Índice Superior Vai para o próximo: Capítulo 6
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Neste ponto devemos fazer uma pausa para uma reavaliação tática do material que cobrimos. Descrevemos um processo que foi posto em andamento por um período de vinte e cinco anos - um processo que é notavelmente profundo em suas implicações. Toda pessoa pensante deve considerar se os acontecimentos que acabamos de descrever realmente aconteceram. Possivelmente apenas um leitor de longa data dos Documentos de Urantia poderia convencer-se rapidamente de que os acontecimentos que costurei juntos e aqui pintei realmente ocorreram.
Os Documentos de Urantia são o melhor testemunho de sua validade. Quem quer que virtualmente os estude com cuidado e uma mente aberta deve ficar persuadido de que eles são, no mínimo, uma apresentação única de quem somos, de onde viemos, e para onde vamos. Por essa razão, aqueles de nós que acreditam na autenticidade dos Documentos de Urantia poderiam tender a serem crédulos acerca de qualquer história documentada, consistente e plausível que dê conta da profundidade e objetivo daqueles Documentos. De fato, nós temos fome de detalhes de como esse volume transformador da vida veio a existir.
Contudo, novos leitores podem ficar rapidamente perdidos, à medida que a narrativa se desdobra, se não explicarmos que o Dr. Sadler e aqueles envolvidos nas primeiras sessões com o sujeito adormecido, também estavam muito perplexos pelos conceitos que lhes estavam sendo apresentados. Há um segmento da História Dois que é intitulado: "Atividades de Contato que precederam os Documentos de Urantia." Consiste de três páginas, e parece ter sido escrito pelo Dr. Sadler e inserido no Documento59. Em contraste com muitas outras partes da História Dois, o estilo e o conteúdo dessas páginas são consistentes com o modo de escrever do Dr. Sadler. Se admitirmos que o Dr. Sadler as escreveu, ele explica que o período entre o primeiro contato e o começo dos Documentos de Urantia era um período de preparação e teste. Ele prossegue para indicar alguns dos novos conceitos que foram apresentados durante o estágio de preparação. Também declara, falando da comissão de Contato:
"Jamais compreendemos o quanto nosso pensamento religioso se expandira, até que os Documentos começaram a chegar. À medida que as Revelações progrediram nós viemos a apreciar mais profundamente o quanto tínhamos sido preparados para a ampla alteração de nossas crenças religiosas por esses contatos preliminares que se estenderam por um período de vinte anos de pré-educação60."
Essas três páginas explicam um processo de pré-educação de vinte anos que teve lugar "até que os Documentos começaram a chegar". Essa referência a pré-educação só podia se aplicar aos quatro membros originais da Comissão de Contato, embora alguns historiadores tenham erroneamente aplicado ao Fórum. Como veremos, o período de vinte anos de pré-educação se referia apenas a quatro dos membros da Comissão de Contato, e de nenhum modo aos membros do Fórum.
Leitores veteranos dos Documentos de Urantia, às vezes esquecem a imensa mudança de paradigma que teve lugar em seus próprios pensamentos depois de lerem a Revelação. Algumas vezes nos referimos a novos conceitos e impensadamente usamos palavras tais como "Intermediários", "Ajustadores do Pensamento" e "moroncial" para confusão dos novos leitores. Sabemos que o Dr. Sadler era um ministro ordenado e um homem profundamente religioso. As pré-sessões dos Documentos de Urantia continham material científico e religioso que tiveram considerável impacto sobre ele. Para ter alguma verdadeira compreensão disso, e para ajudar a novos leitores, vamos revisar as 16 iniciativas de "pré-educação" que os Reveladores introduziram para os primeiros membros da Comissão de Contato - antes que o Fórum viesse a surgir. Essas primeiras apresentações parecem ter sido feitas com a intenção de preparar o pequeno grupo de mortais para conceitos ainda mais avançados. Comentários entre colchetes foram acrescentados por mim, de outra forma esse material está como a Comissão de Contato o apresentou nas páginas 11, 12 e 13 da História Dois: "Entre essas numerosas idéias de cosmologia e filosofia, pode-se mencionar as seguintes":
"1. O novo conceito de um vasto e crescente universo. [O Cosmos dos Documentos de Urantia excede tudo já postulado pela ciência. Na época não se sabia que o universo estava se expandindo. A Revelação nos diz que ele está se expandindo de acordo com uma respiração regular, em cada bilhão de anos ele "exala" e em seguida "inala" por um igual período. Essa noção desafia o "Big-Bang" e dá suporte à noção menos favorecida de "Universo Oscilante", que questiona o irrespondível quebra-cabeças científico do Big-Bang, quanto e por que o universo se expande precisamente à taxa que o impede de explodir ou implodir.]"
