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Para terminar eu gostaria de sair do estilo acadêmico deste livro para entrar em contato direto com o coração do leitor.
Esta obra constitui na realidade uma síntese de tudo o que aprendi de essencial em toda a minha existência, sobre uma nova maneira de viver, e de viver em paz.
Pois o que me levou pessoalmente a escrever esta obra é uma longa história que reflete a crise que estamos vivendo, em que há cada vez mais violência, que por sua vez é o reflexo de uma crise que afeta a nossa juventude e seus pais: uma crise do sentido da existência.
Apesar de já ter escrito esta minha história em dois livros, A revolução silenciosa e Lágrimas de compaixão, apresento aqui um resumo para aqueles que não os leram.
Eu mesmo passei por uma crise desta e aprendi a duras penas que crise não é coisa ruim - depende do que a gente faz dela. Pode ser uma grande oportunidade para evoluir e se transformar.
Aos 33 anos, eu me encontrava, apesar da idade, no auge do sucesso. Tinha tudo e mais do que jamais sonhara ter: cargos, dinheiro, fama, livro best-seller na lista do jornal O Globo, consultório de psicologia montado, dava entrevistas à TV, era professor de universidade.
E me sentia profundamente infeliz, a ponto de desabar em choro, dominado pelo tédio, no meio de uma praça vazia, num domingo vazio, e eu mesmo vazio. Mais tarde descobri que tinha conjugado o verbo ter sob todas as modalidades, o que me haviam ensinado. Mas ninguém me passou a maneira de Ser, nem meus pais, nem meus professores de jardim, primário, secundário ou superior. Ninguém me comunicou o que é essencial e o que é acessório.
A crise me levou a um câncer; fui operado, fiz radioterapia e meu médico me informou que eu precisava esperar cinco anos para saber se estava curado ou não. Foi aí que vieram a tona as grandes questões da existência: o que é que eu faço aqui nesta Terra? Eu tenho algum papel, alguma missão? E depois da morte, o que é que tem?
Essas perguntas me levaram a procurar e encontrar caminhos para respostas e saída da crise. Resolvi fazer psicanálise no divã quatro vezes por semana e aprender a praticar ioga. Um caminho ocidental e um caminho oriental. Eu estava fazendo exatamente o que recomendava a Declaração de Veneza da Unesco, em anexo, uns vinte anos depois. Saí da minha crise, descobri minha vocação humanista na psicanálise, e no ioga, funções adormecidas me permitiram ver diretamente a energia, o que mudou minha visão do lugar do ser humano no universo.
Essas experiências foram reforçadas num retiro de três anos de ioga tibetano, onde aprendi muito sobre a tradição do Dalai-Lama.
É bem verdade que já muito cedo aprendi sobre paz e fronteiras, pois nasci numa família de três religiões em conflito.
E além disso nasci numa fronteira, da França com a Alemanha, em guerras periódicas. Assim, muito cedo aprendi sobre o valor relativo das fronteiras. Na realidade não existe nenhuma fronteira em lugar nenhum; todas as fronteiras são criações da mente humana - logo, não existem. E é em cima de fronteiras que não existem que se fazem as guerras!
É por isso que muito cedo sonhei com um mundo de paz. Já com 8 anos de idade reuni amigos e primos e, com o humor que não me falta, para dirimir os conflitos religiosos da minha família sugeri a criação da associação católica dos judeus protestantes ...
Em plena guerra mundial, apresentei-me à guerrilha francesa para expulsar os nazistas. Pediram-me para escolher uma metralhadora, daquelas que foram mandadas por pára-quedas por aviões britânicos. Algo muito forte em mim gritou: Não, não quero matar! E me ofereci para ser enfermeiro da Cruz Vermelha, e, felizmente para mim, nunca matei ninguém. Eu já era não-violento sem conhecer o "ahimsa" de Gandhi: participei ativamente da eliminação dos nazistas, mas sem violência e sem ódio, com amor. Na realidade, nunca consegui odiar os alemães; para mim eram seres humanos como nós.
Um dia eu estava andando nos trilhos de um trem que ia passar cheio de nazistas, e meus companheiros estavam explodindo uma ponte. Então, sonhei, e me vi bem nitidamente no futuro criando uma instituição educacional com todos os métodos modernos de educação a serviço da paz. Eu tinha 18 anos.
E aqui está a realização do meu sonho: a Unipaz instalada em trinta unidades no Brasil e no mundo; o método da Avipaz em plena aplicação a milhares de pessoas, e o presente livro já em seis línguas.
Isso me dá muita paz e alegria. Mas o que me dá mais felicidade ainda é ouvir declarações entusiasmadas de pessoas que fizeram a Avipaz: "Muito obrigado! É disto que eu precisava! Este seminário está iniciando uma mudança profunda na minha existência; já me sinto outra pessoa!".
Só me resta emitir um voto: que este livro sirva de semente para uma profunda transformação dos seus leitores!