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A Universidade Holística Internacional de Brasília - UNIPAZ é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, declarada órgão de Utilidade Pública Federal, por Decreto do Presidente da República, publicado no Diário Oficial de 16 de Abril de 1997, e Decreto do Governo do Distrito Federal no 11.203/88. Foi criada para desenvolver projetos específicos e interrelacionados à cultura de paz, alicerçada na visão holística e na abordagem transdisciplinar, conforme as diretrizes da Declaração de Veneza de 1986, Declaração de Brasília de 1987, Carta de Transdisciplinaridade de 1994, Carta Magna da Universidade Holística Internacional e do programa de educação "A Arte de Viver em Paz" de Pierre Weil, Menção Honrosa do prêmio UNESCO para a Educação para a Paz, em 2000 e do qual originou a Teoria Fundamental da UNIPAZ.
A UNIPAZ foi criada e instalada em Brasília em 1986 e hoje está multiplicada por unidades instaladas no Brasil em: Salvador (BA); Vitória (ES); Belo Horizonte e Uberlândia (MG); Belém (PA); Curitiba (PR); Rio de Janeiro (RJ); Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria (RS); Florianópolis, Chapecó e Criciúma (SC); Aracaju (SE); Recife (PE); Fortaleza (CE); São Paulo e Campinas (SP); Goiânia (GO); e no exterior em Portugal, na França, na Bélgica e na Argentina.
Em toda unidade da UNIPAZ utiliza-se a pedagogia da cultura de paz desenvolvida por Pierre Weil e sua equipe, com base em documentos da ONU e da UNESCO. O programa tem sido aplicado em formações, em cursos e seminários abertos à participação de todos os interessados. No Brasil, o programa tem sido levado às instituições governamentais e escolas públicas e particulares de ensino fundamental, médio e superior. Pelo menos 20 mil brasileiros foram treinados para aplicação desse programa em suas comunidades.
Nasci numa família de três religiões em conflito entre elas, numa região fronteiriça de dois países, a França e a Alemanha, periodicamente em guerra, a Alsácia, mistura de duas culturas com duas línguas usadas nas conversas entre os meus pais.
Com 8 anos de idade eu brincava com os meus primos de criar a Associação Católica dos Judeus Protestantes a favor do Maometanismo Budista. Era minha maneira engraçada de reagir às tensões geradas pelos desentendimentos religiosos da minha família. Eu sonhei com a criação de uma escola com todos os métodos de educação a serviço da paz.
Cheguei à conclusão de que não foi por acaso que nasci nessa família contraditória e num lugar de lutas de fronteiras e também ter sido guerrilheiro da Cruz Vermelha para não matar ninguém. Eu fui preparado para ser o que me tornei aos poucos: um educador.
Estamos no fim de 1980. A crise mundial está no seu auge com a permanente ameaça nuclear vinda da crescente tensão entre os dois blocos, o capitalista e o soviético. Muita gente morre ao tentar pular o Muro de Berlim e se refugiar na parte ocidental da cidade. O meu anseio pela paz mundial está no máximo. Eu gostaria de fazer algo de concreto. Escrevi ao meu primo e amigo, André Chouraqui, de Jerusalém, que na qualidade de vice-prefeito de Jerusalém e amigo pessoal do rei do Marrocos lançou as bases dos acordos de paz entre Israel e o Egito por meio dos acordos de Camp Davis.
Atendendo ao meu apelo para empreendermos algo em conjunto, eis o que ele me escreve, com carta datada de 1o de dezembro de 1980:
É claro para mim que, tal como você, eu penso em uma possível ação, de envergadura internacional, a fim de tentar reagir contra as tendências suicidas do nosso tempo, mas não sei como nem com quem empreendê-la para que ela tenha, de saída, algumas chances de credibilidade. Talvez os tempos ainda não tenham chegado. Quando chegarem, eles ditarão por si mesmos a forma de agir.
André Chouraqui
Esse trecho de carta deve traduzir o sentimento de impotência de muitos líderes e formadores de opinião da época. Sei que traduz o meu próprio sentimento. Então, resolvi dar tempo ao tempo e aguardar os sinais dentro de um ato de confiança: abertura para o que der e vier. Só me restava, por conseguinte, decidir fazer a minha parte possível e ao alcance das minhas modestas possibilidades, isto é, cuidar do desvelar da plena consciência e da paz em mim mesmo e nos outros.
