanece eternamente, anterior a tudo que veio depois, pois nada pode ser igualada a ela. Pois tudo, que para nós veio mais tarde, já existia em sua origem. Por isso, o quanto mais parece afastar-se de sua origem, mais intensamente permanece vinculada a ela, até que reconheça que sua ânsia de ir adiante o leva em direção a sua origem, tal como um movimento circular, sempre adiante e ao mesmo tempo de volta ao início.

     De que modo, então, realmente vamos para trás? Vamos para trás indo em frente. Andar para frente também nos leva de volta à origem.

     Alcançamos então a nossa origem? Podemos imaginar a origem tal como um início para o qual retornamos? Ou será que a origem se encontra, por si só, inserida em um movimento, um movimento que para nós encontra-se sempre à mesma distância da origem? Talvez se revele como um movimento da fonte que permanece dentro da sua origem, um começo que nem comece e nem termine, porque nele tudo atua e se encontra presente da mesma forma, e nós nos encontramos presentes nele.

12.7  A paz

     A paz começa onde cada um de nós pode ser da forma que é, onde cada um de nós permite ao outro ser tal como é e ficar onde está. Isso significa, ao mesmo tempo, respeitar os limites mútuos, que ninguém ultrapasse o limite do outro, que cada um permaneça dentro do âmbito dos seus próprios limites.

     Este limite é, permito me dizê-lo de modo radical, um limite desejado por Deus. O que significa isso? Todo mundo é como é, pensado e tomado a serviço por um outro poder, incluindo os seus limites. À medida que respeito o limite do outro, também respeito o meu. Isto é, respeito o meu limite e o do outro em sintonia com um movimento do espírito. Esse limite cria paz, se permanecermos em sintonia com ele, pois os movimentos do espírito voltam-se do mesmo modo para todos os lados.

     Portanto, a paz torna-se possível em sintonia com um movimento do espírito, em sintonia com a sua dedicação a tudo, tal como é, em sintonia com seu amor, em sintonia com seu amor espiritual.

     O que se opõe a esse amor? Quando ouso acreditar que sou mais movido por esse espírito do que um outro, colocando-me desse modo acima dele. Nesse momento, perco a sintonia com os movimentos do espírito e com seu amor, isto é, entro em conflito tanto com os outros como com um movimento do espírito.

     Como consequência, encontro-me abandonado a mim mesmo. Experimento a mim mesmo abandonado por esse espírito e por sua orientação. De que modo vivendo isso? Fracassando ou morrendo ou quando alguém morre em meu lugar.

     Mas será que serei completamente abandonado por esse espírito? Jamais. Ele apenas me toma de outra forma a seu serviço. Ele me toma a seu serviço de um modo doloroso para mim e para os outros, isto é, continua tomando-me inteiramente a seu serviço.

     Para onde nos conduz, dessa forma, a seu serviço? Conduz-nos à paz. Conduz-nos ao reconhecimento mútuo de nossos limites e, assim, ao respeito diante dos outros da forma que são e ao respeito diante de nós mesmos, da forma que somos. Porém, para muitos, através de desvios e experiências dolorosas. No entanto, quanto mais permanece a paz, tanto mais modestas se tornam as nossas exigências, tanto mais sabemos da nossa semelhança com os outros.

     Essa, no entanto, é a paz essencial, a paz que permanece, a paz humana. Essa é a paz do espírito.

12.8  Basta

     Sempre quando aprendemos algo novo, como aqui com as Constelações familiares espirituais, sentimos após um tempo: agora basta. Isso significa que sabemos o suficiente para aplicar aquilo que aprendemos e esperamos pela oportunidade de aplicá-lo. Portanto, desejamos também aprender através de nossa própria experiência. Apenas aquilo que experimentamos por conta própria, incluindo os erros e até os fracassos, compreendemos realmente. E sabemos, principalmente, de modo imediato a partir do nosso sentimento, se algo é possível ou não.

     Por isso, um professor não revela para os seus alunos tudo o que sabe. Leva-os até um limiar que precisam ultrapassar sozinhos, sem o seu apoio. Aqui ele se recolhe.

     Nesse sentido, expliquei e demonstrei apenas algumas coisas referentes às Constelações familiares espirituais. Porém, aquele que me acompanhou internamente, principalmente na postura de dedicação a tudo da forma que é, sabe o suficiente para arriscar-se a essa aventura e se entregar aos movimentos do espírito, da forma que eles o conduzem.

