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Como Multiplicar a
Inteligência do Seu Bebê

mais suave revolução
Glenn Doman • Janet Doman

Capítulo 14
Gênios - Não Existem Muitos mas Muito Poucos

Institutos para o Desenvolvimento do Potencial Humano
Institutes for the Achievment of Human Potential
14  Gênios - Não Existem Muitos mas Muito Poucos

Quando um gênio de verdade aparece
no mundo, você pode reconhecê-lo
por este sinal: os ignorantes
estão todos aliados contra ele.
- Jonathan Swift

     Como no caso das mães, os mitos sobre gênios são em grande número e seriam até bastante engrçados se não fossem tão difamatórios.

     Creio que nenhum dos mitos acerca de gênios foi criado por um deles. Foram inventados por pessoas que eram menos que gênios, e isso deve dar-lhes uma pista sobre o motivo pelo qual foram criados.

     Certamente um dos mitos mais comuns a respeito dos gênios é: "Os gênios, porque são gênios, têm muitos problemas."

     Gostaríamos de começar a discussão acerca deste mito pedindo-lhes que coloquem-no de lado para retirar de sua vivência pessoal a resposta a esta pergunta: "Quem tem problemas, gênios ou ignorantes?"

     Uma vez que temos amigos nas duas categorias, vamos conferir isso com a nossa própria experiência.

     Nos Institutos, nós temos a sorte de ser ricos em amigos gênios, e eu acho que é emocionante e muito gratificante conviver com eles. Cada célula do meu corpo vibra atentamente, e minha cabeça fica atônita ao ouvi-los. Eu até arrisco umas opiniões ou idéias e sinto-me perfeitamente confortável ao fazê-lo, uma vez que os gênios são ouvintes bons e atenciosos. Eles são extremamente curiosos a respeito de tudo.

     Eu também tenho muitos amigos ignorantes. Eles são acima de tudo pessoas com quem cresci nos diversos bairros onde morei, e companheiros de farda da época da guerra. Entre as pessoas com quem cresci, existem alguns tolos e, com menos freqüência, encontro um gênio nesses lugares.

     Eu gosto de estar com meus amigos ignorantes por razões muito diferentes. Meu prazer em estar com eles é causado principalmente pelo fato de ser bastante relaxante. Eu me recosto, coloco os pés para cima e pergunto-lhes: "Vocês acham que vai chover?"

     Depois de muito raciocinar, alguém arrisca uma opinião.

     "Sim, eu acho que vai."

     Há um gemido audível no grupo.

     Após outro período de reflexão profunda, um amigo diferente ousa dar a sua opinião.

     "Não, eu acho que não vai."

     Todo mundo parece consideravelmente contente.

     E isso é tudo.

     Só existem duas possibilidades: vai ou não vai. Nós já cercamos as possibilidades, portanto podemos agora relaxar e pensar na profundidade da questão.

     Alguém poderá pensar que esses meus amigos são fazendeiros. Não são. Eles são amigos da cidade, e eu acho que eles estão sempre desejando que não chova - nunca!

     Portanto, por motivos diferentes, eu gosto de conviver com meus amigos gênios e com os amigos ignorantes.

     Eu também me surpreendo menos desejoso de expressar minhas idéias e opiniões entre os meus amigos ignorantes. Eu descobri que eles são bem menos tolerantes a idéias ou opiniões do que os amigos gênios.

     Eles também têm muito mais problemas do que os meus amigos gênios.

     São os ignorantes, e não os gênios, que têm problemas.

     Nós voltaremos a eles e a sua maior frustração, a chuva, muito em breve.

     Outra preocupação a respeito de gênios é que eles são pessoas extremamente frustradas, e, como todos sabem, é muito ruim ser frustrado.

     Durante as últimas décadas, nós temos sido submetidos a muito mais psicobobagens do que desejaríamos ter sido por toda uma longa vida.

     Um dos prejuízos dessa tagarelice sem sentido foi a quase destruição de algumas palavras perfeitamente apropriadas, e a busca de um mundo, que provará ser um desastre, se um dia for encontrado.

     Populares, entre as palavras que passaram a ser consideradas más, encontram-se "estresse," "frustração," e "agressão."