Eu cheguei à certeza da possibilidade de termos acesso à nossa verdadeira natureza e tinha seguramente dados os primeiros passos nessa direção.
Durante os últimos meses do retiro tibetano de 3 anos, 3 meses e 3 dias, recebi duas comunicações importantes, que não sei como chegaram às minhas mãos. A primeira foi a notícia da existência, em Paris, de uma universidade holística. O nome holístico, do grego holos, "o Todo", agradou-me demais. Intuitivamente, senti que a palavra holística era um resumo do Dharma na vida moderna. Um conceito em torno do qual todas as religiões e ideologias filosóficas e espirituais podiam encontrar um denominador comum, conservando, porém, a sua identidade própria.
Como eu tinha chegado à conclusão, lá pelo final do retiro, de que o absoluto e o relativo, o pessoal e o transpessoal, não podiam ser dissociados, a solução dessa última dualidade estava na palavra holística, que para mim significava a integração das psicologias pessoal e transpessoal. Esse último ramo da psicologia tinha nascido, para mim, do próprio movimento de fragmentação que está atingindo todas as ciências e disciplinas, mais especialmente nos Estados Unidos, onde a psicologia transpessoal tinha nascido, em 1969. Escrevi para a fundadora, Monique Thoenig, uma psicóloga transpessoal, que praticamente havia lançado o movimento transpessoal na França e na Europa, convidando os seus expoentes - como Stan Grof, Fritjof Capra, Marilyn Ferguson, Stanley Krippner - para realizarem os primeiros seminários sobre o assunto na França.
Ela me respondeu que gostaria de me conhecer, principalmente porque não tinha mais força para levar essa universidade sozinha, em Paris, por uma questão de resistência física. Acabei marcando um encontro com ela em Bordeaux, que ficava a duas horas de trem de Perigueux, onde eu estava.
A segunda comunicação que recebi foi de um encontro transpessoal organizado por Jean Yves Leloup, cujo tema era "Novas medicinas e psicologias transpessoais". O assunto me agradou e Jean Yves Leloup respondeu muito entusiasmado, pois já me conhecia de nome pela minha tese de doutorado, "Esfinge" e pelo meu livro "A mística do sexo", ambos publicados em Paris. Ele convidou-me para apresentar um trabalho sobre o tema. O lugar do congresso era o Centre International de la Sainte-Baume, dirigido por Jean-Yves Leloup e hoje extinto.
Em 9 de julho de 1985, resolvi abrir a Bíblia ao acaso para saber se eu tinha mesmo uma missão. Eis a resposta:
Passai, passai pelas portas,
preparai um caminho para o meu povo,
construí, construí a estrada, removei as pedras.
Não seria possível obter uma resposta mais clara! Eu tinha mesmo é que sair pela porta do retiro e preparar os meus seminários, apontando caminhos, construindo estradas e removendo obstáculos à descoberta da verdadeira natureza do Espírito. Pois eu tinha de me preparar para essa missão e retomar contato com o mundo exterior, do qual eu fiquei cortado completamente durante os anos no retiro.
Fui à estação comprar minha passagem de trem para ir a Bordeaux conhecer Monique Thoenig. Quando cheguei à estação, só me restou pegar a minha mala, despedir-me da minha amiga e, correr para pegar o trem já em marcha para Bordeaux!
Ao chegar em Bordeaux, no cais, vi uma mulher bastante elegante, mas vestida com simplicidade, com um lenço azul segurando os cabelos para protegê-los do vento. Os seus olhos azuis irradiavam aquele brilho de uma luz que só uma espiritualidade profunda dá às pessoas. Logo reconheci a Monique.
Nossos olhares se cruzaram e estabeleceu-se de imediato uma corrente de simpatia mútua e de amizade espontânea, como se fosse um reconhecimento de almas irmãs. Com a alegria contagiante desse encontro, ela levou-me para a casa dela, que era uma casa de veraneio para ela, seu marido e seus filhos, começamos a conversar e trocar experiências.
