Livro de Urantia

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Capítulo 7
Conflitos Humanos antes da Impressão do Livro de Urantia


História dos Documentos de Urantia
De Larry Mullins
Com Meredith Justin Sprunger

Traduzido generosamente por
Francisco Santos de Oliveira
Conflitos Humanos antes da Impressão do Livro de Urantia
    7.1  O tumulto de Sherman
    7.2  Quem era Harold Sherman?
    7.3  Conflitantes registros de Sherman
    7.4  A petição e a segunda colheita
    7.5  Leitura de prova dos documentos de urantia
    7.6  A responsabilidade pelas correções
    7.7  As placas são fundidas
    7.8  Erros no livro de urantia
    7.9  Os reveladores não queriam a contribuição humana
    7.10  Ninguém poderia ter feito melhor
    7.11  Por que não um livro perfeito?
    7.12  Alterações feitas no texto original
    7.13  Alterações editoriais chaves no texto
    7.14  Alterações não indicadas ao pé da página nem no final
    7.15  Os ajustes de tempo da publicação

     Por volta de 1941, a França tinha entrado em colapso e Hitler era o virtual senhor da Europa. Havia entre os americanos grande preocupação de que os Estados Unidos fossem arrastados para o conflito para ajudar a Inglaterra. Enquanto isso, no número 533 de Diversey, a preocupação com a guerra era combinada com a previsão de que a publicação dos Documentos de Urantia seria retardada. Nessa atmosfera, em julho de 1941, Harold Sherman e sua esposa visitaram o Dr. Sadler em Chicago. Esse haveria de ser um encontro funesto.

7.1  O tumulto de Sherman

     Em 1942 teve lugar no Fórum uma rebelião de grupos, geralmente conhecida como o "tumulto de Sherman". O triste resultado desse feroz conflito afetou a cultura do Fórum e causou divisões no Movimento de Urantia que persistiram até os dias atuais. Para compreender o impacto demolidor que o "tumulto de Sherman" teve sobre o Fórum, nós precisamos primeiro considerar os aspectos não aparentes dos primeiros planos visando formar uma organização para supervisionar o bem-estar e a propagação dos Documentos de Urantia. Nós sabemos que nos começos dos anos Trinta estavam sendo formulados planos para uma organização Urantia porque Clyde Bedell escreveu uma forte carta a Wilfred Kellogg em outubro de 1933, questionando a idéia de um Conselho de Administração auto-indicado com direitos vitalícios86. Por volta de 1941, como a possível publicação dos Documentos parecia estar se aproximando, foram consultados advogados pela Comissão de Contato quanto à formação e estrutura de uma entidade incorporada para assumir a responsabilidade pelo bem-estar dos Documentos de Urantia. O Fórum estava a par dessa atividade, mas eles não eram consultados, nem mesmo geralmente inteirados da natureza e status dos planos organizacionais da Comissão de Contato. Foi nessa atmosfera que Harold Sherman e sua esposa se associaram ao Fórum.

     Para compreender o que então teve lugar, precisamos examinar três fontes primárias. Em 1976 Harold Sherman publicou uma visão muito dramática dos acontecimentos dos 34 anos precedentes numa pequena brochura: "How to Know what to Believe [Como Saber no Que Acreditar]". No mesmo ano, Clyde escreveu um documento em réplica: A Response to a Thinly Disguised Attack on the Urantia Papers [Resposta a um Ataque Mal Disfarçado aos Documentos de Urantia]. Ambos os relatos são passionais; e cada lado tende a demonizar o outro. Não foi senão em 2003-4, quando Saskia Praamsma e Matthew Block publicaram os volumes 1 a 3 do The Sherman Diaries [Os Diários de Sherman], que novas informações deram mais uma perspectiva aos acontecimentos.

     Os Diários de Harold Sherman e o documento réplica de Clyde Bedel estão em razoável acordo acerca de acontecimentos germinais que levaram à crise. Pouco depois que os Sherman chegaram, a 31 de maio de 1942, o Fórum foi informado de que a fase da Revelação estava terminada, e não mais seriam acolhidas perguntas dos membros do Fórum87. O texto foi fixado, e a Comissão de Contato foi autorizada a prepará-lo para publicação. Desse ponto em diante, o Fórum tornou-se uma espécie de grupo de estudo glorificado88. Os membros foram também excluídos de qualquer participação na formação das organizações que protegeriam e propagariam a Revelação. Deve-se notar aqui que os membros do Fórum tinham contribuído com o dinheiro que tornou possíveis os preparativos para a impressão do livro (a composição do texto em tipos e a elaboração das placas de impressão). Devido à degradação do Fórum e exclusão dos membros de discutir os planos organizacionais, houve uma moderada, mas crescente dissidência no Fórum.

7.2  Quem era Harold Sherman?

     Harold Sherman era um bom escritor com uma inclinação poética e espiritual, e sua esposa Martha era a ele supremamente devotada. Ele tendia para o oculto e tinha fortes convicções acerca dos fenômenos psíquicos. Em 1921, com a idade de 23, Sherman passou um começo de noite com Harry Loose, que era um indivíduo enigmático e carismático. Sherman tornou-se convencido de que Loose tinha insondáveis poderes psíquicos. Com exceção de uma única carta de Loose, eles perderam contato, mas Sherman nunca esqueceu aquela noite.

     Era 1941 antes que Harold fosse capaz de localizar Loose outra vez. Naquela ocasião, Loose falou a Harold dos Documentos de Urantia. Aparentemente Loose tinha sido um paciente do Dr. Sadler e tinha tomado parte no Fórum. Loose disse que quando os Documentos fossem publicados em livro, eles causariam um impacto no pensamento do mundo inteiro. Além disso, Loose estava certo de que Harold estava destinado a desempenhar um importante papel na propagação do Livro de Urantia, e eventualmente escreveria ele mesmo um grande livro que teria o mesmo objetivo que os Documentos de Urantia. Loose tinha uma notável habilidade para lisonjear e persuadir Sherman de que o escritor era um filho do destino, e ele seria uma potente força à medida que se tornasse familiarizado com os Documentos de Urantia. O livro de Sherman, escreveu Loose repetidamente para Sherman, resultaria em fama e aclamação histórica para ele. "Oh que livro você eventualmente escreverá! `Este é o apartamento em que ele uma vez viveu' ..." [Diaries, vol. 2, página 64]. Loose assegurou a Harold que Sherman era um indivíduo sem igual, um de um grupo especial que ele chamou de híbridos. Loose acreditava que tanto ele quanto Sherman tinham reencarnado em nosso planeta várias vezes. (Certamente esta idéia é contrária aos ensinamentos dos Documentos de Urantia, mas naquela época Sherman não sabia disso).

     Harold e sua esposa eventualmente viajaram para Chicago para encontrarem o Dr. Sadler e para aprender mais acerca da Revelação. Os Sherman foram aceitos pelo Dr. Sadler e eles se mudaram para Chicago em maio de 1942 para estudar a Revelação de Urantia. A partir dos Diários, é claro que Sherman e Martha se sentaram no Diversey 533 para ler os Documentos de Urantia com corações honestos e desejo sincero de servir à Revelação. E nesse ponto é que termina o primeiro volume dos fascinantes Diários. Então vêm os volumes dois e três, com informações que são ainda mais assustadoras e intrigantes.

     O Volume Dois dos Diários deixa certa confusão em minha mente. A respeito de muitas coisas importantes, ele contrasta dramaticamente com o Livro de Harold de 1976, "Como Saber no Que Acreditar". Por exemplo, Sherman elogia extravagantemente os Documentos de Urantia através de todo o Volume Dois dos Diários:

     "... Isto é uma revelação verdadeira e autêntica, e cientificamente provável, de todos os mistérios do universo que têm iludido o homem desde que a evolução das criaturas humanas neste planeta ... Cada linha da imensa quantidade de material é absolutamente de tirar o fôlego." [página 23]

     Isso, a despeito do fato de que o material dos híbridos de Harry Loose está supostamente "faltando". Loose escreveu:

     "A longa e muito interessante história dos híbridos foi evidentemente apagada das mentes e dos documentos. Por que, eu não sei, mas esteja certo, foi por uma boa razão." [página 47].

     Do Dr. Sadler Sherman escreve:

     "O Dr. Sadler é uma personalidade tão gentil como jamais encontramos, e estou certo de que significa o melhor." [página 43].

     Leves reclamações de Loose pelo correio não afetam a paixão de Sherman pelos Documentos, e ele continua a fazer rapsódias sobre eles. Nos Diários, depois de uma leitura completa dos Documentos, Harold escreveu:

     "Aceito de coração e sem qualquer reserva absolutamente todo o Livro de Urantia e a Revelação que ele contém." [página 73]

     De Jesus ele escreve:

     "... pela primeira vez compreendemos completamente o aparecimento de Jesus na Terra - por que ele veio e o que sua vinda significa para nós, em relação a nosso destino, que conduz além do que chamamos morte para glórias indescritíveis." [página 23]

     Mesmo depois de uma confrontação com os Sadler no Fórum, em setembro de 1942, Harold mantinha fé nos Documentos, embora ele estivesse desiludido com o Dr. Sadler. Ele escreveu desse choque para Sir Hubert Wilkins em outubro, observando que:

     "afinal, nada aconteceu para desacreditar a maravilhosa revelação".