"2. Bilhões de outros mundos habitados."
"3. Introdução ao conceito de registros de diferentes e variados escalões de personalidades do Universo."
"4. Confirmação da crença científica na origem evolucionária da humanidade e mesmo de um cosmos evolucionário."
"5. Introdução de múltiplas Deidades Criadoras" [A filosofia dos Documentos de Urantia é pura e consistentemente monoteísta. Contudo, enquanto há apenas uma Primeira Fonte e Centro e um Deus, ou Pai do Universo, o Pai distribui-se e delega prerrogativas de Criador a seres divinos menores de sua criação.]
"6. Testes experimentais de nossos conceitos teológicos. Determinação paciente de quão longe podemos ir na direção de modificar nossas crenças teológicas e opiniões filosóficas."
"7. Sem o percebermos, num período de vinte anos, nossas visões e atitudes religiosas fundamentais foram consideravelmente mudadas."
"8. Ficamos familiarizados com termos tais como a Primeira Fonte e Centro, Havona." [O universo central, constituído de sete circuitos de um bilhão de mundos perfeitos, mais três circuitos das esferas do Paraíso] "superuniversos, e o Ser Supremo" [O aspecto evolucionário de Deus que se aventura e evolui para a perfeição com seres evolucionários. Este conceito tem sido postulado por teólogos modernos, mas não apresentado em associação com um Deus todo-sabedor.] "embora tenhamos apenas magras idéias quanto ao significado real desses termos".
"9. Também ouvimos palavras tais como Espíritos Mestres, espaço exterior e Diretores de Potência. Mas novamente compreendemos pouco quanto a seus significados. Somos ainda instruídos acerca de numerosas ordens de anjos."
"10. Também ouvimos acerca de Ajustadores do Pensamento, mas nosso conceito do significado do termo é vago e indefinido." [Um Ajustador do Pensamento é o fragmento de Deus que é outorgado a cada mente humana normal no momento em que é alcançada a consciência moral e se introduz nos níveis do pensamento super-consciente. O Ajustador do Pensamento do sujeito adormecido desempenhou um papel-chave na materialização dos Documentos de Urantia, mas a mente humana do sujeito não foi usada, como veremos.]
"11. Nós adquirimos um vago conceito dos níveis moronciais de existência - mas nunca ouvimos a palavra `morôncia' até que os Documentos tiveram início." [ O nível moroncial de existência é a área intermediária entre material e espiritual. É para ser classificada como nem material nem espiritual, mas contendo aspectos de ambos. A alma humana é uma criação moroncial que nasce durante nossa vida na carne.]
"12. Os Intermediários eram muito reais para nós - frequentemente conversávamos com eles durante nossos `contatos.' Nós compreendíamos muito bem que Intermediários Secundários supervisionavam esses contatos." [Como veremos, os Intermediários Secundários tiveram um papel-chave na materialização dos Documentos de Urantia. Tanto os Intermediários Primários quanto os Secundários são uma forma de ser celestial um pouco além do alcance da visão humana. São residentes permanentes do nosso planeta durante a luta evolucionária deste. Os Intermediários Secundários são imensamente versáteis, móveis e inteligentes, e são capazes, sob certas condições, de manipular a matéria. Eles podem penetrar a mente humana para se comunicar com o Ajustador do Pensamento de um mortal.]
"13. Nós ouvimos acerca de coisas como a rebelião de Lúcifer, mas obtivemos pouca informação sobre Adão e Eva."
"14. Tivemos a impressão de que havia razões especiais para a outorga de Jesus, mas tivemos pouca ou nenhuma idéia dessas razões não reveladas."
"15. Ouvimos referências ocasionais sobre a vida e ensinamentos de Jesus - mas eles eram muito cuidadosos acerca da introdução de quaisquer novos conceitos relativos à outorga de Michael em Urantia." [Jesus foi o nome humano dado a nosso Filho Criador, Michael de Nébadon, durante sua missão de outorga a nosso planeta.] "De toda a Revelação de Urantia, os Documentos de Jesus foram a maior surpresa."