Em relação à universidade holística da qual é a fundadora, ela me mostrou muitos folders que comprovavam uns dez anos de incessantes realizações de seminários e encontros de várias autoridades ligadas a uma nova visão não-fragmentada e holística da realidade, que já citei anteriormente.
Ela me explicou a sua conceituação dessa universidade como sendo o que ela chamava um "Espaço Consciência". Devo reconhecer que naquela época eu não entendia como uma universidade poderia ser um espaço consciência, apesar dos meus 25 anos de estudos transpessoais e de três anos de retiro com os tibetanos. Hoje entendo melhor o que ela queria dizer, depois do desenvolvimento da Internet. Fala-se muito hoje em universidade virtual, que não tem instalações, nem prédios, mas onde todo mundo aprende com todo mundo. O seu trabalho era primoroso e os folders de uma qualidade e sensibilidade excepcionais.
Mais tarde, já em Paris, Monique me fez visitar o seu câmpus, situado numa cobertura, com 20 metros quadrados e uma vista linda sobre o Sena e a Torre Eiffel. Havia ali um arquivo, um fichário, uma pequena biblioteca e mais nada. Para os seminários, lançava mãos dos inúmeros locais e salas que existem na capital da França.
Era realmente um espaço de consciência! ...
Monique confidenciou-me, então, que estava exausta e com pouca energia para continuar. Ela queria simplesmente fechar a universidade. Eu, que tinha em mente uma imagem nítida do imenso potencial que esse organismo representava, não somente para a França, mas para o mundo, e mais particularmente para o Brasil, respondi com bastante veemência que achava que ela devia adiar essa sua decisão até que eu encontrasse uma solução. Eu me sentia cheio de energia para trabalhar em prol da continuidade da obra.
Falei, então, que eu iria conhecer o então padre dominicano, Jean Yves Leloup em seu Centre International de la Sainte-Baume.
Jean-Yves Leloup fez do Centre International de la Sainte-Baume, um lugar ecumênico. Ali o teólogo judeu André Chouraqui traduziu os Salmos para sua nova versão da Bíblia. Ali passaram também mestres de Ioga hindus e budistas tibetanos. Ciência, filosofia, arte e tradições espirituais se encontravam a fim de procurar o que as unia.
Expliquei para Jean-Yves Leloup a situação de Monique, que ele conhecia de nome, e da possibilidade de transferir a universidade holística para la Sainte-Baume. Ele aceitou a minha proposta de um encontro de nós dois com Monique, em Paris.
Algumas semanas depois, estávamos reunidos no "câmpus" de Monique que descrevi acima. Quando Monique explicou o seu cansaço e a vontade de fechar a universidade, Jean-Yves confessou a mesma coisa; ele também estava exausto por se dividir constantemente entre la Sainte-Baume e suas viagens para dar palestras, então sugeriu a criação da Universidade Holística Internacional no lugar da Universidade Holística de Paris.
Eu mal sabia que essa Universidade Internacional não ficaria na França, mas seria transferida para Brasília ... Ao rever os eventos e sua sucessão, fica para mim evidente que o jogo já estava marcado, de cima ... Como costumo dizer, somos teleguiados.
Tomamos a decisão de realizar um primeiro seminário sobre o tema da Aliança, em la Sainte-Baume. A organização prática do seminário coube à administração de la Sainte-Baume. Convidamos Michel Random e Basarab Nicolescu, que além de terem já participado de outros seminários da universidade em Paris, foram os líderes da declaração de Veneza da Unesco, na qual nos inspiramos, introduzindo as recomendações referentes à transdisciplinaridade. Também vieram André Chouraqui, de Jerusalém; Denise Dejardin e Anne Ancelin Schutzenberger.
Começamos a visitar castelos abandonados ou arrendados para seminários, pensando em instalar fisicamente a nossa universidade num lugar adequado, na natureza, perto de Paris ou na Provence. Nem adianta contar os detalhes. De fato, nada deu certo. Foi então que os ventos mudaram para o Brasil.
Eu sonhei com a criação de uma escola com todos os métodos de educação a serviço da paz. Quase sessenta anos depois, quando eu já tinha abandonado toda veleidade nesse sentido, esse sonho se realizou da maneira mais inesperada.