     Estamos constantemente procurando uma pílula que eliminará o estresse em nós, e o laboratório que conseguir' isso ganhará muito dinheiro - mas isso não acontecerá tão cedo.

     Você é capaz de imaginar-se tomando essa pílula e depois tentando atravessar o Times Square numa noite de sábado; andando perto de um precipício, num dia de tempestade, com muita chuva e relâmpagos; ou tentando sair de uma casa pegando fogo?

     E as palavras malévolas, frustração e agressão?

     Os gênios são, em geral, as pessoas mais frustradas, agressivas e realizadas que existem.

     O que está errada é a afirmação de que experimentar frustração ou agressão é ruim. Não é.

     Todas as pessoas vivas são frustradas e agressivas na medida em que são atingidas pela diferença entre a maneira como as coisas são, e como deveriam ser, no mundo.

     Quanto menos inteligente e atencioso se é, tanto menos essa diferença o incomoda.

     Quanto mais inteligente e atenciosa é a pessoa, mais afetada será pela diferença entre o estado atual das coisas e como deveriam realmente ser.

     Uma vez que todos nós somos virtualmente frustrados por essa diferença, podemos medir sua extensão de duas maneiras.

     Podemos saber quanto nos preocupamos com a humanidade através da natureza e do tamanho dos problemas que nos deixam frustrados.

     Podemos medir a nossa capacidade e o nosso valor pelo que fazemos a respeito disso.

     Eu posso medir a dimensão dos meus amigos ignorantes pelo que os deixa frustrados. Eles ficam frustrados com a chuva.

     A frustração, como todos sabem, gera a agressão.

     Podemos medir a nossa capacidade e valor pela atitude que tomamos em relação ao problema.

     Medimos a grandeza dos gênios pela dimensão dos problemas que os deixam frustrados.

     Se eu tivesse que fazer uma lista dos dez maiores médicos da história, começando por Cristo e Maomé, teria que incluir Jonas Salk.

     Jonas Salk conseguiu eliminar aquela detestável doença chamada Paralisia Infantil. Ele obviamente não podia aceitar a idéia de que crianças, que não haviam feito mal a ninguém, devessem morrer ou ser mutilados pela pólio. Isso provocou nele uma enorme frustração.

     Em 1940, no auge dessa doença, eu era um fisioterapeuta.

     Naquela época, os fisioterapeutas estavam inicialmente ocupados em viajar por todas as partes do país, onde houvesse um surto de pólio, tentando tratar os pacientes. Eu também detestava e estava muito frustrado por essa horrível doença. A minha frustração fez com que eu ficasse muito agressivo. Tentei resolver o problema através do tratamento, mas esse tinha pouco ou nenhum efeito.

     A frustração de Jonas Salk levou à agressão e essa agressão o levou a prevenir a pólio. Ele teve sucesso em virtude da sua genialidade. A pólio é tão rara atualmente, que muitas crianças e alguns jovens nunca ouviram falar dela.

     Não é maravilhoso?

     O resultado da sua frustração, que o levou à agressão, foi um sucesso. Jonas Salk deve ser um dos seres humanos mais realizados. Podem imaginar uma realização maior do que livrar a humanidade de um dos maiores flagelos que ameaçava as crianças?

     Posso agora voltar às frustrações e às agressões dos meus amigos ignorantes? Eles ficam frustrados com a chuva (e outras calamidades do tipo). Isso gera a agressão. Aonde é que sua agressão os leva? O que fazem eles?

     Eles reclamam.

     Nós ficaremos conhecidos pela atitude que tomamos para resolver os problemas que nos frustram.

     É claro que os gênios - como todas as outras pessoas - são frustrados.

     Devemos agradecer ao Senhor e a eles por isso.

     Que tal um outro mito acerca de gênios? Afirma-se que os gênios são quase sempre incompetentes e não muito práticos.

     Nós temos o exemplo conhecido do gênio que, apesar de sua genialidade, é ineficiente e nunca realiza nada na vida.

     Sim, ele é conhecido, mas não existe. Conhecido, porém nunca visto. Este gênio presumido não pode existir, porque é uma contradição em termos. Não é possível ser simultaneamente um gênio e ser ineficiente.