"16. Conquanto não tenhamos ouvido a expressão `corpo da finalidade' nós recolhemos de fato uma idéia um tanto vaga de que o Paraíso podia ser o destino dos mortais sobreviventes."
"Nossos amigos super-humanos gastaram portanto para mais de duas décadas estendendo nossos horizontes cósmicos, ampliando nossos conceitos teológicos, e expandindo nossa filosofia global."
Essa educação preliminar era evidentemente destinada à Comissão de Contato e teve lugar antes que os Documentos de Urantia começassem a chegar - "na verdade, preparando de modo geral o palco para o subsequente início da apresentação dos Documentos de Urantia"61. Podemos estar razoavelmente certos de que o primeiro documento foi lido para o Fórum em Janeiro de 1925, como previamente indicado. Portanto, nas páginas 11, 12 e 13 da História Dois estamos provavelmente lendo ou as palavras dos Drs. William ou Lena Sadler, ou de um dos Kellogg. A escolha mais lógica é a do Dr. Sadler, cujas palavras foram inseridas em certas ocasiões na História Dois pelo membro da Comissão de Contato que montou aquele documento. A natureza híbrida da História Dois é provável que seja totalmente inocente, e reflita o desejo de que o autor seja anônimo para que a História não fique associada com qualquer membro individual da Comissão.
Podemos além disso concluir razoavelmente que a pré-educação não foi proporcionada a toda a Comissão de Contato. Apenas o Dr. Sadler, a Dra. Lena Sadler, Wilfred Kellogg ou Anna Kellogg poderiam ter recebido os "vinte anos de pré-educação". Emma L. Christensen (Christy) não veio para a residência dos Sadler até dezembro de 1923, apenas pouco mais de um ano antes que o primeiro Documento fosse lido para o Fórum62. Bill Sadler Jr. ainda não tinha 16 anos em janeiro de 1925. Ele era sem dúvida um rapaz precoce, e pode ter tido alguma exposição ao processo dos primeiros contatos, mas é auto-evidente que ele não podia ter sido submetido a "vinte anos de pré-educação" antes que tivesse 16.
Os seguintes fatos se tornam importantes à medida que avaliamos informações acerca da história da Revelação e das fontes que estão disponíveis para nós. A Dra. Lena Sadler morreu a 1 de agosto de 1939, com a idade de 64. Wilfred C. Kellogg morreu a 31 de agosto de 1956, com a idade de 75 - menos de um ano após a publicação do Livro de Urantia. Anna Bell Kellogg morreu a 24 de fevereiro de 1960 com a idade de 8263. Assim, pelo começo de 1960, o único membro da Comissão de Contato que tinha a experiência real de aproximadamente duas décadas que precedeu o primeiro aparecimento dos Documentos de Urantia era o Dr. Sadler. E, desde que (de meu conhecimento) nem a Dra. Lena Sadler nem os Kellogg deixaram qualquer escrito ou testemunho relativo à Revelação, os escritos, as declarações e as lembranças do Dr. Sadler dos primeiros eventos são portanto de grande importância.
Entre outros deveres, os Intermediários invisíveis monitoram as atividades não materiais invisíveis do domínio espiritual do nosso planeta.
"Livro de Urantia", parágrafo 77.8_7: ... "Os Intermediários são os guardiões, as sentinelas, dos mundos do espaço. Eles desempenham os importantes deveres de observadores para todos os numerosos fenômenos e tipos de comunicação que são de importância para os seres sobrenaturais do reino. Eles patrulham o invisível reino do espírito do planeta. [Livro de Urantia páginas 864-865]"
Os Intermediários aparentemente estavam presentes a todo contato. Evidentemente, havia uma comissão específica de Intermediários que eram designados para o projeto de revelação de Urantia. Com outros Intermediários que não esses, nem dois contatos apresentavam semelhança; cada contato era inteiramente diferente de qualquer e de todos aqueles que tinham ocorrido antes. Raramente o grupo de quatro membros da Comissão de contato encontrou-se com a mesma personalidade visitante mais do que uma vez. A Comissão foi assim provida de um extenso e liberal treinamento educacional preparatório64.
Jesus é pela primeira vez mencionado no Livro de Urantia, na página 30, e outras 19 vezes antes da página 100. Além disso. Michael é mencionado na página 8, como "Cristo Michael - filho do homem e filho de Deus", e 16 outras vezes antes da página 100. Há referências contínuas a ele e a sua carreira através dos Documentos.