Enquanto havia obstáculos intransponíveis para a instalação da universidade na Europa, aconteceram uma série de fatos e eventos que me levaram a me deixar guiar pela corrente mais forte e mais positiva. Devagarzinho, eu aprendi que uma das formas de ler o livro da vida é ir na direção onde algo está lhe facilitando as tarefas e, sobretudo, não insistir nas direções onde tudo conspira contra.
Aos poucos ficou evidente que a corrente positiva apontava para o Brasil. Vou reconstituir aqui a essência da história da Universidade Holística de Brasília e da Fundação Cidade da Paz.
Um dos eventos principais que desencadearam todo o processo foi quando, na mesma época, recebi dois convites.
Os acontecimentos essenciais se deram em Brasília começaram em 1986.
Eu não conhecia o governador de Brasília, José Aparecido de Oliveira, que me recebeu efusivamente e me falou de um projeto de criação da Cidade da Paz, um lugar onde as correntes filosófico-espirituais de Brasília pudessem se encontrar. José Aparecido de Oliveira me convidou para integrar uma comissão do Governo do Distrito Federal e, posteriormente, para assumir a responsabilidade de presidir e estruturar a Cidade da Paz, título dado a Brasília pelo Conselho Mundial da Paz de Helsinque.
Apresentei o projeto da Universidade Holística Internacional e que uma das fontes de inspiração era a Declaração de Veneza da Unesco, que acabava de ser divulgada em Paris.
Expliquei que esse documento proclamava que a ciência não podia mais assistir impassivelmente às aplicações irresponsáveis das suas descobertas, e que havia chegado o momento de estabelecer um encontro complementar, e não oposto, entre ciência, arte, filosofia e as grandes tradições culturais da humanidade.
Nessas minhas idas a Brasília, conheci de perto o meu amigo Roberto Crema. Eu o havia encontrado pela primeira vez num congresso de análise transacional, em Belo Horizonte, em que eu havia submetido a ele algumas ideias a respeito das relações da Análise Transacional e da Psicologia Transpessoal.
Algum tempo antes do convite de José Aparecido, Roberto Crema convidou-me para presidir e organizar junto com ele o Primeiro Congresso Humanista e Transpessoal do Brasil. Pensei muito antes de responder, e me lembrei que o movimento transpessoal tinha suplantado o movimento humanístico a partir de 1969. Pensei também na experiência do meu retiro em que não se podia dissociar o pessoal do transpessoal, o que aliás, era também a postura de Monique, para quem holístico significava "o encontro do pessoal e do transpessoal". Roberto Crema, por ser bastante aberto, embora tivesse acalentado essa ideia desde os tempos do meu retiro, se rendeu aos meus argumentos e aceitou a ideia de um congresso holístico.
Eu não me dava conta, nessa época, que com essa decisão a gente estava criando a Quinta Revolução na Psicologia. Na Realidade estávamos lançando as sementes para apoiar o movimento transdisciplinar de Basarab Nicolescu e da Unesco.
No dia 26 de Março de 1987 realizamos o primeiro Congresso Holístico Internacional com mais 1000 inscritos. O tema foi centrado nas origens da destruição da vida no Planeta, a fragmentação do conhecimento, a Declaração de Veneza da Unesco e a necessidade urgente da implantação da Transdisciplinaridade nas Universidades do Mundo.
Pois até hoje a nossa universidade é um canteiro de obras. A obra começou pelo lançamento da "Fundação Cidade da Paz", cujo objetivo seria o de criar, manter e administrar a futura "Universidade Holística Internacional de Brasília".
A "Fundação Cidade da Paz" foi lançada em 12/09/1987. Uma celebração inesquecível, em que estiveram presentes o ministro José Israel Vargas, presidente do Conselho da Unesco, todos os ministros do Supremo Tribunal, Márcia Kubitschek, Oscar Niemeyer, além do governador José Aparecido de Oliveira, que leu a seguinte mensagem mandada por Lúcio Costa para o evento:
O pretendido (a Fundação Cidade da Paz),
é como o nascer do sol.
Independe da nossa permissão.