7.3  Conflitantes registros de Sherman

     Essa é uma versão dos acontecimentos muito diferente daquela que é apresentada no livro de Sherman de 1976. Por exemplo, Sherman proclama em "Como Saber no Que Acreditar" que ele e Martha tiveram dúvidas imediatas acerca dos Documentos por várias razões, entre as quais porque "não podiam aceitar" o conceito do Ajustador do Pensamento. [página 71] Ele declara em "Como Saber no Que Acreditar" que estava preocupado porque as primeiras três Partes dos Documentos não faziam menção a Jesus, e que os Documentos de Jesus foram acrescentados depois que o Livro fora declarado "concluído" em 1934. [página 72] Deve-se notar que Clyde Bedell e virtualmente todos os membros do Fórum concordam que a Revelação continuou por todos as anos Trinta, e os Documentos não foram declarados concluídos pelos Reveladores até 31 de maio de 1942, quando a cópia foi fixada. Além disso, são feitas referências a Jesus vezes sem conta através do texto, começando na página 30, e mais 19 vezes nas primeiras cem páginas. Harold escreveu em "Como Saber no Que Acreditar" que havia 92 Documentos ao todo [página 61] - há 19689. Obviamente as recordações de Harold tinham-se evaporado por volta de 1976 (ele estava com 78). Mas, há discrepâncias mais sérias entre os registros do Diário de Sherman e sua versão do que aconteceu, em seu "Como Saber no Que acreditar".

     Em "Como Saber no Que Acreditar" Sherman diz que ele estava imediatamente interessado acerca dos Documentos de Urantia como um investigador e um advogado dos fenômenos psíquicos, incluindo projeção astral, comunicação com os mortos, numerologia, astrologia, e reencarnação. Sherman alega em "Como Saber no Que Acreditar" que ele ficou perturbado porque os Documentos de Urantia rejeitavam tais conceitos psíquicos (ao ponto de os Documentos descreverem-nos como "sórdidos"). Ele diz que mandou rapidamente uma carta registrada ao Dr. Sadler acusando-o virtualmente de entravar a verdade e distorcer os Documentos de Urantia porque ele alegava que o Dr. Sadler era "preconceituoso" contra os fenômenos psíquicos. A Carta de Sherman, cujo texto está impresso em "Como Saber no Que Acreditar", realmente adverte o Dr. Sadler de que, como "guarda de confiança" dos Documentos de Urantia ele seria chamado a prestar contas através dos séculos vindouros por sua alteração do texto para entravar informações sobre viagem astral, comunicação com os mortos, reencarnação, e assim por diante90. Quando sua rude carta foi supostamente respondida por apenas uma fria manifestação de raiva do Dr. Sadler, Sherman diz que ele se associou a Clyde Bedell e outros machos agressivos do Fórum para desafiar a dominação de Sadler sobre o Fórum submetendo-lhe uma petição.

     Essa descrição dos acontecimentos está longe da esfera de ação dos acontecimentos que os Diários descrevem no Volume Dois. Deixando de lado se Sherman, naquele momento acreditava "sem reservas" na Revelação, como está registrado nos Diários, ele também declara que havia três cartas enviadas por Sherman para o Dr. Sadler, antes da sublevação. A primeira fazia algumas perguntas respeitosas sobre fenômenos psíquicos [33-36]. Essa carta termina com um cordial:

     "Essas questões e comentários são submetidos com total respeito e total humildade."

     As outras duas cartas são também muito moderadas, quase bajuladoras, e questionam apenas a estrutura organizacional proposta, e os planos para publicidade, propaganda e distribuição do livro depois da publicação. Os Diários revelam que o Dr. Sadler visitou os Sherman depois de cada uma dessas duas cartas para respondê-las em pessoa. Houve uma discussão séria, cortês e detalhada entre Sadler e Sherman acerca tanto de problemas organizacionais quanto de planos de publicação. Sadler estava aberto a sugestões sobre a publicação dos Documentos, mas era completamente não responsivo quanto a problemas organizacionais. Mesmo assim, não houve animosidade aberta entre os dois. Contudo, Loose escreve a Sherman sugerindo que ele deve agora confrontar Sadler agressivamente:

     "Sim, você cometerá erros. Todo profeta e vidente, todo homem santo, sem exceção, desde o começo até agora, têm cometido erros. Você não será uma exceção, e certamente eu não tenho sido uma exceção." (página 115)

     Na metade de agosto de 1942, Sadler, Christy e os Sherman fizeram um passeio de automóvel até Marion, Ohio, para confraternizar com os Davis. Sherman levantou a questão organizacional no caminho, e foi apoiado por Christy. Embora Sadler tenha-se mantido firme, o passeio de fim de semana prosseguiu em bons termos. O Dr. Sadler não parece suspeitar de nada. Fora do alcance do ouvido, Christy revelou para Sherman que o Dr. Sadler "ficará terrivelmente esmagado" se e quando ele souber das atitudes negativas que existiam no Fórum. Nesse fim de semana Sherman recebe durante o sono uma "mensagem" que ele atribui a seres celestiais. É intitulada: "Planos de Batalha pelo Livro de Urantia" e apóia passionalmente as idéias de Harold para distribuição em massa do Livro com mínima organização. Harold considera esse sonho como o sinal pelo qual ele tinha estado esperando. Ele escreve para Harry Loose na sua volta de Marion:

     "Como você vê pelo anexo [Plano de Batalha pelo Livro de Urantia,] sua carta foi uma confirmação de: `Plano de Batalha pelo Livro de Urantia', e você diz lute - ataque e ataque e ataque!"

     "Estão começando a acontecer coisas. Estou recebendo minhas instruções. Esses documentos parecem-me irrefutáveis. Como pode Sadler ou qualquer humano manter-se contra isto? Estou obtendo ofertas de apoio de membros proeminentes do Fórum altamente considerados pelos Sadler, que ficarão chocados quando forem confrontados por esses `antigos confiáveis' ". [página 121]

     Parece na verdade estar acontecendo coisas, e o Dr. Sadler continua desatento. Harold começa a arranjar cada vez mais apoio para reabrir a discussão acerca dos planos de organização. Ele mostra seu Plano de Batalha pelo Livro de Urantia a vários membros do Fórum, inclusive os Kellogg e a filha deles Ruth. Foi decidido que seria oportuna uma petição, e Clyde Bedell foi escolhido para a tarefa de dar-lhe forma. Enquanto isso, o Dr. Sadler, ainda ignorante dos problemas em fermentação, teve uma notável reunião com os Sherman na qual ele deu uma detalhada explicação de como os Documentos de Urantia foram materializados. Nessa explicação ele esclareceu que nenhum nome humano jamais seria ligado ao Livro de Urantia.

     Deve-se também notar que no registro feito nos Diários acerca do Tumulto de Sherman (diferentemente do que consta do livro de Sherman de 1976) em nenhum momento foi o conteúdo dos Documentos posto em questão, o ponto era quem iria controlar, negociar e distribuir os Documentos. A carta desafiadora que Sherman alega que enviou pelo correio para Sadler, aquela que foi impressa em "Como Saber no Que Acreditar", não é sequer mencionada no Volume Dois dos Diários. Ela não faz um aparecimento até o Volume Três, de 7 de abril de 1943, mais de seis meses depois da explosão do Fórum. [página 125] Àquela época , Harold escreveu a carta em questão mas não a enviou para Sadler. Ele decidiu mandá-la para Harry Loose, para obter sua opinião do conteúdo. Loose respondeu imediatamente, aconselhando Sherman a não mandar a carta para Sadler "neste momento". A 10 de maio de 1943, Sherman escreve para Loose e lhe diz que arquivou de vez a "carta proposta". (página 160) Não consigo encontrar qualquer outra menção a esta carta nos Diários. Além disso, imediatamente após o tumulto no encontro do Fórum (em seguida à petição) Sherman enviou uma carta apologética ao Dr. Sadler. Ele incluiu um depoimento que dizia que ele não tinha aspirações comerciais de qualquer espécie acerca dos Documentos. Escreve ele: "Não tenho interesse, desejo ou intenção de desafiar sua autoridade ..." Sherman concluía a carta com: "Todos temos nossas faltas humanas. Eu tenho as minhas. Perdoa-me você aquelas, como eu perdôo as suas?"

     Surge um interessante aspecto incidental. Harry Loose recebe uma cópia do Plano de Batalha pelo Livro de Urantia, e imediatamente avisa Sherman para não apresentá-la como uma mensagem celestial, e que ela era endereçada apenas a Sherman. Isso põe Sherman numa embaraçosa situação, uma vez que ele já a partilhara e dera a entender a algumas pessoas que ela tinha vindo pronta como uma mensagem do alto. Ele nunca descobre essa indiscrição para Loose. Em meu julgamento, Os Diários de Sherman são um registro muito mais confiável do que teve lugar no Fórum no fatídico mês de maio de 1942, do que o livro de Sherman, assim como do que a réplica de Clyde.