Nos primeiros contatos, antes que os Documentos começassem a aparecer, havia uma quantidade limitada de discussão acerca da vida e dos ensinamentos de Jesus. O Dr. Sadler especulou que os Intermediários podem ter sido um pouco "dúbios quanto à autoridade em tais assuntos". Ele pode ter baseado essa possibilidade no fato de que, mais tarde na apresentação dos documentos, foi dito que o grupo Revelador de Intermediários buscou autoridades de mais alto nível para dar esclarecimentos acerca do direito de eles apresentarem a história ampliada e expandida de Jesus de Nazaré e seus ensinamentos sem par65.
Deve-se notar mais uma vez que o Dr. Sadler acreditou durante muito tempo que ele encontraria uma explicação científica para o que estava acontecendo. Mesmo durante o primeiro período do Fórum de 1924-1935, ele procurou permanecer objetivo, e só provisoriamente aceitava a validade do conteúdo dos Documentos de Urantia. Ele escreveu dos primeiros contatos:
"Aqueles de nós que participamos dessas vigílias noturnas nunca suspeitamos que estávamos em contato com algo sobrenatural66."
Do mesmo modo que o nome da personalidade de contato, o pouco que os membros da Comissão de Contato sabiam das técnicas de materialização não era para ser discutido. Contudo, tanto o Dr. Sadler quanto Bill Sadler Jr. não podiam deixar de especular sobre a técnica de materialização dessa revelação de época. Eles podem ter sido desafiados pela dificuldade filosófica de postular que seres espirituais podem simplesmente se comunicar à vontade com os humanos. A "distância" que se interpõe entre os reinos da matéria e do espírito é vasta. Nos Documentos de Urantia somos informados de que:
"Livro de Urantia", parágrafo 38.9_9: ... "O intervalo entre os mundos material e espiritual é perfeitamente preenchido pelas associações em série do homem mortal, o intermediário secundário, o intermediário primário, o querubim moroncial, o querubim de fase intermediária, e o serafim. Na experiência pessoal de um indivíduo mortal esses diversos níveis estão indubitavelmente mais ou menos unificados e tornados pessoalmente significativos pelas operações misteriosas e desapercebidas do divino Ajustador do Pensamento."
"Livro de Urantia", parágrafo 38.9_8: ... "uma vez que cada ordem de intermediário pode estabelecer perfeita sincronia de contato com os outros, qualquer grupo é, em consequência disso, capaz de conseguir utilização prática de toda a escala de energias que se estende desde a grosseira energia física dos mundos materiais e, em travessia ascendente, as fases de transição das energias do universo, até as mais elevadas forças da realidade espiritual dos reinos celestiais."
Um estudo completo dos possíveis métodos de materializar os Documentos de Urantia está além do objetivo deste livro. Leitores interessados são convidados a examinar as figuras no fim deste capítulo, e a verificar as referências sugeridas.
Três observações finais podem ser feitas. Da minha perspectiva como um leigo, apresentar os Documentos de Urantia em língua inglesa foi uma tarefa de magnitude inimaginável. Eles são em grande parte o que chamaríamos uma "tradução" de outra língua, em alguns casos, de duas outras línguas. Em alguns casos um Documento teve que ser traduzido da língua complexa de Uversa, que é a capital do nosso super-universo de Orvônton para a do Universo Local de Nébadon, e finalmente para os padrões conceituais e linguísticos da língua inglesa. Alguns leitores gostam dos diálogos e conversações da Parte IV porque dizem que eles contêm as "verdadeiras palavras de Jesus". Todavia, embora Jesus falasse várias línguas, nenhuma delas era o inglês moderno. Todos os diálogos e conversações previamente revelados tiveram de ser "traduzidos", por assim dizer, de suas línguas originais e gravadas em alguma forma de imagem simbólica pelos intermediários. Numa carta de 1959 para o Dr. Adams, o Dr. Sadler revelou:
"Você deve lembrar que os intermediários prepararam uma narrativa que era muitas vezes maior do que a que nos foi finalmente dada como a Parte IV do Livro de Urantia." [Ver Apêndice B]
Em vista dessa declaração, parece que o Dr. Sadler tinha sido informado de que um processo de "edição" preliminar pelos Intermediários teve lugar antes da materialização da re-exposição da Vida e Ensinamentos de Jesus. Os Intermediários foram aconselhados a usar fontes humanas quando disponíveis, suplementá-las e corrigi-las com informações reveladoras, e em seguida materializar o resultado numa apresentação uniforme em inglês contemporâneo. Além disso, os Intermediários calcularam datas de acontecimentos durante a vida de Jesus para confrontar com um calendário moderno e estabeleceram as horas exatas do dia (baseados sobre a cronologia moderna) para muitos acontecimentos que tinham acontecido quando ainda não tinha sido inventado nenhum método de marcação precisa do tempo. Dessa forma, em minha opinião de leigo, devíamos ter em mente que o processo de materialização dos Documentos na língua inglesa foi de marcante complexidade.