É a lei natural das resultantes convergentes ...
E será útil no sentido de propiciar essas convergências.
Estavam assim lançada a fundação independente de ideologias políticas ou religiosas e tendo como princípios de base os da Declaração de Veneza da Unesco. Para sua instalação, foi concedido, em contrato de uso do solo, a Granja do Ipê, sítio de grande beleza inserido no cerrado, com cachoeira, flora e fauna nativas. Um lugar histórico de Brasília, ex-casa civil da Presidência da República.
Assinados os documentos, começou a grande aventura de montar uma nova universidade para o terceiro milênio.
Monique Thoenig, com a sua visão profética, ao saber no Congresso de Brasília da criação da universidade, declarou que nossas atividades deviam começar e dar prioridade às crianças e aos pobres. É exatamente a orientação que dei para o início das nossas atividades. Aconselhado pelo próprio governador, fui procurar a professora Lídia Rebouças, que tinha montado duas instituições no porão do Teatro Municipal, num lugar meio sinistro, sem ar nem sol, embora pintado de branco e bem-cuidado. Um dos organismos era o Projeto UniverCidade, que já estava realizando seminários e encontros. O outro era a Casa do Sol, uma criação pessoal de Lídia, visando a uma nova educação com bastante amor.
Era mais que evidente para o governador que o destino do projeto UniverCidade era o de se integrar à Universidade Holística, bem como à Casa do Sol. Lídia Rebouças mostrou-se muito entusiasmada pela proposta. Para crianças, o lugar era ideal.
Na semana seguinte, a Casa do Sol mudou-se para a Granja do Ipê. Lídia passou a morar num dos alojamentos da residência. Era um gesto de coragem, pois, à noite, a granja ficava muito isolada. Mas Lídia tinha a mesma fé e paixão que eu pela proposta. Depois de algumas semanas, decidi também me mudar para lá e encerrar a fase mineira da minha existência no Brasil. Iniciei a fase brasiliense.
Em 14 de abril de 1988 foi realizada a cerimônia de inauguração oficial da Universidade Holística Internacional de Brasília. Na presença do governador José Aparecido e do presidente do Conselho da Unesco, o professor José Israel Vargas, foi desvelada a placa comemorativa do evento com a citação do preâmbulo do ato institutivo da Unesco:
"As guerras nascem nas mentes dos homens. Logo é na mente que precisam ser erguidos os baluartes da Paz."
Esse lema muito nos inspirou na nossa ação educativa. A fim de simbolizar o encontro das tradições espirituais, um dos objetivos da universidade, pedimos ao padre salesiano e ao representante do candomblé, Raul de Xangó, para descerrarem a placa. Todos ficaram emocionados pela beleza e pelo profundo significado desse gesto. E eu, mais uma vez, lembrei-me da pluralidade religiosa e dos conflitos da minha infância.
À noite, realizou-se uma festa memorável à luz de velas, pois o salão de baixo só tinha uma lâmpada pendurada num fio no meio da sala, o que nos dava um atestado de pobreza absoluta e muito bem justificada ... A independência política tem o seu preço!
Foi em Belo Horizonte, num curso de formação em Cosmodrama realizado no Salão de Encontro de Noemy Gontijo, que passei ao planejamento da Formação Holística como tarefa prática, que consistia em adaptar o referido planejamento à realidade brasileira e à estrutura do Cosmodrama. Deste curso faziam parte, entre outros, Roberto Crema, Lydia Rebouças, Luiz Montezuma, Flávio e Sandra Rodrigues da Silva, Orestes Diniz Neto e Betty Clark.
Na Granja do Ipê em 14 de abril de 1989, sob o impulso de Roberto Crema, estruturou-se, a Formação Holística de Base e iniciou-se a primeira turma com mais de cento e cinquenta candidatos.
A Formação Holística de Base na Abordagem Transdisciplinar está se mostrando, através destes anos de fecunda atuação, um poderoso método de transformação no sentido de despertar uma nova consciência. Para cada um dos Aprendizes há a pessoa antes e depois da Formação: maior compreensão de si mesmo, dos outros e sobretudo do significado desta nossa existência; maior tolerância, paciência e amor; tais são, sem dúvida, os frutos colhidos por muitos participantes. Estamos possibilitando o surgimento de "Mutantes", os catalisadores da evolução. Alguém que, através de sua mudança, provoca mudanças externas.