7.4  A petição e a segunda colheita

     Clyde Bedell completou o esboço final de uma petição de quatro páginas, escrita em forma de carta, em favor dos outros membros do Fórum. Ao final de um encontro secreto, ele apresentou-o a cerca de vinte membros do Fórum, a maioria casais. Nessa carta, Clyde escreveu um longo e cauteloso preâmbulo elogiando o Dr. Sadler, e em seguida entrou no assunto:

     "Acreditamos que as pessoas do Fórum como um grupo deviam envidar seus mais sérios esforços na consideração e desenvolvimento de alicerces tão sadios quanto possível em todos os aspectos práticos do futuro do Livro. Respeitosamente, mas com o máximo de seriedade nós pedimos uma oportunidade de conhecer todos os fatos e todas as providências relativas ao Livro de Urantia e à organização associada proposta, tal como seus planos existem hoje."

     "Até esta data, nenhuma oportunidade foi oferecida ao grupo para estudar, discutir livremente ou examinar encargos, artigos de incorporação, exigências legais, etc das várias organizações contempladas. Até esta data os sérios membros do Fórum, muitos com segura experiência, julgamento e habilidade, não tiveram nenhuma oportunidade para franca e plena expressão de opiniões baseadas na familiaridade com esses planos de organização que têm sido trazidos a formulações elaboradas pelos membros da Comissão de Contato e ajudas de fora."

     "Acreditamos que o talento legal é justificavelmente usado na formulação de certos instrumentos que implementam os planos do Livro de Urantia. Mas não sentimos que as pessoas do Fórum devam ser excluídas do inteiro e completo entendimento de todos os instrumentos identificados com o Livro, pelo qual temos uma solene e inegável responsabilidade como indivíduos91."

     De modo geral, o núcleo desta carta visava a estrutura proposta das "organizações que protegerão o copyright do Livro, quando for publicado, e sua distribuição"92. De acordo com os Diários, 48 membros do Fórum assinaram eventualmente essa petição.

     O Dr. Sadler foi avisado da "revolta" pendente, cedo na manhã seguinte, por um casal arrependido que tinha assistido ao encontro. Ele estava bem preparado quando a petição foi-lhe formalmente apresentada várias horas mais tarde. Os Sherman relatam que o Dr. Sadler mandou entrar os membros do Fórum, casal por casal, e lhes disse que os Intermediários tinham-no avisado do encontro e o tinham prevenido previamente quanto aos Sherman. Sadler disse que os Intermediários tinham-lhe proporcionado uma imagem de "televisão" do encontro. Pela primeira vez o nome de Caligástia foi trazido à atenção e foi feita a suposição de que ele era o instigador que estava trabalhando através dos Shermam. Cada peticionário foi convidado a retirar sua assinatura ou ser estigmatizado como "rebelde" Todos os peticionários foram proibidos de ter contato com os Sherman. Uma cuidadosa leitura do documento de Clyde parece revelar que o Dr. Sadler pode ter dito pelo menos algumas dessas coisas, mas Clyde alega que elas foram ditas somente como gracejos93. Fossem ou não gracejos, todos os 48 membros retiraram imediatamente seus nomes, com exceção dos Sherman e de Sir Hubert Wilkins, que estava fora da cidade.

     Seguiu-se um encontro explosivo do Fórum no qual Harold Sherman desafiou abertamente as declarações de Dr. Sadler relativas ao seu papel e ao de Martha na petição. Os registros de Clyde terminam aqui; ele escreveu que não lembra dos Sherman assistindo a encontros depois da confrontação94. Contudo, os Diários são meticulosamente detalhados, e são muito persuasivos em que os Sherman continuaram a assistir aos encontros. Além disso, parece claro que outros membros começaram aos poucos a contatar os Sherman. A insatisfação acerca da estrutura organizacional continuou, e muitos membros do Fórum original nunca ficaram satisfeitos com a estrutura da Foundation (Fundação) e da Brotherhood (Irmandade). Clyde Bedell era certamente um deles. Contudo, no meu julgamento, o maior dano resultante foi ao movimento de Urantia pela maneira como a petição foi entregue. Nasceu um círculo interno, e isso permanece até os dias de hoje tanto no coração da Foundation quanto da Brotherhood. O palco foi montado para futuras "mensagens secretas" e um desfile de outras "pessoas especiais" que seriam convidadas a ingressar num autocrático círculo interno que presumia total autoridade sobre a Revelação de Urantia. Isso, em meu julgamento, foi o desastroso resultado da sombra de rebeldia há muito enfrentada pelo Dr. Sadler.

     Contudo, devo acrescentar que o livro de Harold de 1976 é enganoso. Sua paixão e devoção aos documentos de Urantia nos primeiros anos estão super-documentados. A esta altura eu continuo convencido de que, a despeito de seus erros ao lidar com a petição do Fórum, o Dr. Sadler protegeu os textos originais da Revelação. Quaisquer que tenham sido as fraquezas humanas do Dr. Sadler, eu não creio que ele tenha feito mudanças na Revelação de Urantia. Alguns, sem dúvida, verão isso de forma diferente. Os leitores devem pesar os fatos disponíveis e julgar por si mesmos. Aos interessados, eu recomendo com ênfase que leiam eles mesmos os Diários dos Sherman. São uma completa e fascinante janela abrindo para um dos mais notáveis episódios da história humana.

     Quase todos concordam que contatos autênticos (embora limitados) com os Reveladores continuaram, até a publicação do Livro em 1955, depois do que os Reveladores anunciaram o fim com um curto: "Doravante vocês estarão por conta própria." Quando as placas estavam sendo preparadas em 1942, aparentemente os Intermediários permitiram que os acontecimentos humanos seguissem seu curso, mas não é plausível que eles permitissem a contaminação humana dos Documentos de Urantia, ao mesmo tempo em que eles continuavam a dirigir os passos para a sua eventual publicação no distante 1955. Para concluir, nenhum dos que acreditam que o Dr. Sadler corrompeu a Revelação explicou satisfatoriamente por que os Reveladores simplesmente não puxaram a tomada do projeto. Através de todo 1942 e até sua morte no outono de l943, Harry Loose manteve sua inflexível alimentação das crescentes dúvidas de Sherman, lamentando continuamente a suposta "remoção" do seu estranho conceito dos híbridos, e dizendo a Sherman que grande homem ele estava destinado a ser. Ainda assim, em suas últimas cartas acerca dos Documentos de Urantia, o maior tormento de Sherman parecia ser contra os Documentos de Jesus. Embora nas primeiras partes dos Diários ele não tivesse senão elogios para com eles, em 1976 parecia que ele gradualmente veio a acreditar que eles tinham sido acrescentados pelo Dr. Sadler para amarrar a Revelação à religião Cristã. Quase todos os estudantes do Livro de Urantia vêm a vê-lo como uma grande estrutura cósmica para a reapresentação da Vida e Ensinamentos de Jesus de Nazaré. Em "Como Saber no Que Acreditar", Sherman lamentou os litígios da Urantia Foundation com leitores do Urantia Book e declarou que o projeto todo era um fracasso. Ele ficou subjugado por Oahspe, um livro que ele veio a acreditar era muito superior aos Documentos de Urantia. É provável que Harold Sherman nunca tenha imaginado que os Diários viessem a ser publicados. Martha Sherman tomou essa decisão depois da morte dele.

     Em meu julgamento, nós somos deixados a meditar não sobre a suposta "corrupção" dos Documentos, mas acerca da insensatez humana, depois que o texto estava fixado, insensatez que continuaria depois da publicação. Como veremos, as Organizações Urantia foram formadas em grande parte como o Dr. Sadler, Bill Sadler e vários procuradores as tinham delineado. Logo depois da publicação do Urantia Book, Bill e seu pai tiveram uma disputa, dividindo o grupo de Chicago em duas sociedades. O sonho de Bill de uma Brotherhood democrática jamais viria a se realizar, e eventualmente ocorreria uma divisão entre a Brotherhood e a Foundation que nunca foi sanada. Não me posso impedir de imaginar o que teria acontecido se Harold Sherman e Clyde Bedell tivessem retrocedido em seus caminhos àqueles primeiros dias dourados em que Sherman se referia ao Dr. Sadler como tendo "uma personalidade tão gentil como jamais encontramos". Clyde e Harold queriam os Documentos divulgados e distribuídos às massas, a custo baixo ou a nenhum custo. Ambos acreditavam que as pessoas podiam decidir a verdade por si mesmos, e que não era necessário ter uma organização formal entre as pessoas e a revelação que a elas pertencia.