A segunda observação é: Os Documentos de Urantia fizeram uso de uma grande quantidade de material humano conceitual e escrito existente. Os Documentos declaram isso livre e claramente em vários lugares. Todavia, para alguns leitores isso é muito perturbador. Eles raciocinam que uma revelação deveria apresentar apenas material novo. Mas isso é uma super-simplificação do processo e do propósito de uma revelação de época. A técnica de revelação de época inclui sintetizar conceitos e conhecimento existentes, recuperar o que de outra forma pode ser perdido, e usar novos conceitos e idéias apenas quando necessário para cumprir a missão primária. O objetivo da revelação de época é expandir o significado espiritual e as implicações quanto ao universo dos conceitos e do conhecimento existente - que no caso dos Documentos de Urantia exigiu introduzir uma riqueza de novos conceitos e informações relativas ao universo, antes desconhecidas.
Contrastado com uma revelação de época há um fenômeno que os Documentos de Urantia descrevem como auto-revelação. Auto-revelação é o resultado da atividade do Ajustador do Pensamento na mente humana, e produz muitas coisas maravilhosas e inspiradoras, embora com demasiada frequência materiais diferentemente "inspirados" sejam distorcidos como resultado de sua passagem pela mente humana. Revelação de época, por outro lado, envolve as atividades de personagens celestiais.
"Livro de Urantia", parágrafo 101.2_1: ... "A prova de que a revelação é revelação é esse próprio fato da experiência humana: o fato de que a revelação efetivamente sintetiza as aparentes divergências entre as ciências da natureza e a teologia da religião numa filosofia do universo lógica e consistente, uma explicação co-ordenada e ininterrupta tanto da ciência quanto da religião, criando por essa forma uma harmonia da mente e satisfação do espírito que responde na experiência humana àqueles questionamentos da mente mortal que almeja saber como o infinito opera sua vontade e seus planos na matéria com as mentes e no espírito." (Livro de Urantia, 101.2_1)
Para sintetizar ciência, religião e filosofia os autores celestiais da revelação de época devem utilizar e harmonizar conceitos humanos existentes largamente divergentes. Matthew Block, um de um número crescente de pesquisadores urantianos, esteve reunindo documentos e escritos de procedência humana que aparentemente foram utilizados pelos reveladores como matéria-prima para o processo de sintetização. A tarefa dos Reveladores aparentemente é procurar alcançar a mente mortal evolucionária onde ela estiver, e em seguida habilmente oferecer novas informações para expandir a compreensão que a humanidade tem dos valores e significados do universo. Matthew nos mostra com que engenhosidade novas idéias e conceitos são confrontados pelos Reveladores com os conceitos humanos existentes. Seu projeto é um trabalho em andamento que produzirá importantes informações que exigirão uma grande quantidade de estudo para compreender plenamente e avaliar adequadamente. O problema é que, por mais importante que esse trabalho seja, simplesmente reduzir os Documentos de Urantia às partes componentes não necessariamente revelará sua verdadeira natureza - não mais do que a mente humana pode ser verdadeiramente compreendida por ser submetida a uma análise puramente reducionista até as moléculas e os átomos.
David Kantor é um historiador e erudito altamente conceituado, e membro do Comitê Executivo do Conselho Geral de The Urantia Book Fellowship. David fez a seguinte observação:
"O mecanismo efetivo para estruturar a Revelação num nível conceitual ainda está para ser descoberto e descrito pelos eruditos. Penso que o trabalho de Matthew é um começo. Estou lembrado da citação da página 1105: `(Religião) consiste não em descobrir novos fatos ou em encontrar uma experiência única, mas antes na descoberta de significados novos e espirituais em fatos já bem conhecidos da humanidade.' A fonte dos materiais que estão sendo descobertos e avaliados por Matthew Block e outros indicam que os Reveladores não apenas usaram as construções linguísticas da língua inglesa para se comunicarem conosco, mas também usaram o vocabulário `conceitual' refletido no melhor dos nossos escritos religiosos, filosóficos e científicos. Esses estudos estão ainda num estágio de desenvolvimento muito primitivo mas provavelmente mudarão nosso entendimento das origens dos Documentos de Urantia de forma profunda e fundamental."