Pierre Weil, Fundador da UNIPAZ
UNIPAZ é movimento de educação, cuidado e práticas integrativas para o despertar de uma consciência de inteireza, de onde emana a paz nas ecologias individual, social e ambiental, rumo à sustentabilidade com ética e respeito à vida.
A Visão da UNIPAZ é garantir e assegurar que até o ano 2.030, o século XXI será transdisciplinar holístico.
A UNIPAZ atua em aderência aos seguintes princípios:
Despertar uma nova consciência que integre o reconhecimento dos diversos níveis de realidade, a complexidade e a lógica do Terceiro Incluído;
Alcançar uma cultura de paz no planeta em favor da plena expressão da vida e
Conquistar saúde e plenitude por meio do despertar da plena atenção, integrando ao processo o amor, a ética do cuidado, a aceitação, a vocação e o serviço.
E acolhe os princípios dispostos nos seguintes documentos:
Considerar o paradigma do holístico; cultivar a abordagem transdisciplinar entre representantes das Ciências, Filosofias, Artes e Tradições Espirituais; e focalizar com abertura e exame crítico a complementaridade e a contradição a serviço da vida, do homem e da evolução.
Respeitar a fonte das Ciências, Filosofias, Artes e Tradições Espirituais; reconhecer cada cultura como manifestações da realidade plena; e considerar que o produto de toda criatividade não tem nenhum proprietário, respeitando, contudo, os autores individuais e coletivos.
Ser solidário com o outro; colaborar com o outro na preservação do bem comum e na convivência harmoniosa com a natureza; e buscar um ideal de sabedoria indissociado da dimensão do amor e do serviço.
O termo holística vem do grego holos, que significa Todo, Inteiro.
Com base nessa estrutura semântica, a holística pode ser definida como um novo paradigma que leva em consideração o todo, inclusive aqueles oriundos de outros paradigmas mais ortodoxos. Conforme definições aprovadas em encontros internacionais, inclusive da UNESCO, a visão holística é um novo conceito que evita a fragmentação do ser humano e de suas ações, o reducionismo e o totalitarismo. Isso implica em inter e transdisciplinaridade e no reencontro dialógico de Ciências, Artes, Filosofia e Tradições Espirituais.
O Sino da Paz é um dos símbolo da paz das Nações Unidas.
O Sino da Paz foi entregue às Nações Unidas em 08 de junho de 1954, pela Organização das Nações Unidas Associação do Japão, em nome do povo japonês, quando o Japão ainda não tinha sido oficialmente admitido nas Nações Unidas.
O sino foi brevemente para Osaka, no Japão, e mais tarde foi devolvido ao seu local permanente, em Nova York na 42nd Street e 1a Avenue, dentro da sede da ONU. Renzo Sawada, da United Nations Japanese entregou o sino para a Organização das Nações Unidas, no momento da entrega, comentou Sawada que, o sino encarnam a aspiração à paz não só dos japoneses, mas dos povos de todo o mundo. Assim, ele simbolizava a universalidade das Nações Unidas.
Pesando 116 kg, com uma altura de 1 metro e 0,6 metro de diâmetro na base, o metal do sino foi obtido a partir de moedas e contribuições individuais doadas por delegados de 60 nações e coletadas por crianças, que estavam assistindo ao 13a Conferência Geral das Associações das Nações Unidas realizada em Paris, França, em 1951. Inscrito em um lado do sino são os caracteres japoneses que dizem: Viva absoluta paz mundial!!!!.
O sino está instalado em um santuário Shinto-like feita de madeira de cipreste e está localizado em uma área de jardim ao norte-oeste da sede do secretariado na sede da ONU em Nova York na 42nd Street e Avenue First. A base de pedra para a estrutura do Sino da Paz foi doado por Israel.
Um martelo de madeira foi entregue às Nações Unidas em 1977. Uma corda de sino abençoado por sacerdotes xintoístas também foi entregue à Organização das Nações Unidas no dia que marcou o Dia da Terra, 20 de março de 1990.