7.5  Leitura de prova dos documentos de urantia

     Pela metade de 1942, estavam em andamento atividades para preparar os Documentos de Urantia para publicação. O manuscrito de Urantia, meticulosamente preparado e estudado, teria agora que ser encaminhado para composição e submetido a cuidadosas provas antes que pudessem ser preparadas as placas para a impressão em forma de livro. Provavelmente tinham sido eliminados da cópia manuscrita quase todos os erros de soletração, pontuação e colocação de maiúsculas. (Como sabemos, a Comissão de Contato só tinha permissão para providenciar esses tipos de correção95). Se, naqueles dias, a Comissão de Contato tivesse o benefício da tecnologia da computação, a tarefa de pré-publicação teria sido relativamente simples. Christy teria preparado um disco a partir do seu computador e o teria entregue ao impressor. Automaticamente teria sido feita a composição tipográfica e gerada uma prova. Christy teria sido levada a lidar com questões de formatação básica.

     Como era diferente a situação nos anos Quarenta! Quando Christy entregou os preciosos manuscritos do Livro de Urantia para o editor, R. R. Donnelley & Sons, começaram os árduos processos de composição tipográfica, fazer uma prova, corrigir e repetir a prova. Cada palavra, cada linha e cada página daquele manuscrito tinha que ser completamente refeito por um operador de monotipo, em seguida fundidos como tipos de metal quente e reunidos numa galé. "Puxava-se" em seguida uma prova (impressa) da galé e isso era conferido por um leitor de provas profissional em confronto com o manuscrito original. Uma vez que o leitor de provas estivesse satisfeito, a prova era submetida ao cliente, para aprovação final96.

     Era importante que o OK final do cliente fosse considerado com muito cuidado e fosse verdadeiramente final, antes que as placas fossem estampadas. De outra forma, seria necessária uma operação vultosa para fazer mesmo uma pequena correção na placa fundida, e uma correção maior poderia exigir que toda a placa fosse refundida. Fundir uma placa era um processo complexo e de alto custo que, no caso de um livro, usualmente envolvia um grande número de páginas ao mesmo tempo. Bill Sadler Jr. declarou em sua fita de 18 de fevereiro de 1962, que uma placa incluía um lado de 16 folhas (uma folha consistia de duas páginas) do Livro de Urantia e essas 16 folhas eram impressas simultaneamente. Isso confere com a informação que obtive de dois empregados aposentados de Donnelley. Depois que o cliente tivesse concedido a aprovação definitiva, usava-se uma impressão da página da galé original para criar um modelo. Em seguida despejava-se metal quente. Formava-se uma verdadeira placa curva, a qual podia ser usada na prensa rotativa. Uma vez que a placa final estivesse fundida, a achatada galé original de tipos era "emborcada" e o metal usado em seguida para novas montagens de tipos.

     Produzir um livro desprovido de falhas, duplicando palavra por palavra do manuscrito, com pontuação perfeita, é uma tarefa difícil, mesmo com um livro comum e clientes sofisticados. No caso do manuscrito do Livro de Urantia, estavam envolvidas mais de um milhão de palavras. Além disso, esse enorme trabalho incluía muitas palavras não cunhadas na língua inglesa, e formavam numerosas sentenças longas e complexas. Os urantianos descobririam que o processo de publicar livro é muito mais complexo do que corrigir manuscritos datilografados.

     Um dos problemas mais difíceis com clientes menos experientes acerca do processo de impressão é o que o pessoal da propaganda chama o "efeito halo". A página datilografada de prova parece tão bonita, especialmente depois de ler uma página datilografada comum por anos e anos, que é difícil para um olho não treinado ver as falhas. Mas, os duros e frios fatos são: a exatidão do Livro de Urantia impresso não poderia ser melhor do que o processo de prova final, independente de quão cuidadosamente tenha o manuscrito original sido preparado.

     Em janeiro de 1939, Marian Rowley associou-se ao Fórum. Ela recorda a leitura dos Documentos no manuscrito original datilografado97. O manuscrito dos Documentos de Urantia só podia ser lido por membros do Fórum em Diversey Parkway, 533. Havia várias cópias datilografadas lá, e os indivíduos podiam sem reservas assinar um Documento na ocasião e lê-lo no edifício. Permitia-se ler antes dos encontros no domingo ou durante as horas de trabalho e à noite nos dias de semana. Os Documentos eram guardados numa câmara subterrânea e eram administrados pela Comissão de Contato98.

     Podemos presumir que o processo inicial de prova (antes de fundir as placas) prosseguiu por um tempo considerável. Somos informados de que Mary Penn, uma empregada da Donneley Company, era o profissional que fazia a leitura de prova dos Documentos no ambiente do no 533. Se ela tivesse uma pergunta, faria uma consulta à Comissão de Contato99. Contudo, a tarefa de um leitor de prova profissional é primariamente suprir o cliente com uma prova acurada, o cliente é responsável pelos ajustamentos e correções finais. O leitor de prova compara cuidadosamente a prova da galé com o manuscrito, marca as correções e devolve-o para o compositor. Este faz as correções e imprime uma nova prova. Não há limite técnico para o número de provas que podem ser corrigidas e impressas, mas impressores profissionais são geralmente peritos nesse processo, e uma ou duas provas são usualmente suficientes.

7.6  A responsabilidade pelas correções

     Uma vez que o leitor de prova esteja satisfeito, uma nova prova é preparada e fornecida ao cliente. A prova nova não é considerada final até que o cliente decida que ela está perfeita. Novas provas são geradas até que o cliente esteja satisfeito e rubrique sem reservas a cópia final, e nenhuma fundição de placa terá lugar até que essa prova rubricada esteja nas mãos do impressor. Há uma sutil pressão sobre o cliente, porque até que seja dada a aprovação final a uma prova, a placa não pode ser fundida, a galé de tipos não pode ser emborcada e o metal reutilizado. Grande número de galés de tipos desocupadas esperando a aprovação final do cliente representam investimentos substanciais da parte do impressor.

     Mesmo assim, a responsabilidade pelas provas finais está com o cliente - neste caso, a Comissão de Contato. Provavelmente a tarefa estava primariamente sobre os ombros de Christy, auxiliada por Marian Rowley, que muitos consideravam o melhor leitor de prova no 533100.

7.7  As placas são fundidas

     Carolyn Kendall declara que as placas para o Livro de Urantia foram fundidas em algum momento durante a II Guerra Mundial. Se isso é exato, as provas finais foram feitas, os membros da Comissão de Contato as rubricaram, e as placas foram fundidas na metade dos anos Quarenta. Nós sabemos que, em algum ponto do processo de fundição das placas, o manuscrito datilográfico foi destruído. As placas estavam estampadas, fundidas e colocadas numa câmara subterrânea nas instalações de R. R. Donnelley em Crawfordsville, na Indiana. Assim, à medida que 1945 se aproximava do fim, as únicas manifestações materiais de quatro décadas do processo de revelação eram as placas e as provas de galé do Livro de Urantia que tinham sido feitas a partir daquelas placas.

     Contudo, Carolyn também escreve que provas informais continuaram depois que as placas tinham sido fundidas. Ela declara que as "folhas finais da galé lidas pelo Fórum nos anos finais de 1940 e iniciais de 1950 eram estampadas `aprovadas por Oppy' "101 Uma vez que as placas estavam fundidas e os manuscritos datilográficos originais destruídos, já não havia quaisquer meios de conferi-los para verificar o que seriam mais tarde denominados "erros de cópia". Somos informados por Carolyn Kendall de que essas provas finais da galé na verdade continham "erros" (e o mesmo obviamente acontecia com as placas), mas não nos foi dito que espécie de erros:

     "Quando o livro foi publicado a 12 de outubro de 1955, não foi descrito como livre de erros. Os múltiplos processos de fazer transcrições de manuscritos escritos à mão para manuscritos datilográficos; a repetida produção de novos manuscritos datilográficos de duas a cinco vezes; e de manuscritos datilográficos para composições tipográficas apresentavam oportunidades para se introduzirem nos documentos erros que não eram localizados nem mesmo por dois profissionais de leitura de provas. Perto do dia da publicação, Christy e Marian já tinham coletado uma lista de erros notados por membros do Fórum de olho aguçado. Os intermediários não se fizeram voluntários para a localização de erros, apenas se limitavam a dizer que havia erros no texto publicado102."

     Esse parágrafo tanto levanta questões como fornece possíveis pistas para respondê-las. Vamos começar com a suposição de que os manuscritos datilográficos eram satisfatórios para os Reveladores, de outra forma eles não teriam decidido que a Revelação estava completa e era tempo de preparar a impressão do livro. O processo inicial de fazer transcrições do documento original escrito a mão para manuscritos datilográficos e o número de vezes que estes foram subsequentemente refeitos pode ter resultado em copiar erros. Contudo, o manuscrito final era evidentemente aceitável para os Reveladores.

7.8  Erros no livro de urantia

     Somente o manuscrito final era usado pelo compositor, e a composição final era provada contra esse manuscrito. Se existissem erros no manuscrito terminal, como declarado, aparentemente eles não seriam relatados para a Comissão de Contato pelos Reveladores. Pelo menos, não há documentação, ou testemunho de que eu tenha conhecimento, para esse fim. Podemos também presumir razoavelmente que o próprio manuscrito era evidência de que - com o consentimento dos Reveladores - os Documentos de Urantia tinham entrado na corrente principal evolucionária. Isso é muito importante. Pois significa envolvimento humano, e envolvimento humano significa que serão cometidos erros.