     Desse modo também confio nas forças maiores, forças essas que conduzem os outros assim como me conduziram. Recolho-me em sintonia com o seu amor e permaneço em sintonia com um movimento que continua, continua em relação a todos, também comigo.

12.9  Partida

     Para onde vou quando me encontro em minha meta, para onde fui? Ainda sou aquele que se moveu até lá ou então a meta me absorveu de tal modo, que nela me perco?

     Do que estou falando aqui? De que caminho, de que fim? Estou falando de um caminho do conhecimento, do caminho em direção a um conhecimento último. Continuo existindo diante dele? Ou será que me absorve para dentro de si, de forma que nele me perco, tornando-me conhecimento, conhecimento puro?

     O que significa puro, aqui? Puro significa que caminhei através desse conhecimento, que nele me perdi, que nele parti. Nessa hora, quem continua conhecendo? Quem atua através desse conhecimento? Quem deseja algo através desse conhecimento? Quem se torna, algo através desse conhecimento? Ou será que esse conhecimento é apenas um saber, um saber puro, um saber enquanto existência pura?

     Esse saber atua porque sabe. Podemos reconhecer o seu efeito, pelo menos parcialmente. Mas será que podemos reconhecer aquilo que nos conhece desse modo?

     Em certa medida, até certo ponto, podemos conhecer o caminho que conduz a isso - principalmente quando, ao percorrer o mesmo, sentimo-nos guiados por uma força ciente. Porém, após um tempo, o conhecimento cessa e tem início o saber, o saber puro sem um Eu, um saber que nos torna presentes, infinitamente presentes.

     Mas o que ocorre, então, com o nosso destino? Com os destinos daqueles com os quais nos encontramos emaranhados? O que ocorre com as vidas passadas? Com a vida daqueles que viveram antes de nós e de cuja existência ainda nos alimentamos? Nesse saber tudo partiu, desabrochado, realizado, conosco, na meta.

12.10  Epílogo

     A Hellinger Sciencia é uma ciência em movimento. Tem um alcance para além de si mesma. Quem se envolve com esse movimento cresce a cada instante para além do que veio antes. Por isso as compreensões e as suas aplicações descritas neste livro a princípio se diferenciam daquilo que normalmente associamos à palavra ciência, como se apenas a sua repetição provasse o seu caráter científico e a sua validade duradoura.

     A ciência de nossos relacionamentos e nossa vida, da forma que é, pode ser apenas uma ciência em movimento, assim como os nossos relacionamentos, nosso amor e nossa vida.

     Por isso o que importa não é repetirmos algo ou aprendê-lo de uma forma que possamos repeti-lo. Pelo contrário. Nós nos envolvemos com esse movimento, com o movimento dessa ciência de nossos relacionamentos, crescemos a partir dela, continuamos nos movimentando e, nessa ciência, permanecemos centrados em todos os sentidos. Permanecemos no movimento como algo que está além de nós, algo espiritual que nos põe em movimento.

     Permanecemos neste movimento guiados por um espírito amplo, centrados e abertos para o diferente e o novo, que se revelam a cada dia de modo diferente e novo para nós, criando um novo saber. Permanecemos sem palavras, corajosos na nossa força, criativos para muito além de nós mesmos - e principalmente vinculados, em todos os sentidos, ao amor.

     O próximo passo.

     Neste livro Bert Hellinger mostra o próximo passo de seu trabalho. O amor abrangente. O amor do espírito.

     É o amor a serviço da vida que supera os limites que habitualmente colocamos a nós e aos outros, quando fazemos distinções entre o bom e o mau.

     Este livro ensina as compreensões básicas sobre esse amor e como essas compreensões constituem uma ciência nova, que abrange todas as relações humanas - uma ciência do amor - a Hellinger Sciencia.

     Aqueles que se interessam pelo tema do amor encontrarão aqui as compreensões básicas que ajudam a superar as barreiras que bloqueiam o amor em todos os níveis. Encontrarão também grande número de referências - todas extraídas da prática - o que facilita a compreensão do amor do espírito em toda sua extensão e como podemos utilizar tais compreensões em nossa vida pessoal e profissional.

     Um livro que dissipa qualquer estreiteza que ainda possa existir, levando para a amplidão.

     EDITORA ATMAN

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