Tradicionalmente, o sino é tocado na ONU, no dia 21 de Setembro (Dia Internacional da Paz Mundial), no dia 20 de Março (Dia da Terra) e em cada dia de abertura da Assembléia Geral da ONU.
Há mais de vinte cópias do Sino da Paz doados pelos japoneses em todo o mundo através da Internacional Peace Bell Association:
"A ideia do Sino da Paz, nasceu no Japão, terra de Hiroshima e Nagasaki, para lembrar ao mundo que: `bomba atômica, nunca mais!' Quero aqui agradecer o senhor Tomijiro Yoshida, Presidente da Internacional Peace Bell Association, por te confiado a administração do Sino do Brasil, à UNIPAZ, terceira Universidade da Paz do mundo, depois de Tóquio e Costa Rica".
O Sino da Paz do Brasil está instalado na UNIPAZ em Brasília e é uma réplica do Sino da Paz situado nos jardins das Nações Unidas, em Nova York. O sino tem quase 1 tonelada e é feito de bronze, fundido juntamente com moedas de todos os países do Mundo.
Trazido pelo representante do Embaixador do Brasil em Tóquio, o Sino da Paz foi inaugurado na UNIPAZ em Brasília em 27 de Abril de 1997, na presença de autoridades japonesas e brasileiras.
Visa habilitar os aprendizes a um novo jeito de SER e estar no mundo, partindo da proposta teórico-vivencial de uma Ecologia Pessoal, Social e Ambiental, sustentada no paradigma holístico, por meio de um modelo de educação para a inteireza e cultura de paz.
Do grego holos, que significa todo, inteiro. É um modelo que leva em conta a dinâmica do todo-e-as-partes, reconstituindo o fundamental diálogo da ciência com a filosofia, com a arte e com as tradições de sabedoria.
Visa propiciar um fundamento válido para o público em geral, independente das áreas de especializações e do nível de conhecimento pessoal. É uma base a partir da qual cada Aprendiz poderá direcionar-se nas diversas áreas do saber-e-fazer humano.
A Formação Holística de Base se propõe a cultivar um terreno fértil, no qual o Aprendiz possa assimilar os conhecimentos integradamente e incorporar a nova consciência holística. Contribui para a preparação de emergentes líderes holocentrados, capacitados para o enfrentamento dos novos e tremendos desafios neste surpreendente terceiro milênio.
A Formação Holística de Base vem se mostrando, ao longo de 30 anos, como um poderoso método de transformação, no sentido de despertar uma nova consciência para o terceiro milênio e mais além. Para cada um das centenas de Aprendizes que por ela já passaram, há o ser humano antes e depois da Formação, que atingiu maior compreensão de si mesmo, dos outros e, sobretudo do significado desta nossa existência.
O Aprendiz emerge com maior tolerância, paciência e amor e, no dizer de nosso reitor Roberto Crema, é removido dos "trilhos" para encontrar suas próprias "trilhas", que o levarão a tornar-se quem realmente é.
"A Formação Holística de Base é um espaço fecundo para o despertar de uma consciência plena e de uma inteligência integral, virtudes fundamentais para o enfrentamento dos imensos desafios globais do nosso momento histórico, que nos convoca ao exercício de uma visão integral para uma ação local e de uma aliança entre o conhecimento e o amor, entre o Saber e o Ser. Uma escola de liderança para o Século XXI."
Roberto Crema
Reitor da Universidade Internacional da Paz e
Facilitador da Formação Holística de Base
Vivências e reflexões sobre a necessidade de compreensão sobre o paradigma emergente, rompendo com a exclusidade do olhar baseado no paradigma cartesiano. Objetiva sensibilizar aqueles que desejam encontrar, de modo vivencial, a paz consigo mesmo (na dimensão do corpo, das emoções e da mente); a paz com os outros (na economia, na sociedade e na cultura) e a paz com a natureza (nos planos da matéria, da vida e da informação). Constitui ainda uma introdução vivencial geral e uma aplicação da Teoria Fundamental da UNIPAZ. Esse seminário foi objeto de um livro publicado pela UNESCO em 1990, traduzido para seis línguas.