     Podemos deduzir razoavelmente que os Reveladores estavam afastando os humanos do seu controle e guiamento. Os Reveladores pareciam estar cada vez mais se restringindo quanto a seus próprios envolvimentos - desse modo, talvez pudessem eles responder a perguntas sobre erros no livro impresso, mas não tinham permissão de revelar onde eles estavam.

     Podemos presumir ainda que quaisquer erros não eram uma ameaça para a integridade geral da Revelação, e que não tinha havido corrupção intencional humana dos Documentos de Urantia. De outro modo, a Comissão Reveladora celestial teria seguramente intervindo e, ou feito ajustamentos ou puxado a tomada de toda a operação.

     Seguindo essa lógica somos levados à conclusão de que os "erros" de pré-publicação a que Carolyn se refere eram devidos a pontuação, soletração e uso de maiúsculas. James Mills, Ph. D., que esteve intimamente associado com a Revelação desde 1951, foi Representante Itinerante para a Urantia Brotherhood, e serviu como um Curador da Urantia Foundation e Curador Emérito por muitos anos, escreveu este comentário em 1991:

     "... antes da publicação, os membros do Fórum, ocupados em ler as folhas das primeiras provas feitas a partir das placas metálicas originais, estavam constantemente procurando primariamente erros tipográficos, incluindo pontuação, erros de gramática, de sintaxe ou quaisquer outros erros que pudessem ocorrer no processo de transferência de um texto do manuscrito através dos procedimentos do linotipo para placas metálicas de impressão. Aparentemente, a fonte mais potente de erros estava no ponto do operador de linotipo103."

     Esse comentário indica que a postura mental das pessoas que prevalecia no 533 era que o operador de linotipo era de algum modo responsável pelos erros que escaparam à atenção da Comissão de Contato, durante o processo de prova. Além disso, verifica-se uma forte preocupação com erros tipográficos de pouca monta. O que viria a ser chamado mais tarde "erros de cópia" editoriais não poderia ter sido verificado porque os manuscritos fonte tinham sido destruídos. E agora nós nos defrontamos com uma pergunta chave. Por que ordenaram os Reveladores que os manuscritos originais fossem destruídos assim que as placas estivessem feitas? A sabedoria humana convencional seguramente diria que os manuscritos fossem preservados para permitir a verificação de qualquer coisa relativa a erros de cópia.

7.9  Os reveladores não queriam a contribuição humana

     Os Reveladores conheciam a natureza humana. Podemos razoavelmente supor que os Reveladores sabiam que existiam nas placas erros tipográficos e aparentes inconsistências. Mais uma vez: os Reveladores evidentemente não estavam tão interessados nisso, porque não sentiam que esses erros fossem uma ameaça à essência da Revelação. Contudo, assim que as placas fossem fundidas, passaria a haver duas versões do texto: o manuscrito e as placas. Os Reveladores sabiam que o manuscrito seria a "autoridade final" usada para verificar esta ou aquela palavra ou declaração. Eles também sabiam que isso criaria um singular "documento sagrado" nas mãos de um pequeno grupo de pessoas. Eles estavam cientes de que o processo de "corrigir" as placas seria interminável, e a porta para opiniões humanas e intromissões humanas, uma vez aberta, jamais poderia ser fechada. Melhor destruir o manuscrito imediatamente, conviver com as placas defeituosas, e deixar que a sabedoria humana lidasse com as anomalias que com certeza seriam mais tarde descobertas. Esse pontos são enfatizados por causa dos acontecimentos que ocorreram antes da segunda impressão. Examinaremos isso no próximo capítulo.

     Os poucos pontos do texto onde haviam possíveis inconsistências editoriais não seriam desenterrados até que leitores de olho aguçado eventualmente os descobrissem. Tivesse a Comissão de Contato sabido das inconsistências, seguramente eles teriam perguntado acerca delas e teriam buscado permissão para refazer as placas problemáticas em 1950 - antes do estabelecimento da Declaração de Custódia - quando o texto foi oficialmente transferido e tornou-se responsabilidade da Urantia Foundation. Essas "correções" editoriais teriam exigido mudanças de palavras e de números e supressões, mas àquela época a Comissão de Intermediários Reveladores estava disponível e poderia ter sido prontamente consultada pelos cinco membros restantes da Comissão de Contato. Teria sido um tanto dispendioso fazer essas correções e refazer as placas de algumas páginas em 1950, mas teria valido o tempo e evitado o problema. Tal como tudo aconteceu, quando feitas as placas e destruídos os manuscritos, as placas se tornaram o texto original. As placas são definidas nesses termos, na Declaração de Custódia da Urantia Foundation - e elas foram usadas para publicar o texto original em forma de livro em 1955. Foram publicadas 10.000 cópias do Livro e as placas estavam em precisa concordância, e não havia outro texto.

     Desse modo a lista de "erros" que tinham sido coletados durante um período de dez anos, os únicos acerca dos quais, pela pressão do tempo, Christy falou a Carolyn Kendall, eram muito provavelmente limitados a erros de soletração, pontuação e uso de maiúsculas. Isso pode ter sido um embaraço, mas obviamente os membros da Comissão consideravam esses tipos de erros menos do que críticos. Da maneira como as coisas aconteceram, a Comissão de Contato providenciou o uso das placas como as bases para estabelecer a Urantia Foundation, formulando a Declaração de Custódia, e imprimindo o Livro. Contudo, como examinaremos mais tarde, quando a segunda impressão foi feita em l967, as aparentes inconsistências do texto foram suficientemente importantes para provocar um grande esforço e levar finalmente à "correção".

     Podemos razoavelmente postular que os Reveladores dirigiram, ou deram permissão para que a Comissão de Contato desse os necessários passos para ter as placas fundidas no começo dos anos Quarenta. Como previamente dito, os Reveladores devem ter tido conhecimento de quaisquer problemas no texto ao tempo em que isso foi feito.

     Contudo, a concessão de permissão para a Comissão de Contato fazer qualquer padronização na pontuação, soletração e uso de maiúsculas NÃO foi estendida à Urantia Foundation através da Declaração de Custódia.

     Os Reveladores puderam provavelmente antecipar que uma vez exposto o Livro a milhares de leitores, as possíveis inconsistências seriam eventualmente descobertas. Então o problema de reconciliá-las teria que ser deixado à sabedoria humana evolucionária.

7.10  Ninguém poderia ter feito melhor

     Tendo examinado cuidadosamente os fatos, apresso-me a acrescentar que a devoção e o compromisso dos membros da Comissão de Contato, e especialmente Christy, dificilmente poderiam ter sido superados na produção do texto de 1955. Mesmo sob condições ideais, com o envolvimento de muitos peritos sofisticados, teria sido impossível, em meu julgamento, produzir um livro perfeito. Provavelmente jamais se pretendeu que os humanos produzissem um livro perfeito. Algumas das inconsistências que eventualmente emergiram dificilmente poderiam ter sido percebidas até que milhares de pessoas começassem a ter anos de experiência lendo o Livro.

7.11  Por que não um livro perfeito?

     Alguns argumentaram que os Reveladores poderiam ter simplesmente ido além dos humanos e nos dado um livro perfeito. Essa idéia é uma daquelas com as quais precisamos dialogar. Alguns tendem ligeiramente para a idéia de que os urantianos devem começar a cultuar seu Livro de Urantia. Muitos cristãos, de fato, não sabem que a contra parte muçulmana para Jesus não é Maomé mas o "glorioso Alcorão".

     Os muçulmanos acreditam na Encarnação no Livro, a incorporação de Deus no próprio Alcorão. A Reverência que os cristãos sentem para com Jesus é o que os muçulmanos sentem para com seu livro. O Alcorão que não foi criado, ou eterno, tornou-se um Pilar da fé muçulmana. Em outras palavras o próprio Alcorão é pensamento para ser eterno, e foi entregue por Deus, completo e perfeito, a Maomé. Sangrentas guerras têm sido travadas através dos séculos para preservar esse dogma predominante. Hoje, a religião islâmica repousa firmemente sobre a Encarnação no Livro - ou o divino "livro pronto"104.

     Não se engane, a impressão de 1955 do Livro de Urantia, com todas as imperfeições, é uma obra-prima de época. Porque ele entrou na corrente principal evolucionária, a impressão de 1955 foi, por certo, uma obra-prima defeituosa (como são todas as realizações em que os humanos tiveram parte).

     Os membros da Comissão de Contato e o Fórum tinham atravessado um teste de tempo extremamente difícil, e tinham, até o máximo de suas habilidades humanas, ajudado a trazer para o planeta uma nova Revelação "exatamente como a tinham recebido"105.

     E uma das coisas que essa nova Revelação nos diz é que toda revelação - a menos da presença de Deus, nosso Pai do Paraíso - é limitada e incompleta. (1008 - par. 2).