     Nós temos visto inúmeros ignorantes considerados brilhantes. A explicação é fácil: eles não são gênios ineficientes. São pessoas que foram diagnosticadas, por erro, como gênios. São erros de teste.

     Eles são provas vivas, respirando e andando, de que os testes tradicionais de inteligência não medem a inteligência.

     Não é possivel ser inteligente (ter uma boa capacidade mental, compreensão rápida, sagacidade, entendimento, bom senso, conhecimento, boa cabeça, esperteza, argúcia, vivacidade, engenho, rapidez de raciocínio, boa percepção, apreensão, intelectualidade etc.) e ao mesmo tempo ser ineficiente. Não acham?

     Esse camarada não é irreal. Ele existe, só que não é um gênio. Normalmente é muito culto, tem bastante conhecimento e vai muito bem em testes que medem o seu grau de informação, mas não a sua inteligência. Ele é a prova de que os velhos testes de Q.I. não funcionam.

     Gênio é o que o gênio faz.

     Leonardo é conhecido pelas coisas maravilhosas que fez. Obviamente ele nunca fez um teste para determinação de Q.I.

     A maioria dos outros gênios da história é igualmente conhecida pelo que fizeram, não pelo resultado de seus testes de inteligência. Muito poucos deles fizeram testes de inteligência.

     Suponhamos que tivessem feito. Se tivessem tido resultados dentro da média, iríamos parar de ler as peças de Shakespeare, ou escutar as sinfonias de Beethoven? Será que as coisas começariam a cair se o Q.I. de Newton fosse abaixo de gênio? Será que as luzes iam se apagar se Edison tivesse sido burro, como diziam que ele era quando criança?

     Edison é um bom exemplo. Foi um leitor precoce que aprendeu a ler com sua mãe. Não foi bem na escola. Como a maioria dos gênios. Ele não foi mal porque era burro, mas porque era inteligente e ficou entediado. Seu diretor disse que ele nunca ia ter sucesso em nada.

     Edison não era burro. Edison era um gênio. Ele patenteou mais de mil invenções.

     Não era Edison quem estava errado. Seus professores é que cometeram um engano.

     Albert Einstein foi tão mal na escola secundária, que seus professores o aconselharam a sair do colégio já que "ele jamais iria fazer nada de positivo."

     Quase todos os gênios detestaram a escola. Ficavam entediados.

     Algumas mães perguntam: "Se eu ensinar meu filho a ler será que ele não vai ficar aborrecido ao entrar na escola?"

     Essa pergunta é fácil de responder. A não ser que vá para uma escola excelente e fora do comum, você pode apostar que sim. Se ele for inteligente, vai ficar aborrecido na escola. Se for de inteligência média, vai ficar entediado na escola. E mesmo que não seja muito esperto, vai ficar aborrecido na escola.

     Todas as crianças ficam entediadas na escola.

     Isto porque as escolas são enfadonhas. Elas são um insulto à inteligência das crianças.

     A pergunta não deve ser se ficarão aborrecidos. Eles ficarão com certeza.

     A pergunta deve ser "O que deve ser feito em relação ao tédio?"

     A princípio pode parecer estranho que constatemos que, quanto mais inteligentes as pessoas forem, melhor serão capazes de lidar com o problema.

     Será que é preciso pensar muito para decidir por uma dessas propostas: se um gênio ou um burro fossem deixados numa ilha deserta, quem sobreviveria melhor?

     Consideremos as alternativas.

     Teria sido melhor se Einstein, Edison e os outros tivessem sido medíocres para não ficarem aborrecidos ao entrar na escola? Teria sido melhor para eles? Melhor para o mundo?

     Você gostaria que seu filho fosse medíocre para não ficar aborrecido na escola?

     Eu passei pessoalmente quatrocentos e onze anos na primeira série. Vocês não? Podem lembrar-se do quanto era longo o período entre a chegada à escola e o recreio?

     Uma mãe australiana muito inteligente, que havia ensinado seu filho aler, me apresentou a seu bebê de um mês. Eu cutuquei a barriga do bebê e disse: "Oi, bebê, como vai você?"