Kristen Maaherra provavelmente estudou as fontes humanas dos Documentos de Urantia e suas estruturas tão intensamente quanto qualquer outro. Ela descobriu muitas pistas fascinantes, inclusive o uso do que ela chama "palavras de uma só vez" (palavras que só são incluídas uma vez no milhão de palavras do texto), palavras hifenizadas, palavras em itálico, e outros elementos que se relacionam de alguma forma com o todo imensamente complexo e que confundem. O trabalho sobre a estrutura e os métodos conceituais que produziram os Documentos prossegue e sem dúvida continuará por muitos anos no futuro.
Contudo, eu suspeito que nenhum argumento lógico convenceria alguém de mente-fechada que duvidasse que a síntese de novas informações com informações existentes é precisamente um dos objetivos que os Documentos de Urantia nos dizem que a revelação de época busca conseguir. Para o novo leitor, darei um exemplo desse processo e deixarei que cada indivíduo decida. Há uma passagem nos Documentos de Urantia que se diz constituir uma versão virtualmente parafraseada de uma mensagem de Bertrand Russel, produzida deliberadamente para uma aula de graduação colegial, antes que os Documentos de Urantia fossem publicados. É ponderada, negativa e parece mover-se nos círculos de uma orientação existencial tipicamente intelectual:
"Livro de Urantia", parágrafo 102_1: ... "Para o materialista descrente, o homem é simplesmente um acidente evolucionário. Suas esperanças de sobrevivência estão ligadas a uma fantasia de imaginação mortal; seus medos, amores, anseios e crenças são apenas a reação da justaposição incidental de certos átomos de matéria sem vida. Nenhum aparato de energia, nenhuma expressão de confiança pode transportá-lo depois do túmulo. As obras devocionais e o gênio inspirado dos melhores dos homens estão condenados a ficar extintos pela morte, pela noite longa e solitária do esquecimento eterno e da extinção da alma. O desespero sem nome é a única recompensa por viver e labutar sob o sol temporal da existência mortal. A vida aperta, cada dia mais vagarosa, mas, mais certamente, a sua garra de condenação sem piedade, a qual um universo material hostil e implacável decretou fosse o insulto que coroa a tudo aquilo que é belo, nobre, elevado e bom nos desejos humanos." (pág. 1118 [1])
Considere agora o contra-argumento positivo que aparece nos Documentos de Urantia na página que precede os comentários acima. Essa réplica pode ser procedente de algum escrito que há muito se perdeu para nós e está sendo restaurado pelos Reveladores. Ou, como eu penso que é o caso, pode ser completamente original e maravilhosamente inspirado. Em qualquer caso, dificilmente poderia ser mais apropriado:
"Livro de Urantia", parágrafos 101.10_7-9: "[A verdadeira] Religião assegura ao homem que, seguindo a luz da retidão que é discernível em sua alma, ele está assim identificando-se com o plano do Infinito e com o propósito do Eterno. Uma alma liberada desse modo começa imediatamente a sentir-se em casa nesse novo universo, o seu universo."
"Depois que passardes pela experiência de uma tal transformação pela fé, não mais sereis uma parte escravizada do cosmo matemático, sereis mais um independente filho volitivo do Pai Universal. Não mais esse filho liberado está lutando sozinho contra a condenação inexorável da cessação da existência temporal; não mais ele combate a toda a natureza, com as possibilidades desesperadamente contra si; não mais ele hesita com um medo paralisante de ter, por acaso, colocado a sua confiança numa quimera sem esperança ou de ter dedicado a sua fé a um erro fantasioso."