     Talvez da perspectiva de um universo sob observação, o que fizeram os Intermediários ao trazer a Revelação de Urantia para nosso planeta solitário, retrógrado e em rebelião, foi uma realização sem par, mesmo pelos padrões da excelência celestial. Depois de dois mil anos, o planeta de Urantia, o "santuário sentimental de Michael", brilhou uma vez mais com nova esperança quando o manuscrito da Quinta Revelação de Época foi por fim estampado para placas de estereotipia chapeadas de níquel.

7.12  Alterações feitas no texto original

     Antes que continuemos com os acontecimentos cronológicos associados com a Revelação de Urantia, o leitor deve ser informado de que o conjunto completo de placas originais só foi usado para uma impressão do Livro de Urantia. Depois da impressão de 10.000 cópias de 1955, foram feitas alterações no texto. Aparentemente, a maior parte dessas alterações foram instituídas num esforço para "corrigir" o que mais tarde foi chamado "erros de cópia" pela Urantia Foundation. Através dos anos, vários urantianos isolados começaram a descobrir essas alterações. Mas, naqueles anos pré-Internet, os urantianos raramente eram capazes de comparar observações. De fato, antes do advento dos computadores, era muito difícil desenvolver uma lista completa das alterações editoriais que foram feitas depois da primeira impressão do livro.

     No início dos anos noventa, Merritt Horn, um erudito em Boulder, Colorado, começou a usar tecnologia de computador para comparar a primeira impressão do Livro de Urantia, página por página, com a então corrente edição de 1993. Isso é um processo extremamente lento, tedioso, e custoso. Mr. John Hay, um urantiano devotado, financiou a investigação histórica. Merritt encontrou que mais de 120 alterações haviam sido feitas no texto desde a edição de 1955. Deixando por enquanto de lado a questão da autoridade da Urantia Foundation para de qualquer forma alterar o texto original, a maioria das alterações era de natureza tipográfica. A maioria delas não afetava as passagens em que foram encontradas. Contudo, aproximadamente quinze alterações envolviam claramente significativo escopo editorial, e incluíam alterações de palavras e números, tanto quanto supressões.

     Merritt começou então a pesquisar as várias impressões, para ver quando foram feitas as alterações de consequências editoriais. Verificou que quase todas elas foram feitas na segunda e terceira impressões. Embora nenhuma das alterações editoriais tenha afetado seriamente o conteúdo essencial do livro, muitos leitores veteranos ficaram chocados quando as descobertas de Merritt começaram a vir à tona. Seu trabalho confirmou e expandiu as primeiras listas de pretendidas alterações que tinham sido compiladas por leitores alerta através dos anos.

     Alguns leitores afirmaram que a Declaração de Custódia da Urantia Foundation proíbe alterações de qualquer espécie, até mesmo de pontuação, soletração ou uso de maiúsculas. Esses leitores ficaram também perturbados pelo fato de que eles não tinham sido informados, e que nenhuma das alterações editoriais foram indicadas em notas ao pé da página ou no final. De fato, por mais de vinte anos tinha sido dito aos leitores pela Urantia Foundation que nenhuma de tais alterações tinha sido feita. (Veja a carta do Curador Emérito James Mills, Apêndice B.) Outro fato perturbador era que a grande maioria das alterações pareciam arbitrárias, desnecessárias ou simplesmente erradas. Muitas dessas, tais como a supressão das palavras "in the manger", [na mangedoura] na página 1317, foram discutidas minuciosamente noutro lugar. Aqui está uma lista muito abreviada das alterações editoriais encontradas por Merritt. (Essa lista inclui somente uma breve descrição das alterações chave. Veja o Apêndice D para uma exposição mais completa do trabalho de Merritt, e uma exploração de alguns das questões envolvidas se esses problemas tiverem que ser resolvidos).

7.13  Alterações editoriais chaves no texto

     INTRODUÇÃO:

     1. Página 3: No #5 da lista de tipos de perfeição, a palavra "other" [outras] foi removida de todas as impressões depois de 1955. A versão de 1967 corrige o uso não gramatical da palavra "other" que foi provavelmente inserida por um datilógrafo que inadvertidamente seguiu o padrão de uso prévio na lista.

     PARTE II:

     2. Na página 413, par. 6: A impressão de 1955 diverge de todas as impressões posteriores em que ela tem a palavra "secundary", onde todas as outras apresentam "tertiary". Enquanto tanto um Supervisor de Circuito secundário quanto de um terciário são designados para a supervisão de um circuito simples do universo local, apenas o Supervisor de Circuito terciário é localizado na esfera sede do universo local; o Supervisor de Circuito secundário é localizado na sede do superuniverso. (Veja página 265). Portanto, "Supervisor de Circuito terciário do Universo" parece ser a descrição correta de Andonvôntia.

     3. Na página 460, par. 1: A edição de 1955 declara "sessenta mil vezes mais denso que o vosso sol" enquanto a segunda impressão e as subsequentes foram alteradas para "quarenta mil". A consistência textual exige "quarenta", uma vez que na página 459 (Seção 4, par. 1) se declara que nosso sol é cerca de 1,5 vezes a densidade da água, ou cerca de 0,054 libras por polegada cúbica, e 40.000 vezes isso é cerca de 2.160 libras por polegada cúbica (que é também equivalente a 60.000 vezes a densidade da água).

     4. Na página 474, par. 5: a edição de 1955 colocou aqui um maiúsculo Y, (aparentemente resultante de uma grafia errônea da letra grega gama) o qual foi substituído por "gamma" em todas as impressos seguintes. É provável que a letra grega gama tenha sido transposta para um Y inglês em algum ponto de prova e preparação do texto para impressão.

     5. Na página 477, par. 1: Duas alterações da edição de 1955 foram feitas em todas as edições subsequentes. O "menos" do original foi alterado para "mais", e "de dois a três" foi alterado para "quase dois": "Cada átomo é um pouquinho maior que 1/100.000.000 de uma polegada em diâmetro, enquanto um elétron pesa um pouco (menos) (alterado para "mais") do que 1/2.000 do menor átomo, hidrogênio. O próton positivo, característico do núcleo atômico, enquanto pode ser não maior do que um elétron negativo, pesa (de dois a três) (alterado para "quase dois") mil vezes mais". A expressão revisada é mais consistente com a afirmação do parágrafo seguinte ao acima examinado (página 477) onde o autor declara que o próton é "um mil e oitocentas vezes tão pesado quanto um elétron". Isso também está de acordo com a opinião científica corrente, que apresenta a razão 1: 1.836.

     6. Na página 478, par. 3: Em todas as impressões depois da primeira, "quase" foi posto antes de "instantâneo". Não é claro como esse acréscimo poderia corrigir um erro primitivo.

     7. Na página 486, par. 5: Na impressão de 1955 lê-se "quatro mil anos"; nas impressões subsequentes, "quatro" foi alterado para "quarenta". Quarenta mil anos parece ser o correto (veja página 1316, seção 7, par. 2).

     8. Na página 608, par. 4: Na segunda impressão (1967) e nas seguintes, "681.227" foi alterado para "681.217", presumivelmente por causa da referência da página 581: "Desde o início do sistema de Satânia, treze Adãos Planetários tinham sido perdidos em rebelião e infrações e 681.204 nas posições subordinadas de confiança." Parece que um dos números está errado, mas não resulta claro do texto se 681.227 devia ser reduzido para 681.217, ou se 681.204 devia ser aumentado para 681.214.

     PARTE III:

     9. P. 806 - par. 2: Na impressão de 1967, a palavra "sometime" [alguma vez] foi alterada na sentença seguinte por "sometimes" [às vezes]: "No estado ideal, a educação continua por toda a vida, e a filosofia alguma vez [alterado para "às vezes"] se torna a principal busca dos seus cidadãos. Os cidadãos de uma tal comunidade esforçam-se para alcançar a sabedoria como um aprimoramento do seu discernimento do significado das relações humanas, do significado da realidade, da nobreza dos valores e das glórias do destino cósmico." Do ponto de vista datilográfico, essa é uma alteração diminuta. Contudo, o significado do texto é dramaticamente alterado de uma confiante afirmação da evolução do estado ideal, no texto original, para o reconhecimento de uma simples possibilidade, nas impressões posteriores.

     10. Na página 827, par. 3: Na segunda impressão (1967) e nas seguintes, "between" ["entre" (duas coisas)] foi alterado para "among" ["entre" (várias coisas)]. O original está correto porque "between" pode ser usado apropriadamente quando mais de dois objetos estão relacionados, especialmente se o relacionamento é para cada objeto individualmente, mais do que de forma indeterminada para o grupo. O relacionamento é a divisão do tempo entre as capitais mundiais; é irrelevante que haja mais de do que duas capitais envolvidas.

     11. Na página 883, par. 7: A impressão de 1955 colocou "oeste" nessa locação mais do que "leste". Porque o termo não aparenta ser um título para hemisfério ocidental, "leste" tem sido usado em todas as impressões subsequentes.