     Com um brilho especial nos olhos, a mãe disse para mim: "Oh, não fale com o bebê. Se ele aprender a falar muito cedo, poderá ficar entediado na escola." E eu ri por toda a viagem até Sidney.

     É o sistema escolar que precisa mudar e não as crianças.

     Tornar seu filho altamente capaz e inteligente o fará "à prova de escola." Todos os gênios o foram.

     Uma coisa está clara. Se três crianças em trinta forem para a primeira série já sabendo ler, usar a matemática e tendo conhecimentos enciclopédicos, haverá pelo menos três delas que passarão para a segunda série sabendo ler, usar a matemática e com conhecimentos enciclopédicos realmente bons.

     Não são as crianças que não podem ler que têm problemas, as que não sabem é que estão tendo dificuldade.

     Não são os gênios que têm problemas, são os ignorantes que os têm.

     Chauncey Gay Suits afirmou que "As crianças compartilham com os gênios um tipo de mente inquisidora, aberta, e sem inibições."

     O mito que afirma existir uma tênue separação entre a genialidade e a loucura é apenas um mito.

     É razoável acreditar-se que ser gênio não é garantia absoluta de sanidade. A pergunta deve ser: "Será que a genialidade de alguma forma provoca a psicose?"

     Todas as nossas observações do amplo espectro das funções humanas nos levam a acreditar no ponto de vista contrário. Nós tivemos o privilégio de conhecer muitos dos gênios do nosso tempo, e os consideramos pessoas extremamente sensatas.

     Alguém acredita que a alta inteligência levaria alguém a matar o presidente dos Estados Unidos, atirar no Papa, ou exterminar seis milhões de pessoas em campos de concentração?

     Nós já falamos do termo "gênio do mal". É uma contradição de termos.

     Se a sua criança for muito inteligente, será feliz?

     Isto vai depender muito do que você entende por felicidade.

     Se for apropriado definir felicidade como ausência de tristeza, nós conhecemos muitas pessoas felizes, todas internadas em instituições onde passam o tempo olhando para paredes vazias, e são rotuladas como idiotas.

     Talvez a ausência de tristeza não seja considerada como uma boa definição de felicidade.

     Os verdadeiros gênios são as pessoas mais alegres, amáveis, sadias, atenciosas e eficientes que conhecemos. E assim que percebemos que são gênios.

     Pode algum ser humano ficar contente ao ler a primeira página de um jornal?

     Talvez uma melhor definição de felicidade seja o que acontece quando alguém, depois de ler o jornal, consegue fazer alguma coisa para mudar para melhor aquilo que acabou de ler, na primeira página.

     Agora, deixe-me finalmente falar-lhes sobre o grupo de gênios conhecido como "crianças pequenas." Este é o último, mas certamente não o menor, dentre os mitos a respeito de gênios.

     Pequenos gênios são ruins e detestáveis.

     Por mais de trinta anos nós temos nos deparado com crianças que atuam a níveis superiores. Temos convivido com elas e seus pais. Algumas delas eram sadias, e outras de cérebro lesado, mas isso é verdadeiro em relação a todas quase sem exceção, quanto mais inteligentes, mais atenciosas e amorosas elas são.

     Quanto mais espertas, menos possuem aquelas características que nos fazem desejar estrangular algumas delas. Quanto mais espertas, menos irão choramingar, reclamar, agredir e ser odiosas. Elas não precisam disso.

     Quanto mais inteligentes, mais ricas serão em características responsáveis pelo nosso amor pelas crianças.

     Elas são, além disso, mais curiosas, mais independentes, mais capazes de tomar conta de si próprias. São mais confiantes, mais seguras de si, mais seguras do seu valor, e têm personalidades muito desenvolvidas. Elas são autênticas. São pessoas bastante interessantes que respeitam os outros e esperam ser respeitadas também.

     É assim que são. Não é por acaso, é simplesmente sua maneira de ser. Estes são os fatos como os presenciamos - ano após ano.

     É bom - e não ruim - ser um gênio.

     O mundo não possui gênios demais - possui de menos.