"Agora, sobretudo, os filhos de Deus estão alistados juntos para lutarem na batalha do triunfo da realidade sobre as sombras parciais da existência. Afinal, todas as criaturas tornam-se conscientes do fato de que Deus e todas as hostes divinas, de um universo quase sem limites, estão do seu lado na luta superior para alcançar a eternidade da vida e a divindade de status. Tais filhos, liberados pela fé, certamente se alistaram nas lutas do tempo ao lado das forças supremas e das personalidades divinas da eternidade; até mesmo as estrelas, nos seus cursos, agora, estão na batalha por eles; afinal, eles contemplam o universo de dentro, do ponto de vista de Deus, e, das incertezas de um isolamento material, tudo fica transformado nas certezas da progressão espiritual eterna. E mesmo o tempo não se torna mais do que uma sombra da eternidade, lançada pelas realidades do Paraíso, sobre a panóplia, em movimento, do espaço." (pág. 1117 [1])
Isto é revelação, e fala por si mesma além de qualquer retórica ou argumento que eu pudesse acrescentar. Uma pessoa abraça isso ou não. Este não é senão um exemplo entre incontáveis outros do poder da Revelação para transcender os parâmetros comuns do pensamento criativo humano. Por mim e por outros urantianos que temos experimentado os Documentos de Urantia por muitos anos, e que temos longamente apreciado a riqueza espiritual e as concepções desafiadoras da Revelação, simplesmente não há espaço para duvidar de sua autenticidade.
A terceira e última observação é esta: Não se pode super-enfatizar que o Ajustador do Pensamento do sujeito humano era necessário para esse processo funcionar, mas não a mente humana propriamente dita. As atividades do Ajustador do Pensamento se interpõem nos níveis super-conscientes da mente humana, mas assim o fazem (com raras exceções) sem a percepção consciente do sujeito humano.
O Ajustador do Pensamento do sujeito adormecido - junto com os Intermediários Secundários - eram as ligações finais no complexo processo de materialização dessa revelação de época e sua inserção na corrente evolucionária. Nos mundos evolucionários, os Ajustadores do Pensamento estão sempre associados, sob essas circunstâncias de revelação, com um hospedeiro humano. Portanto, o sujeito adormecido era um componente necessário (embora indireto) na intrincada cadeia de procedimentos.
Por que uma metodologia tão complexa? A maioria dos teólogos concordaria com a premissa do Capítulo Quatro, de que certas regras parecem comandar a forma pela qual uma revelação é apresentada no planeta. Os Anjos não têm permissão de "miraculosamente" fazer descer uma revelação no colo dos seres mortais. Quando Clyde Bedell entregou-me meu primeiro Livro de Urantia em 1968, ele informou-me de que o mesmo tinha como autores seres celestiais e ninguém sabia exatamente como surgira. Isso foi um grande susto para mim, até que ele acrescentou:
"Mas essa é a pior razão para se acreditar em alguma coisa. Leia-o e veja se ele combina com você. Avalie este livro tão somente pelo seu conteúdo."
Pode-se argumentar que a personalidade de Jesus de Nazaré, cuja vida e ensinamentos foi também uma revelação de época, foi na verdade "feito descer" em nosso planeta por meio da outorga do seu nascimento. Mas notemos que Jesus poderia ter ganho o mundo facilmente pelo simples exercitar completo de seus poderes miraculosos. Ele poderia ter simplesmente "caminhado no ar" acima do templo, tivesse ele escolhido assim fazer e esmagado as dúvidas de virtualmente todo civilizado mortal no planeta. Mas tais obras e maravilhas também teriam sido a razão menos nobre para acreditar no Mestre, e Jesus nunca se cansou de ensinar esse princípio aos apóstolos. Aparentes milagres têm um apelo convincente sobre personalidades imaturas, mas não eliminam a necessidade de progresso espiritual pessoal. Cada um de nós devemos trabalhar por nosso pão espiritual, do mesmo modo como trabalhamos por nosso pão material.
Como foram materializados os Documentos de Urantia? Ninguém sabe. Em algumas das próximas páginas apresentaremos certas referências dos Documentos de urantia e especulações adicionais relacionadas à questão da materialização. Filósofos que se opõem ao conceito de revelação há muito indicaram os problemas associados com a forma pela qual o reino espiritual poderia interagir com o reino material. Talvez a coisa mais interessante acerca das pistas fornecidas pelos Documentos de Urantia seja o fato de que essa questão, que muito poucas pessoas sabem que existe, seja discutida de maneira tão completa. A idéia de um reino moroncial interveniente que mistura material e espiritual e interagi com ambos os outros reinos, é exclusiva dos Documentos de Urantia.
No próximo capítulo chegam os Documentos de Jesus enquanto resumimos os acontecimentos e sequências históricos pelos quais os Documentos de Urantia foram materializados.