     12. Na página 1317, par.2: A frase "na mangedoura" foi suprimida na segunda impresso e em todas as subsequentes, deixando a sentença: "Esses homens de Deus visitaram a criança recém-nascida". Provavelmente essa alteração foi feita porque Maria e José entraram num quarto na estalagem no dia do nascimento de Jesus e os sacerdotes não chegaram em Belém senão depois que Jesus estava com três semanas de idade. Desse modo, o "editor" pode ter presumido que não teria sido possível para os sacerdotes ver Jesus "na mangedoura". Contudo, berços podem não ter sido fáceis de obter. Merritt Horn destaca que, supondo que a manjedoura fosse portátil, é possível que José e Maria pudessem tê-la levado consigo para cima para o quarto na estalagem, de modo a continuar a ter um berço para Jesus.

     PARTE IV:

     13. Na página 1363, par. 5: Na segunda impressão e nas seguintes, a linha "Longe para leste eles podiam discernir o vale do Jordão e, mais além, as colinas rochosas de Moab." Foi alterada para: "Longe para leste eles podiam discernia o vale do Jordão e mais além estendiam-se as colinas rochosas de Moab." Depois que o Livro estava sendo impresso, uma carta de um erudito denominado Benjamin Adams destacou que: "... as colinas rochosas de Moab não estavam a leste de Nazaré mas a leste do Mar Morto" (Um urantiano propalou que esta carta alegava que é impossível ver as colinas rochosas de Moab da localização em questão. Se alguém se dá o trabalho de ler essa carta, claramente não é isso o que Adams denunciou. Veja o Apêndice B para uma reprodução da carta de Adams). A alteração evita a implicação de que as colinas rochosas de Moab estivessem a leste de Nazaré. Contudo, Merritt Horn salienta que, em seu julgamento, o próprio texto não declara que as colinas de Moab estejam a leste de Nazaré. Escreve ele: "Jesus e seu pai estão de pé no alto da colina de Nazaré e estão movendo o olhar de noroeste seguindo um arco para o norte, leste, sul e em seguida oeste. Para leste está o vale do Jordão. Passado o vale, à medida que eles olham, seguindo a linha deste e o arco que eles delinearam, discernem eles as colinas rochosas de Moab. Que essa análise está correta é, uma conclusão baseada na seguinte sentença: `Também para o sul e leste ... ' que implica claramente que a última localização referida (Moab) estava na mesma direção. Do contrário, a sentença seria pontuada com uma vírgula desta maneira: `Também, para o sul e leste ... '."

     14. Na página 1849, par.5: O texto de 1955 declarava que Lázaro permaneceu em Betânia "até o dia da crucificação de Jesus". Isso foi alterado para "até a semana ..." na segunda impressão. A última redação é consistente com a narrativa posterior (à página 1897 par. 1, 1909 par. último, e 1927 par. último) que colocaria a ocasião da fuga de Lázaro entre terça-feira à meia-noite (quando sua morte foi decretada pelo Sinédrio) e o anoitecer de quarta-feira (quando "certas pessoas" no acampamento "sabiam que Lázaro tinha feito uma apressada fuga de Betânia".) - dois dias antes da crucifixão de Jesus.

     15. Na página 1943, par. 2: Na segunda impressão "doze" foi substituído por "apóstolos", nesse ponto. Porque Judas tinha partido mais cedo, só havia onze apóstolos presentes para a celebração da ceia da recordação, assim "apóstolos" parece mais apropriado.

7.14  Alterações não indicadas ao pé da página nem no final

     Para repetir, é razoável admitir que nenhuma dessas alterações editoriais constitui adulteração maliciosa ou alteração apreciável da Revelação de Urantia. Contudo, urantianos acreditam que o espírito e o propósito da Declaração de Custódia proíbe qualquer espécie de alteração do texto original. Além disso, para muitos leitores permanece como um mistério que a Urantia Foundation nunca tenha alertado os leitores para essas alterações, através de notas de pé de página ou ao final. Isso é uma prática acadêmica padrão quando fazendo alterações em trabalhos criativos de outro autor. Leitores fazem notar que no caso de uma Revelação de Época que tem por autores seres celestiais, o senso comum determina que isso devia ser obrigatório. Esse modo de ver tem sido rejeitado por alguns defensores da Urantia Foundation como fazer um "fetiche" do texto dos Documentos de Urantia Examinaremos essa questão em profundidade no Capítulo 9.

7.15  Os ajustes de tempo da publicação

     Por volta de maio de 1942, tinha sido concedida pelos Reveladores à Comissão de Contato permissão para preparar o Livro de Urantia para impressão, mas não ainda para realmente publicá-lo. No próximo capítulo continuaremos a seguir o curso da Revelação até que seja finalmente publicada como um livro.


Notas de Rodapé:

86 CARTA DE CLYDE BEDELL PARA WILFRED KELLOGG, outubro de 1933. Esta carta pode ser examinada no site da Irmandade: http://urantiabook.org/archive/historykellogg_letter1033.htm
87 HISTÓRIA DO MOVIMENTO DE URANTIA UM, por um grupo de Pioneiros Urantianos, assistidos por membros da comissão de contato, 1960, página 6.
88 David Kantor relata que era seu entendimento que uma vez que fosse assinado o contrato para a produção das placas, a Comissão de Contato seria informada de que não mais haveria apresentação de perguntas e o trabalho do Fórum quanto a isso estava terminado. Prosseguiu apenas como um grupo de estudo dos domingos, embora muitos membros continuassem a se referir ao grupo como o "Fórum" e a si mesmos como "membros" Até que o Livro de Urantia fosse publicado, os novos membros do grupo de estudo dos domingos também preferiam identificar-se como membros do "Fórum", embora o Fórum como tal tenha cessado de existir em 31 de maio de 1942.
89 HOW TO KNOW WHAT TO BELIEVE [Como saber no que acreditar], por Harold Sherman, Fawcett, Nova York, 1976, página 66-67. Nas páginas 70-72 Sherman dá uma explicação de Ajustador do Pensamento que é totalmente incorreta. Ele também questiona por que os Documentos de Jesus foram acrescentados, quando o livro "não fazia qualquer menção a Jesus como tal?" (Lembrar que, ao tempo em que ele teve um encontro com o Dr. Sadler, por volta de julho de 1941, o texto estava virtualmente completo. Dentro de dez meses - aproximadamente quando Sherman e sua esposa realmente começaram a ler os Documentos - o manuscrito seria fixado e considerado pronto para composição). A leitura apressada de Sherman falhou em perceber que, como já declarado, Jesus é mencionado no Livro de Urantia já na página 30, e 20 outras vezes antes que se atinja a página 100. (Michael é mencionado na página 8 como "Cristo Michael - Filho do Homem e Filho de Deus", e 16 outras vezes antes da página 100!). O livro de Harold Sherman foi uma fonte de informação básica usada por Martin Gardner em seu próprio livro "Urantia - The Great Cult Mystery" [Urantia - o grande mistério Religioso], que foi uma infeliz rejeição geral de qualquer possibilidade de os Documentos de Urantia ter um conteúdo de revelação. Os Capítulos de Gardner sobre suas duas fontes chaves, Sherman e Harry Loose, (páginas 135-160) têm que ser lidos para se perceber a que campos distantes foram as idéias "psíquicas" desses homens. Gardner também usava informações que ele obteve da viúva de Sherman, Martha Sherman. Gardner, que rejeitou e ridicularizou as informações de estimados urantianos como o Dr. Sprunger, relata sem comentários passeios de Harold Sherman "fora do corpo", à Júpiter, com um cientologista, e a habilidade de Harry Loose para fazer um lenço voar de uma camareira para dentro de sua mão, a vários pés de distância. (Isso foi relatado a Gardner por Martha Sherman, página 139). Gardner relata nas páginas 149-150 acusações da filha de Kellogg de que Sherman pediu-lhe para roubar as placas do Livro de Urantia, de forma que ele pudesse adquirir-lhe o copyright como autor e fazer dele um filme. (As placas estavam armazenadas numa câmara subterrânea de R. R. Donneley & Sons em Crawfordsville, Indiana). Ele fala de uma carta de Loose para Sherman na qual Loose elogia um novo livro de Sherman: "The Dead Are Alive" [Os mortos estão vivos] como uma "obra-prima". Gardner revela que Sherman descreveu seu primeiro encontro com Loose como as horas "mais inspiradoras" de sua vida. Finalmente, Gardner encerra seu capítulo dando a público uma carta final escrita por Sherman para o Dr. Sadler. A carta estava cheia de acusações bizarras e questões retóricas. Gardner solenemente relata que "Não há evidência" de que o Dr. Sadler respondeu à carta. (Os Diários de Sherman indicam que essa carta jamais foi enviada). Na página 407 de seu livro Gardner nos diz que uma carta do ex-policial Loose para Sherman especulava que a morte da Dra. Lena Sadler tinha causado "algo para acontecer" à personalidade do Dr. Sadler. (Loose pode ter sido um paciente psiquiátrico do Dr. Sadler, como Gardner relata na página 136). Finalmente, Gardner nos diz na página 407 que sua própria "cara esposa" pensou que seu livro, "Urantia - The Great Cult Mystery", era um "desperdício total" de suas energias.
90 O texto dessa carta (de acordo com Sherman) está transcrito nas páginas 73-75 de HOW TO KNOW WHAT TO BELIEVE, POR Harold Sherman, Fawcett, Nova York, 1976.
91 CLYDE BEDELL'S 1942 PETITION [Petição de 1942 de Clyde Bedell], página 2. A carta ou petição em sua totalidade pode ser examinada no site da irmandade: http:// www.uversa.org/archive/history/bedell_petition.htm
92 A RESPONSE TO A THINLY DISGUISED ATTACK ON THE URANIA BOOK [Resposta a um ataque mal disfarçado ao Livro de Urantia] por Clyde Bedell, documento datado de 5 de setembro de 1976, página 2-9. Não conhecemos as particularidades acerca da estrutura das organizações mencionada no registro de Clyde. Nesse documento ele expressa sua própria discordância com um oligárquico direito de posse vitalícia dos Curadores da Fundação (página 15). Ele continuou a se opor a essa estrutura até sua morte. Quanto a motivos comerciais, Clyde salienta que "ninguém, nem o Dr. Sadler nem sua família, nem qualquer urantiano do meu conhecimento, jamais obteve lucro do Livro de Urantia". (página 9). Clyde prossegue em seu comentário com esta declaração: "Mesmo hoje, a econômica Fundação é largamente sustentada por urantianos contribuintes, de forma que o livro pode continuar a ser vendido a um preço que o torna uma das maiores pechinchas de livro do mundo". Nos anos subsequentes, as contribuições em geral diminuíram, e a base financeira da Urantia Foundation mudou para uns poucos contribuintes ricos e para o próprio livro. O preço do Livro de Urantia aumentou. Clyde se opôs fortemente a esses aumentos de preço, e começou a referir-se ao Livro como uma "bíblia de homem rico". O preço permaneceu alto até l995, quando Pathways publicou uma réplica exata da impressão de 1955 e a vendeu por menos de um quarto do preço da edição da Fundação. A Fundação respondeu com uma redução competitiva do preço. Hoje, acredita-se que a Urantia Foundation seja quase totalmente sustentada pelas receitas da venda do Livro e as doações pessoais dos próprios Curadores.
93 A RESPONSE TO A THINLY DISGUISED ATTACK ON THE URANIA BOOK por Clyde Bedell, documento datado de 5 de setembro de 1976, página 13.
94 HOW TO KNOW WHAT TO BELIEVE, por Harold Sherman, Fawcett, Nova York, 1976, página 85.
95 Comentário sobre a Origem do Livro de Urantia, por Meredith Sprunger, 13/6/91, página 5. Também HISTÓRIA DOIS, preparada por um membro da Comissão de Contato, sem data, página 24.
96 Eu extraí informações suplementares, sobre os processos de impressão da época, de uma edição de 1958 da The World Book Encyclopedia [Enciclopédia Mundial do Livro]. Também entrevistei dois cavalheiros aposentados da instalação original da Donneley Company, em Crawfordsville, Indiana. Ambos, Mr. Krohn e Bart Paddock vivem em Crawfordsville. Krohn era um supervisor de impressão e Paddock um gerente do departamento de placas na época da segunda impressão. Ambos concordaram que o prelo M-1000 teria sido usado para imprimir The Urantia Book. Era um grande prelo alemão antigo. Também entrevistei o genro do Dr. Sprunger, Greg Young (agora um Ministro) que trabalhou no prelo M-1000 em 1969, um ano pouco mais ou menos depois da segunda impressão. Greg, um leitor do Livro, disse que ele compreendeu que o prelo fora usado para imprimir o Livro de Urantia antes de sua chegada. Greg disse que ele foi usado para imprimir os livros condensados do Reader's Digest (tanto quanto a revista). Krohn e Paddock tinham feito a mesma observação. Greg também comentou que o M-1000 também foi usado para imprimir The World Book Encyclopedia. Assim, aconteceu que eu adquiri, por pura curiosidade, mais de dez anos atrás, em Oklahoma, por um par de dólares, uma edição de 1958 da The World Book Encyclopedia. Esse conjunto de livros permaneceu comigo, e tem-se mostrado muito valioso em explicar os métodos de impressão do período em torno de 1955 . Por uma notável coincidência, The World Book Encyclopedia menciona, em seu artigo sobre impressão, que um dos métodos de impressão apresentados era o mesmo que fora usado na impressão da própria enciclopédia. Depois de conversar com Greg, olhei novamente para as páginas da enciclopédia que mostravam várias fotografias de métodos de impressão, um impressor, um feitor de placas e assim por diante. Em impressão miúda abaixo das fotos estava o crédito: "R. R. Donneley & Sons, Co." Veja também o Capítulo 9.
97 The PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação do Livro de Urantia], por Carolyn B. Kendall, Documento distribuído a 18 de janeiro de 1996, página 4.
98 Postagem em 1999 no site (http://www.urantia.org/newsinfo/strs.htm) da Urantia Foundation, sob o título Setting the Record Straight [Pondo os Registros em Ordem]:
"O último texto datilografado, que provavelmente tinha um número de erros, foi destruído depois que foram feitas as placas do texto, submetidas a verificação cruzada e consideradas livres de erros".
A sintaxe dessa declaração é um tanto estranha, pois o procedimento deveria logicamente ter sido "submetida a verificação cruzada, considerada livre de erros e feitas as placas" Não é dada razão para a suposição de que o texto original provavelmente tinha "um número de erros". Ele tinha sido lido e super-verificado pelo Fórum por vários anos. Além do mais, o texto tinha sido destruído depois de feitas as placas; não havia como estabelecer se o manuscrito usado pelo compositor era ou não a fonte do que mais tarde se acreditou serem erros.
99 The PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação do Livro de Urantia], por Carolyn B. Kendall, Documento distribuído a 18 de janeiro de 1996, página 5.
100 Meredith Sprunger, carta pessoal a mim, setembro de 1999.
101 The PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação do Livro de Urantia], por Carolyn B. Kendall, Documento distribuído a 18 de janeiro de 1996, página 4-5. "Aprovados por Oppy" pode ser um erro de datilografia no documento de Carolyn. Pode ter sido uma referência a "Poopy", que era o nome favorito de Chisty para o Dr. Sadler.
102 The PLAN FOR THE URANTIA BOOK REVELATION [Plano para a Revelação do Livro de Urantia], por Carolyn B. Kendall, Documento distribuído a 18 de janeiro de 1996, página 5. Carolyn revela que essa informação foi obtida verbalmente de Christy. Os comentários de Carolyn são muito semelhantes aos comentários de um "urantiano da segunda geração" postados pela Urantia Foundation em seu site na metade de 1999, sob o título "Setting the Record Straight" [Pondo os Registros em Ordem], #7.
103 Carta do Curador Emérito James Mills para Ken e Betty Glasziou, a 5 de março de 1991. O comentário de Mills de que: "Aparentemente, a fonte mais potente de erro estaria no ponto do operador de linotipo" era impreciso e enganoso, mas aparentemente foi o que lhe disseram. A derradeira responsabilidade por erros e composição é do cliente. Uma "prova impressa" sempre é fornecida ao cliente, de forma que uma verificação final da cópia possa ser feita, antes que ela seja estampada e fundida como uma placa. Veja Apêndice B para o texto completo dessa carta.
104 THE CREATORS, por Daniel J. Boorstin, Randon House, Nova York, 1992, página 63-64.
105 (Alusão ao Capítulo 4). História Dois, preparada por um membro da Comissão de Contato, sem data, página 24. O Dr. Meredith Sprunger, declarou repetidamente que o Dr. Sadler era enfático em que não havia alteração humana na impressão de 1955. (Veja Affidavit, página 316-320). Clyde Bedell disse-me que ele arriscaria a vida nisso, e sua esposa Florence estava igualmente convencida da integridade da primeira impressão. Kristen Maaherra e Eric Schaveland também reuniram várias dúzias de comentários abonadores de várias fontes e os submeteram como prova para a defesa em aproximadamente dez anos de litígio instituído contra eles pela Urantia Foundation. Aqui estão uns poucos excertos: Emma Christensen: "Posso assegurar-lhe categoricamente que nenhum humano decidiu o conteúdo do Livro de Urantia. O livro está como os Reveladores deram-no a nós". (Exhibits 8, 10 16). Thomas Kendall, Curador: "O Livro de Urantia foi organizado e reunido exatamente como revelado". (Exhibits K-1 e 750). James C. Mills, Curador: "Quanto aos significados usados, não tivemos nenhum controle sobre eles. Reproduzimos o texto exatamente como recebido. Nós nos comprometemos a preservá-lo inviolável e assim o faremos". [Exhibit 510] William M. (Bill) Hales, Primeiro Presidente da Urantia Foundation: "O Livro de Urantia foi publicado justamente como foi recebido em inglês. Não houve alteração. Nossa única jurisdição tinha a ver com datilografia, leitura de prova e publicação". (Depoimento de W. Hales, página 19, linha 24, continuando na página 20, linhas 1-3).